a contribuiÇÃo do senai para a inovaÇÃo no sistema de produÇÃo fabril
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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS E CONTÁBEIS CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO
A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE
PRODUÇÃO FABRIL
FELIPE PUSANOVSKY DE BARROS
MARCELO ÁLVARO DA SILVA MACEDO
RIO DE JANEIRO/RJ
2013-1
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS E CONTÁBEIS CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
TRABALHO DE CONCLUSÃO DO CURSO
A CONTRIBUIÇÃO DO SENAI PARA A INOVAÇÃO NO SISTEMA DE
PRODUÇÃO FABRIL
FELIPE PUSANOVSKY DE BARROS
MARCELO ÁLVARO DA SILVA MACEDO
RIO DE JANEIRO/RJ
2013-1
Ficha catalográfica – elemento obrigatório em monografia/TCC não necessita do código da biblioteca, mais precisa ser impressa no verso da folha de rosto, (a que
contem os símbolos) na parte inferior e centralizada.
BARROS, Felipe Pusanovsky de A Contribuição do SENAI para a Inovação no Sistema de
Produção Fabril/ Felipe Pusanovsky de Barros - Rio de Janeiro, 2013-1
97 f. Orientador: Marcelo Álvaro da Silva Macedo Monografia – Universidade Federal Rural do Rio de
Janeiro. Instituto de Ciências Humanas e Sociais.
1. Inovação 2.Edital SENAI SESI 3.Indústria Brasileira 4.Produção. 5. Gestão do Conhecimento
Barros, Felipe Pusanovsky de II. Universidade Federal Rural
do Rio de Janeiro. Instituto de Ciências Humanas e Sociais. III. Título.
Dedico este trabalho a meus pais, a meu
filho Victor, a minha companheira, amiga e
colega de classe Luciene de Almeida e aos
funcionários do CEDERJ, do Polo de Rio
das Flores, em especial, à Bárbara e à
Margarete.
AGRADECIMENTOS
Agradeço à Deus pela sua generosidade em ter me presentado com uma
família maravilhosa.
Fazer uma graduação à distância, apesar de possibilitar um estudo
desprendido dos rígidos horários dos cursos presenciais, é uma tarefa muitas vezes
árdua, pois o aluno tem seu aprendizado condicionado, exclusivamente, a sua força
de vontade. Encontrar um aluno para juntos caminhar, é de fundamental importância,
por isso, agradeço à Luciene Nascimento de Almeida, por todos os momentos
enfrentados durante o curso. Momentos de alegrias, frustrações e conquistas que
tivemos.
Á UFRRJ - CEDERJ – especialmente ao Departamento de Ciências
Administrativas e Contábeis - DCAC, pela oportunidade concedida para realização do
curso.
Ao professor Marcelo Álvaro da Silva Macedo, pela presteza em suas
orientação e por suas assertivas observações que direcionaram meus esforços para
um norte correto, oferecendo qualidade ao meu trabalho.
Às funcionárias do CEDERJ, polo de Rio das Flores, Bárbara Mynssen e
Margarete de Barros pelo estímulo, confiança, apoio, amizade e constante auxílio
durante todo o curso e pelo profissionalismo com que desempenham suas funções.
Quanto de inovação é inspiração e quanto é trabalho duro? Se é principalmente o primeiro, então o papel da gestão é limitado: Contrate as pessoas certas, e saia de seu caminho. Se é em grande parte a esta última, a administração deve desempenhar um papel mais vigoroso: Estabelecer os papéis e processos corretos, definir metas claras e medidas pertinentes, e analisar os progressos a cada passo
Peter F. Drucker
RESUMO
Este estudo tem por objetivo identificar como o SENAI, através do Edital SENAI SESI de Inovação, tem contribuído para a implementação da inovação nas indústrias brasileiras. Quanto a metodologia, trata-se de uma pesquisa descritiva, qualitativa, cujo procedimento adotado foi o de estudo de casos múltiplos. O referencial teórico abordou diversos aspectos sobre o assunto inovação: tipos, fatores condicionantes, estratégias, gestão da inovação entre outros. Para alcançar o objetivo proposto foram entrevistadas as empresas LDSoftware Ltda. (ONIRIA Software) e a Giga Indústria e Comércio de Produtos Mecânicos e Eletrônicos Ltda. A conclusão a que se chega é que é relevante o fomento proporcionado pelo Edital, tanto pelo apoio financeiro, quanto pelo tecnológico, ainda que existam críticas ao modelo definido no Edital.
Palavras-chave: Inovação. Edital SENAI SESI. Indústria Brasileira. Produção. Gestão do Conhecimento.
ABSTRACT
This study aims to identify how the SENAI, through Edict SENAI SESI of Innovation, has contributed to the implementation of innovation in Brazilian industry. Regarding the methodology, it is a descriptive, qualitative, whose procedure used was multiple case study. The literature review covered various aspects of the innovation: types, conditioning factors, strategies, innovation management among others. To achieve the proposed objective were interviewed companies LDSoftware Ltda. (ONIRIA Software) and Giga Industry and Commerce of Mechanical and Electronic Products Ltda. The conclusion reached is that it is relevant the fomentation provided by the Edict, both by the financial support such as technological, although there are criticisms of the model defined in the Edict .
Keywords: Innovation. Edict SENAI SESI. Brazilian Industry. Production. Knowledge Management.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Síntese do conceito de Inovação ..................................................... 11
Figura 2: Imitadores, Inovadores e Competitividade........................................ 22
Figura 3: Funil da Inovação.............................................................................. 27
Figura 4: Materiais de divulgação do Edital SENAI SESI de Inovação............ 33
Figura 5: Fases de classificação dos projetos ................................................
35
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1: As Exportações Crescem com a Intensidade Tecnológica dos
Produtos........................................................................................................... 20
Gráfico 2: Exportações Brasileiras e do Mundo Classificadas por
Intensidade Tecnológica em 2003.................................................................... 28
Gráfico 3: Histórico de Projetos Aprovados pelo Edital de Inovação SENAI
SESI entre 2004 e 2011................................................................................ 34
Gráfico 4: Histórico dos Recursos Envolvidos entre os anos de 2004 e
2011.................................................................................................................. 35
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Perguntas dirigidas às empresas participantes desse estudo.......... 7
Quadro 2: Fontes de tecnologia mais utilizadas pelas empresas...................... 14
Quadro 3: Segway e a revolução dos transportes............................................. 18
Quadro 4: As empresas e suas estratégias competitivas.................................. 23
Quadro 5: Viagra: Ele foi criado graças a uma doença cardíaca....................... 25
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ABDI Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial
CETIQT Centro de Tecnologia da Indústria Química e Têxtil
CNI Confederação Nacional da Indústria
DN Departamento Nacional
DNA Ácido Desoxirribonucleico
DR Departamento Regional
FDA Food and Drug Administration
FINEP Financiadora de Estudos e Projetos
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IEL Instituto Euvaldo Lodi
INATEL Instituto Nacional de telecomunicações
IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
P&D Pesquisa e Desenvolvimento
PIB Produto Interno Bruto
PINTEC Pesquisa de Inovação
SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas
SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SESI Serviço Social da Indústria
UNITEC Unidade Tecnologia de Inovação
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 3
1.1 Problema de Pesquisa ....................................................................................... 3
1.2 Objetivos ............................................................................................................ 4
1.2.1 Objetivo Geral .............................................................................................. 4
1.2.2 Objetivos Específicos ................................................................................... 4
1.3 Justificativa ......................................................................................................... 4
1.4 Metodologia ........................................................................................................ 5
1.4.1 Instrumento de Coleta de Dados .................................................................. 6
1.4.2 Coleta dos Dados ......................................................................................... 7
1.4.3 Análise dos Dados........................................................................................ 8
1.4.4 Limitações da Pesquisa ................................................................................ 9
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................... 10
2.1 Inovação ........................................................................................................... 10
2.1.1 Evolução Histórica e Conceitos .................................................................. 10
2.1.2 Tipos de inovação ...................................................................................... 12
2.1.2.1 A Inovação Radical ............................................................................. 12
2.1.2.2 A Inovação Incremental ...................................................................... 12
2.1.3 Fontes para a Inovação nas Empresas ...................................................... 13
2.1.4 Condicionantes da inovação ...................................................................... 15
2.1.4.1 Difusão tecnológica ............................................................................ 15
2.1.4.2 Condicionantes técnicos ..................................................................... 16
2.1.4.3 Condicionantes econômicos ............................................................... 17
2.1.4.4 Condicionantes Institucionais ............................................................. 20
2.1.5 Estratégias de Inovação ............................................................................. 21
2.1.6 Gestão da Inovação ................................................................................... 24
2.1.6.1 O Processo de Inovação .................................................................... 24
2.1.6.2 A seleção de Ideias ............................................................................ 26
2.1.7 Transferência de Tecnologia ...................................................................... 27
2.1.8 A Inovação no Brasil ................................................................................... 28
2.1.8.2 Relação com o Grau de Tecnologia nos Produtos Exportados .......... 28
2.1.8.2 Relação com o Crescimento e Qualidade de Mão de Obra ................ 29
3. APRESENTAÇÃO DO ESTUDO DE CASOS ....................................................... 30
3.1 O SENAI ........................................................................................................... 30
3.1.1 Histórico do SENAI ..................................................................................... 30
3.1.2 Os Editais de Inovação do SENAI .............................................................. 32
3.1.2.1 O Que São os Editais de Inovação do SENAI .................................... 32
3.1.2.2 Evolução dos Índices do Edital SESI SENAI de Inovação .................. 34
3.2 As Empresas Pesquisadas ............................................................................... 37
3.2.1 LDSoftware Ltda. (ONIRIA Software) ......................................................... 37
3.2.2 Giga Indústria e Comércio de Produtos Mecânicos e Eletrônicos Ltda. ..... 38
4 ANÁLISE DO ESTUDO DE CASOs ....................................................................... 40
4.1- Conhecimento do Edital .................................................................................. 40
4.2- Caracterização da Inovação ............................................................................ 40
4.3- Crescimento de Produtividade e de Lucro das Empresas............................... 41
4.4- Criação de mais e/ou de Melhores Empregos ................................................ 41
4.5- Investimentos e Criação de Competências em P&D ....................................... 42
4.6- Construção da Cultura de Inovação na Empresa ............................................ 43
4.7- Incentivos Técnico e Financeiros do Edital ..................................................... 43
4.8- Destino dos Recursos ao Final do Projeto ...................................................... 44
4.9- Impressões Finais sobre a Participação no Edital ........................................... 45
4.10- Inovação Radical ou Incremental .................................................................. 47
4.11- Quanto a Difusão das Inovações .................................................................. 47
5 CONSIDERAÇõES FINAIS e sugestâo para estudos futuros ................................ 49
5.1 Considerações Finais ....................................................................................... 49
5.2 Sugestão para Estudos Futuros ....................................................................... 51
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 53
ANEXO A - Edital de Inovação SENAI SESI ............................................................. 56
APÊNDICE A: ROL DE PERGUNTAS ...................................................................... 77
APÊNDICE B: CARTA DE APRESENTAÇÃO ......................................................... 79
APÊNDICE C: TRANSCRIÇÃO DAS ENTREVISTAS .............................................. 80
3
1 INTRODUÇÃO
1.1 Problema de Pesquisa
Com a globalização ocorreu o acirramento na competitividade entre indústrias
do mundo inteiro, colocando em ampla desvantagem os parques fabris
tecnologicamente atrasados.
Mais que a atualização, a inovação dos processos industriais passou a ser
crucial para o resgate e a ampliação das capacidades produtivas e comerciais das
empresas, independente de seus tamanhos.
O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), além de sua
finalidade mais conhecida, a formação de técnicos para a indústria, também tem por
meta o fomento para a inovação dos processos fabris.
Há 8 anos o SENAI e o Serviço Social da Indústria (SESI) promovem
anualmente, através de seus Departamentos Nacionais, o Edital de Inovação para o
apoio ao desenvolvimento de projetos de inovação tecnológica e social na indústria.
O edital possui abrangência nacional, isto é, estende-se a todos os Departamentos
Regionais (DRs) do SESI, do SENAI e, também, ao SENAI - Centro de Tecnologia da
Indústria Química e Têxtil (CETIQT).
De acordo com o site do SENAI (2011), o objetivo do edital é promover o apoio
a projetos de inovação tecnológica e social, compreendendo o desenvolvimento de
produtos, processos e serviços, em parceria com empresas do setor industrial. Para
tanto, somente em 2011 foram destinados R$ 26 milhões para as propostas
selecionadas. Mas como, efetivamente, o apoio aos projetos selecionados por meio
desses editais vêm contribuindo para a inovação tecnológica e social na indústria?
Como vêm ocorrendo a transferência dos conhecimentos gerados na realização
desses projetos?
4
Com base nessas questões, propõe-se o seguinte problema de pesquisa:
Como os Editais de Inovação do SENAI têm contribuído para a inovação na indústria
brasileira?
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo Geral
O objetivo deste estudo é analisar, por meio de um estudo de casos múltiplos,
como os Editais de Inovação do SENAI têm contribuído para a inovação na indústria
brasileira.
1.2.2 Objetivos Específicos
a) demonstrar a evolução do processo de fomento à inovação dos editais do
SENAI;
b) descrever como funciona o processo dos Editais de Inovação do SENAI;
c) apresentar dois casos de sucesso, à guisa de ilustração do apoio do SENAI
aos projetos de inovação.
1.3 Justificativa
Este estudo se justifica pelo fato da inovação tecnológica estar sendo
reconhecida como fator fundamental no novo paradigma da economia mundial, a
economia baseada em conhecimento. Moreira. et al (2007) ressaltam que diversos
estudos têm comparado o desempenho dos países com o percentual do Produto
Interno Bruto (PIB) aplicado em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Sendo assim,
acredita-se que a importância desse estudo consiste em evidenciar como iniciativas
5
como o Edital de Inovação SENAI SESI, podem contribuir para o desenvolvimento
tecnológico e social do Brasil.
1.4 Metodologia
Este pesquisa classifica-se, quanto aos objetivos, como descritiva. De acordo
com Gil (2002, p. 42), “as pesquisas descritivas tem como objetivo primordial a
descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o
estabelecimento de relações entre variáveis.”
No que tange à abordagem, esta pesquisa classifica-se como qualitativa.
Conforme Creswell (2007, p. 184), “os procedimentos qualitativos se baseiam em
dados de texto e imagem, tem passos únicos na análise de dados e usam estratégias
diversas na investigação”. Ou seja, neste tipo de pesquisa, desenvolvem-se conceitos,
ideias e entendimentos a partir de evidências encontrados nos dados.
Em relação à pesquisa bibliográfica para a elaboração do referencial teórico,
utilizou-se como fonte livros, dissertações, artigos científicos e documentos extraídos
da Internet.
O procedimento de pesquisa adotado é o estudo de caso múltiplo. Para Yin
(2005, p. 32), “um estudo de caso é uma investigação empírica que investiga um
fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando
os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos.”
Complementando esta definição, de acordo com Gil (2002, p. 54), um estudo
de caso trata-se de “um estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de
maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento.”
Yin (2005, p. 29) afirma que um estudo de casos múltiplos, apresenta maior
valor pois, “...fatos científicos, raramente se baseiam em experimentos únicos;
baseiam-se em geral, em um conjunto de múltiplos experimentos que repetiram o
mesmo fenômeno sob condições diferentes.”
6
Neste estudo, foram pesquisados dois casos de empresas que se valeram dos
recursos disponibilizados pelo Edital de Inovação SENAI SESI. As empresas
pesquisadas foram a LDSoftware Ltda. (ONIRIA Software) e a Giga Indústria e
Comércio de Produtos Mecânicos e Eletrônicos Ltda.
1.4.1 Instrumento de Coleta de Dados
Os dados foram coletados através de um rol de perguntas elaboradas de
acordo com os objetivos gerais e específicos do trabalho, de maneira clara e objetiva,
para que o entrevistado não necessitasse de muito tempo para responder. Thiollent,
(2005) afirma que os questionamentos da coleta de dados devem estar intimamente
relacionados com os problemas propostos anteriormente no estudo, sendo isto de
extrema importância para a pesquisa não perder o foco.
A entrevista foi embasada no rol de perguntas que se encontra no Apêndice A,
com questões de forma a tornar mais ampla a colocação das respostas dos
entrevistados, oferecendo liberdade de comunicação. Juntamente com o Apêndice A,
foi encaminhado às empresas o Apêndice B que se constitui na Carta de
Apresentação, identificando o pesquisador, o objetivo da pesquisa e o compromisso
de, caso fosse de interesse da empresa entrevista, manter em sigilo o nome e demais
dados cadastrais.
O rol de perguntas foi elaborado em dois blocos. O primeiro procurou a
identificação e caracterização das empresas, com informações do entrevistado, da
área de atuação da empresa e etc.
O segundo bloco de perguntas, foi desenvolvido tendo em vista aspectos
presentes no Referencial Teórico e em parte dos indicadores do próprio Edital de
Inovação SENAI SESI.
O rol de perguntas teve como inspiração o questionário aplicado pela Pesquisa
de Inovação Tecnológica (PINTEC), realizada periodicamente pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE).
7
A seguir, no Quadro 1, são dispostas as questões do segundo bloco do rol de
perguntas:
1- Como tomou conhecimento do Edital?
2- O produto/ processo desenvolvido está sendo comercializado?
3- Houve aumento de produtividade e/ou dos lucros? Sua empresa alcançou o crescimento
potencial esperado?
4- Houve criação de mais e/ou de melhores empregos?
5- Houve aumento de investimentos e criação de competências para realização de
Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)?
6- Depois da execução do projeto, houve novas inovações por conta da própria empresa?
7- O mais importante foi o incentivo financeiro ou o técnico? Por que?
8- Quem é proprietário dos recursos e/ou das patentes ao final do projeto?
