a gramática
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Origem e evolução da língua portuguesa
A língua portuguesa, também designada português, é uma língua românica flexiva originada
no galego-português falado no Reino da Galiza e no Norte de Portugal. A parte sul do Reino da Galiza
se tornou independente, passando a se chamar Condado Portucalense em 1095 (um reino a partir de
1139). Enquanto a Galícia diminuiu, Portugal independente se expandiu para o sul (Conquista de
Lisboa, 1147) e difundiu o idioma, com a Reconquista, para o sul de Portugal e mais tarde, com as
descobertas portuguesas, para o Brasil, África e outras partes do mundo.[3] O português foi usado,
naquela época, não somente nas cidades conquistadas pelos portugueses, mas também por muitos
governantes locais nos seus contatos com outros estrangeiros poderosos. Especialmente nessa altura a
língua portuguesa também influenciou várias línguas[4].
É uma das línguas oficiais da União Europeia, do Mercosul, da União de Nações Sul-Americanas, da
Organização dos Estados Americanos, da União Africana e dos Países Lusófonos. Com
aproximadamente 280 milhões de falantes, o português é a 5ª língua mais falada no mundo, a 3ª mais
falada no hemisfério ocidental e a mais falada no hemisfério sul da Terra.
Durante a Era dos Descobrimentos, marinheiros portugueses levaram o seu idioma para lugares
distantes. A exploração foi seguida por tentativas de colonizar novas terras para o Império Português e,
como resultado, o português dispersou-se pelo mundo. Brasil e Portugal são os dois únicos países cuja
língua primária é o português. Entretanto, o idioma é também largamente utilizado como língua franca
nas antigas colónias portuguesas de Moçambique, Angola, Cabo Verde, Guiné Equatorial, Guiné
Bissau e São Tomé e Príncipe, todas na África. Além disso, por razões históricas, falantes do português
são encontrados também em Macau, no Timor-Leste e em Goa.
O português é conhecido como "a língua de Camões" (em homenagem a uma das mais conhecidas
figuras literárias de Portugal, Luís Vaz de Camões, autor de Os Lusíadas) e "a última flor do Lácio"
(expressão usada no soneto Língua Portuguesa, do escritor brasileiro Olavo Bilac). Miguel de
Cervantes, o célebre autor espanhol, considerava o idioma "doce e agradável". Em março de 2006, o
Museu da Língua Portuguesa, um museu interativo sobre o idioma, foi fundado em São Paulo, Brasil, a
cidade com o maior número de falantes do português em todo o mundo.
O português teve origem no que é hoje a Galiza e o norte de Portugal, derivada do latim vulgar que foi
introduzido no oeste da península Ibérica há cerca de dois mil anos. Tem um substrato céltico-
lusitano, resultante da língua nativa dos povos ibéricos pré-romanos que habitavam a parte ocidental
da península (Galaicos, Lusitanos, Célticos e Cónios). Surgiu no noroeste da península Ibérica e
desenvolveu-se na sua faixa ocidental, incluindo parte da antiga Lusitânia e da Bética romana. O
romance galaico-português nasce do latim falado, trazido pelos soldados romanos, colonos e
magistrados. O contacto com o latim vulgar fez com que, após um período de bilinguismo, as línguas
locais desaparecessem, levando ao aparecimento de novos dialectos. Assume-se que a língua iniciou o
seu processo de diferenciação das outras línguas ibéricas através do contacto das diferentes línguas
nativas locais com o latim vulgar, o que levou ao possível desenvolvimento de diversos traços
individuais ainda no período romano.[14][15][16] A língua iniciou a segunda fase do seu processo de
diferenciação das outras línguas românicas depois da queda do Império Romano, durante a época das
invasões bárbaras no século V quando surgiram as primeiras alterações fonéticas documentadas que se
reflectiram no léxico. Começou a ser usada em documentos escritos pelo século IX, e no século XV
tornara-se numa língua amadurecida, com uma literatura bastante rica.
Chegando à Península Ibérica em 218 a.C., os romanos trouxeram com eles o latim vulgar, de que
todas as línguas românicas (também conhecidas como "línguas novilatinas" ou "neolatinas")
descendem. Só no fim do século I a.C. os povos que viviam a sul da Lusitânia pré-romana, os cónios e os
celtas, começam o seu processo de romanização. As línguas paleo-ibéricas, como a Língua lusitana
ou a sul-lusitana são substituídas pelo latim[17] A língua difundiu-se com a chegada dos soldados,
colonos e mercadores, vindos das várias províncias e colónias romanas, que construíram cidades
romanas normalmente perto de cidades nativas.
A partir de 409 d.C.,[18] enquanto o Império Romano entrava em colapso, a península Ibérica era
invadida por povos de origem germânica e iraniana ou eslava [19] (suevos, vândalos, búrios, alanos,
visigodos), conhecidos pelos romanos como bárbaros que receberam terras como fœderati. Os
bárbaros (principalmente os suevos e os visigodos) absorveram em grande escala a cultura e a língua da
península; contudo, desde que as escolas e a administração romana fecharam, a Europa entrou na
Idade Média e as comunidades ficaram isoladas, o latim popular continuou a evoluir de forma
diferenciada levando à formação de um proto-ibero-romance "lusitano" (ou proto-galego-português).
Desde 711, com a invasão islâmica da península, que também introduziu um pequeno contingente de
saqalibas, o árabe tornou-se a língua de administração das áreas conquistadas. Contudo, a população
continuou a usar as suas falas românicas, o moçárabe nas áreas sob o domínio mouro, de tal forma que,
quando os mouros foram expulsos, a influência que exerceram na língua foi relativamente pequena. O
seu efeito principal foi no léxico, com a introdução de cerca de mil palavras através do moçárabe-
lusitano.
Em 1297, com a conclusão da reconquista, o rei D. Dinis I prossegue políticas em matéria de legislação e
centralização do poder, adoptando o português como língua oficial em Portugal. O idioma se espalhou
pelo mundo nos séculos XV e XVI quando Portugal estabeleceu um império colonial e comercial
(1415-1999) que se estendeu do Brasil, na América, a Goa, na Ásia (Índia, Macau na China e Timor-
Leste). Foi utilizada como língua franca exclusiva na ilha do Sri Lanka por quase 350 anos. Durante esse
tempo, muitas línguas crioulas baseadas no português também apareceram em todo o mundo,
especialmente na África, na Ásia e no Caribe.
Em março de 1994 foi fundado o Bosque de Portugal, na cidade sul-brasileira de Curitiba; o parque
abriga o Memorial da Língua Portuguesa, que homenageia os imigrantes portugueses e os países que
adotam a língua portuguesa; originalmente eram sete as nações que estavam representadas em pilares,
mas com a independência de Timor-Leste, este também foi homenageado com um pilar construído em
2007.[20] Em março de 2006, fundou-se em São Paulo o Museu da Língua Portuguesa.
O Dia da Língua Portuguesa e da Cultura é comemorado em 5 de Maio, sendo promovido pela CPLP e
celebrado em todo o espaço lusófono.
Distribuição geográfica
Lista de organizações internacionais que têm o português como língua oficial
O português é a língua da maioria da população de Portugal, Brasil, São Tomé e Príncipe (95%) e
Angola. Apesar 6,5% da população de Moçambique são falantes nativos do português, o idioma é
falado por cerca de 39,6% dos moçambicanos, de acordo com o censo de 1997. A língua também é
falada por 11,5% da população da Guiné-Bissau. Não existem dados disponíveis relativos a Cabo Verde,
mas quase toda a população é bilingue, sendo os cabo-verdianos monolingue falantes do crioulo cabo-
verdiano.
