avaliaÇÃo das seis chaves de oclusÃo de andrews … · all of them had normal dental occlusion...
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ROSILAINE APARECIDA PACÍFICO
AVALIAÇÃO DAS SEIS CHAVES DE OCLUSÃO DE
ANDREWS EM ESTUDANTES BRASILEIROS DO
MUNICÍPIO DE MARÍLIA-SP
MARÍLIA
2004
ROSILAINE APARECIDA PACÍFICO
AVALIAÇÃO DAS SEIS CHAVES DE OCLUSÃO DE
ANDREWS EM ESTUDANTES BRASILEIROS DO
MUNICÍPIO DE MARÍLIA-SP
Dissertação apresentada à Faculdade de
Ciências Odontológicas da Universidade de
Marília, como parte dos requisitos para
obtenção do título de Mestre em Clínicas
Odontológicas, área de Ortodontia.
Orientador: Prof. Dr. Acácio Fuziy
Marília
2004
Pacífico, Rosilaine AparecidaP117a Avaliação das Seis Chaves de Oclusão de Andrews emestudantes brasileiros do município de Marília – SP./ Rosilaine Aparecida Pacífico -- Marília : UNIMAR, 2004. p.131
Dissertação (Mestrado). - Faculdade de Odontologia da Universidade de Marília, Marília, 2004.
l. Ortodontia 2. Oclusão normal 3. Avaliação I. Pacífico, Rosilaine Aparecida II. Avaliação das Seis Chaves de
Oclusão de Andrews em estudantes brasileiros do município de Marília-SP. CDD – 617.643
Universidade de Marília – UNIMAR
Reitor: Dr. Márcio Mesquita Serva
Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação
Pró-Reitor: Prof. Dr. Sosígenes Victor Benfatti
Faculdade de Ciências Odontológicas
Diretor: Dr. Valdir Gouveia Garcia
Programa de Pós-Graduação em Clínica Odontológica
Área de Concentração em Ortodontia
Coordenador: Prof. Dr. Sosígenes Victor Benfatti
Orientador: Prof. Dr. Acácio Fuziy
UNIMAR – UNIVERSIDADE DE MARÍLIA
NOTAS DA BANCA EXAMINADORA DA DEFESA DE MESTRADO
ROSILAINE APARECIDA PACÍFICO
“AVALIAÇÃO DAS SEIS CHAVES DE OCLUSÃO DE ANDREWS EM
ESTUDANTES BRASILEIROS DO MUNICÍPIO DE MARÍLIA – SP”
Prof. Dr. Marcos Rogério de Mendonça
Avaliação.....................................................Assinatura.......................................
Prof. Dr. Acácio Fuziy
Avaliação:....................................................Assinatura......................................
Prof. Dr. Paulo César Tukasan
Avaliação:....................................................Assinatura......................................
Data da Defesa
16/02/2004
Aos meus pais, Raymundo e
Iracema, e a minha tia Justina, que
me ajudaram a ser o que sou, como
pessoa e profissional, sem medir
esforços. Por todo apoio, carinho,
dedicação e amor em todos os dias.
Amo voceis!!!!
Ao meu marido, Sérgio, pelo eterno
amor que nos une
e
a nossa filha Thaís, que veio para
trazer luz, alegria, harmonia e
felicidade.
A DEUS,
Que não somente segurou na minha mão...
mas realmente me carregou no colo, me provando que:
nos protege, nos ama e espera de nós o mesmo amor;
que é preciso ter Fé e paciência, pois é infinito o Seu Poder;
e que devemos ser felizes, para podermos levar alegria a outras pessoas também,
todos os dias!!!!!!!!
Sempre!!!!!!!!
Senhor,
pela luz, pela proteção, pelo corpo, pela sabedoria, pelas bênçãos, pelo amor,
por ter realizado este trabalho através de mim,
por todos os dias de minha vida,
muito obrigada!!!!
Ao Prof. Dr. ACÁCIO FUZIY,
Que ao longo deste curso pude conhecer melhor, cuja busca constante pelo
conhecimento, experiência, extrema habilidade, inteligência e determinação me
fizeram respeitá-lo e admirá-lo,
Agradeço pela amizade com a qual me tratou, pela paciência em me atender quando
solicitei e pela generosidade em querer ensinar.
A ANDREU
...pelo carinho com o qual me acolheu como filha em sua vida
...pelas ações, gestos, palavras e atitudes íntegras e amorosas para com todas as
pessoas
Andreu, meu sogro e amigo, deixou um exemplo de solicitude, carinho, paciência e
dedicação que também estará presente em todos os dias de minha vida.
AGRADECIMENTOS
Ao Professor Doutor Sosígenes Victor Benfatti, coordenador da pós-graduação da
Faculdade de Ciências Odontológicas da Universidade de Marília, por estar sempre
pronto a ouvir e ajudar.
Ao Professor Doutor Valdir Gouveia Garcia, diretor da Faculdade de Ciências
Odontológicas da Universidade de Marília, pela sua dedicação ao curso, procurando
melhorá-lo cada vez mais.
Ao Professor Doutor Paulo CésarTukasan, pelos conhecimentos transmitidos.
Ao Professor Doutor Sebastião Marcos Ribeiro de Carvalho, pela atenção em me
ajudar a realizar a análise estatística deste trabalho.
Aos colegas do Mestrado:
Renata e Vera, pelo carinho, apoio, pela compreensão, amizade, pelas mãos
estendidas, pelos gestos, palavras e pensamentos sempre para o meu bem.
Roberto, Silvio e José Walmer, pela grande ajuda e apoio.
Tânia, Edmilson, José Badaui, Danilo, Thomas e Marcos, pela convivência
agradável e amizade demonstrada.
Aos funcionários da Pós – Graduação, Andréia e Gustavo, pela atenção e eficiência
com que sempre me atenderam.
Aos funcionários da Biblioteca, pela ajuda sempre que necessária.
A Roseley, minha irmã, pelo amor e apoio, pelo carinho, pelos abraços, pela
dedicação, pela paciência de todos os dias, pelas palavras ditas e pelas que não
disse, por tudo e tudo o mais!!!!
A Zuleika, minha sogra, que também me acolheu como filha, cuidando de mim e de
todos de nossa família com um amor que só poderia vir de uma pessoa com um
grande coração!!!!
A Diná Mara e Nádia Esteves, minhas alegres e joviais cunhadas, pelo amor, apoio,
carinho e amizade em todos os momentos!!!!
Ao Sr. Moacir e Sra. Miriam, pelos ensinamentos.
Enfim, a todos que, direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste
trabalho
Muito obrigada!
LISTA DE FIGURAS
Figura 4.1 – Fotografia intrabucal (vista frontal) de uma menina pertencente à
amostra...................................................................................................................... 75
Figura 4.2 – Fotografia intrabucal (vista lateral) direita de uma menina pertencente à
amostra.......................................................................................................................75
Figura 4.3 – Fotografia intrabucal (vista lateral) esquerda de uma menina
pertencente à amostra................................................................................................75
Figura 4.4 – Fotografia intrabucal (vista oclusal superior) de uma menina pertencente
à amostra....................................................................................................................76
Figura 4.5 – Fotografia intrabucal (vista oclusal inferior) de uma menina pertencente
à amostra....................................................................................................................76
Figura 4.6 – Material utilizado para avaliação dos
modelos.......................................77
Figura 4.7 – Paquímetro e régua protactor................................................................77
Figura 4.8 – Traçado do EVCC ( Eixo Vestibular da Coroa Clínica) do dente e ponto
EV (Eixo Vestibular). Rakosi, Jonas e Graber (1993)................................................79
Figura 4.9 – Fotografia do dente representado no esquema da Figura 4.6. Rakosi,
Jonas e Graber (1993)...............................................................................................79
Figura 4.10 – Traçado do EVCC na região anterior em um dos modelos da
amostra.......................................................................................................................80
Figura 4.11– Traçado do EVCC na região posterior em um dos modelos da
amostra.......................................................................................................................80
Figura 4.12 – Placa de acrílico no plano oclusal em um dos modelos da
amostra.......................................................................................................................80
Figura 4.13 – Relação da cúspide mésio-vestibular do primeiro molar superior com o
sulco mesio-vestibular do primeiro molar inferior e da crista marginal distal do
primeiro molar superior com a crista marginal mesial do segundo molar inferior.
Gregoret, J.(1999)..................................................................................................... 81
Figura 4.14 - Relação do primeiro molar superior com dentes antagonistas em um
dos modelos da amostra............................................................................................81
Figura 4.15 e 4.16 Relação da cúspide mésio-lingual do primeiro molar superior com
a fossa do primeiro molar inferior em dois modelos da amostra................................82
Figura 4.17– Interdigitação de pré-molares e canino. Rakosi, Jonas e Graber
(1993).........................................................................................................................82
Figura 4.18 – Interdigitação de pré-molares e caninos em um dos modelos da
amostra......................................................................................................................82
Figura 4.19 – Sobreposição de incisivos e linha mediana.........................................83
Figura 4.20 – Esquema de angulação das coroas. Rakosi, Jonas e Graber
(1993).........................................................................................................................83
Figura 4.21 – Avaliação da angulação em um modelo da amostra...........................84
Figura 4.22 – Avaliação da angulação em um dos modelos da amostra...................84
Figura 4.23 – Esquema de inclinação negativa das coroas superiores de canino a
molares. Rakosi, Jonas e Graber (1993)....................................................................85
Figura 4.24 - Esquema de inclinação negativa das coroas inferiores de canino a
molares.Rakosi, Jonas e Graber (1993).....................................................................85
Figura 4.25 – Avaliação da inclinação positiva de um incisivo central superior em um
dos modelos da amostra............................................................................................85
Figura 4.26 – Avaliação da inclinação negativa de um pré-molar inferior em um dos
modelos da amostra...................................................................................................85
Figura 4.27 – Representação da rotação acentuada de um dente. Rakosi, Jonas e
Graber (1993).............................................................................................................86
Figura 4.28 – Traçado da linha de união dos pontos de contato em um dos modelos
da amostra..................................................................................................................87
Figura 4.29 – Traçado do contorno vestibular das coroas em um dos modelos da
amostra.......................................................................................................................87
Figura 4.30 – Colocação da placa transparente no Diagrama de Interlandi..............87
Figura 4.31 – Representação da curva de Spee. Orthlieb, J-D et al. (2002)............88
Figura 4.32 – Posicionamento do paquímetro para avaliar a curva de Spee em um
dos modelos da amostra............................................................................................88
Figura 5.1 - Freqüência do número de itens da Chave I presentes na
amostra.......................................................................................................................93
Figura 5.2 - Itens da Chave I que apresentaram problemas maior número de vezes
na amostra..................................................................................................................94
Figura 5.3 - Freqüência da Chave II – Angulação das coroas .................................96
Figura 5.4 - Freqüência da Chave III – Inclinação satisfatória das coroas
................98
Figura 5.5 - Freqüência dos dentes com inclinação não satisfatória ........................99
Figura 5.6 - Freqüência da Chave IV – Rotação dos
modelos.................................101
Figura 5.7 - Número de chaves presente na amostra..............................................105
Figura 5.8 - Chaves mais freqüentes na amostra....................................................106
LISTA DE TABELAS
Tabela 5.1 - Presença da Chave I – Relação Interarcos nos modelos............. 92Tabela 5.2 – Angulação das coroas na arcada superior.................................. 95Tabela 5.3 – Angulação das coroas na arcada inferior.....................................
Tabela 5.4 - Inclinação vestíbulo-lingual das coroas na arcada superior.........
Tabela 5.5 - Inclinação vestíbulo-lingual das coroas na arcada inferior...........
96
97
98Tabela 5.6 –Presença de rotação na arcada superior......................................
Tabela 5.7 – Presença da rotação na arcada inferior.......................................
100
101Tabela 5.8 – Presença da Chave V nos modelos............................................. 102Tabela 5.9 – Maior freqüência de contatos justos............................................. 103Tabela 5.10 – Medidas das curvas de Spee..................................................... 103Tabela 5.11 – Presença das Seis Chaves de Oclusão de Andrews................. 104
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO................................................................................................. 302. REVISÃO DE LITERATURA............................................................................ 383. PROPOSIÇÃO................................................................................................. 714. MATERIAL E MÉTODO.................................................................................. 735. RESULTADOS................................................................................................. 896. DISCUSSÃO.................................................................................................... 1077. CONCLUSÃO................................................................................................. 118REFERÊNCIAS.................................................................................................... 120ANEXO.............................................................................................................. 130
RESUMO
O presente estudo avaliou a oclusão dentária de uma amostra de 20 estudantes
brasileiros do município de Marília - São Paulo, com idade variando de 12 a 16 anos,
de ambos os gêneros, portadores de oclusão dentária normal, que possuiam relação
molar de classe I e pelo menos três chaves de oclusão das propostas por Andrews
(1972). De cada estudante foram feitos exames clínicos, modelos de estudo e
registros oclusais, verificando-se a presença das Seis Chaves de Oclusão de
Andrews (relações interarcos, angulação da coroa, inclinação da coroa, ausência de
rotações, contatos interproximais justos e curva de Spee ) uma vez que nelas
encontramos características mais abrangentes que as de Angle (1899) para a
definição de uma oclusão normal. Apesar das divergências que existem na
delimitação dos limites da normalidade em oclusão dentária, seu significado é
fundamental para o trabalho em Ortodontia, e as pesquisas têm buscado parâmetros
cada vez mais seguros para que o profissional consiga fazer diagnósticos mais ágeis
e corretos. Na amostra avaliada neste estudo, percebemos a inexistência do ideal,
mas encontramos características similares presentes e ausentes nos modelos.
Verificamos que nenhum modelo apresentou seis chaves simultaneamente, no
entanto, mais da metade apresentou quatro chaves. Em menores freqüências
encontramos modelos com cinco chaves, sendo que apenas quatro modelos
apresentaram três chaves. Em ordem decrescente de presença, tivemos: a
angulação da coroa e curva de Spee, igualmente satisfatórias em todos os modelos;
a Chave I (relação interarcos), composta por sete itens, foi encontrada em quase
todos os modelos, com exceção de quatro; a inclinação também se apresentou
adequada em mais da metade da amostra, sendo a rotação a chave que
demonstrou os maiores problemas.
Descritores: Ortodontia. Oclusão Normal. Avaliação.
ABSTRACT
The present study evaluated the dental occlusion of 20 Brazilian students in Marília,
state of São Paulo. Their ages ranged from 12 to 16 years old and they were of both
genders. All of them had normal dental occlusion and at least three occlusion keys
proposed by Andrews (1972). Not only each patient did undergo clinical exams, but
also study cast models were made. Also occlusal records were takem. It was
observed the prevalence of Andrews’ Six Occlusion keys (inter-arch relationship,
crown angulation, crown inclination, absence of rotation, close interproximal contacts,
Spee’s curve) because in Andrews Keys it was found characteristics for a definition
of normal occlusion in a larger scale than in Angle`s (1899). In spite of the deviations
existing in the delimitation of normal boundaries in dental occlusion, their meaning is
fundamental for Orthodontic work and researchers have been looking for more
accurate parameters, so that the professionals con have a quicker and more
accurate diagnosis. In the sample evaluated in this study, we’ve notice the absence
of the ideal. However, we find similar characteristics present and absent in the
models. We have found out that no models presented six keys simultaneously.
Models with five keys were found less frequentely and only four models presented
three keys. In decreasing degree of presence, crow angulation and Spee’s curve
were found equally adequate in all models: the key I compound by seven itens was
found in most of models, except four; the inclination was also adequate in more than
half of the sample. The key rotation presented the biggest problems.
Key words: Orthodontics Normal occlusion. Evaluation.
INTRODUÇÃO
1 INTRODUÇÃO
Desde a antigüidade o posicionamento dentário incorreto se
apresentou como um problema para muitas pessoas, e tentativas de correção datam
pelo menos de 1000 a.C. Etmologicamente o vocábulo oclusão significa fechar para
cima: “oc”= para cima, “cludere”= fechar. O conceito original refere-se a uma ação
executada, literalmente a uma aproximação anatômica, a uma descrição de como se
encontram os dentes quando em contato.
A princípio prestava-se pouca atenção à oclusão dentária, sendo que a
ênfase permanecia no alinhamento dentário e na correção das proporções faciais.
As extrações eram freqüentes para se tentar resolver problemas odontológicos,
como apinhamentos ou desalinhamentos, sendo que os detalhes de relações
oclusais eram considerados sem importância.
À medida que a Odontologia se desenvolveu nos séculos XVIII e XIX,
um grande número de dispositivos para a regularização dos dentes foi descrito por
vários autores.
Em 1890, Edward A. Angle, começou a se destacar por realizar
pesquisas na área da oclusão. Inicialmente o maior interesse de Angle foi a prótese,
mas a sua crescente dedicação à oclusão dentária e ao tratamento necessário para
31
INTRODUÇÃO
se obter uma oclusão normal o levou ao desenvolvimento da Ortodontia como uma
especialidade, sendo ele então considerado como o pai da Ortodontia moderna.