9- Quais as impressões finais da empresa sobre o aproveitamento e limitações encontradas
nos recursos recebidos do SENAI? Sua empresa concorreria novamente?
10- Em termos técnicos, este produto e/ou processo desenvolvido com o apoio do Edital é
um aprimoramento de um já existente ou completamente novo para a empresa?
11- Em termos técnicos, econômicos e culturais ou legislativos, qual ou quais as principais
dificuldades enfrentadas para difundir o novo produto e/ou processo?
12- Ao inovar, qual a principal estratégia utilizada pela empresa:
( ) Adquirir uma tecnologia pronta e começar a utilizá-la o mais rápido possível;
( ) Estudar uma tecnologia já existente e adaptá-la a uma tecnologia própria;
( ) Desenvolver uma tecnologia completamente nova.
Quadro 1 – Perguntas dirigidas às empresas participantes desse estudo
Fonte: Elaboração própria
1.4.2 Coleta dos Dados
Para a seleção inicial das empresas que poderiam fornecer as informações
necessárias a este trabalho, uma pesquisa prévia apontou empresas que participaram
em edições anteriores do Edital SENAI SESI de Inovação com todo o ciclo do projeto
finalizado, tendo transcorrido tempo suficiente para verificar se o produto e/ou
processo tornou-se de fato uma inovação, permanecendo ativo até o momento.
8
A seleção de empresas com participação em editais mais recentes inviabilizaria
a análise sob a ótica da inovação, pois sem o amadurecimento do produto ou processo
no mercado, descaracterizara -se tal, como uma inovação.
A coleta de dados partiu de uma apresentação formal por contato telefônico e,
posteriormente, através do envio por e-mail de uma carta de apresentação e, em
anexo, a entrevista estruturada dirigida a um profissional responsável ou participante
do projeto de inovação que tenha utilizado recursos do Edital SENAI SESI de
Inovação.
As perguntas tiveram suas respostas fornecidas através de entrevista telefônica
com uso do software Skype e foram gravadas através do software MP3 Skype
Recoreder, para posterior transcrição e análise. As gravações tiveram, em média, 18
minutos de duração, cada uma, e 240 minutos de transcrição, no total.
Foi de extrema importância a coleta de dados através das conversas
telefônicas, pois, dessa forma, permitiu-se a obtenção de informações mais
completas, aprofundando o estudo e a qualidade das respostas obtidas.
As respostas gravadas foram transcritas, procurando a remoção de vícios de
linguagem falada, porém sem alteração qualquer do conteúdo das falas dos
entrevistados.
A exceção das informações financeiras numéricas em espécie, as empresas,
quando questionadas ao final da entrevista, sobre a necessidade de sigilo das
informações prestadas, permitiram a publicação de suas respostas e a divulgação de
seus nomes e demais dados presentes na pesquisa, bem como de informações
públicas retiradas da Internet.
Os questionários com os respetivos preenchimentos transcritos encontram-se
no Apêndice C deste trabalho.
1.4.3 Análise dos Dados
9
A análise dos dados foi desenvolvida com base nas respostas obtidas através
do rol de perguntas à luz do referencial teórico.
Procurou-se, então, características para entender como a participação no Edital
SENAI SESI de Inovação colaborou para o desenvolvimento da inovação nas
empresas pesquisadas.
1.4.4 Limitações da Pesquisa
A maior dificuldade encontrada na pesquisa foi a indisponibilidade da
colaboração dos gestores em participar da entrevista, pois, das 9 empresas
selecionadas, apenas 6 predispuseram-se a responder e somente 4 marcaram
entrevista. No final, efetivamente duas responderam. Deduz-se que esta dificuldade
possa ter ocorrido pelo fato desta pesquisa ser acadêmica e, assim, não interessar à
empresa dispender o tempo de seus funcionários para atender ao pesquisador.
Também foi alegado, por algumas empresas, como motivo da não participação da
pesquisa, o fato de tratar-se de segredo de negócio.
10
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Inovação
2.1.1 Evolução Histórica e Conceitos
A profunda importância dada por Joseph Schumpeter à inovação e a sua
relação com o crescimento econômico, fez com que se tornasse o economista mais
importante a tratar esse assunto no século XX.
Schumpeter (1982), no primeiro capítulo de seu livro “Teoria do
Desenvolvimento Econômico”, cuja primeira edição data do ano de 1911, descreve
um modelo de economia estacionário, baseado num fluxo circular, com toda a
atividade econômica apresentando-se de maneira idêntica em sua essência,
repetindo-se continuamente. Posteriormente, ainda nesta mesma obra, Schumpeter
(1982) descreve um modelo oposto, uma economia dinâmica, com o surgimento do
empresário inovador - agente econômico que traz novos produtos para o mercado
através da otimização dos fatores de produção, ou através do uso de alguma invenção
ou inovação tecnológica.
Schumpeter conclui que
“Os novos produtos precisam ser incorporados ao fluxo circular, que também aqui os seus valores devem se colocar em relação com os valores de todos os outros produtos. Teoricamente ainda podemos distinguir como duas coisas diferentes a realização da inovação e o processo de sua incorporação ao fluxo circular. A inovação como fator de competitividade” (SHUMPETER, 1982, p. 147).
É interessante e pertinente à abordagem deste trabalho, mencionar que
Schumpeter (1982) cita em sua obra que “o empreendedor necessita de crédito -
entendido como uma transferência temporária do poder de compra - a fim de produzir
e se tornar capaz de executar novas combinações de fatores para tornar-se
empreendedor” (IBID., p. 102).
Freeman (2008) contribuiu para o conceito de inovação quando exemplifica o
significado deste e o distingue do conceito de invenção, no seguinte trecho:
11
Devemos a Schumpeter a distinção extremamente importante entre invenções e inovações, que foi desde então em geral incorporada à teoria econômica. Uma invenção é uma ideia, um esboço ou um modelo para um novo ou aperfeiçoado dispositivo, produto, processo ou sistema. Tais invenções podem frequentemente (não sempre) ser patenteadas, porém não conduzem necessariamente a inovações técnicas. Na verdade a maioria não faz isso. Uma inovação no sentido econômico é conseguida apenas com a primeira transação comercial envolvendo o novo produto, processo, sistema ou dispositivo, embora a palavra seja usada também para descrever o processo todo (FREEMAN, 2008, p. 22).
Para Tigre (2006), invenção é a criação de um processo, técnica ou produto
novo, que não existe no mercado econômico. Pode ser registrada em forma de
patente, simulada através de protótipos, porém não é necessariamente viável
comercialmente. Inovação é a aplicação prática de uma invenção.
Serafin (2011) alerta que, equivocadamente, pode-se confundir facilmente o
conceito de inovação com o de invenção ou com o de criatividade. Porém, no
entendimento do ambiente empresarial, “para se caracterizar como inovação, a
invenção precisa ter viabilidade comercial e ser adotada pelo mercado, gerando
retorno aos stakeholders envolvidos” (SERAFIN, 2011, p. 27).
Considerado referência internacional para pesquisa sobre atividades de
inovação, o Manual de Oslo é patrocinado e publicado pela Organização para
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O Manual de Oslo, descreve
inovação como uma:
Introdução de um bem ou serviço novo ou significativamente melhorado no que concerne a suas características ou usos previstos", o que inclui "melhoramentos significativos em especificações técnicas, componentes e materiais, softwares incorporados, facilidade de uso ou outras características funcionais (OCDE, 2005, p. 57)
A figura a seguir sintetiza os conceitos de inovação apresentados até aqui.
Figura 1: Síntese do conceito de Inovação Fonte: http://www.dinamusconsultoria.com.br/inova%C3%A7%C3%A3o.php
12
2.1.2 Tipos de inovação
Segundo Lemos (1999), de forma ampla, identificam-se em dois os tipos de
inovação, a saber: a radical e a incremental. Leifer, O‟Connor e Rice (2002), relatam
que durante a última década houve uma maior ênfase à inovação incremental em
detrimento à inovação radical ou revolucionária, pois, o cenário competitivo
contemporâneo tem sido regido pela revolução tecnológica, globalização,
hipercompetitividade e extrema ênfase sobre preço, qualidade e satisfação do
consumidor, exigindo um foco na inovação como competência estratégica.
Como consequência, muito se conhece sobre a implementação da inovação
incremental, ao passo que a inovação radical é ainda muito pouco compreendida
(FOSTER, 1986).
2.1.2.1 A Inovação Radical
Leifer, O‟Connor e Rice (2002, p. 18) afirmam que Inovação radical, “[...] é um
produto, processo ou serviço que oferece atributos de performance inéditos ou
características já conhecidas que promovam melhoras significativas de desempenho
ou custo e transformem os mercados existentes ou criem novos mercados”.
Este tipo de inovação pode ser representado por mudanças na economia e na
sociedade mundial, como, por exemplo, a introdução da máquina de vapor, no final
do século XVIII. Estas e algumas outras inovações radicais impulsionaram a formação
de padrões de crescimento, com a conformação de paradigmas tecno-econômicos
(FREEMAN, 1988)
Concluem Leifer, O‟Connor e Rice (2002) que a inovação radical só atinge a
maturidade depois de a organização sistematizar processos de iniciação, suporte e
recompensa para suas atividades.
2.1.2.2 A Inovação Incremental
Freeman (1988) diz que as inovações podem ser ainda de caráter incremental,
referindo-se à introdução de qualquer tipo de melhoria em um produto, processo ou
13
organização da produção dentro de uma empresa, sem alteração na estrutura
industrial.
Segundo Lemos (1999) as inovações incrementais, são por diversas vezes
imperceptíveis para o consumidor, reduzem os custos, aumentam a qualidade e
produtividade dos produtos ou serviços oferecidos por uma organização que inova
neste sentido.
Note-se que, segundo Barbieri, (1997) produtos, processos e serviços, novos
ou modificados, estarão constantemente recebendo diversas inovações de caráter
incremental ao longo do seu ciclo de vida. Por isso, não é tarefa fácil distinguir com
clareza quando termina a inovação principal e começam os aperfeiçoamentos, que
são formas complementares de inovação .
Um estudo sobre inovações em produtos realizado pela empresa Booz, Allen e
Hamilton mostrou que menos de 10% delas eram novas para o mundo; a maioria
tratava de melhorias, adições em produtos existentes, reposicionamento do produto
no mercado e redução de custo pela substituição de um produto por outro que atenda
a mesma finalidade. Dessa forma, as inovações incrementais mantêm a empresa
continuamente inovadora e fornecem as bases para o planejamento da P&D.
Lemos (1999) conclui que os conhecimentos adquiridos com os avanços na
pesquisa científica junto às necessidades provenientes do mercado induzem a
inovações em produtos e processos e a mudanças na base tecnológica e
organizacional de uma empresa, setor ou país, que podem se dar tanto de forma
radical como incremental.
2.1.3 Fontes para a Inovação nas Empresas
Tigre (2006) diz que empresas inovadoras utilizam diversas fontes de
tecnologia, informação e conhecimento e que elas se dividem em: internas e externas.
a) internas: são as atividades realizadas em prol do desenvolvimento de
produtos e processos com a finalidade de melhorias no que se refere à qualidade,
treinamento de recursos humanos e aprendizado organizacional;
14
b) externas: voltadas para a aquisição de informações codificadas (livros,
revistas técnicas, manuais, software, vídeos, entre outros; consultorias
especializadas; obtenção de licenças de fabricação de produtos; e tecnologias
embutidas em maquinas e equipamentos).
O autor ainda sumariza de forma clara as principais fontes de tecnologia
utilizadas pelas empresas, mostrados no quadro 2.
Fontes de tecnologia Exemplos
Desenvolvimento tecnológico próprio
P&D, engenharia reversa e experimentação.
Contratos de transferência de tecnologia
Licenças e patentes, contratos com universidades e centros de pesquisa.
Tecnologia incorporada Máquinas, equipamentos e software embutido.
Conhecimento codificado Livros, manuais, revistas técnicas, internet, feiras e exposições,
software aplicativo, cursos e programas educacionais.
Conhecimento tácito Consultoria, contratação de RH experiente, informações de clientes,
estágios e treinamento prático.
Aprendizado cumulativo Processo de aprender fazendo, usando, interagindo, etc.
devidamente documentado e difundido na empresa.
Quadro 2 – Fontes de tecnologia mais utilizadas pelas empresas
Fonte: TIGRE, 2006, p. 94.
As fontes de inovação organizacional supracitadas, demonstram a necessidade
da gestão do conhecimento para melhoria dos processos e para aumentar a
competitividade das organizações.
O Manual de Oslo utiliza o modelo de inovações desenvolvidas por Joseph
Schumpeter, com o objetivo de atingir as organizações. A OCDE (2005) classifica e
exemplifica as principais formas de inovação, conforme apresentado a seguir :
a) de Produto: são as modificações nos atributos do produto, com
mudança na forma como ele é percebido pelos consumidores;
15
b) de Processo: envolve mudanças no processo de produção do produto
ou serviço. Nem sempre é percebido pelos consumidores, mas sim na fabricação,
como aumento de produtividade e redução de custos;
c) de Marketing: implica mudanças no marketing do produto, com
significativas transformações na concepção do produto, sua embalagem,
promoção, preço e posicionamento no mercado, com objetivo de aumentar as
vendas;
d) organizacional: execução de um novo método organizacional nas
práticas de negócios da empresa, na organização do local de trabalho ou em suas
relações externas. Visa ao melhor desempenho com redução de custos
administrativos, de transação e de suprimentos.
2.1.4 Condicionantes da inovação
2.1.4.1 Difusão tecnológica
Pode-se compreender o conceito de difusão como sendo a trajetória de adoção
de uma tecnologia no mercado, com foco nas características da tecnologia e nos
demais elementos que condicionam seu ritmo e direção (TIGRE, 2006).
Tigre (2006, p.85) esclarece ainda que “as teorias sobre difusão procuram
identificar regularidades empíricas que permitam descrever e, eventualmente,
antecipar o ritmo de adoção de inovações”.
A difusão tecnológica é favorecida quanto mais alto o grau de maturidade das
condições econômicas, financeiras e culturais do país, pois, como observa Tigre
(2006), a difusão de uma tecnologia, especialmente em países menos desenvolvidos,
exige uma série de adaptações às circunstâncias do mercado local, em função dos
níveis de renda, condições climáticas, hábitos dos consumidores, escala de negócios
e disponibilidade de insumos e materiais.
Ainda referente à difusão de uma determinada tecnologia, há que se
considerar, no caso de inovações radicais, a trajetória evolutiva da tecnologia, pois
uma vez no mercado, haverá disputa pela definição de um padrão a ser adotado. A
16
decisão sobre uma determinada rota pode, em certos casos, ter uma grande influência
sobre a trajetória futura, em função do processo de dependência da trajetória anterior
(TIGRE, 2006).
Como exemplo de guerra de padrões na década de 1980, é emblemático o
caso do embate entre os aparelhos de reprodução de vídeo das empresas Sony e
Matsushita, e ainda das modernas tecnologias digitais conforme nos mostra o texto
abaixo:
A Sony anunciou que vai parar de produzir equipamentos de vídeo Betamax, 27 anos após seu surgimento. O formato perdeu a guerra para o VHS, da Matsushita, ficando à sombra desse padrão dominante para vídeo caseiro. No período de um ano até março, somente 2.800 foram produzidos. Agora, mais 2.000 aparelhos novos ainda sairão da fábrica. No auge do Betamax, em 1984, foram vendidos 2,3 milhões de aparelhos. Fitas e manutenção continuarão disponíveis. Segundo a Reuters [27/8/02], o motivo da morte do Betamax é o aparecimento de tecnologias digitais de gravação, que se somaram à concorrência do VHS que também está ameaçado de desaparecer (OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA).
Como se percebe no exemplo citado, a guerra entre padrões distintos pode
durar tempo suficiente até mesmo para uma nova tecnologia surgir, suplantando as
demais. Isso permite compreender que outro fator importante a se considerar é o ritmo
da difusão. Sobre isso, Tigre (2006) diz que a difusão não se dá de modo uniforme e
constante no tempo e no espaço, pois agentes econômicos, países e regiões buscam
e selecionam tecnologias sob a influência de diferentes fatores condicionantes. E,
ainda, que esse ritmo pode ser previsto a partir de modelos analíticos que descrevem
o padrão evolutivo das tecnologias existentes e sua substituição por novas, tanto em
produtos quanto em processos.
Os fatores condicionantes podem influenciar tanto favorável quanto
desfavoravelmente à difusão de uma determinada inovação tecnológica. A seguir
serão descritos os fatores condicionantes da difusão de novas tecnologias, na ótica
de Tigre (2006).
2.1.4.2 Condicionantes técnicos
A difusão de nova tecnologia, sob o aspecto técnico, depende do nível de
dificuldade de sua compreensão e uso. Tecnologias muito inovadoras podem criar
impasses no processo decisório devido à insuficiência de informações, incertezas
quanto a sua direção e aos riscos inerentes ao pioneirismo (TIGRE, 2006).
17
No livro “A Cabeça de Steve Jobs”, Kahney (2008), revela que Steve Jobs
passava quase tanto tempo pensando nas embalagens de papelão de seus gadgets
1quanto nos próprios produtos.
[...] Jobs vê a embalagem como uma ajuda para apresentar uma tecnologia nova e desconhecida aos consumidores. Por exemplo, o Mac original, lançado em 1984. Naquela época, ninguém jamais havia visto algo semelhante. Era controlado por aquela coisa estranha que apontava — um mouse — e não por um teclado, como os PCs antes dele. Para familiarizar os novos usuários com o mouse. Jobs fez questão de que ele fosse embalado separadamente, em um compartimento próprio. O fato de forçar o usuário a desempacotar o mouse — a pegá-lo e conectá-lo — iria torná-lo um pouco menos estranho quando tivesse que usá-lo pela primeira vez (KAHNEY, 2008, p.9).
