Água mineral e água de coco

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ CENTRO DE ENGENHARIAS E CIÊNCIAS EXATAS CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA Optativa IV – Tecnologias de Bebidas e Correlatos: Água Mineral e Água de Coco 1

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Page 1: Água mineral e água de coco

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ

CENTRO DE ENGENHARIAS E CIÊNCIAS EXATAS

CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA

Optativa IV – Tecnologias de Bebidas e Correlatos:

Água Mineral e Água de Coco

1

Page 2: Água mineral e água de coco

TOLEDO – PARANÁ

2011

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ

CENTRO DE ENGENHARIAS E CIÊNCIAS EXATAS

CURSO DE ENGENHARIA QUÍMICA

Optativa IV – Tecnologias de Bebidas e Correlatos:

Água Mineral e Água de Coco

Acadêmicos: Adriel L. Mariotti Batista

Alcides Tonhato Junior

Aline Roberta de Pauli

Grasiela Orso Graebin

Hélida Monique C. Fagnani

Juliane F. Nonemacher

Maryana Stella Gongoleski

Sara Karoline Stofela

Professor: Dra. Monica L Fiorese

2

Page 3: Água mineral e água de coco

Trabalho acadêmico apresentado à

disciplina de Optativa IV – Tecnologia de

Bebidas e Correlatos. Universidade

Estadual do Oeste do Paraná. Campus de

Toledo.

TOLEDO – PARANÁ

2011

3

Page 4: Água mineral e água de coco

INDICE

ÁGUA MINERAL...............................................................................................11. INTRODUÇÃO..............................................................................................................12. HISTÓRICO..................................................................................................................23. GÊNESE DAS FONTES DE ÁGUA MINERAL.......................................................34. MERCADO....................................................................................................................4

4.1. Margens e Custos....................................................................................................85. PROPRIEDADES FÍSICAS, FÍSICO-QUÍMICAS E QUÍMICAS DA ÁGUA........96. LEGISLAÇÃO.............................................................................................................10

6.1. Regras para fabricação e comércio do produto................................................116.2. Definições................................................................................................................11

6.2.1. Água Mineral Natural e Água Natural.....................................................................116.2.2. Água Potável de Mesa..............................................................................................126.2.3. Água Purifica Adicionada de Sais............................................................................126.2.4. Soda e Soda Aromatizada.........................................................................................136.2.5. Água Rica em Oxigênio............................................................................................146.2.6. Água Tônica de Quinino...........................................................................................146.2.7. Outras definições......................................................................................................14

6.3. Classificação...........................................................................................................156.3.1. Quanto à composição química..................................................................................156.3.2. Características das fontes de água mineral natural.................................................166.3.3. Quanto à adição de dióxido de carbono...................................................................17

6.4. Composição e requisitos.......................................................................................186.5. Aditivos e coadjuvantes de tecnologia de elaboração.....................................196.6. Contaminantes........................................................................................................196.7. Higiene.....................................................................................................................20

6.7.1. Considerações Gerais...............................................................................................206.7.2. Características microbiológicas...............................................................................20

6.8. Rotulagem...............................................................................................................226.8.1. Rótulo padrão...........................................................................................................23

6.9. Método de análise..................................................................................................246.10. Amostragem........................................................................................................24

7. CONCESSÃO DE LAVRA DE ÁGUA MINERAL..................................................268. BENEFÍCIOS DA ÁGUA MINERAL NATURAL.....................................................28

8.1. Os sais minerais e o organismo..........................................................................288.2. Efeitos terapêuticos dos diferentes tipos de água mineral natural................29

9. QUALIDADE DA ÁGUA MINERAL.........................................................................309.1. Microbiológica.........................................................................................................31

9.1.1. Bactérias...................................................................................................................319.1.2. Leveduras..................................................................................................................329.1.3. Algas.........................................................................................................................329.1.4. Protozoários..............................................................................................................339.1.5. Vírus..........................................................................................................................33

9.2. Origem das contaminações..................................................................................349.3. Controle de Qualidade..........................................................................................34

10. PROCESSAMENTO DA ÁGUA MINERAL............................................................3510.1. Captação.............................................................................................................3610.2. Clarificação e estabilização microbiológica da água mineral......................38

4

Page 5: Água mineral e água de coco

10.2.1. Ozonização................................................................................................................3810.2.2. Filtração...................................................................................................................3910.2.3. Radiação ultravioleta................................................................................................40

10.3. Armazenamento.................................................................................................4010.4. Envasamento......................................................................................................41

11. EMBALAGENS...........................................................................................................4312. TRANSPORTE E COMERCIALIZAÇÃO................................................................44

ÁGUA DE COCO.............................................................................................4613. DEFINIÇÃO.................................................................................................................4614. HISTÓRICO................................................................................................................4715. CLASSIFICAÇÃO.......................................................................................................4716. MERCADO..................................................................................................................48

16.1. Mercado externo.................................................................................................4816.2. Mercado brasileiro..............................................................................................49

17. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E VALOR NUTRITIVO................................................5118. APLICAÇÕES.............................................................................................................5319. MATÉRIAS-PRIMAS.................................................................................................5420. MICROBIOLOGIA......................................................................................................5521. PROCESSAMENTO..................................................................................................56

21.1. Etapas comuns nos diferentes processamentos..........................................5721.1.1. Recepção dos frutos..................................................................................................5721.1.2. Seleção......................................................................................................................5721.1.3. Lavagem....................................................................................................................5821.1.4. Abertura e extração..................................................................................................5821.1.5. Filtração...................................................................................................................6021.1.6. Pré-resfriamento.......................................................................................................6021.1.7. Formulação...............................................................................................................6122. PROCESSOS DISTINTOS NO PROCESSAMENTO..........................................61

22.1. Água de coco resfriada.....................................................................................6122.2. Água de coco congelada..................................................................................6222.3. Água de coco pasteurizada e congelada.......................................................6322.4. Água esterilizada e envasada assepticamente.............................................6322.5. Água de coco ultrafiltrada.................................................................................64

23. RESÍDUOS DO PROCESSAMENTO DA ÁGUA DE COCO VERDE...............64REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................66

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Page 6: Água mineral e água de coco

ÁGUA MINERAL

1. INTRODUÇÃO

A Terra possui seu volume de água aproximadamente de 7.400 milhões de

km3, equivalente a mais de 70% de sua área. Essa água pode estar nos estados

líquidos, sólidos (geleira) e gasosos (vapores). Assim, a água potável disponível

para a humanidade representa pouco mais de 0,5%, conforme a Tabela 1.

Tabela 1. Distribuição de água no planeta

Localização da água %

Oceanos e mares 97,50

Geleiras 1,979

Águas subterrâneas 0,514

Rios e lagos 0,006

Atmosfera 0,001

Fonte: http://www.uniagua.org.br/default,asp?tp=3&pag=aguaplaneta.htm

O Brasil é o país com a maior reserva de água doce (8% do total mundial).

Somente em águas subterrâneas, estima-se que o país detenha 112 milhões de m3,

de onde se origina a maior parte das águas minerais.

A ingestão da água mineral é considerada benéfica à saúde pela sua

composição química e características físico-químicas.

No passado, era consumida essencialmente por suas características

medicinais, sendo sua venda restrita em farmácias. Propriedades terapêuticas de

algumas águas minerais foram notadas inicialmente na Europa, o que causou

associação de certas fontes com a cura de doenças específicas. A Igreja

reconheceu as qualidades terapêuticas “milagrosas” das águas minerais e atribuiu

nome de santos à maioria das fontes.

A água mineral é caracterizada por seu conteúdo de sais minerais e presença

de traços de outros elementos, proporcionando ao consumidor um mínimo

tratamento terapêutico específico. Suas características devem ser preservadas,

desde a captação até o consumo. A ocorrência natural de radioatividade nas fontes

de águas minerais também sido considerada benéfica, porém seu consumo não

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Page 7: Água mineral e água de coco

indica relação com prevenção, tratamento ou cura de doenças. Altos índices de sais

presentes em algumas águas podem torná-las impróprias para o consumo, em

casos específicos, como o de pessoas com problemas renais e crianças.

As águas minerais são águas subterrâneas originárias das águas de

superfície que infiltraram através do solo. As águas minerais diferenciam-se das

demais águas subterrâneas por atingirem maiores profundidades, devido a

condições especiais do solo que permitem atingir grandes profundidades. Esta

infiltração maior fornece condições físico-químicas especiais à água: maior

dissolução de sais minerais, maior temperatura e pH alcalino. Algumas águas

minerais são originárias de regiões com alguma atividade vulcânica. As águas

minerais retornam à superfície através de fontes naturais ou por poços perfurados.

2. HISTÓRICO

O mérito pelo desenvolvimento do uso terapêutico das águas medicinais foi

atribuído aos romanos. Mas foi a partir do século XV, que o homem passou a dar

mais importância às fontes naturais de água, principalmente na Europa. Um século

mais tarde, médicos e cientistas iniciaram estudos sobre as características destas

águas, inclusive com tentativas de reprodução de águas minerais.

No século XVII, na França, Henri IV regulamentou a atividade e o comércio

das águas minerais, que anteriormente, ocorria à partir de outras bebidas. Neste

mesmo século, surgiu o termo “gás” para os vapores emanados das fontes de águas

minerais. No século XVIII, com avanços nos estudos sobre os gases e na tentativa

de reprodução de águas minerais, surgiram as águas carbonatadas, que seriam as

precursoras dos refrigerantes.

No século XIX, surgiu efetivamente a indústria de envasamento de água

mineral impulsionada pelo entusiasmo do poder de “curas termais”. Seu comércio foi

favorecido pelo desenvolvimento dos meios de transporte na Europa, principalmente

o ferroviário.

No início do século XX, a utilização da embalagem de vidro e a introdução da

máquina enchedora de garrafas transformaram essa atividade industrial, originando

grandes marcas de água mineral. Na década de 60, o surgimento das embalagens

plásticas, aliado ao envasamento semi-automatizado, trouxe novos progressos

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Page 8: Água mineral e água de coco

tecnológicos ao setor. Na década de 90, o setor sofreu modernizações com a

automatização dos parques industriais e a implantação de controle de qualidade,

que proporcionaram crescente melhoria de qualidade dos produtos, além do

desenvolvimento paralelo das indústrias de embalagens (materiais, formatos e

tamanhos).

Modernamente, a água mineral para consumo é distribuída em vasilhames,

podendo ser consumida longe das fontes termais. Porém, para banhos terapêuticos

ou apenas lazer, as regiões hidrominerais denominadas “estâncias hidrotermais”

apresentam alguma infra-estrutura com hotéis, spas e outras comodidades para os

usuários.

3. GÊNESE DAS FONTES DE ÁGUA MINERAL

A mineralização das águas e a gênese das fontes ocorrem pelo

caminhamento das águas através de fendas e fissuras de rochas e por entre os

poros dos solos. Sempre que há uma recarga (chuva, por exemplo), a água circula

por estes espaços vazios interconectados. Sua direção é determinada pela estrutura

interna das rochas e pela situação das zonas de surgência. Portanto, a

mineralização está ligada à infiltração de águas de chuva e sua circulação nos perfis

geológicos.

No solo, as águas podem atravessar zonas biologicamente ativas e solubilizar

minerais através do ácido carbônico, proveniente da água de chuva. O ácido

carbônico dissolve todo o material solúvel por onde a água passa e contribui para a

mineralização da água quando atingir a rocha. Produtos orgânicos derivados do solo

também contribuem para a dissolução das rochas.

Fatores como concentração das soluções, temperatura, pressão de gás

carbônico e metabolismo de microorganismo interferem no grau de mineralização

das águas.

4. MERCADO

3

Page 9: Água mineral e água de coco

Pode-se dizer que, mundialmente, o setor de bebidas está dividido em

bebidas não alcoólicas prontas para o consumo, não alcoólicas para prepara e

alcoólicas. A água juntamente com refrigerantes, cafés, sucos, isotônicos, chás,

leites e bebidas à base de frutas respondem por cerca de metade do volume total do

mercado, ficando a outra metade dividida entre as categorias alcoólicas e não-

alcoólicas pra preparo. As águas engarrafadas estão entre as três bebidas mais

consumidas.

A água mineral representa 65% do volume mundial de água envasada e

chega a 99% do volume nacional. No Brasil, o setor de água engarrafada representa

a 5ª maior categoria de bebidas, atrás de refrigerantes, leite, cerveja e café solúvel,

e à frente de sucos (em pó e concentrado) e vinhos.

No ano 2000, as vendas de água envasada em 53 países somaram US$ 36

bilhões. Como a maioria das bebidas, o mercado de águas também está

concentrado na mão de poucas empresas de grande porte. As marcas líderes na

produção de águas envasadas são a Nestlé e a Coca-Cola, seguidas pela Danone e

PepsiCo, sendo que somente as duas primeiras detêm mais de 30% do mercado

mundial de águas.

Nos Estados Unidos, cinco empresas respondem por 51% do mercado; na

França, o setor é dominado por quatro empresas, e na Europa, de modo geral, o

segmento apresenta a mesma característica. O mercado alemão é a exceção, pois é

altamente fragmentado e regionalizado, com mais de 200 empresas. Também na

Alemanha, as águas minerais gasosas lideram o ranking das mais preferidas, ao

contrário dos demais países europeus, onde o maior consumo é o de água mineral

natural. Considerando todo o tipo de água envasada, o mercado americano

apresenta-se como fortemente importados, pois consumiu em 2001 o volume de

19,8 bilhões de litros.

Tabela 2. Principais países produtores de água mineral em 2001

4

Page 10: Água mineral e água de coco

País Bilhões de litros

Mexido 15,4

Estados Unidos 11,5

Itália 8,7

Alemanha 8,0

França 6,5

Brasil 4,3

Fonte: http://www.uniagua.org.br/default.asp?tp=3&pag=aguamineral.htm#MERCADO

Dados da Associação Internacional de Águas Engarrafadas indicam que o

Brasil ocupa o 4º lugar no ranking mundial de produtores. Consome mais água

engarrafada que países como Itália, Alemanha, França e Espanha. E fica atrás dos

Estados Unidos, México (que crescem, em média, 8,5% ao ano) e da China, cuja

demanda aumenta 17,5% a cada ano. A taxa média de crescimento mundial é de

7,6% ao ano. Em 2007, por exemplo, foram consumidos 206 bilhões de litros de

água vendida em garrafa. O mercado faturou cerca de US$ 100 bilhões naquele

ano.

O setor de águas está em expansão em todo mundo. Em 2001, a produção e

consumo mundial foram estimados em 107,5 bilhões de litros de água mineral. O

Brasil é o 6º maior produtor mundial de água mineral, com capacidade para tornar-se

o primeiro, pois possui cerca de 30% das reservas hidrominerais do mundo.

