agroglobal 2010

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PUB saiba mais em www.oje.pt SUPLEMENTO COMERCIAL QUINTA-FEIRA, 23 DE SETEMBRO DE 2010m Subscreva já a sua newsletter do OJE SEGUROS em www.oje.pt / O MIRANTE

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QUINTA-FEIRA, 23 DE SETEMBRO DE 2010mPUB

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QUINTA-FEIRA, 23 DE SETEMBRO DE 2010mPUB

/ O MIRANTE

“ESTE é um ProDer estatizante e não umquadro comunitário de apoio”, acusouMaria Antónia Figueiredo, secretária-geral adjunta da Confagri, na abertura doprimeiro fórum da Agroglobal. “Estamostristes com a implementação destequadro comunitário em Portugal. Estepacote financeiro, que foi feito para vigo-rar entre 2007 e 2013, não foi concebidopara os agricultores e para a agriculturaportuguesa”, critica a responsável daConfragri, que não hesita em acusar oprograma de ser “a maior aberração dosúltimos anos em Portugal, no que dizrespeito à agricultura”.

A maior indignação de Maria AntóniaFigueiredo voltava-se para o baixo nívelde execução do programa, que a 3 deSetembro se situava nos 23%. “Como épossível obter este nível de execução apóstrês anos e oito meses de programa? Eainda assim só se consegue este índiceporque grande parte da implementaçãodiz respeito a medidas de continuidade”,alega a responsável da Confagri.

Com efeito, o nível mais alto de exe-cução acontece na categoria de“Compromissos Transitados”, cumprido

a 68%, mas contrastando com os 13% deexecução da categoria de “Promoção daCompetitividade”, com os 2% de exe-cução das medidas de “Dinamização dasZonas Rurais” e mais ainda com o nívelde execução de 0,2% na “Promoção doConhecimento e Desenvolvimento deCompetências”.

Além de considerar que este quadrocomunitário foi feito com uma visão esta-tizante, Maria Antónia Figueiredo criticatambém o seu arranque tardio e com-plexo e ainda o facto de os agricultores eas suas organizações “só residualmenteterem sido ouvidos”. A responsável daConfagri está convicta de que a auscul-tação efectuada apenas aconteceu paracumprir uma imposição comunitária,mas Maria Antónia Figueiredo salienta ofacto de “as propostas apresentadas nãoterem sido consideradas”.

Para o tempo que ainda resta paraimplementação do ProDeR, a responsávelda Confagri só deseja dinamismo, queMaria António Figueiredo diz ser impre-scindível para que o futuro da agricul-tura em Portugal não fique posto emcausa.

ESTÁ a decorrer desde 15 de Setembro eaté 15 de Dezembro o prazo de apresen-tação de candidaturas a apoios comu-nitários para investimentos de pequenadimensão, no âmbito do ProDeR. Estãoabrangidos nestas candidaturas os inves-timentos na aquisição de equipamentospara melhoramento ambiental e eficiên-cia energética das explorações, naaquisição de outros equipamentos emáquinas agrícolas e melhoramentosfundiários, os investimentos nas peque-nas construções e ainda as pequenas

plantações plirianuais. Para seremeleitos, os projectos devem envolverinvestimentos entre os 5.000 e os 25.000euros. Não estão abrangidos nestas candi-daturas a compra de bens de equipamen-to em estado de uso ou substituição, acaptação de águas subterrâneas atravésde furos, a instalação de equipamentosfinanciados através de contratos delocação financeira ou de aluguer de longaduração, nem a constituição de garantiasou o pagamento de juros de dívida.

Os apoios serão concedidos sob a forma

de subsídios não reembolsáveis, até aomáximo de 40% para Zonas Favorecidas e50% para Zonas Desfavorecidas.

Os beneficiários podem apresentarmais do que um pedido de apoio, desdeque os investimentos apresentados nascandidaturas digam respeito a diferentesactividades produtivas.

A partir de 1 de Outubro, abrem aindaos prazos para apresentação de candidat-uras para obtenção de apoio nas áreas daCooperação e Inovação e Modernização eCapacitação das Empresas Florestais.

O MINISTÉRIO da Agricultura, doDesenvolvimento Rural e das Pescasreforçou em 25 milhões de euros adisponibilidade financeira da linha decrédito de apoio à agricultura dirigidaa empresas de produção, de produtosagrícolas e pecuários. Esta linha decrédito destina-se ao financiamento deoperações de investimento, reforço dofundo de maneio ou liquidação de dívi-das contraídas junto de instituições decrédito ou fornecedores.

A linha de crédito de apoio à agricul-tura nasceu em Janeiro, com um mon-tante máximo de 50 milhões de euros,mas o Governo decidiu agora, em por-taria conjunta emitida pelos Ministériosda Agricultura e Finanças, alargar para

75 milhões de euros a verba disponívelpara apoios. Na origem desta decisãoesteve o elevado índice de procura que alinha de crédito registou logo nosprimeiros meses de funcionamento. Emcomunicado, o Ministério da Agriculturareconhece que em meados do anocomeçou a perceber que a verba disponi-bilizada rapidamente seria esgotada, oque terá levado a avançar com a decisãode reforçar a disponibilidade financeirada linha, “procurando assegurar que ospromotores que apresentaram candidat-uras à linha de crédito não verão as suasexpectativas defraudadas”. A linha decrédito em causa funciona a seis anos,com dois anos de carência e uma bonifi-cação média de 85%.

PRODER ABRE NOVAS CANDIDATURAS

MADRP REFORÇA LINHA DE CRÉDITO PARA AGRICULTURA

“OPINIÃO PÚBLICA SÓTEM IMAGEM DOSAGRICULTORES DE ‘MÃOESTENDIDA’”

ISABEL MARTINS DESAFIO SECTORAGRÍCOLA A DIVULGAR MELHORA SUA COMPETITIVIDADE

“ESTE PRODER É A MAIOR ABERRAÇÃO DOSÚLTIMOS ANOS NA AGRICULTURA PORTUGUESA”

SECRETÁRIA-GERAL ADJUNTA DA CONFAGRI CRITICA ATRASOS E CONCEITOS DOQUADRO COMUNITÁRIO DE APOIO

Acredita que valeu a pena repetir a Agroglobal um ano depois doprimeiro evento?Com certeza. A Agroglobal é uma aposta ganha por parte dos seusorganizadores.

É um conceito inovador no nosso país, com uma vertente práti-ca que vai ao encontro das ambições das empresas do sector e dosagricultores. Representa o melhor da agricultura portuguesa, umsector vivo, dinâmico, profissional e cada vez mais sofisticado.Mais do que uma “montra” de equipamentos e serviços, é umademonstração da vitalidade e da vontade de fazer dos agricul-tores, apesar de todas as condicionantes actuais, quer de merca-do, quer de política agrícola.

Para si, o que a edição deste ano trouxe de mais relevante?Foi notório o crescimento e a abertura para novas culturas paraalém do milho, tornando o evento mais abrangente. A edição de2010 consolidou ainda o papel da Agroglobal como ponto deencontro dos profissionais do sector. É um local privilegiado parao networking e troca de experiências.

Moderou o fórum que juntou João César das Neves, SevinatePinto e Luís Mira. No final, que balanço faz deste debate?Foi um animado e aguerrido debate de ideias. Não é fácil paraalguns economistas perceber as especificidades do sector, talcomo para um agricultor é chocante perceber a lógica da ditadu-ra do mercado. De um lado tivemos a defesa do papel da pro-dução agrícola e do seu valor estratégico e do outro a constataçãopessoal de João César das Neves de que a agricultura é sacraliza-da pelos políticos que investem continuamente num sector quenão é competitivo. Será difícil pôr de acordo Armando SevinatePinto, Luís Mira e João César das Neves nestas matérias…

Em primeiro lugar é preciso esclarecer que uma grande parteda produção agrícola nacional é competitiva: os hortícolas, osfrutícolas, o azeite, o vinho, os produtos florestais, entre muitosoutros… até alguns cereais. Lembro que as empresas cervejeirasnacionais há cinco anos atrás compravam cevada dística emFrança e neste momento compram em Portugal com igualrelação qualidade/preço. E que multinacionais como a Nestlécompram no nosso país cereais como trigo ou arroz com baixoteor de pesticidas para alimentação infantil, culturas possíveisapenas pelas especificidades das nossas condições climáticas(clima seco/menos pragas/menos tratamentos fitossanitários).Somos produtores de excelência e com vocação exportadora emmuitas áreas e, como diz Armando Sevinate Pinto, a ideia de quecompramos fora tudo o que consumimos é falsa.

Para além disso, a agricultura é muito mais do que produzir ali-mentos. Tem uma função ambiental, social e territorial muitoforte. È produtora de um conjunto de chamados “bens públicos”,que justificam a continuação de políticas proteccionistas paraque esta actividade se mantenha em muitas regiões do país.

Referiu nesse debate que a agricultura nem sempre sabe comu-nicar aquilo que de bom tem. Este sector tem muito trabalho afazer nesta área da comunicação?

Sem dúvida. O sector comunica muito pouco e quando o faz ésempre pelas piores razões: para chamar a atenção para calami-dades, para reivindicar ajudas, para denunciar más opções políti-cas… É óbvio que tudo isto é importante, mas resulta numaopinião pública intoxicada de más notícias e com uma imagemdos agricultores de “mão estendida” à procura de subsídios. Aagricultura e a agro-indústria portuguesa estão ao nível do que demelhor se faz na Europa e têm centenas de bons exemplos paradar. Era importante que os agricultores e os seus representantesprocurassem revelar o que de bom se faz e dar a conhecer a agri-cultura pela positiva.

IV QUINTA-FEIRA23 de Setembro de 2010

Isabel Martins,directora da revista“Vida Rural”Foto: VictorMachado/OJE

Maria Antónia Figueiredo assume um grande desalento pelo fraco nível de execuçãodo ProDeR nos primeiros três anos e oito meses e não esconde as muitas críticas quetem à forma como o quadro comunitário de apoio à agricultura foi concebido eimplementado em Portugal

Foto: Victor Machado/OJE

Foto: DR

IIITERÇA-FEIRA21 de Setembro de 2010

“NEGOCIAR O PRÓXIMO QUADRO COMUNITÁRIO DEAPOIO SERÁ UM GRANDE DESAFIO PARA PORTUGAL”

FUTURO DA PAC APÓS 2013 DESPERTA QUESTÕES RELEVANTES PARA O SECTOR AGRÍCOLA

O MINISTÉRIO da Agricultura terápela frente grandes dificuldades nanegociação do próximo quadro comu-nitário de apoio para vigorar a partirde 2014, antecipou João Machado,presidente da Confederação dosAgricultores de Portugal (CAP), nopainel de debates que a Agroglobaldedicou ao futuro da Política AgrícolaComum após 2013. Nesse ano encer-rará o actual quadro comunitário deapoio, em vigor desde 2007, e JoãoMachado salienta que “o grandedesafio dos nossos negociadores serátrazer para Portugal um quadrocomunitário melhor que o actual”. Opresidente da CAP lembra quePortugal não tem uma agriculturauniforme e há que ter em conta essadiversidade de culturas, de terrenos,de empresários e até de dimensões.“Para Portugal não é fácil partir paraesta negociação, especialmente quan-do tem dois pilares empatados nestapolítica e quando os países maisfortes não têm esse problema”,

reforçou João Machado, que não hesi-tou em criticar o desperdício deapoios que acontece no país.“Portugal é o campeão do desperdí-cio. Desperdiçamos 12% das ajudasdirectas e desperdiçamos ajudas noProDeR. O caso português é muitodelicado”, conclui o presidente daCAP, lembrando que para osprimeiros 15 países da UniãoEuropeia há o risco claro de ficar commenos dinheiro no próximo quadrocomunitário de apoio, tendo emconta a nova necessidade de distribuiras verbas disponíveis por 27 países.

Nesta mensagem, João Machadoafinou pelo mesmo diapasão deEduardo Diniz, do Gabinete dePlaneamento e Políticas do Ministérioda Agricultura, que assumiu quePortugal tem sido favorecido pelaPolítica Agrícola Comum. “Se olhar-mos para as contribuições e recebi-mentos, vemos que por cada eurocom que Portugal contribui, o paísrecebe 1,5 euros”

PARAR DE PRODUZIRNÃO É O CAMINHOArlindo Cunha, antigo ministro daAgricultura, garante que o futuroobrigará a um exercício interno deequidade, que poderá não ser fácil.“Grande parte dos dinheiros da PACsão gastos em ajudas directas aos pro-dutores e desde 2003 os produtoresrecebem essas ajudas independente-mente da produtividade que tiverem.Ou seja, houve uma mudança de fun-damentação política das ajudas, quepassam a ser encaradas como com-pensações pelos sobrecustos da sobre-vivência na União Europeia, tendo emconta as suas exigências. Por isso,agora é preciso encontrar uma políti-ca comum que assegure que a agricul-tura continua a sobreviver na UniãoEuropeia”, analisa o ex-governante.