Ainda sobre condicionantes técnicos, nota-se que a difusão de determinadas
tecnologias não pode acontecer de forma separada de outras tecnologias, que formam
entre si, um conjunto integrado de soluções. Como exemplo dessa situação, pode-se
recorrer a migração em curso do sinal digital para os atuais aparelhos televisores.
Apesar de ter uma qualidade de imagem muito superior ao tradicional sinal analógico
(além de diversas possibilidades dessa nova tecnologia de transmissão), quando
verifica-se as proporções continentais do Brasil, ainda é relativamente pequena a área
de abrangência do sinal digital, impedindo a propagação do novo serviço.
Isso é evidenciado nas palavras de Tigre (2006), onde o autor afirma que a
coevolução é especialmente relevante em indústrias de rede, a exemplo das
telecomunicações, nas quais a introdução de um novo equipamento ou tecnologia
depende da possibilidade de interconectá-la às diversas partes e componentes de um
determinado sistema, conforme as aplicações requeridas pelos usuários.
2.1.4.3 Condicionantes econômicos
Do ponto de vista econômico, o ritmo de difusão depende dos custos de
aquisição e implantação da nova tecnologia, assim como das expectativas de retorno
do investimento. Os custos de manutenção, a possibilidade de aproveitamento de
1 Dispositivo com propósito específico e prático. São comumente chamados de gadgets, dispositivos eletrônicos e portáteis. Também pode designar algum pequeno software ou módulo que compõe um sistema maior.
18
investimentos já realizados em equipamentos e em sistemas legados 2 são fatores
que entram nessa avaliação (TIGRE, 2006).
Segway e a revolução dos transportes
No final de 2001, o inventor americano Dean Kamen divulgou que estava
finalizando algo que iria revolucionar o transporte urbano. Pessoas que tiveram
acesso aos planos de Kamen aumentaram a expectativa com declarações
bombásticas. O investidor John Doerr disse que seria algo mais importante que a
internet. Ele previu que a empresa Segway, que iria fabricá-lo, atingiria vendas de
US$ 1 bilhão por ano mais rapidamente que qualquer outra na história. Jeff Bezos,
o fundador da Amazon, afirmou que “cidades seriam construídas em torno dessa
ideia”. A Segway gastou 100 milhões de dólares no desenvolvimento do produto.
O patinete motorizado com duas rodas lado a lado, apresentado em dezembro de
2001, era, de fato, inovador. Mas encontrou uma variedade de obstáculos. Em
alguns países, ele foi considerado veículo motorizado, que precisava ser licenciado
e não podia andar em calçadas. Em outros, seu tráfego em estradas foi proibido.
Além disso, Kamen e sua turma não perceberam que o patinete era caro demais
para um veículo que a maioria das pessoas considerou supérfluo. O modelo mais
barato custava cerca de US$ 3.000. Em cinco anos, a Segway vendeu apenas 30
mil unidades. O veículo que iria revolucionar o mundo acabou virando transporte
para guardas de segurança em shopping centers.
Quadro 3: Segway e a revolução dos transportes Fonte: http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/10-grandes-fracassos-tecnologicos?p=6
De fato, existem invenções que, por mais inovadoras que sejam, não alçam o
patamar de inovações, por terem seus preços de mercado superestimados ou por
terem sua produção muito onerosa, inviabilizando a aquisição pelo mercado
2 Sistema legado é o termo que utiliza-se para definir sistemas computacionais antigos em uma
organização.Via de regra são aplicações complexas, de difícil substituição e manutenção e que pelo grau de
criticidade e custo para modernização, continuam ativas.
19
consumidor. A matéria apresentada no quadro 3 ilustra de forma clara a questão do
condicionante econômico.
Tigre (2006) atenta para o fato de que as oportunidades para economias de
escala e de escopo também exercem influência sobre o potencial de difusão. Quando
tais oportunidades são significativas, a difusão é limitada a grandes empresas, cujo
volume de operações justifica a adoção de tecnologias e equipamentos de maior porte
(TIGRE, 2006).
O trecho que segue foi extraído do Relatório Automotivo, publicado em 2008
pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e demonstra a
importância dada a estratégia de inovação nas empresas desse setor, considerando
justamente a economia de escala envolvida nesta questão.
Até recentemente, as atividades de P&D das multinacionais eram vistas como sendo destinadas, primordialmente, para a adaptação de produtos e processos produtivos aos mercados locais. Assim, as atividades “mais nobres” de pesquisa estariam centralizadas na matriz da corporação.
Os motivos apontados para a centralização das atividades de P&D são vários. Em primeiro lugar, a existência de economias de escala nas atividades inovadoras, que poderia não tornar viável economicamente a existência de vários laboratórios de P&D em outros países. (NIGRI et al, 2008).
Ainda na esfera dos condicionantes econômicos que influenciam a difusão
tecnológica, em muitos casos, empresas voltadas para o mercado externo se
defrontam com maiores exigências tecnológicas e, portanto, tendem a adotar mais
rapidamente novas tecnologias (TIGRE, 2006). Pode-se comprovar esse fato,
observando o gráfico 1 que mostra como as taxas anuais de crescimento das
exportações são muito maiores para os produtos de alta intensidade tecnológica. O
índice de crescimento das exportações mundiais de produtos primários foi de apenas
3,8% ao ano no período 1985-2000, enquanto o de produtos manufaturados de alta
intensidade tecnológica chegou a 13,2% ao ano, no mesmo período (VIOTTI, 2005).
20
Gráfico 1: As Exportações Crescem com a Intensidade Tecnológica dos Produtos.
Fonte: (VIOTTI, 2005, p.47).
2.1.4.4 Condicionantes Institucionais
Tigre (2006) identifica que os fatores institucionais que condicionam o processo
de difusão tecnológica são:
a) disponibilidade de financiamentos e incentivos fiscais à inovação;
b) clima favorável ao investimento no país;
c) acordos internacionais de comércio e investimento;
d) sistema de propriedade intelectual;
e) existência de capital humano e instituições de apoio.
Tigre (2006) ainda afirma que os fatores institucionais que condicionam a
difusão de novas tecnologias também podem incluir a estratificação social, a cultura,
a religião, o marco regulatório e o regime jurídico do setor ou do país como um todo.
Em entrevista à revista Época, o economista americano Alexander J. Field
responde da seguinte forma à pergunta do repórter:
21
ÉPOCA – As patentes atrasam a inovação?
Field – Sim. Elas são uma espada de dois gumes. As patentes e o sistema de direito autoral, em uma mão, são feitos para encorajar a inovação. Dão incentivos financeiros a pessoas que descobrem novos processos ou produtos dando a elas o monopólio daquilo sob determinados anos. Mas pode ser que nossa lei tenha caminhado muito longe na direção errada. Não sabemos se devemos ceder um monopólio de 10, 25 ou 75 anos. E quando esse período é muito longo, ele pode desencorajar e atrasar a inovação. Os efeitos tremendos de entregar o monopólio às pessoas talvez pesem mais que os incentivos econômicos para os inventores trabalharem mais duro (ÉPOCA, 2013).
De fato, a lei de patentes pode ser um fator de entrave à evolução das
tecnologias e, consequentemente, da inovação, ainda que, sob outra ótica, ao
proteger o criador, cria o estímulo ao desenvolvimento de novas tecnologias.
2.1.5 Estratégias de Inovação
Conforme afirma Viotti (2005), a estratégia de aprendizado tecnológico passivo
não representa uma verdadeira alternativa de desenvolvimento, pois tal estratégia
significa o uso de tecnologias obsoletas ou mesmo de tecnologias modernas, porém
empregadas de forma pouco eficiente, pois neste último caso, o conhecimento
necessário para utilizar tais tecnologias depende de conhecimento obtido não
somente através de manuais de utilização. O autor classifica como imitadores os que
se valem da estratégia de aprendizado tecnológico passivo.
Ainda segundo o autor, os imitadores precisarão compensar essa deficiência
por meio de mecanismos como o pagamento de salários mais baixos, a obtenção de
subsídios ou proteção estatais ou o uso predatório de recursos naturais.
A distinção apresentada entre Imitadores, Inovadores e Competitividade, é
apresentada na Figura 2.
22
Figura 2: Imitadores, Inovadores e Competitividade
Fonte: Viotti (2005)
Viotti (2005) diz que para passar para a condição de aprendizado
tecnologicamente ativo, são necessários esforços em três direções
a) absorver rapidamente as tecnologias mais avançadas, ou seja, reduzir ao
mínimo o tempo decorrido entre o momento em que as inovações são introduzidas na
economia mundial e o momento em que uma determinada empresa ou setor produtivo
de um país as absorve;
b) aumentar deliberadamente o domínio sobre a tecnologia absorvida até que
se atinja um grau de eficiência equivalente à melhor prática do emprego dessa mesma
tecnologia;
c) desenvolver um processo de aperfeiçoamento capaz de incorporar
inovações incrementais à pauta produtiva com a rapidez dos melhores concorrentes.
Como exemplo de país bem sucedido na transição de imitador
(tecnologicamente passivo) a tecnologicamente ativo, o autor cita o caso do Japão,
que manteve um aprendizado ativo durante o século XX, transpondo o limite dos
processos antes dominados pela imitação, passando a uma economia inovadora de
fato.
A PINTEC, fornece indicadores setoriais e nacionais e regionais (este último no
caso de indústrias), das atividades de inovação das empresas brasileiras,
comparando os índices desses indicadores com outros países. O foco da PINTEC é
sobre os fatores que influenciam o comportamento inovador das empresas, sobre as
23
estratégias adotadas, esforços empreendidos, os incentivos, os obstáculos e os
resultados da inovação .
Segundo Viotti (2005), o conceito de inovação utilizado pela PINTEC é amplo,
podendo significar tanto a introdução de um equipamento novo para a empresa,
embora há muito conhecido no mercado, quanto o lançamento de um produto
inexistente no mercado, o que gera um preço-prêmio para a empresa, indicando que
o produto diferencia-se por algum motivo. O quadro 4 apresenta a classificação da
PINTEC para as empresas e suas estratégias competitivas.
No estudo da PINTEC, em que o assunto é a inovação, as empresas industriais
foram classificadas conforme suas estratégias competitivas:
• Empresas que inovam e diferenciam seus produtos (Categoria A)– Nesse grupo
estão incluídas as empresas que adotam estratégias competitivas mais vantajosas
e tendem a criar mais valor. Elas compõem o segmento mais dinâmico da
indústria. Destacam-se por terem realizado inovação de produto para o mercado e
obtido preço-prêmio acima de 30% em suas exportações quando comparadas com
os demais exportadores brasileiros 16 do mesmo produto.
• Empresas especializadas em produtos padronizados (Categoria B)– O foco de
sua estratégia competitiva está na redução de custos, ao invés da criação de
valor. Encontram-se aqui as empresas exportadoras não incluídas na categoria
anterior e as não exportadoras cuja eficiência iguala-se ou é superior à das
empresas que exportam nesse mesmo grupo. Elas tendem a ser atualizadas no
que se refere a características operacionais como fabricação, gestão da produção,
qualidade e logística – imperativos para sustentação de custos relativamente mais
baixos –, mas mostram-se defasadas em relação a outros fatores competitivos
como pesquisa e desenvolvimento, marketing e gerenciamento de marcas.
• Demais empresas (Categoria C)– Todas as que não pertencem às categorias
anteriores, ou seja, não diferenciam produtos e apresentam produtividade de
trabalho menor em relação às firmas do grupo anterior.
Quadro 4: As empresas e suas estratégias competitivas
Fonte: www.pintec.ibge.gov.br
24
Viotti (2005) esclarece que a introdução de produtos tecnologicamente novos
ou processos novos, tanto para a empresa quanto para o mercado, amplia as
vantagens competitivas. As inovações para o mercado podem ser consideradas,
portanto, de qualidade muito superior àquelas que são novidade apenas para as
empresas. As inovações pioneiras apenas para a empresa estão bem mais próximas
do conceito de difusão (ou absorção) de inovações que do conceito de inovação
propriamente dita.
A gestão da Inovação, o próximo assunto deste trabalho, está intimamente
relacionada com a estratégia que se adota. Por sua vez, a escolha de uma estratégia
está associada aos objetivos de seus dirigentes e acionistas, podendo priorizar a
busca por formas de maximizar o retorno dos investimentos em curto prazo ou
empregar sua capacitação técnica, gerencial e financeira com vistas a construir uma
base tecnológica para o futuro (TIGRE,2006).
Segundo Serafin (2011), as ideias de projetos inovadores devem nascer
principalmente da visão de futuro das organizações, confirmando, assim, a
importância fundamental da definição da estratégia das organizações.
2.1.6 Gestão da Inovação
A gestão da inovação nas organizações deve considerar deve considerar que
para cada tipo de inovação, processos, estruturas e competências específicas são
requeridas em cada fase do projeto (SERAFIN, 2011).
2.1.6.1 O Processo de Inovação
Para Serafin (2011), o processo de implementação da inovação envolve várias
fases, desde a captação das ideias, dentre estas, a seleção das melhores e suas
priorizações e o acompanhamento dos resultados após a introdução no mercado.
As organizações devem planejar seus cenários de futuro, identificando
oportunidades de inovar e as competências necessárias que devem ser desenvolvidas
(SERAFIN, 2011).
25
O processo de inovação não se mostra linear, pois como demonstra a
experiência, muitas inovações surgem quase que por acaso, várias vezes em
decorrência de uma pesquisa por outro objetivo completamente distinto (SERAFIM,
2011). Um exemplo deste tipo de situação é descrito a seguir no Quadro 5.
Viagra: Ele foi criado graças a uma doença cardíaca
A milagrosa pílula azul surgiu por acaso, quando a empresa americana Pfi zer
pesquisava um novo medicamento para tratar a angina, uma doença cardíaca.
Durante os testes da droga, em 1994, os pesquisadores Nicholas Terrett e Peter
Ellis, funcionários da Pfi zer, descobriam que um de seus efeitos colaterais era o
aumento da irrigação sangüínea no pênis, a partir da potencialização do óxido
nítrico. Os ingleses Peter Dunn e Albert Wood conseguiram sintetizar o composto
numa pílula, aprovada pelo FDA (o órgão que regulamenta medicação nos EUA),
em 1998, como o primeiro remédio contra a impotência. No mesmo ano, os
americanos Robert Furchgott, Louis Ignarro e Ferid Murad dividiram o Nobel de
medicina por seu trabalho com o óxido nítrico, sem o qual seria impossível a criação
do Viagra.
Quadro 5: Viagra: Ele foi criado graças a uma doença cardíaca
Fonte Revista Superinteressante novembro 1987
Segundo Serafin (2011), a experiência demonstra que programas internos de
geração de ideias, apesar de positivos, normalmente não se constituem de fato os
meios mais significativos para a criação de valor.
Como em Kahney (2008) conclui:
Em 2007, a consultoria de administração Booz Allen Hamilton publicou um estudo de alcance mundial sobre os gastos das empresas com P&D e concluiu que há pouca evidência de que o aumento no investimento em P&D esteja relacionado a melhores resultados. “Éo processo, e não a carteira”, concluiu a Booz Allen. “Resultados superiores parecem ser uma função da qualidade do processo de inovação de uma organização — as apostas que ela faz e o modo como as leva adiante — mais do que a grandeza absoluta ou relativa de seus gastos com inovação .” A Booz Allen citou a Apple como uma das mais frugais gastadoras em P&D na área tecnológica, mas uma das mais bem-sucedidas (KAHNEY, 2008, p.177)
26
Com a visão de futuro definida, a exploração de várias estratégias de inovação
é a recomendação aferida por Serafin (2011), tais como:
Investigação das necessidades dos clientes;
Organização de programas de benchmark;
Compreensão e replicação de práticas de outros segmentos;
Análise de tendências do macro ambiente;
Acompanhamento dos avanços tecnológicos;
Investimento em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D);
Desenvolvimentos de cenários futuros;
Promoção de workshops com consultores externos.
2.1.6.2 A seleção de Ideias
Sempre há limites dos recursos, seja qual for o tamanho da empresa. Diante
desse fato, mostra-se de suma importância o mecanismo de seleção de projetos de
inovação (SERAFIN, 2011).
Uma das abordagens mais utilizadas no processo de inovação se caracteriza
por um fluxo de quatro fases, também conhecido como funil da inovação . A primeira
fase é a da idealização (ou ideação), onde se captam as idéias, passando em seguida
à segunda fase de conceituação, para o refinamento das ideias selecionadas
anteriormente. A terceira fase é a de desenvolvimento e, por fim, a última fase é a de
comercialização (SERAFIN, 2011).
O modelo adaptado é representado na Figura 3 a seguir.
27
Figura 3: Funil da Inovação Fonte: Elaboração própria
Esse modelo foi desenvolvido e registrado com o nome Stage-Gates por
Cooper com base em boas práticas de desenvolvimento aplicadas por empresas
(SERAFIN, 2011).
2.1.7 Transferência de Tecnologia
Historicamente pode ser observado que no século XIX, vigorava um pensamento
que privilegiava a pesquisa pura e a busca do saber, deixando de lado suas aplicações
comerciais. Com o decorrer do tempo, o acirramento da competitividade, que culmina
com o advento da globalização, verifica-se que a pesquisa aplicada torna-se tão
importante quanto a pesquisa básica, sendo a segunda suporte à primeira.
De acordo com Serafin (2011),
O desenvolvimento sustentável da economia e da sociedade brasileira se passa certamente pelo estímulo à inovação. A análise de nossas exportações, concentradas em indústrias de baixa e média-baixa tecnologia (em 2010, apena 4,6% de nossas exportações forma de produtos de alta tecnologia, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior) e de nossas importações, altamente focadas em itens de média-alta e alta tecnologia (cerca de 61% de nossas importações em 2010)
nos impõe a emergência de modificar esse cenário (SERAFIN, 2011, p.40).
