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ANÁLISE DO ARRANJO FÍSICO NO
ALMOXARIFADO DE UMA
ORGANIZAÇÃO MILITAR: UM ESTUDO
DE CASO
Hanvalgleber Lira e Silva (UNAMA )
hanval.gleber@gmail.com
Renato Martins das Neves (UFPA )
neves@cpgec.ufrgs.br
Andre Augusto Azevedo Montenegro Duarte (UFPA )
amonte@ufpa.br
Claudionor Andrade Farias Junior (UFPA )
claudionorfj@gmail.com
Felipe de Sa Moreira (UFPA )
felipesamoreira@hotmail.com
Um arranjo físico corretamente adequado aos tipos de operações
condizentes com os objetivos da organização é extremamente
importante para poder ter um elevado grau de eficiência nos
processos, impactando diretamente na movimentação de materriais, no
fluxo de pessoas e aumento de produtividade dos colaboradores.
Muitas vezes, uma simples alteração equivocada, sem o devido estudo,
no layout atual pode acarretar sérias consequências à organização
afetando os custos e a eficácia dos serviços. Tendo em vista a
importância de otimizar o espaço interno para adequar o arranjo físico
de forma a atender às necessidades diversas da organização, o
presente artigo aborda a realização de uma proposta de melhoria no
arranjo físico do almoxarifado de uma organização militar. Partindo
deste contexto, o objetivo deste artigo é analisar o layout do
almoxarifado, avaliando os principais processos, descrevendo as
etapas, averiguando o atual arranjo físico e por fim, propondo
melhorias. Os processos estudados foram mapeados, descritos e
montados por fluxogramas de blocos para um melhor entendimento.
Quanto à metodologia trata-se de um estudo de caso classificado como
exploratório e descritivo, utilizando-se do delineamento de pesquisa
proposto por Robert Yin (2010) como principal referência para o
método de investigação. Os resultados atingidos alvejam que a seção
objeto de estudo, não possui um layout adequado visto que no referido
Batalhão não possui um projeto de almoxarifado apropriado, mas
expressa conhecimento dessa importância e se dispõe à adoção das
propostas de melhorias apresentadas neste estudo.
Palavras-chave: Arranjo físico, almoxarifado, layout, processos
XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
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1. Introdução
As organizações estão empenhadas em otimizar o espaço interno para alocação de máquinas,
materiais, recursos humanos, dentre outros, mas explicar um ordenamento espacial, ou
melhor, do arranjo físico, é primordial compreender os fluxos do departamento,
principalmente os mais relevantes.
A mudança não planejada do layout, consoante Neumann e Fogliatto (2013), pode impactar
em situações como baixa produtividade dos colaboradores e aumento dos custos, afetando
diretamente na eficiência da produção ou serviços. De acordo com Slack et al (2006), se o
arranjo físico estiver errado, pode levar a padrões de fluxos longos ou confusos, estoque de
materiais, operações inflexíveis e altos custos.
Nesse contexto, Guedin et al (2009), conceitua almoxarifado como um espaço grande e
arranjado que atende as demandas dos clientes. Os autores afirmam que nem sempre essas
demandas são imediatas, logo é importante adequar o arranjo físico para atender às
necessidades da organização.
Diante da relevância do tema e considerando o almoxarifado de uma organização militar
como objeto de estudo, tem-se como objetivo geral deste artigo: analisar o layout do
almoxarifado, avaliando os principais processos, descrevendo as etapas, averiguando o atual
arranjo físico e por último propondo melhorias.
Portanto, baseando-se nos aspectos teóricos e na metodologia aplicada, os resultados estão
dispostos conforme a divisão: análise dos processos, análise do atual arranjo físico e proposta
de melhoria, e por fim as considerações finais.
2. Aspectos teóricos
2.1 Conceitos sobre arranjo físico
Para Neumann e Fogliatto (2013), os ambientes de trabalho, devem buscar uma otimização do
espaço englobando os colaboradores, máquinas e equipamentos, materiais, dentre outros, pois
são de extrema importância.
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Essa organização pode-se considerar como arranjo físico ou layout, sendo assim definido por
alguns autores. Conforme Slack et al (2006) arranjo físico “é decidir onde colocar todas as
instalações, máquinas, equipamentos e pessoal da produção”.
