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DOENÇA MENTAL: DIAGNÓSTICO, INCAPACIDADE LABORATIVA, ASPECTOS CONFLITANTES

Juliana Fernandes Tramontina Setembro, 2013.

XVII Jornada Catarinense de Saúde Ocupacional

Incapacitação - Boletim OMS

WHO - 2004

Suicídio – Dados da OMS

WHO - 2004

Avaliação do paciente O diagnóstico

Introdução

• O diagnóstico psiquiátrico basicamente

continua se valendo de elementos descritivos fenomenológicos e comportamentais, que se revelam durante a situação clínica e sempre implicam algum grau de interpretação

DOENÇA MENTAL: DIAGNÓSTICO, INCAPACIDADE LABORATIVA, ASPECTOS CONFLITANTES

Introdução

• O funcionamento mental é

analisado em aspectos independentes

funções mentais

DOENÇA MENTAL: DIAGNÓSTICO, INCAPACIDADE LABORATIVA, ASPECTOS CONFLITANTES

Introdução • O exame do estado mental ou exame das

funções mentais é fundamental na avaliação do paciente

• Através deste exame podemos direcionar o raciocínio clínico para síndromes específicas

Sadock BJ, Sadock VA. Kaplan & Sadock - Compêndio de Psiquiatria, 2007.

DOENÇA MENTAL: DIAGNÓSTICO, INCAPACIDADE LABORATIVA, ASPECTOS CONFLITANTES

Avaliação do paciente

• EEM

A: Atenção S: Sensopercepção M: Memória O: Orientação C: Consciência P: Pensamento L: Linguagem I: Inteligência A: Afeto e humor C: Conduta

Dalgalarrondo P. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais, 2000.

Sadock BJ, Sadock VA. Kaplan & Sadock - Compêndio de Psiquiatria, 2007.

A: Atenção

• Quantidade de esforço exercido para se concentrar em uma atividade, capacidade de manter o foco apesar de estímulos (internos ou externos)

• Tenacidade: capacidade de manter a concentração em um mesmo estímulo

• Vigilância: capacidade da atenção dirigir-se a novos estímulos

DOENÇA MENTAL: DIAGNÓSTICO, INCAPACIDADE LABORATIVA, ASPECTOS CONFLITANTES

Sadock BJ, Sadock VA. Kaplan & Sadock - Compêndio de Psiquiatria, 2007.

A: Atenção

• Tenacidade: capacidade de manter a concentração em um mesmo estímulo

• Vigilância: capacidade da atenção dirigir-se a novos estímulos

• Fenômeno focalizador de memórias, ideias, sentimentos

Sadock BJ, Sadock VA. Kaplan & Sadock - Compêndio de Psiquiatria, 2007.

S: Sensopercepção

• Processo de transferir a estimulação física para a informação psicológica, processo em que estímulos/sentidos (visão, audição, olfato, etc) são trazidos à consciência

• Alterações quantitativas e qualitativas

• Ilusões, alucinações

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S: Sensopercepção

• Como perguntar?

M: Memória

• Capacidade de adquirir, reter e utilizar uma experiência, sendo o elo temporal da vida psíquica

• Não é como uma foto ou filme, pois organizamos o material “gravado” no registro e na reprodução

• Tipos

1. Imediata: segundos. Ex: número de telefone

2. Recente: minutos a semanas. Ex: questões da prova

3. Remota: meses a anos. Ex: infância

O: Orientação

• É o complexo de funções psíquicas em virtude do que temos consciência, em cada momento de nossa vida, da situação real em que nos encontramos

• Capacidade do indivíduo de situar-se em relação a si e ao mundo, no tempo e espaço

• Estritamente vinculada a consciência, atenção, sensopercapção, memória e pensamento

• Autopsiquica e alopsiquica

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C: Consciência

• Estado de vigília, clareza do sensório

• Alteração por processos patológicos ou fisiológicos

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P: Pensamento

• Processo que permite ao psiquismo assimilar, formular e manejar ideias, articulando-as em sequência de modo aconduzir à formação de novas ideias.

