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ANÁLISE PRELIMINAR DOS LOCAIS DE INTERESSE GEOLÓGICO
EM ICAPUÍ, CEARÁ
ISA GABRIELA DELGADO DE ARAÚJO1
FERNANDA RAQUEL DE MEDEIROS OLIVEIRA2
MARCO TÚLIO MENDONÇA DINIZ3
Resumo
A geodiversidade é um termo que vem se desenvolvendo recentemente em todo o globo, sobretudo
pela sua diversidade de recursos abióticos. O surgimento conceitual do termo ocorreu na Conferência
de Malvern (1993), no Reino Unido e ficou definida como ambientes geológicos, fenômenos e
processos ativos que dão origem a paisagens, rochas, minerais, fósseis, solos e outros depósitos
superficiais que são o suporte para a vida na terra. A partir destas razões é viável traçar uma proposta
de conservação do patrimônio natural e fatores naturais a ele associados, denominado como
Geoconservação, visando o geoturismo. O presente artigo tem o objetivo de analisar locais de interesse
geológico/geomorfológico no município de Icapuí/CE e evidenciar os presumíveis patrimônios
existentes nos mesmos, focando principalmente na Trilha do Mangue Pequeno. Inicialmente,
investigou-se a literatura relativa à conceituação sobre paisagem nas reflexões pertencentes ao tema
geral da pesquisa, que de um ponto de vista geográfico é um conceito trabalhado apenas recentemente.
Após essa fase foi feita a inventariação, quantificação e mapeamento, oriundo de imagem de satélite e
das observações em campo, de acordo com a metodologia de Lopes e com a ficha do ICMBio que
contribui para caracterizar trilhas, com fins de valoração e divulgação dos mesmos. O município
estudado apresenta quatro localidades de relevância: o Mirante da Serra do Mar, uma falésia inativa,
possuindo uma formação de rochas do grupo barreiras, de onde é possível mirar a evolução de cordões
litorâneos; a Trilha da Praia de Ponta Grossa, situada principalmente na parte superior das falésias
ativas. A praia da Redonda, que apresenta processos e georfomas, a leste falésia ativa e a oeste dunas
móveis, mas é uma área submetida a erosão. E por fim, a Trilha do Mangue Pequeno, unidade de
conservação, a qual é possível identificar a deposição de sedimentos holocênicos, derivada da baixa
energia das ondas, pois não apresentam corrente longitudinal, assim a areia se torna lamosa. Então, é
1 Acadêmica do Programa de Pós-Graduação em Geografia - CERES da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. E-mail de contato: isiinhad@hotmail.com 2 Acadêmica do Programa de Pós-Graduação em Geografia - CERES da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. E-mail de contato: Fernanda_medeiros1704@hotmail.com 3 Docente do Programa de Pós-Graduação em Geografia - CERES da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. E-mail de contato: tuliogeografia@gmail.com
necessário construir estratégias para dar uma maior ênfase a geoconservação da geodiversidade da
área, abordando seus principais aspectos, para que os turistas tenham uma visibilidade ampla sobre o
significado e origem do destino que visita, não só pelo viés ecológicos, mas também todos os fatores
abióticos representados, o que aumenta mais ainda a importância desse trabalho. Além disso, contribui-
se grandemente com a população local, pois estão inseridos em um contexto para um novo tipo de
renda e que os estudos científicos sobre essa temática possam se proliferar, para gerar novos
resultados e discussões acerca do assunto.
Palavras-chaves: geodiversidade, geoconservação, geoturismo, mangue.
PRELIMINARY ANALYSIS OF PLACES OF GEOLOGICAL INTEREST
IN ICAPUÍ, CEARÁ
Abstract
Geodiversity is a term that has been developing all over the globe, especially for its diversity of abiotic
resources. The emergence of the term at the Malvern (1993) conference in the UK was defined as
geological environments, phenomena and processes that give rise to landscapes, rocks, minerals,
fossils, soils and other surface deposits that support life in the Earth. It is the natural separatory one of
the evaluation of patrimony in natural and factors factors, the denominated geoconservation, aiming the
geoturismo. The present article has the objective of analyzing geological / geomorphological interest
patterns in the municipality of Icapuí / CE and to highlight the potential indices in them, focusing mainly
on the Mangue Pequeno Trail. Initially, investigate a research on landscape theory in the reflections
related to the research theme, which is a geographical point of view is a concept worked only recently.