Há também significativas comunidades de imigrantes falantes do português em muitos países como
Andorra (15,4%), Austrália, Bermuda, Canadá (0,72% ou 219.275 pessoas segundo o censo de 2006,
mas entre 400.000 e 500.000 de acordo com Nancy Gomes), Curaçao, França,[33] Japão,[34] Jersey,[35]
Luxemburgo (9%),[22] Namíbia (4-5%),[36][37] Paraguai (10,7% ou 636.000 pessoas),[38] África do Sul,[39]
Suíça (196 mil cidadãos em 2008),[40] Venezuela (1 a 2% ou 254.000 a 480.000 pessoas)[41] e nos
Estados Unidos (0,24% da população ou 687.126 falantes de acordo com o American Community
Survey de 2007),[42] principalmente em Nova Jersey,[43] Nova York [44] e Rhode Island.[45]
Em algumas partes do que era a Índia Portuguesa, como Goa [46] e Damão e Diu,[47] o português ainda é
falado, embora esteja em vias de desaparecimento.
Idioma oficial
: Lista de países onde o português é língua oficial
Países-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
Países observadores ou associados
A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (sigla CPLP) consiste em nove países
independentes que têm o português como língua oficial: Angola, Brasil, Cabo Verde, Timor-
Leste, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe.[8]
A Guiné Equatorial fez um pedido formal de adesão plena à CPLP em junho de 2010 e deve adicionar o
português como terceira língua oficial (ao lado do espanhol e do francês), já que esta é uma das
condições para entrar no grupo. O Presidente da República da Guiné Equatorial, Obiang Nguema
Mbasog, e o Primeiro-Ministro Chefe de Estado, Ignacio Milam Tang, aprovaram e apresentaram no dia
20 de julho de 2011 o novo Projeto-Lei Constitucional que pretende adicionar o português como língua
oficial. O decreto aguarda ratificação pela Câmara de Representantes do Povo e entrará em vigor 20 dias
após a sua publicação no Boletim Oficial do estado (equivalente ao português Diário da República).
O português é também uma das línguas oficiais da região administrativa especial chinesa de Macau
(ao lado do chinês) e de várias organizações internacionais, como o Mercosul,[51] Organização dos
Estados Ibero-Americanos,[52] a Sul-americanas a Organização dos Estados Americanos, a União
Africana [55] e da União Europeia.[56]
População dos países e jurisdições de língua oficial ou cooficial portuguesa
Gráfico de setores ilustrando a percentagem de falantes do português por país.
Segundo dados estatísticos oficiais e fiáveis dos respetivos governos e seus institutos nacionais de
estatística, a população de cada uma das nove jurisdições é a seguinte (por ordem decrescente):
Brasil: 193 946 886 (Censo de 2011);
Moçambique: 20 069 738 (resultados definitivos do Censo de 2007);
Angola: 20 900 000 (estimativa do governo em 2012; Angola não realiza um censo há muitas décadas,
estando o próximo previsto para 2013)[60];
Portugal: 10 561 614 (resultados preliminares do Censo de 2011);
Guiné-Bissau: 1 520 830 (resultado definitivo do Censo de 2009);
Timor-Leste: 1 066 582 (resultados preliminares do Censo de 2010);
Guiné Equatorial: 616 459 (Censo de 2008)
Macau: 558 100 (estimativa do 2.° trimestre da DSEC do Governo da RAE de Macau. O resultado do
Censo de 2011 ainda está sendo tabulado);
Cabo Verde: 499 796 (resultado preliminar do Censo de 2010);
São Tomé e Príncipe: 187 356 (resultados do Censo de 2012)
Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP)
Com esses dados acima expostos constata-se que o número de falantes do espaço lusofóno seja de
aproximadamente 241 milhões de pessoas.[carece de fontes]
Poderá acrescentar-se a esse número a imensa diáspora de cidadãos de nações lusófonas espalhada
pelo mundo, estimando-se que ascenda aos 10 milhões (4,5 milhões de portugueses, 3 milhões de
brasileiros, meio milhão de cabo-verdianos, etc.), mas sobre a qual é difícil obter números reais
oficiais, incluindo-se nisso a obtenção de dados porcentuais dessa diáspora que fala efetivamente a
língua de Camões, uma vez que uma porção significativa será de cidadãos de países lusófonos nascidos
fora de território lusófono descendentes de imigrantes, os quais não necessariamente falam o
português. É necessário ter-se igualmente em conta que boa parte das diásporas nacionais já se
encontra contabilizada nas populações dos países lusófonos, como por exemplo o grande número de
cidadãos emigrantes dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOPs) e brasileiros em
Portugal, ou o grande número de cidadãos emigrantes portugueses no Brasil e nos PALOPs.[71]
A língua portuguesa está no cotidiano de 241 milhões de pessoas, que têm contato direto ou indireto
legal, jurídico e socialmente com a língua portuguesa, podendo tal contato consistir do idioma no dia-a-
dia, passando pela educação, pelo contato com a administração local ou internacional, pelo comércio
e/ou serviços, ou até mesmo consistir do simples vislumbre de sinalética, informação municipal e
publicidade em português.[carece de fontes]
Cabe notar ainda o importante aumento e a consolidação da população das várias jurisdições para
números arredondados facilmente identificáveis: Portugal Continental com 10 milhões e Açores e
Madeira contabilizando já meio milhão juntos; o Brasil passa dos 190 milhões, Moçambique dos 20
milhões, Angola dos 15 milhões, Guiné-Bissau 1,5 milhão, o grupo insular africano Cabo Verde e São
Tomé e Príncipe, que têm 1 milhão, Timor-Leste, que também tem praticamente a mesma população, e
Macau com 500 mil. Números recentes e reais que, individualmente e em conjunto, fortalecem as suas
nações, as identidades lusófonas e a língua portuguesa no panorama internacional.[
Português como língua estrangeira
O ensino obrigatório do português nos currículos escolares é observado no Uruguai e na Argentina.
Outros países onde o português é ensinado em escolas, ou onde seu ensino está sendo introduzido
agora, incluem Venezuela, Zâmbia, Congo Senegal, Namíbia, Suazilândia, Costa do Marfim e África
do Sul.
Futuro
Segundo estimativas da UNESCO, o português e o espanhol são os idiomas que mais crescem entre as
línguas europeias após o inglês e o idioma que tem o maior potencial de crescimento como língua
internacional na África Austral e na América do Sul. Espera-se que os países africanos falantes da
língua portuguesa tenham uma população combinada de 83 milhões de pessoas até 2050. No total, os
países de língua portuguesa terão por volta de 400 milhões de pessoas no mesmo ano.
Desde 1991, quando o Brasil assinou no mercado econômico do Mercosul com outros países sul-
americanos, como Argentina, Uruguai e Paraguai, tem havido um aumento no interesse pelo estudo
do português nas nações da América do Sul. O peso demográfico do Brasil no continente continuará a
reforçar a presença do idioma na região.[78][79]
Embora no início do século XXI, depois de Macau ter sido cedida à China, o uso de português estivesse
em declínio na Ásia, está novamente se tornando uma língua relativamente popular por lá,
principalmente por causa do aumento dos laços diplomáticos e financeiros chineses com os países de
língua portuguesa.
Visibilidade política
IV Conferência dos Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
em Brasília.
Existe um número crescente de pessoas que falam português, nos média e na internet, que estão
apresentando tal situação à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e outras
organizações para a realização de um debate na comunidade lusófona, com o objetivo de apresentar
uma petição para tornar o português uma das línguas oficiais da Organização das Nações Unidas
(ONU).