A publicação em 1899 da classificação das más oclusões foi um passo
importante, porque não apenas subdividiu os principais tipos de má oclusão, como
também incluiu a primeira definição clara e simples da oclusão normal na dentadura
natural.
O postulado de Angle (1899) se baseava nos primeiros molares
superiores, sendo eles descritos como a chave da oclusão, de maneira que os
molares superiores e inferiores deveriam se relacionar de forma que a cúspide
mésio-vestibular do molar superior ocluísse no sulco mésio-vestibular do molar
inferior. Associado a esta característica, os dentes deveriam estar posicionados em
uma linha de oclusão com uma curva suave, sendo então caracterizada uma
oclusão normal.
A linha de oclusão é uma curva catenária suave que passa através da
fossa central de cada molar superior e através do cíngulo dos caninos e incisivos
superiores. A mesma linha passa pelas cúspides vestibulares dos dentes inferiores,
desta forma especificando o relacionamento oclusal e interarcos quando a posição
dos molares está estabelecida. Portanto, o arco inferior deve ser um pouco menor
que o superior de forma que, em oclusão, as superfícies vestíbulo-linguais dos
dentes superiores projetam-se levemente sobre as dos inferiores.
Angle (1899) definiu então três tipos de más oclusões, baseado na
relação oclusal dos primeiros molares. Temos então, segundo sua classificação, a
oclusão dividida em quatro classes: oclusão normal, Classe I, Classe II e Classe III,
com subdivisões nas duas últimas conforme apresentem um lado normal e um com
má oclusão. A oclusão normal e a Classe I possuem a mesma relação molar, mas
32
INTRODUÇÃO
diferem no arranjo dos dentes no que tange à linha de oclusão. Esta pode ou não
ser correta nas Classes II e III.
Apesar da classificação de Angle não oferecer as diferenciações
necessárias dos problemas verticais e transversos, pela simplicidade e extrema
comunicabilidade entre os ortodontistas, é ainda hoje o método de classificação de
relações oclusais mais utilizado. Ao longo do tempo, têm-se buscado definições
mais precisas e maneiras mais seguras de se identificar padrões de normalidade
oclusal.
Proffit (1995) comentou que, na verdade, se aplicarmos os conceitos
de normalidade rigidamente, a definição de oclusão normal deve ser considerada
mais propriamente como normal ideal, sendo que são raros os dentes perfeitamente
bem intercuspidados, posicionados dentro de uma linha de oclusão impecavelmente
regular.
De acordo com Ferreira (1999), a oclusão ideal no homem era
hipotética, não existia e não poderia existir. Para o estabelecimento de uma oclusão
ideal seria necessário ao indivíduo receber uma herança puríssima, viver em
ambiente ótimo, não sofrer nenhum tipo de acidente, enfermidade ou interferência
capaz de modificar o padrão da oclusão. Poderia, segundo ele, definir a oclusão
normal individual como vinte e oito dentes corretamente ordenados no arco e em
harmonia com todas as forças estáticas e dinâmicas que sobre eles atuam; ou
antes, a oclusão normal era uma oclusão estável, sã e esteticamente atrativa.
Lino in Souza (1998), relatou que variações e desvios da normalidade
oclusal eram encontrados mesmo em amostras triadas com maior rigor, mas que o
conhecimento desses parâmetros de normalidade eram fundamentais para o
diagnóstico.
33
INTRODUÇÃO
Andrews (1972) realizou desde 1964 uma criteriosa pesquisa com
modelos ortodônticos de indivíduos com oclusão normal, coletados com a ajuda de
ortodontistas e clínicos na região de San Diego, Califórnia, além de outras fontes
como amigos e conhecidos, e por meio destes modelos reconheceu e estabeleceu
parâmetros comuns, criando as Seis Chaves da Oclusão Normal, de maneira que
apenas características clínicas fornecessem informações sobre o padrão de oclusão,
agilizando e facilitando o diagnóstico, mas com dados suficientes para uma
avaliação precisa.
• Chave I – relação dos molares ;
• Chave II – angulação das coroas;
• Chave III – inclinação das coroas ;
• Chave IV – rotações;
• Chave V – contatos interproximais;
• Chave VI – curva de Spee.
O autor relatou que as chaves eram interdependentes de um sistema
estrutural e que serviam de base para a avaliação dos pacientes ortodônticos, sendo
que a falha de uma ou mais chaves indicaria uma oclusão inadequada. Essa
pesquisa serviu também para a criação do primeiro aparelho ortodôntico
programado.
Devemos considerar, no entanto, que os valores de normalidade
propostos estão baseados em amostras colhidas de determinados grupos raciais e
étnicos, com características peculiares que talvez possam não se aplicar a outras
populações integralmente.
Roth (1981), relatou que além de uma avaliação estática a oclusão
analisada em relação cêntrica e associada ao esquema oclusal de excursões
34
INTRODUÇÃO
mutuamente protegidas dependia, entre outros itens, da posição individual adequada
cada dente. Para ele, as Seis Chaves eram bastante úteis, mas deveriam incluir
objetivos funcionais.
Ramfjord e Ash (1984), afirmaram que seria um engano confundir
oclusão ideal com normal e, segundo suas pesquisas, o conceito de normalidade em
um sistema biológico, pressupunha o intervalo fisiológico de adaptação em termos
de valores considerados como normais.
Van der Linden (1986), comentou que a inclinação e a angulação ideal
dos dentes permanentes comumente descritas nos livros de odontologia não
correspondiam à situação geralmente encontrada naturalmente.
Para Ferreira (1999) a manutenção da estabilidade e equilíbrio da
oclusão era meta de todo tratamento ortodôntico. Uma vez que as forças que se
manifestam sobre os dentes são transmitidas ao osso através do ligamento alvéolo-
dentário sobre a forma de tensão, condicionando a arquitetura óssea, inclinações
axiais anormais dos dentes poderiam ser responsáveis por desarranjos funcionais e
alterações morfo-estruturais de partes componentes do aparelho mastigador, sendo
que contatos oclusais corretos favoreceriam maior estabilidade na oclusão.
Interlandi (1999) descreveu algumas generalizações que poderiam ser
feitas quando observamos a intercuspidação de indivíduos com oclusão normal. Em
posição de oclusão central, todos os dentes de um arco ocluem com dois do arco
oposto, com exceção dos incisivos centrais inferiores e dos terceiros molares
superiores, que ocluem apenas com os homólogos dos seus antagonistas.Os
molares e pré-molares recobrem com uma cúspide o lado vestibular dos seus
homólogos inferiores, o mesmo acontecendo com os caninos e incisivos que
recobrem os terços incisais dos correspondentes inferiores. Este é o padrão de
35
INTRODUÇÃO
intercuspidação que se espera encontrar em oclusões normais, denominada de
psalidodontia. A distância mésio-distal dos dentes superiores é maior que a
correspondente dos inferiores, até o primeiro molar; a partir do segundo molar, esta
relação se inverte, ou seja, a distância mésio-distal dos molares inferiores ultrapassa
aquela dos antagonistas superiores. Desta maneira, a face distal dos terceiros
molares termina em um mesmo plano.
Segundo Brangeli (2001), embora as Seis Chaves de Oclusão de
Andrews sejam hoje referência para os objetivos de tratamento, a maioria das
pesquisas que utiliza amostra controle o faz com grupo de oclusão normal
estabelecida pelo método de Angle descrito em 1907, sendo este o motivo de se
encontrar tão baixa prevalência das seis chaves em oclusões classificadas como
normais.
Salzmann (1965), comentou que o termo normalidade quando aplicado
ao complexo dentofacial, poderia ter diversas interpretações, uma vez que cada
indivíduo representava um grupo étnico e um padrão craniofacial, variando ainda de
acordo com a idade e o sexo.
Considerando-se a extrema importância que a oclusão tem hoje na
odontologia, a maior abrangência de características de relacionamento dentário da
classificação de Andrews (1972) e o valor delas para avaliações, diagnósticos e
planejamentos de tratamento em ortodontia, houve interesse no estudo da
prevalência das Seis Chaves de Oclusão descritas pelo referido autor em uma
amostra de escolares brasileiros, do município de Marília-SP, uma vez que
apresentam um padrão étnico diferente da amostra de indivíduos norte-americanos
examinada para a determinação de um padrão de oclusão normal.
36
REVISÃO DE LITERATURA
2 REVISÃO DE LITERATURA
O tema Oclusão já despertava o interesse dos pesquisadores há
muitos anos . Fox (1926) apud Brangeli (2001) publicou a primeira classificação das
más posições dentárias, baseada nas inclinações dos incisivos superiores.
Delabarre (1926) apud Brangeli (2001) classificou os desvios
maxilares, dividindo o mau relacionamento entre as bases ósseas em quatro grupos,
identificando os problemas de protrusão maxilar e retrusão mandibular, mordida
aberta esquelética, prognatismo mandibular e mordida cruzada posterior.
Angle (1899), definiu a oclusão como as relações normais dos planos
inclinados dos dentes, quando as maxilas estão fechadas. Em sua primeira
classificação, apoiou-se na teoria de que o primeiro molar superior permanente
estaria invariavelmente na posição correta, examinando diversos crânios nos quais a
oclusão ideal parecia existir. Ele afirmou na introdução do seu livro, Malocclusion of
the Teeth, que “nunca foram criadas duas dentaduras humanas normais exatamente
iguais; é razoável tal suposição já que nunca foi demonstrado que a natureza duplica
suas formas”. Quando alguém examina grande número de crianças raramente
encontra oclusão ideal na dentadura decídua, mista e permanente. O que se
encontra é simplesmente uma oclusão que existe na criança. Entretanto, em 1907,
39
REVISÃO DE LITERATURA
Angle publicava sua sétima edição, ele fez uma significante modificação, salientando
a posição das bases ósseas na classificação das más oclusões.
Cryer (1904) apud Katz, Sinkford, Sanders (1990) censurou Angle
(1899) por idealizar um perfil branco de um deus grego, enquanto escolhia como seu
exemplo de uma dentadura ideal o esqueleto de um macho negro prognático. Estes
dois ideais não poderiam coexistir em um indivíduo. Cryer acreditava que, em
contraste com os ensinamentos de Angle (1899), o contorno da face em todas as
suas variações individuais, a aparência dos dentes quando os lábios estão abertos,
e a importância da oclusão em relação à vocalização e mastigação deveriam ser
todas consideradas.
Case (1905) apud Katz, Sinkford, Sanders (1990) considerou a
classificação de Angle (1899) imprecisa, e em sua classificação dividiu a Classe I em
divisão 1 com 7 subtipos de irregularidades dentárias e uma divisão 2 para
considerações faciais. Sua Classe II tem uma divisão 1 para os casos nos quais a
mandíbula é retruída (com dois subtipos) e um divisão 2 para os casos nos quais a
maxila é protrusa (com 4 subtipos). Sua Classe III tem 4 divisões que descrevem
combinações de retrusões maxilares e protrusões mandibulares. No entanto, sua
classificação nunca tornou-se popular.
Van Loon (1915) apud Katz, Sinkford, Sanders (1990) publicou críticas
sobre a classificação de Angle (1899), e através de máscaras faciais estudou a
necessidade de avaliação da relação dos dentes com os tecidos moles da face.
40
REVISÃO DE LITERATURA
Dewey (1915) apud Katz, Sinkford, Sanders (1990) descreveu que o
primeiro molar estava sujeito como qualquer outro dente a assumir uma posição
anormal no crânio sob certas condições, recomendando que a classificação fosse
baseada na relação ântero-posterior dos arcos como um todo e não apenas
considerar somente os primeiros molares.
Hellman (1921) apud Katz, Sinkford, Sanders (1990) considerou a
classificação de Angle (1899) imprecisa. Estudou a anatomia comparativa e os
pontos de referência da oclusão, e recomendou a eliminação das cúspides
vestibulares do foco da classificação. Considerou a cúspide mésio-lingual do
primeiro molar superior mais estável, em sua posição de oclusão na fossa central
do molar inferior.
Strang (1938) apud Katz, Sinkford, Sanders (1990) sugeriu que o
processo de classificação deveria incluir relações de plano inclinado e a inclinação
axial de cada dente, uma análise frontal dos desvios de linha média e possíveis
posições assimétricas de côndilos, rotações de dentes posteriores e considerações
da face e do esqueleto.
Noyes (1942) descreveu que os fundamentos de uma classificação
ideal de maloclusão deveriam se basear no objetivo ou propósito para o qual era
desenhado, uma seleção útil e significante das classes das quais era composta,a
determinação de critérios exatos e características para a diferenciação destas
classes, e uma descrição e terminologia simples e resumida, permitindo um
41
REVISÃO DE LITERATURA
entendimento comum. O autor ressaltou que a multiplicação de objetivos e
finalidades de classificação criavam confusão e prejudicavam seus objetivos.
Baum (1951) relatou que o problema básico em qualquer sistema de
diagnóstico é estabelecer uma variação da normalidade para se poder medir e
avaliar mudanças. O autor reconheceu a importância da nomenclatura da
Associação Americana de Ortodontia, que propôs uma definição para oclusão
normal na qual os contatos oclusais ajudam a manter a saúde das estruturas que
suportam os dentes e favorecem o ajuste físico e mental do indivíduo, considerando
aspectos estéticos e cosméticos do relacionamento do dente com o resto da face.
O autor avaliou 62 crianças de escolas públicas, de raça branca, ambos os gêneros,
com idade média de 12 anos, com oclusão clinicamente excelente, considerando
apenas as relações dentárias. Verificou que os homens tinham faces ligeiramente
mais convexas que as mulheres, sendo que nenhuma outra diferença significante foi
encontrada. Verificou também que a face também se apresentava mais convexa
quando comparada a um grupo de idade maior.
Massler e Frankel (1951) estudaram a prevalência da maloclusão,
contando-se o número de má oclusões dentárias em cada individuo. Avaliaram um
grupo de 2758 crianças, com idade de 14 a 18 anos, de ambos os gêneros, sendo
que encontraram a presença de oclusão normal em 18,2% das crianças.
Riedel (1952) para confirmar o relacionamento dos maxilares com a
base do crânio, usou em seu estudo uma amostra composta de 52 adultos, com
idade entre 16 e 36 anos e vinte e quatro crianças com idade de sete a onze, todos
42
REVISÃO DE LITERATURA
com excelente oclusão; 38 indivíduos com classe II divisão 1, 10 com classe II
divisão 2 e 9 pessoas com classe III. Montando uma análise cefalométrica, verificou
não existir nenhuma significante diferença na posição da maxila com a base do
crânio em pacientes com excelente oclusão ou com maloclusão, sendo evidenciada
uma tendência da maxila ser mais prognata com o tempo. Diferenças maiores foram
encontradas no relacionamento da mandíbula com a base do crânio quando
comparou as oclusões normais e as maloclusões. Observou a tendência da
mandíbula tornar-se também mais prognata com o tempo.
Graber (1954) achava que o desenvolvimento da idéia da oclusão
poderia ser dividido em três períodos: 1) Ficcional – antes de 1900; 2) Hipotético –
de 1900 a 1930; 3) Factual – de 1930 até sua época. Obviamente, esta era uma
divisão de conveniência, sendo que a transição entre estes períodos foi gradual e
não absolutamente distinta. O autor descreve ainda a importância que a articulação
temporomandibular passou a ter na oclusão. Relacionou então três fatores como
componentes da oclusão: interdigitação de dentes, status da musculatura
controladora, morfologia e ação da articulação temporomandibular.
Kolski (1955) na Finlândia, já julgava importante estabelecer normas
para avaliação. Segundo o autor, as normas para o diagnóstico ajudavam a
determinar a extensão do desvio do normal ou o que poderia ser considerado saúde.
Comentou ainda que poderiam ser seguidos dois caminhos: 1) baseado em
conceitos clínicos de investigação sobre o normal ou saúde; 2) baseado em
43
REVISÃO DE LITERATURA
estatísticas de doença. A generalidade na aplicação da norma era mais variável
quando critérios estéticos estivessem envolvidos na determinação do normal.
Björk, Krebs e Solow (1964) perceberam que a investigação da
ocorrência de má oclusões entre escolares era muito importante para o
planejamento do tratamento ortodôntico pelos Serviços de Saúde Pública na
Dinamarca. Para isso julgaram necessário a avaliação da prevalência de
maloclusões individuais entre as crianças de diferentes idades, distribuídas
regionalmente, e mais ainda, uma análise da necessidade de tratamento. Dividiram
o registro das maloclusões em 3 partes: a) anomalias na dentição, isto é, anomalias
dentárias, erupção anormal e desalinhamento individual dos dentes; b) anomalias
oclusais, isto é, desvios na posição de relacionamento entre os arcos superior e
inferior; c) desvios na condição de espaço, isto é, espaço ou cruzamento de dentes.
Descreveram também 7 tipos de tratamento, desde observação, até aparelhos e
cirurgia ortognática. Consideraram, no entanto, a avaliação da necessidade de
tratamento como algo subjetivo.