Mas Arlindo Cunha lembrou tam-bém os profissionais do sector que “asociedade aceita pagar para ajudar aagricultura, mas não aceita que ela

não produza nada”, pelo que essenunca poderá ser o caminho a seguir.

Para Francisco Avillez, da Agroges,as grandes questões para o futuro daPAC passam precisamente por estaperspectiva. “Como é que se vaiequacionar o futuro das ajudas direc-tas à produção? Será que o tipo depolíticas dos dois pilares continuaráigual?”, questiona. Ainda assim,

Francisco Avillez assume a con-vicção que o final do ano 2013 nãoimplicará uma alteração significati-va no orçamento agrícola comu-nitário. “Acredito que o orçamentose mantenha em linha com o actual,mas será naturalmente necessáriamaior equidade na repartição dosapoio comunitários entre os Estados-Membros”, reconhece.

A Europa a 27 poderá significar algumas dificuldades acrescidas para aagricultura nacional, mas a antevisão apresentada pelos especialistas nãointroduz grande pessimismo para o próximo quadro comunitário de apoio.Ainda assim, é consensual a ideia de que a negociação não será fácil

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Foto: Victor Machado/OJE

II

Coordenação editorial

Paulo Corrêa de Oliveira

[email protected]

Arte

Marta Simões

Paulo Parente

Fotografia

Victor Machado

Director Comercial

João Pereira

[email protected]

Gestores de Contas

Alexandra Pinto - 217922096

Isabel Silva - 217 922 094

Maria Tavares de Almeida - 217 922 091

Tiago Loureiro - 217 922 095

André Domingues - 217 922 073

II QUINTA-FEIRA23 de Setembro de 2010

O SECRETÁRIO-GERAL da FederaçãoNacional das Cooperativas deProdutores de Leite (FENALAC) pediuaos produtores nacionais de leite quereparassem bem nas importações demassivas que Portugal teve de con-cretizar em 2009 junto de países docentro da Europa, pois acreditaFernando Cardoso que assimpoderão ter uma ideia de como fun-cionará o mercado leiteiro nacionalnum cenário de ausência de quotas.“As quotas continuam a ser uminstrumento muito importante nadefesa da produção de leite na UniãoEuropeia, até porque os custos deprodução são mais elevados emPortugal”, alegou Fernando Cardoso.

O responsável da FENALAC lem-brou que apesar de Portugal contarcom 9.000 produtores de leite,muitos são de reduzida dimensão etêm uma fraca expressão na con-tagem nacional de entregas. Aindaassim, Fernando Cardoso deixa no ar

várias questões: “Porque diminui onúmero de produtores? O que provo-ca a nossa incapacidade produtiva?Porque deixámos de atingir a nossaquota?”.

Aproveitando a presença demuitos agricultores no primeiro diada Agroglobal, Fernando Cardosoapresentou números, que podemdespertar alguma reflexão junto dosprofissionais mais envolvidos nafileira do leite. “Os estudos daComunidade Europeia indicam que-bras de 6% no preço do leite e de 8%nas explorações até 2015. As perdasnacionais estão estimadas em 300milhões de euros”, revelou osecretário-geral da FENALAC.

O aumento da área forrageira nasexplorações onde existe produção deleite foi o desafio deixado porFernando Cardoso aos produtorespresentes na feira. “Quanto maior fora área forrageira de uma exploração,menos ela estará dependente de ali-

mentos provenientes do exterior daexploração”, alegou o responsável daFENALAC, que defendeu tambémuma maior capacidade de espal-hamento dos efluentes pecuários.

REGIME DE LICENCIAMENTOLEVANTA CRÍTICASCriado há dois anos, o regime delicenciamento mereceu duras críticaspor parte de Fernando Cardoso, que oacusa de estar a gerar alguma insta-bilidade no sector. “O regime de licen-ciamento tem provocado algumaindecisão junto dos produtores e étambém um entrave à entrada dejovens agricultores e à sucessão”, acu-sou o secretário-geral da FENALAC.Fernando Cardoso está ainda convictode que os custos de contexto do licen-ciamento introduzem distorções deconcorrência face a parceiros comu-nitários, com especial destaque para aEspanha, França, Alemanha ePolónia.

“QUOTAS DE LEITE SÃO INSTRUMENTODE DEFESA DA PRODUÇÃO”

FERNANDO CARDOSO DEFENDE IMPORTÂNCIA DE QUOTAS NA PRODUÇÃOLEITEIRA NACIONALGOVERNO QUER PRODER

EXECUTADO EM 30% ATÉ FINAL DO ANO

Portugal tem 9.000 produtores de leite, masa capacidade produtiva tem vindo a diminuire o cenário de ausência de quotas levanta desdejá muitas dúvidas aos profissionais do sector.Fernando Cardoso, secretário-geralda FENELAC, acredita que a manutençãodas quotas é positiva

NÃO É em todas as feiras de agricul-tura que se vêem máquinas agrícolasultra-modernas a semear, lavrar e co-lher à frente dos olhos dos visitantes.Não é em todas as feiras agrícolasque se pode assistir a debates de ele-vado nível cruzando diferentes pers-pectivas sobre a agricultura. Não étambém em todas as feiras agrícolas,realizadas no meio da semana e emlocal que não é de passagem ocasion-al, que se conseguem reunir tantosprofissionais de um sector, mobiliza-dos pelo interesse em inovações tec-nológicas, em produtos novos e ser-viços diferenciados. Pelo segundoano consecutivo, a Agroglobal distin-gue-se entre os demais eventos dosector por tudo isto. A 8 e 9 de Se-tembro levou 15 mil visitantes à Va-lada do Ribatejo para assistir às novi-dades apresentadas pelos 165 exposi-tores. E se no ano passado esteve lim-itada ao nome de Feira do Milho, esteano alargou horizontes e apresen-tou-se a público como Feira do Milhoe das Grandes Culturas. “Tivemosum ‘feedback’ muito positivo. Todosos expositores nos dizem que valeu apena estar presente e todos os nossosobjectivos foram ultrapassados. É a

confirmação de que este modelo defeira interactiva veio para ficar”,confirma Joaquim Pedro Torres, daValinveste, uma das entidades queorganizou a feira, em parceria com aAgroterra, L-INIA e Câmara Munici-pal do Cartaxo.

Pela Agroglobal passaram econo-mistas, dirigentes associativos, gover-nantes, ex-governantes e membrosda oposição. Todos quiseram comen-tar o estado da agricultura nacional,com mais ou menos críticas aoaproveitamento dos apoios comu-nitários, com melhores ou piores per-spectivas sobre o futuro do sector.

Preparar uma feira como estaobrigou a meses de trabalho. Desde oinício do ano que os terrenos envol-ventes começaram a ser preparadospara acolher as diversas culturas nosseus diferentes estados de evolução,para que os visitantes da feira pudes-sem, em Setembro, visualizar tudo aopormenor. “São campos em dimensãoreal e não experimental. Isso faz a di-ferença desta feira. Aqui podemos es-tar na presença da cadeia de produçãocomo um todo. E este ano tivemosmais culturas, o que agradou aos visi-tantes”, adianta Joaquim Pedro Torres.

Tornar a Agroglobal no eventomais importante da fileira da pro-dução agrícola é o objectivo da orga-

nização do certame, que antecipadesde já a probabilidade de a feiraadoptar uma periodicidade bienal.

AGROGLOBAL AFIRMA-SE COMO FEIRADE EXCELÊNCIA DO SECTOR AGRÍCOLA

Foto: Victor Machado/OJE

O GOVERNO estabeleceu como metapara este ano a execução do ProDeRem 30%, confirmou ao OJE fonte doMinistério da Agricultura, Desenvol-vimento Rural e Pescas. Confrontadapelo OJE com as críticas lançadas du-rante a realização da feira, fonte ofi-cial do Ministério da Agriculturaconfirmou que a taxa de execuçãodo ProDeR a 10 de Setembro era de23,3% e que “já foi reconhecido pelosenhor ministro, por diversas vezes,que o ProDeR teve um arranque difí-cil, que progressivamente está a sercorrigido”. A mesma fonte garanteque o objectivo de execução de 30%“está ao nosso alcance”, revelandoque o Ministério da Agricultura “es-tá a aprovar, em média, mil proces-sos por mês”. E reitera a garantia deque as verbas não serão perdidas.“Estamos empenhados nesta tarefa.Recordo que a actual taxa de exe-

cução do ProDeR está na média daUnião Europeia e não existe qual-quer possibilidade de perda de ver-bas comunitárias por falta de exe-cução”.

Para viabilizar a objectivo estabele-cido, o Governo introduziu 32 medi-das de simplificação do programa,procurando corresponder às expecta-tivas do sector agrícola. E desmenteas críticas de que as organizações deagricultores apenas tenham sido re-sidualmente ouvidas, o que teria re-sultado numa má adequação do pro-grama à realidade portuguesa. “As or-ganizações do sector deram um im-portante contributo, desde Outubrodo ano passado, no grupo de trabalhoconstituído pelo Ministério da Agri-cultura e que muito valorizaram asmedidas de simplificação do ProDeRapresentadas em sede ComissãoParlamentar de Agricultura”.

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O SECRETÁRIO-GERAL da FederaçãoNacional das Cooperativas deProdutores de Leite (FENALAC) pediuaos produtores nacionais de leite quereparassem bem nas importações demassivas que Portugal teve de con-cretizar em 2009 junto de países docentro da Europa, pois acreditaFernando Cardoso que assimpoderão ter uma ideia de como fun-cionará o mercado leiteiro nacionalnum cenário de ausência de quotas.“As quotas continuam a ser uminstrumento muito importante nadefesa da produção de leite na UniãoEuropeia, até porque os custos deprodução são mais elevados emPortugal”, alegou Fernando Cardoso.

O responsável da FENALAC lem-brou que apesar de Portugal contarcom 9.000 produtores de leite,muitos são de reduzida dimensão etêm uma fraca expressão na con-tagem nacional de entregas. Aindaassim, Fernando Cardoso deixa no ar

várias questões: “Porque diminui onúmero de produtores? O que provo-ca a nossa incapacidade produtiva?Porque deixámos de atingir a nossaquota?”.

Aproveitando a presença demuitos agricultores no primeiro diada Agroglobal, Fernando Cardosoapresentou números, que podemdespertar alguma reflexão junto dosprofissionais mais envolvidos nafileira do leite. “Os estudos daComunidade Europeia indicam que-bras de 6% no preço do leite e de 8%nas explorações até 2015. As perdasnacionais estão estimadas em 300milhões de euros”, revelou osecretário-geral da FENALAC.

O aumento da área forrageira nasexplorações onde existe produção deleite foi o desafio deixado porFernando Cardoso aos produtorespresentes na feira. “Quanto maior fora área forrageira de uma exploração,menos ela estará dependente de ali-

mentos provenientes do exterior daexploração”, alegou o responsável daFENALAC, que defendeu tambémuma maior capacidade de espal-hamento dos efluentes pecuários.

REGIME DE LICENCIAMENTOLEVANTA CRÍTICASCriado há dois anos, o regime delicenciamento mereceu duras críticaspor parte de Fernando Cardoso, que oacusa de estar a gerar alguma insta-bilidade no sector. “O regime de licen-ciamento tem provocado algumaindecisão junto dos produtores e étambém um entrave à entrada dejovens agricultores e à sucessão”, acu-sou o secretário-geral da FENALAC.Fernando Cardoso está ainda convictode que os custos de contexto do licen-ciamento introduzem distorções deconcorrência face a parceiros comu-nitários, com especial destaque para aEspanha, França, Alemanha ePolónia.

“QUOTAS DE LEITE SÃO INSTRUMENTODE DEFESA DA PRODUÇÃO”

FERNANDO CARDOSO DEFENDE IMPORTÂNCIA DE QUOTAS NA PRODUÇÃOLEITEIRA NACIONALGOVERNO QUER PRODER

EXECUTADO EM 30% ATÉ FINAL DO ANO

Portugal tem 9.000 produtores de leite, masa capacidade produtiva tem vindo a diminuire o cenário de ausência de quotas levanta desdejá muitas dúvidas aos profissionais do sector.Fernando Cardoso, secretário-geralda FENELAC, acredita que a manutençãodas quotas é positiva

NÃO É em todas as feiras de agricul-tura que se vêem máquinas agrícolasultra-modernas a semear, lavrar e co-lher à frente dos olhos dos visitantes.Não é em todas as feiras agrícolasque se pode assistir a debates de ele-vado nível cruzando diferentes pers-pectivas sobre a agricultura. Não étambém em todas as feiras agrícolas,realizadas no meio da semana e emlocal que não é de passagem ocasion-al, que se conseguem reunir tantosprofissionais de um sector, mobiliza-dos pelo interesse em inovações tec-nológicas, em produtos novos e ser-viços diferenciados. Pelo segundoano consecutivo, a Agroglobal distin-gue-se entre os demais eventos dosector por tudo isto. A 8 e 9 de Se-tembro levou 15 mil visitantes à Va-lada do Ribatejo para assistir às novi-dades apresentadas pelos 165 exposi-tores. E se no ano passado esteve lim-itada ao nome de Feira do Milho, esteano alargou horizontes e apresen-tou-se a público como Feira do Milhoe das Grandes Culturas. “Tivemosum ‘feedback’ muito positivo. Todosos expositores nos dizem que valeu apena estar presente e todos os nossosobjectivos foram ultrapassados. É a

confirmação de que este modelo defeira interactiva veio para ficar”,confirma Joaquim Pedro Torres, daValinveste, uma das entidades queorganizou a feira, em parceria com aAgroterra, L-INIA e Câmara Munici-pal do Cartaxo.

