a sociopolítica mundial e os quadrinhos
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Em 1939 começa a segunda guerra mundial. O nazismo avança pela
Europa e a situação de incerteza e medo domina o planeta.
Nos EUA, era necessário inspirar na população o nacionalismo para
aumentar a certeza da vitória na guerra.
Com esse propósito, os meios de comunicação de massa foram
largamente utilizados.
No caso dos quadrinhos, o
mecanismo de persuasão
era simples.
Quando o leitor gosta de
um personagem, com o
tempo passa a imitar parte
de seu comportamento e a
acreditar na maior parte do
seu discurso.
Com isso, quando idéias
antinazistas são lançadas
nas histórias, são grandes
as chances de serem
assimiladas pelo público.
Os quadrinhos eram um sucesso e
não escaparam do processo mesmo
antes da entrada dos EUA na
guerra.
O Príncipe Valente em suas histórias
lutou contra os hunos - na gíria
inglesa, germânicos (alemães). Dick
Tracy e X-9 combateram espiões.
A partir do sucesso do Homem de
Aço, os quadrinhos americanos
passam a ser editados em
revistas próprias, as chamadas
comic-books.
A mensagem ideológica era
transmitida em histórias em que
esses heróis enfrentavam
espiões nazistas ou conspirações
de alemães, japoneses e italianos.
Kal-el é um alienígena e imigrante
ilegal que personifica todos os valores
da América. Ele é um personagem que
assimilou perfeitamente a cultura desse
país e defende com sua vida tudo o
que ela representa. As cores de seu
uniforme são as da bandeira nacional
que ele às vezes carrega.
O Super Homem também é visto como
o imigrante ideal. Após o fluxo de
imigração no início do século XX na
América, diversos grupos eram
discriminados pela sociedade. Se não
eram os alemães, eram os Irlandeses.
Se não eram os Italianos, eram os
Judeus.
O Super veio após isso, para mostrar que todos os forasteiros no país
também poderiam representar a verdade, justiça e o “american way of life”.
Quando os Estados Unidos
entraram no conflito, em 1941, os
quadrinhos já divulgavam suas
mensagens de propaganda
ideológica. O mais conhecido deles
é o Capitão América.
Jack Kirby e Joe Simon criam um
super-herói que literalmente veste a
bandeira americana, pois seu
uniforme é estrelado e listrado nas
cores da bandeira dos EUA.
Logo na primeira edição do gibi,
o Capitão já aparece dando um
soco em Hitler. Assim, tornou-se o
primeiro herói declaradamente
inimigo dos nazistas e de tudo que
possa ameaçar a democracia
americana.
Se o Super-Homem surgiu
como um alienígena defensor
da justiça, o Capitão
América Steve Rogers era um
americano de verdade, lutando
no front. Ele era um homem
normal, até tomar o Soro do
Supersoldado.
Após a transformação, seu principal
inimigo era o Caveira Vermelha, um
supervilão nazista.
Em 1942 foi criada a primeira
super-heroína, a Mulher Maravilha,
que assim como o Capitão
América, vestia as cores da
bandeira americana (com uma
águia no peito e estrelinhas na
saia).
Sua função era clara: mostrar para
as mulheres que elas eram
capazes de cuidar de si mesmas
quando os homens fossem para a
batalha.
A personagem tentava levar a
mensagem de que as mulheres
tinham de entender seu potencial,
lutar por direitos iguais e resolver
suas próprias vidas.
Heróis como os Sentinelas da
Liberdade, a Sociedade da
Justiça, o Capitão Marvel, o
Namor, o Tarzan, o Mandrake,
o Fantasma e o Flash Gordon,
entre outros, lutaram na
Segunda Grande Guerra
combatendo nazistas e
japoneses.
Por seus poderes
sobrenaturais tidos como
ameaçadores a uma
política fascista, Flash
Gordon teve suas histórias
proibidas por Mussolini na
Itália.
Praticamente todos os gibis
da época trouxeram
aventuras mostrando os
heróis engajados no esforço
de guerra.
O que obrigava os
roteiristas a bolarem as
desculpas mais absurdas
para explicar porque a
Segunda Guerra só
terminou em 1945 e não emcinco segundos.
Afinal, se os super-heróis
existissem mesmo, teria sido
bem mais fácil para derrotar
o Eixo.
Com Super-Homem e
companhia do seu lado,
quem precisa de bombas
atômicas?
Mas não foram os
super-heróis os únicos
convocados para a
guerra. Os estúdios
Disney entraram na
propaganda contra os
inimigos dos EUA.
Mickey Mouse, Minie e
Donald, por exemplo,
foram usados até
mesmo em cartazes de
guerra.
Na mesma época, foram
criados personagens
como parte da política de
boa vizinhança dos EUA.
Um dos exemplos é o
personagem Zé Carioca,
representando o Brasil,
e Panchito, simbolizando
o México.
Se os aliados usavam os quadrinhos como arma, os alemães e os
italianos percebiam o engajamento dos personagens.
Hitler bania os gibis de O Príncipe Valente das cidades que
conquistava e mandou seu ministro das comunicações, Herr
Goebbels, preparar um duro discurso atacando os personagens
Disney, em especial Donald.
Benito Mussolini proibiu a venda dos gibis norte-americanos na
Itália.