Merrifield (1966), achava que o perfil estético do paciente poderia nos
dar referências sobre a oclusão. Realizou uma pesquisa com 120 pessoas , 40 com
oclusão normal natural e 80 tratadas ortodonticamente. Encontrou diferenças entre
os gêneros ressaltando, no entanto, que a quantidade de indivíduos masculinos da
amostra era pequena (26 pessoas).
Ackerman e Proffit (1969) desenvolveram um estudo que envolveu a
síntese de dois esquemas: a classificação de Angle (1899) e o Diagrama de Venn
44
REVISÃO DE LITERATURA
(com superposições de estruturas). Não queriam descartar o sistema de medições
de ângulos, mas reforçá-los sistematicamente. Os autores buscaram uma análise
que pudesse ser feita com um exame cuidadoso da oclusão e aparência facial.
Propuseram um novo esquema de classificação que combinava cinco características
descritivas para maloclusão: alinhamento em visão oclusal, perfil e tecido mole,
desvios do plano transversal (mordidas cruzadas), desvios no plano sagital (ântero-
posterior) usando a classificação de Angle (1899), e problemas verticais de mordida
profunda. Posteriormente os mesmos autores propuseram uma análise mais
complexa.
Sassouni (1969) julgava existirem na face características típicas que
levassem a caracterizar determinados tipos de problemas ortodônticos. Propôs
então uma classificação destes tipos faciais básicos, sendo dois tipos com
desproporções verticais (a sobremordida e a mordida aberta esquelética) e dois
tipos com desproporções anteriores (a Classe II e III esquelética). Na constituição de
cada tipo seria usada a dimensão (sendo descritos como grande ou pequeno) ou a
posição (sendo descritos como anterior ou posterior, inferior ou superior, e lateral).
Esta classificação poderia ser usada: a) para distinguir maloclusão esquelética da
dentária; 2) para avaliar diferenças fisiológicas; 3) para explicar variação em estética
facial; 4) para descrever diferenças raciais em proporção facial; 5 ) para estudar a
transmissão de hereditariedade; 7) para prever ou predizer crescimento facial.
Moraes (1969), verificou a importância dos meios de diagnóstico para a
odontologia, fazendo uma pesquisa sobre modelos de estudo e registro de oclusão,
onde concluiu que não deveriam ser negligenciados estes primeiros procedimentos
45
REVISÃO DE LITERATURA
para que se consigam cópias fiéis do que se deseja estudar, porque o tempo
dispensado no planejamento seria compensado com a correta execução do caso. O
autor sugeriu ainda que os registros de oclusão fossem tomados em relação central,
que deveria ser igual a oclusão central para ser ideal. Indicou a cera para impressão
do registro da oclusão por causa da facilidade de manipulação e também porque a
margem de erro entre o modelo e a mordida poderia ser tolerada na prática.
Comentou que movimentos experimentais ou tentativas em fechamento de retrusão
deveriam preceder o registro definitivo.
HopKins e Murphy (1971) avaliaram as características da oclusão em
dois estudos . O primeiro, de 1952 a 1962, selecionou 40 alunos, 20 meninas e 20
meninos, de 12 a 15 anos, em uma competição de saúde bucal feita nos Estados
Unidos, onde eram escolhidos os campeões do sorriso dentre os escolares. Estes
40 exemplares foram tirados de uma amostra de 253.933 alunos. Um segundo
estudo realizado após 9 anos e sete meses, com 16 jovens portadoras de
excelentes oclusões não tratadas, selecionadas entre as 40 do estudo prévio,
avaliou as características da boa oclusão destes alunos, sendo que foram
encontrados valores de um perfil facial mais protrusivo do que os padrões
previamente relatados na literatura ortodôntica.
Andrews (1972) analisou centenas de modelos buscando
características semelhantes entre os mesmos. Esta pesquisa serviu de base para
desenvolver o primeiro aparelho ortodôntico programado e considerou que a
cefalometria trazia valores do longo eixo do dente e que não era possível avaliá-los
clinicamente. Neste artigo descreveu características que denominou “As Seis
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REVISÃO DE LITERATURA
Chaves da Oclusão Normal”, sendo que considerava todas elas imprescindíveis para
uma oclusão excelente. As Seis Chaves de Oclusão estipuladas por Andrews são:
Chave 1 – Relações interarcos: a) A cúspide mésio-vestibular do primeiro molar
superior oclui no sulco entre as cúspides vestibulares mesial e média do primeiro
molar inferior; b) A cúspide mésio-palatina do primeiro molar superior se assenta na
fossa central do primeiro molar inferior. Chave 2 – Angulação das coroas: a) A
porção gengival do longo eixo da coroa clínica deve estar localizada em uma
posição mais distal que a porção oclusal. Chave 3 – Inclinação das coroas: a) A
tangente que passa pelo centro do longo eixo das coroas clínicas dos incisivos
centrais e laterais superiores tem inclinação gengival e palatina para incisal e
vestibular (torque positivo); b) O restante dos dentes superiores e em todos os
dentes inferiores a direção desta tangente vai de vestibular a gengival para incisal
(ou oclusal) e lingual. Isto é denominado torque negativo. Chave 4 – Giroversões: a)
Em uma oclusão normal não deve haver giroversões dentárias. Chave 5 – Espaços
ou diastemas: a) Devem existir contatos proximais entre todos os dentes. Chave 6 –
Curva de Spee: na oclusão normal a curva de Spee deve ser praticamente plana.
Estas chaves são muito utilizadas na elaboração de diagnósticos e planejamento de
tratamentos ortodônticos, porém o conceito de normalidade oclusal é muito discutido
até hoje.
Freer (1973) estudou a importância do uso de diversas variáveis para
se fazer uma estimativa da severidade da má oclusão. Em seu trabalho, 72 modelos
de pacientes com distoclusão foram avaliados por 3 ortodontistas, analisando 14
variáveis de prognóstico de severidade, incluindo 5 novas.Constatou que o
trespasse horizontal, que pertencia aos 14 itens originais, apresentou os maiores
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REVISÃO DE LITERATURA
problemas, mas foi verificado também que o segundo problema mais encontrado era
representado por um dos cinco novos critérios, confirmando a hipótese do autor da
necessidade de maior abrangência em critérios de avaliação.
Proffit e Ackerman (1973) concluíram que somente a análise elaborada
em 1969 por eles não era suficiente para que se fizesse um diagnóstico completo.
Passaram a julgar importantes outros fatores, e propuseram uma classificação que
contivesse os seguintes dados: 1) História médica, dental e comportamental; 2)
Exame oral , com função e outros fatores pertinentes; 3) Análise de dados de
diagnósticos ortodônticos tradicionais: alinhamento, perfil, relações esqueléticas e
dentárias. Os autores tentaram quantificar a severidade do problema, utilizando uma
escala com valores de 0 a 5.
Baume e Maréchaux (1974) em um trabalho sobre avaliação da
uniformidade dos métodos estatísticos para avaliar a má oclusão, comentaram que
numerosos índices de má oclusão têm sido propostos, como o Índice de Prioridade
de Tratamento de Grainger, o Índice da Associação Americana de Ortodontia de
Salzman, e outros. Descreveram também o interesse crescente de entidades
internacionais (FDI e WHO) em desenvolverem e atualizarem métodos melhores
para uniformizar a avaliação da prevalência da má oclusão.
Nairn (1974) em estudo teórico sobre a oclusão, ressaltou que muito já
tinha sido dito e as contradições continuavam existindo. O autor julgava serem
necessários maiores conhecimentos com relação à normalidade, fisiologia,
terminologia e noções de função.
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REVISÃO DE LITERATURA
Grecco, Toledo e Toledo (1974) pesquisaram fatores que poderiam
influenciar na oclusão, como um meio de auxílio na prevenção social. Encontraram
contradições na literatura sobre a influência do uso de flúor na água e a oclusão
dentária. Realizaram uma pesquisa examinando 4O5 escolares da cidade de
Araraquara, de ambos os gêneros, de 7 a 12 anos, onde a concentração de flúor na
água de abastecimento é de 1 parte por milhão , e 300 escolares em Pereira
Barreto, de ambos os sexos, de 7 a 14 anos, onde a taxa de flúor é de 4 a 21 partes
por milhão. Foram analisados estudantes das raças branca e amarela. Os autores
não encontraram diferenças significativas com relação às diferentes taxas de flúor e
a oclusão dentária, em ambas as raças.
Teixeira, Toledo e Mendes (1975) também pesquisaram a influência do
uso do flúor na água de abastecimento e a oclusão. Avaliando escolares com idade
de 8 a 9 anos nas cidades de Araraquara (que possuía flúor na água de
abastecimento) e em São Carlos (cidade livre de flúor), não encontraram
evidências de que o flúor poderia influenciar na oclusão.
Shaw, Lewis e Robertson (1975) consideram importante o aspecto
estético da oclusão. Realizou uma pesquisa com um grupo de 6 pessoas de
diferentes idades: primeiro ano escolar, sexto ano escolar, adultos leigos, estudantes
de odontologia, dentistas práticos e ortodontistas. Um filme foi mostrado às pessoas
destes seis grupos para avaliar suas opiniões com relação à aparência de várias
dentições. Foram utilizados para avaliação os termos; muito bom, bom, médio, ruim,
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REVISÃO DE LITERATURA
muito ruim, sendo que algumas irregularidades dentárias foram consideradas
normais por ambos os grupos.
Cohen (1977) utilizou em seu livro Ortodontia Pediátrica e Preventiva o
termo satisfatória, ao invés de normal ou ideal, que acredita ser muito mais exato,
desde que o ideal raramente existe na criança em crescimento. Também não utilizou
o termo má oclusão, uma vez que isso demonstrava significado patológico, o que
nem sempre acontecia, tanto nos ossos maxilares quanto no periodonto. Em seu
lugar utilizou o termo desarmonias oclusais, que julgou ser mais apropriado para o
caso.
Christie (1977) em um estudo cefalométrico de 82 pacientes com
oclusão próxima do ideal, 43 mulheres e 39 homens, seguindo os critérios de
normalidade de Ricketts, verificou que pessoas com oclusão normal tendiam a ter
mais padrões braquifaciais do que dolicofaciais, o que se explicava pelo fato de que
os braquifaciais tinham mais espaço para seus dentes, sendo que quanto mais
dolicofacial, maior a chance de desenvolver uma maloclusão. Verificou também que
muitas das normas variavam em diferentes tipos faciais, sendo que as mesmas
deveriam refletir diferenças associadas com vários padrões faciais e gênero.
Mascarenhas (1977) realizou uma pesquisa em Palhoça - SC, com 414
crianças, na faixa etária de 11 a 12 anos, de ambos os gêneros. Verificou que
53,87% delas possuíam oclusão normal. O autor não encontrou diferenças entre
raças, sexo ou nível econômico.
50
REVISÃO DE LITERATURA
Seraphin (1978) avaliando 50 estudantes de 12 anos na cidade de
Campinas-SP, de acordo com o índice CDA, verificou que apenas 4% da amostra
possuíam oclusão normal.
Prahl-Andersen (1978) em seu estudo, queria verificar o quanto a
relação oclusal e o perfil da pessoa poderiam ser perceptíveis no geral. Relatou que
em alguns países a má oclusão já era considerada problema de saúde nacional.
Mas na maioria dos países, a demanda pelo tratamento ortodôntico era grande e se
fazia necessária a criação de um índice de prioridade de tratamento, que avaliasse
também o grau de comprometimento estético da maloclusão. Realizou uma
pesquisa com os pais das crianças do estudo, sendo que as opiniões foram
registradas em uma escala de três pontos: 1) normal; 2) com desvios mas sem
distúrbios; 3) desvios com necessidade de tratamento. Fazendo a mesma pesquisa
com um grupo de ortodontistas e dentistas, verificou que, em geral, o profissional
julgava muito mais em favor do tratamento. Ficou demonstrado que existiam
julgamentos diferentes.
Graber e Lucker (1980) consideravam importante o conceito pessoal
com relação à normalidade do seu próprio aspecto. Fizeram um estudo com um
grupo de 481 caucasianos (264 mulheres e 217 homens), com idade de 10 a 13
anos, através de um questionário contendo questões que abordavam a auto-
avaliação e auto-satisfação com relação a aparência estética dos dentes e toda a
estética facial. Foi feito também um questionário compreensível para que a criança
fizesse um auto - exame das suas posições dentárias, envolvendo aspectos de
posição dos dentes, relação entre os arcos e deformidades, como trincas, fraturas, e
51
REVISÃO DE LITERATURA
outras. As respostas encontradas foram correlacionadas, concluindo que as crianças
neste grupo de idade poderiam fazer avaliações objetivas sobre a retidão de seus
dentes havendo, entretanto, muita variação com relação ao normal aceitável.
Perceberam também que existia uma tendência positiva na própria avaliação e que
o trespasse horizontal anterior tinha maior importância para mulheres, que pareciam
considerar mais criteriosamente o perfil, sendo o apinhamento mais observado pelos
homens.
Nunes (1980) também ressaltou que as opiniões sobre a oclusão eram
às vezes divergentes e até contraditórias.
Scheideman, Legan e Reish (1980) interessaram-se em realizar
estudos para verificar medidas em pacientes com oclusão normal. Selecionaram 56
pessoas, 24 mulheres e 32 homens, dentro de uma média de idade de 24 anos para
mulheres e 25 anos para homens, com relação molar de classe I e medidas
cefalométricas ótimas. Verificaram que a altura facial encontrada confirmava a média
utilizada na Cefalometria por Burstone, havendo algumas diferenças entre mulheres
e homens, também com relação à estética facial.
Kiyak (1981) realizou um estudo para avaliar as diferentes opiniões
sobre estética dentária, no qual nativos asiáticos do pacífico e caucasianos
avaliaram desenhos faciais de mulheres com várias relações oclusais. O autor
percebeu que não existia uma igualdade de opiniões em todos os lugares, sendo
que houve uma maior tolerância para maloclusões nos asiáticos.
52
REVISÃO DE LITERATURA
Van der Linden (1986) relatou que a anormalidade na relação entre os
arcos dentários não é surpreendente. Ao contrário, era surpreendente que os
processos de desenvolvimento originassem resultados harmônicos e que
envolvessem relativamente poucos desvios da normalidade. Segundo o autor, os
desvios na forma dos dentes quase sempre apresentavam poucos problemas. Uma
exceção neste aspecto era formada pelos incisivos superiores. A dentadura decídua
em sua forma, tamanho e posição dos dentes tinha relação e influência direta com o
que iria ocorrer na dentadura permanente, como a oclusão topo-a-topo (plano
terminal reto dos segundos molares decíduos), par uma intercuspidação normal e
sólida nos primeiros molares permanentes.
Ramfjord e Ash (1984) consideraram muito a avaliação neuromuscular
mais propriamente que a morfológica. Afirmaram, no entanto, que várias
características oclusais morfológicas eram essenciais para conforto e estabilidade
funcionais. Comentaram que o conceito de oclusão em ortodontia que se referia à
oclusões estáticas cúspide –fossa aceitáveis, levando a designar más oclusões o
que não estivesse de acordo com esta relação, tinha levado muitas pessoas a
realizarem tratamentos ortodônticos apenas porque não possuiam estes padrões.
Os autores ressaltaram, contudo, a importância do estudo dos modelos, úteis para o
estudo da morfologia dos dentes e suas relações intra-arco. Mesmo as relações de
oclusão cêntrica entre os dentes superiores e inferiores poderiam ser observadas.
Casko (1984) realizou um estudo para avaliar se as medidas de uma
oclusão normal coincidiam na prática com os valores usados como padrão. Teve
com amostra 79 caucasianos adultos com oclusão ideal e nenhuma história de
53
REVISÃO DE LITERATURA
tratamento ortodôntico prévio. Foi realizada uma documentação ortodôntica
completa de cada pessoa e trinta medidas mais comuns avaliadas em cefalometria
foram usadas para analisar cada radiografia. O autor encontrou grande variação
nestes valores, e coeficientes de correlação foram usados para identificar e avaliar
adaptações dentárias e esqueléticas associadas a estas variações. Nenhum
paciente apresentou perfil desagradável. Enquanto parecia razoável usar relações
médias como objetivo inicial de tratamento em pacientes em crescimento, um
entendimento de limitações, adaptação natural e variação normal deveriam
proporcionar ajuda adicional no diagnóstico e planejamento do tratamento. Como em
qualquer sistema de diagnóstico, a informação fornecida neste estudo deveria ser
adaptada e modificada com base nas necessidades individuais do paciente, pois
está integrado num diagnóstico compreensivo.
Em 1986, o levantamento Epidemiológico em Saúde Bucal feito no
Brasil revelou aspectos interessantes, como as diferenças de resultados quando se
comparam lugares e situação econômica distintas. Apesar deste levantamento não
abordar aspectos particulares de oclusão, verificou-se que em saúde bucal existem
diferenças inter-regionais consideráveis, de até 80%, com exceção das regiões
Sudeste e Sul que mostraram resultados similares. Este levantamento confirmou
também que a diferença sócio-econômica tinha interferência na saúde bucal, sendo
a pior situação a encontrada em pessoas de menor renda, comprovando a péssima
situação em que se encontra a saúde bucal no Brasil.