Nos últimos anos, o setor vem registrando crescimento – produziu cerca de

1,5 bilhão de litros de água mineral em 1995. Em 2005, esse número saltou para 5,6

bilhões e, em 2007, 6,8 bilhões. De acordo com Lancia, 35 empresas respondem por

50% da produção nacional.

Tabela 3. Produção de água mineral por região brasileira (2002)

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Page 11: Água mineral e água de coco

Região %

Sudeste 54

Nordeste 18,5

Sul 12,5

Centro-Oeste 8

Norte 7

Fonte: http://abinam.com.br/mercado aguas2002.asp

Segundo a ABINAM – Associação Brasileira da Indústria de Águas Minerais –

o mercado brasileiro de águas minerais naturais tem se tornado altamente

segmentado e regionalizado. Só o estado de São Paulo possui 177 fontes com mais

de uma centena de marcas no mercado, sendo o maior produtor do país, com 40%

da produção nacional, seguido de Pernambuco, com 9%, Minas Gerais, com 8,6% e

Rio de Janeiro com 6,4%.

Embora o brasileiro não esteja acostumado a consumir água mineral pela sua

marca, as grandes empresas respondem por 40% das águas vendidas em bares,

restaurantes e supermercados (mais de 60 milhões de litros/ano), enquanto os

outros 60% são das marcas regionais. A distribuição regionalizada é feita por cerca

de 30 mil distribuidores que colocam seu produto num raio máximo de 400 km,

segundo a ABINAM.

Em 2002, o consumo foi de 4,7 bilhões de litros, 400 milhões de litros a mais

que o volume de 2001. Nesse mesmo ano, as importações de água mineral foram

de 821 mil litros provenientes principalmente da Europa: 57% da França, 28% da

Itália, 5% da Espanha e 4% de Portugal. As exportações representaram 230 mil

litros, sendo que, desse total, foram destinados 77% para América do Sul (Bolívia,

araguai e Uruguai) e 21% para Angola. 6,8 bilhões de litros de água mineral foram

produzidos e consumidos no Brasil em 2007

O consumo per capita brasileiro está em torno de 25 litros/habitante.ano,

sendo que em São Paulo atingiu 75 litros/habitante.ano entre a população

economicamente ativa; ainda aquém de alguns países europeus que ultrapassam o

volume de 100 a 150 litros/habitante.ano.

Tabela 4. Consumo per capita de água mineral em 2001

6

Page 12: Água mineral e água de coco

País Consumo (litros/habitantes.ano)

Itália 154

México 152

França 137

Bélgica 128

Suíça 106

Alemanha 104

Espanha 103

Áustria 85

Portugal 71

Estados Unidos 70

Brasil 25

Fonte: http://www.uniagua.org.br/default.asp?tp=3&pag=aguamineral.htam#MERCADO

Antigamente, o consumo de água mineral era restrito a pessoas com maior

pode aquisitivo e maior grau de escolaridade. Hoje, 25 a 30% da população

brasileira consomem água mineral, e esse número tende a aumentar, devido à maior

preocupação com a saúde e à escassez de água potável nos grandes centros

urbanos. O consumo brasileiro de água envasada é de 90% de água mineral sem

gás, com preferência pelas águas mais leves.

Em 1997, foi introduzida, no mercado brasileiro, a água purificada adicionada

de sais ou água mineralizada, que em 1999 representava 1% do mercado nacional

de águas. Este tipo de água, produzida principalmente por grandes empresas,

estimulou o mercado de águas como um todo, pois além do incremento das

embalagens, propiciou uma forte entrada dos supermercados nesse segmento,

favorecendo a redução da informalidade do setor.

Tabela 5. Consumo de água mineral em 1998

7

Page 13: Água mineral e água de coco

País Volume (milhões de litros)

EUA 10.584

Itália 7.800

Alemanha 7.480

França 5.650

Brasil 2.497

Inglaterra 955

Argentina 468

Chile 76

Fonte: REIS, 2001a.

Tabela 6. Produção nacional de água mineral natural por marca (1999)

Marca %

Indaiá 15,2

Minalba 3,28

Ouro Fino 3,02

Nestlé-Perrier 2,73

Crystal 2,23

Lindóia Genuína 2,19

Santa Bárbara 1,94

Schincariol 1,81

Caxanga 1,80

Lindóia Vida 1,75

Fonte: Adaptado de Reis, 2001a.

4.1. Margens e Custos

Em 2000, o garrafão retornável de 20 litros representava 35% do faturamento

total dos produtores de água mineral, sendo o principal produto para muitas

empresas e o único para outras. No ano de 2001, o garrafão representava mais de

53% em volume da produção nacional e proporcionava o menor custo de

implantação para o investidor, além do menor preço médio por litro de produto para

8

Page 14: Água mineral e água de coco

o consumidor final de R$ 0,15 a R$ 0,20 contra R$ 0,80 a R$ 1,60 para os

descartáveis.

Aproximadamente 65% do preço praticado pelo engarrafador são relativos

aos custos de produção, 25% referem-se às despesas com transporte e 10%

correspondem às margens do fabricante. Entre os componentes dos preços,

somente o ICMS incrementa entre 40% e 50% sobre o preço de fábrica.

Do preço final ao consumidor, cerca de 25% correspondem aos custos de

produção e margem de fabricante, 10% referem-se à margem do distribuidor, 35%

representam a margem do varejo e 30% são impostos.

"A água mineral brasileira é uma das mais baratas do mundo", diz Lancia.

Segundo o presidente da Abinam, o consumo mundial dessa água ultrapassou a

venda de refrigerantes.

O crescimento do mercado também ajudou a expandir a oferta e variedade de

produtos. Se antes o consumidor tinha a opção de comprar água com gás, agora

encontra no supermercado águas saborizadas, um misto de mineral com

refrigerante. Algumas marcas ainda investiram no mercado de luxo, como a

americana Bling H2O. A empresa trata a água diversas vezes antes de envasá-la em

garrafas com formatos especiais. Lançadas em edições limitadas e geralmente

adornadas com cristais Swarovski, as garrafas da Bling H2O custam de US$ 20 a

US$ 65.

5. PROPRIEDADES FÍSICAS, FÍSICO-QUÍMICAS E QUÍMICAS DA

ÁGUA

A água é um líquido que apresenta grande capacidade em dissolver

substâncias iônicas ou polares, como sais, ácidos, alcoóis, etc. devido à sua elevada

constante dielétrica. A água tem uma estrutura molecular simples. Ela é composta

de um átomo de oxigênio e dois átomos de hidrogênio. Cada átomo de hidrogênio

liga-se covalentemente ao átomo de oxigênio, compartilhando com ele um par de

elétrons. O oxigênio também tem um par de elétrons não compartilhados. Assim há

4 pares de elétrons em torno do átomo de oxigênio, dois deles envolvidos nas

ligações covalentes com o hidrogênio e dois pares não-compartilhados no outro lado

do átomo de oxigênio.

9

Page 15: Água mineral e água de coco

A água é uma molécula "polar", o que quer dizer que ela tem uma distribuição

desigual da densidade de elétrons. A molécula de água apresenta pontos de fusão

igual a 0°C e de ebulição igual a 100°C, na pressão de 1 atm.

Dureza da água é a quantidade de íons Ca+2 e Mg+2 dissolvidos. A dureza

total corresponde à somatória da dureza permanente com a dureza temporária. A

dureza permanente corresponde aos íons Ca+2 e Mg+2 ligados ao bicarbonato (HCO3-

1 solúvel) e ao carbonato (CO3-2 insolúvel).

A alcalinidade se refere à presença de íons alcalinos (OH-, CO3-2 e HCO3

-) na

água, capazes de reagir com ácidos; enquanto o valor de pH é a medida da

concentração dos íons H+ em solução.

A água pura é inodora e insípida, porem as águas minerais podem apresentar

características organolépticas alteradas, devido à presença de substâncias nela

dissolvidas; embora águas captadas em poços muito profundos tendem a ser

incolores, devido ao elevado poder depurador do solo. A turbidez é provocada pela

presença de sólidos dissolvidos ou colóides em suspensão na água.

Uma vez que a água mineral apresenta sais dissolvidos, ela tem o poder de

conduzir corrente elétrica, havendo uma relação direta entre o teor de sais e a

condutividade elétrica, que pode ser utilizada para estimar a concentração salina da

água. A temperatura interfere nos valores de condutividade, portanto as medidas

devem ser realizadas a 25°C.

6. LEGISLAÇÃO

As águas minerais são classificadas com base no Código de Águas Minerais,

de 1945, pela sua composição química, pelos seus gases espontâneos e pela sua

temperatura. Há águas ricas em cálcio, magnésio, carbonatos, bicarbonatos, lítio,

flúor, alem de águas carbogasosas, sulfurosas, hipotermais, radioativas, e outras.

No Brasil, 80% da produção nacional são de águas leves, classificadas como

levemente radioativas, fluoretadas, carbogasosas e hipotermais.

6.1. Regras para fabricação e comércio do produto

10

Page 16: Água mineral e água de coco

Para assegurar a qualidade da água mineral e a saúde do consumidor, a

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) lançou uma resolução (RDC

número 173) que regulamenta boas práticas para a industrialização e o comércio de

água mineral. 

Pela resolução da Anvisa, os fabricantes de água mineral terão de enviar

relatórios periódicos às vigilâncias sanitárias estaduais e municipais com

informações detalhadas sobre os chamados Procedimentos Operacionais

Padronizados (POPs). Esses procedimentos estão previstos na Resolução 173 e

orientam de que maneira devem ser a captação da água nos poços artesianos, o

envase (distribuição e lacramento do líquido em embalagens), a rotulagem, o

armazenamento das garrafas e galões e o transporte. A fiscalização do cumprimento

das normas cabe às vigilâncias sanitárias estaduais e municipais.

O relatório dos procedimentos operacionais deverá informar sobre os critérios

das empresas para aceitar ou aprovar garrafas e galões retornáveis e se as

condições de higiene para o reaproveitamento são satisfatórias. Outro ponto

importante previsto na resolução da Anvisa é que o envase e o fechamento das

embalagens só podem ocorrer por meio de equipamentos automáticos e nunca pelo

contato humano. 

6.2. Definições

6.2.1. Água Mineral Natural e Água Natural

O Código de Águas Minerais, em seu artigo 1°, define águas minerais como

sendo aquelas provenientes de fontes naturais ou de fontes artificialmente captadas

que possuam composição química ou propriedades físicas ou físico-químicas

distintas das águas comuns, com características que lhes confiram uma ação

medicamentosa.

A Resolução - RDC n° 54/2000 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária

(ANVISA), que dispõe sobre o Regulamento Técnico para Fixação de Identidade e

Qualidade de Água Mineral Natural e Água Natural define água mineral natural como

água obtida diretamente de fontes naturais ou artificialmente captadas de origem

subterrânea, caracterizada pelo conteúdo definido e constante de sais minerais

11

Page 17: Água mineral e água de coco

(composição iônica) e pela presença de oligoelementos e outros constituintes, em

níveis inferiores aos mínimos estabelecidos para água mineral natural.

6.2.2. Água Potável de Mesa

Segundo o artigo 3° do Código de Águas Minerais, águas potáveis de mesa

são as águas de composição normal provenientes de fontes naturais ou de fontes

artificialmente captadas que preencham tão somente as condições de potabilidade

para a região.

6.2.3. Água Purifica Adicionada de Sais

Em 1999, foi publicada a Resolução ANVS/MS 309, que fixa características

de identidade e qualidade do produto designado oficialmente por água purificada

adicionada de sais, como sendo as águas preparadas artificialmente a partir de

qualquer captação, tratamento e adicionada de sais de uso permitido, podendo ser

gaseificada com dióxido de carbono de padrão alimentício. NO caso de água ser

gaseificada, a pressão de dióxido de carbono não será inferior a 0,5 atm a 20°C.

A água usada como matéria-prima para elaboração do produto deve atender

ao padrão e as normas de potabilidade da água destinada ao consumo humano

vigentes, no que diz respeito aos aspectos bacteriológicos, físico-químicos e

organolépticos com a eliminação de resíduos de cloro eventualmente usados no

processo de potabilização. Geralmente são águas potáveis de mesa ou não-

minerais fornecidas pelos órgãos públicos de abastecimento de água ou de poços

artesianos, que são tratadas e enriquecidas com sais, através de processos que lhes

conferem segurança, padronização e qualidade próprias. Pelo fato de poder ser

padronizada, este tipo de água não depende da existência de uma única fonte.

As águas purificadas adicionadas de sais devem ser preparadas,

manipuladas, acondicionadas e conservadas conforme boas práticas de fabricação,

atendendo aos requisitos da legislação. Deve constar a forma de tratamento ou

purificação adotado quando o produto for submetido ao tratamento por alta

temperatura, irradiação, ultravioleta, filtração, ozônio, cloração ou osmose reversa.

Os sais a serem adicionados, permitidos pela legislação, são: bicarbonato de

cálcio, bicarbonato de magnésio, bicarbonato de potássio, bicarbonato de sódio,

carbonato de cálcio, carbonato de magnésio, carbonato de potássio, carbonato de

sódio, cloreto de cálcio, cloreto de magnésio, cloreto de potássio, sulfato de cálcio,

12

Page 18: Água mineral e água de coco

sulfato de magnésio, sulfato de potássio, sulfato de sódio, citrato de cálcio, citrato de

magnésio, citrato de potássio, e citrato de sódio, todos de grau alimentício.

Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Água adicionadas de Sais

e Repositores Hidroeletroliticos (ABIASER), a água adicionada de sais é a mesma

usada na fabricação de refrigerantes e cervejas.

Tabela 7. Limites máximos de sais admitidos nas águas purificas adicionadas

de sais, desde que, individualmente, não excedam a 5% do VDR (Valor de

Referência Diário) para estes íons

Sal Limite máximo permitido por 200 mL de produto (mg)

Cálcio 50Magnésio 20Potássio 175

Sódio 175Fonte: Resolução – ANVS n°309, de 16 de julho de 1999

6.2.4. Soda e Soda Aromatizada

Outros tipos de água, como as enriquecidas e as aromatizadas, podem ser

encontrados no mercado, principalmente na Europa e Estados Unidos, onde há

legislação específica para águas aromatizadas adicionadas com uma pequena

quantidade de misturas e blendagens de sucos de frutas, vitaminas (opcional),

aminoácidos e até mesmo fibras. A essas águas enriquecidas são adicionados

aditivos como cafeína (C8H10N4O2), bebidas complexas com infusões de ervas e

outros ingredientes, como ginseng, etc. Duas principais características

organolépticas da água foram perdidas nestes produtos: inodora e insípida.

A adição de aromas naturais é a forma mais simples de enriquecer a água.

Compostos aromáticos como aldeídos, alcoóis, cetonas e ésteres, entre outros, são

extraídos de alguns vegetais, purificados e adicionados às bebidas.