Em outubro de 2005, durante a convenção internacional do Elos Clube Internacional da Comunidade
Lusíada, realizada em Tavira (Portugal), uma petição cujo texto pode ser encontrado na internet com o
título "Petição para tornar o idioma português oficial na ONU" foi redigida e aprovada por unanimidade
Rômulo Alexandre Soares, presidente da Câmara Brasil - Portugal, destaca que o posicionamento do
Brasil no cenário internacional como uma das potências emergentes do século XXI, pelo tamanho de sua
população, e a presença da sua variante do português em todo o mundo, fornece uma justificação
legítima para a petição enviada à ONU, e assim tornar o português uma das línguas oficiais da
organização.[82] Esta é actualmente uma das causas do Movimento Internacional Lusófono.[83]
Em África, o português é língua oficial em Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau, Moçambique
e Angola.[84] Finalmente, na Ásia, encontra-se Timor-Leste uma nação lusófona.[8]
Assim como os outros idiomas, o português sofreu uma evolução histórica, sendo influenciado por
vários idiomas e dialetos, até chegar ao estágio conhecido atualmente. Deve-se considerar, porém, que
o português de hoje compreende vários dialetos e subdialetos, falares e subfalares, muitas vezes
bastante distintos, além de dois padrões reconhecidos internacionalmente (o português brasileiro e o
português europeu). No momento atual, o português é a única língua do mundo ocidental falada por
mais de cem milhões de pessoas com duas ortografias oficiais (é notado que a inglês têm diferenças de
ortografia pontuais mas não ortografias oficiais divergentes). Esta situação deve ser resolvida pelo
Acordo Ortográfico de 1990.[85]
A língua portuguesa tem grande variedade de dialectos, muitos deles com uma acentuada diferença
lexical em relação ao português padrão seja no Brasil ou em Portugal. Tais diferenças, entretanto, não
prejudicam muito a inteligibilidade entre os locutores de diferentes dialectos.
Os primeiros estudos sobre os dialectos do português europeu começaram a ser registados por Leite de
Vasconcelos no começo do século XX. Mesmo assim, todos os aspectos e sons de todos os dialectos de
Portugal podem ser encontrados nalgum dialecto no Brasil. O português africano, em especial o
português são-tomense, tem muitas semelhanças com o português do Brasil. Ao mesmo tempo, os
dialetos do sul de Portugal (chamados "meridionais") apresentam muitas semelhanças com o falar
brasileiro, especialmente, o uso intensivo do gerúndio (e. g. falando, escrevendo, etc.). Na Europa, os
dialectos transmontano e alto-minhoto apresentam muitas semelhanças com o galego. Um dialecto já
quase desaparecido é o português oliventino ou português alentejano oliventino, falado em Olivença
e em Táliga.[93]
Após a independência das antigas colônias africanas, o português padrão de Portugal tem sido o
escolhido pelos países africanos de língua portuguesa. Logo, o português tem apenas dois dialetos de
aprendizagem, o europeu e o brasileiro. Note-se que na língua portuguesa europeia há uma variedade
prestigiada que deu origem à norma-padrão: a variedade de Lisboa.[94] No Brasil, a maior quantidade de
falantes se encontra na região sudeste do país, essa região foi alvo de intensas migrações
internas,graças ao seu poder econômico. O Distrito Federal. apresenta um destaque devido ao seu
dialeto próprio,pelas várias ordas de migração interna. Os dialectos europeus e americanos do
português apresentam problemas de inteligibilidade mútua (dentro dos dois países), devido, sobretudo,
a diferenças culturais, fonéticas, lexicais. Nenhum pode, no entanto, ser considerado como
intrinsecamente melhor ou perfeito.[95]
Algumas comunidades cristãs falantes de português na Índia, Sri Lanka, Malásia e Indonésia
preservaram a sua língua mesmo depois de terem ficado isoladas de Portugal. A língua foi muito
alterada nessas comunidades e, em muitas, nasceram crioulos de base portuguesa, alguns dos quais
ainda persistem, após séculos de isolamento.[96] Também é percebível uma variedade de palavras
originadas do português no tétum. Palavras de origem portuguesa entraram no léxico de várias outras
línguas, como o japonês, o suaíli, o indonésio e o malaio.[97]
O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, com cerca de 228 500 entradas, 376 500 acepções,
415 500 sinónimos, 26 400 antónimos e 57 000 palavras arcaicas, é um exemplo da riqueza léxica da
língua portuguesa. Segundo um levantamento feito pela Academia Brasileira de Letras, a língua
portuguesa tem atualmente cerca de 356 mil unidades lexicais. Essas unidades estão dicionarizadas no
Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa.[99]
A maior parte do léxico do Português é derivado do latim, já que o português é uma língua românica. No
entanto, por causa da ocupação moura da Península Ibérica durante a Idade Média e a participação de
Portugal na Era dos Descobrimentos, adotou palavras de todo o mundo. No século XIII, por exemplo, o
léxico do português tinha cerca de 80% de suas palavras com origem latina e 20% com origem pré-
romana, germânica e árabe. Atualmente, a língua portuguesa ostenta em seu vocabulário termos
provenientes de diferentes idiomas como o provençal, o holandês, o hebraico, o persa, o quíchua, o
chinês, o turco, o japonês, o alemão e o russo, além de idiomas bem mais próximos, como o inglês, o
francês, o espanhol e o italiano. Também houve influência de algumas línguas africanas.[100][101]
Muito poucas palavras em português podem ter sua origem rastreada até os habitantes pré-romanos de
Portugal, que incluíam os galaicos, lusitanos, célticos e cónios. O fenícios e cartagineses, brevemente
presentes na região, também deixaram alguns poucos vestígios. No século V, a Península Ibérica (a
Hispania romana) foi conquistada pelos germânicos suevos e visigodos. Esses povos contribuíram com
algumas palavras ao léxico português, principalmente nas relacionadas à guerra. Entre os séculos IX e
XIII, o português adquiriu cerca de 800 palavras do árabe, devido a influência moura na Iberia. No
século XV, as explorações marítimas portuguesas levaram à introdução de estrangeirismos de muitas
das línguas asiáticas. Do século XVI ao XIX, por causa do papel de Portugal como intermediário no
comércio de escravos no Atlântico e o estabelecimento de grandes colónias portuguesas em Angola,
Moçambique e Brasil, o português sofreu várias influências de idiomas africanos e ameríndios.[100][101]
Classificação e línguas relacionadas
Diferenças entre o castelhano e o português e Diferenças entre o galego e o português
O português é uma língua indo-europeia, do grupo das línguas românicas (ou latinas), as quais
descendem do latim, pertencente ao ramo itálico da família indo-europeia.
A língua portuguesa é, em alguns aspectos, parecida com a língua castelhana, tal como com a língua
catalã ou a língua italiana, mas é muito diferente na sua sintaxe, na sua fonologia e no seu léxico. Um
falante de uma das línguas precisa de alguma prática para entender um falante da outra. Além do mais,
as diferenças no vocabulário podem dificultar o entendimento. Entretanto, essa situação usualmente se
configura usando o vocabulário corrente da língua. Geralmente, há palavras portuguesas da mesma
origem etimológica (às vezes em desuso) que as dos outros romances. Compare-se por exemplo:
Ela fecha sempre a janela antes de jantar. (em português) (língua atual)
Ella cierra siempre la ventana antes de cenar. (castelhano)
Ela cerra sempre a ventana antes de cear. (usando a mesma etimologia)
Enquanto os falantes de português têm um nível notável de compreensão do castelhano, os falantes
castelhanos têm, em geral, maior dificuldade de entendimento. Isto acontece porque o português,
apesar de ter sons em comum com o castelhano, também tem sons particulares. No português, por
exemplo, há vogais e ditongos nasais (provavelmente herança das línguas célticas[102][103]). Além disso,
no português europeu há uma profunda redução de intensidade das sílabas finais e as vogais átonas
finais tendem a ser ensurdecidas ou mesmo suprimidas. Esta particularidade da variedade europeia
resulta do chamado ‘processo de redução do vocalismo átono’.
O português é, naturalmente, relacionado com o catalão, o italiano e todas as outras línguas de origem
latina.