Comercialização
Desenvolvimento
Conceito
Ideia
28
2.1.8 A Inovação no Brasil
2.1.8.2 Relação com o Grau de Tecnologia nos Produtos Exportados
Segundo Viotti (2005), em geral, quanto menor o dinamismo na absorção de
conhecimentos e inovações de alta tecnologia, mais reduzido é o peso desses setores
nas exportações de um pais, o que fica claro no gráfico 1, exposto anteriormente. O
gráfico 2 mostra como se distribuíram as exportações do Brasil em 2004,
segmentando entre cinco classes, segundo o grau de tecnologia envolvida nos
processos produtivos.
Gráfico 2: Exportações brasileiras e do mundo classificadas por intensidade tecnológica em 2003 (VIOTTI, 2005)
Conforme pode-se observar, a categoria de produtos onde as melhores
oportunidades tecnológicas se apresentam, é justamente onde o Brasil menos se
destaca. Mesmo ao se comparar os oportunidades de média tecnologia, o Brasil
encontra-se em situação desfavorável (VIOTTI, 2005).
29
Para a mudança deste panorama, Serafin (2011) menciona a importância da
iniciativa pública e privada, destacando a participação da Confederação Nacional das
Indústrias (CNI), da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), do Serviço Nacional
de Apoio as Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) e o Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial (SENAI).
2.1.8.2 Relação com o Crescimento e Qualidade de Mão de Obra
É perceptível a falta de pesquisadores qualificados, aplicando nas empresas,
seus conhecimentos adquiridos ao longo de suas trajetórias. A grande parte dos
mestres e doutores que se graduam no Brasil, permanecem apenas nos ambientes
acadêmicos.
Um levantamento efetuado com base na Pesquisa Industrial de Inovação Tecnológica, realizada pelo IBGE, permitiu estimar em apenas cerca de 3 mil o número de pós-graduados envolvidos em atividades de pesquisa e desenvolvimento nas empresas industriais inovadoras brasileiras no ano de 2000 (Viotti et alii, 2005). Apenas nesse mesmo ano, mais de 18 mil novos mestres e de 5 mil doutores entraram no mercado de trabalho brasileiro (VIOTTI, 2005, p. 55).
Viotti (2005), complementa, afirmando que a oferta crescente de mestres e
doutores e a capacidade de produzir conhecimentos científicos constituem base
importante para a construção de um sistema nacional de inovação e aprendizado
tecnológico, peça-chave da estratégia de desenvolvimento econômico e social do
Brasil.
30
3. APRESENTAÇÃO DO ESTUDO DE CASOS
Neste capítulo, serão apesentados, resumidamente, as principais entidades
envolvidas neste estudo.
3.1 O SENAI
O SENAI tem como foco principal de atuação, a formação de recursos humanos
através do ensino profissional e tecnológico, com vistas a suprir as indústrias
brasileiras com pessoas qualificadas para a continuidade de suas operações. O
SENAI também atua através de serviços de consultoria e assistência ao setor
produtivo, serviços laboratoriais, pesquisa aplicada e informação tecnológica.
Ainda, segundo o site do SENAI, sua missão é a de “Promover a educação
profissional e tecnológica, a inovação e a transferência de tecnologias industriais,
contribuindo para elevar a competitividade da indústria brasileira” (SENAI, [200-?]b).
O SENAI mantém-se através de recursos oriundos de contribuição
compulsória, garantida por Lei Federal, de 1% sobre a folha salarial das empresas
industriais.
3.1.1 Histórico do SENAI
De acordo com Pastore (1998),
Em um mundo em que as tecnologias e os modos de produzir mudam a cada dia, trabalhadores capacitados constituem o capital mais precioso das empresas. Por isso, preparar bem um funcionário para depois perdê-lo para o seu concorrente, representa prejuízos de monta para quem nele investiu. [...] Se todos os empresários assim agissem, ninguém investiria na preparação dos trabalhadores e a sociedade entraria em déficits crônicos de mão-de-obra capacitada. [...] O SENAI, criado em 1942, inaugurou um modelo híbrido que logo se propagou por toda a América Latina. Conhecedores da lógica do individualismo, Roberto Simonsen, Euvaldo Lodi e outros empresários, manifestaram ao governo o seu propósito de fundar e administrar uma entidade de âmbito nacional, desde que o seu financiamento fosse garantido por uma contribuição compulsória de todos os industriais. O governo aceitou a proposta, garantindo a compulsoriedade por lei, e os empresários garantiram a implementação do projeto.
O objetivo básico foi o de implantar um sistema de formação profissional que beneficiasse a coletividade empresarial e os trabalhadores em geral, evitando-se que, pelo medo de perder para a concorrência, a maioria dos empresários deixasse de investir em capacitação profissional. (PASTORE, 1998)
31
O SENAI foi criado em 22 de janeiro de 1942, pelo Decreto-lei 4.048 do então
presidente Getúlio Vargas, para atender a necessidade de formação de profissionais
qualificados para a incipiente indústria de base. O empresariado assumiu os encargos
e também a responsabilidade pela organização e direção de um organismo próprio,
subordinado à CNI e às Federações das Indústrias nos estados (SENAI, [200-?]a).
De acordo com o site do SENAI ([200-?]a), ao fim da década de 1950, quando
o presidente Juscelino Kubitschek acelerou o processo de industrialização, o SENAI
estava presente em quase todo o território nacional e começava a buscar, no exterior,
a formação para seus técnicos. Logo, tornou-se referência de inovação e qualidade
na área de formação profissional, servindo de modelo para a criação de instituições
similares na Venezuela, Chile, Argentina e Peru.
Nos anos 1960, o SENAI investiu em cursos sistemáticos de formação,
intensificou o treinamento dentro das empresas e buscou parcerias com os Ministérios
da Educação e do Trabalho, e com o Banco Nacional da Habitação. Na crise
econômica da década de 1980, o SENAI percebeu o substancial movimento de
transformação da economia e decidiu investir em tecnologia e no desenvolvimento de
seu corpo técnico (SENAI, [200-?]a).
Conforme o site do SENAI ([200-?]a), a instituição expandiu a assistência às
empresas, investiu em tecnologia de ponta, instalou centros de ensino para pesquisa
e desenvolvimento tecnológico. Com o apoio técnico e financeiro de instituições da
Alemanha, Canadá, Japão, França, Itália e Estados Unidos, o SENAI chegou ao início
dos anos 1990 pronto para assessorar a indústria brasileira no campo da tecnologia
de processos, de produtos e de gestão.
Atualmente o SENAI realiza cerca de 2,3 milhões de matrículas anuais e possui
uma rede de 797 unidades operacionais, entre fixas e móveis, distribuídas por todo o
País, nas quais são oferecidas mais de 2.900 cursos de formação profissional, além
dos programas de qualificação e aperfeiçoamento realizados para atender
necessidades específicas de empresas e pessoas (SENAI, [200-?]a).
32
Na área internacional, o SENAI ao longo de sua existência, firmou 48 parcerias
com 29 países e 1 organismo internacional; captou 10.804 horas de consultoria para
o Sistema SENAI e promoveu a capacitação de 3.654 pessoas no Brasil por peritos
internacionais. Além disso, implantou 4 Centros de Formação Profissional e está
implementando 11 no exterior, em parceria com a Agência Brasileira de Cooperação
(ABC), e desenvolve 29 projetos de cooperação técnica totalizando R$ 68,9 milhões.
Parte integrante do Sistema Indústria – formado ainda pela CNI, SESI e Instituto
Euvaldo Lodi (IEL) –, o SENAI possui um Departamento Nacional e 27 Departamentos
Regionais, com unidades operacionais instaladas nos 26 Estados e no Distrito
Federal. Elas levam seus programas, projetos e atividades a todo o território nacional,
oferecendo atendimento às diferentes necessidades locais e contribuindo para o
fortalecimento da indústria e o desenvolvimento pleno e sustentável do País.
3.1.2 Os Editais de Inovação do SENAI
3.1.2.1 O Que São os Editais de Inovação do SENAI
O Edital é uma iniciativa do SENAI e do SESI que visa a despertar a cultura da
inovação na indústria brasileira e está dirigido às empresas que desejam desenvolver
e implementar um projeto inovador que gere novos negócios, promova a melhoria na
produtividade ou impacte positivamente nas condições de trabalho e qualidade de vida
dos seus trabalhadores.
Desde o início da sua primeira publicação, em 2004, até o presente momento, já
houveram nove edições do Edital de Inovação SENAI SESI. Uma a cada ano.
Os Editais de Inovação do SENAI, tiveram então início no ano de 2004, e, desde
então, vem oferecendo aos projetos selecionados, recursos para financiamento e
aparato técnico necessário para o desenvolvimento de ideias inovadoras, com plena
possibilidade de implementação no mercado. Os recursos destinam-se
exclusivamente a custear as despesas com o desenvolvimento dos produtos,
processos e serviços propostos nos projetos, podendo ser aplicados na aquisição de
equipamentos, contratação de terceiros, despesas com viagens, material de consumo,
software, material de laboratório e etc.
33
Posteriormente, o SESI, passou a formar uma parceria com o SENAI, incluindo
a característica de apoio à inovação na área social também. Dessa forma, o objetivo
do Edital de SENAI SESI Inovação, é promover o apoio a projetos de inovação
tecnológica e social que compreendam o desenvolvimento de produtos, processos e
serviços prestados pelos Departamentos Regionais do SENAI, em parceria com
empresas do setor industrial.
Para que um projeto se candidate a receber recursos, é obrigatório a participação
de, no mínimo, uma empresa do setor industrial.
No edital de 2011, O SENAI-DN e o SESI-DN disponibilizaram até R$23,5
milhões para a cobertura dos projetos, sendo R$16 milhões para projetos SENAI e
R$7,5 milhões para projetos SESI (EDITAL SENAI SESI DE INOVAÇÃO, 2012).
Os recursos são aplicados aos projetos através de critério de pontuação,
classificados de acordo com os critérios estabelecidos no edital.
Para a divulgação do edital, são elaborados diversos materiais de marketing,
conforme ilustra a figura 4, além de um site específico para este fim, onde se pode
obter informações completas sobre o edital corrente e sobre O edital também é
divulgado nos sites dos Departamentos Regionais do SENAI.
Figura 4: Materiais de divulgação do Edital SENAI SESI de Inovação
Fonte: Apresentacão de Lançamento Edital2011
34
3.1.2.2 Evolução dos Índices do Edital SESI SENAI de Inovação
Conforme dados obtidos da Unidade de Inovação e Tecnologia do SENAI DN
(UNITEC), o alcance do uso por parte das empresas do Edital de Inovação SESI
SENAI, tem evoluído exponencialmente, conforme mostram os dados de projetos
aprovados entre os anos 2004 e 2011 descritos no gráfico 3 em seguida.
Gráfico 3: Histórico de Projetos Aprovados pelo Edital de Inovação SENAI SESI entre 2004 e 2011
Fonte: Disponível em http://www.rr.SENAI.br/uploads/Apresenta%C3%A7%C3%A3o%20Lan%C3%A7amento%20do%20E
dital%20SENAI%20SESI%202012%20Template%20Edital%202012.pdf
Os dados da UNITEC informam ainda a evolução dos recursos financeiros
disponibilizados para os projetos entre os anos de 2004 e 2011, segundo ilustra o
gráfico 4 a seguir.
35
Gráfico 4: Histórico dos Recursos Envolvidos entre os anos de 2004 e 2011
Fonte: Disponível em http://www.rr.SENAI.br/uploads/Apresenta%C3%A7%C3%A3o%20Lan%C3%A7amento%20do%20E
dital%20SENAI%20SESI%202012%20Template%20Edital%202012.pdf
3.1.2.3 Critérios de Qualificação de um Projeto
As empresas apresentam seus projetos os quais são submetidos a uma série
de avaliações, distribuídas em várias etapas, de forma a garantir o máximo possível
que as melhores ideias, com maior potencial de resultados positivos, utilizem os
recursos disponibilizados pelo edital.
As fases dessa classificação, está descrita na figura 5.
Figura 5: Fases de classificação dos projetos Fonte: EDITAL SENAI SESI DE INOVAÇÃO, 2012
Na fase de pré-qualificação, ocorre a eliminação automática das propostas que
não atenderam aos elementos obrigatórios estabelecidos no edital, como por
exemplo:
Fase de pré-qualificação
Avaliação Quantitativa
Avaliação Qualitativa
Apresentação dos resultados
36
Contrapartida mínima de recursos financeiros e/ou matéria-prima, pela
empresa conforme limite estabelecido no edital;
Participação de profissional de área técnica como contrapartida da
empresa e do DR;
O Projeto deve possuir como resultado final um produto, processo ou
serviço inovador a ser incorporado pelo mercado/empresa.
Em seguida, na Avaliação Quantitativa, é realizada uma pontuação automática
associada aos critérios mensuráveis do edital, feita matematicamente por um software
específico para este fim. Já na Avaliação Qualitativa, é feita uma pontuação associada
aos demais critérios de avaliação do edital, realizada pela equipe de avaliadores do
SENAI/DN, SESI/DN e consultores externos.
Por fim, na apresentação dos resultados, é feito um ranking dos projetos de
acordo com a pontuação total e listagem dos aprovados.
Os critérios aos quais são submetidos os projetos concorrentes, estão abaixo
relacionados:
- Descrição do projeto
Objetivo do projeto;
Descrição do escopo do projeto;
Cronograma com etapas, tarefas e marcos de entrega definidos;
Equipe técnica adequada ao desenvolvimento do projeto;
Recursos financeiros e econômicos adequados ao desenvolvimento do
projeto.
- Descrição do produto/processo/serviço
Especificação;
Informações sobre as características inovadoras;
Grau de ineditismo.
- Descrição do projeto
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Análise de mercado;
Análise de viabilidade técnica;
Análise de viabilidade econômica;
Impactos indiretos.
- Participação da empresa parceira e contrapartida
Recursos financeiros e/ou de matéria-prima disponibilizados pela
empresa;
Recursos econômicos disponibilizados pela empresa.
- Participação do departamento regional e unidade operacional
Contrapartida financeira do DR e unidade operacional;
Recursos econômicos disponibilizados pelo DR e unidade operacional;
Histórico do DR no Edital SENAI SESI de Inovação .
3.2 As Empresas Pesquisadas
As empresas pesquisadas foram a LDSoftware Ltda. (ONIRIA Software) e
a Giga Indústria e Comércio de Produtos Mecânicos e Eletrônicos Ltda, que serão
brevemente descritas a seguir.
3.2.1 LDSoftware Ltda. (ONIRIA Software)
A ONIRIA, localizada em Londrina, Estado do Paraná, é uma empresa do
segmento industrial de desenvolvimento de softwares, e o produto com o qual
participou do Edital SENAI SESI de Inovação, edição do ano 2010, foi o “Simulador
de planta de instrumentação e controle de processos industriais 3D”.
Fundada em 2009, a empresa ONIRIA desenvolve soluções em sistemas de
informação para o mercado corporativo, de transportes, de saúde e treinamentos.
Segundo as informações obtidas no site da empresa (ONIRIATECH, 2013), sua
38
missão é tornar acessível soluções tecnológicas mais agradáveis e de utilização mais
fácil, considerando o comprometimento e responsabilidade de seus clientes.
A ONIRIA é uma empresa independente, com sede no Brasil e possui
atualmente 25 funcionários em seu quadro
Ainda segundo informações disponíveis em seu site, a equipe técnica constitui-
se de profissionais altamente qualificados, com grande experiência de mercado,
incluindo-se os gerentes de projeto, analistas de sistema a equipe de suporte e os
programadores.
A empresa ONIRIA busca as tecnologias mais avançadas no mercado
construindo uma base sólida e eficiente, observando sempre as necessidades e
especificidades de seus clientes.
Os valores que norteiam a empresa são:
Inovação (tecnologia, facilidade de uso, convergência digital);
Ética (para uso de informações e proteção dos clientes);
Multidisciplinaridade (conhecimento de diversas áreas e profissionais).
A ONIRIA além de operar no mercado de soluções também atua no de
serviços. Neste último, através de consultorias e em projetos de terceirização.
3.2.2 Giga Indústria e Comércio de Produtos Mecânicos e Eletrônicos Ltda.
A Giga pertence ao segmento industrial de Equipamentos de segurança
eletrônica, e o produto com o qual participou do Edital SENAI SESI de Inovação em
sua quarta edição, no ano de 2007, foi o “Leitor e escritor RFID”.
A empresa recentemente passou de independente a parte de um grupo, com a
participação da empresa francesa Stamp. Dessa forma, a empresa conta agora com
uma matriz brasileira e outra francesa.
O principal mercado da empresa é o brasileiro e possui atualmente 150
funcionários.
39
A empresa Giga, iniciou sua trajetória através do programa de incubadora de
empresas do Instituto Nacional de Telecomunicações (INATEL), sob o nome NibTec
Inovações, no período de 2005 a 2008, empregando, então, 10 funcionários, (INATEL,
2013).
Conforme informa o site da empresa (GRUPOGIGA, 2013), a Giga possui
certificação ISO 9001 e constitui-se por duas unidades de negócio, a saber, de
segurança eletrônica e de metalurgia de precisão, que surgiram durante os seis anos
de existência da empresa.
A Giga mantém seu foco no desenvolvimento de novos produtos e na melhoria
contínua de seus processos, procurando manter em seu parque de máquinas,
equipamentos de última geração e mão de obra qualificada, para fornecer produtos e
serviços de alta qualidade.
Estrategicamente localizada em Santa Rita do Sapucaí, no estado de Minas
Gerais - considerada o "Vale da Eletrônica", por ser um dos principais polos de
desenvolvimento tecnológico do Brasil - e entre as principais capitais da região
sudeste, tem suas operações de logística facilitadas para o escoamento dos produtos
para todo o Brasil. A Giga ainda possui filial na Zona Franca de Manaus para a
confecção de produtos com tecnologia própria, recebendo incentivos fiscais do
governo, proporcionando uma redução substancial nos custos de produção de toda a
linha de câmeras analógicas, câmeras IP, gravadores digitais e controle de acesso.