Bishara et al. (1988) buscavam conhecer a evolução da relação normal
do molar para pressupor a instalação de maloclusões. Realizaram um estudo
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REVISÃO DE LITERATURA
longitudinal com 55 pessoas (33 homens e 22 mulheres) com oclusão normal,
avaliadas em 3 estágios de desenvolvimento dentário: 1) estágio I: finalização da
dentadura decídua (idade média de 4 anos); 2) estágio II: quando os primeiros
molares atingem inicialmente a oclusão (idade.média de 6 anos); 3) estágio III:
finalização da dentadura permanente, excluindo os terceiros molares (idade média
de 13 anos). Concluíram que 61,6% dos 242 lados avaliados desenvolveram uma
relação molar normal de classe I, sendo que quando se avaliam os lados com plano
terminal reto, praticamente metade (56%) das relações progrediram para relação
molar normal, indicando a importância já na dentadura decídua do bom
posicionamento dos molares.
Valente e Mussolino (1989) realizaram um estudo com crianças na
cidade de Ribeirão Preto - SP. A amostra selecionada foi de 120 crianças brancas,
brasileiras de ambos os gêneros, sendo 60 na faixa etária de 2 a 4 anos e 60 na
faixa etária de 4 a 6 anos. Os autores verificaram que já na dentadura decídua mais
da metade das crianças apresentavam trespasse horizontal maior que o normal
(61,66% na faixa etária de 2 a 4 anos e 55% na faixa etária de 4 a 6 anos). Também
foi verificado que 36,66% das crianças na faixa etária de 2 a 4 anos já apresentavam
trespasse vertical pequeno, aumentando com a idade para 45%.
Silva Filho, Freitas e Cavasan (1990), realizaram uma pesquisa na
cidade de Bauru-SP, com 2416 crianças de ambos os gêneros, na faixa etária de 7 a
11 anos, alunos de escolas públicas ou particulares. Apesar dos autores terem
utilizado como referência apenas a classificação de Angle (1899) para estabelecer
os critérios de classificação da oclusão dos estudantes, foi encontrado um índice
55
REVISÃO DE LITERATURA
muito pequeno de oclusão normal (apenas 11,47%), chegando a 9,2% em escolas
com alunos de condição sócio-econômica baixa. A classe I esteve presente na
maior parte da amostra (55%), sendo que a classe II foi encontrada em 42% da
amostra e a classe III em 3%. Os autores verificaram também que a oclusão normal
era influenciada pelo nível sócio-econômico, sendo ela e a classe I decrescentes
quando diminuia o poder aquisitivo.
Houston (1990) relatou que a oclusão normal incluia pequenas
irregularidades do alinhamento e da relação do dente, sendo as más relações mais
severas do dente entre os arcos descritas como más oclusões. Segundo o autor,
esta vaga descrição do normal poderia parecer insatisfatória, mas estava em
conformidade com os outros usos de “normal”. Era impossível especificar os limites
da altura normal ou da inteligência mais exatamente do que demarcar os limites da
oclusão normal. Como não estavam claros os limites entre a oclusão e a má
oclusão, era possível então encontrar divergências mesmo entre especialistas de
classificação em casos incertos. Ainda Houston (1990) relatou que, como o objetivo
do tratamento ortodôntico deveria ser o de produzir uma oclusão que fosse
saudável, funcional e esteticamente satisfatória e estável, ele poderia não ser
indicado se os benefícios fossem triviais, se o paciente não quisesse usar o
aparelho, se a higiene do paciente fosse inadequada ou houvesse uma falta de
cooperação geral. Para o autor, muitas oclusões que satisfizessem os requisitos de
saúde, de aparência e de estabilidade deveriam ser consideradas como oclusões
normais. O autor falou ainda que não existiam evidências de que menores
irregularidades dos dentes ou da relação do arco fossem prejudiciais à saúde da
dentadura. A estética, no entanto, era o motivo pela qual a maior parte dos pacientes
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REVISÃO DE LITERATURA
procurava o tratamento ortodôntico. Uma oclusão perfeita era geralmente
considerada como esteticamente ideal. Porém, os padrões estéticos não poderiam
ser formulados rigidamente e nem todas as irregularidades dos dentes poderiam ser
consideradas esteticamente insatisfatórias. O aceitável dependia da atitude do
paciente e da comunidade em que ele vivia: para algumas pessoas, um simples
elemento de inclinação para frente era atraente, enquanto para outros poderia ser
inaceitável e considerado uma justificativa para tratamento ortodôntico. As decisões
mais difíceis eram as que envolviam conflito entre objetivos de saúde, aparência e
estabilidade. Segundo o autor, deveria ser dada preferência para a saúde, para a
estabilidade e para a aparência, nesta ordem. No entanto, como já foi falado, deveria
se considerar o quanto o paciente considerava importante a alteração de sua
aparência. Conforme sua opinião, as más oclusões poderiam envolver
irregularidades locais dos dentes ou más relações dos arcos em qualquer um dos
três planos de espaço: sagital, vertical ou transversal.
Smith (1991) referiu-se à oclusão como a maneira de os dentes das
arcadas maxilares e mandibulares se encaixarem. Para ele, os clínicos geralmente
consideravam a palavra normal para aplicar a uma extensão razoavelmente grande
de variabilidades, o que levava muitos casos a não necessitarem de tratamento. Na
literatura ortodôntica, tinha sido tradição se usar o termo normal para descrever
somente oclusões ideais, sendo que todos os desvios da perfeição eram
classificados em más oclusões de severidades variadas. Para uma extensão
limitada de pacientes, esta prática poderia até ser defendida. Do ponto de vista da
Saúde Pública, o termo má oclusão carregava alguma conotação da necessidade de
tratamento.Comparando-se os benefícios de um tratamento com seus custos, era
57
REVISÃO DE LITERATURA
importante lembrar que, somando-se aos gastos financeiros, ocorriam ainda
desconfortos físicos, possível aumento de dentes estragados ou doenças
periodontais, e muita infelicidade em jovens tratados por insistência dos pais.
Moyers (1991) relatou que a palavra normal implicava em haver
variações, enquanto ideal denotava um conceito hipotético ou um objetivo. Havia
uma diferença clínica específica entre uma oclusão normal e uma oclusão ideal.
Infelizmente, durante anos, a palavra normal foi usada em ortodontia como sinônimo
de ideal, causando dificuldades semânticas e de tratamento. O autor comentou
ainda que talvez ninguém tivesse visto uma oclusão perfeita ou ideal, mas isto não
diminuía o uso prático do conceito, pois cada dentista que tratava de oclusões devia
ter um padrão em mente, mesmo que nunca fosse atingido. A natureza por si só,
raramente apresentava uma oclusão ideal. Também era perfeitamente correto e
prático aceitar, no final de um tratamento ortodôntico, uma disposição dos dentes
nos maxilares em posições que não fossem ideais nem normais, mas que
parecessem ser estáveis na face de uma determinada pessoa. Os objetivos clínicos
não eram necessariamente normais ou ideais. Antes, eram pragmáticos e
determinados pelas condições do próprio paciente. A melhor oclusão era, portanto,
aquela que melhor se adaptava com o correr do tempo.
Espeland e Stenvik (1991) relacionaram oclusão, consciência e
satisfação. Em um estudo com 130 jovens adultos (idade média de 18 anos) foram
clinicamente examinados e entrevistados com o objetivo de relacionar
autoconsciência e satisfação à posição oclusal atual e determinar se a insatisfação é
baseada em anomalias realisticamente perceptíveis. A maioria da amostra (63%) foi
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REVISÃO DE LITERATURA
caracterizada como tendo quase oclusão ideal ou desvios menores. Somente más
oclusões leves estavam presentes, porque as graves normalmente são tratadas
durante a infância. 98% das pessoas com oclusão próxima do ideal expressaram-se
satisfeitos. A má oclusão estava presente em 14 dos 16 indivíduos que não estavam
satisfeitos com sua aparência e estavam presentes em 30% dos sujeitos satisfeitos.
Lundström et al. (1992) também julgando importantes os aspectos
estéticos da oclusão, salientaram que o esboço do perfil do tecido mole não
correspondia com a estrutura esquelética subjacente, sendo que para avaliação do
perfil julgavam necessária a avaliação da morfologia dos tecidos moles também.
Realizaram um estudo utilizando 40 estudantes de odontologia suecos, 20 homens e
20 mulheres, com aproximadamente 25 anos de idade, selecionados de acordo com
os seguintes critérios: 1) dentadura permanente completa, excluindo-se s terceiros
molares; 2) neutro oclusão dos arcos dentários, com trespasse horizontal e
trespasse vertical normais; 3) mínimos diastemas ou apinhamentos; 4) nenhuma
história de tratamento ortodôntico. A segunda amostra foi formada por 49 mulheres
Norte –americanas de descendência européia, com uma média de idade de 21 anos,
selecionadas por possuírem boa estética facial (do estudo original de Peck e Peck).
Foi verificado um dimorfismo sexual, com os homens apresentando maiores
dimensões no plano vertical, encontrando-se diferenças nas proporções dos tecidos
moles apenas nas medidas que envolviam a proeminência mandibular. Não
encontraram nenhuma diferença estatisticamente significante entre as raças, mas as
mulheres Norte-americanas exibiram proeminência nasal maior do que as Suecas. A
despeito do fato de que as duas amostras tinham sido selecionadas baseadas em
59
REVISÃO DE LITERATURA
critérios completamente diferentes, os índices encontrados nos dois grupos foi
quase idêntico.
Enlow (1993) descreveu que duas pessoas não são idênticas, mesmo
sendo gêmeas. Relatou que nunca existiu nem nunca existirá uma face exatamente
igual a outra. Segundo o autor na maioria dos diferentes grupos populacionais
existentes no mundo, tendia a predominar tipos diferentes de face, sendo que
mesmo assim existiam variações dentro do grupo.
Proffit (1995) relatou que o que Angle (1899) definiu como oclusão
normal devia ser considerada mais propriamente como o normal ideal,
especialmente quando os critérios aplicados eram rígidos. Na verdade, eram raros
os dentes perfeitamente bem intercuspidados, posicionados sobre uma linha de
oclusão impecavelmente regular. De acordo com o autor a má oclusão grave era
freqüentemente acompanhada por distorções da face e da mandíbula. Quando isso
ocorria, os problemas eram comumente chamados de deformidades dentofaciais. No
entanto, a má oclusão não deveria ser pensada como a condição patológica, mas
meramente como uma variação morfológica humana. Assim, um paciente com
alinhamento dos dentes e oclusão razoável deveria ter função mandibular normal em
qualquer das atividades bucais (mascar, engolir, falar). Como nem as reações nem o
impacto da função podiam ser previstos pela morfologia, era difícil se desenhar uma
linha baseada na morfologia somente que fizesse a diferenciação da oclusão normal
da má oclusão. Os esforços para desenvolver um índice de má oclusão para
determinar a prioridade no tratamento esbarravam precisamente neste ponto. Houve
muito progresso objetivando essas metas, mas a quantidade de informação
60
REVISÃO DE LITERATURA
epidemiológica sobre a maloclusão ainda era insuficiente, e também poucos estudos
tinham sido realizados desde a época de 1970. O autor relatou que em 1970, a
USPHS publicou dois estudos importantes de relações dentárias, com uma amostra
de quase 8000 indivíduos americanos entre os 6 e os 17 anos, excluindo os índios.
Foi verificado que 75% das crianças americanas tinham algum grau de desarmonia
oclusal. A incidência variou de acordo com os grupamentos regionais, sociais e
sexuais. Comentou ainda que a maior dificuldade de se avaliar a necessidade de
tratamento ortodôntico era que a condição aceitável de uma pessoa poderia ser o
problema de outra. Más oclusões anatomicamente similares poderiam causar
dificuldades para uma pessoa, mas não para outra. Para avaliar a necessidade de
tratamento ortodôntico, era necessário se considerar diversos aspectos, porque a
má-oclusão criava problemas em três circunstâncias maiores: quando acusava ou
predispunha à doenças, quando levava a distúrbios na função mandibular , ATM e
condições correlacionadas, ou afetava funções orais (mastigação, fala, etc) e
também quando seu efeito na estética facial causava problemas estéticos
psicosociais.
Paiva (1997) considerou os conceitos de Ramfjord e Ash (1884), que
defendiam uma filosofia oclusal que pretendia atender às necessidades específicas
de cada paciente, conforme as exigências de cada caso. Neste contexto, para eles
oclusão ideal era entendida como aquela que não necessitava de adaptação
funcional ou morfológica, para o desempenho de uma função harmônica. Oclusão
normal podia ser definida como a que era isenta de patologia e, finalmente, oclusão
ótima a melhor que se pudesse obter para um determinado paciente, numa
determinada situação. O autor relatou que diferentes escolas de oclusão não se
61
REVISÃO DE LITERATURA
manifestaram dentro de limites filosóficos rígidos. Ao contrário, à luz da experiência
clínica e de novas investigações, os conceitos foram evoluindo, modificando-se aqui,
aperfeiçoando-se ali, e passando a compor, mais além, uma tessitura diferente e
certamente mais adiantada. Segundo o autor, a Medicina não era uma ciência exata.
A despeito dos excelentes meios de que se dispunha para tratar, haveria sempre de
pesar sobre o profissional a certeza de que , na arte de curar, não haveria sempre
nem jamais. O campo da oclusão não escapava a essa regra.
Bennett e McLaughlin(1998) relataram ser necessário o conceito de
uma oclusão ideal em ortodontia para servir como modelo e ponto de partida para
planejar o tratamento de cada caso. Comentaram ser uma tarefa árdua posicionar o
dente no lugar mais apropriado, descrevendo fases para o tratamento, sendo as três
primeiras as seguintes: estabelecer um conceito geral de ideal, identificar o
problema do paciente, determinar se o ideal poderia ser conseguido e se ia ser
objetivo do tratamento. Consideraram ainda válidos os parâmetros das Seis Chaves
de Oclusão de Andrews descrevendo, no entanto, que uma sétima chave poderia
ser acrescentada as de Andrews em seu estudo. Esta chave analisaria o tamanho
correto dos dentes. Segundo os autores, quando observada a discrepância no
tamanho dos dentes, tinha-se como resultado tanto diastemas quanto apinhamentos
nos arcos superiores e inferiores, a menos que a angulação e torque dos
seguimentos anteriores compensassem qualquer discrepância do tamanho dos
dentes. Os autores ainda julgaram importante avaliar a estética, considerando-a
também essencial para se obter um resultado ideal no tratamento ortodôntico, sendo
que o ponto de vista do paciente era muitas vezes diferente daquele do ortodontista.
Quando não se encontrava harmonia no perfil facial, era necessário cuidado. Devia
62
REVISÃO DE LITERATURA
ser aceito o fato de que os pacientes estavam principalmente preocupados com o
seu sorriso, procurando uma boa estética.
Lino (1998), descreveu as constantes buscas pela definição de
parâmetros do que poderia ser normal no corpo humano. Citando autores desde
Galeno, Policleto (480 a.C.), que afirmava “O comprimento do polegar múltiplo de
quatro representa o comprimento de várias regiões e até do corpo inteiro. A altura da
cabeça (crânio e face) seria a oitava parte”. Também citou Vitruvio (50 a.C.) que,
com conhecimentos de geometria ensinava que quando os braços dos homens
estivessem abertos, o comprimento era igual à altura do indivíduo, ou seja, a altura
do corpo humano com a altura dos braços formavam os limites de um quadrado. O
autor relatou ainda o Círculo de Leonardo Da Vinci (1452-1519), definido pelo
homem de braços e pernas abertas, que delimitava um círculo cujo centro era o
umbigo. O rosto e a cabeça (face e fronte) tinham três vezes a distância do mento à
base do nariz. Estas seriam as proporções divinas de Da Vinci. E, completando,
Lino (1998) escreveu citações de Vicenzo Danti (1530-1575) que não atribuiu valor
normal, mas apenas valor médio ao chamado atual parâmetro de normalidade. Danti
afirmava que o corpo humano do princípio ao fim era variável e não poderia ser
submetido a qualquer média para avaliar a normalidade. Segundo o autor, em
biologia, deveria ser levada em conta a variabilidade dos valores das medidas.
Valores absolutos deveriam ser interpretados em conjunto com valores de outras
grandezas.
Gregoret (1999) relatou que o diagnóstico ortodôntico era um processo
científico e, como tal, deveria ser objetivo. Quando se tratava do planejamento,
63
REVISÃO DE LITERATURA
apareciam elementos subjetivos, de causas inerentes ao profissional, ao paciente ou
outras. O autor também confirmou a importância da avaliação dos modelos de
estudo como uma ferramenta muito importante para o planejamento.Considerou
válidos os conceitos de Andrews (1972) sobre a oclusão normal por duas razões: 1)
Porque eram baseados em uma análise de modelos sobre a qual este autor
formulou novos conceitos para definir a oclusão ideal; 2) Comparando-se os
modelos do paciente com estes parâmetros poder-se-iam facilmente avaliar as
condições do caso e, com isto, realizar um diagnóstico mais exato.