After this phase, an inventory, quantification and mapping was made, based on satellite images and
observations in the field, according to a methodology of Lopes and with an ICMBio file that is part of the
characterization of tracks, for valuation and dissemination purposes of the same . The studied
municipality has four locations of relevance: the Mirador do Serra do Mar, an inactive cliff, with a
formation of rocks of the barrier group, from where it is possible the evolution of coastal strands; a Ponta
Grossa Beach Trail, located mainly in the upper part of the active cliffs. The beach of Redonda, which
presents processes and geor- phomas, is an active area and to the west of the mobile dunes, but is an
area subject to erosion. And finally, the Small Mangrove Trail, conservation unit, a Holocene sediment
deposition energy source, derived from wave energy, which is not from its longitudinal current, just as a
sand becomes lamosa. So it is a matter of importance to give more emphasis to a geoconservation of
the area, addressing the main aspects, which gives them greater visibility and the origin of the
destination that the visit, not only by the ecological bias, but also all the abiotic factors represented ,
which still increase the importance of this work. In addition, they contribute greatly to a local population
because they are inserted in a context for a new type of income and that scientific studies on this subject
can proliferate, to generate case results and discussion on the subject.
Keywords: geodiversity, geoconservation, geotourism, mangrove.
1 – Introdução
A Royal Society for Nature Conservation do Reino Unido, definiu a
geodiversidade como sendo variados ambientes geológicos, fenômenos e processos
ativos que dão origem a paisagens, rochas, minerais, fósseis, solos e outros depósitos
superficiais que são suporte para a vida na Terra (GRAY, 2004; BRILHA, 2005).
Conforme Brilha (2005), os geossítios caracterizam-se por serem ocorrências
de um ou mais elementos da geodiversidade, podendo ser delimitados
geograficamente apresentando valores singulares, de caráter científico, pedagógico,
cultural, turístico e outros. Já para Lopes (2017) os geomorfossítios são representados
por formas, depósitos ou processos geomorfológicos de uma paisagem, pela qual se
estabelece por diversas escalas, aplicando também os mesmos valores, com os
princípios da geodiversidade. De acordo com Pereira (2006), é preciso então, levantar
questões para avaliar o mesmo, o que avaliar? (Formas e processos), porque avaliar?
(Objetivos da avaliação) e como avaliar? (Escolha da metodologia).
Portanto, o objetivo principal do artigo é analisar de forma preliminar os locais
de interesse geológico/geomorfológico no município de Icapuí/CE, a qual foram
identificados quatro pontos relevantes (Trilha do Mangue Pequeno, Trilha da Ponta
Grossa, Praia da Redonda e Mirante do Mar).
2 – Metodologia
Foram identificados 4 locais de interesse geomofológico, mas apenas a Trilha
do Mangue Pequeno foi inventariada e quantificada, localizada no munícipio de
Icapuí/CE, Região Imediata de Aracati e Intermediária de Quixadá (IBGE, 2017).
Como também está localizado na sub-bacia da região do Jaguaribe, fazendo limites
com Oceano Atlântico à Norte, munícipio de Aracati/CE e estado do Rio Grande do
Norte à Sul, Oceano Atlântico à Leste e Aracati/CE à oeste. Nas coordenadas
geográficas S 4°42’47” e O 37°21’19”, com área 428, 69 Km2 (IPECE,2009).
Foi utilizada a Ficha de Inventariação e Quantificação da tese de Lopes
(2017). Os elementos básicos são descritos de preferência pelas listas de Reynard
(2006) e Pereira (2006), que abordam: autor; data; nome do geomorfossítio;
coordenadas geográficas; localização administrativa; vias de acesso; enquadramento
legal; classificação principal; escala; valor ecológico, cultural e estético;
vulnerabilidade antrópica e natural; condição de observação, estado de conservação
e nível de dificuldade da trilha, o último retirado da metodologia do ICMBio (2011). A
quantificação é a parte em que atribuem-se valores que caracterizam os
geomorfossítios. Com isso, Lopes (2017), utilizou os trabalhos de Reynard (2006),
Pereira (2006) e Pereira e Nogueira (2015).