A Giga possui estrutura para oferecer a seus clientes o suporte e assistência
técnica necessária aos produtos que comercializa.
40
4 ANÁLISE DO ESTUDO DE CASOS
A análise do estudo de casos que segue, foi realizada através das respostas
fornecidas pelo Sr. Nicholas Haidu, diretora da empresa LDSoftware Ltda. (ONIRIA
Software) e pelo Sr. Bruno Mecchi Gouvêa, diretor da empresa Giga Indústria e
Comércio de Produtos Mecânicos e Eletrônicos Ltda.
4.1- Conhecimento do Edital
Analisando a maneira com que as empresas tiveram contato com o Edital
SENAI SESI de Inovação, foi possível perceber um ponto em comum: as duas foram
pró ativas na busca de fomento para desenvolver suas ideias.
Ambas as empresas possuem a inovação como premissa básica nos seus
produtos, procurando sempre oferecer algo novo no mercado. Isso se revela nas falas
das empresas, onde a empresa ONIRIA revela que já possuía um relacionamento com
o SENAI Paraná e que tomou ciência do Edital através das redes de relacionamentos
do SENAI. Já a empresa Giga, à época de sua participação, encontrava-se encubada
em uma instituição (INATEL) que, por seu caráter incentivador de novas empresas de
tecnologia, monitorava iniciativas semelhantes ao Edital.
4.2- Caracterização da Inovação
No ambiente empresarial, para ser considerada como inovação, a invenção
precisa ter viabilidade comercial, ser adotada pelo mercado e ainda gerar lucro aos
stakeholders envolvidos (SERAFIN, 2011). Não basta ser apenas uma boa ideia para
que o produto (ou processo) seja considerado uma inovação. É necessário que este
esteja em comercialização e suporte os custos de sua produção e ofereça lucro a
quem o negocie. Segundo Tigre (2006), “Inovação é a aplicação prática de uma
invenção”.
Com base nisso, pode-se considerar que os produtos desenvolvidos pelas
empresas entrevistadas tratam-se de inovações, através da evidência das respostas
às entrevistas a seguir:
Sim. Foi um simulador de plantas de processo. O nome comercial do produto é o Virtua. Está no nosso site, inclusive (GIGA, 2013).
41
O produto está sendo comercializado, mas numa versão mais atual. Nós não usamos a mesma placa, mas usamos a inteligência que adquirimos com o projeto de inovação e desenvolvemos um produto novo, claro que utilizando todo o conhecimento que aprendemos (ONIRIA, 2013).
4.3- Crescimento de Produtividade e de Lucro das Empresas
Conforme já mencionado, a caracterização de uma inovação só é completa se
entrega retorno financeiro aos stakeholders envolvidos no processo, notadamente
sócios e acionistas da empresa. Sobre isso, as considerações das empresas
entrevistadas foram as seguintes:
A empresa ONIRIA, afirma que houve aumento dos lucros e que estes
alcançaram as metas esperadas à época de seu projeto participante do Edital de
Inovação. Ressalta, ainda, que vem optando pelo foco em produtos e que o produto
fruto da participação no Edital, foi um dos prioritários da empresa.
A empresa Giga, informa que também teve aumento em seus lucros, porém
não exclusivamente em função de sua participação no Edital.
A Giga solicitou que os valores em espécie revelados na entrevista não fossem
divulgados neste trabalho, mas foi possível verificar que são bastante expressivos.
A Giga não soube precisar se as metas de vendas com o projeto foram
atingidas, mas a percepção quanto a isto é favorável.
4.4- Criação de mais e/ou de Melhores Empregos
O crescimento das empresas pode ser revelado através do aumento no número
de funcionários, porém no caso de empresas inovadoras, melhor ainda é o indicador
obtido pela qualificação da mão de obra empregada.
As respostas da pesquisa revelam a posição de empresas em crescimento. As
duas empresas afirmaram aumento em seus quadros de funcionários. Atentam ao fato
de que a participação no Edital não foi condição sine qua non, mas que contribuiu para
42
o sucesso da empresa e, consequentemente, para a contratação de mais
funcionários.
A empresa Giga afirma que no início de suas operações contava com 5
funcionários e, atualmente, emprega 150 pessoas.
Quanto a melhoria no nível de qualificação de seus funcionários, a empresa
Giga investe numa equipe de mestres e engenheiros para o desenvolvimentos de
novos projetos.
Essa é uma das caraterísticas de empresas inovadoras, e que o Brasil precisa
perseguir, conforme demonstra Viotti (2005, p.55).
4.5- Investimentos e Criação de Competências em P&D
O investimento em P&D, é uma das principais estratégias presentes nas
empresas inovadoras em todo o mundo (SERAFIN, 2011). Para que a cultura de
inovação se instale em definitivo numa empresa, o investimento em pesquisa e
desenvolvimento é fundamental.
Quanto aos investimentos nesse sentido, as empresas entrevistadas
concordam que a participação no Edital agregou valor, apesar já ter essa consciência
anteriormente.
A empresa Giga mantém parceria com a universidade de Santa Rita e com o
INATEL, e todo investimento em P&D é realizado através destes convênios. Esse é
um aspecto muito interessante, pois justamente caminha na direção observada por
Viotti (2005), que aponta a necessidade de que mestres e doutores apliquem seus
conhecimentos nas empresas, além do espectro das instituições de ensino.
Através da parceria com a INATEL, A empresa Giga mantém a seus serviços,
uma equipe de 15 engenheiros e mestres no desenvolvimento de novos produtos.
43
4.6- Construção da Cultura de Inovação na Empresa
O Edital é uma iniciativa do SENAI e do SESI que visa a despertar a cultura da
inovação na indústria brasileira. A partir dessa afirmação, presente no próprio Edital,
procurou-se conhecer nas empresas entrevistadas, se, de fato, houve contribuição
para o alcance desse objetivo. Sobre isso, as empresas informaram que:
Sim, com certeza, tanto do próprio produto que já foi aprimorado posteriormente aos trabalhos que foram fomentados pelo edital, quanto de forma geral no restante da empresa. Nós temos inclusive várias premiações por inovação, prêmios dos nossos clientes por fornecimento com inovação, projetos de destaque (ONIRIA, 2013).
Várias! Sem dúvida. É difícil mensurar. Foi na época fundamental, estávamos muito pequeno, não tínhamos grana para nada e ai veio um investimento bom para a gente conseguir desenvolver um produto que foi o primeiro produto que começou a girar na nossa empresa. Hoje não e o produto mais significativo, mas ajudou muito para aquela época. Talvez seria mais difícil de acontecer sem esse recurso (GIGA, 2013).
4.7- Incentivos Técnico e Financeiros do Edital
Para inovar, Schumpeter (1982) afirma que o empreendedor necessita de
crédito para que possa produzir e se tornar capaz de executar novas combinações de
fatores para tornar-se empreendedor. Já Tigre (2006) alega que empresas inovadoras
utilizam diversas fontes de tecnologia, informação e conhecimento e que elas se
dividem em internas e externas.
Através do auxílio de seus profissionais e serviços laboratoriais, o Edital se
propõe também a ser fonte de incentivo técnico, agindo como uma fonte externa de
tecnologia informação e conhecimento. Talvez nesse ponto, o Edital tenha seu
principal diferencial em relação a outras iniciativas semelhantes, que focam apenas
no auxílio financeiro.
As respostas das empresas entrevistadas divergem nesse aspecto. A
percepção da empresa ONIRIA, tende a valorizar o suporte técnico do SENAI.
Acho os incentivos foram igualmente importantes. A parte financeira com certeza ajuda a viabilizar o desenvolvimento do projeto, mas sem o conhecimento técnico do SENAI, que demandava e que tinha o conhecimento
44
dessas plantas de processo, teria sido impossível, então, ambos. Talvez a parte técnica tenha sido mais importante, mas se tivesse falhado uma das duas, talvez o projeto não tivesse ocorrido (ONIRIA, 2013).
Para a empresa Giga, o aporte financeiro foi o mais importante
Foi o incentivo financeiro que permitiu contratarmos profissionais para realizar o projeto. O incentivo que tivemos por parte do SENAI foi mais na área de prototipagem. Foi o auxílio direto nessa parte. A parte técnica do SENAI. Porque o que trouxe skill técnico para o time foi o dinheiro que a gente investiu em desenvolvimento. Foi o recurso do SENAI investido dentro da Giga e não dentro do SENAI.
O SENAI deu também um suporte técnico, mas eu diria que foi a menor parte. O que influenciou mais no sucesso do projeto foi o dinheiro para contratarmos profissionais de desenvolvimento. (GIGA, 2013).
4.8- Destino dos Recursos ao Final do Projeto
Segundo informado no Edital, todos os bens e equipamentos adquiridos com a
utilização de recursos do SENAI-DN e/ou SESI-DN, no âmbito do Edital, serão de
propriedade do SENAI-DR ou SESI-DR.
O Edital também afirma que Os Departamentos Regionais que tiverem projetos
híbridos SENAI-SESI deverão estabelecer um Acordo de Cooperação Técnica entre
os Departamentos Regionais.
As respostas das empresas esclarecem como funcionou o mecanismo dos
aportes e o destino dos recursos, patentes e propriedade intelectual ao final do projeto.
A ONIRIA explica que existe um acordo entre o SENAI e a empresa. Esse
acordo varia conforme a natureza do projeto. No caso da ONIRIA, foi feito o
pagamento de royalties ao SENAI sobre o faturamento das vendas do produto. A
propriedade intelectual ficou com a ONIRIA.
É feito um acordo entre as partes, entre a empresa e o SENAI. Existem royalties. A propriedade é da empresa e o SENAI recebe alguns royalties pela comercialização do produto. Por ter participado do desenvolvimento, por ter fomentado o desenvolvimento, ele recebe royalties. Mas isso varia de caso à caso. Depende de cada um. No caso do software é um registro de propriedade intelectual. Como é um produto que não tem equipamento, não existe patente, nos protegemos de outras maneiras (ONIRIA, 2013).
45
Não foram adquiridos equipamentos, no caso do projeto da empresa Giga, mas
houve a devolução de recursos ao SENAI, que por sua vez, flexibilizou essa operação,
considerando a dificuldade financeira da empresa, ainda no início de suas atividades.
Nós não patenteamos, mas toda a propriedade intelectual, produto etc. ficou com a Giga. O dinheiro foi investido em desenvolvimento, protótipo. (Não haviam equipamentos a serem devolvidos). Nós tivemos que devolver recurso para o SENAI, sem dúvida. Na época foi muito difícil porque estávamos faturando, mas não o suficiente para devolver o recurso integral. Nós tivemos um acordo com o SENAI, devolvemos parte do dinheiro e acertamos assim. Mas o SENAI foi bastante compreensivo na época (GIGA, 2013).
4.9- Impressões Finais sobre a Participação no Edital
Quais as impressões finais da empresa sobre o aproveitamento e limitações
encontradas nos recursos recebidos do SENAI? Sua empresa concorreria
novamente?
As empresas respondentes desta pesquisa, de modo geral, classificaram como
positiva suas experiências na participações do Edital. A empresa ONIRIA classifica
como excelente a iniciativa do Edital.
A empresa Giga afirma ter sido muito bom ter participado do Edital na época.
Cada uma das empresas criticaram pontos distintos na execução de seus
projetos.
A empresa ONIRIA faz uma crítica generalizada aos órgãos públicos, referente
à burocracia para a liberação dos recursos. Para esclarecimento, o SENAI não é um
órgão público, porém utiliza verba proveniente de impostos e obedece a uma
legislação própria, com características semelhantes àquela seguida por órgãos
públicos.
Talvez a única coisa que ele deixa um pouco a desejar, que na verdade não é uma crítica ao SENAI, é uma crítica geral a órgãos públicos, porque o SENAI está restrito as leis de licitação e isso acaba dificultando muito. A gente perde, digamos assim, a perde um tempo até que isso seja operacionalizado. Então, para comprar qualquer equipamento, você tem um processo ai que é demorado, não houve para esse projeto, mas nós já tivemos outros projetos com o SENAI onde existe isso, então contratação de terceiros, existe todo aquele processo de licitação que acaba sendo um pouco moroso. Como os
46
projetos muitas vezes o aporte de dinheiro nem é tão expressivo assim, eu acho que poderia ser agilizado de alguma forma, mas isso não é uma crítica ao SENAI. É uma crítica de maneira geral à forma como o governo contrata produtos e serviços (ONIRIA, 2013).
A crítica da Giga refere-se ao risco assumido pela empresa, pois, no caso de
fracasso do projeto, ainda assim existe a necessidade de devolução de recursos ao
SENAI. A empresa sugere que tal devolução deveria estar atrelada ao sucesso
comercial do projeto.
O fato de ter que devolver o dinheiro para o SENAI deveria ser estritamente atrelado ao sucesso do projeto, porque se você não tem sucesso no projeto, você pode quebrar a empresa. E foi o que quase aconteceu com a gente na época. Mas conseguimos negociar com eles. Dissemos “O sucesso desse projeto foi parcial...”, negociamos e conseguimos um abono nesse sentido. Isso foi uma compreensão muito boa do SENAI com a gente. Nos projetos novos acho que deveria se devolver o dinheiro com base no sucesso (do projeto). Se não tiver sucesso, que fique como um investimento que, como chamam, não-reembolsável. Eu acho que seria o melhor formato para o desenvolvimento da indústria nacional (GIGA, 2013).
A empresa ONIRIA, afirma que continuou concorrendo nos editais
subsequentes, sempre conseguindo classificar seus projetos, demonstrando, assim,
que o Edital é importante para seu desenvolvimento.
Com certeza não só concorreríamos (em um novo Edital), como concorremos no ano passado e vencemos mais um. É um projeto que está em andamento, o produto ainda não está finalizado. Mas esse que você está falando da planta de processo, é um edital de 2010, ano passado2012 nós tivemos um outro projeto aprovado. Então, não só recomendamos como estamos ativamente participando de novas rodadas (ONIRIA, 2013).
A empresa Giga, reforça sua crítica e condiciona sua participação em novo
edital do SENAI SESI à revisão das regras quanto aos riscos envolvidos no sucesso
do projeto. Informa, porém, que continua concorrendo em outros editais do gênero.
Eu acho que nos concorreríamos novamente, se fosse fundo não reembolsável. Nós estamos concorrendo a vários agora a CIBRATEC, que eu não sei se tem envolvimento do SENAI, estamos concorrendo na FINEP, subvenção econômica. Estamos concorrendo a vários editais. Eu acho que concorreríamos se fosse verba não reembolsável, atrelado ao sucesso do projeto. Se tiver fracasso o projeto, o fracasso seria em conjunto (GIGA, 2013).
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4.10- Inovação Radical ou Incremental
As inovações podem ser de caráter incremental, referindo-se à introdução de
qualquer tipo de melhoria em um produto (FREEMAN, 1988) ou radical, nesse caso,
um produto, processo ou serviço que oferece atributos de performance inéditos ou
características que promovam melhoras significativas de desempenho ou custo e
transforme os mercados existentes ou crie novos mercados (LEIFER; O‟CONNOR;
RICE, 2002).
A inovação radical possui característica mais revolucionária e seus impactos
ainda são pouco compreendidos, ao passo que a inovação incremental, a mais
praticada, tem foco no retorno mais imediato e, por vezes, confunde-se com simples
imitação de outro produto de sucesso comercial.
A empresa ONIRIA afirma que seu produto é uma inovação radical por ser
direcionado a um público distinto daquele em que vinha atuando.
Ele foi um produto totalmente novo, uma área nova, o público alvo dele é diferente. Em termos de tecnologia, de simulação, a ONIRIA já possuía tecnologia de simulação, mas ela precisava aprimorar, desenvolver certas partes para atender aos requisitos desse novo projeto. Então, em termos técnicos, eu diria que não houver uma revolução tão grande assim, mas a inovação é radical a partir do princípio que era um mercado novo no qual a empresa não atuava (ONIRIA, 2013).
Para a empresa Giga, seu produto, foi uma inovação baseada em tecnologia já
existente e trata-se assim de uma inovação incremental.
Era um aprimoramento, mas era inovador, porque não existia nem na empresa nem no mercado. Era um leitor com dois protocolos de comunicação, era um leitor para identificação por rádio frequência, só que já haviam leitores, só que cada um com um protocolo. Ai nós desenvolvemos um que juntava e unificava esses protocolos num leitor só. Existem dois padrões de mercado que nos liamos num único leitor (GIGA, 2013).
4.11- Quanto a Difusão das Inovações
São classificados em três os fatores condicionantes que influenciam na difusão
das inovações: condicionantes técnicos, condicionantes econômicos e condicionantes
institucionais.
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A dificuldade enfrentada pela empresa ONIRIA, foi quanto à penetração em um
novo mercado, onde desconhecia as regras de participação, caracterizando, assim,
uma limitação imposta por um condicionante institucional.
Sendo um novo produto para um mercado que até então não era atingido pela empresa, houve uma dificuldade natural de penetração de mercado, digamos assim, no sentido de se inteirar das regras. [...] Então, sendo um mercado onde não atuávamos, houve uma dificuldade natural, eu diria, com base comercial, de você operacionalizar esse novo mercado, esse novo cliente, enfim, esse novo público alvo (ONIRIA, 2013).
A empresa Giga apresentou em seu depoimento dificuldades que possuem
características tanto de condicionantes técnicos quanto de condicionantes
institucionais.
Eu acho que a maior dificuldade é você entender o processo da venda, da instalação do produto, aonde você vai se posicionar, s e você é fabricante, se você é um distribuidor, se você é um instalador. As indústrias as vezes elas querem fazer tudo e o sucesso está em perceber que vc não consegue fazer tido. A Giga hoje não faz uma instalação. Ela conta com um canal de milhares de instaladores no brasil todo. Acho que essa foi a maior dificuldade para a gente começar (GIGA, 2013).