Pela Agroglobal passaram econo-mistas, dirigentes associativos, gover-nantes, ex-governantes e membrosda oposição. Todos quiseram comen-tar o estado da agricultura nacional,com mais ou menos críticas aoaproveitamento dos apoios comu-nitários, com melhores ou piores per-spectivas sobre o futuro do sector.

Preparar uma feira como estaobrigou a meses de trabalho. Desde oinício do ano que os terrenos envol-ventes começaram a ser preparadospara acolher as diversas culturas nosseus diferentes estados de evolução,para que os visitantes da feira pudes-sem, em Setembro, visualizar tudo aopormenor. “São campos em dimensãoreal e não experimental. Isso faz a di-ferença desta feira. Aqui podemos es-tar na presença da cadeia de produçãocomo um todo. E este ano tivemosmais culturas, o que agradou aos visi-tantes”, adianta Joaquim Pedro Torres.

Tornar a Agroglobal no eventomais importante da fileira da pro-dução agrícola é o objectivo da orga-

nização do certame, que antecipadesde já a probabilidade de a feiraadoptar uma periodicidade bienal.

AGROGLOBAL AFIRMA-SE COMO FEIRADE EXCELÊNCIA DO SECTOR AGRÍCOLA

Foto: Victor Machado/OJE

O GOVERNO estabeleceu como metapara este ano a execução do ProDeRem 30%, confirmou ao OJE fonte doMinistério da Agricultura, Desenvol-vimento Rural e Pescas. Confrontadapelo OJE com as críticas lançadas du-rante a realização da feira, fonte ofi-cial do Ministério da Agriculturaconfirmou que a taxa de execuçãodo ProDeR a 10 de Setembro era de23,3% e que “já foi reconhecido pelosenhor ministro, por diversas vezes,que o ProDeR teve um arranque difí-cil, que progressivamente está a sercorrigido”. A mesma fonte garanteque o objectivo de execução de 30%“está ao nosso alcance”, revelandoque o Ministério da Agricultura “es-tá a aprovar, em média, mil proces-sos por mês”. E reitera a garantia deque as verbas não serão perdidas.“Estamos empenhados nesta tarefa.Recordo que a actual taxa de exe-

cução do ProDeR está na média daUnião Europeia e não existe qual-quer possibilidade de perda de ver-bas comunitárias por falta de exe-cução”.

Para viabilizar a objectivo estabele-cido, o Governo introduziu 32 medi-das de simplificação do programa,procurando corresponder às expecta-tivas do sector agrícola. E desmenteas críticas de que as organizações deagricultores apenas tenham sido re-sidualmente ouvidas, o que teria re-sultado numa má adequação do pro-grama à realidade portuguesa. “As or-ganizações do sector deram um im-portante contributo, desde Outubrodo ano passado, no grupo de trabalhoconstituído pelo Ministério da Agri-cultura e que muito valorizaram asmedidas de simplificação do ProDeRapresentadas em sede ComissãoParlamentar de Agricultura”.

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II QUINTA-FEIRA23 de Setembro de 2010

O SECRETÁRIO-GERAL da FederaçãoNacional das Cooperativas deProdutores de Leite (FENALAC) pediuaos produtores nacionais de leite quereparassem bem nas importações demassivas que Portugal teve de con-cretizar em 2009 junto de países docentro da Europa, pois acreditaFernando Cardoso que assimpoderão ter uma ideia de como fun-cionará o mercado leiteiro nacionalnum cenário de ausência de quotas.“As quotas continuam a ser uminstrumento muito importante nadefesa da produção de leite na UniãoEuropeia, até porque os custos deprodução são mais elevados emPortugal”, alegou Fernando Cardoso.

O responsável da FENALAC lem-brou que apesar de Portugal contarcom 9.000 produtores de leite,muitos são de reduzida dimensão etêm uma fraca expressão na con-tagem nacional de entregas. Aindaassim, Fernando Cardoso deixa no ar

várias questões: “Porque diminui onúmero de produtores? O que provo-ca a nossa incapacidade produtiva?Porque deixámos de atingir a nossaquota?”.

Aproveitando a presença demuitos agricultores no primeiro diada Agroglobal, Fernando Cardosoapresentou números, que podemdespertar alguma reflexão junto dosprofissionais mais envolvidos nafileira do leite. “Os estudos daComunidade Europeia indicam que-bras de 6% no preço do leite e de 8%nas explorações até 2015. As perdasnacionais estão estimadas em 300milhões de euros”, revelou osecretário-geral da FENALAC.

O aumento da área forrageira nasexplorações onde existe produção deleite foi o desafio deixado porFernando Cardoso aos produtorespresentes na feira. “Quanto maior fora área forrageira de uma exploração,menos ela estará dependente de ali-

mentos provenientes do exterior daexploração”, alegou o responsável daFENALAC, que defendeu tambémuma maior capacidade de espal-hamento dos efluentes pecuários.

REGIME DE LICENCIAMENTOLEVANTA CRÍTICASCriado há dois anos, o regime delicenciamento mereceu duras críticaspor parte de Fernando Cardoso, que oacusa de estar a gerar alguma insta-bilidade no sector. “O regime de licen-ciamento tem provocado algumaindecisão junto dos produtores e étambém um entrave à entrada dejovens agricultores e à sucessão”, acu-sou o secretário-geral da FENALAC.Fernando Cardoso está ainda convictode que os custos de contexto do licen-ciamento introduzem distorções deconcorrência face a parceiros comu-nitários, com especial destaque para aEspanha, França, Alemanha ePolónia.

“QUOTAS DE LEITE SÃO INSTRUMENTODE DEFESA DA PRODUÇÃO”

FERNANDO CARDOSO DEFENDE IMPORTÂNCIA DE QUOTAS NA PRODUÇÃOLEITEIRA NACIONALGOVERNO QUER PRODER

EXECUTADO EM 30% ATÉ FINAL DO ANO

Portugal tem 9.000 produtores de leite, masa capacidade produtiva tem vindo a diminuire o cenário de ausência de quotas levanta desdejá muitas dúvidas aos profissionais do sector.Fernando Cardoso, secretário-geralda FENELAC, acredita que a manutençãodas quotas é positiva

NÃO É em todas as feiras de agricul-tura que se vêem máquinas agrícolasultra-modernas a semear, lavrar e co-lher à frente dos olhos dos visitantes.Não é em todas as feiras agrícolasque se pode assistir a debates de ele-vado nível cruzando diferentes pers-pectivas sobre a agricultura. Não étambém em todas as feiras agrícolas,realizadas no meio da semana e emlocal que não é de passagem ocasion-al, que se conseguem reunir tantosprofissionais de um sector, mobiliza-dos pelo interesse em inovações tec-nológicas, em produtos novos e ser-viços diferenciados. Pelo segundoano consecutivo, a Agroglobal distin-gue-se entre os demais eventos dosector por tudo isto. A 8 e 9 de Se-tembro levou 15 mil visitantes à Va-lada do Ribatejo para assistir às novi-dades apresentadas pelos 165 exposi-tores. E se no ano passado esteve lim-itada ao nome de Feira do Milho, esteano alargou horizontes e apresen-tou-se a público como Feira do Milhoe das Grandes Culturas. “Tivemosum ‘feedback’ muito positivo. Todosos expositores nos dizem que valeu apena estar presente e todos os nossosobjectivos foram ultrapassados. É a

confirmação de que este modelo defeira interactiva veio para ficar”,confirma Joaquim Pedro Torres, daValinveste, uma das entidades queorganizou a feira, em parceria com aAgroterra, L-INIA e Câmara Munici-pal do Cartaxo.

Pela Agroglobal passaram econo-mistas, dirigentes associativos, gover-nantes, ex-governantes e membrosda oposição. Todos quiseram comen-tar o estado da agricultura nacional,com mais ou menos críticas aoaproveitamento dos apoios comu-nitários, com melhores ou piores per-spectivas sobre o futuro do sector.

Preparar uma feira como estaobrigou a meses de trabalho. Desde oinício do ano que os terrenos envol-ventes começaram a ser preparadospara acolher as diversas culturas nosseus diferentes estados de evolução,para que os visitantes da feira pudes-sem, em Setembro, visualizar tudo aopormenor. “São campos em dimensãoreal e não experimental. Isso faz a di-ferença desta feira. Aqui podemos es-tar na presença da cadeia de produçãocomo um todo. E este ano tivemosmais culturas, o que agradou aos visi-tantes”, adianta Joaquim Pedro Torres.

Tornar a Agroglobal no eventomais importante da fileira da pro-dução agrícola é o objectivo da orga-

nização do certame, que antecipadesde já a probabilidade de a feiraadoptar uma periodicidade bienal.

AGROGLOBAL AFIRMA-SE COMO FEIRADE EXCELÊNCIA DO SECTOR AGRÍCOLA

Foto: Victor Machado/OJE

O GOVERNO estabeleceu como metapara este ano a execução do ProDeRem 30%, confirmou ao OJE fonte doMinistério da Agricultura, Desenvol-vimento Rural e Pescas. Confrontadapelo OJE com as críticas lançadas du-rante a realização da feira, fonte ofi-cial do Ministério da Agriculturaconfirmou que a taxa de execuçãodo ProDeR a 10 de Setembro era de23,3% e que “já foi reconhecido pelosenhor ministro, por diversas vezes,que o ProDeR teve um arranque difí-cil, que progressivamente está a sercorrigido”. A mesma fonte garanteque o objectivo de execução de 30%“está ao nosso alcance”, revelandoque o Ministério da Agricultura “es-tá a aprovar, em média, mil proces-sos por mês”. E reitera a garantia deque as verbas não serão perdidas.“Estamos empenhados nesta tarefa.Recordo que a actual taxa de exe-

cução do ProDeR está na média daUnião Europeia e não existe qual-quer possibilidade de perda de ver-bas comunitárias por falta de exe-cução”.

Para viabilizar a objectivo estabele-cido, o Governo introduziu 32 medi-das de simplificação do programa,procurando corresponder às expecta-tivas do sector agrícola. E desmenteas críticas de que as organizações deagricultores apenas tenham sido re-sidualmente ouvidas, o que teria re-sultado numa má adequação do pro-grama à realidade portuguesa. “As or-ganizações do sector deram um im-portante contributo, desde Outubrodo ano passado, no grupo de trabalhoconstituído pelo Ministério da Agri-cultura e que muito valorizaram asmedidas de simplificação do ProDeRapresentadas em sede ComissãoParlamentar de Agricultura”.

Coordenação editorial

Paulo Corrêa de Oliveira

[email protected]

Arte

Marta Simões

Paulo Parente

Fotografia

Victor Machado

Director Comercial

João Pereira

[email protected]

Gestores de Contas

Alexandra Pinto - 217922096

Isabel Silva - 217 922 094

Maria Tavares de Almeida - 217 922 091

Tiago Loureiro - 217 922 095

André Domingues - 217 922 073

II QUINTA-FEIRA23 de Setembro de 2010

O SECRETÁRIO-GERAL da FederaçãoNacional das Cooperativas deProdutores de Leite (FENALAC) pediuaos produtores nacionais de leite quereparassem bem nas importações demassivas que Portugal teve de con-cretizar em 2009 junto de países docentro da Europa, pois acreditaFernando Cardoso que assimpoderão ter uma ideia de como fun-cionará o mercado leiteiro nacionalnum cenário de ausência de quotas.“As quotas continuam a ser uminstrumento muito importante nadefesa da produção de leite na UniãoEuropeia, até porque os custos deprodução são mais elevados emPortugal”, alegou Fernando Cardoso.

O responsável da FENALAC lem-brou que apesar de Portugal contarcom 9.000 produtores de leite,muitos são de reduzida dimensão etêm uma fraca expressão na con-tagem nacional de entregas. Aindaassim, Fernando Cardoso deixa no ar

várias questões: “Porque diminui onúmero de produtores? O que provo-ca a nossa incapacidade produtiva?Porque deixámos de atingir a nossaquota?”.