Há muitas línguas de contato derivadas do ou influenciadas pelo português, como por exemplo o patuá
macaense de Macau. No Brasil, destacam-se o lanc-patuá derivado do francês e vários quilombolas,
como o cupópia do Quilombo Cafundó, de Salto de Pirapora, no estado brasileiro de São Paulo.[104]
Ortografia
O português tem duas variedades escritas (padrões ou standards) reconhecidas internacionalmente:
Português europeu e africano (português europeu)
Português do Brasil (português brasileiro)
Empregado por cerca de 85% dos falantes do português, o padrão brasileiro é hoje o mais falado,
escrito, lido e estudado do mundo. É, ademais, amplamente estudado nos países da América do Sul,
devido à grande importância econômica do Brasil no Mercosul.
As diferenças entre as variedades do português da Europa e do Brasil estão no vocabulário, na
pronúncia e na sintaxe, especialmente nas variedades vernáculas, enquanto nos textos formais essas
diferenças diminuem bastante. As diferenças não são maiores que entre o inglês dos Estados Unidos e
do Reino Unido ou o francês da França e de Québec.[105] Ambas as variedades são, sem dúvida,
dialectos da mesma língua e os falantes de ambas as variedades podem entender-se apenas com
pequenas dificuldades pontuais.
Essas diferenças entre as variantes são comuns a todas as línguas naturais, ocorrendo em maior ou
menor grau, dependendo do caso. Com um oceano entre Brasil e Portugal, e ao longo de quinhentos
anos, a língua evoluiu de maneira diferente em ambos os países, dando origem a dois padrões de
linguagem simplesmente diferentes, não existindo um padrão que seja mais correto em relação ao
outro.
É importante salientar que dentro daquilo a que se convencionou chamar "português do Brasil" e
"português europeu" há um grande número de variações regionais.
Um dos traços mais importantes do português brasileiro é o seu conservadorismo em relação à variante
europeia, sobretudo no aspecto fonético. Um português do século XVI mais facilmente reconheceria a
fala de um brasileiro do século XX como sua do que a fala de um português[106]. O exemplo mais forte
disto é o vocalismo átono usado no Brasil, que corresponde ao do português da época dos
descobrimentos. Assim, a linguística não só retira qualquer autoridade de qualquer variante em relação
às outras, como mostra que a distância entre as variantes e entre os seus falantes não é tão grande
como muitos pensam.
O que mais afasta as duas variantes não é o seu léxico ou pronúncia distintos, considerados naturais até
num mesmo país, mas antes a circunstância, pouco comum nas línguas, de seguirem duas ortografias
diferentes. Por exemplo, o Brasil eliminou o "c" das sequências interiores cc/cç/ct, e o "p" das
sequências pc/pç/pt sempre que não são pronunciados na forma culta da língua, um remanescente do
passado latino da língua que persistiu no português europeu.
Também ocorrem diferenças de acentuação devido a pronúncias diferentes. No Brasil, em palavras
como acadêmico, anônimo e bidê usa-se o acento circunflexo por tratar-se de vogais fechadas,
enquanto nos restantes países lusófonos estas vogais são abertas: académico, anónimo e bidé
respectivamente.
Reformas ortográficas
Durante muitos anos, Portugal (até 1975, incluía as suas colónias) e o Brasil tomaram decisões
unilateralmente e não chegaram a um acordo comum, legislando sobre a língua.[107]
Existiram pelo menos cinco acordos ortográficos: Acordo Ortográfico de 1911, Acordo Ortográfico de
1943, Acordo Ortográfico de 1945, Acordo Ortográfico de 1971 e o Acordo Ortográfico de 1990.
Todos eles estiveram envolvidos em polémicas e divergências entre os países signatários. Os mais
significativos foram o Acordo Ortográfico de 1943 que esteve em vigor apenas no Brasil entre 12 de
agosto de 1943 e 31 de dezembro de 2008 (com algumas alterações introduzidas pelo Acordo
Ortográfico de 1971) e o Acordo Ortográfico de 1945, em vigor em Portugal e todas as colónias
portuguesas da época, desde 8 de Dezembro de 1945 até à entrada em vigor do Acordo Ortográfico de
1990 (que ainda não entrou em vigor em todos os países signatários).[107]
Acordo de 1990
Acordo ortográfico de 1990
O Acordo Ortográfico de 1990 foi proposto para criar uma norma ortográfica única, de que
participaram na altura todos os países de língua oficial portuguesa, e em que esteve presente uma
delegação não oficial de observadores da Galiza. Os signatários que ratificaram o acordo original foram
Portugal (1991), Brasil (1995), Cabo Verde (1998) e São Tomé e Príncipe (2006).[85]
Variedades ortográficas
Portugal e
países que não
assinaram o
acordo de 1990
Brasil e países
que assinaram
o acordo de
1990
direcção direção
óptimo ótimo
Em julho de 2004 foi aprovado, em São Tomé e Príncipe, o Segundo Protocolo Modificativo, durante a
Cúpula dos Chefes de Estado e de governo da CPLP. O Segundo Protocolo vem permitir que o Acordo
possa vigorar com a ratificação de apenas três países, sem a necessidade de aguardar que todos os
demais membros da CPLP adotem o mesmo procedimento, e contempla também a adesão de Timor-
Leste, que ainda não era independente em 1990. Assim, tendo em vista que o Segundo Protocolo
Modificativo foi ratificado pelo Brasil (2004), Cabo Verde (2005) e São Tomé e Príncipe (2006), e que o
Acordo passaria automaticamente a vigorar um mês após a terceira ratificação necessária, tecnicamente
o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa está em vigor, na ordem jurídica internacional e nos
ordenamentos jurídicos dos três Estados acima indicados, desde 1º de Janeiro de 2007.[108]
Depois de muita discussão, no dia 16 de maio de 2008, o parlamento português ratificou o Segundo
Protocolo Modificativo, estabelecendo um prazo de até seis anos para que a reforma ortográfica seja
totalmente implantada. No entanto, não existe nenhuma data oficial para a vigência do tratado no país,
pelo que se rege segundo a norma oficial de 1945.[109]
No Brasil, houve a vigência desde janeiro de 2009, tendo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
assinado legislação sobre o acordo no segundo semestre de 2008, porém, até 2012 as duas ortografias
estarão vigentes.[110]
Gramática
A Gramática
tem como finalidade orientar e regular o uso da língua, estabelecendo um padrão de escrita e de fala
baseado em diversos critérios, tais como:
- Exemplo de bons escritores;
- Lógica;
- Tradição;
- Bom senso.
Em se tratando de Gramática, tem-se como matéria-prima um sistema de normas, o qual dá estrutura à
língua. Tais normas definem a língua padrão, também chamada língua culta ou norma culta. Assim, para
falar e escrever corretamente, é preciso estudar a Gramática.
Por ser um organismo vivo, a língua está sempre evoluindo, o que muitas vezes resulta num
distanciamento entre o que se usa efetivamente e o que fixam as normas. Isso não justifica, porém, o
descaso com a Gramática. Imprecisa ou não, existe uma norma culta, a qual deve ser conhecida e
aplicada por todos.
Quem desconhece a norma culta acaba tendo acesso limitado às obras literárias, artigos de jornal,
discursos políticos, obras teóricas e científicas, enfim, a todo um património cultural acumulado durante
séculos pela humanidade.
Tipos de Gramática
1. Gramática Normativa
É aquela que busca a padronização da língua, estabelecendo as normas do falar e escrever
correctamente. Costuma ser utilizada em sala de aula e em livros didácticos. É também o tipo
adoptado no Só Português.
2. Gramática Descritiva
Ocupa-se da descrição dos fatos da língua, com o objectivo de investigá-los e não de estabelecer o que é
certo ou errado. Enfatiza o uso oral da língua e suas variações.
3. Gramática Histórica
Estuda a origem e a evolução histórica de uma língua.
4. Gramática Comparativa
Dedica-se ao estudo comparado de uma família de línguas. O Português, por exemplo, faz parte da
Gramática Comparativa das línguas românicas.
