autoavaliaÇÃo institucional da escola: anÁlise da … · comunicacional. a concretização local...
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ISSN 2176-1396
AUTOAVALIAÇÃO INSTITUCIONAL DA ESCOLA: ANÁLISE DA
PRODUÇÃO ACADÉMICA NO PERÍODO 2005-2015
Brandalise, Mary Ângela Teixeira1 - UEPG
Aguilar, Efraín Ticona2 - UEPG
Grupo de Trabalho: Avaliação da Educação.
Agência: não contou com financiamento.
Resumo
Esta comunicação apresenta os resultados da análise qualitativa dos resumos das pesquisas
sobre autoavaliação institucional da escola desenvolvida na forma de dissertações e teses no
contexto brasileiro no período 2005-2015, realizada com auxílio do software IRAMUTEQ.
No levantamento realizado foram localizados 22 trabalhos, sendo 06 teses e 16 dissertações.
O referencial teórico sobre autoavaliação institucional da escola foi construído em diálogo
com Brandalise (2010); Casali (2007); Freitas, et al (2014); Guerra (2203,2007); Alves,
Correia, (2009); Rocha (1999); Simons (1999); Sordi, Ludke (2009) e Worthen (1982). A
partir das análises dos relatórios gerados pelo software IRAMUTEQ, a conclusão
desenvolvida da análise lexical clássica e da nuvem de palavras é de que há forte conexidade
das seguintes formas ativas “escola”, “educação”, “processo”, “avaliação”, “avaliação
institucional” e “autoavaliação institucional”. A análise das produções acadêmicas através do
Método da Classificação Hierárquica Descendente (CHD) formou 6 (seis) classes no
dendograma, com porcentagem de distribuição dos dados textuais equilibradas e ênfase para:
a opção metodológica , o campo de investigação, a caracterização dos níveis e sistemas de
ensino, a intencionalidade e importância da autoavaliação na escola, os aspectos pedagógicos
presentes num processo de autoavaliação, e aos aspectos do processo educativo relacionados
ao sujeitos da comunidade escolar. Ao final, na análise de similitude com a árvore máxima,
constatou-se a presença de três blocos com maior nível de coocorrências e conexidade entre
as palavras: ‘escola-avaliação’, ‘escola-avaliação institucional’ e ‘escola-processo’. Na
sequência ‘escola-autoavaliação institucional’, ‘escola -educação’ e ‘escola-pesquisa’. Os
trabalhos mapeados oferecem elementos importantes para compreender a história da produção
de conhecimento em autoavaliação institucional da escola no contexto brasileiro e evidenciar
as contribuições e lacunas nessa área de pesquisa da avaliação educacional.
Palavras-chave: Autoavaliação institucional. Escola. Software IRAMUTEQ. 1Doutora em Educação/ Currículo pela PUC/SP (2007). Professora associada do Departamento de Matemática e
Estatística e no Programa de Pós-graduação em Educação - PPGE Mestrado e Doutorado da UEPG. Coordena
o Grupo de Estudos e Pesquisas em Política Educacional e Avaliação – GEPPEA, vinculado ao CNPQ. E-mail:
marybrandalise@uol.com.br > 2Mestrando em Educação do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual de Ponta
Grossa. E-mail: <eticona79@gmail.com>
2586
Introdução
Desde a década dos anos noventa (1990) no Brasil há uma ênfase por parte dos
governantes para desenvolver avaliações sobre os sistemas educacionais com o propósito de
gerar informações sobre a educação brasileira, tanto referente à educação básica quanto a
educação superior, e assim subsidiar a formulação de políticas públicas para atendimento aos
processos de escolarização da população nacional.
A constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 1988, no Art. 205°
define que “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa,
seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (BRASIL, 2016,
p. 43). O Art. 206°, inciso VII define a garantia de padrão de qualidade e tem como princípio
a formulação e implementação das políticas de avaliação da educação brasileira.
O Ministério de Educação-MEC na década dos anos noventa (1990), fez a
implementação de uma série de avaliações em larga escala alinhada aos dispositivos legais
referenciados. Com a promulgação da lei nº 9.131, de 24 de novembro de 1995 foi criado o
Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB). No Art. 6º da lei estava contido a questão
da formulação e avaliação da política nacional de educação:
O Ministério da Educação e do Desporto exercia as atribuições do poder público
federal em matéria de educação, cabendo-lhe formular e avaliar a política nacional
de educação, zelar pela qualidade do ensino e velar pelo cumprimento das leis que o
regem. (BRASIL, lei 9.131, 1995).