Aproveitando a presença demuitos agricultores no primeiro diada Agroglobal, Fernando Cardosoapresentou números, que podemdespertar alguma reflexão junto dosprofissionais mais envolvidos nafileira do leite. “Os estudos daComunidade Europeia indicam que-bras de 6% no preço do leite e de 8%nas explorações até 2015. As perdasnacionais estão estimadas em 300milhões de euros”, revelou osecretário-geral da FENALAC.

O aumento da área forrageira nasexplorações onde existe produção deleite foi o desafio deixado porFernando Cardoso aos produtorespresentes na feira. “Quanto maior fora área forrageira de uma exploração,menos ela estará dependente de ali-

mentos provenientes do exterior daexploração”, alegou o responsável daFENALAC, que defendeu tambémuma maior capacidade de espal-hamento dos efluentes pecuários.

REGIME DE LICENCIAMENTOLEVANTA CRÍTICASCriado há dois anos, o regime delicenciamento mereceu duras críticaspor parte de Fernando Cardoso, que oacusa de estar a gerar alguma insta-bilidade no sector. “O regime de licen-ciamento tem provocado algumaindecisão junto dos produtores e étambém um entrave à entrada dejovens agricultores e à sucessão”, acu-sou o secretário-geral da FENALAC.Fernando Cardoso está ainda convictode que os custos de contexto do licen-ciamento introduzem distorções deconcorrência face a parceiros comu-nitários, com especial destaque para aEspanha, França, Alemanha ePolónia.

“QUOTAS DE LEITE SÃO INSTRUMENTODE DEFESA DA PRODUÇÃO”

FERNANDO CARDOSO DEFENDE IMPORTÂNCIA DE QUOTAS NA PRODUÇÃOLEITEIRA NACIONALGOVERNO QUER PRODER

EXECUTADO EM 30% ATÉ FINAL DO ANO

Portugal tem 9.000 produtores de leite, masa capacidade produtiva tem vindo a diminuire o cenário de ausência de quotas levanta desdejá muitas dúvidas aos profissionais do sector.Fernando Cardoso, secretário-geralda FENELAC, acredita que a manutençãodas quotas é positiva

NÃO É em todas as feiras de agricul-tura que se vêem máquinas agrícolasultra-modernas a semear, lavrar e co-lher à frente dos olhos dos visitantes.Não é em todas as feiras agrícolasque se pode assistir a debates de ele-vado nível cruzando diferentes pers-pectivas sobre a agricultura. Não étambém em todas as feiras agrícolas,realizadas no meio da semana e emlocal que não é de passagem ocasion-al, que se conseguem reunir tantosprofissionais de um sector, mobiliza-dos pelo interesse em inovações tec-nológicas, em produtos novos e ser-viços diferenciados. Pelo segundoano consecutivo, a Agroglobal distin-gue-se entre os demais eventos dosector por tudo isto. A 8 e 9 de Se-tembro levou 15 mil visitantes à Va-lada do Ribatejo para assistir às novi-dades apresentadas pelos 165 exposi-tores. E se no ano passado esteve lim-itada ao nome de Feira do Milho, esteano alargou horizontes e apresen-tou-se a público como Feira do Milhoe das Grandes Culturas. “Tivemosum ‘feedback’ muito positivo. Todosos expositores nos dizem que valeu apena estar presente e todos os nossosobjectivos foram ultrapassados. É a

confirmação de que este modelo defeira interactiva veio para ficar”,confirma Joaquim Pedro Torres, daValinveste, uma das entidades queorganizou a feira, em parceria com aAgroterra, L-INIA e Câmara Munici-pal do Cartaxo.

Pela Agroglobal passaram econo-mistas, dirigentes associativos, gover-nantes, ex-governantes e membrosda oposição. Todos quiseram comen-tar o estado da agricultura nacional,com mais ou menos críticas aoaproveitamento dos apoios comu-nitários, com melhores ou piores per-spectivas sobre o futuro do sector.

Preparar uma feira como estaobrigou a meses de trabalho. Desde oinício do ano que os terrenos envol-ventes começaram a ser preparadospara acolher as diversas culturas nosseus diferentes estados de evolução,para que os visitantes da feira pudes-sem, em Setembro, visualizar tudo aopormenor. “São campos em dimensãoreal e não experimental. Isso faz a di-ferença desta feira. Aqui podemos es-tar na presença da cadeia de produçãocomo um todo. E este ano tivemosmais culturas, o que agradou aos visi-tantes”, adianta Joaquim Pedro Torres.

Tornar a Agroglobal no eventomais importante da fileira da pro-dução agrícola é o objectivo da orga-

nização do certame, que antecipadesde já a probabilidade de a feiraadoptar uma periodicidade bienal.

AGROGLOBAL AFIRMA-SE COMO FEIRADE EXCELÊNCIA DO SECTOR AGRÍCOLA

Foto: Victor Machado/OJE

O GOVERNO estabeleceu como metapara este ano a execução do ProDeRem 30%, confirmou ao OJE fonte doMinistério da Agricultura, Desenvol-vimento Rural e Pescas. Confrontadapelo OJE com as críticas lançadas du-rante a realização da feira, fonte ofi-cial do Ministério da Agriculturaconfirmou que a taxa de execuçãodo ProDeR a 10 de Setembro era de23,3% e que “já foi reconhecido pelosenhor ministro, por diversas vezes,que o ProDeR teve um arranque difí-cil, que progressivamente está a sercorrigido”. A mesma fonte garanteque o objectivo de execução de 30%“está ao nosso alcance”, revelandoque o Ministério da Agricultura “es-tá a aprovar, em média, mil proces-sos por mês”. E reitera a garantia deque as verbas não serão perdidas.“Estamos empenhados nesta tarefa.Recordo que a actual taxa de exe-

cução do ProDeR está na média daUnião Europeia e não existe qual-quer possibilidade de perda de ver-bas comunitárias por falta de exe-cução”.

Para viabilizar a objectivo estabele-cido, o Governo introduziu 32 medi-das de simplificação do programa,procurando corresponder às expecta-tivas do sector agrícola. E desmenteas críticas de que as organizações deagricultores apenas tenham sido re-sidualmente ouvidas, o que teria re-sultado numa má adequação do pro-grama à realidade portuguesa. “As or-ganizações do sector deram um im-portante contributo, desde Outubrodo ano passado, no grupo de trabalhoconstituído pelo Ministério da Agri-cultura e que muito valorizaram asmedidas de simplificação do ProDeRapresentadas em sede ComissãoParlamentar de Agricultura”.

O Governo estabeleceu como meta para este ano a execução do ProDeR em 30%, confirmou ao OJE fonte do Ministério da Agri-cultura, Desenvolvimento Rural e Pescas. Confrontada pelo OJE com as críticas lançadas durante a realização da feira, fonte oficial do Ministério da Agricultura con-firmou que a taxa de execução do ProDeR a 10 de Setembro era de 23,3% e que “já foi reconhecido pelo senhor ministro, por diver-sas vezes, que o ProDeR teve um arranque difícil, que progressi-vamente está a ser corrigido”. A mesma fonte garante que o objec-tivo de execução de 30% “está ao nosso alcance”, revelando que o Ministério da Agricultura “está a aprovar, em média, mil processos por mês”. E reitera a garantia de que as verbas não serão perdidas. “Estamos empenhados nesta tarefa. Recordo que a actual taxa

de execução do ProDeR está na média da União Europeia e não existe qualquer possibilidade de perda de verbas comunitárias por falta de execução”.

Para viabilizar a objectivo es-tabelecido, o Governo introduziu 32 medidas de simplificação do programa, procurando corres-ponder às expectativas do sector agrícola. E desmente as críticas de que as organizações de agri-cultores apenas tenham sido re-sidualmente ouvidas, o que teria resultado numa má adequação do programa à realidade portuguesa. “As organizações do sector deram um importante contributo, des-de Outubro do ano passado, no grupo de trabalho constituído pelo Ministério da Agricultura e que muito valorizaram as medi-das de simplificação do ProDeR apresentadas em sede Comissão Parlamentar de Agricultura”.

Não é em todas as feiras de agricultura que se vêem máquinas agrícolas ultra-modernas a semear, lavrar e colher à frente dos olhos dos visitantes. Não é em todas as feiras agrícolas que se pode assistir a debates de elevado nível cruzando diferentes perspectivas sobre a agricultura. Não é tam-bém em todas as feiras agrícolas, realizadas no meio da semana e em local que não é de passagem ocasional, que se conseguem reunir tantos profissionais de um sector, mobilizados pelo interesse em ino-vações tecnológicas, em produtos novos e serviços diferenciados. Pelo segundo ano consecutivo, a Agroglobal distingue-se entre os demais eventos do sector por tudo isto. A 8 e 9 de Setembro levou 15 mil visitantes à Valada do Ribatejo para assistir às novidades apresen-tadas pelos 165 expositores. E se no ano passado esteve limitada ao nome de Feira do Milho, este ano alargou horizontes e apresentou-se

a público como Feira do Milho e das Grandes Culturas. “Tivemos um ‘feedback’ muito positivo. Todos os expositores nos dizem que valeu a pena estar presente e todos os nos-sos objectivos foram ultrapassados. É a confirmação de que este modelo de feira interactiva veio para ficar”, confirma Joaquim Pedro Torres, da Valinveste, uma das entidades que organizou a feira, em parceria com a Agroterra, L-INIA e Câmara Municipal do Cartaxo.

Pela Agroglobal passaram economistas, dirigentes associati-vos, governantes, ex-governantes e membros da oposição. Todos quiseram comentar o estado da agricultura nacional, com mais ou menos críticas ao aproveitamento dos apoios comunitários, com melhores ou piores perspectivas sobre o futuro do sector.

Preparar uma feira como esta obrigou a meses de trabalho. Des-de o início do ano que os terrenos envolventes começaram a ser

preparados para acolher as diversas culturas nos seus diferentes estados de evolução, para que os visitantes da feira pudessem, em Setembro, visualizar tudo ao pormenor. “São campos em dimensão real e não experimental. Isso faz a diferença desta feira. Aqui podemos estar na presença da cadeia de produção como um todo. E este ano tivemos

mais culturas, o que agradou aos visitantes”, adianta Joaquim Pedro Torres.

Tornar a Agroglobal no evento mais importante da fileira da produção agrícola é o objectivo da organização do certame, que antecipa desde já a probabilidade de a feira adoptar uma periodici-dade bienal.

Coordenação editorial

Paulo Corrêa de Oliveira

[email protected]

Arte

Marta Simões

Paulo Parente

Fotografia

Victor Machado

Director Comercial

João Pereira

[email protected]

Gestores de Contas

Alexandra Pinto - 217922096

Isabel Silva - 217 922 094

Maria Tavares de Almeida - 217 922 091

Tiago Loureiro - 217 922 095

André Domingues - 217 922 073

II QUINTA-FEIRA23 de Setembro de 2010

O SECRETÁRIO-GERAL da FederaçãoNacional das Cooperativas deProdutores de Leite (FENALAC) pediuaos produtores nacionais de leite quereparassem bem nas importações demassivas que Portugal teve de con-cretizar em 2009 junto de países docentro da Europa, pois acreditaFernando Cardoso que assimpoderão ter uma ideia de como fun-cionará o mercado leiteiro nacionalnum cenário de ausência de quotas.“As quotas continuam a ser uminstrumento muito importante nadefesa da produção de leite na UniãoEuropeia, até porque os custos deprodução são mais elevados emPortugal”, alegou Fernando Cardoso.

O responsável da FENALAC lem-brou que apesar de Portugal contarcom 9.000 produtores de leite,muitos são de reduzida dimensão etêm uma fraca expressão na con-tagem nacional de entregas. Aindaassim, Fernando Cardoso deixa no ar

várias questões: “Porque diminui onúmero de produtores? O que provo-ca a nossa incapacidade produtiva?Porque deixámos de atingir a nossaquota?”.

Aproveitando a presença demuitos agricultores no primeiro diada Agroglobal, Fernando Cardosoapresentou números, que podemdespertar alguma reflexão junto dosprofissionais mais envolvidos nafileira do leite. “Os estudos daComunidade Europeia indicam que-bras de 6% no preço do leite e de 8%nas explorações até 2015. As perdasnacionais estão estimadas em 300milhões de euros”, revelou osecretário-geral da FENALAC.

O aumento da área forrageira nasexplorações onde existe produção deleite foi o desafio deixado porFernando Cardoso aos produtorespresentes na feira. “Quanto maior fora área forrageira de uma exploração,menos ela estará dependente de ali-

mentos provenientes do exterior daexploração”, alegou o responsável daFENALAC, que defendeu tambémuma maior capacidade de espal-hamento dos efluentes pecuários.