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÂO PARA ESTUDOS FUTUROS
5.1 Considerações Finais
O objetivo deste trabalho foi analisar, por meio de um estudo de casos
múltiplos, como o SENAI tem contribuído para a inovação na indústria brasileira,
através dos Editais de Inovação.
Para atingir esse objetivo foram entrevistados os diretores das empresas
LDSoftware Ltda. (ONIRIA Software) e a Giga Indústria e Comércio de Produtos
Mecânicos e Eletrônicos Ltda.
A inovação pode ser caracterizada nas empresas pesquisadas, pois os
produtos desenvolvidos através do fomento do Edital estão presentes no mercado.
Como observou Shumpeter (1982), já no início do século XX, o empresário
inovador precisa de crédito para que possa produzir e capacitar-se a executar novas
combinações de fatores para tornar-se empreendedor.
As análises das respostas obtidas nesta pesquisa demostram claramente que
as empresas que possuem em seu DNA o gene da inovação, necessitam desse
combustível, dessa injeção de incentivos, para que possa via a alçar voo solo,
interiorizando a cultura de inovar. Tal como o Edital SENAI SESI de Inovação, existem
outras iniciativas disponibilizando capital a serviço da inovação nas indústrias, porém
um grande diferencial sobre as demais, é que o Edital, objeto deste estudo, além do
fomento financeiro, tem o poder, através de seus profissionais, de prestar assistência
técnica no desenvolvimento dos projetos.
Verificou-se então, através das respostas obtidas que a efetividade da
contribuição do Edital SENAI SESI de Inovação, evidencia-se por meio dos
crescimentos relatados pelas empresas, no que tange ao faturamento, à mão de obra
empregada e sua qualidade e aos investimentos em Pesquisa e Desenvolvimento,
condições fundamentais para a evolução de empresas inovadoras.
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Coerente com os estudos presentes na revisão bibliográfica deste trabalho,
constata-se que o aumento do faturamento de empresas inovadoras, que agregam
valores aos seus produtos, que procuram inovações não somente incrementais, como
demonstrado no gráfico 2 , é proporcionalmente maior quando comparado ao
faturamento de empresas fornecedoras de commodities, de produtos comuns, pois
neste caso, a vulnerabilidade é grande. Existem outros que o fazem. O mercado de
produtos com ampla concorrência, sem diferencial, acompanha os preços, não os dita.
A importância do Edital, nesse aspecto, é o de acelerar a assimilação de
conhecimentos e inovações de alta tecnologia nas empresas brasileiras,
impulsionando o peso desses setores nas exportações do Brasil.
A iniciativa do Edital também se mostra importante, no momento em que leva,
através do suporte técnico, os pesquisadores a trabalhar, não mais somente no
ambiente acadêmico, mas em prol das empresas, empregando seus conhecimentos
avançados na busca por novas soluções e aperfeiçoamentos de produtos e
processos. Dessa forma, estimula a criação da cultura de inovação, procurando
libertar o Brasil de país importador e usuário de tecnologia estrangeira, rumo ao
patamar de criador e exportador de soluções. Parafraseando Viotti (2005), é nesta
categoria de produtos, onde as melhores (e mais lucrativas) oportunidades
tecnológicas se apresentam.
Verificou-se assim, que nas empresas entrevistadas, a cultura de inovação é
presente e que, em maior ou menor grau, a participação no Edital foi significativa para
o reforço e aprimoramento desta cultura.
As empresas entrevistadas também tiveram opiniões semelhantes entre si
quanto à importância do Edital, apesar de fazerem críticas quanto à burocracia na
liberação dos recursos e processos de compra e quanto à incerteza referente ao fator
de risco assumido pela empresa ao utilizar os recursos financeiros disponibilizados.
Isso demonstra que, a cada lançamento de novo Edital, o SENAI e o SESI
possuem campo para constante evolução, na busca pelo melhor modelo a oferecer
às empresas brasileiras. È preciso ouvir os empresários, nas suas críticas e
sugestões, uma vez que não há sentido no Edital, se não cumprir da melhor forma
seu objetivo.
51
Cada empresa entrevistada apontou aspectos distintos como principais, na
aplicação do Edital. Para uma, o aporte financeiro foi mais importante, enquanto para
a outra, o suporte tecnológico teve um peso maior. Conclui-se disso que ambos os
incentivos têm importância no apoio a empresas inovadoras.
Verifica-se então que o SENAI, ao buscar uma forma de colaborar com a
inovação nas empresas brasileiras, optou por criar o Edital de Inovação, com o
objetivo principal de criar ou incentivar a cultura de inovação alavancando a produção
de médio e alto grau de tecnologia embarcada nos produtos brasileiros.
Os dados apresentados nos gráficos 3 e 4 mostram o número crescente de
empresas participantes (evidenciando o efeito dos mecanismos de divulgação) e o
crescimento exponencial do volume de recursos financeiros disponibilizado às
empresas participantes. Sob essa ótica, pode-se concluir que o Edital tem conseguido
com sucesso, chegar ao público a que se destina e cumprir seus objetivo.
As empresas pequisadas, foram reconhecidamente auxiliadas pelo SENAI com
recursos financeiros e com o apoio de seu corpo técnico, tornando possível o
desenvolvimento completo de seus projetos, acompanhando e auxiliando durante as
suas fases, contribuindo através de competências em dimensões diversas, seja no
gerenciamento de recursos ou através do conhecimento técnológico.
Por meio das evidências e conclusões apresentadas nesse trabalho, verificou-
se como empresas tiveram projetos inovadores selecionados e apoiados pelo Edital
SENAI SESI de Inovação, que tem dessa forma conseguido com sucesso auxiliar a
inovação na indústria brasileira.
5.2 Sugestão para Estudos Futuros
Como sugestão para estudos futuros, recomenda-se considerar a ampliação
do número de empresas pesquisadas, o que poderia corroborar ou refutar as
conclusões apresentadas neste trabalho.
52
Não se deve descartar também a possibilidade de um estudo quantitativo, por
meio de análise estatística sobre o alcance e a importância do Edital no apoio à
inovação de produtos e processos nas empresas brasileiras.
Por fim, através das críticas de empresários, um estudo com espaço amostral
mais amplo, pode vir a colaborar no aperfeiçoamento das regras dos próximos Editais,
de forma a melhor atender aos seu objetivo de incentivar a inovação nas indústrias
brasileiras.
53
REFERÊNCIAS
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YIN, R. K. Estudo de Caso: planejamento e métodos. Tradução de Daniel Grassi. 3a ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.
56
1 Edital SENAI SESI de inovação 2011
Brasilia 2011
ANEXO A - EDITAL DE INOVAÇÃO SENAI SESI
Edital SENAI SESI de inovação 2011 57
Edital SENAI SESI de Inovação 2011
CONFEDERAÇÃO NACIONAL DA INDÚSTRIA - CNI
Robson Braga de Andrade
Presidente
SERVIÇO SOCIAL DA INDÚSTRIA - SESI
Conselho Nacional
Jair Meneguelli
Presidente
SESI - Departamento Nacional
Robson Braga de Andrade
Diretor
Carlos Henrique Ramos Fonseca
Diretor Superintendente
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL - SENAI
Conselho Nacional
Robson Braga de Andrade
Presidente
SENAI - Departamento Nacional
Rafael Esmeraldo Lucchesi Ramacciotti
Diretor Geral
Regina Maria de Fátima Torres
Diretora de Operações
2
Edital SENAI SESI de inovação 2011 58
Serviço Social da Indústria Departamento Nacional
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Departamento Nacional
nós ajudamos suas ideias a nascer.
Brasília
2011 © 2011. SENAI – Departamento Nacional
© 2011. SESI – Departamento Nacional
Qualquer parte desta obra poderá ser reproduzida, desde que citada a fonte.
SENAI/DN
Edital SENAI SESI
de
Inovação 2011
Se a inovação está no DNA da sua empresa,
Edital SENAI SESI de inovação 2011 59
Unidade de Inovação e Tecnologia – UNITEC
SESI/DN
Unidade de Tendências e Prospecção – UNITEP
Ficha catalográfica
S491e
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional.
Edital SENAI SESI de inovação 2011: se a inovação está no DNA da
sua empresa, nós ajudamos suas idéias a nascer / Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial. Departamento Nacional, Serviço Social da
Indústria. Departamento Nacional. – Brasília, 2011.
54p.
1. Inovação I. Serviço Social da Indústria II. Título
CDU: 608.5
SESI
Serviço Social da
Indústria
Departamento
Nacional
Sede
Setor Bancário
Norte
Quadra 1 – Bloco
C
Edifício Roberto
Simonsen
Edital SENAI SESI de inovação 2011 60
Sumário
1 DENOMINAÇÃO, OBJETIVO E GOVERNANÇA 7
1.1 Denominação 7
1.2 Objetivo do edital 7
1.3 Participação de empresa 7
1.4 Governança 7
1.4.1 Obrigações do SENAI-DN e do SESI-DN 8
1.4.2 Obrigações do Proponente/Executor 8
1.5 Dúvidas e esclarecimentos
8
2 CRONOGRAMA E RECURSOS 9
2.1 Cronograma 9
2.2 Recursos financeiros 9
2.3 Bolsas CNPq 10
3 APRESENTAÇÃO DAS PROPOSTAS 10
3.1 Estrutura do projeto 10
3.2 Especificidades da proposta 11
4 PROCESSO DE AVALIAÇÃO E CONTRATAÇÃO DOS PROJETOS 12
4.1 Etapa 1 - Caráter obrigatório 12
4.2 Etapa 2 - Critérios de Avaliação 12
4.2.1 Caráter inovador 12
4.3 Etapa 3 - Contratação dos projetos
15
5 CONTROLE, MONITORAMENTO E DIVULGAÇÃO DOS PROJETOS 15
5.1 Acompanhamento dos projetos e prestação de contas 15
5.2 Divulgação 16
6 BENS ADQUIRIDOS NO ÂMBITO DO EDITAL 17
7 CASOS SUBMISSOS
APÊNDICE
17
Representantes Regionais do Edital SENAI SESI de Inovação 2011 18
Edital SENAI SESI de inovação 2011 61
DENOMINAÇÃO, OBJETIVO E GOVERNANÇA
Denominação
SENAI/SESI - Inovação 2011. É uma ação de abrangência nacional
voltada para os Departamentos Regionais (DRs) do SESI, do SENAI e do
SENAI/Cetiqt, envolvendo suas unidades e profissionais, em parceria com
empresas do setor industrial.
Objetivo do edital
Promover o apoio a projetos de inovação tecnológica e social que
compreendam o desenvolvimento de produtos, processos e serviços prestados
pelos DRs, em parceria com empresas do setor industrial.
Participação de empresa
Para efeitos deste Edital, é obrigatória a participação de, no mínimo, uma
empresa do setor industrial.
Caso haja desistência da participação da empresa privada após a
aprovação do projeto, o Departamento Regional (DR) envolvido terá o direito de
buscar outra empresa que tenha interesse no desenvolvimento do referido
projeto em até 60 dias após a desistência da empresa, mediante análise técnica
e aprovação do Departamento Nacional (DN).
Governança
A administração geral desta ação é de responsabilidade do SENAI-
DN/Unidade de Inovação e Tecnologia/Gerência de Inovação Tecnológica e do
SESI-DN/Unidade de Tendências e Prospecção.
Edital SENAI SESI
de Inovação 2011
Edital SENAI SESI de inovação 2011 62
Obrigações do SENAI-DN e do SESI-DN:
a. Disponibilizar parte dos recursos financeiros necessários para o desenvolvimento
das inovações tecnológicas e sociais; No caso de projetos comuns SENAI-SESI
devem ser observados os requisitos do item 2.2.;
b. Realizar o monitoramento físico e financeiro dos projetos de inovação;
c. Monitorar e controlar as bolsas disponibilizadas pelo CNPq, de acordo com o
regulamento dessa organização.
Obrigações do Proponente/Executor:
a. Apresentar proposta conforme estrutura exigida neste Edital;
b. Disponibilizar recursos financeiros e econômicos, conforme contrapartidas
estabelecidas no Termo de Compromisso da proposta;
c. Executar e monitorar os projetos de inovação, conforme cronograma proposto;
d. Selecionar o bolsista e acompanhar seu respectivo Plano de Trabalho;
e. Apresentar prestação de contas final do projeto, de acordo com procedimentos de
apoio financeiro estabelecidos pelas entidades nacionais;
f. Apresentar evidências de impactos gerados na empresa e no mercado após a
finalização do projeto.
Dúvidas e esclarecimentos
Para fins de esclarecimento acerca das regras deste Edital, o SENAI/DN
e o SESI/ DN contarão com uma equipe de representantes nos Departamentos
Regionais, os quais estão apresentados no quadro anexo ao final deste
documento.
Cronograma e recursos
Cronograma
A operacionalização da ação se dará conforme o seguinte cronograma
Lançamento do Edital 15/03/2011
Período para as empresas
apresentarem suas propostas ao
SENAI/SESI Regional
15/03 a 06/05/2011
Edital SENAI SESI de inovação 2011 63
Período para recebimento/
cadastramento dos projetos no sistema de
submissão Technix
15/03 a 20/05/2011
Julgamento dos projetos recebidos 23/05 a 15/07/2011
Divulgação dos resultados do
julgamento 22/07/2011
Envio dos contratos ao DN 25/07 a 02/09/2011
Início das atividades dos projetos
aprovados 03/10/2011
Recursos financeiros
O SENAI-DN e o SESI-DN disponibilizarão até R$23,5 milhões para a
cobertura dos projetos, sendo R$16 milhões para projetos SENAI e R$7,5
milhões para projetos SESI. Esses recursos serão aplicados nos projetos com
maior pontuação, classificados de acordo com os critérios estabelecidos no item
4.2 deste Edital.
O aporte de recursos por projeto pode chegar a R$300 mil para os
projetos do SESI ou SENAI. Os projetos desenvolvidos em parceria SENAI-
SESI poderão chegar a R$400 mil. Os Departamentos Regionais que tiverem
projetos híbridos SENAI-SESI deverão estabelecer um Acordo de Cooperação
Técnica entre os Departamentos Regionais, constando obrigações,
responsabilidades e contrapartidas de cada entidade na execução do projeto.
Bolsas CNPq
Adicionalmente aos recursos financeiros disponibilizados pelo SENAI/DN e o SESI/
DN para esta ação, o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), por meio
do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
disponibilizará até R$2,5 milhões em bolsas de Desenvolvimento Tecnológico e
Industrial (DTI).
De acordo com o convênio CNPq/SENAI-DN/SESI-DN, os projetos
apresentados poderão prever, além do valor para custeio dos projetos
(conforme item 2.2.), uma bolsa na modalidade Desenvolvimento Tecnológico
e Industrial (DTI) por período restrito à execução do projeto, como forma de
Edital SENAI SESI de inovação 2011 64
complementação da competência da equipe responsável pelo projeto. Caso
haja disponibilidade orçamentária, será analisada a possibilidade de inserção
de mais de uma bolsa DTI no projeto.
Os projetos serão contemplados com as bolsas de pesquisa de acordo com a
disponibilidade orçamentária do convênio com o CNPq.
As bolsas serão implementadas pelo CNPq segundo as normas e
procedimentos dessa organização, que podem ser consultados no endereço
http://www.cnpq.br/normas/ rn_10_015_anexo1_dti.htm. Os valores das bolsas
podem ser consultados em http:// www.cnpq.br/normas/rn_10_016.htm.
Os candidatos a bolsas DTI que forem selecionados para participar dos projetos
somente poderão iniciar suas atividades após aprovação pelo CNPq.
Apresentação das propostas
Estrutura do projeto
O projeto a ser desenvolvido pelo DR em parceria com a empresa deve
ser enviado por meio do módulo de submissão Technix, com o preenchimento
de todas as informações solicitadas no software, acompanhado dos seguintes
anexos:
a. Termo de Compromisso, assinado pelo Diretor/Superintendente Regional,
pelo Representante Legal da empresa, pelo Diretor da Unidade SENAI/SESI e
pelo gestor do projeto;
b. Termo de confidencialidade, estabelecendo as cláusulas de sigilo no que
concerne ao desenvolvimento do projeto;
c. Inscrição estadual da empresa parceira, emitido pela Secretaria de Fazenda
(http://
www.receita.fazenda.gov.br/PessoaJuridica/CNPJ/cnpjreva/Cnpjreva_Solicitacao
.asp).
Os documentos que necessitarem de assinaturas deverão ser
encaminhados em meio físico, via malote ou sedex, devidamente assinados,
com data de postagem nos Correios até o dia 20/05/2011. Não serão aceitos
documentos assinados em meio eletrônico (documentos digitalizados).
Edital SENAI SESI de inovação 2011 65
Especificidades da proposta
a. Prazo de execução do projeto: máximo de 20 meses, iniciados a partir da
data de início das atividades dos projetos aprovados, conforme cronograma
apresentado no item 2.1.
b. Elementos financiáveis: passagens e diárias de viagens, contratação de
serviços PF e PJ, máquinas e equipamentos, materiais de consumo, horas
máquinas, softwares e horas técnicas de profissionais de área técnica das
unidades do SENAI/SESI, desde que vinculados e inerentes ao projeto
aprovado;
c. Elementos não financiáveis: salários, ordenados, encargos ou férias de
funcionários do SENAI/SESI ou da empresa parceira.
OBSERVAÇÃO 01: Os recursos financeiros destinados a contratação de
terceiros não poderão exceder a 60% do recurso disponibilizado pelo
Departamento Nacional aos projetos, exceto quando o contratado seja outro
Departamento Regional ou mediante justificativa técnica a ser apresentada na
descrição do projeto, que será avaliada pela Comissão de Avaliação.