Atendendo a necessidade de monitoramento e avaliação da eficácia das políticas
educacionais brasileiras desde a sua criação o SAEB traz consigo a ideia de sistema, cujo
principal objetivo do SAEB é avaliar a qualidade, a equidade e a eficiência da educação
brasileira. Coube ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais – INEP a
coordenação da avaliação da educação básica brasileira desde a criação do SAEB.
Atualmente o SAEB faz a avaliação do rendimento escolar dos alunos em Matemática
e Língua Portuguesa, do Ensino Fundamental (5º e 9º anos) e Ensino Médio (3º ano). Mesmo
com a introdução da Prova Brasil e do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica -
IDEB, há ainda a prevalência de análise dos resultados publicados pelo INEP sobre a
performance das escolas brasileiras numa perspectiva de prestação de contas, porém com
poucas reflexões no interior da escola sobre como os mesmos poderiam apoiar a melhoria da
qualidade do processo ensino-aprendizagem e do desenvolvimento institucional da escola.
2587
O que se constata é que os resultados trazem informações relevantes sobre a escola e
sua qualidade educativa, a partir de um processo de avaliação externa, mas estes ainda
carecem de reflexões e análises articuladas com a avaliação interna da escola. Diante dessa
problemática é que se originou o interesse de pesquisa pela autoavaliação institucional da
escola e a revisão de literatura sobre as pesquisas realizadas no Brasil.
Neste trabalho apresentam-se os principais resultados do levantamento das produções
acadêmicas, considerando a seguinte questão norteadora: quais foram às pesquisas realizadas
sobre autoavaliação institucional da escola, desenvolvidas na forma de dissertações e teses no
contexto brasileiro no período 2005-2015? Além da introdução e das considerações finais o
texto está organizado em duas partes: a primeira apresenta uma breve discussão sobre
autoavaliação institucional da escola e a segunda a discussão e análise das produções
acadêmicas que compõem a revisão de literatura realizada na pesquisa.
Autoavaliação institucional da escola
Quando o foco de interesse é sobre o que está acontecendo na escola, um dos temas a
ser discutido inevitavelmente é a avaliação (autoavaliação) institucional da escola. Então o
debate começa, e é legítimo que isso aconteça, porque os “dissensos e contradições são
inerentes aos fenômenos sociais, e não seria diferente nos processos avaliativos, uma vez que
a avaliação carrega consigo a problemática sempre plural de valores, escolhas, significados”
(BRANDALISE, 2010, p. 10).
Com os avanços nos estudos e pesquisas sobre avaliação educacional “não há dúvida
de que, nas últimas décadas a avaliação surgiu como um campo de atividade, com direito
próprio, com uma vasta gama de modelos e abordagens e os seus próprios critérios, princípios
e regras próprias”. (SIMONS, 1999, p. 25) (tradução livre). Worthen (1982) sublinha que a
avaliação pode ser compreendida como um julgamento de mérito, que serve tanto para a
tomada de decisão como para controle e suscita perguntas sobre metas, planos, procedimentos
e resultados.
Concorda-se com Casali (2007, p.10) quando ele define avaliação educacional como
“saber situar, cotidianamente, numa certa hierarquia, o valor de algo enquanto meio
(mediação) para a realização da vida do(s) sujeito(s) em questão, no contexto dos valores
culturais e, no limite, dos valores universais”.
2588
Nessa perspectiva considera-se três âmbitos distintos de alcance dos valores e das
avaliações: o singular, valores para um sujeito; o parcial, valores para uma cultura, o
universal, valores para a humanidade. Casali (2007, p .13) explica que:
Esses três âmbitos (individual, cultural, universal) estão presentes concretamente no
cotidiano das escolas: nas origens, nos conteúdos, nos métodos, nos meios, nos
produtos, nos destinos dos processos de aprendizagem. Por esse critério, a escola
deve ser um lugar de experiencia fundamental da subjetividade, da culturalidade, da
universalidade. A avaliação é o que avaliza (reconhece e atribui valor a) essas
experiências, distinguindo o alcance de cada um desses três âmbitos e credenciando-
os respectivamente. A institucionalidade da avaliação é o que atribui a ela poder
para isso. (Grifo no original)
Depreende-se do pensamento do autor que o processo de avaliação institucional da
escola, seja ela interna (autoavaliação institucional) ou externa, traz consigo múltiplas
implicações em seu desenvolvimento, o qual não é linear e objetivo, porque “a avaliação é um
processo de natureza ética e política que frequentemente se disfarça sob uma aparência
técnica e científica. A pretensa isenção esconde, quase sempre, perigos e riscos que é preciso
descobrir para não se enganar ou não ser enganado” (GUERRA, 2007, p. 27).