A Valoração Científica (VCi) reflete no destaque dos geomorfossítios para as
Geociências, ou seja, demostrando a relevância cientifica que o mesmo apresenta
para possíveis medidas de geoconservação (LOPES, 2017). Atribuiu-se peso 15 para
Representatividade, Raridade e Integridade; peso 5 a Diversidade Abiótica e 10 ao
critério Ecológico e/ou Paleogeográfico (Equação 1). Isso tudo realizado a partir da
média ponderada:
VT =(𝑅𝑒 ∗ 15) + (𝑅𝑎 ∗ 15) + (𝐼 ∗ 15) + (𝐷 ∗ 5) + (𝑅𝑒𝑝 ∗ 10)
60
(1)
Onde: VT = Valor Total; Re = Representatividade; Ra = Raridade; I = Integridade; D = Diversidade
Abiótica e Rep = Relevância Ecológica e Paleogeográfica.
A Valoração de Uso Geoturístico e Uso Didático conforme Lopes (2017),
reflete na valoração de uso, tanto geoturístico como educativo. O cálculo do Potencial
Turístico (Equação 2) não apresenta pesos, sendo este feito a partir de média
aritmética (LOPES, 2017):
PT =𝐵 + 𝐴 + 𝐶𝑜 + 𝐼𝑇𝑢𝑟 + 𝑉𝐺𝑒𝑜 + 𝑈𝑇𝑢𝑟 + 𝑃
7
(2)
Onde: PT = Potencial Turístico; B = Beleza; A = Acessibilidade; Co = Condições de Observação; ITur
= Presença de Infraestrutura Turística; VGeo = Associação com Outros Valores da Geodiversidade;
UTur = Uso Turístico em Curso e; P = Proximidade de Áreas de Lazer.
A equação 3 corresponde ao acréscimo do VCi, que agrega ao geoturismo,
ou seja, o geopatrimônio. O valor do Potencial Turístico obtém peso dobrado em
relação ao científico. O VUG é calculado por (LOPES, 2017):
VUG =(𝑉𝑐𝑖 ∗ 2 + 𝑃𝑇 ∗ 3)
5
(3)
Onde: VUG = Valor de Uso Geoturístico; VCi = Valor Científico e; PT = Potencial Turístico.
A Valoração de Uso Educativo (VUE) segundo Lopes (2017) para ser
considerado um sítio educativo, é preciso possuir características que são aptos a
ilustrar de forma clara os elementos ou processos da geodiversidade. Portanto, o
Valor do Potencial Educativo (Equação 4) se dá por meio de média aritmética:
PE =𝐵𝐸 + 𝐴 + 𝐶𝑜 + 𝐸𝐴 + 𝑉𝐺𝑒𝑜 + 𝑈𝐷 + 𝐺𝐶
7
(4)
Onde: PE = Potencial Educativo; BE = Bom Exemplar Enquanto Recurso Didático; A =
Acessibilidade; Co = Condições de Observação; EA = Existência de Equipamentos e Serviços; VGeo
= Associação com Outros Valores da Geodiversidade; UD = Uso Didático em Curso; GC = Grau de
Conhecimento.
Portanto, o VUE é definido com base na média ponderada entre VCi e PE,
assim segue a equação 5 (Média ponderada):
VUE =(𝑉𝐶𝑖 ∗ 2 + 𝑃𝐸 ∗ 3
5
(5)
Onde: VUE = Valor de Uso Educativo; VCi = Valor Científico e; PD = Potencial Educativo.
O Grau de Suscetibilidade (GS) é aferido quando os geomorfossítios
começam a receber visitação, sendo necessário, portanto, avaliar o quanto estão
suscetíveis a perturbações (LOPES, 2017). O cálculo (Equação 6) do GS é realizado
a partir de média aritmética:
GS =𝐼𝑈 + 𝐶𝑉 + 𝑃𝐿 + 𝑉 + 𝐹
5
(6)
Onde: GS= Grau de Suscetibilidade; IU= Intensidade de Uso; CV= Controle de Visitação; PL=
Proteção Legal; V=Vulnerabilidade e F=Fragilidade.
. Houve uma investigação bibliográfica, principalmente nos trabalhos de
Meireles e Santos (2011) e Silva (2012), a qual utilizou-se das bases cartográficas
realizadas pelos primeiros autores. Por conseguinte, realizou-se pesquisa de campo.
3 - Resultados e discussões
Foi possível analisar quatro locais com potenciais geológico/geomorfológico
no município de Icapuí/CE, i) Trilha do Mangue Pequeno; ii) Trilha da Ponta Grossa;
iii) Praia da Redonda; e por fim, iiii) Mirante da Serra do Mar. Porém, até o momento
apenas o primeiro geomorfossítio foi inventariado e quantificado.