Ampliando a abrangência, Gurgel (2003) define layout como a arte e a ciência de transformar
elementos complexos e inter-relacionados da manufatura e facilidades físicas em uma
estrutura capaz de atingir os objetivos da empresa pela otimização entre a geração de custos e
de lucros.
Outros aspectos, de acordo com Ritzman (2004), a serem apreciados no arranjo físico, pois
considera, assim como os demais autores supracitados, que o planejamento do arranjo físico
envolve decisões sobre a disposição dos centros de atividade econômica em uma unidade e
definem centro de atividade econômica como qualquer coisa que utilize espaço: uma pessoa,
um grupo de pessoas, uma máquina, uma banca de trabalho e assim por diante”.
Antes de qualquer mudança no arranjo físico de uma organização deve-se considerar alguns
objetivos, dentre eles, Cury (2007) cita:
Otimizar as condições de trabalho do pessoal nas diversas unidades organizacionais;
Racionalizar os fluxos de fabricação ou de tramitação de processos;
Racionalizar a disposição física dos postos de trabalho, aproveitando todo espaço útil
disponível;
Minimizar a movimentação de pessoas, produtos, materiais e documentos dentro da
ambiência organizacional.
Além desses objetivos, Muhlemann et al (2001) apud Napierala (2010) destacam:
Maximizar a flexibilidade do arranjo físico dos equipamentos e operações;
Maximizar a interação entre os processos;
Maximizar o aproveitamento do espaço físico;
Minimizar o tempo total de produção;
Minimizar a distância entre os processos;
Reduzir o custo de manuseio de materiais;
Minimizar os investimentos em equipamentos;
Melhorar a segurança e o conforto dos trabalhadores.
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Portanto, consoante os objetivos que a organização pretende alcançar, o estudo do arranjo
físico pode ser realizado antes de iniciar o processo ou após a implantação do processo, desse
modo ocorrendo um rearranjo do espaço.
No decorrer de um estudo para planejamento de um arranjo físico, Slack et al (2006)
mostram, conforme figura 1, três decisões a serem tomadas: (1) selecionar o tipo de processo,
(2) o tipo básico de arranjo físico e (3) projeto detalhado de arranjo físico.
Figura 1 - Decisão de arranjo físico
Fonte: Slack et al (2006)
A decisão 1 consiste na seleção dos tipos de processos de produção. Mas assim como na
produção, Slack et al (2006), destacam também os tipos de processos baseados em serviços:
serviços profissionais, lojas de serviços, serviços em massa. O primeiro enfatiza que os
clientes estão próximos e despendem tempo relevante no processo do serviço. Os serviços
proporcionam altos níveis de customização, sendo o processo adaptável às necessidades do
cliente.
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Lojas de serviços possuem alto nível de contato com os clientes, customização, volumes de
consumidores e liberdade de decisão do pessoal, que as posiciona entre os extremos do
trabalho profissional e de massa.
Por fim, quanto aos tipos de operações, os serviços de massa, compreendem muitas transações
de clientes, envolvendo contato limitado e pouca customização, sendo esses serviços são
orientados para o produto.
A decisão subsequente, refere-se aos tipos básicos de arranjo físico, desse modo Martins e
Laugeni (2005) e Slack et al (2006) destacam a existência de 4 tipos: arranjo físico posicional,
arranjo físico por processo ou funcional, arranjo físico celular e arranjo físico por produto ou
em linha.
O arranjo posicional ou posição fixa é aquele, conforme Peinado e Graeml (2007), em que o
material a ser transformado, ou seja, o produto, permanece estacionado em uma determinada
posição e os recursos de transformação se deslocam ao seu redor, executando as posições
necessárias.
Martins e Laugeni (2005) e Slack et al (2006) definem arranjo físico por processo ou
funcional, todos os processos são desenvolvidos na mesma área. O material se desloca
buscando os diferentes processos. Este tipo de layout é flexível para atender as mudanças de
mercado, atendendo a produtos diversificados em quantidades variáveis.
O arranjo físico celular consiste em arranjar em um só local máquinas diferentes para fabricar
o produto inteiro. O material se desloca dentro da célula procurando processos necessários,
porém o deslocamento ocorre em linha. Principal característica é a relativa flexibilidade
quanto ao tamanho de lotes por produto.
