6 - neopositivismo cientifico e ciencia pos-moderna
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Neopositivismo científico e Neopositivismo científico e ciência pós-modernaciência pós-moderna
A ciência moderna• Estuda o universo como um
sistema regular, mecânico e
determinado, através de
procedimentos lógicos e de
técnicas operacionais
matemáticas.
• Usa o método
científico positivista:
Fato
hipótese
experimento
experimentos
comprobatórios
lei
Ciência expressa a
verdade clara e
exata sobre o
universo!
A ciência moderna• Rompeu com todas as demais formas de
conhecimento sobre o mundo (senso comum, mito,
religião, arte e filosofia), tachando-as de ilusórias, falsas
e irrelevantes.
• Final do século XIX e início do XX ruptura de
paradigmas na matemática e na física:
• na matemática: geometria não-euclidiana abala a
certeza matemática (Henri Poincaré: “uma geometria
não pode ser mais verdadeira que outra; ela pode
apenas ser mais cômoda”).
Porém, eis que veio a crise da ciência…
1854-1912
• na física: física quântica abala a ideia do determinismo
(relações entre causas e efeitos dos fenômenos) [Albert
Einstein com a teoria da relatividade e Werner
Heisenberg com o princípio da incerteza].1879-1955
1901-1976
• Gaston Bachelard: a física quântica provocou uma ruptura
epistemológica recusa dos pressupostos e dos
métodos que antes orientavam a pesquisa científica; e
(1884-1962)
os
elementos
imprescindívei
s para as/os
cientistas são
a imaginação
e a
criatividade.
“Não existe nenhum caminho lógico que nos
conduza às grandes leis do universo. Elas só
podem ser atingidas por meio de intuições”.
• Círculo de Viena: grupo de cientistas desenvolveu o
neopositivismo (ou positivismo lógico) a partir de 1920: a ciência deve exigir clareza e precisão das/os
cientistas; e o critério da verificabilidade deve ser utilizado para a
validação das teorias científicas.
A solução positivista o neopositivismo
• Karl Raymund Popper:
o método indutivo não
pode verificar
empiricamente as teorias
científicas (critério da
verificabilidade cai por
terra);
a ciência somente
consegue provar a falsidade
de uma teoria, mas nunca
sua veracidade;
a ciência possui apenas
conjecturas (hipóteses)
sobre a realidade, mas
nunca certezas.
(1902 – 1994)
• Método científico
neopositivista
popperiano:
hipótese
experimento
experimentos
falseadores
nova hipótese.
Ciência é falseável!
o critério da
falseabilidade (ou
refutabilidade) deve ser
utilizado para validar as
teorias científicas;
e
a ciência tem de estar
aberta à liberdade de
crítica e de pesquisa.
Os deuses condenaram Sísifo a incessantemente rolar uma
rocha até o topo de uma montanha, de onde a pedra cairia de volta devido ao seu
próprio peso.
Mas, aí vem a crítica anarquista…
• Paul Feyerabend: como nenhuma teoria é
completamente consistente
com todos os fatos, a regra da
falseabilidade é ingênua;
não deve haver qualquer
regra metodológica rígida que
limite a atividade das/os
cientistas; e
as recomendações
filosóficas devem ser
ignoradas pelas/os cientistas. (1924 – 1994)
• Pós-modernidade: surge na segunda metade do séc.
XX, com a sociedade pós-industrial e a globalização;
processo de mudança paradigmática no modo de se
pensar a sociedade e suas instituições, devido
aceleração avassaladora nas tecnologias de
comunicação, de arte, de materiais e de genética;
A solução não-positivista aciência pós-moderna
critica os pilares fundamentais da modernidade,
como a crença na verdade, alcançável pela razão, e na
linearidade histórica rumo ao progresso;
vê os indivíduos completamente presos ao sistema
capitalista, controlados graças à narcotização de suas
consciências por intermédio da indústria cultural;
tem caráter policultural, múltiplo, fragmentado e
desrreferencializado dentro da hiperinformação;
é hostil à ideia de uma verdade única, exclusiva,
objetiva, externa ou transcendente;
preocupa-se com as particularidades e as
diversidades do real, valorizando as pluralidades
culturais;
decreta o fim do projeto da modernidade!