O geomorfossítio Trilha do Mangue Pequeno está situado nas coordenadas
geográficas 4°41’25.8” S e 37°21’11.4” O, à 55,2 Km de distância de Aracati, pela BR
- 304 e CE – 261 e localizado no estuário da Barra Grande. É designada como Área
de Proteção Ambiental (APA) da Barra Grande, criada a partir da Lei Municipal n°
298/2000, no dia 12 de maio de 2000 (CEARÁ, 2000). E conforme Meireles, Silva e
Souza (2017), a lei foi alterada para Lei n° 634/2014, do dia 25 de fevereiro de 2014
(CEARÁ, 2014), devido a área inicial ter sido ampliada, correspondendo agora a
18.100 hectares.
É possível observar que o geomorfossítio se enquadra em uma escala
panorâmica, onde é necessário um ponto de observação para a melhor visualização
do processo geomorfológico. Assim como, apresenta valor ecológico muito alto, pois
está inserido em um ecossistema de manguezal; o valor cultural e o estético é alto,
principalmente com atividade de pesca artesanal e beleza cênica, respectivamente. É
essencial enfatizar o valor funcional do sítio, pois é importante para o processo
geomorfológico que ocorre na área sendo fundamental para a sustentação do
manguezal. O valor econômico é considerável, reflexo de certa comodidade turística
(restaurantes, pousadas). Por isso, apresenta um ecoturismo significativo.
É uma área que tem vulnerabilidade antrópica alta, devido basicamente a
inserção de salinas próximas ao local, já com relação a natural o quadro é o inverso,
expondo baixa ameaça. Desse modo, tanto as condições de observação, quanto o
estado de conservação do geomorfossítio são boas, não necessitando de
equipamentos e grandes deslocamentos, não apresenta deterioração no espaço. Por
fim, para se chegar ao ponto ideal é necessário realizar uma trilha, de forma linear,
com a finalidade de interligar o caminho principal, este por sua vez, expõe apenas um
trajeto, tanto de ida como de volta, ou melhor, passando sempre pelo mesmo caminho,
como é descrita por Andrade (2003).
O sítio é recoberto em parte por uma área de manguezal, na qual ocorrem
interações entre as populações de plantas e animais de micro-organismos no
ambiente abiótico, ou seja, o meio físico determina a existência do meio biótico
(ICMBio, 2018). Com isso, reforçando as características físicas, é um processo
geomorfológico deposicional de sedimentos holocênicos, compreendidos na planície
fluviomarinha (Figura 01). Segundo Meireles e Santos (2011), é associado ao delta de
maré mediante a dinâmica das marés e produção e dispersão de nutrientes,
colaborando para manter, regular e diversificar a biodiversidade local. Com isso, o
contato entre os setores submerso e emerso com uma superfície areno-argilosa à
antigos canais de maré, iniciam o setor pró-delta. Assim, os sedimentos arenosos e
biodetritos restabelecem o pró-delta e determinam o submerso durante a maré baixa
(SILVA, 2012).
Figura 01 – Foto panorâmica do geossítio Mangue Pequeno, Icapuí/CE. Acervo dos autores.
Ainda conforme Silva (2012), a localização do delta de maré é atrelado ao
ponto de curvatura regional da linha de costa, dessa maneira, é um local que é
produzido variações nas correntes de deriva litorânea, acarretando em uma área de
menor energia, propício a deposição de sedimentos em deriva pela zona de maré.
O primeiro critério analisado na quantificação foi a Valoração Científica (VCi),
efetuada por média ponderada com cinco variáveis. A qual apontou uma
Representatividade significativa (Muito alto - valor 1), sendo considerada como bom
exemplo de gênese e/ou evolução geomorfológica. Assim como a Raridade (Muito
alto - valor 1) e Integridade (Muito alto - valor 1), que respectivamente representa um
exemplar único na área e sem deterioração, parâmetro importante para avaliar os
impactos no ambiente até o momento. Esses três parâmetros foram multiplicados por
15 por apresentar a maior relevância no cálculo, o que não ocorre na mesma
proporção com os demais valores, conforme relata Lopes (2017). Logo, a Diversidade
Abiótica obteve um nível alto (valor 0,75) que foi multiplicado por 5, ressaltando a
existência de três elementos da geodiversidade (geológico, geomorfológico e
pedológico), importantes para a sustentação do ecossistema. Com peso 10, a
Relevância Ecológica e Paleogeográfica (Muito alto – valor 1) constatou que ocorre
características geomorfológicas que determinam o ambiente, bem como são
importantes para a geo-história e por fim, a VCi obteve um nível muito alto, com índice
de 0,98.
