credo social da igreja metodista - cânones 2012/2016
Post on 22-Nov-2015
24 Views
Preview:
TRANSCRIPT
-
CAPTULO III
DO CREDO SOCIAL
Art. 4 - A doutrina social da Igreja Metodista se expressa no Credo Social, objeto de deciso do XVI Conclio Geral, conforme segue:
I - Nossa herana
1 - A Igreja Metodista afirma sua responsabili-
dade crist pelo bem-estar integral do ser humano como decorrncia de sua fideli- dade Palavra de Deus expressa nas Es- crituras do Antigo e Novo Testamentos.
2 - Essa conscincia de responsabilidade so-
cial constitui parte da preciosa herana confiada ao povo metodista pelo teste- munho histrico de Joo Wesley.
3 - O exerccio dessa misso inseparvel
do Metodismo Universal ao qual est vinculada a Igreja Metodista por unidade de f e relaes de ordem estrutural esta- belecidas nos Cnones.
Cnones da Igreja Metodista 51
-
4 - A Igreja Metodista participa dos propsi-
tos de unidade crist e servio mundial, do CMI (Conselho Mundial de Igrejas), do Ciemal (Conselho de Igrejas Evan- glicas Metodistas da Amrica Latina e Caribe), do Clai (Conselho Latino-Ame- ricano de Igrejas) e do Conic (Conselho Nacional de Igrejas Crists).
5 - No presente sculo de gigantesco pro-
gresso cientfico e tecnolgico, a Igreja Metodista reafirma a verdade proclama- da por Joo Wesley, no sculo XVIII, na Inglaterra: Vamos unir cincia e pieda- de vital h tanto tempo separadas.
II Bases Bblicas
1 - Cremos em Deus, Criador de todas as
coisas e Pai de toda a famlia humana, fonte de todo o Amor, Justia e Paz, autoridade soberana sempre presente.
2 - Cremos em Jesus Cristo, Deus Filho, que
se fez homem como cada um de ns, amigo e redentor dos pecadores e das pecadoras, Senhor e Servo de todos os homens e de todas as mulheres, em quem todas as coisas foram criadas.
3 - Cremos no Esprito Santo, Deus defen-
sor, que conduz os homens e as mu- lheres livremente Verdade, conven- cendo o mundo do pecado, da justia e do juzo.
52 Cnones da Igreja Metodista
-
4 - Cremos que o Deus nico estava em Cris-
to, reconciliando consigo o mundo, criando uma nova ordem de relaes na Histria, perdoando os pecados dos homens e das mulheres e encarregan- do-nos do ministrio da reconciliao.
5 - Cremos no Reino de Deus e sua Justia, que
envolve toda a criao, chamando todos os homens e todas as mulheres a se rece- berem como irmos e irms participan- do, em Cristo, da nova vida de plenitude.
6 - Cremos que o Evangelho, tomando a for-
ma humana em Jesus de Nazar, filho de Maria e de Jos, o carpinteiro, o po- der de Deus que liberta completamente todas as pessoas, proclamando que no existe nenhum valor acima da pessoa humana, criada imagem e semelhana de Deus.
7 - Cremos que a comunidade crist universal
serva do Senhor; sua misso nasce sempre dentro da misso do seu nico Senhor que Jesus Cristo. A unidade crist a ddiva de sacrifcio do Cordeiro de Deus; viver divididos negar o Evangelho.
8 - Cremos que so bem-aventurados/as os/
as humildes de esprito, os/as que so- frem, os/as mansos/as, os/as que tm fome e sede de justia, os/as que pra- ticam a misericrdia, os/as simples de corao, os/as que trabalham pela paz, os/as que so perseguidos/as pela causa da justia e do nome do Senhor.
Cnones da Igreja Metodista 53
-
9 - Cremos que a Lei e os Profetas se cumprem em amar a Deus com todas as foras da nossa vida e em amar ao nosso prxi- mo como a ns mesmos. Pois ningum pode amar a Deus e menosprezar a seu irmo e a sua irm.
10 - Cremos que ao Senhor pertence a terra e
a sua plenitude, o mundo e todos e to- das que nele habitam; por isso procla- mamos que o pleno desenvolvimento humano, a verdadeira segurana e or- dem sociais s se alcanam na medida em que todos os recursos tcnicos e econmicos e os valores institucionais esto a servio da dignidade humana na efetiva justia social.