• Michel Foucault:
o poder se fragmentou em micropoderes, que se
espalham pelas mais diversas instituições da vida social;
a sociedade disciplinar contemporânea deve-se às
práticas de vigilância e controle constantes,
principalmente através dos discursos e práticas
científicas; e
(1926 – 1984)
somente pela ação
de múltiplos focos de
resistência esse estado
de coisas poderá
mudar.
• Jacques Derrida:
a filosofia do ocidente sempre precisou de dicotomias
e de um centro (logos, Deus, ser humano e verdade);
propõe a desconstrução dessas dicotomias e centros
para verificar como podem ser usados como forma de
dominação.
(1930 – 2004)
• Jean Baudrillard:
a massificação da sociedade ocorre através da
indústria cultural e do fenômeno do consumismo;
a mídia criou uma realidade virtual que substitui a
própria realidade dos indivíduos, aderidos à banalização
da vida cotidiana e sem uma identidade de classe social.
(1929 – 2007)
“A questão agora é como
podemos ser humanos
perante a ascensão
incontrolável da tecnologia ”.
• Rubem Alves:
três questões básicas:
para se pensar a ciência
na sociedade pós-
moderna:
1)será o conhecimento
científico superior?
2) será a ciência a mais
correta forma de
pensar?
3) será a ciência neutra?
(1933 – )
• A questão da superioridade da ciência:
positivismo valorizou o saber científico em oposição
ao senso comum (mito do cientificismo);
mas, o
conhecimento
científico nasce dos
problemas com os
quais o senso comum
lida; e
dele se distingue
por ir além das
primeiras
observações e
elaborar teorias.
• A questão da correção da ciência:
não há certezas absolutas em relação à validade de
nenhuma teoria científica;
a ciência é uma atividade
contínua e não uma doutrina
enrijecida como pensa o
positivismo;
a complexidade dos
fenômenos é inalcançável
somente através do
conhecimento científico.
• A questão da neutralidade da ciência:
o conhecimento científico não é neutro e o seu uso é
muito menos neutro ainda;
a produção científica se
insere no conjunto dos
interesses da sociedade;
a atividade científica é
direcionada por verbas e
financiamentos vinculados
aos objetivos dos grupos que
exercem o poder.
• Então, qual é o valor da ciência?
• Para que deve servir
prioritariamente a
ciência?
• Para quem deve servir
prioritariamente a ciência?
• A ciência pós-moderna pode oferecer alguns
indícios: fazer uma síntese entre as ciêncais naturais e as
ciências sociais (não visando uma ciência unificada ou
uma teoria geral, mas uma convergência de interesses
temáticos entre diferentes campos do saber);
não fazer uma distinção hierárquica valorativa entre
conhecimento científico e conhecimento vulgar;
produzir conhecimento com valor local (ao redor de
temas que em dado momento são importantes para
grupos sociais concretos como projetos de vida locais);
incentivar conceitos e teorias desenvolvidos
localmente;
constituir-se a partir de uma pluralidade
metodológica;
tender a ser um conhecimento não-dualista;
possuir tolerância discursiva (construir o texto
científico segundo interesse da/o cientista e das/os
participantes);
ser uma ciência que não descobre, cria;
e que dialoga com todas as formas de conhecimento
(senso comum, metafísica, religião, arte e filosofia),
deixando-se penetrar por elas e ao mesmo tempo
influenciando-as.
Diálogo sobre o texto de Boaventura de Souza Santos
Boaventura de Souza Santos (1940- ) é doutor em
sociologia do direito pela Yale University e professor da
Universidade de Coimbra. Uma de suas preocupações é
aproximar a ciência do senso comum, com vista a ampliar o acesso ao conhecimento. Sua trajetória recente é marcada
pela proximidade com os movimentos organizadores e participantes do Fórum Social
Mundial.
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