Cochrane, Cunningham e Hunt (1999), consideraram a importância da
estética dentária em seu trabalho, no qual procuraram identificar a opinião geral das
pessoas com relação ao perfil do paciente com oclusão normal classe I. Utilizando
fotografias de 2 homens e duas mulheres, manipulou estas imagens por meio de um
programa de computador para simular diferentes perfis, produzindo aspectos
diversos da mesma pessoa: classe II, classe III e face longa. Os autores queriam em
seu estudo a opinião de variadas pessoas, desde Cirurgiões Bucomaxilofaciais e
estudantes de odontologia a membros do público em geral, sobre suas preferências
com relação aos perfis originais e simulados. Foram classificados cada grupo de
quatro fotos em ordem de sua atração. Como resultado obtiveram-se opiniões
similares, sendo o perfil de classe I eleito o mais atraente, principalmente entre as
mulheres.
Kahn et al. (1999), desenvolveram um estudo com 82 pacientes
assintomáticos e 263 pacientes sintomáticos com DTM, para verificação da relação
64
REVISÃO DE LITERATURA
molar e outros fatores na DTMs. Os resultados não indicaram a clara relação destes
fatores com DTMs.
Legovic (1999), verificou em um estudo se a relação de normalidade
oclusal verificada na dentadura decídua permanecia na permanente. Selecionou
para seu estudo 128 crianças (83 meninos e 45 meninas), com idade de 4.5 a 5.5
anos, com oclusão normal na dentadura decídua. Comparativamente, reexaminou
as crianças dos 12,5 aos 13,5 anos, sendo que nenhum tinha recebido tratamento
ortodôntico. Verificou que, das crianças que apresentavam oclusão normal na
dentadura decídua, 72,7% em média desenvolveram alguma anomalia na dentadura
permanente. O autor não encontrou diferenças entre os gêneros que fosse
significativa estatisticamente.
Águila (2001), relatou que após tanto tempo utilizando o termo má
oclusão, passou-se a usar variação oclusal, pois nem sempre má oclusão provocava
um problema funcional. Participou da elaboração do trabalho de Mederos, em 1975,
que englobou uma população entre 12 e 14 anos de idade das escolas secundárias
básicas do município de Plaza, em Cuba, em que se encontrou uma prevalência de
má oclusão em torno de 82%. O autor realizou ainda trabalhos de prevalência na
dentadura decídua e mista. Em uma primeira pesquisa, avaliou uma população de
uma região territorial menor com idade de 3 a 5 anos de idade, sendo aceitas como
normais rotações de até 15o aproximadamente. Verificaram que 74,8% das crianças
possuíam algum tipo de má oclusão. Em estudo com crianças de até 11 anos de
idade a quantidade de crianças afetadas foi de 88,7%, o que se aproxima dos dados
da dentadura permanente. Posteriormente, em um estudo realizado numa amostra
65
REVISÃO DE LITERATURA
representativa de todo o país, totalizando 11.428 pessoas, em áreas urbanas e
rurais, ambos os gêneros e grupos étnicos (europeus, negros e mestiços),
encontraram-se 81% de maloclusão na dentadura permanente. Relatou ainda os
esforços para se obter uma avaliação uniforme das maloclusões para, de acordo
com isso, estabelecer prioridades de tratamento. Segundo a Organização Mundial
da Saúde, as más oclusões constituíam a terceira doença dental em ordem de
freqüência, sendo superadas apenas pelas cáries dentárias, que ocupavam o
primeiro lugar, e as periodontopatias, que ocupavam o segundo lugar. Águila (2001)
considerou que os recursos de que dispunham os sistemas de saúde deveriam ser
reservados para aqueles casos em que realmente constituíssem problemas de
saúde, não devendo preponderar os aspectos psicológicos e estéticos.
Estes estudos levaram o autor a publicar em 1982 o Índice de
Prioridade de Tratamento Ortodôntico, sendo feitas alterações em 1989.
Descrevendo métodos de classificação de oclusão, relatou ainda as Seis Chaves de
Oclusão de Ricketts, diferentes das propostas por Andrews (1972) : Chave I: posição
do segundo pré-molar superior. A primeira chave proposta consiste em estabelecer
o ajuste do segundo pré-molar como uma chave que sirva, por sua vez, para
controlar os primeiros molares superiores e inferiores; Chave II: o primeiro pré-molar
inferior é a guia para o canino superior (esta superfície é muito estreita na arcada);
Chave III: um torque adequado, sobremordida e sobressaliência na chave anterior;
Chave IV: o segundo molar superior está posicionado mais gengivalmente do que o
primeiro, seguindo a curva de Spee; Chave V: os caninos superiores estão
inclinados para mesial, ao passo que os inferiores estão verticalizados; Chave VI: o
arco formado é consistente com os padrões facial e muscular.
66
REVISÃO DE LITERATURA
Galvão, Pereira e Bello (1994) julgaram as diferenças entre as raças
importantes. Em uma revisão da literatura sobre prevalência de oclusão na América
Latina, relataram que a miscigenação no Brasil era muito grande e que existiam
diferenças regionais de características, observando que uma boa oclusão nunca foi
encontrada em mais de 50% da população.
Martins et al. (1998) consideravam a importância do nível
socioeconômico e dos hábitos com relação à oclusão. Em um trabalho realizado na
cidade de Araraquara-SP, foram examinadas 838 crianças, na faixa etária de 2,5 a 6
anos, divididas em grupos socioeconômicos com rendas familiares distintas. Os
autores verificaram que já na dentadura decídua encontravam-se apenas 19,8% de
oclusão normal, não havendo diferenças significativas com relação a nível
socioeconômico ou gênero.
Capote, Zuanon e Pansani (2002) realizaram uma pesquisa com 930
crianças brancas, na faixa etária de 6 a 12 anos, de ambos os gêneros, e de
diferentes níveis socioeconômicos, na cidade de Araraquara-SP. Avaliaram a
oclusão através do Índice de Prioridade de Tratamento, e verificaram a presença de
oclusão normal em apenas 14,08% das crianças, sem distinção de classe
econômica.
Freitas et al. (2002) realizaram um estudo da oclusão em 520
pacientes, com idade de 10 a 15 anos, inscritos em um programa para atendimento
ortodôntico na Faculdade de Odontologia de Bauru - SP. Neste estudo foi
identificado maior interesse do gênero feminino em procurar tratamento por
67
REVISÃO DE LITERATURA
problemas estéticos, sendo que mais da metade dos casos analisados
apresentavam apinhamento primário.
Ferreira (2002), descreveu a oclusão dentária como sendo
inegavelmente o mais vasto e importante capítulo da Odontologia. Diferiu a oclusão
da articulação, segundo a qual a segunda, embora haja também o contato dental, é
dinâmica e não estática. Comentando sobre as classificações ortodônticas, citou os
trabalhos de Carabelli em 1842, que dividiu as más oclusões em: Mordex normalis-
oclusão normal; Mordex rectus- contato incisal de topo a topo; Mordex abertus-
ausência de contato oclusal, ou mordida aberta; Mordex prosus- desequilíbrio
oclusal por retrusão; Mordex retrosus- desequilibrio oclusal por retrusão; Mordex
tortusus- inversão da oclusão no sentido vestíbulo lingual, ou mordida cruzada.
Relatou também os trabalhos de Lisher, que em 1911 sugeriu um modo de se
classificar o mau posicionamento dentário de forma individualizada, de maneira a
acrescentar detalhes importantes para avaliação. Utilizava um nome que definia a
alteração do dente em relação à sua posição normal, acrescentando o sufixo
“versão” ao termo indicativo da posição do desvio: a) Mesioversão; o dente está
mesializado em relação à sua posição normal; b) Distoversão: distalização do dente
em relação à sua posição ideal; c) Vestibuloversão ou labioversão: o dente
apresenta a sua coroa vestibularizada em relação à posição normal; d)
Linguoversão- a coroa dental está lingualizada em relação à sua posição ideal; e0
Infraversão- o dente apresenta sua face oclusal (ou incisal) aquém do plano oclusal;
f) Supraversão- o dente está com a face oclusal, ou borda incisal, aquém do plano
oclusal; g) Giroversão- indica uma rotação do dente em torno do seu longo eixo; h)
Axiversão- há uma alteração da inclinaçào do longo eixo dantário; i) Transversão- o
68
REVISÃO DE LITERATURA
dente sofreu alguma transposição, isto é, trocou seu posicionamento no arco dental
com outro dente. Estes termos poderiam ser combinados para denominar um dente
que reunisse duas ou mais alterações. Fez referência à classificação de Simon, de
1922, que dividiu as más oclusões em três planos anatômicos: Frankfurt, sagital e o
orbital. Descreveu dez chaves para oclusão ideal, complementando as Seis de
Andrews com as seguintes: configuração dos arcos dentários, equilíbrio dos dentes,
guias de oclusão dinâmica e harmonia facial.
Orthlieb (2002) observou que a organização da arcada dentária em
forma de parábola contínua levava a um excelente equilíbrio, distribuindo e dirigindo
as pressões para assegurar a conservação dos dentes. Considerou os aspectos
funcionais da oclusão, mas descreveu a importância da posição curvilínea das
arcadas dentárias nos três planos do espaço: - no plano horizontal, a forma contínua
e de parábola e o arco contínuo, sem diastemas, mantinham uma boa estabilidade
dos dentes e garantiam uma distribuição de forças; - no plano parassagital (Curva de
Spee); - no plano frontal (Curva de Wilson).
Cardoso (2003) descreveu a oclusão como relações estáticas e
dinâmicas entre as superfícies oclusais dos dentes e que deveriam estar em
harmonia com as demais estruturas do sistema estomatognático. De acordo com o
autor, o termo oclusão abrangia as três maiores áreas da odontologia, a saber: a) as
ciências básicas ( anatomia e fisiologia do sistema estomatognático); b) a pesquisa
clínica( associada à periodontia, disfunção da articulação têmporo-mandibular e a
avaliação); c) a sua aplicação clínica, que é o manejo da oclusão na prática diária,
sendo importante desde uma simples restauração quanto em uma reabilitação bucal
69
REVISÃO DE LITERATURA
completa. O autor relatou que, em procedimentos clínicos sempre se estava
buscando a perfeição, mas que esta era impossível de se conseguir.
70
PROPOSIÇÃO
3 PROPOSIÇÃO
Após a revisão de literatura ortodôntica e verificação das diferentes
opiniões com relação aos critérios que podem identificar uma oclusão normal,
propusemo-nos a avaliar a presença dos parâmetros das Seis Chaves de Oclusão
de Andrews, em uma amostra de estudantes brasileiros da cidade de Marília - São
Paulo, dentadura permanente completa e oclusão dentária clinicamente aceitável.
72
MATERIAL E MÉTODO
4 MATERIAL E MÉTODO
4.1. Material
A amostra do presente trabalho foi composta por 20 estudantes de
Escolas Estaduais de Primeiro Grau do município de Marília, de ambos os gêneros,
com idade de 12 a 16 anos, idade média de14 anos e três meses, 9 mulheres e 11
homens, sem considerar a etnia, cujos pais autorizaram por escrito a participação na
pesquisa. Foram selecionados em meio a 156 alunos destas escolas, triados por
estudantes do Programa de Mestrado em Clínica Odontológica da faculdade de
Ciências Odontológicas da Universidade de Marília, área de concentração em
Ortodontia, para a realização de pesquisas relacionadas à oclusão dentária, sendo
que para a presente pesquisa foram adotados os seguintes critérios de inclusão
(exemplo clínico nas Figuras 4.1 a 4.5):
- idade de 12 a 16 anos, com média de14anos e três meses;
- apresentação de dentadura permanente completa de segundo a segundo molar;
- presença de oclusão dentária aceitável;
- presença de relação molar classe I de Angle e de pelo menos três Chaves de
Oclusão de Andrews.
72
MATERIAL E MÉTODO
Foram considerados também os seguintes critérios de exclusão:
- presença de cáries proximais extensas;
- presença de elementos dentários reconstruídos proteticamente;
- tratamento ortodôntico anterior;
- mordida aberta, profunda ou cruzada;
FIGURA 4.1 – Fotografia intrabucal (vista frontal) de uma menina pertencente à amostra.
Fig.4.2 Fig. 4.3
Figura 4.2 – Fotografia intrabucal (vista lateral) direita de uma menina pertencente à amostra.
Figura 4.3 – Fotografia intrabucal (vista lateral) esquerda de uma menina pertencente à amostra.
73
MATERIAL E MÉTODO
Fig. 4.4 Fig.4.5
FGURA 4.4 – Fotografia intrabucal (vista oclusal superior) de uma menina pertencente à amostra.
FIGURA 4.5 – Fotografia intrabucal (vista oclusal inferior) de uma menina pertencente à amostra
Para a realização do exame clínico de todos os estudantes avaliados
foram utilizadas espátulas de madeira descartáveis e luvas.
Dos estudantes que compuseram a amostra, foram feitos modelos de
estudo e registro de mordida em cera.
Os materiais utilizados encontram-se discriminados abaixo e
mostrados nas Figuras 4.6 e 4.7:
- um paquímetro digital da marca Mitutoyo, com precisão de até 0,01mm, para
aferição de medidas lineares;
- uma régua (protactor) da marca TD Orthodontics com braço de leitura ajustável,
recortada na medida de 12cm X 6,5cm ao redor do transferidor;
- diagramas ortodônticos de Interlandi, para aferição das rotações;
- quarenta placas transparentes para plastificadora à vácuo da marca VH, com
1mm de espessura, recortados na forma de cada arco dentário, para representar
o plano oclusal ;
- pedras de acabamento para recorte das placas de acrílico;
- lápis preto n0 2 ;
- caneta para retroprojetor;
74
MATERIAL E MÉTODO
- régua plástica milimetrada.
Fig.4.6 Fig. 4.7
Figura 4.6 – Material utilizado para avaliação dos modelos.
Figura 4.7 – Paquímetro e régua protactor.
4.2 MÉTODO
4.2.1 Seleção da amostra
Os estudantes do Programa de Mestrado da Faculdade de Ciências
Odontológicas da Universidade de Marília foram juntos às escolas para coletarem
amostras para doze pesquisas na área de oclusão. Foram realizados exames
clínicos individuais avaliando-se para a escolha da amostra desta pesquisa os
critérios de inclusão e exclusão estipulados no item 4.1.
Ao se encontrar um estudante que apresentasse as características
necessárias para este estudo, sua ficha era separada em uma pasta própria para um
exame clínico mais detalhado posteriormente.
75
MATERIAL E MÉTODO
4.2.2 Exame clínico
O exame clínico dos estudantes foi realizado pelos coletores, em salas
reservadas, solicitadas antecipadamente aos diretores das escolas, com horários
agendados, sob a luz natural e artificial da sala. O exame era realizado visualmente,
com o auxílio de luvas ou espátulas de madeira descartáveis para facilitar a
observação intra-bucal.
4.2.3 Moldagens
Foi solicitado aos pais ou responsáveis pelos estudantes selecionados
para compor a amostra, que levassem seus filhos até um Instituto de Radiologia do
município de Marília, ROM, localizado no centro da cidade, por ser um local de fácil
acesso e que poderia atendê-los em um horário amplo, para que assim se
conseguisse maior participação dos mesmos. De cada estudante foram obtidos os
modelos de estudo superior e inferior, e o registro da oclusão dentária em uma
lâmina dupla de cera 7. Estes procedimentos foram orientados e acompanhados
pela autora da pesquisa e realizados sempre pela mesma pessoa, de acordo com a
técnica descrita por McNamara e Brudon (1995).
4.2.4 Preparo dos modelos para avaliação
Os modelos de estudo foram avaliados observando-se a presença das
Seis Chaves de Oclusão de Andrews, segundo a metodologia descrita por Lawrence
F. Andrews na versão traduzida do seu livro Straigth Wire – O conceito e o aparelho
(1989). Primeiramente foi marcado com um lápis em cada coroa dos modelos
dentários o eixo vestibular da coroa clínica (EVCC), que é a porção mais
proeminente do lóbulo central das coroas, exceto para os molares onde os sulcos
76
MATERIAL E MÉTODO
vestibulares são a referência. Marcou-se também o ponto do eixo vestibular (EV),
que separa a metade gengival da metade oclusal da coroa (Figuras 4.8 e 4.9).
.