Adiante, para a obtenção do cálculo através da média ponderada do Valor de
Uso Geoturístico e do Uso Didático, foi necessário realizar as operações do Potencial
Turístico e Potencial Didático, respectivamente, que apresentam sete variáveis cada
e são realizadas por média aritmética, não apresentando pesos, pois fica visível que
ambos possuem a mesma relevância para o geoturismo. O primeiro então, aborda a
Beleza com nível médio (valor 0,5), pois este denota um apelo estético do local
estudado; a Acessibilidade (Nível alto – valor 0,75), com acesso direto através de
estradas não asfaltadas, mas com boas condições de tráfego; a Condição de
Observação é considerada como excelente, visto que é possível observar todos os
elementos geomorfológicos (Nível muito alto – valor 1); a Presença de Infraestrutura
Turística é mediana (valor 0,5), já que é tida como razoável; com relação a Associação
com outros Valores da Geodiversidade obteve nível muito alto (valor 1), pois expõe os
valores culturais, ecológico, funcional, científico que contempla a importância do sítio;
o Uso Turístico em Curso dispõe de alta taxa de visitação (Nível muito alto – valor 1),
muito relacionado ao ecoturismo existente; a Proximidade de outras áreas de lazer é
de nível alto (valor 0,75), incluído em roteiros turísticos e a mais de 20 Km de outras
áreas de lazer. Por fim, o valor final do Potencial Turístico foi de 0,78 (nível muito alto),
por média aritmética.
No Potencial Didático aborda um nível muito alto (valor 1) no critério de Bom
Exemplar para Uso Didático, pois é muito ilustrativo e passível de ser utilizado em
qualquer nível de ensino; a Acessibilidade, Condição de Observação e Associação
com outros valores da Geodiversidade assim como item anterior obteve a mesma
pontuação e as mesmas indicações; a Existência de Equipamentos e Serviços de
Apoio apresentou nível muito alto (valor 1), dispondo de uma boa oferta de serviços e
equipamentos, que são beneficiados pelo ecoturismo do local; o Uso Didático em
Curso (Nível muito alto – valor 1) é importante para todos os níveis de ensino, seja ele
básico ou superior; o Grau de Conhecimento alcançou o nível muito alto (valor 1) pelo
fato do mesmo está presente em artigos científicos publicados em periódicos
indexados ou em livros. Com isso, o resultado final do Potencial Didático por média
aritmética foi 0,96 (nível muito alto).
Diante dos resultados do Potencial Turístico e Didático foi possível obter o
Valor de Uso Geoturístico realizado a partir de média ponderada atrelado a Valoração
Científica, pois tem a utilidade de agregar ao geopatrimônio, com isso o Potencial
Turístico terá um peso maior do que a VCi, uma vez que é possível traçar medidas de
valorização e divulgação, assim como relatado por Lopes (2017), para promover o
geoturismo. Assim, com peso 2 a VCi será multiplicada ao PT que terá peso 3,
divididos pela soma dos pesos que resulta em VUG de 0,86 (nível muito alto). Todo
esse processo ocorre da mesma forma com a Valoração do Potencial Didático, sendo
que o Potencial Didático é que multiplicará a VCi, resultando em um valor de 0,97
(nível muito alto).
O último critério avaliado foi o Grau de Suscetibilidade, fragmentado em cinco
variáveis, efetuado por média aritmética, parâmetro que avalia as perturbações
geradas a partir principalmente de atividades antrópicas (LOPES, 2017). A primeira
avaliação é feita a partir da Intensidade de Uso, a qual foi considerada moderada
(Nível Médio – valor 0,5), porém na ausência de documentos, como cita Lopes (2017)
é possível avaliar a partir da observação direta; o Controle de Visitação apresenta
ausência de controle (nível muito alto – valor 1), pois não se sabe o número exato de
pessoas que visitam o local; com relação a Proteção Legal o resultado foi baixo (valor
0), devido principalmente à área está localizada em uma unidade de conservação, ou
seja uma Área de Proteção Ambiental (APA) criada pela Lei Municipal n° 298/2000,
no dia 12 de maio de 2000 (CEARÁ, 2000) e alterada para Lei n° 634/2014, do dia 25
de fevereiro de 2014 (CEARÁ, 2014); a Vulnerabilidade Natural e/ou Antrópica é de
nível muito alto (valor 1), sendo vulnerável a ação antrópica, essencialmente,
verificando possíveis ameaças que possam ocorrer futuramente; e a Fragilidade ser
torna muito alta (valor 1). Assim, o resultado final do GS foi de 0,7 (nível alto), o que
faz com que o local seja apto a receber medidas de geoconservação, para que suas
características geomorfológicas sejam preservadas e conservadas e seja um
parâmetro para o monitoramento (Figura 2).