Por último, o arranjo físico por produto ou em linha refere-se às máquinas ou às estações de
trabalho colocadas de acordo com a sequência das operações sendo executadas de acordo com
a sequência estabelecida e indicado para produção com pouca ou nenhuma diversificação.
Na decisão três, Slack et al (2006) destacam que esse projeto detalhado de arranjo físico é “o
estágio final na atividade de definição do layout”; há diversas técnicas que podem ajudar
nesta etapa, como por exemplo o fluxograma, descrito no tópico seguinte.
2.2 Fluxograma
Para estudar os processos de uma organização, uma das ferramentas utilizadas é o
fluxograma. Para Peinado e Graeml (2007), fluxogramas são formas de representar, através de
símbolos, os passos de uma tarefa para facilitar sua análise.
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Com a finalidade de facilitar a construção de um fluxograma Cury (2007) propõe as seguintes
etapas:
Comunicação: as chefias participam aos empregados a realização do trabalho e seus
objetivos;
Coleta de dados: as informações devem ser fornecidas pelos próprios executores das
tarefas;
Fluxogramação: Após a coleta de dados, deve ser escolhido o tipo de fluxograma a ser
utilizado;
Análise do fluxograma: O analista responsável deve partir do processo geral e descer
progressivamente ao exame minucioso das etapas;
Relatório de análise: Terminado o estudo e um novo fluxograma, deve-se preparar um
relatório em que serão comparadas as condições atuais;
Apresentação do trabalho: os fluxogramas e formulários constituem excelentes
demonstrações visuais para a apresentação das recomendações finais.
Há diversos tipos de fluxograma, Cruz (2002) cita três tipos de fluxogramas: sintético, de
bloco e vertical. O fluxograma que utilizar-se-á neste estudo será o “fluxograma de blocos”. A
escolha dá-se pelo intuito de descrever o fluxo das atividades principais seguindo a sequência
das atividades em um aprofundamento de detalhes.
No tópico seguinte será exposto os procedimentos metodológicos, no qual foram utilizados
para coletar e abordar dados e informações para esta pesquisa.
3. Metodologia
Heerdt (2007) afirma que a metodologia científica tem uma grande função: propor métodos,
técnicas e orientações que possibilitem coletar, organizar, classificar, registrar, interpretar
dados e fatos, favorecendo a maior aproximação com a realidade.
Dessa forma, optou-se pela classificação de pesquisa de acordo com dois critérios: quanto aos
objetivos e quanto aos procedimentos. Gil (2002) certifica que pode classificar as pesquisas
com base em seus objetivos em três grandes grupos: exploratórias, descritivas e explicativas.
Esta pesquisa é classificada como exploratória, pelo fato de ter “como objetivo proporcionar
maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito” (GIL, 2002), e
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descritiva, pois é “quando o pesquisador apenas registra e descreve os fatos observados sem
interferir neles” (PRODANOV; FREITAS, 2013).
Quanto aos procedimentos para tornar-se necessário traçar um modelo conceitual e operativo
da pesquisa, deve-se confrontar a teoria com a prática. O termo mais adequado é
delineamento, pois expressa ideias de modelo, sinopse e plano (GIL, 2002).
Para esse mesmo autor, o elemento essencial para identificar o delineamento é o
procedimento utilizado para a coleta de dados. Aplica-se ao artigo a pesquisa bibliográfica e o
estudo de caso. O estudo de caso é um tipo de pesquisa entendido como uma categoria de
investigação que tem como objeto de estudo de uma unidade de forma mais aprofundada.
(PRODANOV; FREITAS, 2013).
Complementando o autor anterior, Gil (2002) ressalta o estudo de caso como um estudo
profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado
conhecimento, tarefa praticamente impossível quando considerada a utilização de outros
delineamentos apresentados.
3.1 Delineamento
Para fortalecer o estudo metodologicamente, considera-se a utilização das sequencias
apresentadas por Yin (2010). O desenvolvimento metodológico é composto por três fases:
definição e planejamento da pesquisa; preparação e coleta e análise e conclusão, onde serão
detalhadas na figura 2:
Figura 2 – Encaminhamento metodológico
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Fonte: Adaptado, Yin (2010)
Na etapa 1, definição e planejamento da pesquisa, foram utilizados conceitos de diversos
autores da área para dar sustentação à fundamentação teórica; foi criado um roteiro de
entrevista semiestruturado com o objetivo de coletar dados sobre os processos mais
recorrentes na seção, ressaltando a população composta por 3 servidores sendo que a
entrevista foi realizada com apenas 1. Sobre a definição das etapas, foram utilizados conceitos
de vários autores da área, enfatizando os conceitos elaborados por Slack (2006) e por Martins
e Laugeni (2005).