Fig.4.8 Fig. 4.9
Figura 4.8 – Traçado do EVCC ( Eixo Vestibular da Coroa Clínica) do dente e ponto EV (Eixo
Vestibular). Rakosi, Jonas e Graber (1993)
Figura 4.9 – Fotografia do dente representado no esquema da Figura 4.6. Rakosi, Jonas e Graber
(1993)
Andrews utilizou o traçado do EVCC de preferência a outros, como
longo eixo do dente, devido ao objetivo do seu estudo em querer abordar apenas
aspectos perceptíveis em observações unicamente clínicas O EVCC é a linha de
referência da qual a inclinação e a angulação são medidas, sendo que nos incisivos,
caninos e pré-molares foi marcado com o lado do lápis, e nos molares foi utilizada a
ponta . Estes procedimentos encontram-se demonstrados nas Figuras 4.10 e 4.11.
77
MATERIAL E MÉTODO
Fig. 4.10 Fig. 4.11
Figura 4.10 – Traçado do EVCC na região anterior em um dos modelos da amostra.
Figura 4.11– Traçado do EVCC na região posterior em um dos modelos da amostra.
A seguir, com as pedras de acabamento foram recortadas as placas
transparentes na forma dos arcos dentários, fazendo-se um alívio na região dos
caninos para que se conseguisse a simulação da posição dos planos oclusais, para
evitar movimentos sobre as pontas das cúspides (Figura 4.12).
Figura 4.12 – Placa de acrílico no plano oclusal em um dos modelos da amostra.
78
MATERIAL E MÉTODO
4.2.5 Avaliação dos modelos
Os modelos de estudo foram avaliados observando-se a presença de
algumas das Seis Chaves de Oclusão de Andrews(1972).
Características estudadas:
4.2.5.1 Chave I - Relação Interarcos
Confirmada a posição de oclusão com o registro em cera, foi feita uma
avaliação das regiões vestibulares e linguais dos modelos.
Esta chave é composta por sete itens:
1. A cúspide mésio-vestibular do primeiro molar superior permanente oclui no sulco
entre as cúspides vestibulares mesial e mediana do primeiro molar inferior
permanente;
2. A crista marginal distal do primeiro molar superior oclui na crista marginal mesial
do segundo molar inferior;
Fig. 4.13 Fig. 4.14
Figura 4.13 – Relação da cúspide mésio-vestibular do primeiro molar superior com o sulco mesio-
vestibular do primeiro molar inferior e da crista marginal distal do primeiro molar superior com a crista
marginal mesial do segundo molar inferior. Gregoret, J.(1999).
Figura 4.14 – Relação do primeiro molar superior com dentes antagonistas em um dos modelos da
amostra.
79
MATERIAL E MÉTODO
3. A cúspide mésio-lingual do primeiro molar superior oclui na fossa central do
primeiro molar inferior;
Fig. 4.15 Fig. 4.16
Figura 4.15 e 4.16 – Relação da cúspide mésio-lingual do primeiro molar superior com a fossa central
do primeiro molar inferior em dois modelos da amostra.
4. As cúspides vestibulares dos pré-molares superiores tem relação cúspide ameia
com os pré-molares inferiores;
5. As cúspides linguais dos pré-molares superiores tem uma relação cúspide-fossa
com os pré-molares inferiores;
6. O canino superior tem uma relação cúspide–ameia com o canino e o primeiro
pré-molar inferior. A ponta de sua cúspide fica levemente mesial à ameia;
Fig. 4.17 Fig. 4.18
80
MATERIAL E MÉTODO
Figura 4.17 – Interdigitação de pré-molares e caninos. Rakosi, Jonas e Graber (1993).
Figura 4.18 – Interdigitação de pré-molares e caninos em um dos modelos da amostra.
7. Os incisivos superiores sobrepõem-se aos incisivos inferiores, e as linhas
medianas dos arcos se ajustam.
Figura 4.19 – Sobreposição de incisivos e linha mediana.
4.2.5.2 Chave II – Angulação da coroa
É o ângulo formado pelo eixo vestibular da coroa clínica (EVCC) e uma
linha perpendicular ao plano oclusal. A angulação é considerada positiva quando a
porção oclusal do EVCC está mesial à porção gengival, negativa quando distal. De
acordo com Andrews (1972), não é possível se medir o grau exato de angulação,
mas pode ser julgada sua natureza (positiva ou negativa).
Figura 4.20 – Esquema de angulação das coroas. Rakosi, Jonas e Graber (1993)
81
MATERIAL E MÉTODO
A placa transparente devidamente recortada foi posicionada sobre as
superfícies oclusais dos modelos, de maneira que representasse o plano oclusal do
arco dentário. A base do transferidor foi colocada paralela à placa de acrílico, e o
braço de leitura foi ajustado para ficar paralelo ao EVCC da coroa, fazendo-se a
leitura.
Fig 4.21 Fig 4.22
Figura 4.21 – Avaliação da angulação em um modelo da amostra.
Figura 4.22 – Avaliação da angulação em um dos modelos da amostra.
4.2.5.3 Chave III - Inclinação da coroa
É o ângulo formado entre uma linha perpendicular ao plano oclusal e
uma linha que está paralela e tangente ao EVCC no seu ponto médio. Da mesma
maneira que na angulação, não é possível se obter medidas exatas conseguindo-se,
porém, verificar o grau de inclinação (positivo ou negativo). A inclinação é
considerada positiva se sua porção incisal ou oclusal, linha tangente ou EVCC, está
para vestibular em relação à sua porção gengival, negativa se lingual.
82
MATERIAL E MÉTODO
Fig 4.23 Fig.4.24
Figura 4.23 – Esquema de inclinação negativa das coroas superiores de canino a molares. Rakosi,
Jonas e Graber (1993)
Figura 4.24 - Esquema de inclinação negativa das coroas inferiores de canino a molares.Rakosi,
Jonas e Graber (1993)
Os modelos foram avaliados com a base do transferidor posicionada
sobre as placas de acrílico. O braço de leitura foi ajustado para ficar tangente ao
EVCC no ponto EV (Figuras 4.25 e 4.26 ).
Fig. 4.25 Fig. 4.26
Figura 4.25 – Avaliação da inclinação positiva de um incisivo central superior em um dos modelos da
amostra.
Figura 4.26 – Avaliação da inclinação negativa de um pré-molar inferior em um dos modelos da
amostra.
83
MATERIAL E MÉTODO
4.2.5.4 Chave IV- Rotações
Não deve haver rotações dentárias insatisfatórias. São consideradas
por Andrews (1972) em sua metodologia o valor de 2o como referência.
Na placa de acrílico transparente posicionada sobre o plano oclusal do
modelo, utilizando-se a caneta de retroprojetor, traçou-se uma linha que unia o ponto
de contato das coroas e o contorno vestibular das mesmas .Colocou-se depois esta
placa transparente sobre um Diagrama Ortodôntico de Interlandi para se desenhar o
arco ideal para cada modelo, e ter referências em suas linhas para encostar a base
do transferidor, avaliando-se as angulações de cada coroa de maneira mais segura.
Figura 4.27 – Representação da rotação acentuada de um dente. Rakosi, Jonas e Graber (1993)
84
MATERIAL E MÉTODO
Fig. 4.28 Fig. 4.29
Figura 4.28 – Traçado da linha de união dos pontos de contato em um dos modelos da amostra.
Figura 4.29 – Traçado do contorno vestibular das coroas em um dos modelos da amostra.
Figura 4.30 – Colocação da placa transparente no Diagrama de Interlandi.
4.2.5.5 Chave V – Contatos justos
Os pontos de contato devem se tocar, a menos que exista discrepância
no tamanho das coroas. A existência de espaços entre os dentes no sentido mésio-
distal foi avaliada na superfície vestibular dos modelos.
4.2.5.6 Chave VI – Curva de Spee
Pode variar de um plano até uma superfície levemente côncava. Com
a placa transparente posicionada tocando dos incisivos inferiores até os segundos
85
MATERIAL E MÉTODO
molares, utilizou-se o paquímetro para medir, pelo lado vestibular, no sentido
vertical, a distância em milímetros da placa até o ápice da cúspide mais inferior.
Andrews (1972) considera indesejáveis valores maiores que 2,5mm.
Fig. 4.31 Fig. 4.32
Figura 4.31 – Representação esquemática da curva de Spee. Orthlieb, J-D et al.,(2002)
Figura 4.32 – Posicionamento do paquímetro para avaliar a curva de Spee em um dos modelos da
amostra.
86
RESULTADOS
5 RESULTADOS
Os dados encontrados foram então apurados e organizados em tabelas
e gráficos. Devido à natureza das variáveis, as mesmas foram apresentadas por
meio de freqüência e porcentagem.
5.1 Chave I – Relações Interarcos
Composta por sete itens discriminados a seguir, os resultados
encontrados podem ser observados na Tabela 5.1:
5.1.1 - 100% dos modelos estudados apresentaram o primeiro item avaliado,
segundo o qual a cúspide mésio-vestibular do primeiro molar superior deveria ocluir
no sulco entre as cúspides vestibulares mesial e mediana do primeiro molar inferior
permanente. Encontra-se representado na Tabela 5.1 pelos termos c16 e c26;
5.1.2 - O segundo item observado nesta chave foi a posição da crista marginal distal
do primeiro molar superior, que deveria ocluir na crista marginal mesial do segundo
molar inferior, o que foi encontrado em até 55% dos modelos. Encontra-se
representado na Tabela 5.1. pelos termos a16 e a26;
88
RESULTADOS
5.1.3 - Este item nos descreve a posição da cúspide mesiolingual do primeiro molar
que deveria ocluir na fossa central do primeiro molar inferior, sendo que 100% dos
modelos continham esta descrição. Encontra-se representado na Tabela 5.1 pelos
termos f16 e f26;
5.1.4 - As cúspides vestibulares dos pré-molares superiores deveriam ter relação
cúspide ameia com os pré- molares inferiores, conforme o item quatro desta chave,
o que foi verificado em no mínimo 85% dos modelos. Encontra-se representado na
Tabela 5.1 pelos termos ca14, ca15, ca24, ca25;
5.1.5 - De acordo com o quinto tópico, as cúspides linguais dos pré-molares
superiores deveriam ter uma relação cúspide-fossa com os pré-molares inferiores, o
que foi constatado em no mínimo 90% dos modelos. Encontra-se representado na
Tabela 5.1 pelos termos cf14, cf15, cf24, cf25;
5.1.6 - Pelo menos 85% dos caninos apresentavam-se posicionados conforme o
sexto item, de maneira que o canino superior deveria ter uma relação cúspide–
ameia com o canino e o primeiro pré-molar inferior, sendo que a ponta de sua
cúspide deveria ficar levemente mesial à ameia. Encontra-se representado na
Tabela 5.1 pelos termos ca13 e ca23;
5.1.7- Todos os modelos observados tiveram os incisivos posicionados conforme a
Chave I, na qual os incisivos superiores deveriam se sobrepor aos inferiores e as
linhas medianas deveriam coincidir. Encontram-se representados na Tabela 5.1
pela letra S.
89
RESULTADOS
TABELA 5.1 – Presença da Chave I – Relação Interarcos nos modelos
RELAÇÕES INTERARCOS c16A16f16 c26a26f26 ca13ca14cf14ca15cf15Ca23ca24cf24ca25cf25S/LModelos
1 S S S S S S S S S S S S S S S S S2 S S S S S S S S S S S S S S S S S3 S N S S N S S S S S S S S S S S S4 S S S S S S S S S S S N S S S S S5 S N S S N S S S S S S S S S S S S6 S N S S N S S S S S N S S S S S S7 S S S S S S S S S S S S N N N S S8 S S S S N S S S S S S N N N N N S9 S S S S N S S S S S S S S S S S S
10 S S S S S S S S S S S S S S S S S11 S S S S N S S S S S S S S S S S S12 S S S S S S N N S N N S S S S S S13 S S S S S S S S S S S S S S S S S14 S S S S S S S S S S S S S S S S S15 S S S S N S S S S S S S S S S S S16 S S S S N S S S S S S N S S N N S17 S S S S S S S S S S S S S S S S S18 S S S S S S S S S S S S S S S S S19 S S S S S S S S S S S S S S S S S20 S S S S N S S S S S S S S S S S S
Presença 100.85 100100.55 100.95 .95 100.95 .95 .85 .90 .90 .85 .90 100
S = SIM / N = NÃO
Presença = presença de um dos itens da relação interarcos em porcentagem.
c16 e c26 = cúspide mésio-vestibular do primeiro molar superior ocluindo no sulco mésio-vestibular
do primeiro molar inferior;
a16 e a26 = crista marginal distal do primeiro molar superior em contato com a crista marginal
mesial do segundo molar inferior;
f16 e f26 = cúspide mésio-lingual do primeiro molar superior ocluindo na fossa central do primeiro
molar inferior;
ca14,ca15,ca24,ca25 = cúspides vestibulares dos pré-molares em relação de cúspide/ameia com os
pré-molares inferiores;
cf14,cf15,cf24,cf25 = cúspides linguais dos pré-molares em relação de cúspide/fossa com os pré-
molares inferiores;
90
RESULTADOS
ca13 e ca23 = cúspides dos caninos superiores em relação de cúspide/ameia com os caninos e os
primeiros pré-molares inferiores;
S = sobreposição adequada dos incisivos superiores sobre os inferiores e linhas medianas
coincidentes.
Foi considerada a presença da Chave I se pelo menos seis dos sete
itens da mesma estivessem presentes no modelo avaliado.
Observamos que em 80% dos modelos encontramos de seis a sete
itens da Relação Interarcos. Dos 20% restantes, 10% apresentaram apenas três
itens, 5% cinco itens e 5% quatro itens, conforme a Figura 5.1.
80
5 5 10
6,7 5 4 3
Itens da Relação Interarcos
5%10%80%
Figura 5.1 - Freqüência do número de itens da Chave I (Relação Interarcos ) presentes na amostra
Observamos também que os problemas mais freqüentes estavam
relacionados com a posição da crista marginal distal do primeiro molar superior,
seguidos da posição de articulação de pré-molares e caninos, o que pode ser
verificado na Figura 5.2.
91
RESULTADOS
45% 40%
15%
Crista distaldo molar
Ameia efossa-pré
Canino
Problemas mais freqüentes (Chave I)
Figura 5.2 – Itens da Chave I que apresentaram problemas maior número de vezes na amostra
5.2 Chave II – Angulação da coroa
A angulação é considerada positiva quando a porção oclusal do EVCC
está mesial à porção gengival, negativa quando distal.
Verificamos em nosso estudo que 100% da amostra tinha angulação
positiva, o que pode ser observado nas Tabelas 5.2 e 5.3 e Figura 5.3.
92
RESULTADOS
.TABELA 5.2- Angulação das coroas na arcada superior
Dente 11 12 13 14 15 16 17 21 22 23 24 25 26 27Modelo
1 5 6 11 3 5 6 2 5 8 10 3 1 6 42 5 7 8 3 3 6 2 5 6 8 3 3 6 33 4 6 7 2 2 5 2 4 6 7 2 1 6 24 5 7 10 2 3 6 2 5 7 10 3 2 6 25 5 7 9 4 4 6 3 5 7 10 3 3 6 36 5 8 9 3 3 5 4 5 7 8 3 3 6 47 6 3 8 3 2 6 5 6 12 8 4 3 5 48 4 5 8 3 3 6 4 4 6 9 3 3 5 49 4 6 9 3 2 5 4 4 6 9 2 2 5 310 5 9 6 3 3 6 5 5 9 6 2 3 6 411 4 6 10 3 3 5 3 4 6 9 2 3 5 312 6 8 9 3 3 5 3 6 8 9 3 3 5 213 4 6 9 3 2 5 2 4 6 9 3 2 5 214 6 9 8 3 2 6 3 6 9 8 9 2 6 315 4 6 7 2 2 6 4 5 6 8 2 2 6 416 6 8 11 3 2 6 4 7 8 10 3 3 6 517 6 7 9 3 2 6 3 5 4 9 3 2 6 318 5 9 11 3 2 6 4 5 9 10 3 2 6 419 5 7 9 1 3 6 3 5 9 9 2 3 6 320 3 4 5 3 2 6 4 4 5 6 2 2 6 4
Soma 97 134 173 56 53 114 66 99 144 172 60 48 114 66Média 4,85 6,7 8,65 2,8 2,65 5,7 3,3 4,95 7,2 8,6 3 2,4 5,7 3,3
93
RESULTADOS
TABELA 5.3 - Angulação das coroas na arcada inferior
Dente 31 32 33 34 35 36 37 41 42 43 44 45 46 47Modelo
1 1 2 5 2 2 3 2 1 2 6 3 2 3 22 1 3 5 3 2 2 2 1 2 5 0 2 2 23 1 1 5 1 0 1 1 1 2 5 0 1 2 24 0 1 7 3 3 3 3 0 1 5 1 1 3 35 0 3 7 3 2 3 4 0 3 6 2 3 4 36 2 3 7 0 2 2 3 3 3 6 2 4 2 37 2 2 4 3 1 3 3 2 2 3 2 0 3 28 2 2 5 3 1 3 3 1 0 4 2 3 3 39 1 1 5 5 5 3 2 0 1 6 5 5 3 210 1 3 4 3 2 3 2 1 3 5 3 2 3 211 1 2 6 2 1 3 2 1 2 6 2 0 3 212 1 0 5 2 4 3 2 1 0 5 3 3 3 213 1 2 5 3 2 3 2 1 2 4 3 3 3 214 1 2 5 4 3 3 2 1 1 5 1 2 3 215 1 2 5 3 3 3 2 1 1 5 3 4 3 216 1 2 6 4 3 2 3 1 2 6 3 2 2 317 1 2 5 3 3 3 3 2 1 5 3 3 3 218 1 2 5 4 3 4 3 1 2 7 2 3 4 319 1 0 5 5 5 3 2 1 0 3 1 0 3 220 1 2 4 3 2 2 3 1 2 4 0 2 3 2
Soma 21 37 105 59 49 55 49 21 32 101 41 45 58 46Média 1,05 1,85 5,25 2,95 2,45 2,75 2,45 1,05 1,6 5,05 2,05 2,25 2,9 2,3
POSITIVO100%
NEGATIVO0%
0%
Figura 5.3 – Freqüência da Chave II – Angulação das coroas
5.3 Chave III - Inclinação da coroa
94
RESULTADOS
Os incisivos superiores deveriam ter sua inclinação positiva, sendo que
todos os outros dentes deveriam ter inclinação negativa.