REGIME DE LICENCIAMENTOLEVANTA CRÍTICASCriado há dois anos, o regime delicenciamento mereceu duras críticaspor parte de Fernando Cardoso, que oacusa de estar a gerar alguma insta-bilidade no sector. “O regime de licen-ciamento tem provocado algumaindecisão junto dos produtores e étambém um entrave à entrada dejovens agricultores e à sucessão”, acu-sou o secretário-geral da FENALAC.Fernando Cardoso está ainda convictode que os custos de contexto do licen-ciamento introduzem distorções deconcorrência face a parceiros comu-nitários, com especial destaque para aEspanha, França, Alemanha ePolónia.

“QUOTAS DE LEITE SÃO INSTRUMENTODE DEFESA DA PRODUÇÃO”

FERNANDO CARDOSO DEFENDE IMPORTÂNCIA DE QUOTAS NA PRODUÇÃOLEITEIRA NACIONALGOVERNO QUER PRODER

EXECUTADO EM 30% ATÉ FINAL DO ANO

Portugal tem 9.000 produtores de leite, masa capacidade produtiva tem vindo a diminuire o cenário de ausência de quotas levanta desdejá muitas dúvidas aos profissionais do sector.Fernando Cardoso, secretário-geralda FENELAC, acredita que a manutençãodas quotas é positiva

NÃO É em todas as feiras de agricul-tura que se vêem máquinas agrícolasultra-modernas a semear, lavrar e co-lher à frente dos olhos dos visitantes.Não é em todas as feiras agrícolasque se pode assistir a debates de ele-vado nível cruzando diferentes pers-pectivas sobre a agricultura. Não étambém em todas as feiras agrícolas,realizadas no meio da semana e emlocal que não é de passagem ocasion-al, que se conseguem reunir tantosprofissionais de um sector, mobiliza-dos pelo interesse em inovações tec-nológicas, em produtos novos e ser-viços diferenciados. Pelo segundoano consecutivo, a Agroglobal distin-gue-se entre os demais eventos dosector por tudo isto. A 8 e 9 de Se-tembro levou 15 mil visitantes à Va-lada do Ribatejo para assistir às novi-dades apresentadas pelos 165 exposi-tores. E se no ano passado esteve lim-itada ao nome de Feira do Milho, esteano alargou horizontes e apresen-tou-se a público como Feira do Milhoe das Grandes Culturas. “Tivemosum ‘feedback’ muito positivo. Todosos expositores nos dizem que valeu apena estar presente e todos os nossosobjectivos foram ultrapassados. É a

confirmação de que este modelo defeira interactiva veio para ficar”,confirma Joaquim Pedro Torres, daValinveste, uma das entidades queorganizou a feira, em parceria com aAgroterra, L-INIA e Câmara Munici-pal do Cartaxo.

Pela Agroglobal passaram econo-mistas, dirigentes associativos, gover-nantes, ex-governantes e membrosda oposição. Todos quiseram comen-tar o estado da agricultura nacional,com mais ou menos críticas aoaproveitamento dos apoios comu-nitários, com melhores ou piores per-spectivas sobre o futuro do sector.

Preparar uma feira como estaobrigou a meses de trabalho. Desde oinício do ano que os terrenos envol-ventes começaram a ser preparadospara acolher as diversas culturas nosseus diferentes estados de evolução,para que os visitantes da feira pudes-sem, em Setembro, visualizar tudo aopormenor. “São campos em dimensãoreal e não experimental. Isso faz a di-ferença desta feira. Aqui podemos es-tar na presença da cadeia de produçãocomo um todo. E este ano tivemosmais culturas, o que agradou aos visi-tantes”, adianta Joaquim Pedro Torres.

Tornar a Agroglobal no eventomais importante da fileira da pro-dução agrícola é o objectivo da orga-

nização do certame, que antecipadesde já a probabilidade de a feiraadoptar uma periodicidade bienal.

AGROGLOBAL AFIRMA-SE COMO FEIRADE EXCELÊNCIA DO SECTOR AGRÍCOLA

Foto: Victor Machado/OJE

O GOVERNO estabeleceu como metapara este ano a execução do ProDeRem 30%, confirmou ao OJE fonte doMinistério da Agricultura, Desenvol-vimento Rural e Pescas. Confrontadapelo OJE com as críticas lançadas du-rante a realização da feira, fonte ofi-cial do Ministério da Agriculturaconfirmou que a taxa de execuçãodo ProDeR a 10 de Setembro era de23,3% e que “já foi reconhecido pelosenhor ministro, por diversas vezes,que o ProDeR teve um arranque difí-cil, que progressivamente está a sercorrigido”. A mesma fonte garanteque o objectivo de execução de 30%“está ao nosso alcance”, revelandoque o Ministério da Agricultura “es-tá a aprovar, em média, mil proces-sos por mês”. E reitera a garantia deque as verbas não serão perdidas.“Estamos empenhados nesta tarefa.Recordo que a actual taxa de exe-

cução do ProDeR está na média daUnião Europeia e não existe qual-quer possibilidade de perda de ver-bas comunitárias por falta de exe-cução”.

Para viabilizar a objectivo estabele-cido, o Governo introduziu 32 medi-das de simplificação do programa,procurando corresponder às expecta-tivas do sector agrícola. E desmenteas críticas de que as organizações deagricultores apenas tenham sido re-sidualmente ouvidas, o que teria re-sultado numa má adequação do pro-grama à realidade portuguesa. “As or-ganizações do sector deram um im-portante contributo, desde Outubrodo ano passado, no grupo de trabalhoconstituído pelo Ministério da Agri-cultura e que muito valorizaram asmedidas de simplificação do ProDeRapresentadas em sede ComissãoParlamentar de Agricultura”.

O secretário-geral da Federação Nacional das Cooperativas de Pro-dutores de Leite (FENALAC) pediu aos produtores nacionais de leite que reparassem bem nas impor-tações de massivas que Portugal teve de concretizar em 2009 junto de países do centro da Europa, pois acredita Fernando Cardoso que assim poderão ter uma ideia de como funcionará o mercado leiteiro nacional num cenário de ausência de quotas. “As quotas continuam a ser um instrumento muito im-portante na defesa da produção de leite na União Europeia, até porque os custos de produção são mais elevados em Portugal”, alegou Fernando Cardoso.

O responsável da FENALAC lembrou que apesar de Portugal contar com 9.000 produtores de leite, muitos são de reduzida di-mensão e têm uma fraca expressão na contagem nacional de entregas. Ainda assim, Fernando Cardoso

deixa no ar várias questões: “Porque diminui o número de produtores? O que provoca a nossa incapacidade produtiva? Porque deixámos de atingir a nossa quota?”.

Aproveitando a presença de muitos agricultores no primeiro dia da Agroglobal, Fernando Cardoso apresentou números, que podem despertar alguma reflexão junto dos profissionais mais envolvidos na fileira do leite. “Os estudos da Comunidade Europeia indicam quebras de 6% no preço do leite e de 8% nas explorações até 2015. As perdas nacionais estão estimadas em 300 milhões de euros”, revelou o secretário-geral da FENALAC.

O aumento da área forrageira nas explorações onde existe produção de leite foi o desafio deixado por Fernando Cardoso aos produtores presentes na feira. “Quanto maior for a área forrageira de uma explora-ção, menos ela estará dependente de alimentos provenientes do exterior

da exploração”, alegou o respon-sável da FENALAC, que defendeu também uma maior capacidade de espalhamento dos efluentes pecuários.

Regime de licenciamentolevanta cRíticasCriado há dois anos, o regime

de licenciamento mereceu duras críticas por parte de Fernando Car-doso, que o acusa de estar a gerar alguma instabilidade no sector. “O regime de licenciamento tem pro-vocado alguma indecisão junto dos produtores e é também um entrave à entrada de jovens agricultores e à sucessão”, acusou o secretário-geral da FENALAC. Fernando Cardoso está ainda convicto de que os custos de contexto do licenciamento intro-duzem distorções de concorrência face a parceiros comunitários, com especial destaque para a Espanha, França, Alemanha e Polónia.

Coordenação editorial

Paulo Corrêa de Oliveira

[email protected]

Arte

Marta Simões

Paulo Parente

Fotografia

Victor Machado

Director Comercial

João Pereira

[email protected]

Gestores de Contas

Alexandra Pinto - 217922096

Isabel Silva - 217 922 094

Maria Tavares de Almeida - 217 922 091

Tiago Loureiro - 217 922 095

André Domingues - 217 922 073

II QUINTA-FEIRA23 de Setembro de 2010

O SECRETÁRIO-GERAL da FederaçãoNacional das Cooperativas deProdutores de Leite (FENALAC) pediuaos produtores nacionais de leite quereparassem bem nas importações demassivas que Portugal teve de con-cretizar em 2009 junto de países docentro da Europa, pois acreditaFernando Cardoso que assimpoderão ter uma ideia de como fun-cionará o mercado leiteiro nacionalnum cenário de ausência de quotas.“As quotas continuam a ser uminstrumento muito importante nadefesa da produção de leite na UniãoEuropeia, até porque os custos deprodução são mais elevados emPortugal”, alegou Fernando Cardoso.

O responsável da FENALAC lem-brou que apesar de Portugal contarcom 9.000 produtores de leite,muitos são de reduzida dimensão etêm uma fraca expressão na con-tagem nacional de entregas. Aindaassim, Fernando Cardoso deixa no ar

várias questões: “Porque diminui onúmero de produtores? O que provo-ca a nossa incapacidade produtiva?Porque deixámos de atingir a nossaquota?”.

Aproveitando a presença demuitos agricultores no primeiro diada Agroglobal, Fernando Cardosoapresentou números, que podemdespertar alguma reflexão junto dosprofissionais mais envolvidos nafileira do leite. “Os estudos daComunidade Europeia indicam que-bras de 6% no preço do leite e de 8%nas explorações até 2015. As perdasnacionais estão estimadas em 300milhões de euros”, revelou osecretário-geral da FENALAC.

O aumento da área forrageira nasexplorações onde existe produção deleite foi o desafio deixado porFernando Cardoso aos produtorespresentes na feira. “Quanto maior fora área forrageira de uma exploração,menos ela estará dependente de ali-

mentos provenientes do exterior daexploração”, alegou o responsável daFENALAC, que defendeu tambémuma maior capacidade de espal-hamento dos efluentes pecuários.

REGIME DE LICENCIAMENTOLEVANTA CRÍTICASCriado há dois anos, o regime delicenciamento mereceu duras críticaspor parte de Fernando Cardoso, que oacusa de estar a gerar alguma insta-bilidade no sector. “O regime de licen-ciamento tem provocado algumaindecisão junto dos produtores e étambém um entrave à entrada dejovens agricultores e à sucessão”, acu-sou o secretário-geral da FENALAC.Fernando Cardoso está ainda convictode que os custos de contexto do licen-ciamento introduzem distorções deconcorrência face a parceiros comu-nitários, com especial destaque para aEspanha, França, Alemanha ePolónia.

“QUOTAS DE LEITE SÃO INSTRUMENTODE DEFESA DA PRODUÇÃO”

FERNANDO CARDOSO DEFENDE IMPORTÂNCIA DE QUOTAS NA PRODUÇÃOLEITEIRA NACIONALGOVERNO QUER PRODER

EXECUTADO EM 30% ATÉ FINAL DO ANO

Portugal tem 9.000 produtores de leite, masa capacidade produtiva tem vindo a diminuire o cenário de ausência de quotas levanta desdejá muitas dúvidas aos profissionais do sector.Fernando Cardoso, secretário-geralda FENELAC, acredita que a manutençãodas quotas é positiva

NÃO É em todas as feiras de agricul-tura que se vêem máquinas agrícolasultra-modernas a semear, lavrar e co-lher à frente dos olhos dos visitantes.Não é em todas as feiras agrícolasque se pode assistir a debates de ele-vado nível cruzando diferentes pers-pectivas sobre a agricultura. Não étambém em todas as feiras agrícolas,realizadas no meio da semana e emlocal que não é de passagem ocasion-al, que se conseguem reunir tantosprofissionais de um sector, mobiliza-dos pelo interesse em inovações tec-nológicas, em produtos novos e ser-viços diferenciados. Pelo segundoano consecutivo, a Agroglobal distin-gue-se entre os demais eventos dosector por tudo isto. A 8 e 9 de Se-tembro levou 15 mil visitantes à Va-lada do Ribatejo para assistir às novi-dades apresentadas pelos 165 exposi-tores. E se no ano passado esteve lim-itada ao nome de Feira do Milho, esteano alargou horizontes e apresen-tou-se a público como Feira do Milhoe das Grandes Culturas. “Tivemosum ‘feedback’ muito positivo. Todosos expositores nos dizem que valeu apena estar presente e todos os nossosobjectivos foram ultrapassados. É a

confirmação de que este modelo defeira interactiva veio para ficar”,confirma Joaquim Pedro Torres, daValinveste, uma das entidades queorganizou a feira, em parceria com aAgroterra, L-INIA e Câmara Munici-pal do Cartaxo.