Na etapa 2, preparação e coleta, ocorreram entrevistas com os servidores com a finalidade de
coletar dados. A observação da rotina teve por objetivo de observar, entrevistar e participar do
ambiente de trabalho em questão. Sobre a aplicação das etapas propostas por Slack (2006),
Martins e Laugeni (2005), a primeira fase foi aplicada através do processo de transformação
observado no almoxarifado do batalhão, baseado na entrevista e observação participante e na
segunda fase buscou-se identificar os problemas enfrentados no almoxarifado para propor o
tipo de layout mais adequado aos processos.
Na etapa 3, análise e conclusão, as informações coletadas durante a entrevista sobre os
processos foram organizadas e apresentadas em fluxogramas; após a organização dos dados, a
análise foi realizada com base na entrevista e na observação, incluindo as elaborações dos
fluxogramas até então inexistentes, visto que utilizaram-se três das cinco etapas propostas por
Cury (2007) e a aplicação das etapas propostas por Slack; Martins e Laugeni.
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A proposta de melhorias no layout foi elaborada segundo a análise de pontos negativos
identificados no decorrer da entrevista e da observação, enfatizando que não é objetivo do
artigo apresentar o projeto de melhoria; e com base na avaliação dos resultados, foram
apresentadas as considerações finais mais relevantes do estudo, ressaltando que o artigo é
fruto de um trabalho de conclusão de curso.
3.2 Limitações da pesquisa
Este trabalho é um estudo de caso, ou seja, foca na realidade exclusivamente do Batalhão em
estudo, as conclusões do estudo não podem ser generalizadas a outros órgãos e os servidores
envolvidos podem discordar da análise e das melhorias propostas.
4. Resultados
Primeiramente, deve-se enfatizar os processos analisados visto que eles não produzem bens,
mas sim, serviços de apoio. A organização militar em estudo é dividida por quatro seções. A
quarta seção engloba tesouraria, reserva de armamento, Motomec – seção responsável pela
manutenção das viaturas - e almoxarifado, este último, objeto deste estudo.
Dentre os variados tipos de processos, o mais adequado para caracteriza-lo no almoxarifado é
o tipo “serviços em massa”, citado por Slack et al (2006), pois nestes tipos de operações
compreendem muitas transações de clientes, contato limitado e pouca customização.
Este tipo de processo é representativo do almoxarifado, visto que os clientes são servidores do
Batalhão e despendem um certo tempo no processo ao solicitar algum material. Essa interação
encaixa-se em alguns processos customizados, porque se adaptam às necessidades dos
servidores de um modo geral.
Diante disso, parte-se para a descrição e análise dos processos.
4.1 Análise dos processos
Para melhor entendimento da descrição e análise dos processos, utilizou-se como ferramenta o
fluxograma. Desse modo seguiram-se três das cinco etapas propostas por Cury (2007), que
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consiste na coleta de dados, fluxogramação e análise do fluxograma. Utilizou-se apenas três
etapas, pois são mais relevantes para a pesquisa.
O almoxarifado possui vários processos afim de suprir necessidades das seções do Batalhão
no horário de expediente. Assim sendo, foram escolhidos os processos mais significativos.
Percebe-se com os dados coletados na entrevista e por meio da observação que o processo de
armazenagem é o mais importante, pois os demais são complementares no funcionamento da
seção.
Guedin (2009) afirma que o almoxarifado deve deter condições para proporcionar que o
material, estará no lugar certo, através de armazenagem de materiais, pretendendo resguardar,
além de conservar a qualidade e a quantidade.
Os tópicos seguintes consistem na coleta dos dados e na fluxogramação dos processos mais
relevantes. Foram descritas as operações e passadas para o fluxograma de blocos, assim, além
de abranger as operações, os fluxos que elas seguem e pontos de decisões que podem levá-las
a caminhos alternativos.