O Decreto n°3510 de 2000 que alterou o Decreto n°2314 de 1997 define soda

como a água potável gaseificada com dióxido de carbono, com uma pressão

superior a 2 atm, a 20°C, podendo ser adicionada de sais. Enquanto a soda

aromatizada deve ser aromatizada de aromatizantes naturais e podendo ser

adicionada de sais. Sua vantagem é a de possuir pequena ou nenhuma quantidade

13

Page 19: Água mineral e água de coco

de conservantes, sendo considerada como um produto intermediário entre a água

mineral e o refrigerante.

6.2.5. Água Rica em Oxigênio

As águas ricas em oxigênio pertencem a um grupo de água pouco conhecido,

não estando regulamentadas no país. Apresentam alta concentração deste elemento

e normalmente não são gaseificadas. Seu consumo é indicado para atletas e

esportistas.

6.2.6. Água Tônica de Quinino

Água Tônica de quinino é o refrigerante que contiver obrigatoriamente de 3 a

5 miligramas de quinino ou seus sais, expresso em quinino anidro, por 100 mL de

bebida, conforme Decreto n°2315, de 1997. Portanto, apesar de levar o nome de

água tônica, é um refrigerante elaborado à base de quinino.

O quinino é um alcalóide (C20H24N2O2) usado contra a malária e como

relaxante muscular. É extraído da casca tanífera de arbustos de Cinchona

magnifolia, de espécies do gênero Ladenbergia, ambos da família das rubiáceas; e

da Naucleopsis amara da família das moráceas.

6.2.7. Outras definições

A portaria n°222, de 1997, estabelece outras definições importantes, a saber,

Aqüífero é a formação ou grupo de formações geológicas portadoras de

condutoras de água subterrânea.

Poço é a obra de captação de água subterrânea executada com sonda,

mediante perfuração vertical, enquanto nascente é a descarga concentrada da água

subterrânea que aflora à superfície do terreno como um fluxo de água.

Fontanário é o local destinado a uso publico, onde é permitido o consumo “in

loco” da água mineral ou potável de mesa, tal como emerge da captação, com

garantia sanitária e microbiológica, e cedida pelo concessionário da lavra, segundo a

disponibilidade de vazão das captações autorizadas.

14

Page 20: Água mineral e água de coco

6.3. Classificação

As águas minerais naturais são classificadas segundo suas características

químicas permanentes e segundo as características inerentes às fontes. Devem ser

classificadas de acordo com o elemento predominantemente, sendo que as

acusarem mais de um elemento em quantidade relativamente altas, podem ter

classificação mista.

6.3.1. Quanto à composição química

De acordo com o Código, quanto à composição química, as águas minerais

naturais são classificadas em:

I. oligominerais: quando, apesar de não atingirem os limites estabelecidos

(contêm diversos tipos de sais, todos em baixa concentração), forem

classificadas como minerais por suas propriedades favoráveis a saúde;

II. radíferas: quando contiverem substâncias radioativas dissolvidas que lhes

atribuam radioatividade permanente;

III. alcalino-bicarbonatadas: as que contiverem uma quantidade de compostos

alcalinos equivalentes, no mínimo, a 0,200g/L de bicarbonato de sódio;

IV. alcalino-terrosas: as que contiverem uma quantidade de compostos alcalino-

terrosos equivalentes, no mínimo, a 0,120 g/L de carbonato de cálcio;

a) Alcalino-terrosas cálcicas: as que contiverem, no mínimo, 0,048g/L de

cátion Ca+2 sob a forma de bicarbonato de cálcio;

b) Alcalino-terrosas magnesianas: as que contiverem, no mínimo, 0,030g/L de

cátion Mg+2 sob a forma de bicarbonato de magnésio;

V. sulfatadas: as que contiverem, no mínimo, 0,001g/L de anion SO4-2

combinado aos cátions Na+, K+ e Mg+2;

VI. sulfurosas: as que contiverem, no mínimo, 0,001g/L de anion sulfeto (S-2);

VII. nitratadas: as que contiverem, no mínimo, 0,050g/L do anion NO3- e origem

mineral (valor alterado pela Resolução n°54/2000);

VIII. cloretadas: as que contiveram, no mínimo, 0,500g/L de NaCl (cloreto de

sódio);

IX. ferruginosas: as que contiverem, no mínimo, 0,005 g/L de cátion ferro (Fe+2

e/ou Fe+3);

15

Page 21: Água mineral e água de coco

X. radioativas: as que contiverem radônio em dissolução, obedecendo aos

seguintes limites:

a) Fracamente radioativas: as que apresentarem um teor radônio

compreendido entre 5 e 10 unidades Mache, por litro, a 20°C e 760 mmHg de

pressão;

b) Radioativas: as que apresentarem um teor em radônio compreendido entre

10 e 50 unidades Mache por litro, a 20°C e 760 mmHg de pressão;

c) Fortemente radioativas: as que possuírem um teor em radônio superior a 50

unidades Mache por litro, a 20°C e 760 mmHg de pressão.

XI. toriativas: as que possuírem um teor em torônio em dissolução, equivalente

em unidades eletrostáticas, a 2 unidades Mache por litro, no mínimo;

XII. carbogasosas: as que contiverem, por litro, 200 mL de gás carbônico livre

dissolvido, a 20°C e 760 mmHg de pressão.

6.3.2. Características das fontes de água mineral natural

O Código Brasileiro de Águas classifica as fontes de água mineral natural,

conforme os gases espontâneos presentes na fonte e conforme a temperatura da

água na fonte, da seguinte forma:

I) Quanto aos gases:

a) Fontes radioativas:

a.1) fracamente radioativas: as que apresentarem, no mínimo, uma

vazão gasosa de 1 litro por minuto (1 L.p.m.) com um teor em radônio

compreendido entre 10 e 50 unidades Mache, por litro de gás

espontâneo, a 20°C e 760 mmHg de pressão;

a.2) radioativas: as que apresentarem, no mínimo, uma vazão gasosa

de 1 L.p.m., com um teor compreendido entre 10 e 50 unidades

Mache, por litro de gás espontâneo a 20°C e 760 mmHg de pressão;

a.3) fortemente radioativas: as que apresentarem, no mínimo, uma

vazão gasosa de 1 L.p.m., com teor superior a 50 unidades Mache, por

litro de gás espontâneo a 20°C e 760 mmHg de pressão;

b) Fontes toriativas: as que apresentarem, no mínimo, uma vazão gasosa de 1

L.p.m, com um teor em torônio, na emergência, equivalente em unidades

eletrostáticas a 2 unidades Mache por litro;

16

Page 22: Água mineral e água de coco

c) Fontes sulfurosas: as que possuírem na emergência desprendimento

definido de gás sulfídrico.

II) Quanto à temperatura:

a) Fontes frias: quando a sua temperatura for inferior a 25°C;

b) Fontes hipotermais: quando sua temperatura estiver compreendida entre

25°C e 33°C;

c) Fontes hipotermais: quando sua temperatura estiver compreendida entre

33°C e 36°C;

d) Fontes isotermais: quando sua temperatura estiver compreendida entre

36°C e 38°C;

e) Fontes hipertermais: quando sua temperatura for superior a 38°C.

Legislação

A portaria n°117, de 1972, define que os estudos in loco de fontes de águas

minerais ou potáveis de mesa devem compreender o seguinte: análise química

completa; análise química dos gases espontâneos quando existentes; análise

bacteriológica; determinação da radioatividade da água ao emergir; e dos gases

espontâneos quando existentes; determinação da temperatura da água;

determinação da vazão da fonte; dosagem in loco dos elementos químicos

susceptíveis de se alterarem com o transporte da amostra.

6.3.3. Quanto à adição de dióxido de carbono

I. Água sem gás: água mineral natural ou água natural, à qual não foi

adicionado o dióxido de carbono.

II. Água gaseificada artificialmente: água mineral natural ou água natural, à

qual foi adicionado o dióxido de carbono.

Água mineral carbonatada pode ocorrer naturalmente em algumas regiões

especificas. Portanto, o CO2 pode ser adicionado ou retirado da água. De acordo

com o Código Brasileiro de Águas, as águas minerais carbogasosas naturais,

quando engarrafadas, deverão declarar no rótulo, em local visível, água mineral

carbogasosa natural. A Portaria n°222, de 1997, define gaseificação como sendo a

adição artificial de dióxido de carbono durante o processo de envasamento.

17

Page 23: Água mineral e água de coco

A presença do CO2 confere caráter “efervescente” ao produto e inibe o

crescimento de microrganismo. Os equipamentos para carbonatação são os

mesmos utilizados pelas indústrias de refrigerantes.

6.4. Composição e requisitos

A Resolução – RDC n°54/2000 estabelece normas de composição e

requisitos para as águas. Quanto à composição, o ingrediente obrigatório é a água

mineral natural ou água natural e o ingrediente opcional, o dióxido de carbono. Os

requisitos para apresentar características sensoriais, físicas, químicas e físico-

químicas são:

Aspecto: límpido;

Cor: máximo 5 uH (unidade de escala de Hanzen);

Turbidez: máximo 3,0 uT (unidade de Jackson ou nefelométrica de turbidez);

Odor: característico;

Sabor: característico.

A água mineral natural ou água natural deve ser coletada sob condições que

garantam a manutenção das características originais da água emergente da fonte ou

poço. Essas características devem permanecer estáveis dentro dos limites naturais

de flutuação, não devendo apresentar influência direta de águas superficiais.

Quando envasadas devem apresentar composição química equivalente à da

água emergente da fonte ou poço, tal como definida nos exames químicos e físico-

químicos efetuados por autoridade competente.

As operações autorizadas, tais como captação, decantação, adução

(canalização), elevação mecânica, armazenamento, filtração, envase, adição de

dióxido de carbono, não devem alterar os elementos de sua composição original.

A água mineral natural e água natural devem ser envasadas dentro da área

autorizada pela autoridade competente, de acordo com a legislação específica.

18

Page 24: Água mineral e água de coco

6.5. Aditivos e coadjuvantes de tecnologia de elaboração

Não é permitida a utilização de aditivos intencionais e coadjuvantes de

tecnologia.

6.6. Contaminantes

Não devem conter concentrações acima dos limites máximos permitidos das

substâncias relacionadas na Tabela 2:

Tabela 8. Contaminantes e limites máximos permitidos em água mineral

natural

Contaminantes Limites máximos

Antimônio 0,005 mg/L (Sb)

Arsênio 0,05 mg/L, calculado como arsênio (As) total

Bário 1 mg/L (Ba)

Borato 5 mg/L, calculado como boro (B)

Cádmio 0,003 mg/L (Cd)

Cromo 0,05 mg/L, calculado como cromo (Cr) total

Cobre 1 mg/L (Cu)

Cianeto 0,07 mg/L (CN)

Chumbo 0,01 mg/L (Pb)

Manganês 2 mg/L (Mn)

Mercúrio 0,001 mg/L (Hg)

Níquel 0,02 mg/L (Ni)

Nitrato 50 mg/L, calculado como nitrato

Nitrito 0,02 mg/L, calculado como nitrito

Selênio 0,05 mg/L (Se)

A análise de outros contaminantes poderá ser solicitada a critério da

autoridade competente.

19

Page 25: Água mineral e água de coco

6.7. Higiene

6.7.1. Considerações Gerais

As águas minerais naturais e águas naturais devem ser captadas,

processadas e envasadas obedecendo às condições higiênico-sanitárias e boas

praticas de fabricação, fixadas em legislação especifica, alem disso:

a) As embalagens a serem utilizadas, novas ou retornadas para um novo ciclo

de uso, devem ser submetidas à avaliação individual. As embalagens com

amassamentos, rachaduras, ranhuras, remendos, deformações do gargalo

e/ou com alterações de odor e cor devem ser rejeitadas. Caso a alteração

indicar possível risco a saúde, a embalagem deve ser destruída;

b) Na circulação de embalagens, da lavagem até o fechamento, não é permitido

o transporte manual;

c) As saídas das máquinas lavadoras de embalagens devem estar posicionadas

o mais próximo possível da sala de envase, para evitar que embalagens já

lavadas circulem em ambiente aberto;

d) Para efeito de desinfecção nas lavadoras de recipientes, após o enxágüe com

desinfetante de comprovada eficácia, enxaguar com a água a ser envasada.

Deve ser comprovada a eficiência do processo de lavagem;

e) O envase e o fechamento das embalagens devem ser efetuados por

máquinas automáticas, sendo proibido o processo manual;

f) As tampas das embalagens devem ser previamente desinfetadas;

g) Todas as máquinas, equipamentos e utensílios que entrem em contato com a

água devem ser submetidos à higienização e manutenção periódica

h) É adotado aço inoxidável polido para os equipamentos e superfícies que

entram em contato direto com a água

i) A rotulagem das embalagens deve ser feita fora da área de envase.

6.7.2. Características microbiológicas

Na fonte, poço ou local de surgência e na sua comercialização, a água

mineral natural e a água natural não devem apresentar risco à saúde do consumidor

(ausência de microrganismos patogênicos) e devem estar em conformidade com as

características microbiológicas descritas na Tabela 3.

20

Page 26: Água mineral e água de coco

Sempre que se tratar de avaliação de lotes e/ou partidas, deverá ser coletada

a amostra representativa, em cumprimento dos dispositivos legais vigentes. Exceção

para as atividades que requeiram amostragem para investigação (relacionada com

suspeita ou com identificação de problemas no lote e/ou partida, para sua respectiva

confirmação ou verificação de sua natureza e sua extensão ou ainda para

informações sobre as possíveis fontes de problema) ou que requeiram inspeções

rígidas (planos estatísticos com maior poder de discriminação de falhas).

A análise das unidades da amostra representativa deve ser feita, usando-se o

mesmo volume recomendado para a amostra indicativa. Na caracterização

microbiológica da água ou do lote examinado, devem ser considerados os

resultados da amostra representativa.

Tabela 9. Critérios microbiológicos definidos para água mineral natural e água natural

MicrorganismoAmostra indicativa

limites

Amostra representativa

N c M

E. coli ou coliformes (fecais) termotolerantes, em 100 mL

Ausência 5 0 -

Coliformes totais, em 100 mL<1,0 UFC; <1,1 NMP ou

ausência5 1

<1,0 UFC, <1,1 NMP ou ausência

Enterococos, em 100 mL<1,0 UFC; <1,1 NMP ou

ausência5 1

<1,0 UFC; <1,1 NMP ou ausência

Pseudomonas aeruginosa, em 100 Ml

<1,0 UFC; <1,1 NMP ou ausência

5 1<1,0 UFC; <1,1 NMP

ou ausênciaClostridios sulfito redutores ou

C. perfringens, em 100 mL<1,0 UFC; <1,1 NMP ou

ausência5 1

<1,0 UFC; <1,1 NMP ou ausência

n: é o numero de unidades da amostra representativa a serem coletadas e analisadas

individualmente;

c: é o numero aceitável de unidades da amostra representativa que pode apresentar resultados

entre os valores “m”e “M”;

m: é o limite inferior (mínimo) aceitável. É o valor que separa uma qualidade satisfatória de uma

qualidade marginal. Valores ab desejáveis;

M: é o limite superior (máximo) aceitável. Valores acima de “M” não são aceitos.