Divisão da Gramática
Sabe-se que a língua é um sistema tríplice: compreende um sistema de formas (mórfico), um sistema de
frases (sintáctico) e um sistema de sons (fónico). Por essa razão, a Gramática tradicionalmente divide-se
em:
Morfologia - abrange o sistema mórfico.
Sintaxe - enfoca o sistema sintático.
Fonologia/Fonética - focaliza o sistema fónico
A Comunicação
É a forma como as pessoas se relacionam entre si, dividindo e trocando experiências, idéias,
sentimentos, informações, modificando mutuamente a sociedade onde estão inseridas. Sem a
comunicação, cada um de nós seria um mundo isolado.
Comunicar é tornar comum, podendo ser um ato de mão única, como TRANSMITIR (um emissor
transmite uma informação a um receptor), ou de mão dupla, como COMPARTILHAR (emissores e
receptores constroem o saber, a informação, e a transmitem). Comunicação é a representação de uma
realidade. Serve para partilhar emoção, sentimento, informação.
Quem comunica é a fonte e, do outro lado, está o receptor. O que se comunica é a mensagem. Pode ser
vista, ouvida, tocada. As formas de mensagens podem ser: palavras, gestos, olhar, movimentos do
corpo. As formas como as idéias são representadas são chamadas de signos. Em conjunto, formam os
códigos: língua portuguesa, código Morse, Libras, sinais de trânsito.
“Os meios são usados pelos interlocutores para transmitir sua mensagem. São eles: o artesão usa o
barro, sua mão, sua voz para transmitir conhecimento ao filho. O locutor usa sua voz, o roteiro, o disco,
a emissora de rádio, a fita gravada” (BORDENAVE).
Antes do surgimento dos meios tecnológicos de transmissão de informação (TV, rádio, internet etc.), os
meios de comunicação utilizados eram físicos, como os rios, navios, estradas etc.
Por que comunicar?
A comunicação está contida no nosso ambiente social. Em uma conversa de botequim, em um gesto
qualquer de reprovação, em um sinal de trânsito, em um espectáculo de dança ou em um diálogo entre
surdos-mudos, só para citar alguns exemplos. É impossível dissociar nossa vida, nossas necessidades, da
comunicação.
“Estudos feitos durante greves de jornais demonstram a intensidade dos sentimentos de privação e
frustração que se desenvolvem quando a leitores habituados lhes falta a leitura diária” (BORDENAVE).
Estudos também revelam que os meios de comunicação exercem influências positivas e negativas na
vida das pessoas. Ex. jornais podem ajudar na tomada de decisão importante, propiciar o
estabelecimento de contactos sociais, dar status (atributo intangível). Novelas fazem “companhia” às
pessoas, propiciam uma catarse emocional. Através das novelas, as pessoas aliviam carências, fracassos.
Como evoluiu a comunicação
Por meio do grunhido, o homem primitivo imitava os sons da natureza (canto dos pássaros, latidos,
trovão). É possível que não produzissem som apenas pela boca, mas também com as mãos, pés ou a
partir de objectos. O homem evolui fisiologicamente até a libertação das mãos (homo erectos). A
posição erecta vertical possibilitaria a valorização da linguagem gestual. A voz é transformada em fala.
Os homens encontraram uma forma de associar um som ou objeto a um gesto ou ação. Assim nasceu o
signo, que é qualquer coisa que faça referência a outra coisa, dando-lhe uma significação. Os signos
podem ser representados por símbolos (objetos físicos que dão significação moral. Exs.: bandeira e hino
nacional, mulher cega segurando uma balança, alianças do casal)e sinais (indícios que possibilitam
conhecer, reconhecer ou prever algo. Exs.: Sinais de trânsito, sinais ortográficos, sinais de luzes nos
aeroportos, nas traseiras dos carros, luz de freio etc. O homem também descobre seus sinais: pegadas
humanas na praia são indícios de que alguém esteve ali, dor nas articulações é indício de que vai
chover). A atribuição de significados a determinados signos é a base da linguagem.
Uma grande invenção do homem foi a gramática, que passou a ordenar o conjunto de regras para
relacionar os signos entre si. A gramática ordenou a estrutura da apresentação dos signos. É por isso
que dizer “Presidente Lula abandona o vício de beber” é diferente de dizer “O vício de beber abandona
o presidente Lula”.
Como vimos, as primeiras formas de comunicação humana foram oral e gestual. Porém, a linguagem
oral sofria da falta de permanência (perdia-se no tempo) e de alcance (não atingia longas distâncias).
Para fixar seus signos o homem valeu-se dos desenhos e, mais tarde, da escrita.
Já para alcançar longas distâncias o homem recorreu a signos sonoros e visuais: berrante, sinal de
fumaça, sons originados de instrumentos de percussão (tribos), desenhos, monumentos (moais).
O problema da permanência e da distância foi resolvido com o surgimento da escrita (5.000 a.C.), já que
a mensagem escrita pode ser transportada a qualquer distância. Assim, temos a comunicação direta,
feita por meio palavras e gestos, e a comunicação à distância, feita por meio de sons, sinais,
manifestações culturais. Uma dessas manifestações culturais pode ser observada entre os fiéis de uma
igreja. Para a igreja, as imagens eram tão importantes que um beijo de um iletrado em uma estátua
equivalia à mesma devoção daqueles que sabiam ler (Papa Gregório, o Grande. a.C. 540 – 604).
É comum dizermos que estamos na era da imagem. Grande equívoco. Durante muito tempo a cultura foi
difundida por meio da imagem, importante forma de comunicação e de propaganda no mundo antigo
(Roma). Para os cristãos, a imagem era uma forma de comunicação e de persuasão. Muitos acham que
este é um fenómeno moderno, mas, durante a Idade média, só os monges tinham acesso à linguagem
escrita. Toda a fé religiosa era retratada nas pinturas e nos vitrais das igrejas.
Evolução da linguagem escrita
A linguagem escrita era representada por meio de pictogramas (3.300 a.C.), signos que correspondem à
imagem gráfica (desenho). Os sumérios foram os primeiros a usar a escrita (Ex.: hieróglifos do Antigo
Egito). A Suméria é civilização mais antiga da humanidade, localizada no sul da Mesopotâmia, entre o rio
Tigre e Eufrates, onde hoje está o Iraque (Oriente Médio). Foi nessa região que se deu grande passo
para o desenvolvimento da linguagem, porque era rica economicamente e intensa em actividades
mercantis. Ali circulavam textos administrativos, económicos e religiosos. Entretanto, ler e escrever era
tarefa dada a peritos (escribas), que levavam muitos anos para aprender os significados dos sinais
cuneiformes (escritos com objetos em forma de cunha). Isso divide a sociedade entre os que saber ler e
os que não sabem.
O homem teve a necessidade de ampliar o significado dos signos e estes passaram a corresponder a
ideias e não mais a palavras isoladas. Esse tipo de escrita recebeu o nome de ideográfica, assim como os
ideogramas chineses e japoneses (Ex.: para os índios da América do Norte, pássaro voando = pressa.
Para os antigos egípcios, pássaro com cabeça de homem = alma).
O homem percebeu que os signos gráficos, que eram representados pela palavra, possuíam som
(fonema). Os sons são representados por unidades menores que as palavras. Nascia o conceito de letra
(A, B, C...) e, por consequência, o alfabeto (2.000 a C). Com isso qualquer pessoa podia aprender o som
sem necessariamente conhecer o signo ou o seu significado. O alfabeto é o estágio final da evolução da
escrita.
Como transportar signos a distância seria o próximo passo a evoluir. Depois de escrever em pedras,
rocha calcária, linho (o mesmo que envolvia as múmias), papiro e pergaminho de couro de animal, era
preciso inventar um suporte mais prático. Os chineses parecem ter sido os primeiros a inventar o papel
(século II d.C.) e os tipos de imprensa móveis, feitos de barro cozido, estanho, madeira ou bronze.