A comprovação da
utilização das histórias
em quadrinhos como
instrumento de
propaganda ideológica
durante a Segunda
Guerra Mundial é uma
prova de seu poder
como meio de
comunicação de massa,
assumindo um
importante papel na
formação do imaginário
e da cultura mundial.
É bom que se diga que nem sempre as mensagens são negativas.
Além de combater invasões alienígenas, cientistas malucos que
querem dominar o mundo e ladrões de banco, alguns super-heróis
também estão engajados na luta contra outro tipo de crime, mais
velado, mas nem por isso menos grave: o preconceito.
Além de entreter, as histórias em quadrinhos também têm uma
função social e, por isso mesmo, podem ser usadas para
passar uma mensagem de conscientização na sociedade de
que ninguém é melhor ou pior do que qualquer pessoa e que
todos somos iguais, independente da raça, cor da pele, sexo,religião, condição física, orientação sexual ou condição social.
Uma verdadeira revolução nos
quadrinhos foi a criação do herói
Pantera Negra, em 1966.
O Pantera é o líder da nação
africana Wakanda, um país
fictício criado pela Marvel,
tecnologicamente mais
avançado que qualquer nação
do mundo.
Criado como coadjuvante das
histórias do Quarteto Fantástico,
o Pantera Negra possui os
poderes do felino que lhe
empresta o nome, com sentidos
aguçados, agilidade e
sagacidade.
Foi o primeiro super-herói
negro criado pela Marvel num
período em que os Estados
Unidos viviam um movimento
cultural que visava acabar
com o preconceito racial e
valorizar a beleza negra.
O novo herói chamou a
atenção de tal modo que,
dois anos depois de sua
criação, ingressou nos
Vingadores e ganhou mais
notoriedade, abrindo caminho
para outros heróis negros,
como o Falcão, parceiro do
Capitão América e o Luke
Cage, herói de aluguel.
A luta contra a desigualdade social e a defesa das minorias são
retratadas muito bem nas HQ’s dos super-heróis X-Men.
Eles são mutantes com
poderes extraordinários,
muitas vezes têm
aparência demoníaca mas,
treinados por um nobre
professor, aprendem a
entender seus poderes e a
buscar a tolerância entre
os diferentes.
Hoje em dia há um crescimento
no número de personagens gays,
embora a sociedade ainda não
veja essa questão de uma forma
positiva.
O primeiro a “sair do armário” foi o
herói Estrela Polar, do grupo
canadense Tropa Alfa.
Na época, a revelação causou
tanta polêmica que o personagem
caiu no esquecimento.
Apesar disso, serviu como modelo
para que outros personagens
também assumissem sua
condição sexual.
Como hoje há uma abertura maior para discutir sobre esse tema,
os novos grupos de super-heróis que estão surgindo geralmente
possuem um personagem homossexual em suas fileiras.
É o caso dos Jovens Vingadores, que tem Hulkling e Wiccano
(respectivamente, a versão jovem do Hulk e do Thor) como
namorados.
A maior prova dessa abertura foi a reabilitação do personagem
Estrela Polar, que se casou com seu namorado Kyle nas
páginas do número 51 de "Astonishing X-Men". Na história, o
casamento aconteceu em Nova York, onde a lei reconhece
uniões homossexuais.
Desta forma, os criadores situam seus leitores diante de um
dos assuntos sociais mais comentados nos Estados Unidos
atualmente: o casamento entre homossexuais, que, por sua
vez, não é autorizado na maioria dos estados.
O tema também ganhou evidência
durante a campanha eleitoral dos
presidenciais, já que Obama
declarou publicamente seu apoio àunião entre gays.
Hoje os quadrinhos estão
menos políticos?
Sim, porque apesar das
temáticas cada vez mais
adultas, as HQs estão longe
de ter o mesmo papel que
tiveram durante a segunda
guerra.
Mas os leitores sempre podem
aguardar mais pitadas de
realidade dentro do mundo dos
quadrinhos e super-heróis.
Exemplo: Obama foi capa
do Homem Aranha na época de
sua posse como presidente.
Outro exemplo, que atraiu
a atenção da mídia foi a
história “O incidente”,
publicada na revista Action
Comics 900, uma edicão
comemorativa da DC
Comics.
Superman se encontra com Gabriel Wright, assessor de segurança
do presidente dos Estados Unidos, para discutir a participação do
herói num incidente ocorrido em Teerã, no Irã, durante uma série
de protestos similares aos que aconteceram no Egito,
recentemente.
O Homem de Aço relata sua participação como uma forma de
protesto sem violência, um ato de desobediência civil.
No final, o herói kryptoniano anuncia que
renunciará à sua cidadania americana, pois
precisa ajudar todo o planeta e não pode ter suas
ações limitadas e associadas à política externa dos
Estados Unidos.
Proposta de trabalho avaliativo
• Escolha um personagem de histórias em
quadrinhos e/ou cinema – pode ser herói
ou vilão;
• Descreva suas principais características;
• Explique quais as principais ideias que
esse personagem transmite;
• Faça um belo e colorido desenho do
personagem.
Observações:
• O texto deve ser escrito à mão;
• O desenho deve ser feito à mão;
• Texto e desenho devem ser caprichados parapermitir exposição em forma de cartaz;
• O personagem não pode ser nenhum dosseguintes, já devidamente comentados emaula: Capitão América (Capitain America),Super-Homem (Superman) e MulherMaravilha (Wonderwoman).
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