1 1- Cremos que o culto verdadeiro que
Deus aceita dos homens e das mulhe- res aquele que inclui a manifestao de uma vivncia de amor, na prtica da justia e no caminho da humildade junto com o Senhor.
III A ordem poltico-social e econmica
1 - A natureza social do homem e da mu- lher procede da ordem da criao e significa que sua plena realizao s alcanada na vida em comunidade.
2 - A comunidade familiar, resultante da
natureza humana, a ordem econmica resultante do conjunto das atividades
54 Cnones da Igreja Metodista
-
humanas de produo, consumo e co- mrcio de bens, e a ordem poltica ex- pressam exigncias da prpria ordem da criao divina.
3 - O Estado exigncia bsica, no s para
a defesa da vida e liberdade da pessoa humana, mas para a promoo do bem- -comum mediante o desenvolvimento da justia e da paz na ordem social.
4 - Os quesitos do Bem Estar Social (sa-
de, segurana, educao, etc.) so di- reitos garantidos a todo e qualquer ci- dado e a toda e qualquer cidad.
5 - O ser humano tem o dever de adminis-
trar a terra e seus recursos, que Deus lhe confiou, segundo os critrios do Se- nhor. Um dos caminhos para a efetiva atuao na transformao da socieda- de a participao na elaborao de polticas pblicas justas.
6 - Em cada poca e lugar surgem proble-
mas, crises e desafios atravs dos quais Deus chama a Igreja a servir. A Igreja, guiada pelo Esprito Santo, consciente de sua prpria culpabilidade e instru- da por todo conhecimento competente, busca discernir e obedecer a vontade de Deus nessas situaes especficas.
7 - A Igreja Metodista considera, na pre-
sente situao do Pas e do mundo, como de particular importncia para
Cnones da Igreja Metodista 55
-
sua responsabilidade social o discerni- mento das seguintes realidades:
a) Deus criou os povos para constituir
uma famlia universal. Seu amor re- conciliador em Jesus Cristo vence barreiras entre irmos e irms e des- tri toda forma de discriminao en- tre os homens e as mulheres. A Igreja chamada a conduzir todos e todas a se receberem e a se afirmarem uns aos outros e umas s outras como pessoas em todas as suas relaes na famlia, na comunidade, no trabalho, na educao, no lazer, na religio e no exerccio dos direitos polticos.
b) A reconciliao do mundo em Je-
sus Cristo a fonte da justia, da paz e da liberdade entre as naes; todas as estruturas e poderes da sociedade so chamados a partici- par dessa nova ordem. A Igreja a comunidade que exemplifica essas relaes novas do perdo, da justi- a e da liberdade, recomendando- -as aos governos e naes como caminho para uma poltica respon- svel de cooperao e paz.
c) A reconciliao das naes se torna
especialmente urgente num tempo em que pases desenvolvem armas nucleares, qumicas e biolgicas, desviando recursos ponderveis
56 Cnones da Igreja Metodista
-
de fins construtivos e pondo em
risco a humanidade.
d) A reconciliao do homem e da
mulher em Jesus Cristo torna cla- ro que a pobreza escravizadora em um mundo de abundncia uma grave violao da ordem de Deus; a identificao de Jesus Cristo com o necessitado e com a necessitada e com os oprimidos e as oprimidas, a prioridade da justia nas Escritu- ras, proclamam que a causa dos/ das pobres do mundo a causa dos seus discpulos.
e) A pobreza de imenso contigente
da famlia humana, fruto dos dese- quilbrios econmicos, de estrutu- ras sociais injustas, da explorao dos indefesos e das indefesas, da carncia de conhecimentos, uma grave negao da justia de Deus.
f) As excessivas disparidades cultu-
rais, sociais e econmicas negam a justia e pem em perigo a paz, exigindo da sociedade, como um todo, interveno competente com planejamento eficaz para venc-las.
g) injusto aumentar a riqueza dos
ricos e das ricas e poder dos/das fortes confirmando a misria dos/ das pobres e oprimidos e oprimi- das. Os programas para aumentar
Cnones da Igreja Metodista 57
-
a renda nacional precisam criar
distribuio equitativa de recur- sos, combater discriminaes, ven- cer injustias econmicas e libertar o homem da pobreza.
h) No individualismo e no coletivis-
mo, tanto quanto em programas de crescimento econmico e justi- a social, encontramos os riscos de humanismos parciais. Urge que se promova o humanismo pleno. A plena dimenso humana s se en- contra nas novas relaes criadas por Deus em Jesus Cristo.