Pela Agroglobal passaram econo-mistas, dirigentes associativos, gover-nantes, ex-governantes e membrosda oposição. Todos quiseram comen-tar o estado da agricultura nacional,com mais ou menos críticas aoaproveitamento dos apoios comu-nitários, com melhores ou piores per-spectivas sobre o futuro do sector.

Preparar uma feira como estaobrigou a meses de trabalho. Desde oinício do ano que os terrenos envol-ventes começaram a ser preparadospara acolher as diversas culturas nosseus diferentes estados de evolução,para que os visitantes da feira pudes-sem, em Setembro, visualizar tudo aopormenor. “São campos em dimensãoreal e não experimental. Isso faz a di-ferença desta feira. Aqui podemos es-tar na presença da cadeia de produçãocomo um todo. E este ano tivemosmais culturas, o que agradou aos visi-tantes”, adianta Joaquim Pedro Torres.

Tornar a Agroglobal no eventomais importante da fileira da pro-dução agrícola é o objectivo da orga-

nização do certame, que antecipadesde já a probabilidade de a feiraadoptar uma periodicidade bienal.

AGROGLOBAL AFIRMA-SE COMO FEIRADE EXCELÊNCIA DO SECTOR AGRÍCOLA

Foto: Victor Machado/OJE

O GOVERNO estabeleceu como metapara este ano a execução do ProDeRem 30%, confirmou ao OJE fonte doMinistério da Agricultura, Desenvol-vimento Rural e Pescas. Confrontadapelo OJE com as críticas lançadas du-rante a realização da feira, fonte ofi-cial do Ministério da Agriculturaconfirmou que a taxa de execuçãodo ProDeR a 10 de Setembro era de23,3% e que “já foi reconhecido pelosenhor ministro, por diversas vezes,que o ProDeR teve um arranque difí-cil, que progressivamente está a sercorrigido”. A mesma fonte garanteque o objectivo de execução de 30%“está ao nosso alcance”, revelandoque o Ministério da Agricultura “es-tá a aprovar, em média, mil proces-sos por mês”. E reitera a garantia deque as verbas não serão perdidas.“Estamos empenhados nesta tarefa.Recordo que a actual taxa de exe-

cução do ProDeR está na média daUnião Europeia e não existe qual-quer possibilidade de perda de ver-bas comunitárias por falta de exe-cução”.

Para viabilizar a objectivo estabele-cido, o Governo introduziu 32 medi-das de simplificação do programa,procurando corresponder às expecta-tivas do sector agrícola. E desmenteas críticas de que as organizações deagricultores apenas tenham sido re-sidualmente ouvidas, o que teria re-sultado numa má adequação do pro-grama à realidade portuguesa. “As or-ganizações do sector deram um im-portante contributo, desde Outubrodo ano passado, no grupo de trabalhoconstituído pelo Ministério da Agri-cultura e que muito valorizaram asmedidas de simplificação do ProDeRapresentadas em sede ComissãoParlamentar de Agricultura”.

IIITERÇA-FEIRA21 de Setembro de 2010

“NEGOCIAR O PRÓXIMO QUADRO COMUNITÁRIO DEAPOIO SERÁ UM GRANDE DESAFIO PARA PORTUGAL”

FUTURO DA PAC APÓS 2013 DESPERTA QUESTÕES RELEVANTES PARA O SECTOR AGRÍCOLA

O MINISTÉRIO da Agricultura terápela frente grandes dificuldades nanegociação do próximo quadro comu-nitário de apoio para vigorar a partirde 2014, antecipou João Machado,presidente da Confederação dosAgricultores de Portugal (CAP), nopainel de debates que a Agroglobaldedicou ao futuro da Política AgrícolaComum após 2013. Nesse ano encer-rará o actual quadro comunitário deapoio, em vigor desde 2007, e JoãoMachado salienta que “o grandedesafio dos nossos negociadores serátrazer para Portugal um quadrocomunitário melhor que o actual”. Opresidente da CAP lembra quePortugal não tem uma agriculturauniforme e há que ter em conta essadiversidade de culturas, de terrenos,de empresários e até de dimensões.“Para Portugal não é fácil partir paraesta negociação, especialmente quan-do tem dois pilares empatados nestapolítica e quando os países maisfortes não têm esse problema”,

reforçou João Machado, que não hesi-tou em criticar o desperdício deapoios que acontece no país.“Portugal é o campeão do desperdí-cio. Desperdiçamos 12% das ajudasdirectas e desperdiçamos ajudas noProDeR. O caso português é muitodelicado”, conclui o presidente daCAP, lembrando que para osprimeiros 15 países da UniãoEuropeia há o risco claro de ficar commenos dinheiro no próximo quadrocomunitário de apoio, tendo emconta a nova necessidade de distribuiras verbas disponíveis por 27 países.

Nesta mensagem, João Machadoafinou pelo mesmo diapasão deEduardo Diniz, do Gabinete dePlaneamento e Políticas do Ministérioda Agricultura, que assumiu quePortugal tem sido favorecido pelaPolítica Agrícola Comum. “Se olhar-mos para as contribuições e recebi-mentos, vemos que por cada eurocom que Portugal contribui, o paísrecebe 1,5 euros”

PARAR DE PRODUZIRNÃO É O CAMINHOArlindo Cunha, antigo ministro daAgricultura, garante que o futuroobrigará a um exercício interno deequidade, que poderá não ser fácil.“Grande parte dos dinheiros da PACsão gastos em ajudas directas aos pro-dutores e desde 2003 os produtoresrecebem essas ajudas independente-mente da produtividade que tiverem.Ou seja, houve uma mudança de fun-damentação política das ajudas, quepassam a ser encaradas como com-pensações pelos sobrecustos da sobre-vivência na União Europeia, tendo emconta as suas exigências. Por isso,agora é preciso encontrar uma políti-ca comum que assegure que a agricul-tura continua a sobreviver na UniãoEuropeia”, analisa o ex-governante.

Mas Arlindo Cunha lembrou tam-bém os profissionais do sector que “asociedade aceita pagar para ajudar aagricultura, mas não aceita que ela

não produza nada”, pelo que essenunca poderá ser o caminho a seguir.

Para Francisco Avillez, da Agroges,as grandes questões para o futuro daPAC passam precisamente por estaperspectiva. “Como é que se vaiequacionar o futuro das ajudas direc-tas à produção? Será que o tipo depolíticas dos dois pilares continuaráigual?”, questiona. Ainda assim,

Francisco Avillez assume a con-vicção que o final do ano 2013 nãoimplicará uma alteração significati-va no orçamento agrícola comu-nitário. “Acredito que o orçamentose mantenha em linha com o actual,mas será naturalmente necessáriamaior equidade na repartição dosapoio comunitários entre os Estados-Membros”, reconhece.

A Europa a 27 poderá significar algumas dificuldades acrescidas para aagricultura nacional, mas a antevisão apresentada pelos especialistas nãointroduz grande pessimismo para o próximo quadro comunitário de apoio.Ainda assim, é consensual a ideia de que a negociação não será fácil

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Foto: Victor Machado/OJE

Foto: Victor Machado/OJE

/ O MIRANTE

O Suplemento faz parte integrante dos Jornais OJE e O MIRANTE

IIITERÇA-FEIRA21 de Setembro de 2010

“NEGOCIAR O PRÓXIMO QUADRO COMUNITÁRIO DEAPOIO SERÁ UM GRANDE DESAFIO PARA PORTUGAL”

FUTURO DA PAC APÓS 2013 DESPERTA QUESTÕES RELEVANTES PARA O SECTOR AGRÍCOLA

O MINISTÉRIO da Agricultura terápela frente grandes dificuldades nanegociação do próximo quadro comu-nitário de apoio para vigorar a partirde 2014, antecipou João Machado,presidente da Confederação dosAgricultores de Portugal (CAP), nopainel de debates que a Agroglobaldedicou ao futuro da Política AgrícolaComum após 2013. Nesse ano encer-rará o actual quadro comunitário deapoio, em vigor desde 2007, e JoãoMachado salienta que “o grandedesafio dos nossos negociadores serátrazer para Portugal um quadrocomunitário melhor que o actual”. Opresidente da CAP lembra quePortugal não tem uma agriculturauniforme e há que ter em conta essadiversidade de culturas, de terrenos,de empresários e até de dimensões.“Para Portugal não é fácil partir paraesta negociação, especialmente quan-do tem dois pilares empatados nestapolítica e quando os países maisfortes não têm esse problema”,

reforçou João Machado, que não hesi-tou em criticar o desperdício deapoios que acontece no país.“Portugal é o campeão do desperdí-cio. Desperdiçamos 12% das ajudasdirectas e desperdiçamos ajudas noProDeR. O caso português é muitodelicado”, conclui o presidente daCAP, lembrando que para osprimeiros 15 países da UniãoEuropeia há o risco claro de ficar commenos dinheiro no próximo quadrocomunitário de apoio, tendo emconta a nova necessidade de distribuiras verbas disponíveis por 27 países.

Nesta mensagem, João Machadoafinou pelo mesmo diapasão deEduardo Diniz, do Gabinete dePlaneamento e Políticas do Ministérioda Agricultura, que assumiu quePortugal tem sido favorecido pelaPolítica Agrícola Comum. “Se olhar-mos para as contribuições e recebi-mentos, vemos que por cada eurocom que Portugal contribui, o paísrecebe 1,5 euros”

PARAR DE PRODUZIRNÃO É O CAMINHOArlindo Cunha, antigo ministro daAgricultura, garante que o futuroobrigará a um exercício interno deequidade, que poderá não ser fácil.“Grande parte dos dinheiros da PACsão gastos em ajudas directas aos pro-dutores e desde 2003 os produtoresrecebem essas ajudas independente-mente da produtividade que tiverem.Ou seja, houve uma mudança de fun-damentação política das ajudas, quepassam a ser encaradas como com-pensações pelos sobrecustos da sobre-vivência na União Europeia, tendo emconta as suas exigências. Por isso,agora é preciso encontrar uma políti-ca comum que assegure que a agricul-tura continua a sobreviver na UniãoEuropeia”, analisa o ex-governante.

Mas Arlindo Cunha lembrou tam-bém os profissionais do sector que “asociedade aceita pagar para ajudar aagricultura, mas não aceita que ela

não produza nada”, pelo que essenunca poderá ser o caminho a seguir.

Para Francisco Avillez, da Agroges,as grandes questões para o futuro daPAC passam precisamente por estaperspectiva. “Como é que se vaiequacionar o futuro das ajudas direc-tas à produção? Será que o tipo depolíticas dos dois pilares continuaráigual?”, questiona. Ainda assim,

Francisco Avillez assume a con-vicção que o final do ano 2013 nãoimplicará uma alteração significati-va no orçamento agrícola comu-nitário. “Acredito que o orçamentose mantenha em linha com o actual,mas será naturalmente necessáriamaior equidade na repartição dosapoio comunitários entre os Estados-Membros”, reconhece.

A Europa a 27 poderá significar algumas dificuldades acrescidas para aagricultura nacional, mas a antevisão apresentada pelos especialistas nãointroduz grande pessimismo para o próximo quadro comunitário de apoio.Ainda assim, é consensual a ideia de que a negociação não será fácil

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IIITERÇA-FEIRA21 de Setembro de 2010

“NEGOCIAR O PRÓXIMO QUADRO COMUNITÁRIO DEAPOIO SERÁ UM GRANDE DESAFIO PARA PORTUGAL”

FUTURO DA PAC APÓS 2013 DESPERTA QUESTÕES RELEVANTES PARA O SECTOR AGRÍCOLA

O MINISTÉRIO da Agricultura terápela frente grandes dificuldades nanegociação do próximo quadro comu-nitário de apoio para vigorar a partirde 2014, antecipou João Machado,presidente da Confederação dosAgricultores de Portugal (CAP), nopainel de debates que a Agroglobaldedicou ao futuro da Política AgrícolaComum após 2013. Nesse ano encer-rará o actual quadro comunitário deapoio, em vigor desde 2007, e JoãoMachado salienta que “o grandedesafio dos nossos negociadores serátrazer para Portugal um quadrocomunitário melhor que o actual”. Opresidente da CAP lembra quePortugal não tem uma agriculturauniforme e há que ter em conta essadiversidade de culturas, de terrenos,de empresários e até de dimensões.“Para Portugal não é fácil partir paraesta negociação, especialmente quan-do tem dois pilares empatados nestapolítica e quando os países maisfortes não têm esse problema”,

reforçou João Machado, que não hesi-tou em criticar o desperdício deapoios que acontece no país.“Portugal é o campeão do desperdí-cio. Desperdiçamos 12% das ajudasdirectas e desperdiçamos ajudas noProDeR. O caso português é muitodelicado”, conclui o presidente daCAP, lembrando que para osprimeiros 15 países da UniãoEuropeia há o risco claro de ficar commenos dinheiro no próximo quadrocomunitário de apoio, tendo emconta a nova necessidade de distribuiras verbas disponíveis por 27 países.