Diante dos dados coletados, foi possível observar que os valores
quantificados obtiveram níveis alto (Potencial Turístico e Grau de Suscetibilidade) e
muito alto (Valoração Científica, Valoração Geoturística, Potencial Educativo e
Valoração do Uso Educativo). Assim, é viável afirmar que o sítio potencial apresenta
características fundamentais para a geoconservação e o geoturismo.
Figura 02 – Mapa de sítio de interesse geomorfológico em Icapuí/CE. Elaborada pela autora.
A valoração da geodiversidade por meio dos Serviços Ecossistêmicos foi
desenvolvido por Gray (2013), que utilizou a Avaliação do Milênio compreendida por
um valor intrínseco e cinco serviços (suporte, provisão, regulação, cultural e
conhecimento) e 25 bens e processos, referido por Silva e Nascimento (2016).
Assim, Rabelo et al (2018) e Rabelo (2018) destacaram a classificação da
Common International Classification of Ecosystem Services (CICES), com serviços de
(Provisão, Suporte, Regulação e Cultura). O que mais tem relevância no ecossistema
de manguezal são os de regulação, devido a formação do substrato, conforme Rabelo
(2018) e os culturais, que podem ser representados pela pesca artesanal e criação de
algas, que pode ser visto no Mangue Pequeno em Icapuí/CE.
4 - Conclusões
O artigo exibe a geodiversidade por meio de processo geomorfológico de
deposição, a qual determina o ecossistema de manguezal, e é um instrumento
importante para o conhecimento e o turismo, então, é necessário construir estratégias
para dar uma maior ênfase a geoconservação da geodiversidade da área, abordando
seus principais aspectos, para que os turistas tenham uma visibilidade ampla sobre o
significado e origem do destino que visita, não só pelo viés ecológicos, mas também
todos os fatores abióticos representados, o que aumenta mais ainda a importância
desse trabalho.
Além disso, contribui-se grandemente com a população local, pois estão
inseridos em novo tipo de renda e que os estudos científicos sobre essa temática
possam se proliferar, para gerar novos resultados e discussões acerca do assunto.
5 - Agradecimentos A primeira autora agradece à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Nível
Superior - capes pela concessão da bolsa de mestrado.
6 - Referências Bibliográficas ANDRADE, W. J. Implantação e manejo de trilhas. In: MITRAUD, Sylvia (Org.). Manual de Ecoturismo de Base Comunitária: ferramenta para um planejamento responsável. Brasília: WWF Brasil, p. 247 – 260, 2003. BRILHA, J.B.R. Patrimônio geológico e geoconservação: a conservação da natureza na sua vertente geológica. São Paulo: Palimage, 2005. CEARÁ. Prefeitura Municipal de Icapuí. Lei Municipal n° 634, 25 de fevereiro de 2014. Costeira do Ceará: diagnóstico para a gestão integrada. 2014. CEARÁ. Prefeitura Municipal de Icapuí. Lei Municipal no 298, 12 de maio de 2000. Institui a Área de Proteção Ambiental da Barra Grande. 2000. GRAY, M. Geodiversity: valuing and conserving abiotic nature. 2ª ed. Chichester: John Wiley & Sons, 2013. 495p. GRAY,J. M. Geodiversity: valuing and conserving abiotic nature. Londres: John Wiley & Sons Ltd, 2004. ICMBIO. Instituto Chico Mendes. Roteiro Metodológico para Manejo de Impactos da Visitação. Brasília: ICMBio, 2011. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Divisões Regionais do Brasil. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/organizacao-do-territorio/divisao-regional/15778-divisoes-regionais-do-brasil/>. Acesso em: 3 maio de 2019. Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará - IPECE. Perfil Básico dos Município. Fortaleza-CE, 2009.
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