TABELA 5.4 – Inclinação vestíbulo-lingual das coroas na arcada superior
DENTE 11 12 13 14 15 16 17 21 22 23 24 25 26 27MODELO
1 7 7 -6 -4 -3 -5 -5 7 7 -7 -2 -1 -5 -52 6 3 -5 -9 -9 -11 -8 5 0 -6 -9 -9 -8 -83 4 1 -7 -10 -11 -10 -8 4 1 -9 -11 -11 -12 -84 6 4 -8 -7 -7 -9 -9 6 7 -8 -7 -8 -9 -85 9 7 -4 -7 -6 -8 -7 9 4 -3 -6 -6 -7 -66 5 2 -10 -9 -9 -10 -10 5 2 -11 -10 -10 -11 -107 9 1 -8 -9 -9 -10 -9 10 2 -5 -6 -6 -8 -68 1 3 -3 -6 -7 -11 -12 1 3 -3 -8 -11 -12 -139 7 3 -9 -8 -11 -11 -10 7 3 -12 -10 -11 -11 -10
10 10 10 -4 -5 -5 -9 -8 10 11 -6 -4 -7 -8 -611 8 6 -4 -6 -7 -9 -8 8 6 -4 -6 -7 -9 -812 6 4 -7 -6 -7 -9 -8 6 4 -8 -7 -8 -9 -813 3 4 -6 -9 -8 -9 -8 3 4 -6 -13 -9 -9 -814 13 14 -2 -5 -6 -7 -6 13 14 -2 -5 -5 -7 -615 4 5 -6 -8 -7 -10 -8 3 5 -6 -7 -7 -10 -816 5 0 -7 -11 -10 -10 -8 6 1 -6 -10 -9 -10 -817 4 4 -7 -8 -8 -10 -9 4 4 -7 -7 -7 -9 -818 6 6 -11 -14 -14 -15 -14 7 2 -12 -15 -16 -16 -1519 9 8 0 -7 -7 -9 -9 8 11 3 -3 -4 -7 -520 8 4 -3 -2 -3 -8 -7 7 4 -5 -2 -5 -9 -8
SOMA 130 96 -117 -150 -154 -190 -171 129 95 -123 -148 -157 -186 -162MÉDIA 6,5 4,8 -5,85 -7,5 -7,7 -9,5 -8,55 6,45 4,75 -6,15 -7,4 -7,85 -9,3 -8,1
95
RESULTADOS
TABELA 5.5 - Inclinação vestíbulo lingual das coroas na arcada inferior
DENTE 31 32 33 34 35 36 37 41 42 43 44 45 46 47MODELO
1 0 -4 -12 -18 -24 -33 -37 0 -4 -13 -20 -24 -35 -382 0 -2 -12 -21 -22 -30 -36 0 -3 -13 -21 -24 -30 -373 -1 -2 -13 -21 -27 -32 -38 -1 -1 -13 -21 -25 -31 -384 -1 -2 -13 -21 -24 -27 -31 -1 -2 -12 -19 -21 -27 -315 0 2 -10 -15 -21 -29 -34 0 2 -8 -11 -22 -29 -356 -4 -4 -18 -28 -35 -42 -43 -3 -4 -20 -30 -36 -43 -457 0 -1 -11 -20 -23 -32 -39 0 -2 -10 -17 -22 -32 -398 3 3 -4 -12 -15 -26 -33 3 3 -4 -10 -16 -27 -359 0 -2 -8 -19 -25 -35 -43 0 -2 -10 -23 -29 -36 -45
10 2 2 -8 -14 -19 -27 -37 2 2 -11 -16 -22 -29 -3911 0 -3 -6 -19 -22 -26 -33 0 -3 -6 -16 -19 -25 -3312 0 -1 -10 -18 -24 -29 -37 0 -1 -10 -21 -24 -28 -3913 0 -1 -11 -16 -21 -29 -32 0 -1 -10 -17 -21 -30 -3114 4 4 -4 -13 -21 -26 -32 4 4 -4 -14 -21 -26 -3315 0 -1 -12 -16 -24 -30 -34 0 -1 -11 -14 -19 -29 -3516 -4 -6 -14 -23 -27 -36 -45 -4 -7 -20 -26 -30 -35 -4317 1 -1 -10 -21 -25 -32 -37 1 -1 -11 -21 -26 -31 -3718 0 -1 -8 -19 -24 -32 -37 0 -1 -7 -20 -23 -31 -3719 -1 -1 -10 -24 -27 -35 -38 -2 -1 -10 -24 -28 -35 -3820 -2 -3 -14 -19 -25 -32 -36 -1 -2 -12 -18 -21 -32 -36
SOMA -3 -24 -208 -377 -475 -620 -732 -2 -25 -215 -379 -473 -621 -744MÉDIA -0,15 -1,2 -10,4 -18,8 -23,7 -31 -36,6 -0,1 -1,25 -10,75 -18,9 -23,6 -31,05 -37,2
Encontramos a inclinação satisfatória em 75% da amostra, conforme indica a Figura
5.4.
020406080
%
15 5MODELOS
Freqüência daChave III
Figura 5.4 - Freqüência da Chave III – Inclinação satisfatória das coroas
Os problemas encontrados estavam localizados na região dos incisivos
centrais e laterais inferiores, em igual proporção (25% cada um). Eles se
96
RESULTADOS
apresentaram mais vestibularizados do que os valores descritos por Andrews, sendo
que uma pequena inclinação nestes dentes já muda a natureza da angulação, de
negativa para positiva. Verificar Figura 5.5.
0102030
31 32 41 42DENTES
FREQ
ÜÊN
CIA
%
Figura 5.5 - Freqüência dos dentes com inclinação não satisfatória
5.4 Chave IV- Rotações:
Rotações maiores que 20 são consideradas insatisfatórias para
Andrews. Noventa e cinco por cento dos modelos tiveram a presença de pelo menos
um dente com rotação maior que a aceitável, o que pode ser verificado nas Tabelas
5.6 e 5.7 e na Figura 5.6.
97
RESULTADOS
TABELA 5.6 - Presença de Rotações na arcada superior.
Dente 11 12 13 14 15 16 17 21 22 23 24 25 26 27Modelo
1 S S S N N S S S S S N N S S2 S N N S S S N N S S S S S N3 S S S N S S S S S S S S S S4 S S S S S S S S S S N N S S5 S S N N S S S S S N N S S S6 S S S S S S S S S S S S S S7 N N N S S S S N N S N N S S8 S N S S S S S S N S S S S S9 S S S S S S S S S N S S S S
10 N N S S N S S S N N S S S S11 N N N S S S S S N N S N S S12 S S S N N S S S S S S S S S13 S S N S S S S S S S N S N S14 S S S S S S S S S S S S S S15 S S S S S S S S S S S S S S16 S N N S S S S S N N S S S S17 S S S S S S S S S N S S S S18 S N S S S S S S N S S S S S19 S N S S S S S S N S S S S S20 S S S S S S S S S S S S S S 3 7 6 4 3 0 1 2 7 6 5 4 1 1
S = Satisfatório / N = Não satisfatório
TABELA 5.7 – Presença de rotações na arcada inferior.
98
RESULTADOS
Modelo 1 S S S S S S S S S S S S S S2 S S S S S S S S S S S S S S3 S S S S S S S S S S S S S S4 S S S N S S S S S S N S S S5 S N N S N S S S N N S S S S6 S S S S S S S S S S S N S S7 S S S N N S S S S N N N S S8 S S N N N S S S S S S N S S9 S S N N S S S S S N N S S S
10 S S S N N N S S S N N N S S11 S N N N N S N S N N N N S N12 S S N S S S S S S N S S S S13 S S N S S S S S S S S S S S14 S S N S N S S S S S S N S S15 S S S S S S S S S S S N S S16 N S S S S S S S S S S S S S17 S S S S N S S S S S S S S S18 S S S N N S S S S S N S S S19 S N S S S S S S N S S N S S20 S S S S S S S S S S S S S S 1 3 6 7 8 1 1 0 3 6 6 8 0 1
S = Satisfatório / N = Não satisfatório
FREQÜÊNCIA DE ROTAÇÃO NOS MODELOS
95
5
Figura 5.6 - Freqüência da Chave IV - Rotação dos modelos
5% dos modelos não apresentaram rotações
95% dos modelos apresentaram rotações
Os dentes que apresentaram maior variação foram os pré-molares
inferiores (35 e 45),
100
RESULTADOS
5.5 Chave V – Contatos justos:
Quarenta e cinco por cento dos modelos tinham contatos justos em
todos os dentes, sendo freqüente 100% das vezes nos dentes
11,15,16,17,21,25,26,27, 31,32,35,37,41,42,45 e 47.
Os dentes com maior freqüência de diastemas foram os caninos 23 e
33, de acordo com as Tabelas 5.8 e 5.9.
TABELA 5.8 - Presença da Chave V em todos os modelos.
CONTATOS JUSTOSD 11 12 13 14 15 16 17 21 22 23 24 25 26 27 31 32 33 34 35 36 37 41 42 43 44 45 46 47M
1 S S S S S S S S S S S S S S S S N S S S S S S N S S S S2 S S S S S S S S S S S S S S S S N S S S S S S N S S S S3 S S S S S S S S N S S S S S S S S S S S S S S S S S S S4 S S S N S S S S S S S S S S S S S N S S S S S S S S S S5 S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S6 S S S S S S S S S S S S S S S S N S S S S S S S S S S S7 S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S8 S S S S S S S S N N S S S S S S S S S S S S S S S S S S9 S S S S S S S S S S N S S S S S S S S N S S S S S S N S10 S N N S S S S S N N S S S S S S N N S S S S S N N S S S11 S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S12 S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S13 S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S14 S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S15 S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S16 S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S17 S S N S S S S S S N S S S S S S S S S S S S S S S S S S18 S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S S19 S S S S S S S S S N S S S S S S S S S S S S S S S S S S20 S S N S S S S S S N S S S S S S S S S S S S S S S S S S
0 1 3 1 0 0 0 0 3 5 1 0 0 0 0 0 4 2 0 1 0 0 0 3 1 0 1 0S = SIM / N = NÃO; D = DENTES; M = MODELO
TABELA 5.9 – Maior freqüência de contatos justos
101
RESULTADOS
MAIOR FREQÜÊNCIA DE CONTATOS JUSTOS1o lugar:dentes 11,15,16,17,21,25,26,27,31,32,35,37,41,42,45,47(100%)
2o lugar: dente 34 (18 vezes = 95%)3o lugar: dentes 13,22,33 (17 vezes = 90%)4O lugar: dente 33 (16 VEZES= 85%)5o lugar: dente 23 ( 15 vezes= 80%)
5.6 Chave VI – Curva de Spee:
Apresentou-se levemente côncava em todos os modelos, com média
de 1,8mm, conforme a Tabela 5.10.
TABELA 5.10 – Medidas das Curvas de Spee
Modelos Spee/mm1 1,42 1,33 1,84 25 2,16 1,97 2,38 29 1,810 2,311 1,412 2,213 1,314 1,815 1,516 1,917 218 2,119 2,320 1,6
102
RESULTADOS
Chegou-se então a Tabela 5.11, que nos fornece dados sobre a
freqüência das Seis Chaves de oclusão de Andrews, nesta amostra em que os
modelos apresentavam no mínimo três Chaves.
TABELA 5.11- Presença das Seis Chaves de Oclusão de Andrews
ModeloChave I Chave II
ChaveIII Chave IVChaveV
ChaveVI
Relação Angula Inclina S/Rotaç Contato Spee Presentes1 S S S N N S 42 S S S N N S 43 S S S N N S 44 S S S N N S 45 S S N N S S 46 S S S N N S 47 N S S N S S 48 N S N N S S 39 S S S N N S 4
10 S S N N N S 311 S S S N S S 512 N S S N S S 413 S S S N S S 514 S S N N S S 415 S S S N S S 516 N S S N N S 317 S S N N N S 318 S S S N S S 519 S S S N N S 420 S S S S N S 5
80% 100% 75% 5% 45% 100% S= SIM / N = NÃO
Presentes = número de chaves presentes por modelo.
Verificamos que as Seis Chaves conjuntamente não foram
encontradas em nenhum modelo, 20% apresentaram apenas 3 chaves, 25%
103
RESULTADOS
apresentaram 5 Chaves e 55% tinham 4 Chaves, o que pode ser verificado na
Figura 5.7.
100% 55% 25% 20% 0%
6543
Figura 5.7- Número de Chaves presentes na amostra.
As Chaves mais freqüentes foram a VI e a II, presentes em 100% dos
modelos. 80% apresentaram a Chave I, 75% a Chave III, 45% a Chave V e 5%
apenas apresentaram a Chave IV, conforme Figura 5.8.
104
RESULTADOS
10080 75
45
50
20
40
60
80
100
%
VI e II I III V IV
Chaves
Freqüência das Seis Chaves
5457580100
Figura 5.8 – Chaves mais freqüentes na amostra.
105
DISCUSSÃO
6 DISCUSSÃO
Diversas classificações de oclusão foram feitas desde o século
passado, por autores como Fox (1803), Delabarre (1819), Kingsley (1880) até os
dias de hoje, sendo a de Angle (1880) a mais divulgada. Discordam desta
classificação desde a sua criação, julgando-a imprecisa, autores como Cryer (1904),
Case (1921), Van Loon (1915), Dewey (1915), Hellman (1920), Strang (1938),
Atkinson (1939).
Mediante nosso estudo pudemos observar que esta classificação
realmente é muito vaga quando se quer avaliar a oclusão detalhadamente, pois a
nossa amostra seria muito maior se fosse este o critério de seleção usado.
A definição do normal em oclusão também varia muito, sendo que a
maioria dos autores considera o emprego do termo “normal” impróprio, como
Johnson (1923), Noyes (1942), Kolsky (1955), Björk, Krebs e Solow (1964), Nairn
(1974), Cohen (1977), Nunes (1980), Van der Linden (1983), Smith (1991), Paiva
(1997). No entanto, Baum (1951), Houston (1990), Moyers (1991), Proffit (1995),
Proffit e Ackerman (1996) e Bennett (1998), consideram que o problema não está
em escolher um termo mais preciso, mas sim definir dois diferentes: o ideal, que é
hipotético, e o normal, que é possível e admite variações. Em nosso trabalho
também pudemos verificar que uma referência de ideal é válida, mas encontramos
107
DISCUSSÃO
pequenas variações nos modelos que não demonstravam uma situação de má
oclusão.
Discordando de critérios rígidos ainda encontramos Graber (1954),
Casko (1984) e Gregoret (1999) quando sugerem que o normal pode ser usado
como média inicial, sendo admitidas variações conforme o indivíduo.
Contrariando a perfeição da oclusão preconizada por Andrews (1972),
Houston (1990) nos diz que pequenas irregularidades às vezes não justificam um
tratamento ortodôntico, o que também percebemos em nossa amostra.
Sassouni (1969) desenvolveu um sistema de classificação acreditando
existirem na face características típicas de problemas de oclusão. Contrariando
estes conceitos Lundströn et al. (1992) concluíram que o esboço do perfil do tecido
mole não corresponde totalmente com a estrutura esquelética subjacente. Merrifield
(1966), opondo-se a esta idéia, achava que o perfil poderia nos dar referências
sobre a oclusão, o que não pôde ser confirmado nem era objetivo da pesquisa, mas
podemos apenas dizer que a estética demonstrou ser satisfatória para todas as
crianças deste estudo. Casko (1984), também encontrou perfil agradável em
pacientes com oclusão normal, Espeland et al. (1991), constataram 98% de
satisfação em pacientes com oclusão normal e Lundströn et al. (1992)
Cochrane, Cunningham e Hunt (1999) consideraram que os resultados
de avaliação da estética poderiam não ser totalmente iguais, e eram subjetivos
conforme o avaliador. Assim concluíram Hopkins e Murphy (1971), Shaw, Lewis e
Robertson (1975), Prahl-Andersen (1978), Graber e Lucker (1980), Kiyak (1981),
Espeland et al. (1991), Bennett (1998) e Águila(2001). Corroborando esta opinião,
Houston (1990) ainda nos diz que as opiniões variam não somente entre as
pessoas, mas entre as comunidades, conforme os costumes.