4.1.2 Solicitação de compras
Neste processo, compreende-se da solicitação à realização da compra. Observa-se que esta
modalidade de compra não envolve processo licitatório pois neste caso específico, trata-se de
“pequenas despesas” ou “despesas emergenciais”.
A solicitação deve ser autorizada pelo oficial responsável, seguindo o procedimento padrão,
solicitando através de memorando a relação de materiais, especificações e quantidades
necessárias. Se autorizado, o oficial responsável pelo almoxarifado verifica a viabilização de
compra, caso não seja aprovada será comunicada à seção solicitando o motivo da não
autorização de compra.
Após a autorização, o memorando é repassado aos servidores subordinados para realizarem os
levantamentos de preços juntos aos fornecedores. Depois de realizada a cotação, é repassado
ao oficial para escolher o orçamento mais vantajoso, em preço e qualidade, se autorizado, será
realizada a compra, caso contrário, serão realizadas novas cotações de preços.
Assim, registra-se o passo a passo do processo de compras, conforme figura 3 que evidencia o
processo em análise.
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Figura 3: Fluxograma do processo de solicitação de compra
Considerando o fato do fluxograma permitir a visualização das atividades que ocorrem neste
processo de pedido de compras, percebe-se que apesar de parecer simples, dependendo da
situação financeira do batalhão e oferta dos materiais no mercado, as aquisições podem
demorar a serem feitas devido à burocracia do setor público imposta pelas leis.
4.1.3. Armazenagem
A armazenagem é considerada uma das atividades de apoio que dá suporte ao desempenho
das atividades primárias (POZO, 2004), de forma que a organização possa funcionar
corretamente, mantendo-se o pleno atendimento das necessidades e satisfação dos clientes.
De acordo com Chiavenato (2014) o almoxarifado é que recebe e estoca os materiais
necessários para as operações da organização, predominantemente as matérias-primas
necessárias para o processo produtivo.
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Assim, quando o oficial responsável pelo almoxarifado autoriza uma compra, seus
subordinados são os responsáveis por esta operação e, após todos os trâmites da aquisição do
material, são repassados todos os componentes adquiridos. Na sequência, o oficial verifica se
está tudo correto com o pedido de compra, lança na ficha de controle e armazena o material
no seu devido lugar, conforme observa-se na figura 4.
Figura 4: Fluxograma de armazenagem de material
Assim, para o almoxarifado possuir eficiência em suas operações, é importante que se tenha
um layout adequado em razão de seu objetivo. Constata-se que para o setor público, esta visão
de um correto arranjo físico ainda não é evidente, pois vários órgãos não possuem um projeto
de almoxarifado adequado, e são apenas prédios ou locais adaptados para tal função.
4.2. Análise do atual arranjo físico
Para ser analisada a situação do arranjo físico atual, busca-se a estruturação de um conjunto
de etapas com base nas mencionadas por Cury (2007) e nas decisões citadas por Slack et al
(2006), conforme apresenta-se a figura 5:
Figura 5 - Fluxograma de etapas de estudo do arranjo físico
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A primeira etapa consiste na coleta de dados referindo-se ao exame minucioso e sistemático
sobre materiais, equipamentos em excesso, capacidade de armazenamento, entre outros.
Verificou-se nas observações iniciais que haviam certas áreas onde a movimentação de
materiais e fluxo de pessoas era dificultado.
O principal problema encontrado foi a guarda de materiais em excesso. No referido espaço
eram armazenados materiais essenciais para o funcionamento do expediente do batalhão,
materiais de limpeza, utensílios de cozinha, armários, caixas arquivo, computadores, etc.
Além disso, o que prejudicava o espaço era a guarda de materiais que não condiziam com as
operações do almoxarifado, pois deveriam ser armazenados em local específico, como
materiais referentes à manutenção de veículos operacionais.
Outro ponto observado foi a questão de excesso de materiais resultado de um “descarte” das
seções, como mesas, cadeiras e armários. Como não havia depósito adequado para armazenar
esses móveis, eram deixados no almoxarifado limitando uma organização dos materiais e do
fluxo de pessoas.
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Na segunda e terceira etapa demandaram a escolha do fluxograma adequado e a descrição e
análise dos fluxos dos processos mais importantes no almoxarifado.