8 - A Igreja Metodista reconhece os rele-
vantes servios da Organizao das Naes Unidas no aprimoramento e defesa dos Direitos Humanos, assim como seus esforos em favor da justia e da paz entre as naes. Recomenda como extremamente oportunos a De- clarao Universal dos Direitos Humanos e documento sobre Desenvolvimento e Progresso Social, adotado pela Assem- bleia em dezembro de 1969.
IV Responsabilidade civil
1 - A Igreja Metodista reconhece que sua
tarefa docente capacitar os membros de suas congregaes para o exerccio de uma cidadania plena.
58 Cnones da Igreja Metodista
-
2 - O propsito primordial dessa misso
servir ao Brasil por meio da participa- o ativa do povo metodista na forma- o de uma sociedade consciente de suas responsabilidades.
3 - A sociedade consciente de suas res-
ponsabilidades desenvolve-se em trs nveis bsicos:
a) de responsabilidade da comuni-
dade como um todo perante Deus, especialmente na criao de condi- es de igual participao de todos os seus membros;
b) de responsabilidade do cidado e
da cidad para com a justia e a or- dem pblica na comunidade;
c) de responsabilidade dos/das que
exercem o governo quanto ao uso que fazem do poder.
4 - Nesse propsito, a Igreja adota a De-
clarao Universal dos Direitos Hu- manos e reafirma os critrios definidos no relatrio especializado do Conselho Mundial de Igrejas em sua II Assem- bleia, reunida em Evanston (EUA), em 1954, nos seguintes termos:
a) criao de canais adequados de ao
poltica a fim de que o povo tenha a liberdade de escolher seu governo;
b) proteo jurdica a todos e todas
Cnones da Igreja Metodista 59
-
contra prises arbitrrias e quais-
quer atos que interfiram em direi- tos humanos;
c) liberdade de expresso legtima de
convices religiosas, ticas e pol- ticas;
d) a famlia, a igreja, a universida-
de, associaes com fundamentos prprios, demandam proteo do Estado e no o controle estatal em sua vida interna.
5 - A soberania de Deus revelada na en-
carnao de Jesus Cristo sobre todas as autoridades e poderes da sociedade a garantia ltima, reconhecida ou no, da responsabilidade do/da homem/mu- lher para com o/a seu/sua semelhante.
V Problemas sociais
Problemas sociais so manifestaes patolgicas
do organismo social como um todo; originam-se de situaes estruturais da sociedade e da men- talidade das pessoas conduzindo-as a condies de vida infra-humana e produzindo a margina- lizao scio-econmica e cultural de indivduos e populaes.
Os problemas sociais so causa e efeito da
marginalizao passiva ou ativa das pessoas, e dizem respeito s carncias nos setores b- sicos de Alimentao, Educao, Habitao, Sade, Cultura, Carncia de F Crist, Recre-
60 Cnones da Igreja Metodista
-
ao, Trabalho, Comunicao Social, Seguro Social, e as manifestaes da conduta huma- na que se opem s normas estabelecidas por determinada sociedade. Os problemas sociais so prprios de uma determinada comunidade em determinada poca e, por isso, precisam ser analisados no contexto scio-econmico e cul- tural especfico.
A Igreja Metodista considera que:
1 - O ser humano como pessoa criada
imagem e semelhana de Deus a rea- lidade para a qual devem convergir to- dos os valores e recursos da sociedade.
2 - A pessoa humana membro do corpo
social e dele simultaneamente agente e sujeito.
3 - A sociedade um todo social, sujeito
permanentemente influncia de fa- tores que o modificam, que o pressio- nam impondo mudanas profundas no comportamento humano.
4 - Para que uma sociedade traduza o sen-
tido cristo de humanidade necessrio que, a par com a mudana das estrutu- ras sociais, se processe uma transfor- mao da mentalidade humana. O sen- tido cristo de humanidade s pode ser alcanado em uma sociedade na qual as pessoas tenham vida comunitria, conscincia de solidariedade humana e de responsabilidade social.
Cnones da Igreja Metodista 61
-
5 - Individualismo e massificao so cau-
sas graves de problemas sociais; ambos negam o Evangelho porque desperso- nalizam o ser humano.