• O pensamento é dividido em

1. Produção

2. Curso, velocidade

3. Conteúdo

L: Linguagem

• Comunicação, pensamentos e sentimentos expressos geralmente pela fala

• Linguagem oral e mímica

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I: Inteligência

- Totalidade das capacidades cognitivas de um indivíduo

- Capacidade de compreensão, integração das informações, utilização de conceitos e juízos e capacidade de adaptar-se a situações existenciais novas

I: Inteligência

- Desenvolvida em função do estímulo - Diferentes habilidades

- Pode ser inferida ou aferida

- Seu prejuízo pode ser um sintoma ou um

diagnóstico

- Escalas que quantificam: WISC, WAIS

Gravidade QI

Limítrofe 71-84

Leve 50-55 a 70

Moderado 35-40 a 50

Grave 20-25 a 35-40

Profundo Abaixo de 20-

25

Humor: disposição subjetiva duradoura

Afeto: experiência imediata

A: Afeto e humor

• Capacidade de experimentar emoções e sentimentos frente a determinadas situações

A: Afeto e humor

• Afetividade está relacionada com a motivação (instintos de sobrevivência do indivíduo, sede, fome, etc)

• Associação com ritmos circadianos e alterações em hipotálamo

C: Conduta

• Colaborativa

• Solicitante

• Infantilizada

• Desafiante

• Desorganizada

• Alucinatória

• Isolacionismo

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EXAME DO ESTADO MENTAL

Mundo Interno

FUNÇÕES CENTRAIS

Memória Humor / Afeto Pensamento

Funcionamento Intelectual

FUNÇÕES AFERENTES

Atenção Sensopercepção

Orientação

FUNÇÕES EFERENTES

Aparência geral Linguagem Conação

Mundo Externo

Mundo Externo

S

Í

N

D

R

O

M

E

SINAIS E

SINTOMAS HIPÓTESES

DIAGNÓSTICAS

ESTRUTURA DO EXAME PSIQUIÁTRICO

DIAGNÓSTICO

NOSOLÓGICO

PLANO

TERAPÊUTICO

HISTÓRIA PREGRESSA

+ HISTÓRIA FAMILIAR

HDA

EEM SOCIAL

DIAGNÓSTICO SINDRÔMICO

EXAME PERICIAL PSIQUIÁTRICO

DIAGNÓSTICO

NOSOLÓGICO HDA

EEM

DIAGNÓSTICO

SINDRÔMICO

DIAGNÓSTICO EM PSIQUIATRIA

QUESTÕES EPISTEMOLÓGICAS DO DIAGNÓSTICO:

• Existe certo desconhecimento sobre a patologia dos Transtornos Mentais, sendo que muitos dos Transtornos não têm ainda estabelecidos suas causas específicas

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BIO

PSICO SOCIAL

NIMH Genetics Workgroup. Genetics and mental disorders. NIH Publication, 1998.

Modelo multifatorial poligênico

Grave

População em geral

Familiares de casos leves

Familiares de casos graves

N

Ã

o

A

F

E

T

A

D

O

S

Leve

Interação Gene x Ambiente

General model for psychiatric disorders

Caspi & Moffitt, Nature, 2006.

O BDNF

Cunha AB et al. Neurosci Lett. 2006

• Diminuição do BDNF sérico em episódios agudos do TB

O BDNF

Machado-Vieira R et al. Biol Psychiatry. 2006

• Diminuição do BDNF sérico em pacientes maníacos não medicados

DIAGNÓSTICO EM PSIQUIATRIA

QUESTÕES EPISTEMOLÓGICAS DO DIAGNÓSTICO:

• A questão da singularidade como marca da Clínica Médica e da Clínica Psiquiátrica:

“Não há doenças, mas doentes”

• Ao mesmo tempo, precisa-se do estabelecimento de um sistema diagnóstico universal