PROCESSO DE AVALIAÇÃO E CONTRATAÇÃO DOS PROJETOS
As propostas serão analisadas quanto ao seu mérito, sendo a análise
realizada em duas etapas: Caráter obrigatório (pré-qualificação) e Critérios de
Avaliação. A seleção dos projetos será realizada por Comitê de especialistas,
constituído por analistas do SENAI-DN, do SESI/DN e por consultores externos.
Etapa 1 - Caráter obrigatório (Análise Preliminar)
A avaliação das propostas prevê uma etapa preliminar de qualificação,
onde serão considerados os elementos obrigatórios listados abaixo. As
propostas que não atenderem a todos os elementos serão automaticamente
desclassificadas e não seguirão para a etapa de avaliação.
a. Participação de empresa industrial parceira no projeto, estabelecida há pelo menos
01 (um) ano, contado até a data limite da submissão da proposta;
Edital SENAI SESI de inovação 2011 66
b. Contrapartidas pela empresa e pelo Regional envolvendo recursos financeiros
e/ou matéria-prima, conforme limites estabelecidos no Detalhamento dos
Critérios de
Avaliação;
c. Participação de profissional de área técnica como contrapartida da empresa e do
DR;
d. Projetos que possuam como resultado final um produto, processo ou serviço
inovador a ser incorporado pelo mercado/empresa;
e. Encaminhamento dos documentos constantes no item 3.1.
Etapa 2 - Critérios de Avaliação (Análise do Mérito)
Caráter inovador
Para fins deste Edital, as propostas de projetos deverão atender a pelo menos
um dos conceitos abaixo apresentados:
Inovação tecnológica - trata-se da inovação de processo e/ou de produto.
A inovação de processo consiste na incorporação de novas tecnologias ao
processo produtivo de uma determinada empresa. Essa tecnologia pode ser
incorporada com a inserção ou substituição de etapas do processo, implantação
de software que impacte diretamente o processo, adaptação de maquinário, etc.
Já a inovação de produto é aquela em que, ao final da pesquisa aplicada e do
desenvolvimento experimental, resulta em um produto que pode ser adquirido por
consumidores ou por outras empresas.
Tecnologia Social Inovadora - intervenção social, replicável e com
potencial impacto social, desenvolvida e/ou aplicada na interação com a
indústria. Para o SESI, a Tecnologia Social da Indústria compreende o
desenvolvimento de metodologias, diagnósticos, ferramentas e processos
inovadores que contribuam para a qualidade de vida do trabalhador da indústria
nas temáticas da saúde, educação, lazer, esporte, cultura e responsabilidade
social.
Edital SENAI SESI de inovação 2011 67
Os projetos propostos pelo SENAI serão avaliados pelos itens comuns e de
inovação tecnológica.
Os projetos propostos pelo SESI serão avaliados pelos itens comuns e de
tecnologia social inovadora.
Os projetos híbridos SENAI-SESI serão avaliados pela junção dos itens de
inovação tecnológica e tecnologia social inovadora.
ITEM ITEM AVALIADO PONTUAÇÃO
1 DESCRIÇÃO DO PROJETO
PONTUAÇÃO
MÁXIMA: 200
PONTOS
1.1 Objetivo do projeto 40
1.2 Descrição do escopo do projeto 40
1.3
Equipe técnica adequada ao desenvolvimento do projeto
40
1.4
Cronograma com etapas, tarefas e marcos de entrega
definidos 40
1.5
Recursos financeiros e econômicos adequados ao
desenvolvimento do projeto 40
2 DESCRIÇÃO DO PRODUTO/PROCESSO/ SERVIÇO
PONTUAÇÃO
MÁXIMA: 150
PONTOS
2.1 Especificação do produto/processo/serviço 50
2.2
Informações sobre as características inovadoras do
produto/processo/serviço proposto 50
2.3 Grau de ineditismo 50
3 ANÁLISE DE VIABILIDADE DO PROJETO
PONTUAÇÃO
MÁXIMA: 300
PONTOS
3.1 Análise do mercado 80
Edital SENAI SESI de inovação 2011 68
3.2 Análise de viabilidade técnica 80
3.3 Análise de viabilidade econômica 80
3.4 Impactos indiretos 60
4 PARTICIPAÇÃO DA EMPRESA PARCEIRA NO
PROJETO
PONTUAÇÃO
MÁXIMA: 250
PONTOS
4.1
Recursos financeiros e/ou matéria-prima disponibilizados
pela empresa 150
4.2
Recursos econômicos disponibilizados pela empresa
100
5 PARTICIPAÇÃO DO DEPARTAMENTO REGIONAL E
UNIDADE OPERACIONAL
PONTUAÇÃO
MÁXIMA: 100
PONTOS
5.1
Recursos financeiros e de matéria-prima disponibilizados
pelo DR e unidade operacional 60
5.2
Recursos econômicos disponibilizados pelo DR e unidade
operacional 40
5.3 Histórico do DR no Edital SENAI SESI de
Inovação
+ 15% da pontuação
total do projeto
No caso de ocorrer o empate na nota final - definida no item 4.2 -
receberá o apoio do DN o projeto que obtiver melhor pontuação no item “Análise
de Viabilidade do Projeto”. Caso persista o empate, será considerada
vencedora a proposta que tenha apresentado a maior contrapartida financeira
(DR/UO + Empresa).
Etapa 3 - Contratação dos projetos
Para os projetos aprovados, deverá ser firmado um contrato entre os
parceiros, discriminando obrigações, prazos, orçamento, cláusulas de
propriedade industrial e de benefícios dos envolvidos. O contrato deverá ser
assinado e uma via encaminhada ao DN, para que seja autorizada a execução
do projeto.
Edital SENAI SESI de inovação 2011 69
A liberação dos recursos procederá conforme orientação encaminhada pelas
áreas de planejamento do SENAI/DN e do SESI/DN.
Depois de concedido o fomento, não poderá haver alteração de rubrica
de contas de despesas de capital para contas de despesas correntes. Da
mesma forma, não poderá haver alteração de rubrica de contas de despesas
correntes para contas de despesas de capital.
Os Departamentos Regionais, que tenham pendências quanto à
conclusão e prestação de contas de projetos anteriores apoiados pelo
Departamento Nacional, deverão sanálas para receber os recursos deste Edital.
CONTROLE, MONITORAMENTO E DIVULGAÇÃO DOS PROJETOS
Acompanhamento dos projetos e prestação de contas
O controle e o monitoramento dos projetos selecionados serão realizados
conforme abaixo:
Responsabilidades dos DRs:
a. Alimentação de informações no Módulo de Gestão de Projetos Technix visando o
acompanhamento da evolução física, financeira e monitoramento das entregas;
b. Envio trimestral e final de relatório dos bolsistas, quando aplicável;
c. No encerramento do projeto, deverão ser encaminhados as seguintes informações:
• Relatório de prestação de contas final dos recursos recebidos do SENAI-DN
e/ou SESI-DN, bem como das contrapartidas dos DRs e das empresas;
• Relatório de encerramento do projeto conforme modelo a ser fornecido pelo
Departamento Nacional;
• Para projetos de inovação tecnológica, deve ser enviado ao final do projeto,
juntamente com os Relatórios de Prestação de Contas final e de
Encerramento, um artigo científico relacionado ao escopo do
produto/processo/serviço;
• Para os projetos com desenvolvimento de tecnologias sociais inovadoras,
deve ser enviado ao final do projeto, juntamente com os Relatórios de
Edital SENAI SESI de inovação 2011 70
Prestação de Contas final e de Encerramento, um Relatório descritivo da
manualização do produto/ serviço com o objetivo de replicação em outras
indústrias
Responsabilidades do DN:
a. Apoio e esclarecimentos na utilização da ferramenta de gestão;
b. Acompanhamento das informações prestadas pelos DRs na ferramenta de gestão;
c. Realização de visitas técnicas de acompanhamento às empresas parceiras e às
unidades do SENAI e do SESI que tiveram seus projetos aprovados, visando
levantar evidências da evolução físico-financeira do projeto na UO e/ou na empresa
mercado, bem como o potencial de replicabilidade do produto/serviço.
Divulgação
As publicações e qualquer outro meio de divulgação dos resultados dos
projetos aprovados neste Edital deverão citar, obrigatoriamente, o apoio do
Departamento Nacional do SENAI / UNITEC e/ou do Departamento Nacional do
SESI / UNITEP e/ou do MCT/CNPq. Para peças produzidas, deverá constar
ainda a logo do SENAI-DN e/ou do SESI-DN e/ou do MCT/CNPq.
NOTA: A versão final com aplicação das respectivas logomarcas deve ser
aprovada pelas entidades nacionais.
O Departamento Nacional poderá solicitar aos Departamentos Regionais
e/ou empresas participantes outras informações para a divulgação do projeto
em eventos e em canais de comunicação. As informações poderão ser
fornecidas por meio de material audiovisual (vídeos, fotos, reportagens, material
promocional etc.), participação em eventos especializados e prêmios,
respeitando as restrições estabelecidas no Termo de Confidencialidade.
Todo material de divulgação produzido pelos Departamentos Regionais
ou pelas empresas participantes deverão ter uma cópia enviada ao SENAI-
DN/UNITEC ou SESIDN/UNITEP, com autorização para divulgação.
BENS ADQUIRIDOS NO ÂMBITO DO EDITAL
Edital SENAI SESI de inovação 2011 71
Todos os bens e equipamentos adquiridos com a utilização de recursos
do SENAI-DN e/ou SESI-DN, no âmbito do Edital, serão de propriedade do
SENAI-DR ou SESI-DR, sendo que os responsáveis deverão assegurar a sua
correta utilização e integridade, durante a execução do Projeto, podendo
qualquer um dos seus representantes legais ser designado como fiel depositário
dos mesmos.
CASOS SUBMISSOS
O Departamento Nacional do SENAI e o Departamento Nacional do SESI
reservam-se o direito de resolver os casos omissos e as situações não previstas
no presente Edital.
Apêndice
Representantes Regionais do Edital SENAI SESI de Inovação 2011
SENAI
DR Nome Telefone E-mail
AC Marcelo Ruiz (68) 3901-4507 mruiz@SENAIac.org.br
AL Fabrício Colombo (82) 2121-3047 fabricio.colombo@ al.SENAI.br
AM José Nabir (92) 3182-9924 jose.nabir@am.SENAI.br
AP Sandro Rogério
Balieiro de Souza (96) 3084-8937 sandro@ap.SENAI.br
BA Silmar Baptista
Nunes (71) 3310-9994 silmar@fieb.org.br
CE Tarcísio José
Cavalcante Bastos (85) 3421-5009 tbastos@sfiec.org.br
DF Arioston Cerqueira
Rodrigues (61) 3441-3036
arioston.rodrigues@
sistemafibra.org.br
ES Cláudia Dias de
Oliveira (27) 3334-5698 cdoliveira@findes.org.br
Edital SENAI SESI de inovação 2011 72
GO Cristiane dos Reis
Brandão Neves (62) 3219-1498
cristiane.SENAI@
sistemafieg.org.br
MA Andréia dos Santos
Marão (98) 2109-1872 andreiamarao@fiema. org.br
MT Valdir Pereira de
Souza Júnior (65) 3611-1539 valdir.uetec@SENAImt. com.br
MS Adriane Ricartes
Salazar (67) 3389-9033 asalazar@ms.SENAI.br
MG Daniela Rocha
Barros (31) 3263-4461 dmrocha@fiemg.com.br
PA Vicente Honorato da
Silva Penha (91) 4009-4771
vicentehonorato@
SENAIpa.org.br
PB
Cláudia Maria de
Figueiredo Lopes
Maia
(83) 2101-5424 claudia@fiepb.org.br
PR Sonia Regina Hierro
Parolin (41) 3271-9353 sonia.parolin@pr.SENAI.br
PE Marcelo Dantas Lira (81) 3222-9104
(81) 3202-9350 marcelo@pe.SENAI.br
PI Sandra de Ataíde
Silva
(86) 3229-2292
(86) 3229-2105 sandra@SENAI-pi.com.br
RJ Fabiano Gallindo (21) 2563-4390 fgallindo@firjan.org.br
RN Vânia Santos da
Cunha (84) 3204-6297 vaniacunha@rn.SENAI.br
RS Carlos Artur Trien (51) 3347-8857 carlos.trein@SENAIrs.org.br
RR Jamili Rafaella
Vasconcelos (95) 2121-5078 jamili@rr.SENAI.br
RO Marcus Roberto
Ribeiro (69) 3216-3495 marcus.ribeiro@fiero.org.br
SC Cláudia Romani (48) 3231-4290 claudia@sc.SENAI.br
SP Celso Scaranello (11) 3146-7277 editalSENAI@sp.SENAI.br
SE José Wolney dos
Anjos Filho (79) 3249-7466 wolney@se.SENAI.br
Edital SENAI SESI de inovação 2011 73
TO Jackeline Aparecida
Reis Silva (63) 3228-8882 jackeline@fieto.com.br
Cetiqt Sérgio Bastos (21) 2582-1000
(21) 2582-1156 sbastos@cetiqt.SENAI.br
SESI
DR Nome do representante E-mail Telefone
AC Priscila Oliveira de
Miranda priscila.miranda@sesiac.org.br (68) 3901-4468
AL Alda Maria Quintiliano
Moura alda.moura@al.sesi.org.br (82) 2121-3034
AM Rosana Bianco de
Vasconcelos rosana.vasconcelos@sesiam.org.br (92) 3186-6572
AP Ronan Holanda ronan@ap.sesi.org.br (96) 3084-8811
BA Patricia Campos pcampos@fieb.org.br (71) 3343-1408
CE Ricardo Goulart rgpereira@sfiec.org.br (85) 3421-5819
DF Claudia Rocha claudia.rocha@sistemafibra.org.br (61) 3362-6169
ES Iomar Cunha Dos
Santos iomar@findes.org.br (27) 3334-5747
GO Cleonice Maria da
Silva cleonice.sesi@sistemafieg.org.br (62) 3219-1392
MA Luiz Fernando Mello
Borges luizfernando@fiema.org.br (98) 2109-1825
MG Cleder Lúcio Lopes
Pinto clpinto@fiemg.com.br (31) 3263-4566
MS Rosilene Moreira de
Souza rosilene@ms.sesi.org.br (67) 3416-4512
MT Julio Cesar Figliaggi julio.figliaggi@sesimt.com.br (65) 3611-1621
PA Anderson de Oliveira
Paulo anderson@sesipa.org.br (91) 4009-4947
PB Renata Arcanjo Targino
De Arruda renata@fiepb.org.br (83) 2101-5385
Edital SENAI SESI de inovação 2011 74
PE Andréa Maria de
Souza e Silva Marques Andrea.marques@pe.sesi.org.br (81) 3412-8589
PI Maria De Fátima
Candeira Correia fcorreiam@hotmail.com (86) 3321-2595
PR Daniele Farfus daniele.farfus@sesipr.org.br (41) 3271-9226
RN
Kadidja Simone
Palhano de Oliveira
Bouth
kadidja@rn.iel.org.br (84) 3204-6244
RJ Fabiano Gallindo fgallindo@firjan.org.br (21) 2563-4390
RO Paulo Roberto
Quadros Junior paulo.quadros@fiero.org.br (69) 3216-3487
RR Karen Aline Telles
Zouein karen.telles@sesi.org.br (95) 4009-1809
RS Roberta Rezende roberta.rezende@sesirs.org.br (51) 3347-8867
SC Priscila Penelope de P.
Souza priscila.souza@sesisc.org.br (48) 3332-3331
SE José Wolney dos Anjos
Filho Wolney.Filho@fies.org.br (79) 3249-7468
SP Monica Thomaz mthomaz@sesisp.org.br (11) 3146-7375
TO Aurivan de Castro uniplan-aurivan@fieto.com.br (63) 3228-8848
Edital SENAI SESI de inovação 2011 75
SENAI/DN
Unidade de Inovação e Tecnologia – UNITEC
Orlando Clapp Filho
Gerente-Executivo
Grupo Técnico de Trabalho
Marcelo Oliveira Gaspar de Carvalho
Mateus Simões de Freitas
Alysson Andrade Amorim
Germana Arcoverde Zapata
Sheila Maria Souza Leitão
Wilker Sampaio Bastezini
SESI/DN
Unidade de Tendências e Prospecção – UNITEP
Fabrizio Machado
Gerente-Executivo
Grupo Técnico de Trabalho
Luciana Baroni Gondim
Erika Rodrigues Costa Andrade
Daniella Patricia Alves de Abreu
Karen Cristina Vieira Alcantara
DIRETORIA DE SERVIÇOS CORPORATIVOS
Área Corporativa de Informação e Documentação – ACIND
Renata Lima
Normalização
Edital SENAI SESI de inovação 2011 76
Walner de Oliveira Pessoa
Produção Editorial
Helen Moura Jordão
Revisão Gramatical
Núcleo Branding Design
Projeto Gráfico
77
APÊNDICE A: ROL DE PERGUNTAS
Esta entrevista compõe-se de dois blocos específicos, onde se procura obter
a identificação e características da empresa entrevistada e sua relação com o Edital
de Inovação SENAI SESI.
Por gentileza, salve este arquivo, digite as respostas, salve novamente e
envie em anexo para o e-mail pusanovsky@gmail.com.
Identificação e Características da Empresa
RAZÃO SOCIAL:
Segmento Industrial:
UF: MUNICÍPIO:
Nome do entrevistado:
Cargo do entrevistado:
Telefone do entrevistado:
E-mail do entrevistado:
Sua empresa é: ( ) Independente ( ) Parte de um grupo
Onde se localiza a empresa matriz do grupo? ( ) Brasil ( ) Exterior
Qual o principal mercado da empresa? ( ) Brasil ( ) Exterior
Qual o número de empregados na sua empresa?