6 - A comunidade familiar expressa
exigncias fundamentais da criao divina. A famlia est sujeita inse- gurana econmica, s tenses e aos desajustamentos que acompanham as mudanas scio-culturais. O planeja- mento familiar um fator essencial; dele resultam a paternidade e mater- nidade responsveis, o compromisso de cada pessoa que compe a famlia, o ajustamento entre os cnjuges, a educao dos/das filhos/as, a admi- nistrao do lar.
a) A Igreja Metodista aceita e reco-
menda o uso dos recursos da medi- cina moderna para o planejamento familiar, quando no contrariam a tica crist. O sexo, na tica crist, considerado ddiva de Deus vida por ele mesmo criada. A educao para a vivncia da sexualidade uma responsabilidade da famlia, da igreja e das instituies educa- cionais.
7 - O Evangelho concede Igreja recursos
de natureza tica para acolher em seu seio casais constitudos sem amparo da legislao vigente.
62 Cnones da Igreja Metodista
-
8 - A prostituio grave alienao da
pessoa humana exigindo tratamento responsvel. No tratamento da pros- tituio, que constitui grave problema na sociedade brasileira, impossvel ignorar-se um complexo de fatores como fonte causadora da mesma: li- mitaes de ordem pessoal, estruturas defeituosas da sociedade, carncias culturais econmicas, dupla moral se- xual, lenocnio, explorao do sexo nos meios de comunicao social, grande contigente de crianas e adolescentes desatendidos em suas necessidades bsicas de alimentao, habitao, cui- dados com a sade, amor e compreen- so, educao, proteo e recreao. de inadivel urgncia, no Brasil, a tomada de providncias que visem ao cumprimento do Estatuto da Criana e do Adolescente, proclamado na Cons- tituio Federal.
9 - No Brasil, constata-se a existncia de
grande contigente de crianas desaten- didas em suas necessidades bsicas de alimentao, habitao, cuidados com a sade, amor e compreenso, educao, proteo e recreao. Essas carncias da primeira infncia so, via de regra, irreversveis. de inadivel urgncia, no Brasil, a tomada de providncias que visem ao cumprimento dos Direi- tos da Criana que foram proclamados
Cnones da Igreja Metodista 63
-
pela Assembleia Geral das Naes Uni-
das em 20 de novembro de 1959.
10 - A juventude predominante na popu-
lao brasileira, representando alta po- tencialidade e dinamismo no processo de desenvolvimento do pas. Suas as- piraes e seus problemas apresentam exigncias imperativas. O desenvol- vimento scio-cultural, econmico e poltico do Brasil no pode prescindir do concurso de sua juventude, que decisivo.
11 - Meios de comunicao social letra,
som, imagem e outros que contribuem poderosamente para a educao do povo esto trazendo tambm mui- ta influncia negativa que deforma as mentes e agride a sociedade.
12 - Dentre os problemas que afetam a
sociedade, esto os chamados vcios, como: o uso indiscriminado de entor- pecentes, a fabricao, comercializa- o e propaganda de cigarros, bebidas alcolicas, a explorao dos jogos de azar, que devem ser alvo de combate tenaz j pelos efeitos danosos sobre os indivduos como tambm pelas im- plicaes scio-econmicas que acar- retam ao Pas.
13 - Os presdios devem ser para reeduca-
o e tratamento dos indivduos e para tal precisam estar devidamente equipa-
64 Cnones da Igreja Metodista
-
dos e organizados. direito da pessoa
receber, em qualquer lugar e circuns- tncia, o tratamento condizente com a natureza e a dignidade humanas.
A Igreja Metodista no s deplora os problemas
sociais que aniquilam as comunidades e os valo- res humanos, mas orienta a seus/suas membros no tratamento dos problemas dentro das seguin- tes normas e critrios:
a) propugnar por mudanas estru-
turais da sociedade que permi- tam a desmarginalizao social dos indivduos, grupos e das po- pulaes;
b) trabalhar para obter dos que j des-
frutam das oportunidades normais de participao scio-econmica e cultural e dos que tm a respon- sabilidade do poder diretivo da comunidade, uma mentalidade de compreenso e de ao eficaz para erradicao da marginalidade;
c) oferecer s pessoas vitimadas pe-
los problemas sociais a necessria compreenso, o apoio econmico e o estmulo espiritual para sua liber- tao, a orientao individualizada, respeitando sempre a sua autode- terminao;
Cnones da Igreja Metodista 65
-
d) pautar-se em normas tcnicas atu- alizadas e especficas de cada situ- ao-problema, no tratamento das mesmas, utilizando os recursos co- munitrios especializados;
e) amar efetivamente as pessoas ca- minhando com elas at as ltimas consequncias para a sua liberta- o dos problemas e sua autopro- moo integral.
66 Cnones da Igreja Metodista
top related