a responsabilidade social da ciÊncia da informaÇÃo na perspectiva da consciÊncia possÍvel –...
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A A RESPONSABILIDADE SOCIALRESPONSABILIDADE SOCIAL DA CIÊNCIA DA DA CIÊNCIA DA
INFORMAÇÃO NA PERSPECTIVA DA INFORMAÇÃO NA PERSPECTIVA DA CONSCIÊNCIA CONSCIÊNCIA
POSSÍVELPOSSÍVEL – UM EXERCÍCIO NO – UM EXERCÍCIO NO CAMPO CAMPO
CIENTÍFICOCIENTÍFICO
Resultado da tese de doutoramento de Isa Maria Isa Maria
FreireFreire, aprovada pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação – Convênio CNPq/IBICT – UFRJ/ECO em março de 2001. Orientadora: Vânia M.
R. Hermes de Araújo
V ENANCIBBelo Horizonte, 2003
SUMÁRIO
1. Prolegómena [ou das coisas que se contam antes...]
2. Urdindo os fios do texto
3. Tecendo a teia da rede
4. Thésis [ou das coisas que se propõem...]
O campo de possibilidades na comunicação da informação
O estudo
Nosso propósito foi tecer, no tear
interdisciplinar da Ciência da
Informação, uma rede conceitual
para compreender compreender um enunciado
científico na perspectiva da
consciência possível.
A hipótese
O enunciado de Wersig e Neveling sobre
“a responsabilidade social da ciência da “a responsabilidade social da ciência da
informação”informação”, em 1975, pode ser visto,
ex posto facto, como um indício da
consciência possível de um grupo de
cientistas no campo da ciência da
informação.
Os fffiiiooosss do texto
WWWeeerrrsssiiiggg: a rede conceitual como
modelo teórico
GGGooollldddmmmaaannnnnn: a consciência possível
como atrator conceitual
GGGiiinnnzzzbbbuuurrrggg: o salto indutivo a partir
dos indícios
Evolução
Atividade complexa
Auto-referência Objetivos/
Recompensas Self CONHECIMENTO
Redução de complexidade Ação
Comunicação Racionalização
Imagem
Visual Cálculo Complexidade
Retrato
Realidade Modelo de “rede conceitual”. Wersig, 1993
CAMPO CIENTÍFICO História Sociologia Ciência da Informação Sujeitos (Atores) [trans/individuais] Paradigmas [modelos]
CONSCIÊNCIA POSSÍVEL [visão de mundo]
Recompensas [capital social] Proposições
[textos]
Comunicação Científica
RE A LIDA D E [valor econômico e cultural do conhecimento científico]
Adaptação do modelo de “rede conceitual” de Wersig. Freire, 2001
As visões do mundo
são expressões individuais e sociaisexpressões individuais e sociais ao
mesmo tempo, constituindo um
“sistema de pensamento que, em certas
condições, se impõe a um grupo de
homens que se encontram em situações
econômicas e sociais análogas ...
“[Os cientistas] pensam ou sentem
esta visão até suas últimas
conseqüências e a expressam, através
da linguagem, no lado conceitual
[Mas] para isso, é necessário que
[esta visão] exista ou que ... esteja
em curso de nascimento ...”
Goldmann
Uma visão de mundo representa,
também, o máximo de
consciência possível para um
dado grupo em um dado tempo,
de uma dada sociedade.
O paradigma indiciário
Segundo Ginzburg, no final do século XIX
“emergiu [nas] ciências humanas
um modelo epistemológico ao qual
até agora não se prestou
suficiente atenção”.
Esse paradigma tem raízes que remontam à própria evolução da humanidade.
“[Nele,] entrevê-se o gesto talvez
mais antigo da história intelectual do
gênero humano: o do caçador
agachado na lama, que escruta as
pistas da presa.”
“O caçador teria sido o primeiro
a ‘narrar uma história’ porque
era o único capaz de ler, nas
pistas mudas (se não
imperceptíveis) deixadas pela
presa, uma série coerente de
eventoseventos.”
O evento
Nosso evento significativoevento significativo é representado
pela publicação, por G. Wersig e U.
Neveling, do artigo The phenomena of The phenomena of
interest to Information Scienceinterest to Information Science, no n.44 do
v.99 do periódico inglês The Information The Information
ScientistScientist, em 1975.
Ciência da Informação
PUBLICAÇÃO DO ARTIGO - 1975
[Sistema social] [Sistema filosófico]
Atores sociais
• Individuais: Gernot Wersig e Ulrich Neveling
• Transindividuais: The Information Scientist, Universidade Livre Berlim
Padrões de abordagem
• Dialética, Estruturalismo
Capital social
•Início da rede de citações: 1976
Construtos e proposições
• Informação como possibilidade de conhecimento
• Responsabilidade social da Ciência da Infortmação
Campo de possibilidades de comunicação da informação
Visão de mundo
[desenvolvimento das forças produtivas]
Divulgação científica
[Con]texto
[relevância da informação]
Comunicação científica
Realidade(s)
A ciência da informação como estrutura significante
Os sinais dessa abordagem são encontrados, principalmente, em textos de pesquisadores do VINITI, aplicando-se, aqui, o comentário de Goldmann:
“Ao problema particularmente
importante [de] ‘Quem fala?’, penso ser
necessário juntar um segundo: ‘O que
diz?’”
Visão de um sujeito coletivo
“‘Ciência da Informação’,
‘informática’ ou como seja
chamado, é um campo de estudo
que emergiu recentemente, e
sua consciência de ser uma
disciplina científica data talvez
do final dos anos 1950 (embora
como trabalho científico tenha
sido empreendido antes por
investigadores individuais). ...”