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CID-10

DESCRIÇÃO CLÍNICA E DIRETRIZES DIAGNÓSTICAS - 1992

CID-10

sistema classificatório da OMS 21 capítulos o único que recebe a denominação de transtorno é o capítulo dos transtornos mentais

Demais capítulos: preferencialmente “doença”

CID – 11: 2015

DSM-V (2013) MANUAL DIAGNÓSTICO E ESTATÍSTICO DE TRANSTORNOS MENTAIS

5a EDIÇÃO

DSM-V (2013) MANUAL DIAGNÓSTICO E ESTATÍSTICO DE TRANSTORNOS MENTAIS

5a EDIÇÃO

http://www.dsm5.org

DSM-V (2013)

http://www.dsm5.org

DSM-V

DEFINIÇÃO DE TRANSTORNO MENTAL NO DSM-V

• Os transtornos mentais são concebidos como

síndromes ou padrões comportamentais ou psicológicos, associados com sofrimento ou incapacitação ou com um risco significativamente aumentado de sofrimento, morte, dor, deficiência ou perda importante da liberdade

• A síndrome ou padrão não deve constituir meramente

uma resposta previsível e culturalmente aceita diante de um determinado evento

DSM-V (2013) DEFINIÇÃO DE TRANSTORNO MENTAL:

• Nem o comportamento desviante, nem conflitos entre

o indivíduo e a sociedade são transtornos mentais, a menos que o desvio ou o conflito sejam sintomas de uma disfunção no indivíduo

Classificação de pessoas

Classificção de transtornos que as pessoas apresentam

• Por exemplo, deve-se evitar expressão “um esquizofrênico” e em vez disso “um indivíduo com Esquizofrenia

INCAPACIDADE LABORATIVA

• Não é incomum que a fonte pagadora do benefício exija para a liberação do valor do benefício que esta seja recebida pelo curador do trabalhador (exigência abusiva e discriminatória)

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Taborda JGV, Psiquaitria Forense – Artmed, 2012.

INCAPACIDADE LABORATIVA

• Para alguém manter-se produtivo em sua profisãao, precisa valer-se de uma série de aptidões mentais

NÃO NECESSARIAMENTE AS MESMAS IMPRESCINDÍVEIS PARA A PRÁTICA DOS ATOS DA VIDA CIVIL EM GERAL (embora possa até haver alguma superposição entre elas)

APTIDÕES LABORAIS

INCAPACIDADE LABORATIVA

• Aptidões laborais: dependem de uma série de funções

neuropsicológicas comumente referidas como funções executivas

• Aptidões da vida civil em geral:

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estado de cognição sensopercepção

alterações do pensamento

integralidade do teste da realidade

juízo crítico

• Os fundamentos da incapacidade laborativa, temporária ou definitiva, são diversos dos fundamentos da incapacidade para a prática dos atos da vida civil (interdição civil)

• Decreto judicial de interdição:

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• não será razão suficiente para a incapacidade laborativa

• psiquiatria moderna: valorização do doente mental e preservação ao máximo sua dignidade de vida para a qual

quando possível é imperioso o acesso ao trabalho

• É importante que as medidas restritivas ao exercício de direito sejam tomadas na proporção exata da sua necessidade, sem ferir qualquer esfera de determinação que o doente mental mantenha preservada

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DESAFIO

• Obrigada!

tramontinaj@gmail.com

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• Sadock BJ, Sadock VA. Kaplan & Sadock - Compêndio de Psiquiatria – Ciência do Comportamento e Psiquiatria Clínica. 9ª. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007.

• American Psychiatric Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders. 4th. Ed. (DSM-IV). Washington, DC: American Psychiatric Press, 2013.

• Organização Mundial da Saúde. Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.

• Dalgalarrondo P. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais,

2000.

• Taborda JGV, Chalub M, Abdalla-Filho E. Psiquiatria Forense. Porto Alegre: Artmed, 2012.