A avaliação educacional que tem como foco a instituição escolar, a escola, pode
ocorrer em três níveis: “avaliação em larga escala em redes de ensino (realizado no país,
estado ou município); avaliação institucional da escola (feita em cada escola pelo coletivo); e
a avaliação da aprendizagem em sala de aula, sob responsabilidade do professor” (FREITAS,
et al, 2014; p. 10),
A avaliação institucional defendida pelos autores considera que não é apenas o
professor que precisa ser reflexivo, mas sim o conjunto da escola no qual é preciso retirar o
professor de seu narcisismo reflexivo e reinseri-lo no coletivo escolar, este último com
legitimidade para discutir o desempenho daquele em uma perspectiva construtiva. No
processo da avaliação institucional da escola cada um tem seu protagonismo principal, “a
avaliação em larga escala é externa, a avaliação institucional é interna à escola e sob seu
controle, enquanto a avaliação da aprendizagem é assunto preferencialmente do professor em
sua sala de aula” (FREITAS, et al, 2014; p. 35).
A autoavaliação institucional da escola é processo realizado exclusivamente por
pessoas que fazem parte da comunidade educativa da instituição avaliada, cujo dispositivo
levará a própria comunidade a conscientizar-se das dinâmicas produzidas em seu meio, para
conduzir ações coletivas (aprendizagens), que sejam promotoras da melhoria. (ALVES;
CORREIA, 2009, p. 40).
2589
Assim, avaliar uma escola tem como finalidade,
[...] compreender e valorizar as suas práticas, as suas relações e o seu discurso
pedagógico, facilitar a tomada de decisões e também, formular e reformular teorias
sobre a escola, de tal modo que se estabeleça uma circularidade compreensiva na
dialética permanente da teoria e da prática. (GUERRA, 2003, p. 26).
Nesse contexto a escola é vista como,
[...] um sistema social complexo, composto por inúmeros sujeitos em relação, não
necessariamente afinados em suas concepções ético-políticas e/ou técnico-
operacionais, o esperado é que o trabalho coletivo que executam seja marcado
socialmente pela heterogeneidade de suas histórias e itinerários. (SORDI; LUDKE,
2009, p. 318).
Ao mesmo tempo a escola é vista como um sistema composto por vários subsistemas e
integrada a outros, na qual,
[...] por um lado, é composta, entre outros, pelos subsistemas do currículo, da
avaliação e da relação de alunos, funcionários e professores; por outro, insere-se no
meio através dos sistemas econômico, social, política, legal, cultural e
comunicacional. A concretização local e temporal destes fatores faz com que cada
escola seja uma escola determinada e que, por isso, seja difícil avaliar as escolas de
forma genérica. (ROCHA, 1999, p. 35).
É inegável que a autoavaliação da escola, em seu sentido amplo, apresenta-se como
atividade associada à uma experiência cotidiana no contexto escolar, primeiro pelo fato de
julgar-se a própria atuação e a dos pares profissionais e, segundo pelo fato de gerar um
autoconhecimento da instituição em seus diferentes aspectos: pedagógicos, administrativos,
curriculares, organizações e estruturais, ou seja, em sua totalidade.
Considerando o interesse pelo estudo da autoavaliação institucional da escola
apresenta-se nesta comunicação os resultados da pesquisa de abordagem qualitativa, a qual
objetivou realizar uma revisão de literatura sistemática das produções acadêmicas brasileiras
produzidas na forma de teses e dissertações entre os anos de 2005-2015, tendo como objeto de
investigação a autoavaliação da escola.
As produções acadêmicas sobre autoavaliação institucional da escola
O mapeamento das pesquisas
As produções acadêmicas mapeadas foram analisadas em duas etapas: na primeira, as
pesquisas foram organizadas segundo o título e palavras-chave, o Estado nas quais foram
realizadas as produções acadêmicas e ano de publicação; na segunda etapa, foi realizada a
2590
análise qualitativa com auxílio do software IRAMUTEQ, no qual foi feito um corpus textual
com os resumos das produções acadêmicas, e foram consideradas as seguintes análises a
partir do software: análise lexical clássica, análise de especificidades, método da classificação
hierárquica descendente (CHD), a análise de similitudes, e a nuvem de palavras.