6.7.2.1. Em relação à amostra indicativa

A amostra é condenada (rejeitada) quando for constatada a presença de E.

coli ou coliformes (fecais) termotolerantes ou quando o número de coliformes totais

e/ou enteroccos e/ou Pseudomonas aeroginosa e/ou clostridios sulfito redutores ou

C. perfringens for maior que o limite estabelecido para amostra indicativa.

Deve ser efetuada a análise da amostra representativa quando na amostra

indicativa for detectada a presença de E. coli ou coliformes totais e/ou enteroccos

21

Page 27: Água mineral e água de coco

e/ou Pseudomonas aeroginosa e/ou clostrídios sulfito redutores ou C. perfringens for

maior que o limite estabelecido para a amostra indicativa.

6.7.2.2. Em relação à amostra representativa

O lote e/ou partida é aprovado quando houver ausência de E. coli ou

coliformes (fecais) termotolerantes em todas as unidades da amostra representativa,

nenhuma unidade da amostra representativa apresentar contagem de coliformes

totais, enterococos, Pseudomona aeruginosa e clostrídios sulfito redutores e/ou C.

perfrigens maior que “M” e no máximo uma unidade da amostra representativa

apresentar contagem de coliformes totais, enterococos. Pseudomonas aeruginosa e

clostrídios sulfito redutores e/ou C. perfrigens entre os lavores “m” e “M”.

O lote e/ou partida será rejeitado, quando:

a) For constatada a presença de E. coli ou coliformes (fecais) termotolerantes

em qualquer das unidades da amostra representativa;

b) Apresentar contagem de coliformes totais e/ou enterococos e/ou

Pseudomonas aeruginosa e/ou clostrídios sulfito redutores e/ou C. perfigens

em qualquer uma das unidades da amostra representativa, maior que “M”;

c) Apresentar contagem de coliformes totais e/ou enterococos e/ou

Pseudomonas aeruginosa e/ou clostrídios sulfito redutores e/ou C. perfrigens

em mais uma de uma unidade da amostra representativa, maior que “m”.

6.8. Rotulagem

Conforme a Resolução – RDC n°54/2000 a rotulagem deve obedecer ao

Regulamento Técnico específico sobre Rotulagem de Alimentos Embalados. No

rótulo, devem constar obrigatoriamente, as seguintes declarações, de forma clara,

destacada e precisa:

a) Contém fluoreto: quando o produto contiver mais que 1 mg/L de fluoreto;

b) O produto não é adequado para lactentes ou crianças com até sete anos

de idade: quando o produto contiver mais que 2 mg/L de fluoreto;

c) Fluoreto acima de 2 mg/L para consumo diário, não é recomendável:

quando o produto contiver mais que 2mg/L de fluoreto

22

Page 28: Água mineral e água de coco

d) Com gás ou gaseificada artificialmente: quando o produto for adicionado

de dióxido de carbono;

e) Contém sódio: quando o produto contiver mais de 200 mg/L de sódio.

Opcionalmente, pode ser utilizada a expressão “sem gás”, quando não for

adicionado dióxido de carbono.

6.8.1. Rótulo padrão

O Código Brasileiro de Águas e a Portaria n°470/99 fornecem instruções

básicas dos rótulos das embalagens de águas minerais e potáveis de mesa. O rótulo

deverá ser aprovado pelo DPNM, após a publicação da portaria de concessão da

lavra, no qual deverá constar os seguintes elementos informativos:

I. Nome da fonte;

II. Local da fonte, município e estado;

III. Classificação da água;

IV. Composição química, expressa em mg/L, contendo , no mínimo, os oito

elementos predominantes, sob a forma iônica;

V. Características físico-químicas na surgência;

VI. Nome do laboratório, número e data da análise da água

VII. Volume expresso em litros ou mililitros;

VIII. Número e data da concessão de lavra, e numero do processo seguido do

nome “DNPM”;

IX. Nome da empresa concessionária e/ou arrendatária, se for o caso, como

número de inscrição no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica – CNPJ, do

Ministério da Fazenda;

X. Duração, em meses, do produto, destacando-se a data de envasamento

por meio de impressão indelével na embalagem, no rótulo, ou na tampa;

XI. Se à água for adicionado gás carbônico, as expressões “gaseificada

artificialmente”;

XII. A expressão “Indústria Brasileira”.

A marca da água e as informações publicitárias ou promocionais das

embalagens serão dispensadas de apresentação ao DNPM. Não poderão constar no

rótulo e nas faces livres das embalagens expressões que supervalorizem a água,

23

Page 29: Água mineral e água de coco

relativas a eventuais características, propriedades terapêuticas, ou qualquer

designação suscetível de causar confusão ao consumidor.

6.9. Método de análise

A avaliação da identidade e qualidade deverá ser realizada de acordo com os

métodos de análise adotados e/ou recomendados pela International Organization for

Standardization (ISO), pela American Public Health Association (APHA), pelo

Bacteriological Analytical Manutal (BAM), pela Companhia de Tecnologia e de

Saneamente Ambiental (CETESB) e pela comissão do Codex Alimentarius e seus

comitês específicos, até que venham a ser aprovados métodos de análises pela

ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

6.10. Amostragem

a) Só serão aceitos para análise amostras acondicionadas em embalagens

original, a menos que tenham sido coletadas diretamente da fonte ou poço ou

nos diferentes pontos de amostragem instalados na linha de envasamento;

b) A amostra, para fins de análise microbiológica, é composta pelo número de

unidades suficientes para constituir o volume mínimo estabelecido para

análise;

c) Sempre que necessário, outras determinações analíticas podem ser

realizadas para a elucidação ou prevenção de problemas de saúde pública;

d) A análise microbiológica deve ser precedida de inspeção visual e não será

efetuada quando a água envasada estiver em embalagem inadequada ou

apresentar sinais de violação ou vazamento;

e) Quando a amostra for coletada na fonte, deve constar a temperatura da água

na surgência e/ou captação, assim como hora e data da amostragem, além

das demais informações pertinentes.

Tabela 10. Número mínimo de amostras e freqüência mínima de amostragem para determinação

das características microbiológicas na fonte ou poço e no final da linha de produção, a serem efetuadas,

obrigatoriamente, pela empresa envasadora.

Local de Número mínimo Análises a serem realizadas

24

Page 30: Água mineral e água de coco

coletade amostras a

serem analisadas

Fonte ou poço

1 amostra por diaE. coli ou coliformes (fecais)

termotolerantes, contagem de bactérias heterotróficas (contagem padrão em placas)

1 amostra por trimestre

Coliformes totais, E. coli ou coliformes (fecais) termotolerantes. Enterococos, Pseudomonas aeruginosa e Clostridios

sulfito redutores ou C. perfrigens

Final da linha de

produção

2 amostras por diaE. coli ou coliformes (fecais)

termotolerantes, Pseudomonas aeruginosa

1 amostra por semana

Coliformes totais, E. coli ou coliformes (fecais) termotolerantes, Enterococos,

Pseudomonas aeruginosa

f) Os resultados das análises realizadas nas amostras coletadas segundo os

itens b e c devem estar à disposição para avaliação das autoridades

competentes.

Caso o teor de fluoreto (F-) na emergência esteja próximo de 1,0 mg/L, o

controle deste ânion deve ser realizado mensalmente.

Tabela 11. Número mínimo de amostras e freqüência mínima de amostragem para

determinação das características físico-químicas e químicas na fonte ou poço e no final da linha de

produção a serem efetuadas, obrigatoriamente, pela empresa envasadora.

Local de coleta

N° mínimo de amostras a serem

examinadasCaracterística

Fonte ou poço 1 por dia Condutividade, pH e temperatura

Final da linha de produção

2 por dia Condutividade

1 por anoCaracterísticas químicas, que

definem as classificação da água e contaminantes

7. CONCESSÃO DE LAVRA DE ÁGUA MINERAL

A atividade de exploração de águas minerais é, no Brasil, fiscalizada pelo

Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) – órgão vinculado ao

Ministério de Mina e Energia. O DNPM tem por objetivos conceder, fiscalizar e

25

Page 31: Água mineral e água de coco

controlar a pesquisa e a lavra dos minerais brasileiros, inclusive as águas. Outros

procedimentos específicos também devem ser cumpridos, principalmente no que diz

respeito à legislação ambiental.

Abaixo um fluxograma detalhado do processo de concessão de lavra de água

mineral.

Figura 1 – Fluxograma do processo de concessão de lavra

Um resumo dos procedimentos para requerimento de autorização de

pesquisa, concessão e instalação é apresentado a seguir:

O requerimento de autorização de pesquisa (alvará de pesquisa) deverá ser

solicitado junto ao DNPM, acompanhado de planta de situação e detalhe da área,

plano dos trabalhos de pesquisa com orçamento e cronograma de execuçao,

26

Page 32: Água mineral e água de coco

comprovante de pagamento e apresentação da ART/CREA. Caso houver

necessidade, o DNPM solicita a anuência da Secretaria Estadual de Meio Ambiente

e da Prefeitura Municipal. O DNPM também pode consultar outros órgãos como:

FUNAI, etc.

Obtido o Alvará de Pesquisa, este tem validade por dois anos, renovável por

mais um, e os trabalhos de pesquisa devem ser iniciados dentro de 60 dias após a

publicação do Alvará no Diário Oficial da União. Após o termino das pesquisas,

deverá ser apresentado um relatório de pesquisa, elaborado por um geólogo ou

engenheiro de minas.

A partir da aprovação do relatório final de pesquisa, o interessado tem um ano

para requerer a concessão de lavra. Passado esse prazo, o governo pode outorgar a

lavra a qualquer pessoa interessada. Durante a lavra, o interessado deve preparar o

plano econômico contendo estudos de viabilidade econômica, equipamentos a

serem utilizados, layout do galpão de envasamento, planta detalhada da área,

ART/CREA, certidão de registro de pessoa jurídica, etc.

Também deverá ser providenciada a licença de instalação e de operação

junto ao órgão ambiental, alem do Plano de Controle Ambiental. Em seguida, deve

ser feito o registro da empresa no Ministério da Saúde e requerimento para

aprovação de rótula para os produtos.

A partir da data da publicação da Portaria de Lavra, o titular deve requerer a

posse da jazida no prazo de 90 dias, para a qual deverá recolher aos cofres públicos

o valor correspondente a 500 UFIR e apresentar a Licença de Operação. O código

de Mineração estabelece que o início dos trabalhos previsto no plano de lavra

deverá ocorrer no prazo de 6 meses, sob pena de sanções.

Somente no ano de 2000 forem emitidos 1400 Alvarás de Pesquisa, 60

relatórios de pesquisa foram aprovados e mais de 30 lavras foram outorgadas para

água mineral.

Segundo o Centro de Tecnologia de Alimentos e Bebidas do SENAI –

Vassoura/RJ, todo o processo de legalização pode demorar de 1 a 2 anos e os

custos podem variar de R$ 30000,00 a R$ 80000,00.

A Portaria n°231/98 estabelece as áreas de proteção em que deverão se

baseados os estudos e levantamentos prévios, envolvendo a caracterização

hidrológica e climática, características hidrogeológicas locais e sua inserção no

contexto regional, características físico-químicas e sanitárias das águas,

27

Page 33: Água mineral e água de coco

caracterização do uso do sola e das águas, com identificação das principais fontes

de poluição, análise das possibilidades de contaminação das fontes e seu grau de

vulnerabilidade aos agentes poluentes, identificação de medidas corretivas ou

preventivas com estabelecimento de um plano de controle e definição das áreas de

proteção.

8. BENEFÍCIOS DA ÁGUA MINERAL NATURAL

8.1. Os sais minerais e o organismo

A Água Mineral é hoje associada ao bem-estar e ao estilo de vida saudável,

pois repõe as energias e também favorece o funcionamento adequado de músculos

e nervos. Atua também na pele, hidratando e eliminando as toxinas resultantes da

queima das células. Por conta desta particularidade os dermatologistas indicam

água mineral natural para a higiene do corpo e do rosto, também minimiza os efeitos

de manchas e queimaduras provocadas pelo sol.

Além de todos esses benefícios para a pele a água mineral também combate

muitos males, tais como: estresse, alergias e algumas doenças crônicas. A fim de

que o equilíbrio do nosso corpo seja restabelecido, se faz necessário que tomemos

oito copos de água diariamente, pois nosso organismo elimina 2,5 litros de água por

dia. As águas minerais têm comprovadamente fatores terapêuticos e seu consumo

diário pode eliminar o uso de medicamentos.

Os minerais e outros elementos presentes nas águas minerais naturais

podem trazer benefícios nutricionais e à saúde do organismo como um todo. O sódio

em quantidades apropriadas age como regulador das funções dos músculos e

nervos, porem em altas quantidades pode causar riscos de hipertensão. O magnésio

aumenta o vigor e pode ajudar a prevenir a hipertensão. O potássio mantém o

equilíbrio eletrolítico do sangue e libera certas enzimas e hormônios, que podem

ajudar a prevenir deficiências cardíacas.

O cálcio auxilia a prevenção da osteoporose e ajudar a baixar a pressão

sanguínea. Águas com adequada quantidade de bicarbonatos podem ajudar a

controlar o nível de acidez de sucos gástricos no estomago, enquanto os sulfatos

estimulam o processo digestivo.

28

Page 34: Água mineral e água de coco

O cromo reduz o colesterol e regula as taxas de açúcar e insulina no sangue.

O manganês é catalisador de várias enzimas e fortalece o sistema reprodutivo. O

zinco é cofator de diversas enzimas, ajuda no processo curativo, contribui para o

funcionamento adequado do paladar, do olfato e do sistema imunológico. As águas

também podem conter flúor e cloro, entre outros elementos.

8.2. Efeitos terapêuticos dos diferentes tipos de água mineral natural

Abaixo, encontram-se descritos alguns tipos de águas minerais relacionadas

ao seu respectivo efeito terapêutico:

a) Férreas e ferruginosas: indicadas nas anemias causadas por deficiência de

ferro.

b) Magnesianas: indicadas para distúrbios digestivos, insuficiência e congestão

hepática, colites inespecíficas, contra-indicadas para úlcera péptica.

c) Radioativas: indicadas como sedativo do sistema nervoso e muito eficientes

contra processos alérgicos e mau funcionamento das glândulas. Possuem

ação funcional das afecções hepático-biliares tencionais. Elimina o ácido úrico

na gota e reumatismo gotoso.

d) Carbogasosas: indicadas no tratamento de distúrbios funcionais do

estomago, estimulantes do processo digestivo e indicada no tratamento de

cálculos renais.

e) Sulfurosas: indicadas para casos de reumatismo, doenças de pele, artrite e

inflamações em geral.

f) Bicarbonatadas sódicas: indicadas para tratamento de cálculos renais,

distúrbios gastrintestinais, enfermidades hepáticas, casos de artrite e gota.

g) Oligominerais: higienizam a pele, combatem intoxicações hapáticas, ácido

úrico, inflamações urinarias, alergia e estafa.

h) Toriativas e radioativas: eliminam o cloreto de sódio excessivo, corrigindo a

hipertensão arterial, edemas e obesidade. Aliviam o trabalho cardíaco.