Relação da Empresa com o Edital de Inovação SESI
SENAI 1- Como tomou conhecimento do Edital?
2- O produto/ processo desenvolvido está sendo comercializado?
3- Houve aumento de produtividade e/ou dos lucros? Sua empresa alcançou o
crescimento potencial esperado?
78
4- Houve criação de mais e/ou de melhores empregos?
5- Houve aumento de investimentos e criação de competências para realização de
Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)?
6- Depois da execução do projeto, houve novas inovações por conta da própria empresa?
7- O mais importante foi o incentivo financeiro ou o técnico? Por que?
8- Quem é proprietário dos recursos e/ou das patentes ao final do projeto?
9- Quais as impressões finais da empresa sobre o aproveitamento e limitações
encontradas nos recursos recebidos do SENAI? Sua empresa concorreria novamente?
10- Em termos técnicos, este produto e/ou processo desenvolvido com o apoio do Edital é
um aprimoramento de um já existente ou completamente novo para a empresa?
11- Em termos técnicos, econômicos e culturais ou legislativos, qual ou quais as
principais dificuldades enfrentadas para difundir o novo produto e/ou processo?
12- Ao inovar, qual a principal estratégia utilizada pela empresa:
( ) Adquirir uma tecnologia pronta e começar a utilizá-la o mais rápido possível;
( ) Estudar uma tecnologia já existente e adaptá-la a uma tecnologia própria;
( ) Desenvolver uma tecnologia completamente nova.
79
APÊNDICE B: CARTA DE APRESENTAÇÃO
Prezado,
Sou estudante concluinte do Curso de Administração da Universidade Federal
Rural do Rio de Janeiro - UFRRJ e, no âmbito do trabalho de conclusão de curso que
estou elaborando, pretendo realizar um estudo sobre como o SENAI, através do Edital
de Inovação SENAI SESI, tem contribuído para o desenvolvimento fabril no Brasil.
Este estudo terá a orientação do Prof. Dr. Marcelo Álvaro da Silva Macedo que é
professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Neste contexto, gostaria que a empresa participante desta pesquisa, indicasse
uma pessoa que esteja ou esteve envolvido com o projeto de inovação implementado
através dos recursos disponibilizados através de uma das edições do Edital de
Inovação SESI SENAI para responder a entrevista estruturada. Esta poderá ser
respondida por telefone ou e-mail.
A participação desta entrevista é de natureza voluntária e, caso seja de vontade
da empresa a não divulgação das informações prestadas, comprometo-me a manter
o sigilo quanto aos dados referentes à empresa e aos respondentes, resguardando o
anonimato de ambos.
Desde o momento agradeço o interesse dispensado e comprometo-me a
prestar quaisquer esclarecimentos que se façam necessários sobre o presente
estudo.
Segue anexo as perguntas da entrevista.
Atenciosamente,
_______________________________
Felipe Pusanovsky de Barros.
Aluno do curso de Administração da UFRRJ
Matrícula 20091506103
Rio de Janeiro – RJ
80
APÊNDICE C: TRANSCRIÇÃO DAS ENTREVISTAS
Identificação e Características da Empresa
RAZÃO SOCIAL: LDSoftware LTDA (ONIRIA SOFTWARE)
Segmento Industrial: Desenvolvimento de softwares
UF: PR MUNICÍPIO: Londrina
Nome do entrevistado: Nicholas Haydu
Cargo do entrevistado: Diretor
Telefone do entrevistado: (43) 3344 1112
E-mail do entrevistado: nicholas.haydu@oniria.com.br
Sua empresa é: ( X ) Independente ( ) Parte de um grupo
Onde se localiza a empresa matriz do grupo? ( X ) Brasil ( ) Exterior
Qual o principal mercado da empresa? ( X ) Brasil ( ) Exterior
Qual o número de empregados na sua empresa? 25
Relação da Empresa com o Edital de Inovação SESI
SENAI 1- Como tomou conhecimento do Edital?
Na verdade, nós temos um bom relacionamento com a unidade do SENAI de Londrina, e
já trabalhamos com eles em outras cooperações, já contratamos serviços do SENAI para
nossa empresa e eles divulgaram na rede de relacionamentos deles aqui e foi assim que
ficamos sabendo do edital
2- O produto/ processo desenvolvido está sendo comercializado?
Sim. Foi um simulador de plantas de processo. O nome comercial do produto é o Virtua.
Está no nosso site, inclusive.
3- Houve aumento de produtividade e/ou dos lucros? Sua empresa alcançou o
crescimento potencial esperado?
Um aumento não, na verdade houve uma mudança, porque a empresa está num processo
de transição, onde ela está focando o faturamento mais em produtos e menos em serviços
e esse foi um dos produtos que entrou como prioritários nesse posicionamento
estratégico. Houve sim, um aumento nos lucros da empresa.
Os lucros ficaram dentro do esperado.
4- Houve criação de mais e/ou de melhores empregos?
Sim. Não digo que seja explicitamente por causa do edital, porque na verdade ele entrou
numa série de ações, a empresa cresce 50% ao ano. O projeto do edital, entrou nessa
composição, digamos assim. Não foi o único responsável, mas com certeza contribuiu.
81
5- Houve aumento de investimentos e criação de competências para realização de
Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)?
Na verdade, nós já tínhamos essa competência. O projeto agregou valor a essas
competências que nós já tínhamos. Então também contribuiu, mas como a empresa já
tem uma parte forte de pesquisa e desenvolvimento, ele veio auxiliar, veio incorporar
nessas ações.
6- Depois da execução do projeto, houve novas inovações por conta da própria empresa?
Sim, com certeza, tanto do próprio produto que já foi aprimorado posteriormente aos
trabalhos que foram fomentados pelo edital, quanto de forma geral no restante da
empresa.
Nós temos inclusive várias premiações por inovação, prêmios dos nossos clientes por
fornecimento com inovação, projetos de destaque.
O nosso blog é bem completo, Tem um histórico bem interessante da empresa. Pode ser
acessado direto através do oniria.com.br/blog.
7- O mais importante foi o incentivo financeiro ou o técnico? Por que?
Eu acho que foram igualmente importantes. A parte financeira com certeza ajuda para
viabilizar o desenvolvimento do projeto, mas sem o conhecimento técnico do SENAI, que
demandava e que tinha o conhecimento dessas plantas de processo teria sido impossível,
então, ambos. Talvez a parte técnica tenha sido mais importante, mas se tivesse falhado
uma das duas, talvez o projeto não tivesse ocorrido.
8- Quem é proprietário dos recursos e/ou das patentes ao final do projeto?
É um acordo. Isso é feito um acordo entre as partes, entre a empresa e o SENAI. Existem
royalties. A propriedade é da empresa e o SENAI recebe alguns royalties pela
comercialização do produto. Por ter participado do desenvolvimento, por ter fomentado o
desenvolvimento, ele recebe royalties. Mas isso varia de caso para caso. Depende de
cada um. No caso do software é um registro de propriedade intelectual. Como é um
produto que não tem equipamento, não existe patente, nos protegemos de outras
maneiras.
9- Quais as impressões finais da empresa sobre o aproveitamento e limitações
encontradas nos recursos recebidos do SENAI? Sua empresa concorreria novamente?
Eu acho que é uma iniciativa excelente. Talvez a única coisa que ele deixa um pouco a
desejar, que na verdade não é uma crítica ao SENAI, é uma crítica geral a órgãos
públicos, porque o SENAI está restrito as leis de licitação e isso acaba dificultando muito.
A gente perde, digamos assim, a perde um tempo até que isso seja operacionalizado.
Então, para comprar qualquer equipamento, você tem um processo ai que é demorado,
não houve para esse projeto, mas nós já tivemos outros projetos com o SENAI onde
existe isso, então contratação de terceiros, existe todo aquele processo de licitação que
acaba sendo um pouco moroso. Como os projetos muitas vezes o aporte de dinheiro nem
é tão expressivo assim, eu acho que poderia ser agilizado de alguma forma, mas isso não
82
é uma crítica ao SENAI. É uma crítica de maneira geral à forma como o governo contrata
produtos e serviços. Mesmo o SENAI tendo uma legislação própria (que não a 8666) é tão
burocrática quanto.
Com certeza não só concorreríamos (em um novo Edital), como concorremos no ano
passado e vencemos mais um. É um projeto que está em andamento, o produto ainda não
está finalizado. Mas esse que você está falando da planta de processo, é um edital de
2010, ano passado2012 nós tivemos um outro projeto aprovado. Então, não só
recomendamos como estamos ativamente participando de novas rodadas.
10- Em termos técnicos, este produto e/ou processo desenvolvido com o apoio do Edital é
um aprimoramento de um já existente ou completamente novo para a empresa?
Ele foi um produto totalmente novo, uma área nova, o público alvo dele é diferente. Em
termos de tecnologia, de simulação, a ONIRIA já possuía tecnologia de simulação, mas
ela precisava aprimorar, desenvolver certas partes para atender aos requisitos desse
novo projeto. Então, em termos técnicos, eu diria que não houver uma revolução tão
grande assim, mas a inovação é radical a partir do princípio que era um mercado novo no
qual a empresa não atuava.
11- Em termos técnicos, econômicos e culturais ou legislativos, qual ou quais as
principais dificuldades enfrentadas para difundir o novo produto e/ou processo?
Sendo um novo produto para um mercado que até então não era atingido pela empresa,
houve uma dificuldade natural de penetração de mercado, digamos assim, no sentido de
se inteirar das regras. O principal comprador para esse tipo de produto são escolas
técnicas e o próprio SENAI. Outras unidades do SENAI. Nós desenvolvemos para o
SENAI Londrina, mas qualquer unidade do SENAI do pais pode fazer aquisição do
produto e encaixa muito bem nas demandas que eles possuem. Então, sendo um
mercado onde não atuávamos, houve uma dificuldade natural, eu diria, com base
comercial, de você operacionalizar esse novo mercado, esse novo cliente, enfim, esse
novo público alvo.
12- Ao inovar, qual a principal estratégia utilizada pela empresa:
( X ) Desenvolver uma tecnologia completamente nova.
Acho que o questionário foi bem completo.
Pode divulgar sem restrições as respostas fornecidas.
83
Identificação e Características da Empresa
RAZÃO SOCIAL: Giga Indústria e Comércio de Produtos Mecânicos e Eletrônicos Ltda.
Segmento Industrial: Equipamentos de segurança eletrônica
UF:MG MUNICÍPIO: Santa Rita do Sapucaí
Nome do entrevistado: Bruno Mecchi Gouvêa
Cargo do entrevistado: Diretor
Telefone do entrevistado: (35) 3473 4300
E-mail do entrevistado: bruno@grupogiga.com.br
Sua empresa é: ( ) Independente ( X ) Parte de um grupo (Giga e Stamp)
(Frances) Onde se localiza a empresa matriz do grupo? ( X ) Brasil ( X ) Exterior (Stamp -Francês)
Qual o principal mercado da empresa? ( X ) Brasil ( ) Exterior
Qual o número de empregados na sua empresa? 150
Relação da Empresa com o Edital de Inovação SESI
SENAI 1- Como tomou conhecimento do Edital?
Na época estávamos dentro da incubadora do INATEL (Instituto Nacional de
Telecomunicações) e tínhamos uma espécie de monitoramento de editais de inovação.
Foi através desse monitoramento que ficamos sabendo.
2- O produto/ processo desenvolvido está sendo comercializado?
O produto está sendo comercializado, mas numa versão mais atual. Nós não usamos a
mesma placa, mas usamos a inteligência que adquirimos com o projeto de inovação e
desenvolvemos um produto novo, claro que utilizando todo o conhecimento que
aprendemos.
3- Houve aumento de produtividade e/ou dos lucros? Sua empresa alcançou o
crescimento potencial esperado?
Teve. Não somente por causa do edital. O edital que nós participamos foi o de 2007 e o
projeto foi terminar por 2008.
[os valores em espécie foram omitidos a pedido do entrevistado]:
Estamos crescendo bastante.
Sem dúvida o edital agregou valor.
Não me recordo da previsão de vendas desse produto , mas acho que atingimos o
crescimento esperado.
84
4- Houve criação de mais e/ou de melhores empregos?
Sem dúvida. Não somente por causa do edital. Nós tínhamos 5 funcionários. Hoje
estamos com 150.
5- Houve aumento de investimentos e criação de competências para realização de
Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)?
Sem dúvida. Hoje todo nosso P&d é junto com a universidade de Santa Rita e com o
INATEL. E nós investimos pesado em profissionais que estão alocados dentro do INATEL
para desenvolver novos produtos. É uma cooperação direta entre universidade e
empresa.
(A empresa Grupo Giga foi iniciada na incubadora de empresas do INATEL).
Hoje o INATEL tem um departamento de transferência de tecnologia para o mercado (não
é a incubadora). Eles contratam uns 200 engenheiros mestres e doutores para fazer
desenvolvimento de produto para o mercado. E nós temos um time de quase 15
engenheiros e mestres que desenvolvem os nossos produtos e a empresa paga por isso.
A empresa é que paga esse time lá dentro.
6- Depois da execução do projeto, houve novas inovações por conta da própria empresa?
Várias! Sem dúvida. É difícil mensurar. Foi na época fundamental, estávamos muito
pequeno, não tínhamos grana para nada e ai veio um investimento bom para a gente
conseguir desenvolver um produto que foi o primeiro produto que começou a girar na
nossa empresa. Hoje não e o produto mais significativo, mas ajudou muito para aquela
época. Talvez seria mais difícil de acontecer sem esse recurso.
7- O mais importante foi o incentivo financeiro ou o técnico? Por que?
Foi o incentivo financeiro que permitiu contratarmos profissionais para realizar o projeto. O
incentivo que tivemos por parte do SENAI foi mais na área de prototipagem. Foi o auxílio
direto nessa parte. A parte técnica do SENAI. Porque o que trouxe skill técnico para o time
foi o dinheiro que a gente investiu em desenvolvimento. Foi o recurso do SENAI investido
dentro da Giga e não dentro do SENAI. Entendeu?
O SENAI deu também um suporte técnico, mas eu diria que foi a menor parte. O que
influenciou mais no sucesso do projeto foi o dinheiro para contratarmos profissionais de
desenvolvimento.
8- Quem é proprietário dos recursos e/ou das patentes ao final do projeto?
Nós não patenteamos, mas toda a propriedade intelectual, produto etc. ficou com a Giga.
O dinheiro foi investido em desenvolvimento, protótipo. (Não haviam equipamentos a
serem devolvidos).
Nós tivemos que devolver recurso para o SENAI, sem dúvida. Na época foi muito difícil
porque estávamos faturando, mas não o suficiente para devolver o recurso integral. Nos
até tivemos um acordo com o SENAI, devolvemos parte do dinheiro e acertamos assim.
Mas o SENAI foi bastante compreensivo na época.
85
9- Quais as impressões finais da empresa sobre o aproveitamento e limitações
encontradas nos recursos recebidos do SENAI? Sua empresa concorreria novamente?
Foi positivo, foi muito bom na época. O fato de ter que devolver o dinheiro para o SENAI
deveria ser estritamente atrelado ao sucesso do projeto, entendeu meu ponto? porque se
você não tem sucesso no projeto, você pode quebrar a empresa. E foi o que quase
aconteceu com a gente na época. Mas conseguimos negociar com eles. Dissemos “O
sucesso desse projeto foi parcial...”, negociamos e conseguimos um abono nesse sentido.
Isso foi uma compreensão muito boa do SENAI com a gente. Nos projetos novos acho
que deveria se devolver o dinheiro com base no sucesso (do projeto). Se não tiver
sucesso, que fique como um investimento que, como chamam, não-reembolsável. Eu
acho que seria o melhor formato para o desenvolvimento da indústria nacional.
Eu acho que nos concorreríamos novamente, se fosse fundo não reembolsável. Nós
estamos concorrendo a vários agora a CIBRATEC, que eu não sei se tem envolvimento
do SENAI, estamos concorrendo na FINEP, subvenção econômica. Estamos concorrendo
a vários editais. Eu acho que concorreríamos se fosse verba não reembolsável, atrelado
ao sucesso do projeto. Se tiver fracasso o projeto, o fracasso seria em conjunto.
10- Em termos técnicos, este produto e/ou processo desenvolvido com o apoio do Edital é
um aprimoramento de um já existente ou completamente novo para a empresa?
Era um aprimoramento, mas era inovador, porque não existia nem na empresa nem no
mercado. Era um leitor com dois protocolos de comunicação, era um leitor para
identificação por rádio frequência, só que já haviam leitores, só que cada um com um
protocolo. Ai nós desenvolvemos um que juntava e unificava esses protocolos num leitor
só. Existem dois padrões de mercado que nos liamos num único leitor.
11- Em termos técnicos, econômicos e culturais ou legislativos, qual ou quais as
principais dificuldades enfrentadas para difundir o novo produto e/ou processo?
Eu acho que a maior dificuldade é você entender o processo da venda, da instalação do
produto, aonde você vai se posicionar, s e você é fabricante, se você é um distribuidor, se
você é um instalador. As indústrias as vezes elas querem fazer tudo e o sucesso está em
perceber que vc não consegue fazer tido. A Giga hoje não faz uma instalação. Ela conta
com um canal de milhares de instaladores no brasil todo. A gente brinca que a gente sabe
fazer um produto bom bonito e barato numa grande quantidade. E Ai tem uma pessoa
que sabe distribuir esse produto, tem uma pessoa que sabe instalar esse produto que
chega no cliente final. Já temos uma rede de comercialização. Um canal de
comercialização muito forte. Acho que essa foi a maior dificuldade para a gente começar.
Foi uma dificuldade mais comercial do que técnica.
12- Ao inovar, qual a principal estratégia utilizada pela empresa:
(X) Estudar uma tecnologia já existente e adaptá-la a uma tecnologia própria;
Para esse projeto, a tecnologia já existia e tivemos que juntar em um único produto.
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