O levantamento foi realizado em meio eletrônico nas seguintes bases de dados: Portal
de Periódicos da Capes e Biblioteca de Teses e Dissertações, com as palavras ou descritores
de busca: avaliação, avaliação institucional, autoavaliação institucional, escola,
O processo do mapeamento das produções foi realizado a partir do título, dos resumos
e palavras-chave. Após a leitura dos resumos foram consideradas 16 (dezesseis) dissertações e
06 (seis) teses, totalizando 22 (vinte e duas) produções acadêmicas.
Constatou-se na revisão que do total de 22 (vinte e duas), 08 (oito) produções
acadêmicas abrangem no título o termo ‘autoavaliação’, no qual há 1 (um) tese e 7 (sete)
dissertações. As demais 14 (catorze) produções acadêmicas contém no título o termo
‘avaliação’, no qual há 6 (seis) teses e 8 (oito) dissertações.
A partir dessas características foram organizados dois grupos de produções
acadêmicas. No primeiro grupo (autoavaliação), 1 (uma) tese apresenta nas palavras-chave
termos relacionados à ‘avaliação educacional’ e ‘desenvolvimento institucional’ e 7 (sete)
dissertações abrangem nas palavras-chave termos relacionados à ‘avaliação institucional’,
‘qualidade’, ‘educação infantil’, ‘gestão: democrática, educacional, escolar, participativa’,
‘participação’, ‘projeto político-pedagógico’. No segundo grupo (avaliação), 6 (seis) teses
abrangem nas palavras-chave termos relacionados à ‘política pública’, ‘educação básica’,
‘escola pública’, ‘participação’, ‘qualidade’, ‘projeto político-pedagógico’, e 8 (oito)
dissertações abrangem nas palavras-chave termos relacionados à ‘avaliação interna’,
‘avaliação externa’, ‘educação básica’, ‘gestão democrática’, ‘desempenho institucional’,
‘qualidade educacional’, ‘participação’, ‘políticas de avaliação’, ‘projeto político-
pedagógico’.
Constatou-se também que do total de 22 (vinte e duas), 14 (quatorze) produções
cientificas foram feitas em instituições do estado de São Paulo. Na sequência, estão o Estado
de Paraná e o Distrito Federal com 2 (duas) produções, e nos estados de Rio de Janeiro, Rio
Grande do Norte, Bahia e Ceará foram realizadas 1 (um) produção, em cada um deles.
Segundo o ano de publicação do total de 22 (vinte e duas), 05 (cinco) produções
científicas foram feitas o ano 2012, na sequência, 04 (quatro) o ano 2009, 03 (três) o ano
2010, 02 (dois) o ano 2005, 2007 e 2014, 01 (um) os anos 2008, 2011, 2013 e 2015, e o ano
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2006 não tinha nenhuma. Os quadros 1 e 2 apresentam o detalhamento das produções
inventariadas:
Quadro 1 - Trabalhos acadêmicos sobre autoavaliação institucional, autoavaliação institucional e/ou
avaliação de escolas na modalidade de dissertações do período 2005-2015
D
2005 Maria de Lourdes
Oliveira Reis da
Silva
Características teóricas, políticas e
epistemológicas da avaliação institucional em
uma escola da rede pública estadual de ensino
Universidade Federal de
Bahía
D
2007 Marcia Andreia
Grochoska
As contribuições da auto-avaliação
institucional para a escola de educação
básica: uma experiência de gestão
democrática
Pontifícia Universidade
Católica do Paraná –
D
2008 Adilson Dalben Avaliação institucional participativa na
educação básica: possibilidades, limitações e
potencialidades
Universidade Estadual de
Campinas -
D
2009 Mara Elisa
Capovilla Martins
de Macedo
Auto-avaliação institucional na educação
básica - uma contribuição necessária para o
aprimoramento das práticas pedagógicas
Universidade do Oeste
Paulista
D
2009 Vera Carmosina da
Silva Mallmann
Políticas de avaliação como estratégia de
gestão para a melhoria da escola pública de
educação básica
Pontifícia Universidade
Católica do Paraná
D
2009 Wania Cristina
Tedeschi
Rampazzo
Avaliação institucional na educação infantil:
limites e possibilidades
Pontifícia Universidade
Católica de Campinas
D 2010 Andrea Maria
Rocha Rodrigues
Avaliação institucional nas escolas públicas
de Fortaleza - CE: avanços e desafios.