Eliminam o ácido úrico na gota, reumatismo gotoso e hiperucimia.

i) Alcalino-ferrosas: diuréticas, indicadas no tratamento de colites crônicas e

pós-infecciosas, diabetes e alergias.

j) Gasoso-diuréticas: digestivas e desintoxicantes.

29

Page 35: Água mineral e água de coco

9. QUALIDADE DA ÁGUA MINERAL

A água contém substâncias e partículas em suspensão adquiridas através de

sua passagem por superfícies de vegetações e pelo interior do solo, estes materiais

em suspensão podem ser removidos durante sua percolação, mas as substâncias

dissolvidas persistem, dentre as quais se destacam substâncias químicas utilizadas

na agricultura, principalmente nitratos e alguns pesticidas.

Quando se “escolhe” uma fonte é necessário assegurar que água mineral seja

capaz de produzir bases consistentes e aceitáveis de qualidade química e

microbiológica.

Atenção especial deve ser dada a variações sazonais, mudanças bruscas nos

níveis de água, especialmente as chuvas fortes, pois a água penetra no solo e

infiltra-se por entre seus poros, por onde solubiliza e carrega consigo sais solúveis

presentes nos minerais desse solo até atingir o aqüífero.

Nenhum aqüífero está livre do risco de poluição, portanto deve-se conhecer a

evolução e as conseqüências das mudanças praticadas nas atividades

agropecuárias, nas indústrias locais, alterações climáticas, geológicas e hidrológicas

da região, onde a água será extraída. Turbidez, coloração e odor são indicativos de

alguns poluentes.

9.1. Microbiológica

São vários os microorganismos presentes nas águas, porém alguns casos,

níveis significativos de colônias somente são encontrados após o engarrafamento, o

que sugere falhas durante as operações de envasamento e de higienização da

planta.

A contaminação pode ocorrer no interior da tubulação que liga a fonte até a

planta de envasamento, ou em tanques de armazenamento pré-envase. Isso se dá

30

Page 36: Água mineral e água de coco

devido ao desenvolvimento de biofilmes naturalmente selecionados, que contraíram

resistência aos produtos usados nos processos de sanitização e desinfecção. Esses

microorganismos, muitas vezes estão presentes na fonte, porém com um número

tolerável de unidades formadoras de colônia, ou até mesmo são dificilmente

detectados, pois estavam mascarados por outras colônias, em análises

microbiológicas.

9.1.1. Bactérias

As bactérias capazes de afetar a todos os seres vivos (exceção aos vírus), de

forma negativa ou positiva, estão presentes em todos os ambiente terrestres. Podem

viver isoladas ou em colônias e, normalmente, apresentam fissão celular como

forma de reprodução. Apresentam-se em basicamente em três diferentes formas:

esférica ou elipsoidal (cocos); cilíndrica ou em bastonete e espiralada ou helicoidal.

Podem apresentar flagelos e cílios externos à parede celular.

Uma maneira bastante prática e usual de classificá-lás é colorindo-se suas

paredes através da técnica da coloração de Gram. As bactérias denominadas gram

positivas apresentam coloração azul após a aplicação da técnica, enquanto as gram

negativas apresentam coloração avermelhada.

A legislação atual é mais restrita quanto à presença de:

Enterococos: apresentam indícios de contaminação fecal recente e possuem

maior resistência em águas com alto teor eletrolítico e rica em sais minerais;

Clostrídios Sulfito Redutores: são responsáveis pela detecção de

contaminação fecal remota;

Pseudomonas aerurginosa: indica como estão as condições higiênicas do

sistema de envasamento e das embalagens utilizadas, pois ela pode ser

encontrada em diferentes habitats.

Um grande número de microorganismos isolados a partir de águas naturais foi

denominado de microflora autóctone que é composto por: Acinetobacter,

Alcaligenes, Flaobacterium, Pseudomonas, Cytophaga, Hafnia, Moraxella,

Xanthomonas, Enterobacter, Citrobacter, Klebsiella e Strepctococcus, Micrococcus,

Bacillus, Arthrobacter, Streptomyces e “coryneforms”.

Durante as operações de envasamento, podem ocorrer contaminações a

partir do ambiente no qual a planta está inserida, assim como a partir do manuseio

inadequado do pessoal que opera os equipamentos. Nesse segundo caso, os

31

Page 37: Água mineral e água de coco

principais microorganismos que aparecem são Staphylococcus epidermidis e

Staphylococcus hominis.

Dentre os principais patógenos entéricos pode-se destacar vibrio cholerae,

Escherichia coli, Salmonella, Shingella e Yersinia, que podem ser encontrados em

água mineral. Outra espécie, de menor importância, mas que merece ser citada é a

Aeromonas hydrophyla.

9.1.2. Leveduras

As leveduras são microorganismos unicelulares que apresentam reprodução

por gemulação, algumas espécies produzem esporos sexuais, enquanto outras não.

Diferenciam-se das algas por não realizarem fotossíntese e apresentam dimensões

maiores que as bactérias e são morfologicamente distintas.

As leveduras são os fungos responsáveis pela produção de cervejas, pães,

vinhos, etc. O fato de estarem associadas à indústria de bebidas as tornam um

importante alvo a ser combatido, pois podem contaminar as águas minerais através

de colônias ditas “selvagens”, principalmente nas indústrias que também produzem

refrigerantes e/ou cervejas. Apesar das leveduras não causarem graves problemas

para a água mineral, são as responsáveis pela maioria dos problemas sensoriais de

ordem microbiológica desses produtos.

9.1.3. Algas

As algas são clorofiladas e variam enormemente em tamanho e em

características morfológicas. Apresentam dimensões diversas, desde formas

unicelulares menores que algumas bactérias até algas marinhas com metros de

comprimento. Muitas espécies ocorrem como células simples esféricas, em

bastonetes ou fusiformes, enquanto outras formam colônias multicelulares, incluindo

colônias membranosas, filamentos isolados ou cadeias individuais ramificadas ou

não.

Apresentam grande potencial de contaminar água, principalmente as de

superfície, ou quando expostas à luz solar que é a sua principal fonte energética,

além de extrair componentes inorgânicos da própria água.

Em sua grande maioria, não são patogênicas, porém apresentam grande

capacidade de alteração do produto, principalmente a coloração e o paladar. Não

32

Page 38: Água mineral e água de coco

apresentam forma de resistência e são facilmente eliminadas por processos de

desinfecção tradicionais (cloração e ozonização).

9.1.4. Protozoários

São organismos parasitários, simbióticos ou de vida livre, cujo habitat são os

ambientes aquáticos. Apresentam dimensões predominantemente microscópicas.

Os protozoários variam quanto à forma, ao tamanho, à estrutura e as características

fisiológicas.

São bastante resistentes ao processo de cloração, porém, processos simples

como a filtração em areia conseguem reter os cistos desses microorganismos. Os

principais exemplos patógenos são Naegleria, Vahlkampfia, Cryptosporidium ou

Giardia.

9.1.5. Vírus

Os vírus são seres parasitas intracelulares obrigatórios. Apresentam formas

bastante heterogêneas com dimensões microscópicas, capazes de atravessar poros

de filtros, que não permitem a passagem de bactérias. Eles se multiplicam no interior

de células de animais ou vegetais, causando doenças ou infecções. Reproduzem-se

por replicação, na célula hospedeira. Os vírus não apresentam metabolismo

autônomo, nem capacidade de movimentação própria.

Possuem destaque na indústria de água mineral, pois pode haver a

ocorrência de algumas espécies causadoras de doenças no homem. Entre os

principais, está o vírus causador da hepatite.

9.2. Origem das contaminações

As principais fontes de contaminação numa indústria de águas minerais são:

A própria água: que pode estar contaminada por microorganismos e/ou

contaminantes químicos, resultantes do processo de limpeza, agrotóxicos,

etc.

33

Page 39: Água mineral e água de coco

Embalagens: garrafas ou garrafões mal lavados ou armazenados

inadequadamente podem contaminar a água. O mesmo ocorre com as

tampas e lacres.

Equipamentos: as superfícies de equipamentos e o interior das

tubulações devem ser higienizados constantemente através de técnicas

corretas de limpeza e desinfecção, a fim de se evitar a formação de resíduos,

capazes de conter microorganismos resistentes.

Funcionários: devem possuir bons hábitos de higiene e respeitar as

normas de utilização de equipamentos e de segurança, como usar luvas,

touca, máscara, botas de borracha, etc.

Animais: principalmente insetos, roedores e aves podem trazer

microorganismos patogênicos, de origem fecal. A atividade pecuária também

pode servir como fonte de contaminação de aqüíferos.

Ar: através de correntes de vento pode carregar poeira e

microorganismos.

9.3. Controle de Qualidade.

O estabelecimento industrial deve implementar e documentar o controle de

qualidade da água mineral, das embalagens, do reservatório, etc. As análises

laboratoriais para o controle e o monitoramento da qualidade da água mineral devem

ser realizadas em laboratório próprio ou terceirizado.

O estabelecimento industrial deve estabelecer e executar plano de

amostragem, especificando o número de amostras, o local de coleta, os parâmetros

analíticos e a freqüência a ser realizada, envolvendo as diversas etapas da

industrialização. Deve ainda, definir os limites de aceitação a serem determinados

nas amostras coletadas, segundo o plano de amostragem estabelecido.

A água mineral envasada deve apresentar composição equivalente à

respectiva água emergente da fonte ou poço, conforme especificada nas análises

laboratoriais efetuadas pelo órgão competente do Ministério das Minas e Energia.

O estabelecimento industrial deve adotar as medidas corretivas em caso de

desvios dos parâmetros estabelecidos. Essas medidas devem estar documentadas.

34

Page 40: Água mineral e água de coco

10. PROCESSAMENTO DA ÁGUA MINERAL

A água mineral deve ser retirada somente de fontes oficialmente

reconhecidas, após a fonte de lavra estar concluída e a exploração liberada pelo

DNPM. Nesta fase, todos os detalhes, tais como estabilidade da fonte, descrição

geológica, características físico-químicas da água, análises microbiológicas, níveis

de substâncias tóxicas e de poluição já devem estar descritos.

As fases do processamento para a produção de água mineral são: captação e

distribuição, clarificação da água, armazenamento e envasamento, como mostra a

Figura 2. Da captação às instalações do envasamento, devem ser instalados

medidores de vazão na tubulação de condução de água, e o outro antes da linha de

enchimento.

Figura 2 – Fluxograma com as etapas do processamento para a produção de água mineral.

Em área apropriada da empresa, deve ser mantido um laboratório para

monitoramento da qualidade do produto e dos processos de higienização dos

equipamentos e tubulações da planta.

Algumas inspeções técnicas são realizadas pelo DNPM para verificar os

processos, as modificações solicitadas, as pendências da empresa junto ao órgão, a

35

Page 41: Água mineral e água de coco

situação fiscal, o sistema de captação, a vazão horária da fonte, número de

funcionários, turnos de trabalho, o sistema de condução, distribuição e

armazenamento, o envasamento, as embalagens, vestiários e banheiros, qualidade

da água e análises físico-químicas e microbiológicas realizadas na água.

10.1. Captação

O processo de captação da água envolve todo o conjunto de instalações,

construções e operações necessárias à exploração de água mineral ou potável de

mesa de um aqüífero, sem alterar as propriedades naturais e a pureza da água

mineral ou potável de mesa.

A captação da água mineral é feita por meio de poços em diferentes

profundidades e vazões e, em alguns casos, de nascentes, ao redor desse ponto

deve ser construída uma casa de proteção (Figura 3).

Figura 3 – Casa de proteção e tubulação para a captação de água.

A área circundante à casa de proteção da captação deve ser pavimentada,

mantida limpa e livre de focos de insalubridade. Deve dispor de um sistema de

drenagem de águas pluviais de modo a impedir a infiltração de contaminantes, não

comprometendo a qualidade sanitária da água mineral.

A casa de proteção da captação deve ser mantida em condição higiênico-

sanitária satisfatória, livre de infiltrações, rachaduras, fendas e outras alterações. No

início da canalização de distribuição da água mineral natural ou da água natural

deve ser instalada torneira específica para a coleta de amostras.

36

Page 42: Água mineral e água de coco

Todos os materiais que entram em contato direto com a água devem ser de

natureza atóxica e não podem transferir qualquer tipo de sabor ou odor estranhos ao

produtos. Os materiais a serem utilizados pelas indústrias de águas minerais são o

aço inox e o PVC para a construção de tubulações. As bombas utilizadas na

indústria de águas minerais devem ser todas sanitárias, apresentando, no mínimo, o

rotor de aço inox. Além disso, não pode ocorrer em hipótese alguma, a

contaminação do produto por óleo, graxa ou outras impurezas relacionadas ao

funcionamento e à manutenção da bomba.

Manutenção preventiva deve ser realizada nas bombas submersas e nas

tubulações anexas, no máximo a cada 18 meses, inclusive para se verificar a

deposição de material incrustante, formação de colônias de biofilme.

A captação da água mineral natural ou da água natural e as demais

operações relativas à industrialização devem ser efetuadas, de preferência, no

mesmo estabelecimento industrial.

10.2. Clarificação e estabilização microbiológica da água mineral

A estabilização microbiológica é necessária, pois preserva as características

originais da água ao longo da sua vida útil. Para isso, são realizados alguns

tratamentos pós-captação tais como decantação e filtração em filtros de areia e de

carvão, antes de ser bombeada para o reservatório para a retirada de impurezas da

água.

Alguns processos, que visam manter a integridade microbiológica e as

características físicas e químicas da água, desde a fonte ate o ponto de consumo,

podem ser implantado, desde que o DNPM aprove o emprego destes no

aproveitamento industrial de água mineral e potável de mesa, dentre os quais, os

mais utilizados são a ozonização, a irradiação ultravioleta e a microfiltração.

10.2.1. Ozonização

O ozônio é um gás instável, produzido através de uma descarga elétrica em

contato com o oxigênio ou ar atmosférico, resultando numa molécula com três

átomos de oxigênio. É uma solução tecnológica que não altera as condições de

sabor e odor do produto, alem de não causar impacto negativo ao meio ambiente.

37

Page 43: Água mineral e água de coco

A utilização do ozônio no tratamento da água serve para a destruição ou a

inativação de microorganismos. O ozônio é mais eficiente do que o cloro para a

inativação de vírus. Pode ser aplicado em um ponto isolado ou em vários pontos do

processo de tratamento. Além da ozonização da água a ser envasada, outra

possibilidade é seu emprego na água de lavagem das embalagens antes do

envasamento.