108
DISCUSSÃO
Andrews (1972) afirmou que a avaliação das Seis Chaves da Oclusão
por ele preconizadas poderia levar ao diagnóstico de uma oclusão normal.
Encontramos autores que não acreditam que somente uma análise estática da
oclusão nos forneça resultados precisos para se definir o normal, sendo necessária
uma avaliação da função. Ramfjord e Ash (1984), Paiva (1997), Ockeson (2002),
Orthlieb (2002), Ferreira (2002), Cardoso (2003). Não julgamos desnecessária a
avaliação funcional, mas acreditamos que uma criteriosa avaliação estática nos
forneça grande parte dos subsídios necessários para se classificar o normal.
Bennett e McLaughlin(1998) consideraram válidos os parâmetros das
Seis Chaves de Oclusão de Andrews, mas acrescentaram uma sétima chave,
considerando importante o tamanho dos dentes. Christie (1977), no entanto, usando
critérios de Ricketts, verificou ser importante o tamanho da base óssea, encontrando
mais pessoas com o padrão braquifaciais com oclusão normal.
Ricketts (apud Águila 2001) também discordou das Seis Chaves de
Andrews e da posição estratégica do primeiro molar superior. Considerou que o
segundo pré-molar direciona a posição do primeiro molar superior e inferior.
Ferreira (2002) também acreditou que deveriam ser acrescentadas
mais chaves as Seis Chaves de Andrews, sugerindo mais quatro chaves,
considerando também os aspectos dinâmicos da oclusão.
Alguns autores julgam que quanto maior número de características
para avaliação, melhor a classificação. Kolsky(1955), Ackerman e Proffit (1969),
Freer (1973). Isto também pôde ser verificado em nossa pesquisa.
Freer (1973) ainda considerava essenciais mais variáveis para avaliar
a severidade da má oclusão. Já Baume e Maréchaux (1974) consideram mais
109
DISCUSSÃO
importante uniformizar os métodos de avaliação destas severidades, para que se
encontrassem estatísticas comparáveis.
Estas estatísticas são muito importantes também para a Saúde
Pública, e a maioria delas nos revela índices muito baixos de uma boa oclusão
dentária. É o caso das pesquisas de Massler e Frankel (1951), que revelaram o valor
de 18,2% para oclusão normal. Os mesmos resultados foram encontrados em Cuba
por Mederos ( 1976). No entanto, Graber(1996) relatou porcentagem maior (25%
de oclusão normal) no levantamento de 1970 nos EUA. Porcentagens semelhantes
foram encontradas por Almeida (1970) em Marília (27,6%) ao passo que em Bauru
o autor encontrou somente 10,7% de oclusão normal. Silva Filho, Freitas e
Cavassan (1990) também confirmaram esta situação ruim em Bauru, encontrando
apenas 11,47% de oclusão normal, chegando a 9,2%. Em nosso estudo, para a
seleção da amostra encontramos uma porcentagem de 12,82% de oclusão normal, o
que atribuímos ao critério rígido de seleção.
Diferentes valores, embora ainda insatisfatórios, foram encontrados por
Mascarenhas (1977) na cidade de Palhoça, com 53,87% de oclusão normal.
Contrariando este positivismo, Seraphin (1978), em Campinas, verificou 4% da
amostra com oclusão normal. Entretanto, estas duas cidades eram de regiões
distantes geograficamente, o que nos leva à confirmação dos dados do
Levantamento Epidemiológico em Saúde Bucal feito no Brasil (1986), quando foram
verificadas diferenças na saúde bucal em regiões distintas no Brasil e em
populações com diferentes níveis socioeconômicos. Concordando com esta
diferença econômica encontramos o trabalho de Silva Filho, Freitas e Cavassan
(1990). Porém, discordam desta diferença os estudos de Martins et.al. (1998) e
Capote, Zuanon e Pansani (2002). Em nosso trabalho percebemos que a coleta da
110
DISCUSSÃO
amostra foi mais difícil nas escolas situadas na periferia, onde o nível
socioeconômico apresentava-se menor.
Almeida et al. (1970), encontraram diferenças nos índices de má
oclusão entre as cidades de Marília e Bauru com diferentes índices de flúor, mas os
autores consideram este fato como decorrente da melhora da saúde bucal. Não
foram encontradas evidências da influência direta do flúor na oclusão quando
analisadas as cidades de Araraquara e São Carlos por Almeida et al. (1975) e por
Grecco, Toledo e Toledo (1974), avaliando as cidades de Araraquara e Pereira
Barreto.
Em trabalhos onde se verificaram diferenças entre raças encontramos
Águila (2001), assim como Galvão, Pereira e Bello (1994). Contrariando esses
dados temos o trabalho de Mascarenhas (1977) que não encontrou diferenças de
oclusão entre as raças.
Avaliando-se a existência de diferentes porcentagens de má oclusão
entre os gêneros encontramos os trabalhos de Christie (1977), Baum (1951),
Sheideman (1980) e estudos da USPHS nos Estados Unidos. Contrários à esta
opinião estão os trabalhos de Mascarenhas (1977) e Martins(1998).
O tamanho correto dos dentes é considerado por Bennett e
McLaughlin(1998) como uma característica muito importante para a oclusão
dentária. Apesar de não ser objetivo deste trabalho analisá-la, verificamos ser este
um fator de grande influência nos modelos, nos sugerindo sua avaliação em
trabalhos futuros.
Não foi encontrado nenhum modelo que satisfizesse todos os critérios
de uma oclusão ótima natural avaliando-se as Seis Chaves de Oclusão de Andrews.
Esse resultado também está de acordo com o trabalho de Brangeli (2001), que
111
DISCUSSÃO
utilizou igualmente as Seis Chaves de Andrews como referência para avaliação da
oclusão normal.
Entretanto, como utilizou uma amostra selecionada segundo a
classificação de Angle (1899), sendo esta abrangente, a autora encontrou a
presença de 2 chaves na maioria dos modelos (34%), sendo que 11% não tinham a
presença de nenhuma chave. Em nosso trabalho, em virtude da seleção da amostra
nos fornecer modelos que apresentassem pelo menos 3 chaves, não pudemos
comparar valores da presença de duas ou uma chave. Três chaves foram
encontradas em porcentagens semelhantes nos dois estudos, sendo 20% em nosso
trabalho e 23% na amostra de Brangeli (2001).
Contudo, comparando-se a presença de um número maior de chaves
os resultados diferem, porque, em uma amostra selecionada de maneira mais
criteriosa, pressupõe–se encontrar resultados mais satisfatórios. Isto foi confirmado
em nosso trabalho, porque contrariando os 15% encontrados na amostra de Brangeli
(2001), tivemos a maior parte da amostra (55%) apresentando pelo menos quatro
chaves.
Este resultado também corroborou a intenção de se selecionar uma
amostra que apresentasse características ótimas de oclusão, porque se 3 chaves
era a menor quantidade aceitável para compô-la, verificamos que mais da metade
dos modelos possuía acima do mínimo exigido.
Seqüencialmente observamos um decréscimo nos valores, o que já
era previsível, uma vez que menos pessoas tenderiam a apresentar maior número
de critérios de uma boa oclusão. Assim, apenas 25 % dos modelos apresentou pelo
menos 5 chaves, mesmo assim sendo um resultado superior ao de Brangeli (2001)
112
DISCUSSÃO
que foi de 10%, o que também era esperado devido à já relatada diferença de
amostra.
Todos os modelos avaliados (100%) apresentaram a chave VI, que
correspondem à curva de Spee suave. Este também foi o item mais encontrado por
Brangeli (2001) num total de 74%, o que nos leva a concluir que, tanto em amostras
mais abrangentes quanto em mais criteriosas, a curva de Spee suave se apresenta
como o fator mais encontrado em oclusões normais.
Encontramos também a angulação da coroa satisfatória (Chave II) em
100% da amostra, o que não foi verificado por Brangeli (2001). Essas diferenças
provavelmente podem estar relacionadas com a maneira pela qual a amostra foi
selecionada.
A Relação Interarcos (Chave I), foi encontrada em 80% dos modelos.
Esta chave não pressupõe correta apenas a relação do molar. Se fosse esta sua
característica, poderíamos dizer que ela também esteve presente em 100% da
amostra. No entanto, ela é composta por sete fatores, que descrevem a
intercuspidação dos dentes de incisivos a molares. A sobreposição satisfatória dos
incisivos superiores sobre os inferiores e a linha média era facilmente observada
logo no início do exame de seleção. Talvez por isso também tenha sido um fator
presente em todos os modelos. A intercuspidação dos pré-molares e caninos não
esteve presente satisfatoriamente em todos os modelos. Um dos motivos
responsáveis por isto talvez seja o fato de termos encontrado inclinações diferentes
(Chave III) das encontradas por Andrews em sua amostra em 25% dos casos. Na
arcada superior, por exemplo, foram encontrados resultados que nos sugerem uma
ligeira protrusão anterior, com incisivos laterais e caninos mais vestibularizados que
os valores médios de Andrews (1972):
113
DISCUSSÃO
Incisivos laterais= 4,80 contra 30 (Andrews)
Caninos =-5,85 contra –7 (Andrews)
Assim como na arcada inferior, com incisivos centrais e caninos mais
vestibularizados em média:
Incisivos centrais= –0,15 contra –1 (Andrews)
Caninos = -10,4 contra –11 (Andrews)
Andrews (1972) salientou, no entanto, que valores angulares são de
mensuração imprecisa, mas poderia ser julgada sua natureza (positiva ou negativa).
Essas alterações podem estar relacionadas com o fato das amostras serem de
padrões raciais diferentes, pois a amostra de Andrews era composta de indivíduos
americanos, sendo que no Brasil encontramos normalmente um perfil de maior
protrusão anterior.
A crista marginal distal do primeiro molar superior não se encontrava
em contato com a crista marginal mesial do segundo molar superior. Encontravam-
se nessa exata direção, mas sem o contato direto. Este resultado nos leva a supor
que talvez o contato íntimo das cristas não seja um fator tão relevante para um bom
encaixe dos molares.
A Chave V – contato justo entre os dentes esteve presente em 45% da amostra.
Valores baixos também foram encontrados por Brangeli (2001) 10%, sendo que em
sua amostra abrangente esta foi a chave menos encontrada.
Como citamos anteriormente, a classificação pelos critérios de Angle
(1899) não restringe a presença de problemas como diastemas anteriores ou
apinhamentos. Não foram encontrados apinhamentos, mas pequenos diastemas
existiram, provavelmente devido aos sinais de pequena vestibularização
114
DISCUSSÃO
encontrados, ou à presença de rotações (Chave IV), que foi a chave que apresentou
resultados mais insatisfatórios (5%). Na amostra de Brangeli (2001), a rotação
também não foi satisfatória.
Não podemos de maneira alguma menosprezar com este resultado a
extrema importância que a ausência de rotações oferece para que se estabeleça
uma boa oclusão. No entanto, os valores considerados como normais por Andrews
(1972) são muito limitados (2o ). Estes valores são diferentes dos descritos por Björk,
Krebs e Solow (1964) e Cochrane, Cunningham e Hunt (1999), que consideram até
150 como valores aceitáveis, o que julgamos pelo nosso trabalho ser um valor
elevado.
Outro fator muito importante a ser considerado é o fato de que, para a
composição de sua amostra, Andrews (1972) contou com a ajuda de profissionais
durante 4 anos. Em virtude da nossa pesquisa ter um prazo estipulado para
conclusão, foi gasto um tempo muito menor (3 meses) para a seleção da amostra.
Somados, esses são fatores que podem ter influenciado na ausência
de 100% de todas as chaves preconizadas por Andrews (1972). No entanto, cabe
aqui a observação de que, mesmo sem todas elas conjuntamente, a oclusão dos
estudantes apresentou-se boa, esteticamente agradável, a ponto de não
acreditarmos que o uso de qualquer aparelho ortodôntico pudesse melhorá-las em
algum aspecto.
Este já é um ponto positivo. As Chaves de Andrews foram criadas não
somente para o diagnóstico, mas também para servir como objetivo de tratamento.
Em nossa pesquisa percebemos claramente também que um exame mais detalhado
da oclusão, com a observação de mais critérios, apesar de exigir maior tempo, nos
115
DISCUSSÃO
leva a classificações mais precisas, podendo melhorar a qualidade do diagnóstico e
auxiliando na escolha do tratamento quando este se fizer necessário.
Encontramos índices muito altos de má oclusão no Brasil, o que nos
leva a acreditar que ainda teremos um longo caminho a percorrer para tentar
melhorar esta situação.
116
CONCLUSÃO
7 CONCLUSÃO
1. Não foram encontradas seis chaves em nenhum modelo. Mais da metade da
amosta apresentou pelo menos quatro chaves; um quarto dos modelos apresentou
cinco chaves; apenas três modelos apresentaram três chaves.
2. Encontramos a curva de Spee e a angulação satisfatória presentes em todos os
modelos. Com resultado um pouco inferior encontramos a relação interarcos e
inclinação, nesta ordem, presentes em mais da metade da amostra. Não
encontramos contatos justos nem em metade dos modelos, sendo a chave rotação
menos presente satisfatoriamente na amostra.
118
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128
ANEXO
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Título: “ Avaliação das Seis Chaves de Oclusão de Andrews em estudantes brasileiros do município
de Marília-SP “
As informações que seguem estão sendo fornecidas para a sua participação voluntária nesta
pesquisa, cujo objetivo principal é verificar as características da oclusão de alguns estudantes das
escolas da rede pública de ensino de Marilia, de acordo com os critérios das Seis Chaves de Oclusão
de Andrews.
O presente estudo é orientado pelo Profº. Dr. Acácio Fuziy e será realizado pela pesquisadora
principal Rosilaine Aparecida Pacífico, aluna regularmente matriculada no Programa de Pós
Graduação em Clínica Odontológica, Área de Concentração em Ortodontia, da Faculdade de
Ciências Odontológicas da UNIMAR – Universidade de Marília, Marília-SP.
Será realizado um exame clínico intrabucal das crianças para selecionar as que apresentarem
características de oclusão aceitáveis, sendo as selecionadas encaminhadas para moldagens e fotos.
Os pesquisadores garantem que não há riscos de qualquer natureza para os participantes
desta e pretendem beneficiar profissionais e pacientes.
Você tem a garantia de que, durante a pesquisa, terá acesso aos pesquisadores responsáveis
para esclarecimento de eventuais dúvidas. Se desejar, pode entrar em contato com o orientador da
pesquisa, Profº. Dr. Acácio Fuziy e/ou com a pesquisadora Rosilaine Aparecida Pacífico, no
endereço: Av. Hygino Mussi, 1001, Campus Universitário – UNIMAR, Programa de Pós Graduação
em Clínica Odontológica, Marília-SP, Fone (14)421-4100.
É garantida a liberdade da retirada de consentimento a qualquer momento e de deixar de
participar do estudo. As informações obtidas serão analisadas e publicadas em uma dissertação, não
sendo divulgada a identificação pessoal dos participantes. Não há despesas pessoais para os
130
ANEXO
participantes em qualquer fase do estudo. Também não há compensação financeira relacionada a
sua participação. Os pesquisadores se comprometem a utilizar os dados coletados somente para
esta pesquisa.
Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informações que li. Ficaram claros
para mim quais são os propósitos do estudo, seus desconfortos e riscos, as garantias de
confidencialidade e de esclarecimentos. Concordo voluntariamente em participar desta pesquisa e
poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante a mesma, sem
penalidades ou prejuízo.
__________________, ________ de ____________________ de 20_____ .
a) ___________________________________ End: R. ______________________________ n.0____
Nome:________________________________ CEP:_____ - ___ Bairro:_____________
RG: ________________Fone:___ - ________ Cidade:__________
Se menor:
a) __________________________________ b) _____________________________________
Pai:_________________________________ Mãe::__________________________________
RG: ________________ RG: ________________
131
ANEXO
AUTORIZAÇÃO PARA REPRODUÇÃO
Eu, Rosilaine Aparecida Pacífico, autora da Dissertação intitulada
"Avaliação das seis chaves de oclusão de Andrews em estudantes brasileiros
do município de Marília - SP", apresentada como requisito parcial para a obtenção
do título de Mestre em Clínica Odontológica com ênfase em Ortodontia, em 16 de
Fevereiro de 2004, autorizo a reprodução desta obra a partir do prazo abaixo
estabelecido, desde que seja citada a fonte.
(X) após 6 meses da defesa pública
( ) após 12 meses da defesa pública
Marília, 16 de Fevereiro de 2004.
_______________________________
Rosilaine Aparecida Pacífico
132
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