Universidade Federal do
Ceará
D
2010 Bruna Ribeiro A qualidade na educação infantil: uma
experiência de autoavaliação em creches da
cidade de São Paulo e desafios
Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo –
D
2010 Mônica Cristina
Martinez de
Moraes
A avaliação da escola pelos pais Universidade Estadual de
Campinas
D
2012 Luciana Cordeiro
Limeira
Avaliação institucional e projeto político
pedagógico: uma trama em permanente
construção
Universidade Católica de
Brasilia
D
2012 Maria Angela de
Moraes Cardoso,
Participação do colegiado escolar no processo
de avaliação institucional: do discurso à
realidade
Universidade Católica de
Brasília
D
2012 Maria Luiza de
Sousa
Avaliação institucional na escola pública de
educação básica: possibilidades para
aprimoramento da gestão escolar
Universidade do Oeste
Paulista
D
2012 Vinicius Barcelos
da Silva
Um modelo de autoavaliação de instituições
de ensino médio: uma contribuição para a
gestão educacional
Universidade Estadual do
Norte Fluminense Darcy
Ribeiro
D 2013 Maria Lúcia
Montemór
Autoavaliação institucional: dimensões
políticas e gestão democrática
Universidade Federal de
São Carlos
D
2014 Larissa Fernanda
dos Santos
Oliveira
A autoavaliação institucional na escola
municipal estudante Emmanuel Bezerra:
construindo uma dinâmica de participação
Universidade Federal do
Rio Grande do Norte
D
2015 Camila Rodrigues A participação dos professores no processo
de autoavaliação de uma escola de ensino
fundamental da rede municipal de Campinas
Universidade Estadual de
Campinas
Fonte: Banco de dados consultados na revisão de literatura
Nota: As produções acadêmicas listadas no quadro foram inseridas nas referências do texto.
2592
Quadro 2 - Trabalhos acadêmicos sobre autoavaliação institucional, autoavaliação institucional e/ou avaliação
de escolas na modalidade de teses do período 2005-2015
T
2005 Sueli Carrijo
Rodrigues
Construção de uma metodologia alternativa
para a avaliação das escolas públicas de
ensino fundamental através do uso da análise
por Envoltório de Dados (DEA): uma
associação do quantitativo ao qualitativo
Universidade Estadual de
Campinas
T
2007 Mary Ângela
Teixeira
Brandalise
Auto-avaliação de escolas: processo
construído coletivamente nas instituições
escolares
Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo
T 2009 Geraldo Antonio
Betini
Avaliação institucional em escolas públicas
de ensino fundamental de Campinas
Universidade Estadual de
Campinas
T
2011 Geisa do Socorro
Cavalcanti Vaz
Mendes
Avaliação institucional: estudo da
implementação de uma política para
a escola fundamental do município de
Campinas/SP
Pontifícia Universidade
Católica de Campinas
T
2012 Maria Simone
Ferraz Pereira
Moreira Costa
Avaliação institucional no ensino
fundamental: a participação dos estudantes
Pontifícia Universidade
Católica
de Campinas
T
2014 Sandro Ricardo
Coelho de Moraes
Avaliação institucional na educação infantil
de Campinas/SP: a experiência de três
instituições públicas
Universidade Estadual de
Campinas
Fonte: Banco de dados consultados na revisão de literatura
Nota: As produções acadêmicas listadas no quadro foram inseridas nas referências do texto.
Após a seleção e organização das produções acadêmicas foi realizada a análise dos
resumos das mesmas com no software IRAMUTEQ3.
Análise estrutural dos resumos das produções acadêmicas com o software IRAMUTEQ
As produções acadêmicas mapeadas foram também analisadas a partir dos resumos
coletados e agrupados num único um corpus textual. Foram consideradas as seguintes
análises a partir do software IRAMUTEQ: análise lexical clássica, análise de especificidades,
método da classificação hierárquica descendente (CHD), a análise de similitudes, e nuvem de
palavras. Referindo-se ao software IRAMUTEQ, Camargo e Justo, (2013a, p. 515) explicam
que:
Este programa informático viabiliza diferentes tipos de análise de dados textuais,
desde aquelas bem simples, como a lexicografia básica (cálculo de frequência de
3 O IRAMUTEQ (Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaires) é um
software gratuito para Análise de Dados Textuais desenvolvido por Pierre Ratinaud (2009). Trata-se de um
programa informático gratuito, que se ancora no software R e permite diferentes formas de análises estatísticas
sobre corpus textuais e sobre tabelas de indivíduos por palavras. Desenvolvido inicialmente em língua francesa,
este programa começou a ser utilizado no Brasil em 2013. Para mais informações consultar o endereço:
http://www.iramuteq.org .