Para a oxidação de substâncias orgânicas da água, são utilizadas de 0,5 a

1,5 mg de ozônio por mg de carbono ligado organicamente, Para a desinfecção, é

necessária uma concentração de ozônio de 0,4 mg/L, com um tempo mínimo de

contato de 4 minutos. Após o envasamento do produto ozonizado, a água embalada

permanece estocada por alguns dias, para a decomposição do ozônio, evitando

qualquer resíduo no interior da embalagem.

A ozonização também pode ser utilizada para eliminar ferro e manganês, já

que o ozônio oxida facilmente esses íons metálicos.

A utilização do ozônio pode causar microfloculação em algumas águas. Isso

se dá pela precipitação de sais de cálcio dos ácidos orgânicos ou pela redução da

ação estabilizadora de substâncias orgânicas sobre materiais turvadores. Sua

aplicação requer treinamento adequado aos funcionários, pois devido ao seu

elevado poder oxidante, pode causar bloqueio do olfato inconsciência e até mesmo

a morte por inalação, em poucos minutos.

10.2.2. Filtração

O objetivo tecnológico desta etapa é remover sólidos em suspensão. Filtração

segundo a resolução nº 222/97 é a operação de retenção de partículas por meio de

material filtrante que não altera as características químicas e físico-químicas da

água.

O processo de filtração baseia-se em quatro ações básicas: filtração

mecânica, sedimentação e adsorção, efeitos elétricos e alterações biológicas. A

classificação dos filtros pode ser realizada conforme a velocidade de filtração, a taxa

de filtração, o sentido do fluxo, o meio filtrante e a origem da carga sobre o leito,

gravitacional ou sob pressão.

O filtro de carvão é utilizado para remoção de odores, enquanto filtros de

areia são capazes de remover a matéria em suspensão, alterar alguns componentes

38

Page 44: Água mineral e água de coco

químicos e reduzir a carga microbiana. A filtração em areia pode ser precedida por

uma filtração em cascalho.

A microfiltração é uma operação realizada através de um filtro de membrana

com poros microscópicos, capaz de reter bactérias e sólidos suspensos, resultando

em água e sólidos dissolvidos como material filtrado, deixando o produto estéril, ou

seja, livre de microorganismos para ser envasada. O filtro de membranas deve ser

precedido por um filtro de cartucho. Em alguns países da Comunidade Comum

Européia, normalmente, a microfiltração é acompanhada com desinfecção

ultravioleta ou por tratamento com ozônio, imediatamente antes do engarrafamento.

10.2.3. Radiação ultravioleta

É um processo que permite eliminar os microorganismos presentes na água,

sem alterar as suas características físico-químicas e sensoriais. A radiação

ultravioleta age nas bases púricas que constituem o DNA celular, causando

mutações irreversíveis, e impedindo sua replicação.

A esterilização por esse processo é feita usando-se lâmpadas que emitem

radiação ultravioleta com comprimento de onda entre 200 e 300 nm; sendo que a

zona mais letal é em torno de 254. O tempo de exposição varia de 3 a 5 segundos.

Comercialmente, são fabricadas lâmpadas de argônio-mercúrio e mercúrio-quartzo.

A radiação promove a precipitação e a oxidação dos sólidos dissolvidos na

água, atua na destruição de hidrocarbonetos, na mineralização de compostos

orgânicos e auxilia na redução da turbidez.

Entre as vantagens de sua utilização estão a ausência de resíduos e a

atuação sobre todos os tipos de microorganismos. Para isso, a água deve

apresentar baixa turbidez.

10.3. Armazenamento

Os reservatórios apresentam um ponto importante no processamento, e seu

uso deve ser exclusivo para tal fim. Além de servir como local de acúmulo de água,

também auxilia na regulação de seu fluxo. Um exemplo é apresentado na Figura 4.

39

Page 45: Água mineral e água de coco

Figura 4 – Reservatório de água mineral

O tempo de residência máximo da água nesses depósitos é de três dias, a fim

de se evitar possíveis contaminações, principalmente por agentes microbianos. As

operações de limpeza e desinfecção deverão ser realizadas em períodos

adequados, com produtos que não interfiram nas qualidades naturais da água.

O reservatório deve possuir um dispositivo para esvaziamento em nível

inferior para fins de higienização e uma torneira específica para coleta de amostra,

instalada no início da canalização de distribuição da água para o envase. Quanto à

limpeza e desinfecção dos reservatórios, devem ser feitas periodicamente com

produtos que não interfiram na qualidade natural da água. Ressalta-se que o

processo de higienização do reservatório deve ser registrado e compete a

funcionários comprovadamente capacitados.

Os reservatórios deverão ser construídos em aço inox ou em alvenaria

revestidos de azulejo, em nível superior ao do solo. A partir deles, a água é enviada

por meio de bombas para a linha de envasamento.

10.4. Envasamento

O envasamento engloba toda a operação de introdução da água proveniente

da captação e/ou dos reservatórios nas embalagens, até o seu fechamento,

preservando as características de qualidade originais do produto.

As linhas de envasamento são constituídas pelos sistemas de rinsagem do

vasilhame (descartáveis) ou lavadora de garrafas retornáveis, enchedora, lacradora

40

Page 46: Água mineral e água de coco

ou seladora, inspeção (visual e/ou eletrônica), rotuladora e empacotadora (caixas de

papelão, embalagens plásticas, etc), conforme a Figura 5.

Figura 5 – Fluxograma de envasamento.

Cuidados com a sanitização devem ser tomados para prevenir a colonização

da planta por microorganismos e muita atenção deve ser dada aos garrafões

retornáveis, que apresentam alto potencial de contaminação.

O setor de envase deve estar separado das demais dependências por

paredes de alvenaria, revestidas de azulejos brancos até o teto, ou outros materiais

atóxicos e higiênicos aprovados pelo DNPM. As divisórias deverão ser de material

transparente, a fim de possibilitar total inspeção visual interna. O piso deve ser de

material impermeável, revestido de cerâmica de cor clara, desde que seja de fácil

limpeza e desinfecção, com inclinação para escoamento das águas e sistema de

esgoto sifonado. O teto deverá ser em laje de concreto ou forro lavável. O acesso à

sala de envasamento deve ser feito por uma ante-sala, com as mesmas

características higiênicas e de limpeza.

A sala de enchimento deve ter iluminação adequada, pode ser instalado

dispositivo para manter pressão positiva no interior da sala com ar filtrado ou

cortinas de ar seco e filtrado em todas as aberturas da sala.

41

Page 47: Água mineral e água de coco

A lavagem interna das embalagens retornáveis ou não deve ser efetuada por

maquinário automático (Figura 6), sendo que o penúltimo jato de enxágüe deve ser

feito com solução de cloro e o enxágüe final com água da fonte. Não é permitido que

resíduos das soluções empregadas passem para o produto final. O maquinário deve

estar disposto de modo que haja um processamento contínuo, desde a lavagem até

o fechamento e a circulação de embalagens deve ser feita por meio de esteiras

rolante, pois não é permitido o transporte manual.

Figura 6 – Lavagem das embalagens.

As inspeções visual e eletrônica são de extrema importância para o processo,

já que permitem o monitoramento do estado dos vasilhames e do produto acabado,

evitando que ocorram desvios no padrão de qualidade dos produtos, ou até mesmo

que sejam produzidos embalagens com volume inferior ao indicado no rótulo. A

rotulagem deverá ser feita fora da sala de enchimento.

Após envasada, a água mineral deve permanecer por alguns dias

armazenada em um local exclusivo, ao abrigo da luz, calor, chuva e odores

estranhos, a fim de se verificar a não ocorrência de contaminação microbiológicas

ou químicas provenientes do ambiente (produtos de limpeza, óleo, gasolina, entre

outros), ocorridas durante o envasamento.

11. EMBALAGENS

42

Page 48: Água mineral e água de coco

Embalagem é todo o recipiente, destinado ao envasamento de água mineral

e/ou potável de mesa, desde que aprovado pelo DNPM. Como a água mineral é

considerada um produto nobre, a preocupação com a qualidade é muito grande.

O produto deve estar acondicionado em uma embalagem que lhe garanta

integridade; ou seja, o proteja de alterações físicas, físico-químicas, químicas,

microbiológicas e organolépticas. A embalagem não pode permitir que elementos

externos interajam com a água envasada ou que haja vazamentos.

A expansão do mercado brasileiro de água engarrafada, foi em 1969 devido

ao lançamento do garrafão de vidro de 20 litros. Posteriormente, a indústria do

plástico desenvolveu uma grande variedade de materiais que foram usados na

fabricação de embalagens de água mineral: polietileno (PE), polipropileno (PP),

policarbonato (PC), polietileno tereftalato (PET) e policloreto de vinila (PVC). Estas

embalagens são de baixo custo, evitam ferrugens, são leves, práticas, recicláveis e

apresentam facilidade no transporte e manuseio pelo consumidor. O consumidor

pode escolher a embalagem de água mineral mais adequada às suas necessidades

de consumo, haja vista a grande variedade de opções que o mercado oferece:

copos, garrafas e garrafões com diferentes formatos e tamanhos, como ilustra a

Figura 7.

Figura 7 – Diferentes tamanhos e formatos das embalagens de água mineral.

Nos mercados emergentes, países em que há aumento de consumo de água

engarrafada, o PVC ainda é a embalagem mais utilizada. No Brasil, 70% da água é

envasada em PVC. mas a tendências é que o PET substitua o PVC. As

embalagens de água com gás são exclusivas de PET e vidro.

43

Page 49: Água mineral e água de coco

12. TRANSPORTE E COMERCIALIZAÇÃO

As operações de carga e descarga devem ser realizadas em plataforma

externa à área de processamento e os motores dos veículos devem permanecer

desligados durante a operação, a fim de evitar a contaminação das embalagens e do

ambiente por gases de combustão.

O veículo de transporte deve estar limpo, sem odores indesejáveis, livre de

vetores e pragas urbanas, dotado de cobertura e proteção lateral limpas,

impermeáveis e íntegras. O veículo não deve transportar água mineral natural ou

água natural envasada junto com outras cargas que comprometam a sua qualidade

higiênico-sanitária.

O empilhamento das embalagens com água mineral natural ou com água

natural, durante o transporte, deve ser realizado de forma a evitar danos às

embalagens, a fim de não comprometer a qualidade higiênico-sanitária da água

envasada.

A água mineral natural ou a água natural envasada deve ser exposta à venda

somente em estabelecimentos comerciais de alimentos ou bebidas. Deve ser

protegida da incidência direta da luz solar e mantida sobre paletes ou prateleiras, em

local limpo, seco, arejado e reservado para esse fim.

A água mineral envasada e as embalagens retornáveis vazias não devem ser

estocadas próximas aos produtos saneantes, gás liquefeito de petróleo e outros

produtos potencialmente tóxicos para evitar a contaminação ou impregnação de

odores indesejáveis.

44

Page 50: Água mineral e água de coco

ÁGUA DE COCO

13. DEFINIÇÃO

É o sumo natural contido no interior do coco, o fruto do coqueiro, a água de

coco verde representa cerca de 25% do peso do fruto, sendo a quantidade de água

por fruto de aproximadamente 400mL. Entre as suas principais características,

destacam-se os baixos teores de carboidratos e gorduras, o que contribui para o seu

valor calórico reduzido, sendo uma alternativa saudável aos refrigerantes ou outros

produtos mais calóricos. O teor de potássio é expressivo, tornando a água de coco

indicada para hidratação oral. Entretanto, é necessário esclarecer que ela não deve

ser utilizada para reposição de sódio, por não ser fonte deste mineral.

Segundo o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, água-de-

coco é a bebida obtida da parte líquida do fruto do coqueiro (Cocus nucifera L.), por

meio de processo tecnológico adequado, não diluído e não fermentado. Deve

apresentar cor característica, sabor levemente adocicado, aroma próprio e aparência

de líquido variando de translúcido a opaco. Além de obedecer aos seguintes

parâmetros:

Tabela 12: Características físico-químicas exigidas no Regulamento Técnico para

Fixação de Identidade e Qualidade da Água-de-coco.

Parâmetros Mínimo Máximo

Acidez fixa em

ácido

cítrico(g/100mL)

0,03 0,18

pH 4,3 _

Sólidos solúveis

em ºBrix, a 20ºC_ 7,0

Fonte:Instrução normativa nº 39, de 29 de maio de 2002.

45

Page 51: Água mineral e água de coco

14. HISTÓRICO

O coqueiro (Cocos nucifera L.) é uma planta arbórea, com caule ereto, sem

ramificações e com folhas terminais. Pertencendo a família Palmae, uma das mais

importantes famílias da classe Monocotyledoneae, que possui mais de 200 gêneros

com mais de 200 espécies, pode ser dividido em três grupos: Gigantes,

Intermediários (híbridos) & Anões, cada grupo contém um número de variedades. As

variedades são geralmente nomeadas de acordo com a sua suposta localidade de

origem e podem apresentar subvariedades verde, amarelo e vermelho. É originário

do sudeste asiático, sendo cultivado em mais de 86 países.

No Brasil o coqueiro foi introduzido pelos portugueses em 1553, proveniente

de Cabo Verde, primeiramente na Bahia, depois para o litoral nordestino e daí para

todo o país, ocupando uma área de mais de 100 mil de hectares. O coqueiro é

considerado a árvore da vida, visto que dele se obtém mais de 100 produtos e

subprodutos, destacando-se dentre esses o coco ralado; o leite de coco e a água de

coco.

Figuras 8 e 9: Coqueiro (Cocos nucifera L.) e partes de um coco.

15. CLASSIFICAÇÃO

A água-de-coco é classificada em:

Água-de-coco "In Natura" - é o produto que não tenha sido submetido a

nenhum processo físico ou químico e que se destine para consumo imediato;

Água-de-coco Esterilizada - é o produto que foi submetido a um processo

adequado de esterilização "comercial“;

46

Page 52: Água mineral e água de coco

Água-de-coco Congelada - é o produto que foi submetido a um processo

adequado de congelamento, podendo ou não ser pasteurizado;

Água-de-coco Resfriada - é o produto que foi submetido a um processo

adequado de pasteurização e resfriamento;

Água-de-coco Concentrada - é o produto que foi submetido a um processo

adequado de concentração, cujo teor de sólidos solúveis, medidos em Brix, seja

igual ou superior ao dobro da sua concentração natural;

Água-de-coco Desidratada - é o produto que foi submetido a um processo

adequado de desidratação, cujo teor de umidade seja igual ou inferior a 3% (três por

cento);

16. MERCADO

A água-de-coco vem ganhando espaço no mercado como uma bebida de

vasto potencial comercial. Cerca de 96% da produção mundial é proveniente de

pequenos agricultores, com áreas de 0,2 a 4 hectares, sendo70% dessa produção

consumida internamente nesses países, constituindo-se na principal fonte de

gorduras e proteínas (CGIAR, 1999).