Na China e no Japão, já no século VIII, era utilizado um método de impressão chamado de “impressão de
bloco”, no qual era usado um bloco de madeira entalhada para imprimir uma única página de um único
texto.
O homem e a escrita
A escrita melhora a comunicação humana, possibilitando ganhos em relação à comunicação oral ou por
meio dos monumentos. A mensagem adquire durabilidade, profundidade e clareza, podendo ser lira,
relida, criticada e modificada a qualquer tempo. O homem utiliza a escrita para documentar seus feitos
e conquistas. A escrita impulsiona o desenvolvimento das artes, da literatura e da ciência.
A partir da escrita, a sociedade passa a acumular conhecimento e pode reunir experiências do passado
para difundir entre a sociedade vigente. O homem também pode descrever o presente, sem que as
informações se percam.
Porém, as classes dirigentes percebem o poder da escrita e a monopolizam. Após a queda do Império
Romano (que ocorre com a invasão bárbara, 480 a.C.), a igreja guarda os escritos nos monastérios.
Durante mil anos, praticamente reduzida à forma latina, a escrita será o instrumento da reconstrução do
Ocidente sob o monopólio do cristianismo.
A civilização medieval na Europa não é manuscrita porque esta é monopolizada pela classe sacerdotal. A
igreja vigia o que é escrito e pune idéias contrárias à ordem estabelecida.
Na Idade Média ocorre o acúmulo de volumes manuscritos, bulas, editais papais, ordenações jurídicas.
Havia também obras clandestinas literárias, políticas e científicas que escapavam dos censores e
inquisidores.
A leitura era um fenómeno colectivo, já que os livros pertenciam a bibliotecas (as bibliotecas foram
criadas em 323 a.C. e os bibliotecários eram gramáticos famosos que corrigiam e catalogavam os
textos); lia-se em voz alta como actividade grupal; o livro impresso permite a posse individual, estimula
a reflexão e a crítica do leitor, levando o indivíduo a usar mais a razão. “O racionalismo neutraliza a fé e
contribui para o amplo desenvolvimento cultural do homem”.
Para reflectir:
Quais são os objectivos mais frequentes na comunicação?
Quais as diferentes formas de comunicação?
É possível viver sem a comunicação?
A Comunicação Verbal e não-verbal
A Comunicação é entendida como a transmissão de estímulos e respostas provocadas, através de um
sistema completa ou parcialmente compartilhado. É todo o processo de transmissão e de troca de
mensagens entre seres humanos.
Esquema da Comunicação de R. Jakobson:
Contexto
Emissor Mensagem Receptor
Contacto
Código
Para se estabelecer comunicação, tem de ocorrer um conjunto de de elementos constituídos por:
um emissor (ou destinador), que produz e emite uma determinada mensagem, dirigida a
umreceptor (ou destinatário). Mas para que a comunicação se processe efectivamente entre estes dois
elementos, deve a mensagem ser realmente recebida e descodificada pelo receptor, por isso é
necessário que ambos estejam dentro do mesmo contexto (devem ambos conhecer os referentes
situacionais), devem utilizar um mesmo código (conjunto estruturado de signos) e estabelecerem um
efectivo contacto através de um canal de comunicação. Se qualquer um destes elementos ou factores
falhar, ocorre uma situação de ruído na comunicação, entendido como todo o fenómeno que perturba
de alguma forma a transmissão da mensagem e a sua perfeita recepção ou descodificação por parte do
receptor.
Elementos da Comunicação:
- Codificar: transformar, num código conhecido, a intenção da comunicação ou elaborar um sistema de
signos;
- Descodificar: decifrar a mensagem, operação que depende do repertório (conjunto estruturado de
informação) de cada pessoa;
- Feedback: corresponde à informação que o emissor consegue obter e pela qual sabe se a sua
mensagem foi captada pelo receptor.
LINGUAGEM VERBAL: as dificuldades de comunicação ocorrem quando as palavras têm graus distintos
de abstracção e variedade de sentido. O significado das palavras não está nelas mesmas, mas nas
pessoas (no repertório de cada um e que lhe permite decifrar e interpretar as palavras);
LINGUAGEM NÃO-VERBAL: as pessoas não se comunicam apenas por palavras. Os movimentos faciais e
corporais, os gestos, os olhares, as entoações são também importantes: são os elementos não verbais
da comunicação.
Os significados de determinados gestos e comportamentos variam muito de uma cultura para outra e de
época para época.
A comunicação verbal é plenamente voluntária; o comportamento não-verbal pode ser uma reacção
involuntária ou um acto comunicativo propositado.
Alguns psicólogos afirmam que os sinais não-verbais têm as funções específicas de regular e encadear as
interacções sociais e de expressar emoções e atitudes interpessoais.
a) Expressão facial: não é fácil avaliar as emoções de alguém apenas a partir da sua expressão
fisionómica. Por vezes os rostos transmitem espontaneamente os sentimentos, mas muitas pessoas
tentam inibir a expressão emocional.
b) Movimento dos olhos: desempenha um papel muito importante na comunicação. Um olhar fixo pode
ser entendido como prova de interesse, mas noutro contesto pode significar ameaça, provocação.
Desviar os olhos quando o emissor fala é uma atitude que tanto pode transmitir a ideia de submissão
como a de desinteresse.
c) Movimentos da cabeça: tendem a reforçar e sincronizar a emissão de mensagens.
d) Postura e movimentos do corpo: os movimentos corporais podem fornecer pistas mais seguras do
que a expressão facial para se detectar determinados estados emocionais. Por ex.: inferiores
hierárquicos adoptam posturas atenciosas e mais rígidas do que os seus superiores, que tendem a
mostrar-se descontraídos.
e) Comportamentos não-verbais da voz: a entoação (qualidade, velocidade e ritmo da voz) revela-se
importante no processo de comunicação. Uma voz calma geralmente transmite mensagens mais claras
do que uma voz agitada.
f) a aparência: a aparência de uma pessoa reflecte normalmente o tipo de imagem que ela gostaria de
passar. Através do vestuário, penteado, maquilhagem, apetrechos pessoais, postura, gestos, modo de
falar, etc, as pessoas criam uma projecção de como são e de como gostariam de ser tratadas. As
relações interpessoais serão menos tensas se a pessoa fornecer aos outros a sua projecção particular e
se os outraos respeitarem essa projecção.
Conclusão: na interacção pessoal, tanto os elementos verbais como os não-verbais são importantes para
que o processo de comunicação seja efectuada
O sujeito
Tipos de sujeito
A função sintáctica que denominamos sujeito, é um termo essencial da frase e pode se comportar de
várias maneiras, dependendo da intenção da mesma: agente, experienciados, paciente, etc.
O sujeito tem a característica de concordar com o verbo, salvo raríssimas excepções.
Vejamos agora quais os tipos de sujeito existentes e como eles são caracterizados para que possamos
identificá-los.
Sujeito Simples: possui apenas um núcleo e este vem exposto.
Exemplos:
- Deus é perfeito!
- A cegueira lhe torturava os últimos dias de vida.
- Pastavam vacas brancas e malhadas.
Sujeito Composto: possui dois ou mais núcleos que também vêm expressos na oração.
Exemplos:
- As vacas brancas e os touros pretos pastavam.
- A cegueira e a pobreza lhe torturavam os últimos dias de vida.
- Fome e desidratação são agravantes das doenças daquele povo.
Sujeito Oculto: também chamado de sujeito elíptico ou desinências, é determinado pela desinência
verbal e não aparece explícito na frase. Dá-se por isso o nome de sujeito implícito.