2593
palavras), até análises multivariadas (classificação hierárquica descendente, análises
de similitude). Ele organiza a distribuição do vocabulário de forma facilmente
compreensível e visualmente clara (análise de similitude e nuvem de palavras).
No processo de tratamento dos dados textuais, o primeiro passo foi elaborar um
corpus textual que “é o conjunto de textos que se pretende analisar” (CAMARGO; JUSTO,
2013b, p. 2). Na pesquisa em questão foi o conjunto dos resumos das teses e dissertações
mapeadas, na qual cada um deles foi identificado como um texto. Cada texto foi separado por
linhas de comando chamadas linhas com asteriscos4 permitindo identificação de cada um
deles.
No presente trabalho o corpus textual foi formado por 22 (vinte e dois) textos, os quais
foram assim cadastrados: ‘AVAL’ para cada texto (avaliação), ‘DISSE’ para dissertação e
‘TESE’ para tese, conforme exemplo abaixo do fragmento do resumo de uma tese:
**** *AVAL_01 *TESE_01
Diferentes perspectivas sobre a avaliacao das instituicoes escolares vem sendo
analisadas e debatidas tanto no contexto brasileiro como no plano internacional. [...].
Após o processo de tratamento dos dados textuais pelo software IRAMUTEQ foram
levantadas as seguintes questões para análise dos relatórios gerados.
a) Quais são as palavras de maior frequência no corpus analisado baseado na análise
lexicográfica e na nuvem de palavras?
b) Quais são as classes que ao mesmo tempo apresentam vocabulário semelhante entre
si baseado na Classificação Hierárquica Descendente (CHD)?
c) Quais são as coocorrências entre as palavras e as conexidades mais fortes entre elas
baseado na análise de similitude?
A análise dos relatórios permitiu responder as questões formuladas nos três tópicos
apresentados na sequência.
A análise lexicográfica e a frequência das palavras
4Exemplo de uma linha de comando (com asteriscos): **** *autoavaliação_01 *tese_01. Para aprofundamento
consultar o texto: Tutorial para uso do software de análise textual IRAMUTEQ. Florianópolis: Universidade
Federal de Santa Catarina, 2013b. 18 p.
2594
Os relatórios gerados pelo software reconheceram 85,52% dos textos e as formas ativas
(palavras) que apresentaram maior frequência no corpus textual, são apresentadas no quadro
3:
Quadro 3– Análise lexicográfica com as formas ativas e respectivas frequências
Formas ativas Frequência Formas ativas Frequência Formas ativas Frequência
escola 153 escolar 42 autoavaliação
institucional 23
educação 74 ensino 41 projeto 23
processo 73 estudo 38 resultado 23
avaliação 67 política 38 fundamental 22
avaliação
institucional 63 gestão 34 trabalho 22
pesquisa 53 dado 31 construção 21
analisar 52 participação 31 praticar 20
qualidade 47 básica 27 professor 20
publicar 43 utilizar 25 pai 18
Fonte: Relatório software IRAMUTEQ-2016.
A frequência apresentada na análise lexical clássica está diretamente relacionada com
a nuvem de palavras, na qual o tamanho da palavra é proporcional à frequência dela no corpus
textual analisado, conforme Figura 1. As palavras ‘escola’, ‘educação’, ‘processo’,
‘avaliação’, ‘avaliação institucional’, ‘autoavaliação institucional’, se concentraram no centro
da nuvem de pontos, revelando uma forte conexidade entre elas.
Figura 1 – Nuvem de palavras do corpus textual analisado
Fonte: Relatório software IRAMUTEQ-2016.
2595
A maior frequência na palavra ‘escola’ revela que nas pesquisas inventariadas há o
reconhecimento da relevância do processo da autoavaliação, porque a “[...] a avaliação
centrada na escola é uma forma de conhecê-la e também sua produtividade educativa, pois o
estudo sistemático de seu funcionamento lhe permite verificar a qualidade educativa que
produz” (Brandalise, 2010; p. 87). As palavras ou formas ativas ‘avaliação institucional’,
‘autoavaliação institucional’, ‘processo’, ‘qualidade’, ‘educação’, ‘gestão’, ‘participação’
realçam a pluralidade de aspectos organizacionais e pedagógicos da escola que podem ser
estudados e analisados no processo de autoavaliação da escola.