A maior parte da produção mundial localiza-se na Ásia, em torno de 80%,

cabendo ao Brasil uma parcela de cerca de 2%, destes estima-se que 85% da

produção nacional seja destinada ao mercado do coco seco.

16.1. Mercado externo

O Brasil, em 2001, ocupava o quarto lugar na produção mundial de coco,

sendo superado apenas por Indonésia, Filipinas e Índia, apesar disso, vem

importando mais do que exporta.

47

Page 53: Água mineral e água de coco

Tabela 13: Produção mundial de coco.

Segundo levantamento da Secex (Secretaria de Comércio Exterior), citados

pelo Jornal Folha de São Paulo edição de 18 de janeiro de 2000, o Brasil importou

cerca de US$42,3 milhões em coco entre 1996 e 1999. Nesse período a exportação

do coco brasileiro rendeu cerca de US$ 982 mil.

A concorrência do Brasil com os países Asiáticos, donos dos maiores

coqueirais do mundo, é na opinião do Sindicato dos Produtores de Coco, desigual,

tendo em vista o subsídio que os governos daqueles países dão aos seus

produtores locais. Segundo o anuário da Agricultura Brasileira, Agrianual 2000, de

FNP Consultoria & Comércio, as indústrias brasileiras importaram coco seco dos

seguintes países: República Dominicana, Vietnã, Índia, Sri Lanka, Venezuela,

México, Costa do Marfim e Filipinas. Já a Argentina, Paraguai e Uruguai são os

principais consumidores do coco brasileiro.

16.2. Mercado brasileiro

A produção brasileira de coco, que em 2001 chegou a 1,3 bilhões de frutos,

está distribuída por quase todo o território nacional, com exceção dos estados do

Rio Grande do Sul e Santa Catarina, em função das suas limitações climáticas

durante parte do ano. Em 1985 a área colhida com coqueiro no Brasil situava-se em

48

Page 54: Água mineral e água de coco

torno de 166 mil hectares. E entre 1985 e 2001 houve um incremento na área

colhida que ultrapassou os 100 mil hectares, dos quais se estima que, 70% são

representados pela variedade de coqueiro anão, 15% com coqueiro híbrido e 15%

com coqueiro gigante.

Observa-se nos últimos anos um deslocamento das áreas tradicionais de

produção de coco em direção às demais regiões do país, principalmente para o

Norte e Sudeste. Pode-se constatar que a região Nordeste detinha em 1985, mais

de 94% da produção e mais de 96% da área colhida com coco, diminuindo sua

participação em 2001, para 71,2% da produção brasileira e para 87,6% da área total

colhida. Em contrapartida, somando-se as produções das regiões Norte e Sudeste,

observa-se que a participação destas, na produção total, passou de 5,6% para

28,8% entre 1985 e 2001. O aumento significativo tanto no porcentual de produção e

principalmente do rendimento por hectare, observado para estas regiões, pode ser

atribuído à utilização da variedade Anã Verde que se caracteriza por uma maior

produção de frutos por hectare.

A participação dessas duas regiões no total da área colhida não acompanhou

a evolução registrada pela produção naquele período, devido aos altos índices de

rendimento obtidos em áreas de expansão recente da cultura, onde são utilizados

sistemas de produção intensivos e alto grau de tecnologia, como aconteceu no

Sudeste que, em 2001 chegou a atingir rendimento acima dos 14.869 frutos/ha,

tendo como destaque o estado do Espírito Santo que conseguiu medias superiores

aos 15.169 frutos/ha (Tabela 13).

Tabela 13. Evolução do rendimento e dos porcentuais de participação regional na

produção e área colhida com coco, entre 1985 e 2001.

Região % de Produção % de área colhida Rendimento/ha

  1985 2001 1985 2001 1985 2001

Nordeste 94,4 71,2 96,2 87,6 3.354 4.070

Norte 3,8 14,8 2,3 7,7 5.642 9.692

Sudeste 1,8 14,0 1,5 4,7 4.207 14.869

Fonte: IBGE- Produção Agrícola Municipal.

49

Page 55: Água mineral e água de coco

Estima-se que o mercado nacional de água de coco gira em torno de 600

milhões de litros ao ano, no entanto o setor tem registrado um crescimento interno

no consumo de água de coco de mais de 20% ao ano. Cerca de 10% de toda a

produção de coco é destinada ao processamento da água-de-coco, o que

representa um volume de 93 milhões de litros ao ano. Os estados da Bahia, Pará e

Espírito Santo são os maiores produtores.

17. COMPOSIÇÃO QUÍMICA E VALOR NUTRITIVO

A água-de-coco verde é formada em pequenas quantidades na cavidade

central do fruto a partir do segundo mês de desenvolvimento, e atinge seu volume

máximo (300 - 500 mL) no sexto mês. Este volume se mantém constante durante

um a dois meses, diminuindo posteriormente, até o final do amadurecimento,

quando atinge entre 100 -150 mL. A água desempenha um papel importante na

maturação do fruto, pois auxilia na geração do albúmen, uma substância gelatinosa

que se forma quando o coco possui de cinco a seis meses de idade. Aos sete ou

oito meses, o albúmen já se desenvolveu por toda a cavidade central do fruto e a

água encontra-se com as características sensoriais e nutritivas ideais para o

consumo.

Nesta época, encontra-se dissolvida a maioria dos sais minerais, das

proteínas e dos açucares redutores (glicose e frutose). Em seguida, o volume

começa a diminuir em virtude da perda por evaporação e absorção pelo albúmen

sólido e há uma redução nos teores de açucares redutores e aumento dos não-

redutores (sacarose) e dos ácidos graxos, tornando a água-de-coco verde menos

nutritiva e saborosa. Segundo a maioria dos autores, a melhor idade para o

consumo da água-de-coco está entre seis e sete meses. Valores típicos da

composição físico-química da água-de-coco verde aos sete meses de idade estão

apresentados na tabela a seguir:

50

Page 56: Água mineral e água de coco

Tabela 14: Composição físico-química da água-de-coco anã verde com sete meses de

idade

PARÂMETRO VALOR

Volume de água(mL) 300-450

Sólidos totais(g/100g) 5,84

Sólidos solúveis totais(ºBrix) 5

Acidez total titulável (g/100mL) 0,074

pH 4,91

Açucares totais (g/100mL) 3,46

Sacarose (g/100mL) 280

Glicose (g/100mL) 2378

Frutose (g/100mL) 2400

Vitamina C (mg/100mL) 1,2

Proteínas (mg/100mL) 370

Fósforo (mg/100mL) 7,40

Cálcio (mg/100mL) 17,10

Sódio (mg/100mL) 7,05

Magnésio (mg/100mL) 4,77

Manganês (mg/100mL) 0,52

Ferro (mg/100mL) 0,04

Potássio (mg/100mL) 156,86

Lipídios (mg/100mL) 1,1 – 2,7

Energia ( Kcal/100mL) 27,51

Observa-se que dos componentes mais importantes da água-de-coco têm-se

os açucares, que no início da maturação se apresentam na forma de açucares

redutores e cuja concentração alcança nível máximo de 6g/100mL, próximo ao 6º e

7º mês, momento em que a quantidade de água é maior. Com a maturação, a

concentração de açucares redutores diminui até 1,0g/100mL, porém são formados

açucares não redutores. No final da maturação, o teor de açucares totais é de

aproximadamente 2g/100mL.

51

Page 57: Água mineral e água de coco

A concentração de lipídios no 6º e 7º mês é praticamente insignificante,

variando em frutos com cinco a sete meses de idade nas faixas de 0,3 a 2,7

mg/100mL, respectivamente. Após o 8º mês, há um aumento considerável nos

teores de gorduras e a água torna-se opaca.

A água-de-coco é rica em minerais, independentemente da idade do fruto.

Entre tanto, há variações no conteúdo com o decorrer do amadurecimento e com as

diferentes regiões de plantio do coqueiro. O principal mineral presente no coqueiro é

o potássio, que corresponde a 2/3 do total de minerais da água.

Em relação à concentração de sódio, fora encontrados na literatura dados

variando de 2,5 mg/mL ao 5 mês até 15,9 mg/100mL ao 10º mês para frutos de

coqueiros anões e gigantes. O conteúdo total de cálcio da água-de-coco diminui com

o aumento da idade do coco. Os valores encontrados foram de 23,4 a 48,0mg/100ml

no 6º mês atingindo valores de 12,0 a 40,0 mg/100mL no 11º mês. Já o magnésio na

água-de-coco diminui com o amadurecimento do fruto são relatados teores de 5,0

mg/100mL e 6,4 mg/100mL para as variedades anã e gigante, com cinco meses de

maturação. Para o fósforo, alguns autores afirmam que sua concentração aumenta

em função da idade, entretanto há autores que reportaram que o teor de fósforo

decresce com a maturação variando de 9,2 mg/100mL no 6º mês para 6,3

mg/100mL do 10º mês.

O teor de proteína da água-de-coco aumenta de 0,13% no coco verde para

0,29% no coco maduro. Com relação à presença de aminoácidos livres na água-de-

coco verde cerca de 70% deles são glutamina, arginina, asparagina, alanina e ácido

aspártico, enquanto que na água-de-coco madura 75% dos aminoácidos livres são

constituídos de ácido glutâmico e ácido Y-aminobutírico.

A presença de enzimas polifenoloxidase e peroxidase, pode gerar alterações

indesejáveis, como o desenvolvimento de coloração rósea a castanho-escuro.

Acredita-se que a atividade enzimática ocorre com plenitude nos frutos com idade de

cinco a sete meses decrescendo com o amadurecimento.

18. APLICAÇÕES

A água-de-coco possui muitas aplicações entre elas destacam-se:

- Spray para aplicação no corpo;

52

Page 58: Água mineral e água de coco

- Diluente;

- Conservante de sêmen;

- Conservante de córneas;

- Meio de cultivo para vírus, bactérias e células vegetais;

- Obtenção de vacinas contra febre aftosa, raiva e leishmaniose

19. MATÉRIAS-PRIMAS

O coco anão verde é o mais utilizado comercialmente no Brasil Para a

produção de água de coco. Alem de conter maior volume de água na cavidade

central do fruto entre seis e sete meses de idade, o anão verde é o preferido dos

consumidores de água de coco. Pois julgam que os anões amarelos e vermelhos

são o anão verde maduro e, portanto impróprios para pó consumo de água.

Durante o processamento da água de coco, podem ser adicionados açúcares

exclusivamente para correção e padronização do teor de sólidos solúveis do

produto.

Podem ser adicionados ainda aditivos e coadjuvantes de fabricação. Na

categoria de aditivos encontram-se conservadores, antioxidantes e acidulantes

químicos, conforme aprovados para suco de frutas. Até a publicação da tabela de

aditivos específica para a água de coco. Os coadjuvantes de fabricação podem ser

utilizados conforme legislação especifica.

Os acidulantes são substancias capazes de conferir ou intensificar o sabor de

ácidos dos alimentos, agindo através da redução do pH, minimizando o crescimento

microbiano e contribuindo para diminuir a temperatura necessária para a destruição

dos microorganismos. Os acidulantes mais utilizados em alimentos são o acido

fosfórico o acido cítrico e o acido lático. O acido lático proporciona o pH mais baixo

de todos aqueles utilizados em alimentos.

Os conservadores por sua vez são aditivos intencionais utilizados na indústria

alimentícia em substituição total ou parcial aos tratamentos de preservação física do

alimento. Tem ação inibidora da proliferação microbiana ou a evitam sendo desse

modo agentes biostáticos. Para se fazer uma escolha adequada de um agente

conservador, deve-se ter conhecimento de alguns fatores que vão influir na sua

eficácia como, por exemplo, o pH, a composição do produto o nível de contaminação

53

Page 59: Água mineral e água de coco

microbiológica o tipo de microorganismo a ser inibido, o impacto no sabor, o custo,

etc. o acido benzóico e o acido sórbico evitam o escurecimento e inibem o

crescimento de microorganismos indesejáveis.

20. MICROBIOLOGIA

As perdas pós-colheita que restringem a qualidade do coco, e

conseqüentemente a vida de prateleira da água de coco verde são causadas de

acordo com uma visão mais técnica por injurias mecânicas desordens fisiológicas e

problemas fitopatológicos principalmente deteriorações causadas pelo fungo

Lasiodiplodia theobromae. Nos frutos os sintomas aparecem, na região das

brácteas, com a formação de um anel de coloração marrom, que se torna mais

escuro com a multiplicação elevada de picnídios. O patógeno além de necrosar o

tecido, provoca rachaduras na casca do fruto em função da pressão elevada o que

ocasiona a exsudação de albúmen liquido com odor desagradável. Em condições

favoráveis de alta umidade, o fungo necessita de duas a quatro semanas para cobrir

toda a superfície do fruto, tornando-o inaceitável para comercialização.

A água de coco como todos os líquidos ricos em nutrientes é um meio

altamente propicio ao crescimento de microorganismos deterioradores, inclusive de

bactérias devido a sua baixa acidez. No interior do fruto a água é estéril, mas

durante o processo de extração e envase esta sujeita a contaminações

microbiológicas. A fim de minimizar este risco é muito importante que a etapa de

lavagem e desinfecção dos frutos seja feita com bastante rigor, utilizando água limpa

e clorada.

Os controles microbiológicos exigidos pela legislação atual são a

determinação coliformes a quarenta e cinco graus Celsius e de Salmonella sp para

esta bactéria o padrão é ausência e para coliformes o padrão é de 102 NMP/ml para

os produtos in natura e 10 NMP/ml para os produtos pasteurizados e refrigerados.

54

Page 60: Água mineral e água de coco

21. PROCESSAMENTO

O tempo de estocagem da água de coco após a sua extração depende dos

métodos de conservação aplicados. Esses métodos devem objetivar a inibição da

atividade enzimática e a garantia da sua qualidade microbiológica após a abertura

do fruto, observando- se, tanto quanto possível, a manutenção das características

sensoriais originais. Para que isso ocorra, é imprescindível otimizar o tempo de

processo e reduzir a exposição ao ar. Em função do tipo de processamento utilizado,

podem ser obtidos os seguintes produtos: água de coco resfriada, água de coco

congelada, água de coco pasteurizada e congelada, água de coco esterilizada e

envasada assepticamente e água de coco ultrafiltrada. O fluxograma abaixo mostra

diferentes etapas do processamento da água de coco.

Figura 10: Etapas dos diferentes processamentos da água de coco.

55

Page 61: Água mineral e água de coco

21.1. Etapas comuns nos diferentes processamentos

21.1.1. Recepção dos frutos

Os frutos, ao chegarem à indústria, são descarregados e pesados. Os cocos

podem chegar à área de produção soltos ou em cachos. A área de recepção deve

ser sempre higienizada. Devem-se recolher diariamente todos os resíduos

acumulados. A área deve ser lavada com água e detergente e, posteriormente, com

água clorada. Dependendo da época de processamento, durante o pico de safra, por

exemplo, pode ser necessário armazenar os frutos por algum tempo. Este

armazenamento deve ser feito em local ventilado e seco, a temperaturas amenas.