Nesta mensagem, João Machadoafinou pelo mesmo diapasão deEduardo Diniz, do Gabinete dePlaneamento e Políticas do Ministérioda Agricultura, que assumiu quePortugal tem sido favorecido pelaPolítica Agrícola Comum. “Se olhar-mos para as contribuições e recebi-mentos, vemos que por cada eurocom que Portugal contribui, o paísrecebe 1,5 euros”

PARAR DE PRODUZIRNÃO É O CAMINHOArlindo Cunha, antigo ministro daAgricultura, garante que o futuroobrigará a um exercício interno deequidade, que poderá não ser fácil.“Grande parte dos dinheiros da PACsão gastos em ajudas directas aos pro-dutores e desde 2003 os produtoresrecebem essas ajudas independente-mente da produtividade que tiverem.Ou seja, houve uma mudança de fun-damentação política das ajudas, quepassam a ser encaradas como com-pensações pelos sobrecustos da sobre-vivência na União Europeia, tendo emconta as suas exigências. Por isso,agora é preciso encontrar uma políti-ca comum que assegure que a agricul-tura continua a sobreviver na UniãoEuropeia”, analisa o ex-governante.

Mas Arlindo Cunha lembrou tam-bém os profissionais do sector que “asociedade aceita pagar para ajudar aagricultura, mas não aceita que ela

não produza nada”, pelo que essenunca poderá ser o caminho a seguir.

Para Francisco Avillez, da Agroges,as grandes questões para o futuro daPAC passam precisamente por estaperspectiva. “Como é que se vaiequacionar o futuro das ajudas direc-tas à produção? Será que o tipo depolíticas dos dois pilares continuaráigual?”, questiona. Ainda assim,

Francisco Avillez assume a con-vicção que o final do ano 2013 nãoimplicará uma alteração significati-va no orçamento agrícola comu-nitário. “Acredito que o orçamentose mantenha em linha com o actual,mas será naturalmente necessáriamaior equidade na repartição dosapoio comunitários entre os Estados-Membros”, reconhece.

A Europa a 27 poderá significar algumas dificuldades acrescidas para aagricultura nacional, mas a antevisão apresentada pelos especialistas nãointroduz grande pessimismo para o próximo quadro comunitário de apoio.Ainda assim, é consensual a ideia de que a negociação não será fácil

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Foto: Victor Machado/OJE

III

A Europa a 27 poderá significar algumas dificuldades acrescidas para a agricultura nacional, mas a antevisão apresentada pelos especialistas não introduz grande pessimismo para o próximo quadro comunitário de apoio. Ainda assim, é consensual a ideia de que a negociação não será fácil

O Ministério da Agricultura terá pela frente grandes dificuldades na negociação do próximo quadro comunitário de apoio para vigorar a partir de 2014, antecipou João Machado, presidente da Confedera-ção dos Agricultores de Portugal (CAP), no painel de debates que a Agroglobal dedicou ao futuro da Política Agrícola Comum após 2013. Nesse ano encerrará o actual quadro comunitário de apoio, em vigor desde 2007, e João Machado salienta que “o grande desafio dos nossos negociadores será trazer para Portugal um quadro comunitário melhor que o actual”. O presidente da CAP lembra que Portugal não tem uma agricultura uniforme e há que ter em conta essa diversidade de culturas, de terrenos, de empresários e até de dimensões. “Para Portugal não é fácil partir para esta negociação, especialmente quando tem dois pilares empatados nesta política e quando os países mais fortes não têm esse problema”, reforçou João Machado, que não hesitou em criticar o desperdício de

Futuro da PaC aPós 2013 desPerta questões relevantes Para o seCtor agríCola

“Negociar o próximo quadro comuNitário de apoio será um graNde desafio para portugal”

apoios que acontece no país. “Portugal é o campeão do desperdício. Desperdiçamos 12% das ajudas directas e desperdiçamos ajudas no ProDeR. O caso português é muito delicado”, conclui o presidente da CAP, lembrando que para os primeiros 15 países da União Europeia há o risco claro de ficar com menos dinheiro no próximo quadro comunitário de apoio, tendo em conta a nova necessidade de distribuir as verbas disponíveis por 27 países.

Nesta mensagem, João Machado afinou pelo mesmo diapasão de Eduardo Diniz, do Gabinete de Planeamento e Políticas do Ministério da Agricultura, que assumiu que Portugal tem sido favorecido pela Política Agrícola Comum. “Se olharmos para as contribuições e recebimentos, ve-mos que por cada euro com que Portugal contribui, o país recebe 1,5 euros”

Parar de Produzir não é o caminhoArlindo Cunha, antigo ministro da

Agricultura, garante que o futuro obrigará a um exercício interno de equidade, que poderá não ser fácil. “Grande parte dos dinheiros da PAC são gastos em ajudas directas aos produtores e desde 2003 os produtores recebem essas ajudas inde-pendentemente da produtividade que tiverem. Ou seja, houve uma mudança de fundamentação política das ajudas, que passam a ser encaradas como compensa-ções pelos sobrecustos da sobrevivência na União Europeia, tendo em conta as suas exigências. Por isso, agora é preci-

so encontrar uma política comum que assegure que a agricultura continua a sobreviver na União Europeia”, analisa o ex-governante.

Mas Arlindo Cunha lembrou também os profissionais do sector que “a sociedade aceita pagar para ajudar a agricultura, mas não aceita que ela não produza nada”, pelo que esse nunca poderá ser o caminho a seguir.

Para Francisco Avillez, da Agroges, as grandes questões para o futuro da PAC passam precisamente por esta perspectiva.

“Como é que se vai equacionar o futuro das ajudas directas à produção? Será que o tipo de políticas dos dois pilares conti-nuará igual?”, questiona. Ainda assim, Francisco Avillez assume a convicção que o final do ano 2013 não implicará uma alteração significativa no orçamento agrícola comunitário. “Acredito que o orçamento se mantenha em linha com o actual, mas será naturalmente necessária maior equidade na repartição dos apoio comunitários entre os Estados-Membros”, reconhece.

IIITERÇA-FEIRA21 de Setembro de 2010

“NEGOCIAR O PRÓXIMO QUADRO COMUNITÁRIO DEAPOIO SERÁ UM GRANDE DESAFIO PARA PORTUGAL”

FUTURO DA PAC APÓS 2013 DESPERTA QUESTÕES RELEVANTES PARA O SECTOR AGRÍCOLA

O MINISTÉRIO da Agricultura terápela frente grandes dificuldades nanegociação do próximo quadro comu-nitário de apoio para vigorar a partirde 2014, antecipou João Machado,presidente da Confederação dosAgricultores de Portugal (CAP), nopainel de debates que a Agroglobaldedicou ao futuro da Política AgrícolaComum após 2013. Nesse ano encer-rará o actual quadro comunitário deapoio, em vigor desde 2007, e JoãoMachado salienta que “o grandedesafio dos nossos negociadores serátrazer para Portugal um quadrocomunitário melhor que o actual”. Opresidente da CAP lembra quePortugal não tem uma agriculturauniforme e há que ter em conta essadiversidade de culturas, de terrenos,de empresários e até de dimensões.“Para Portugal não é fácil partir paraesta negociação, especialmente quan-do tem dois pilares empatados nestapolítica e quando os países maisfortes não têm esse problema”,

reforçou João Machado, que não hesi-tou em criticar o desperdício deapoios que acontece no país.“Portugal é o campeão do desperdí-cio. Desperdiçamos 12% das ajudasdirectas e desperdiçamos ajudas noProDeR. O caso português é muitodelicado”, conclui o presidente daCAP, lembrando que para osprimeiros 15 países da UniãoEuropeia há o risco claro de ficar commenos dinheiro no próximo quadrocomunitário de apoio, tendo emconta a nova necessidade de distribuiras verbas disponíveis por 27 países.

Nesta mensagem, João Machadoafinou pelo mesmo diapasão deEduardo Diniz, do Gabinete dePlaneamento e Políticas do Ministérioda Agricultura, que assumiu quePortugal tem sido favorecido pelaPolítica Agrícola Comum. “Se olhar-mos para as contribuições e recebi-mentos, vemos que por cada eurocom que Portugal contribui, o paísrecebe 1,5 euros”

PARAR DE PRODUZIRNÃO É O CAMINHOArlindo Cunha, antigo ministro daAgricultura, garante que o futuroobrigará a um exercício interno deequidade, que poderá não ser fácil.“Grande parte dos dinheiros da PACsão gastos em ajudas directas aos pro-dutores e desde 2003 os produtoresrecebem essas ajudas independente-mente da produtividade que tiverem.Ou seja, houve uma mudança de fun-damentação política das ajudas, quepassam a ser encaradas como com-pensações pelos sobrecustos da sobre-vivência na União Europeia, tendo emconta as suas exigências. Por isso,agora é preciso encontrar uma políti-ca comum que assegure que a agricul-tura continua a sobreviver na UniãoEuropeia”, analisa o ex-governante.

Mas Arlindo Cunha lembrou tam-bém os profissionais do sector que “asociedade aceita pagar para ajudar aagricultura, mas não aceita que ela

não produza nada”, pelo que essenunca poderá ser o caminho a seguir.

Para Francisco Avillez, da Agroges,as grandes questões para o futuro daPAC passam precisamente por estaperspectiva. “Como é que se vaiequacionar o futuro das ajudas direc-tas à produção? Será que o tipo depolíticas dos dois pilares continuaráigual?”, questiona. Ainda assim,

Francisco Avillez assume a con-vicção que o final do ano 2013 nãoimplicará uma alteração significati-va no orçamento agrícola comu-nitário. “Acredito que o orçamentose mantenha em linha com o actual,mas será naturalmente necessáriamaior equidade na repartição dosapoio comunitários entre os Estados-Membros”, reconhece.

A Europa a 27 poderá significar algumas dificuldades acrescidas para aagricultura nacional, mas a antevisão apresentada pelos especialistas nãointroduz grande pessimismo para o próximo quadro comunitário de apoio.Ainda assim, é consensual a ideia de que a negociação não será fácil

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Foto: Victor Machado/OJE

Foto: Victor Machado/OJE

“ESTE é um ProDer estatizante e não umquadro comunitário de apoio”, acusouMaria Antónia Figueiredo, secretária-geral adjunta da Confagri, na abertura doprimeiro fórum da Agroglobal. “Estamostristes com a implementação destequadro comunitário em Portugal. Estepacote financeiro, que foi feito para vigo-rar entre 2007 e 2013, não foi concebidopara os agricultores e para a agriculturaportuguesa”, critica a responsável daConfragri, que não hesita em acusar oprograma de ser “a maior aberração dosúltimos anos em Portugal, no que dizrespeito à agricultura”.

A maior indignação de Maria AntóniaFigueiredo voltava-se para o baixo nívelde execução do programa, que a 3 deSetembro se situava nos 23%. “Como épossível obter este nível de execução apóstrês anos e oito meses de programa? Eainda assim só se consegue este índiceporque grande parte da implementaçãodiz respeito a medidas de continuidade”,alega a responsável da Confagri.

Com efeito, o nível mais alto de exe-cução acontece na categoria de“Compromissos Transitados”, cumprido

a 68%, mas contrastando com os 13% deexecução da categoria de “Promoção daCompetitividade”, com os 2% de exe-cução das medidas de “Dinamização dasZonas Rurais” e mais ainda com o nívelde execução de 0,2% na “Promoção doConhecimento e Desenvolvimento deCompetências”.

Além de considerar que este quadrocomunitário foi feito com uma visão esta-tizante, Maria Antónia Figueiredo criticatambém o seu arranque tardio e com-plexo e ainda o facto de os agricultores eas suas organizações “só residualmenteterem sido ouvidos”. A responsável daConfagri está convicta de que a auscul-tação efectuada apenas aconteceu paracumprir uma imposição comunitária,mas Maria Antónia Figueiredo salienta ofacto de “as propostas apresentadas nãoterem sido consideradas”.

Para o tempo que ainda resta paraimplementação do ProDeR, a responsávelda Confagri só deseja dinamismo, queMaria António Figueiredo diz ser impre-scindível para que o futuro da agricul-tura em Portugal não fique posto emcausa.