O Dendograma baseado na Classificação Hierárquica Descendente
Em relação as classes geradas na Classificação Hierárquica Descendente (CHD os
22(vinte e dois) textos foram fracionados em 221 (duzentos e vinte e um) segmentos de
textos. Com base na CHD o software IRAMUTEQ organizou os dados num dendograma5,
formado por 06 (seis) classes, conforme apresentado na figura 2.
Figura 2 – Dendograma de Classes baseado na CHD do corpus textual analisado
Fonte: Relatório software IRAMUTEQ-2016.
5A partir da análise textual o software faz o dendograma que “ilustra as relações entre as classes. O programa
executa cálculos e fornece resultados que nos permite a descrição de cada uma das classes, principalmente,
pelo seu vocabulário característico (léxico) e pelas suas palavras com asterisco (variáveis)” (CAMARGO;
JUSTO, 2013b; p. 5).
2596
Observa-se no dendograma a partição do corpus textual em dois subcorpus
distribuídos em seis classes as quais apresentam as formas ativas (palavras) em ordem
decrescente de frequência. O primeiro contém a classe 1 com 17,5% dos dados analisados e
o segundo contém 82,5% dos dados, distribuídos nas classes 2, 3, 4, 5, 6. Cada uma das seis
classes aponta alguns dos aspectos das produções acadêmicas mapeadas sobre a autoavaliação
institucional da escola.
A classe 1 traz as informações sobre a opção metodológica das pesquisas realizadas,
os procedimentos escolhidos, os instrumentos utilizados e objetivos estabelecidos. As
palavras ‘documental’, ‘entrevista’, ‘observação’, ‘pesquisador’, ‘metodologia’, ‘qualitativo’,
‘dado’, ‘abordagem’, descritivo, caso evidenciam as opções dos pesquisadores.
A classe 2, que contém 15,9% dos dados textuais, revela o campo das investigações
realizadas a opção metodológica das pesquisas realizadas quando destaca as palavras
‘educação básica’, ‘infantil’, bem como ‘efetivação’, ‘contribuições’ da autoavaliação
institucional da escola, para a ‘qualidade’ e ‘melhoria’ das escolas.
A classe 3, que está articulada diretamente com a classe 2, apresenta 17,5% dos dados
textuais, caracteriza os níveis e sistemas de ensino em que as pesquisas se realizaram, sendo
as palavras mais recorrentes estão: ‘ensino’, ‘fundamental’, ‘médio’, ‘princípios’, ‘modelo’,
‘municipal’, ‘avaliação institucional’.
A classe 4 que contém 15,3% dos dados textuais das pesquisas, evidencia a
intencionalidade e importância da autoavaliação ser realizada no interior da escola como um
processo construído coletivamente, revelado pelas palavras mais frequentes: ‘tornar’
‘significativo’, ‘interno’ ‘efetivo’, ‘pedagógica’, ‘coletivo’, ‘gestão’.
A classe 5, que apresenta 19,1% dos dados textuais, aponta os aspectos pedagógicos
presentes num processo de autoavaliação ao voltar-se para as práticas educacionais no
contexto da escola. As palavras mais frequentes nessa classe foram: ‘pedagógico’, ‘projeto’,
‘político’, ‘avaliativo’, ‘educativo’, ‘categoria’, ‘contexto’, ‘meio’, ‘conhecimento’, ‘cultura’.
Por fim, a classe 6 que contém 14,8% dos dados, revela aspectos do processo
educativo, por meio da autoavaliação da escola, porque considera aos sujeitos, os processos
de ensino e aprendizagem da escola, quando ressalta as palavras: ‘ator’, ‘formação’,
‘instituições’, ‘desempenho’, ‘estudante’, ‘influenciar’, ‘melhoria’, ‘aprendizagem’,
‘problema’.
Análise de similitude e a árvore máxima
2597
As coocorrências entre as palavras e suas conexidades, baseada na análise de
similitude na árvore máxima, considera a espessura das linhas que ligam as palavras. Quanto
maior a espessura maior a conexidade. Observa-se na figura 3 a presença de três blocos com
maior nível de coocorrências e conexidade entre as palavras: ‘escola – avaliação’, ‘escola -
avaliação institucional’ e ‘escola-processo’. Na sequência ‘escola-autoavaliação institucional’,
‘escola-educação’ e ‘escola- pesquisa’.