Em local fresco (20oC), os frutos podem ser conservados por 15 dias e a

temperatura de refrigeração (12oC) pode-se chegar até 30 dias.

Figura 11: Recepção dos frutos e pesagem.

21.1.2. Seleção

No ato da recepção, os cocos são submetidos a uma seleção, e os refugos

devem ser devolvidos ao fornecedor, de forma a não comprometer a qualidade do

produto e tornar-se prejuízo para a empresa. A seleção deve ser criteriosa e

realizada, manualmente, por pessoas treinadas. O uso de esteiras transportadoras é

indicado no caso de maiores capacidades de processamento. A análise visual da

matéria-prima permitirá o descarte do material inadequado, conforme índices de

qualidade estabelecidos (cocos excessivamente verdes, gigantes, maduros,

rachados, deteriorados etc.). É recomendável uniformidade na maturação e

variedade dos frutos.

56

Page 62: Água mineral e água de coco

21.1.3. Lavagem

A lavagem pode ser apenas manual, por imersão (em tanques de inox,

PVC ou azulejados), ou pode ser realizada em sistemas automáticos

(compostos por esteiras, escovas e aspersores). Independente dos casos

deve-se efetuar a lavagem em duas etapas:

a) Lavagem com sanificante: consiste na imersão em água adicionada de

um agente químico, normalmente cloro (50ppm), para retirada de

sólidos por decantação, seguida de aspersão também com água tratada

ou sanificada (20ppm) e escovamento com cerdas de nylon. Esta etapa

contribui para reduzir os problemas relacionados com a contaminação

microbiana.

b) Enxague com água tratada : o enxágüe deve ser realizado com água

tratada, a fim de retirar o excesso de cloro. Recomenda-se que os

frutos sejam mantidos em local limpo, até que a água escorra, evitando

desta forma que o produto tenha gosto de cloro.

21.1.4. Abertura e extração

Durante o processamento, a fase de abertura do coco é considerada um

ponto crítico, uma vez que um sistema de abertura lento compromete a velocidade

do processo permitindo que reações indesejáveis ocorram no produto. Nesse

sentido, recomenda-se minimizar o tempo de exposição da água-de-coco ao ar.

Além disso, há evidências de que o contato prolongado do líquido com a parte

fibrosa do fruto, em presença de oxigênio, pode promover reações indesejáveis.

Em geral, o coco é perfurado com o auxílio de um equipamento manual semi-

artesanal, que pode ser fabricado em metalúrgicas simples. Trata-se de um

instrumento do tipo furador ou vazador, dotado de broca ou de dispositivo oco e

pontiagudo capaz de abrir um orifício no fruto. O uso de instrumento em aço carbono

é totalmente desaconselhado, visto que este material é muito reativo com o

conteúdo de taninos presente na casca fibrosa dos cocos. Todos os utensílios e os

equipamentos devem ser de material inerte (por exemplo: teflon, nylon, polietileno,

57

Page 63: Água mineral e água de coco

vidro etc.) e aqueles de corte e manipulação dos frutos devem ser construídos em

aço inoxidável. O lixo acumulado (casca de coco) deverá ser removido do local

periodicamente, evitando focos de contaminação.

Recomenda-se introduzir o instrumento na parte superior dos frutos, onde

está localizado o pedicelo, parte que sustenta o fruto ao cacho, também conhecido

como “olho” do coco por onde a planta é gerada. O furo para retirada da água da

cavidade dos frutos deve ser bem largo, facilitando o seu escoamento. Em escalas

maiores de produção, recomenda-se o uso de extratores mecanizados que extraem

e filtram a água-de-coco de forma contínua. A Figura abaixo mostra a máquina

extratora de água-de-coco verde, desenvolvida pela Embrapa Agroindústria Tropical,

e o seu mecanismo de corte.

Figura 12: Máquina extratora de água-de-coco verde.

58

Page 64: Água mineral e água de coco

Figura 13: Abertura e extração manual.

Após a abertura, o coco deve ser vertido em uma calha ou coletor, dotado de

malha capaz de reter sólidos ou resíduos provenientes da etapa de abertura. Estes

sólidos são geralmente fragmentos da casca e apresentam uma proporção razoável

de componentes fenólicos, que funcionam como substrato à ação de enzimas do

tipo polifenoloxidases que alteram a coloração da água-de-coco através de

processos oxidativos por elas catalisados. Estes fragmentos devem ser,

obrigatoriamente, retirados por peneiramento ou por uma filtração no momento da

extração da água. A água é recolhida e enviada para um tanque de estocagem

temporária.

21.1.5. Filtração

Dependendo da forma de abertura e extração da água-de-coco, pode haver

fragmentos de casca incorporados ao líquido e, dessa forma, deve-se proceder a

uma filtração. Recomenda-se o uso de malhas capazes de remover fragmentos de

cascas que podem vir a tornar o produto rosado, escurecido ou ainda modificar o

sabor, devido a ação de algumas enzimas. As peneiras podem ser de materiais em

aço inox (preferencialmente) ou sintéticos, com malhas de 60 a 100 fios/cm2 e a

água deve ser recolhida em tanques do mesmo material.

21.1.6. Pré-resfriamento

É importante que a água filtrada seja conduzida a um tanque de aço inox,

encamisado ou dotado de serpentina, a fim de efetuar seu pré-resfriamento (5 a

10oC), minimizando, assim, possíveis problemas de contaminação do produto.

59

Page 65: Água mineral e água de coco

21.1.7. Formulação

É importante que o produto final seja o mais característico possível. Assim

sendo,havendo diferenças significativas entre lotes, deve-se proceder à

padronização visando uniformizar, principalmente, o pH e o Brix da água-de-coco. A

relação Brix/acidez é fundamental na formação do sabor do produto final. A

formulação deve ser conduzida em um tanque pulmão de aço inoxidável.

Em alguns casos há usos de aditivos (açúcares e ácidos orgânicos) adotados

para padronização do sabor. Além disso, dependendo do produto, outras

substâncias poderão ser adicionadas com a finalidade de inibir reações de

deterioração e aumentar a vida de prateleira. Porém, o rótulo não poderá apresentar

a inscrição "produto 100% natural". Estes casos de adicionar aditivos não são

recomendados, pois não agradam os consumidores, e, portanto, são poucos

utilizados.

22. PROCESSOS DISTINTOS NO PROCESSAMENTO

22.1. Água de coco resfriada

Neste processamento, depois de todas as etapas citadas no item 4.1, a água

será então envasada. O envase é feito em garrafas, utilizando-se de dosadoras

manuais ou semi-automáticas. As embalagens mais utilizadas para este tipo de

produto são as garrafas plásticas de polipropileno ou de PET. A água de coco deve

ser armazenada e comercializada sob refrigeração (4 a 8oC), sendo mantida a esta

temperatura até o momento de seu consumo. A vida de prateleira da água

refrigerada é de 3 a 5 dias. Após este período, provavelmente ocorrerão alterações

de ordem microbiológica e físico-química (modificação da cor).

60

Page 66: Água mineral e água de coco

Figura 14: Envase manual da água de coco resfriada.

22.2. Água de coco congelada

As etapas iniciais são iguais àquelas realizadas para obter o produto

resfriado. O processo só difere após o envase, quando a água segue para etapa de

congelamento e posterior armazenamento.

Observa-se muitas vezes, que a refrigeração não é suficiente para a inibição

completa da atividade enzimática em água de coco verde. À temperatura de 5oC, a

atividade enzimática das enzimas polifenoloxidase e peroxidase é reduzida em

apenas 46 e 39%, respectivamente, em relação às suas temperaturas ótimas de

atuação (25 e 35oC). Assim, apesar de o congelamento da água limitar o seu

consumo imediato e dificultar a sua comercialização, este ainda é o processo de

conservação mais utilizado.

O congelamento deve ser realizado em câmaras frigoríficas, a temperatura de

-40oC. A água de coco deve ser congelada no menor tempo possível para minimizar

os danos à sua qualidade. Além da capacidade da câmara, a quantidade de material

colocado na mesma também interferirá na eficiência do processo. É importante que

se evite sobrecarga as câmaras de congelamento. Estas devem ser separadas das

câmaras de armazenamento.

Os sistemas de congelamento rápido, que utilizam soluções criogênicas ,

como salmouras, soluções hidroalcoólicas ou nitrogênio líquido, são técnicas de

congelamento de alta eficiência, que propiciam melhor uniformidade do produto.

Nestes sistemas, o tempo de congelamento médio para água de coco envasada em

garrafas plásticas é de cerca de 15 a 30 minutos em temperaturas de -25 oC a -30oC.

61

Page 67: Água mineral e água de coco

O produto requer cadeia de frio até o momento de consumo, devendo ser

mantido congelado. A temperatura recomendada para seu armazenamento em

câmaras frigoríficas situa-se entre -18oC e -20oC. Em geral, a vida de prateleira

desses produtos varia de três a seis meses.

22.3. Água de coco pasteurizada e congelada

No processamento de água de coco pasteurizada e congelada, são realizadas as

etapas descritas no item 4.1, a partir da qual seguem-se as etapas seguintes:

a) Pasteurização: A água filtrada é conduzida a um pasteurizados de placas,

com seções de aquecimento e resfriamento, no qual é submetida a

temperaturas na faixa de 92-95oC, por 2 a 5 minutos, sendo, em seguida

resfriado até cerca de 35oC. Nesta etapa, são eliminados os microorganismos

patogênicos e termossensíveis.

b) Envase: A água é, então, envasada em garrafas PET ou de polipropileno

utilizando-se dosadoras manuais ou semi-automáticas.

c) Congelamento: idem ao citado no item 4.2.2.

d) Armazenamento: A água obtida deste processo deve ser mantida congelada

(-18oC e -20oC) até o momento de seu consumo.

22.4. Água esterilizada e envasada assepticamente

Após todas as etapas citadas no item 4.1 a água de coco segue para o

processo de esterilização. O processo de esterilização visa a destruição de todos os

microorganismos presentes no alimento. A temperatura e o tempo de esterilização

devem ser suficientes para conseguir a morte térmica dos microorganismos. A

esterilização de produtos fora da embalagem é realizada em trocadores de calor a

altas temperaturas e adaptados às características do alimento.

Esses tratamentos rápidos são conhecidos como esterilização à temperatura

ultra alta (UHT- Ultra High Temperatura), e neles o produtos é aquecido, resfriado e

acondicionado sob condições estéreis, em embalagens hermeticamente fechadas.

São utilizadas em temperaturas na faixa de 140-150ºC por 1 a 5 segundos. Por se

62

Page 68: Água mineral e água de coco

tratar de um sistema de aquecimento e resfriamento ultra-rápidos, o processo UHT

reduz as alterações físicas e químicas no produto.

No processamento asséptico, o produto é resfriado e imediatamente envasado

em embalagem previamente esterilizada sob condições assépticas. Atualmente,

existe no mercado a água de coco processada por UHT comercializada em

embalagens cartonadas.

22.5. Água de coco ultrafiltrada

Como alternativa aos métodos já citados, podem ser utilizados os processos

de separação com membranas para a estabilização da água de coco-verde, pela

remoção tanto das enzimas envolvidas nos processos oxidativos quanto dos

microrganismos deteriorantes.

A água de coco-verde, depois de extraída, pré-filtrada e resfriada, pode ser

processada em um sistema de ultra-filtração, utilizando membranas cerâmicas ou

poliméricas com peso molecular de corte na faixa de 20 a 50 kDa e pressão

transmembrana da ordem de 1,0 bar.

A água de coco ultrafiltrada pode ser envasada assepticamente, o que permitirá

o seu armazenamento à temperatura ambiente, ou pode ser utilizado um sistema de

envase automático não asséptico, o que exigirá temperaturas de refrigeração para o

armazenamento da água. As características físico-químicas da água de coco

ultrafiltrada são similares às da água de coco original, pois o seu sabor característico

e a sua doçura são preservados, sendo um produto límpido.

23. RESÍDUOS DO PROCESSAMENTO DA ÁGUA DE COCO VERDE

A agroindustrialização e o consumo direto da água do coco verde têm gerado

uma quantidade de resíduos consideráveis e, consequentemente, um problema

ambiental. Quase 70% do lixo gerado nas praias do Nordeste é composto de cascas

de coco verde, material de difícil degradação, que é foco de proliferação de doenças

e que contribui significativamente para a redução da vida útil de aterros sanitários e

lixões.

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Cerca de 600 toneladas de resíduos da comercialização de coco verde, a um

custo médio de R$ 135,00 por tonelada (US$ 45.00/t), são recolhidos e

encaminhados para aterros sanitários. O tempo de decomposição da casca do coco

é estimado em mais de 10 anos.

No entanto, é possível transformar essa ameaça em oportunidade para novos

negócios. Há projetos, implantados de coleta seletiva da casca de coco verde e

reciclagem dessa casca para a fabricação de diversos produtos, desde simples

artesanatos a insumos para a indústria de polímeros.

A fibra do coco é um material multicelular constituído de celulose que lhe

confere rigidez e dureza semelhante à do sisal. Possui baixa condutividade térmica,

alta resistência ao impacto e ao ataque de bactérias.

A fibra de coco verde pode ser empregada para a produção de vasos para

plantas, em substituição ao xaxim. A durabilidade média dos artigos de fibra de coco

varia de cinco a seis anos, apresentando a vantagem de não serem eventuais

hospedeiros de insetos. Tais artigos, porém, custam até três vezes mais que os

produzidos com xaxim e não são conhecidos do consumidor.

A fibra da casca de coco verde pode ser empregada na área agrícola como

matéria-prima para a proteção de solos, no controle da erosão e na recuperação de

áreas degradadas. O pó pode ser utilizado para produção de substrato agrícola,

devido à sua elevada estabilidade e capacidade de retenção de água, como também

para a melhoria da aeração do solo. No mercado internacional, o pó chega a custar

US$ 250 a tonelada. A fibra do coco-verde pode ser empregada ainda na indústria

de papel, substituindo parte da polpa de celulose extraída de pinheiros e eucalipto;

como suporte para a produção de enzimas imobilizadas; ou como carga para o PET

(polietileno tereftalato), um dos mais importantes plásticos utilizados na confecção

de embalagens. Na construção civil, associada ao aglomerado de cortiça expandido,

é utilizada no isolamento térmico e acústico e, adicionada a cimento de baixa

alcalinidade, produz pranchas pré-moldadas ou fibro-cimento.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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http://www.anvisa.gov.br/legis/resol/2000/54_00rdc.htm. Acessado em 13 de março

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http://www.dnpm.gov.br/mostra_arquivo.asp?IDBancoArquivoArquivo=3158

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