Exemplos:
- Estamos sempre alertas para com os aumentos abusivos de preços. (sujeito: nós)
- Quero que meus pais cheguem de viagem o mais rápido possível. (sujeito: eu)
- Os pais terminaram a reunião. Foram embora logo em seguida. (sujeito: os pais - oculto apenas na
segunda frase)
Sujeito Indeterminado: Este tipo de sujeito não aparece explícito na oração por ser impossível
determiná-lo, apesar disso, sabe-se que existe um agente ou experienciador da acção verbal.
Exemplos:
1- verbo na 3ª pessoa do plural
- Dizem que a família está falindo. (alguém diz, mas não se sabe quem)
- Disseram que morreu do coração.
2- verbo na 3ª pessoa do singular + se, índice de indeterminação do sujeito
- Precisa-se de mão de obra especializada. (não se pode determinar quem precisa)
Sujeito inexistente: também chamado de oração sem sujeito, é designado por verbos que não
correspondem a uma ação, como fenômenos da natureza, entre outros.
Exemplos:
1- Verbos indicando Fenômeno da Natureza
- Choveu na Argentina e fez sol no Brasil.
2- verbo haver no sentido de existir ou ocorrer
- Houve um grave acidente na avenida principal.
- Há pessoas que não valorizam a vida.
3- verbo fazer indicando tempo ou clima
- Faz meses que não a vejo.
- Faz sempre frio nessa região do estado.
Oração Subordinada Substantiva Subjetiva: quando o sujeito é uma oração. Pode ser desenvolvida ou
reduzida. (veja esse assunto em: Orações Subordinadas Substantivas)
- Fazer promessas é muito comprometedor. (sujeito oracional: fazer promessas
O que é predicado?
É tudo aquilo que se informa sobre o sujeito e é estruturado em torno de um verbo. Ele sempre concorda
em número e pessoa com o sujeito.
Quando é um caso de oração sem sujeito, o verbo do predicado fica na forma impessoal, 3ª pessoa do
singular. O núcleo do predicado pode ser um verbo significativo, um nome ou ambos. Por exemplo:
Seu trabalho tem uma ligação muito forte com a psicanálise.
Há verbos que expressam ação (chamados de significativos). São eles:
Verbo transitivo direto
Verbo transitivo indireto
Verbo transitivo direto e indireto
Verbo intransitivo
Há verbos que expressam estado e que são chamados de verbos de ligação, que possuem as mesmas
características para um predicado nominal.
Tipos de predicado
O predicado pode ser subdividido em Predicado nominal, verbal ou verbo-nominal (também escrito
verbonominal).
Predicado verbal
No predicado verbal, o predicativo é o termo mais importante no que se refere ao predicado nominal;
Com o verbo chamar pode aparecer um predicativo referente ao objeto indireto e ao objeto direto; Só
existe predicativo do objeto indireto com o verbo chamar; O predicativo do objeto direto ou do objeto
indireto "pode" aparecer precedido de preposição; Quando não houver possibilidade de se encontrar um
predicativo em orações onde aparecem verbos de ligação, estes verbos passam a ter um conteúdo
significativo e constituirão predicados verbais; O predicado é o termo da oração que atribui uma
característica, uma propriedade, um estado ao sujeito; indica uma qualidade ou um estado do sujeito ou
do objeto direto ou objeto indireto; Só existe predicativo do objeto direto e no verbo falar. O objeto é
indireto quando antes do predicativo vem uma preposição.Quando for outra coisa(ex.Adverbio) o objeto é
indireto pessoal.
Predicado nominal
Possui por núcleo um nome:
O acesso à internet está cada vez mais ao alcance da classe média urbana.
Finaflofim é o mais fofo.
Chico está doente.
Carlos Moretão é um poeta notável.
Eu estou feliz
Predicado verbo-nominal
Os alunos saíram da aula alegres.
O predicado é verbo-nominal porque seus núcleos são um verbo (saíram - verbo intransitivo), que indica
uma ação praticada pelo sujeito, e um predicativo do sujeito (alegres), que indica o estado do sujeito no
momento em que se desenvolve o processo verbal. É importante observar que o predicado dessa oração
poderia ser desdobrado em dois outros, um verbal e um nominal. Veja:
Os alunos saíram da aula. Estavam alegres como sempre.
Estrutura do Predicado Verbo-Nominal
O predicado verbo-nominal pode ser formado de:
- Verbo Intransitivo(não transita entre substantivos) + Predicativo do Sujeito Por Exemplo: Joana partiu
contente. Sujeito Verbo Intransitivo Predicativo do Sujeito - Verbo Transitivo + Objeto + Predicativo do
Objeto Por Exemplo: A despedida deixou a mãe aflita. Sujeito Verbo Transitivo Objeto Direto
Predicativo do Objeto - Verbo Transitivo + Predicativo do Sujeito + Objeto
Por Exemplo: Os alunos cantaram emocionados aquela canção. Sujeito Verbo Transitivo Predicativo do
Sujeito Objeto Direto
Saiba que:
Para perceber como os verbos participam da relação entre o objeto direto e seu predicativo, basta passar a
oração para voz passiva. Veja:
Voz Ativa: As mulheres julgam os homens insensíveis. Sujeito Verbo Significativo Objeto Direto
Predicativo do Objeto
Voz Passiva: Os homens são julgados insensíveis pelas mulheres. Sujeito Verbo Significativo Predicativo
do Objeto
O verbo julgar relaciona o complemento (os homens) com o predicativo (insensíveis). Essa relação se
evidencia quando passamos a oração para a voz passiva.
Observação: o predicativo do objeto normalmente se refere ao objeto direto. Ocorre predicativo do
objeto indireto com o verbo chamar. Assim, vem precedido de preposição. Por exemplo:
Todos o chamam de irresponsável. Chamou-lhe ingrato. (Chamou a ele ingrato.)
Papel do predicado
Assim como o sujeito, o predicado é um segmento extraído da estrutura interna das orações sendo, por
isso, fruto de uma análise sintática. Isso implica dizer que a noção de predicado só se mostra importante
para a caracterização das palavras em termos sintáticos.
Nesse sentido, o predicado revela-se, sintaticamente, o segmento linguístico onde se estabelece a
concordância verbal com outro termo essencial da oração – o sujeito. Não se trata, portanto, de definir o
predicado como "aquilo que se diz do sujeito" como o faz gramática tradicional, mas, sim, estabelecer a
importância do fenômeno da concordância entre esses dois termos oracionais.
Imperioso frisar: ainda que, na realidade, somente o predicado seja, verdadeiramente, um termo essencial
da oração, uma vez que não há oração que não o possua, o mesmo não se pode afirmar quanto ao sujeito
que, embora seja classificado pela NGB (Nomenclatura Gramatical Brasileira) como termo essencial, de
fato não o é; prova disso é a existência da Oração sem Sujeito (OSS) constituída apenas de predicado.
Frase, oração e período
Frase é todo enunciado linguístico capaz de transmitir uma ideia. A frase é uma palavra ou conjunto de
palavras que constitui um enunciado de sentido completo. A frase começa com letra maiúscula e
termina em um ponto.
Ex.: A casa é grande.
A frase se define pelo propósito de comunicação, e não pela sua extensão. O conceito de frase,
portanto, abrange desde estruturas linguísticas muito simples até enunciados bastante complexos.
Frase verbal: Quando há presença do verbo.
(eu comi um frango)
Ex.: O Brasil é um país de dimensões continentais.
Frase nominal: Quando a frase não vem acompanhada por um verbo.
Ex.: Cuidado! (É uma frase, pois transmite uma ideia - a ideia de ter cuidado ou ficar atento - mas não há
verbo ou sujeito explícitos.)
Frase de situação (ou de contexto): Quando fatores extralinguísticos ajudam a entendê-la. Não há
presença de verbo.
Ex.: Silêncio! - criança recém-nascida.