Figura 3 – Árvore máxima do corpus textual analisado
Fonte: Relatório software IRAMUTEQ-2016
Baseado na análise de similitude observou-se algumas coocorrências e conexidades
mais fortes em torno da palavra “escola” há uma maior coocorrência e conexidade com as
demais formas ativas. A seguir apresenta-se alguns segmentos de textos contidos no relatório
gerado no IRAMUTEQ:
**** *AVAL_01 *TESE_01
propos se esta pesquisa, cujo proposito e construir um processo de
autoavaliacao_institucional significativa e efetiva para a escola basica. Procura se
responder a seguinte questao norteadora: como construir um processo de
Autoavaliacao_Institucional na escola basica, disponibilizando se conceitos,
procedimentos e instrumentos analiticos inovadores e voltados ao desenvolvimento
institucional?
**** *AVAL_04 *DISSE_04
O conhecimento de metodologias avaliativas da instituicao escolar, ou da
autoavaliacao_institucional, pode estimular a equipe gestora a trabalhar de forma
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mais coletiva, valorizando a participacao de todos e retratando a escola tal como ela
e sob o ponto de vista de sua comunidade.
Em torno da palavra ‘avaliação institucional’ e ‘avaliação’ também há forte
coocorrência e conexidade entre as palavras. O segmento de texto é um exemplo:
**** *AVAL_01 *TESE_01
Finalmente, a pesquisa confirma que a autoavaliacao_institucional pode ser
desenvolvida coletivamente nas instituicoes escolares, desde que assentada numa
postura dialetico critica, tendo pessoas da comunidade escolar como sujeitos dessa
acao.
**** *AVAL_22 *TESE_22
[...] provendo condicoes objetivas de participacao efetiva do professor e de toda a
comunidade escolar que podem influenciar principalmente a continuidade de
processos de avaliacao e autoavaliacao_institucional. A relacao bilateral entre escola
e poder publico talvez seja o caminho para que a avaliacao_institucional
participativa seja uma realidade nas escolas publicas de ensino fundamental.
Na análise de similitude percebe-se que nos resumos das produções acadêmicas
brasileiras, há prevalência das pesquisas que envolvem a autoavaliação institucional da escola
vista como processo desenvolvido com sujeitos envolvidos da própria escola na busca da
melhoria da qualidade da educação básica.
Considerações finais
Considerando o objetivo da pesquisa realizada sobre a produção acadêmica sobre
autoavaliação institucional da escola na Educação Básica e o texto apresentado nesta
comunicação, conclui-se que ainda é escassa as pesquisas realizadas no contexto brasileiro,
porque somente 6 (seis) teses e 16 (dezesseis) dissertações foram localizadas no mapeamento
realizado em 2016. Além disso há maior concentração dessas produções (64%) nos programas
de pós-graduação do Estado de São Paulo.
As produções acadêmicas mapeadas com auxílio do software IRAMUTEQ,
ofereceram relatórios quantitativos que permitiram fazer a análise qualitativa mais
aprofundada, numa perspectiva qualiquantitativa.
A análise lexical clássica e a nuvem de palavras do software IRAMUTEQ, permitiram
identificar as palavras com maior frequência e mais conexidade de forma decrescente, no
conjunto de resumos das produções acadêmicas: “escola”, “educação”, “processo”,
“avaliação”, “avaliação institucional” e “autoavaliação institucional” revelando o objeto de
pesquisa das produções inventariadas.
2599
A análise das produções acadêmicas através do Método da Classificação Hierárquica
Descendente (CHD) e no dendograma formou-se 6 (seis) classes, com porcentagem de
distribuição dos dados textuais equilibradas com ênfase para a opção metodológica , o campo
de investigação, a caracterização dos níveis e sistemas de ensino, a intencionalidade e
importância da autoavaliação na escola, os aspectos pedagógicos presentes num processo de
autoavaliação, aspectos do processo educativo relacionados ao sujeitos da comunidade
escolar.
Ao final na análise de similitude observa-se na árvore máxima gerada pelo software
IRAMUTEQ ficou evidente que nas pesquisas mapeadas há forte coocorrência e conexidade
entre as palavras: ‘escola – avaliação’, ‘escola - avaliação institucional’ e ‘escola - processo’.
Na sequência ‘escola – autoavaliação institucional’, ‘escola – educação’ e ‘escola – pesquisa’
Neste texto, ao tomar como ponto de partida o levantamento de teses e dissertações,
foi possível apresentar uma breve análise das produções científicas no contexto brasileiro
sobre a autoavaliação institucional da escola. Os trabalhos mapeados oferecem elementos
importantes para compreender a história da produção de conhecimento e evidenciar as
contribuições e lacunas nessa área de pesquisa em Avaliação Educacional, e ao mesmo tempo
possibilitar que ele seja explorado por outros pesquisadores.
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