Com base na análise dos fluxos dos processos e da coleta de dados da primeira etapa, pôde-se
ter noção da necessidade de espaço no almoxarifado para a circulação do fluxo de pessoas e a
movimentação de materiais no interior da seção. Considerou-se imprescindível um espaço
adequado para armazenar materiais referentes à Motomec, separados dos materiais utilizados
nas seções administrativas.
Na etapa quatro, o processo identificado no almoxarifado do batalhão descritos anteriormente
foram do tipo serviços em massa. Para Slack et al (2006) os principais tipos de processos
adequados para o seguinte tipo de arranjo físico são: celular e por produto.
Na etapa cinco, o tipo de layout celular foi o mais adequado, pois de acordo com a
organização do espaço, poderão ter divisões específicas para famílias de insumos ocasionando
uma melhor movimentação de materiais, assim como uma padronização nas atividades da
seção. Sendo assim, proporcionará um ambiente mais agradável, de fácil acesso, fácil
reposição dos estoques, dentre outros.
A sexta e última etapa se dá pelas propostas de melhorias no arranjo físico, relatadas de forma
isolada na seção seguinte em função de sua relevância
4.3. Propostas de melhoria no arranjo físico
De acordo com os estudos dos processos no atual arranjo físico do almoxarifado, são
ressaltadas algumas observações importantes.
É necessário outro espaço para o funcionamento da seção para o desempenho das atividades
que nela ocorre, contudo no caso específico possui uma série de fatores que impossibilitam
esta mudança. Então, para amenizar os problemas ocorridos, são apresentadas algumas
soluções.
Primeiramente, é essencial a retirada de materiais em excesso do qual não fazem parte da
rotina do almoxarifado. O interessante seria reformar um espaço dentro de um prédio não
utilizado do Comando de Missões Especiais, pois assim poderiam criar um depósito para
desobstruir o almoxarifado.
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Outra questão é a padronização dos materiais armazenados. A finalidade da padronização é
facilitar o manuseio, o controle e evitar o excesso de materiais, diminuindo o número de itens
em estoque.
Outra observação relevante é quanto ao local de arquivamento de documentos. O adequado
seria um espaço maior para que esses documentos pudessem ser separados por pastas de
acordo com o assunto tratado, ou de acordo com o tipo de documento.
Ainda analisando a proposta, seria interessante aproveitar as prateleiras e armazenar alguns
materiais verticalmente, assim economizando espaço.
Em última análise, como não havia espaço específico para armazenar ferramentas, pneus e
outros materiais referentes a Motomec, seria primordial a identificação de um espaço
reservado para esses equipamentos.
5. Considerações finais
A pesquisa efetuada no almoxarifado de uma organização militar apresentou diversas
observações em relação aos processos e layout presente na seção.
Conforme os resultados obtidos, a metodologia foi adequada para o levantamento de dados e
o cumprimento das etapas do processo investigatório.
A metodologia possibilitou a organização, preparação e a segurança para a coleta de dados, tal
característica foi bem aceita pelos servidores do batalhão, despertando o interesse para as
propostas de melhorias.
Todos os processos explorados foram representados através de fluxograma; a descrição foi
realizada para expor as etapas que compõem o processo e o fluxo das informações.
Constatou-se, dentre os problemas referentes ao almoxarifado, que o maior deles é o
armazenamento. Destaca-se a falta de espaço para armazenamento e para o fluxo de pessoas;
percursos longos e a falta de uma organização por frequência de movimentação de materiais.
Assim, com o rearranjo físico pode-se atender os objetivos de desempenho da produção,
conforme Slack et al (2006), cujo objetivos são qualidade, rapidez, confiabilidade,
flexibilidade e custo.
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Enfim, as propostas elaboradas para o estudo do layout, com base nos estudos dos processos,
tiveram o intuito de propor melhorias, e não de apresentar um projeto. Dentre essas menciona-
se: a criação de um depósito para armazenar móveis excessivos, a separação de materiais por
tipo de frequência de movimentação e armazenagem vertical, de forma a otimizar ainda mais
o espaço na seção estudada.
A realização deste estudo de caso possibilita sugestões para trabalhos futuros, ou seja, propor
trabalhos que abranjam áreas não contempladas nesta pesquisa, propor a replicação da
metodologia aplicada em outras áreas, propor a realização de estudo mais intenso a respeito
de armazenamento, produtividade dos servidores, dentre outros.
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