Visão
socialista “Em nossa opinião ciência não é
algo [justificável] em si mesma,
mas sempre pode ser justificada
pelas necessidades sociais [às
quais] atenderá, [de modo que
devemos] encontrar quais foram
as razões específicas que
conduziram ao desenvolvimento
da ‘ciência da informação’.”
Explanaçã
o
“Com a relevância crescente de
ciência para o desenvolvimento
industrial no século XIX ..., a
comunicação científica cresceu ... um
grupo de [trabalhadores surgiu] entre
os produtores de dados ... e [os
usuários] que necessitam dos dados,
resultados e inovações. Por
conseguinte, no processo da divisão
[social] do trabalho um novo campo de
atividade ... surgiu e uma velha
profissão começou a mudar sua
definição.
Função social
As pessoas de informação apareceram — com títulos diferentes, em países diferentes, mas semelhantes na função. E esta função dita de maneira simples [é] assegurar que aquelas pessoas que necessitam de conhecimento em seu trabalho ... possam recebê-lo, independentemente de ter procurado ou não. [É] uma função social derivada do desenvolvimento histórico.
A proposição da
responsabilidade social da ciência da informação
Assim uma disciplina nova se desenvolveu não por causa de um fenômeno específico que sempre tinha existido e agora se tornou um objeto de estudo, mas por causa de uma necessidade nova de estudar um problema que mudou completamente sua relevância para a sociedade.
[Pois atualmente] o problema de
transmissão do conhecimento
para aqueles que dele precisam
é uma responsabilidade social, e
esta responsabilidade social
parece ser o real fundamento da
‘ciência da informação’”.
Os indícios (1)
No texto de Wersig e Neveling,
encontramos indícios da
abordagem dos autores socialistas
da Ciência da Informação:
a perspectiva histórica, o método
dialético e o modelo estruturalista.
Os indícios (2)
Em especial, como no contexto dos
cientistas soviéticos, para Wersig e
Neveling a ciência deve ser vista
como “força produtiva direta” e por
isso as atividades de informação
adquiriram uma relevância especial.
Os indícios (3)
Em 1971, Guilarevski, do VINITI, apresentou as
idéias dos cientistas da informação soviéticos
sobre o campo da InformáticaInformática:
“[esta atividade] é parte independente
do trabalho científico que dele se
separou no curso de sua divisão social e
tem por finalidade fornecer aos
cientistas e especialistas as
informações necessárias [ao seu
trabalho]”.
Entretanto, em 1975, Mikhailov e colaboradores formalizam sua abordagem da InformáticaInformática, restringindo seu objeto de estudo à
“estrutura e propriedades gerais da
informação científica, assim como as
regularidades de todos os processos da
comunicação científica, incluindo a
atividade científica informativa, sua teoria,
história, metodologia e organização.”
Os indícios (4)
O formalismo adotado pelo grupo
soviético restringiu o campo de
atuação da Informática aos
trabalhadores científicos e técnicos,
sendo alvo imediato de críticas,
como mostra o texto de Roberts,
publicado em 1976:
“Com base na evidência oferecida,
e considerando a natureza social
da ciência da informação, é difícil
entender porque os problemas de
informação de outros grupos
sociais não são merecedores do
mesmo nível de interesse. ...
Roberts
Citando o artigo de Wersig e Neveling,
Roberts coloca que
“As implicações sociais da
comunicação e informação são tais
que só a base social mais ampla é
aceitável como uma área de estudo
para a ciência de informação.”
Os indícios apontam para a
comprovação da nossa tese:
Wersig e Neveling expressaram, de
forma coerente e adequada, a
consciência possível de um grupo de
cientistas no campo da Ciência da
Informação, naquele momento
histórico [1975].
Sua abordagem da Ciência da
Informação ampliou o campo de
estudo proposto pelos soviéticos
para a InformátikaInformátika, expressando a
visão de mundo de um grupo de
cientistas que começavam a olhar o
mundo e a sua profissão com
outros olhos.
Conclusão (1)
Essa visão, orientada pela consciência
possível para comunicação da
informação de Goldmann, significa
um novo olhar sobre construtos e
tecnologias disponíveis no campo da
Ciência da Informação.
E pode se traduzir em estratégias
para uma prática profissional que
nos aproxime, cada vez mais, das
pessoas nas quais a informação
que produzimos se manifestará
como possibilidade de
conhecimento (Barreto, 1996).
Conclusão (2)
Assim, com nossa pesquisa, esperamos não
somente ter revelado um padrão que unepadrão que une
cientistas desde os primórdios do campo
da ciência da informação, através da idéia
de responsabilidade socialresponsabilidade social.
Em especial, esperamos estar
contribuindo para ampliar, no
campo científico, as possibilidades
de uso da proposição de Wersig e
Neveling como fundamento à
práxis dos cientistas da
informação contemporâneos.
Pois
“... se a informação é a mais poderosa força
de transformação do homem [o] poder da
informação, aliado aos modernos meios de
comunicação de massa, tem capacidade
ilimitada de transformar culturalmente o
homem, a sociedade e a própria
humanidade como um todo”.
Araujo
Podemos a fazer a nossa parte
considerando a possibilidade da
existência desse fundamento
social para a Ciência da
Informação, na sociedade
contemporânea. Então, a
consciência possívelpossível de 1975 pode
vir a tornar-se realreal.
Depende de nós.
Grata pela atenção.Grata pela atenção.
Isa Maria Freire
isafreire.kit.net
isafreire@globo.com
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