Já a oração é todo conjunto linguístico que se estrutura em torno de um verbo ou locução verbal,
apresentando sujeito e predicado. O que caracteriza a oração é o verbo, não importando se tal oração
tenha sentido ou não sozinha.
Oração absoluta: Quando a oração representa uma frase completa que é, no caso, uma frase verbal.
Ex.: O menino sujou seu uniforme.
Oração coordenada: Quando há equivalência sintática entre as orações; elas podem ser separadas sem
perder o sentido.
Ex.: Ele não concordou com a menina e a deixou.
Oração subordinada: Quando há uma hierarquia, uma dependência sintática entre as estruturas
oracionais.
Ex.: Querendo ou não, ele aceitou as escolhas da esposa para que o casamento continuasse.
O período é uma frase que possui uma ou mais orações, podendo ser:
Simples: Quando constituído de uma só oração (um verbo ou locução verbal).
Ex.: João ofereceu um livro a Joana.
Composto: Quando é constituído de duas orações(dois verbos ou locuções verbais). Os períodos
compostos são formados por coordenação ou por subordinação.
Ex.: O povo anseia que haja uma eleição justa.
Misto: Quando é constituído por três ou mais orações (três ou mais verbos ou locuções verbais),
apresentando a mistura da coordenação e da subordinação.
Ex.: Ele amava e sufocava a vida da mulher que libertara da prisão. (1ª e 2ª orações --> coordenadas; 3ª
oração --> subordinada à 2ª)
Tipos básicos de frases
Frases exclamativas: as que possuem exclamação;
Frases imperativas: as que expressam ordens, proibições ou conselhos;
Frases interrogativas: as que transmitem perguntas; e
Frases declarativas: as que anunciam qualquer fato.
E ainda há mais dois grupos secundários:
Frases optativas: o emissor expressa um desejo (Ex.: Quero comer picolé.);
Frases imprecativas: o emissor expressa uma súplica através de maldição. (Ex.: Que um raio caia sobre
minha cabeça.).
Outros tipos de frases
Frase simples (frase não-idiomática): do ponto de vista de uma tradução, é a que pode ser traduzida
literalmente para uma língua (nota: em alguns casos, frases simples têm uma diferença mínima em
outra língua, geralmente de ordem gramatical.)
Frase Clichê: são frases que podem reproduzir formas de discriminação social e expressar um modo de
pensar as relações sociais,utilizando às vezes fragmentos de provérbios. Exemplos:Lugar de Mulher é na
Cozinha, Homem não presta, Ele é um Preto de Alma Branca.
Frase idiomática ou expressão idiomática: É a que não é traduzida literalmente para outro idioma.
No caso, em cada língua a ideia da frase é expressa por palavras totalmente diferentes. Exemplo
portuguesa-inglês: Ele está na pior. = He’s down and out. (Literalmente: Ele está abaixo e fora).
Frase feita: É a que, a fim de expressar determinada ideia, é dita sempre de forma invariável. Exemplo:
Ele foi pego com a boca na botija. Note-se que às vezes uma frase feita é, ao mesmo tempo, uma
expressão idiomática. Por exemplo, a frase feita acima citada é dita em inglês como He was caught red-
handed., ou, literalmente: ele foi pego com as mãos vermelhas.
Frase formal (não-coloquial, não-popular) : É a dita segundo as normas da linguagem padrão ou
formal. Esta é usada formalmente por escrito, e em circunstâncias formais também oralmente, em
textos não raro mais longos (em relação a textos sinônimos coloquiais), às vezes com palavras difíceis
(que não são do conhecimento da população em geral).
Frase coloquial (coloquialismo) : É a dita de forma coloquial, ou seja, usando-se uma linguagem simples,
em geral oralmente, com textos resumidos e informais. Uma frase coloquial pode conter erros
gramaticais (uma ou mais palavras não estão na linguagem padrão), mas costuma ser falada por
qualquer pessoa, não importa o seu nível social. Exemplos:
Formal: Está certo (concordo).
Coloquial: Tá certo.
Sinais de Pontuação/sinais auxiliares da escrita
Sinal Utilização
Ponto (.)Usa-se no final do período, indicando que o sentido está completo e nas
abreviaturas (Dr., Exa., Sr.); marca uma pausa absoluta
Vírgula (,)
Marca uma pequena pausa. É usada para separar: o oposto; o vocativo; o
atributo; os elementos de um sintagma não ligados pelas
conjunções e, ou,nem; as coordenadas assindéticas não ligadas por
conjunções; as orações relativas; as orações intercaladas; as orações
subordinadas e as adversativas introduzidas
por mas, contudo, todavia e porém.
Ponto e vírgula (;)
Sinal intermédio entre o ponto e a vírgula que indica que a frase não está
finalizada. Usa-se: em frases constituídas por várias orações, algumas das
quais já contêm uma ou mais vírgulas; para separar frases subordinadas
dependentes de uma subordinante; como substituição da vírgula na
separação da oração coordenada adversativa da oração principal.
Dois pontos (:) Marcam uma pausa e anunciam: uma citação; uma fala; uma
enumeração; um esclarecimento; uma síntese
Ponto de interrogação (?) Usa-se no final de uma frase interrogativa directa e indica uma pergunta
Ponto de exclamação (!)Usa-se no final de qualquer frase que exprime sentimentos, emoções,
dor, ironia e surpresa
Reticências (...)Marcam uma interrupção na frase indicando que o sentido da oração
ficou incompleto
Aspas ("...")Usam-se para delimitar citações; para referir títulos de obras; para
realçar uma palavra ou expressão
Parênteses (...) Marcam uma observação ou informação acessória intercalada no texto
Parágrafo (§)Constitui cada uma das secções de frases de um escrito; começa por letra
maiúscula, um pouco além do ponto em que começam as outras linhas.
Travessão (-)
Marca o início e o fim das falas, no diálogo para distinguir cada um dos
interlocutores; as orações intercaladas; as sínteses no final de um texto.
Substitui os parênteses.
Aspas *
« »
Utilizam-se no início e no fim de citações, transcrições de textos; para destacar palavras ou expressões
pouco utilizadas: nomes de filmes, títulos de obras, etc..
No fim do jantar a mãe da Maria perguntou: « Maria, já fizeste os T.P.C.?»
APÓSTROFO
1. O apóstrofo ( ' ) representa sons que são suprimidos na fala, geralmente e e a fechados. Nos textos
formais evita-se o seu emprego.
2. É utilizado no artigo feminino singular, la, quando a palavra seguinte começa por vogal: l'alma.
3. Pode utilizar-se, mas não é indispensável, em palavras como en, me, de, que, desde, çque, se, antes
de palavras começadas por vogal ou h: "Desd'anton, a quantos probes ancuntraba", "Botou-la al probe
para s'el cobrir", "Seguie Martino d'a cabalho", "Quien m'agasalhou cun esta meia capa", "Biu l lhugar
q'hoije cháman Costantin", "Bida q'hai q'arrincar", "Bida q'anté agora s'anraizou n'auga".
4. Nas formas elididas mas muito repetidas, como pra, pa, del, cul, etc., dispensa-se o apóstrofo.
HÍFEN
O hífen (-) tem em mirandês as seguintes funções:
1. Unir vocábulos compostos por elementos que conservam a sua acentuação própria: guarda-rius.
2. Ligar os pronomes complemento ao verbo de que dependem e que os precede: dá-me-lo.
3. Indicar translineação, ou seja, marcar, no fim de uma linha de escrita, o corte de uma palavra que
continua na linha seguinte.
3.1. A divisão dos vocábulos tem em conta a sua formação silábica. Assim, não se separa a consoante
s-, z- ou ç- inicial de palavra: znu-dar, não z-nu-dar, sco-la, não s-cola, çqui-lar, não ç-quilar.
Os sinais de pontuação servem para tornar clara e expressiva a língua escrita. A sua correcta utilização
é muito importante para a organização e compreensão de qualquer texto.
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