ESTÁ a decorrer desde 15 de Setembro eaté 15 de Dezembro o prazo de apresen-tação de candidaturas a apoios comu-nitários para investimentos de pequenadimensão, no âmbito do ProDeR. Estãoabrangidos nestas candidaturas os inves-timentos na aquisição de equipamentospara melhoramento ambiental e eficiên-cia energética das explorações, naaquisição de outros equipamentos emáquinas agrícolas e melhoramentosfundiários, os investimentos nas peque-nas construções e ainda as pequenas

plantações plirianuais. Para seremeleitos, os projectos devem envolverinvestimentos entre os 5.000 e os 25.000euros. Não estão abrangidos nestas candi-daturas a compra de bens de equipamen-to em estado de uso ou substituição, acaptação de águas subterrâneas atravésde furos, a instalação de equipamentosfinanciados através de contratos delocação financeira ou de aluguer de longaduração, nem a constituição de garantiasou o pagamento de juros de dívida.

Os apoios serão concedidos sob a forma

de subsídios não reembolsáveis, até aomáximo de 40% para Zonas Favorecidas e50% para Zonas Desfavorecidas.

Os beneficiários podem apresentarmais do que um pedido de apoio, desdeque os investimentos apresentados nascandidaturas digam respeito a diferentesactividades produtivas.

A partir de 1 de Outubro, abrem aindaos prazos para apresentação de candidat-uras para obtenção de apoio nas áreas daCooperação e Inovação e Modernização eCapacitação das Empresas Florestais.

O MINISTÉRIO da Agricultura, doDesenvolvimento Rural e das Pescasreforçou em 25 milhões de euros adisponibilidade financeira da linha decrédito de apoio à agricultura dirigidaa empresas de produção, de produtosagrícolas e pecuários. Esta linha decrédito destina-se ao financiamento deoperações de investimento, reforço dofundo de maneio ou liquidação de dívi-das contraídas junto de instituições decrédito ou fornecedores.

A linha de crédito de apoio à agricul-tura nasceu em Janeiro, com um mon-tante máximo de 50 milhões de euros,mas o Governo decidiu agora, em por-taria conjunta emitida pelos Ministériosda Agricultura e Finanças, alargar para

75 milhões de euros a verba disponívelpara apoios. Na origem desta decisãoesteve o elevado índice de procura que alinha de crédito registou logo nosprimeiros meses de funcionamento. Emcomunicado, o Ministério da Agriculturareconhece que em meados do anocomeçou a perceber que a verba disponi-bilizada rapidamente seria esgotada, oque terá levado a avançar com a decisãode reforçar a disponibilidade financeirada linha, “procurando assegurar que ospromotores que apresentaram candidat-uras à linha de crédito não verão as suasexpectativas defraudadas”. A linha decrédito em causa funciona a seis anos,com dois anos de carência e uma bonifi-cação média de 85%.

PRODER ABRE NOVAS CANDIDATURAS

MADRP REFORÇA LINHA DE CRÉDITO PARA AGRICULTURA

“OPINIÃO PÚBLICA SÓTEM IMAGEM DOSAGRICULTORES DE ‘MÃOESTENDIDA’”

ISABEL MARTINS DESAFIO SECTORAGRÍCOLA A DIVULGAR MELHORA SUA COMPETITIVIDADE

“ESTE PRODER É A MAIOR ABERRAÇÃO DOSÚLTIMOS ANOS NA AGRICULTURA PORTUGUESA”

SECRETÁRIA-GERAL ADJUNTA DA CONFAGRI CRITICA ATRASOS E CONCEITOS DOQUADRO COMUNITÁRIO DE APOIO

Acredita que valeu a pena repetir a Agroglobal um ano depois doprimeiro evento?Com certeza. A Agroglobal é uma aposta ganha por parte dos seusorganizadores.

É um conceito inovador no nosso país, com uma vertente práti-ca que vai ao encontro das ambições das empresas do sector e dosagricultores. Representa o melhor da agricultura portuguesa, umsector vivo, dinâmico, profissional e cada vez mais sofisticado.Mais do que uma “montra” de equipamentos e serviços, é umademonstração da vitalidade e da vontade de fazer dos agricul-tores, apesar de todas as condicionantes actuais, quer de merca-do, quer de política agrícola.

Para si, o que a edição deste ano trouxe de mais relevante?Foi notório o crescimento e a abertura para novas culturas paraalém do milho, tornando o evento mais abrangente. A edição de2010 consolidou ainda o papel da Agroglobal como ponto deencontro dos profissionais do sector. É um local privilegiado parao networking e troca de experiências.

Moderou o fórum que juntou João César das Neves, SevinatePinto e Luís Mira. No final, que balanço faz deste debate?Foi um animado e aguerrido debate de ideias. Não é fácil paraalguns economistas perceber as especificidades do sector, talcomo para um agricultor é chocante perceber a lógica da ditadu-ra do mercado. De um lado tivemos a defesa do papel da pro-dução agrícola e do seu valor estratégico e do outro a constataçãopessoal de João César das Neves de que a agricultura é sacraliza-da pelos políticos que investem continuamente num sector quenão é competitivo. Será difícil pôr de acordo Armando SevinatePinto, Luís Mira e João César das Neves nestas matérias…

Em primeiro lugar é preciso esclarecer que uma grande parteda produção agrícola nacional é competitiva: os hortícolas, osfrutícolas, o azeite, o vinho, os produtos florestais, entre muitosoutros… até alguns cereais. Lembro que as empresas cervejeirasnacionais há cinco anos atrás compravam cevada dística emFrança e neste momento compram em Portugal com igualrelação qualidade/preço. E que multinacionais como a Nestlécompram no nosso país cereais como trigo ou arroz com baixoteor de pesticidas para alimentação infantil, culturas possíveisapenas pelas especificidades das nossas condições climáticas(clima seco/menos pragas/menos tratamentos fitossanitários).Somos produtores de excelência e com vocação exportadora emmuitas áreas e, como diz Armando Sevinate Pinto, a ideia de quecompramos fora tudo o que consumimos é falsa.

Para além disso, a agricultura é muito mais do que produzir ali-mentos. Tem uma função ambiental, social e territorial muitoforte. È produtora de um conjunto de chamados “bens públicos”,que justificam a continuação de políticas proteccionistas paraque esta actividade se mantenha em muitas regiões do país.

Referiu nesse debate que a agricultura nem sempre sabe comu-nicar aquilo que de bom tem. Este sector tem muito trabalho afazer nesta área da comunicação?

Sem dúvida. O sector comunica muito pouco e quando o faz ésempre pelas piores razões: para chamar a atenção para calami-dades, para reivindicar ajudas, para denunciar más opções políti-cas… É óbvio que tudo isto é importante, mas resulta numaopinião pública intoxicada de más notícias e com uma imagemdos agricultores de “mão estendida” à procura de subsídios. Aagricultura e a agro-indústria portuguesa estão ao nível do que demelhor se faz na Europa e têm centenas de bons exemplos paradar. Era importante que os agricultores e os seus representantesprocurassem revelar o que de bom se faz e dar a conhecer a agri-cultura pela positiva.

IV QUINTA-FEIRA23 de Setembro de 2010

Isabel Martins,directora da revista“Vida Rural”Foto: VictorMachado/OJE

Maria Antónia Figueiredo assume um grande desalento pelo fraco nível de execuçãodo ProDeR nos primeiros três anos e oito meses e não esconde as muitas críticas quetem à forma como o quadro comunitário de apoio à agricultura foi concebido eimplementado em Portugal

Foto: Victor Machado/OJE

Foto: DR

IIITERÇA-FEIRA21 de Setembro de 2010

“NEGOCIAR O PRÓXIMO QUADRO COMUNITÁRIO DEAPOIO SERÁ UM GRANDE DESAFIO PARA PORTUGAL”

FUTURO DA PAC APÓS 2013 DESPERTA QUESTÕES RELEVANTES PARA O SECTOR AGRÍCOLA

O MINISTÉRIO da Agricultura terápela frente grandes dificuldades nanegociação do próximo quadro comu-nitário de apoio para vigorar a partirde 2014, antecipou João Machado,presidente da Confederação dosAgricultores de Portugal (CAP), nopainel de debates que a Agroglobaldedicou ao futuro da Política AgrícolaComum após 2013. Nesse ano encer-rará o actual quadro comunitário deapoio, em vigor desde 2007, e JoãoMachado salienta que “o grandedesafio dos nossos negociadores serátrazer para Portugal um quadrocomunitário melhor que o actual”. Opresidente da CAP lembra quePortugal não tem uma agriculturauniforme e há que ter em conta essadiversidade de culturas, de terrenos,de empresários e até de dimensões.“Para Portugal não é fácil partir paraesta negociação, especialmente quan-do tem dois pilares empatados nestapolítica e quando os países maisfortes não têm esse problema”,

reforçou João Machado, que não hesi-tou em criticar o desperdício deapoios que acontece no país.“Portugal é o campeão do desperdí-cio. Desperdiçamos 12% das ajudasdirectas e desperdiçamos ajudas noProDeR. O caso português é muitodelicado”, conclui o presidente daCAP, lembrando que para osprimeiros 15 países da UniãoEuropeia há o risco claro de ficar commenos dinheiro no próximo quadrocomunitário de apoio, tendo emconta a nova necessidade de distribuiras verbas disponíveis por 27 países.

Nesta mensagem, João Machadoafinou pelo mesmo diapasão deEduardo Diniz, do Gabinete dePlaneamento e Políticas do Ministérioda Agricultura, que assumiu quePortugal tem sido favorecido pelaPolítica Agrícola Comum. “Se olhar-mos para as contribuições e recebi-mentos, vemos que por cada eurocom que Portugal contribui, o paísrecebe 1,5 euros”

PARAR DE PRODUZIRNÃO É O CAMINHOArlindo Cunha, antigo ministro daAgricultura, garante que o futuroobrigará a um exercício interno deequidade, que poderá não ser fácil.“Grande parte dos dinheiros da PACsão gastos em ajudas directas aos pro-dutores e desde 2003 os produtoresrecebem essas ajudas independente-mente da produtividade que tiverem.Ou seja, houve uma mudança de fun-damentação política das ajudas, quepassam a ser encaradas como com-pensações pelos sobrecustos da sobre-vivência na União Europeia, tendo emconta as suas exigências. Por isso,agora é preciso encontrar uma políti-ca comum que assegure que a agricul-tura continua a sobreviver na UniãoEuropeia”, analisa o ex-governante.

Mas Arlindo Cunha lembrou tam-bém os profissionais do sector que “asociedade aceita pagar para ajudar aagricultura, mas não aceita que ela

não produza nada”, pelo que essenunca poderá ser o caminho a seguir.

Para Francisco Avillez, da Agroges,as grandes questões para o futuro daPAC passam precisamente por estaperspectiva. “Como é que se vaiequacionar o futuro das ajudas direc-tas à produção? Será que o tipo depolíticas dos dois pilares continuaráigual?”, questiona. Ainda assim,

Francisco Avillez assume a con-vicção que o final do ano 2013 nãoimplicará uma alteração significati-va no orçamento agrícola comu-nitário. “Acredito que o orçamentose mantenha em linha com o actual,mas será naturalmente necessáriamaior equidade na repartição dosapoio comunitários entre os Estados-Membros”, reconhece.

A Europa a 27 poderá significar algumas dificuldades acrescidas para aagricultura nacional, mas a antevisão apresentada pelos especialistas nãointroduz grande pessimismo para o próximo quadro comunitário de apoio.Ainda assim, é consensual a ideia de que a negociação não será fácil

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Foto: Victor Machado/OJE

IV

“ESTE é um ProDer estatizante e não umquadro comunitário de apoio”, acusouMaria Antónia Figueiredo, secretária-geral adjunta da Confagri, na abertura doprimeiro fórum da Agroglobal. “Estamostristes com a implementação destequadro comunitário em Portugal. Estepacote financeiro, que foi feito para vigo-rar entre 2007 e 2013, não foi concebidopara os agricultores e para a agriculturaportuguesa”, critica a responsável daConfragri, que não hesita em acusar oprograma de ser “a maior aberração dosúltimos anos em Portugal, no que dizrespeito à agricultura”.

A maior indignação de Maria AntóniaFigueiredo voltava-se para o baixo nívelde execução do programa, que a 3 deSetembro se situava nos 23%. “Como épossível obter este nível de execução apóstrês anos e oito meses de programa? Eainda assim só se consegue este índiceporque grande parte da implementaçãodiz respeito a medidas de continuidade”,alega a responsável da Confagri.

Com efeito, o nível mais alto de exe-cução acontece na categoria de“Compromissos Transitados”, cumprido

a 68%, mas contrastando com os 13% deexecução da categoria de “Promoção daCompetitividade”, com os 2% de exe-cução das medidas de “Dinamização dasZonas Rurais” e mais ainda com o nívelde execução de 0,2% na “Promoção doConhecimento e Desenvolvimento deCompetências”.

Além de considerar que este quadrocomunitário foi feito com uma visão esta-tizante, Maria Antónia Figueiredo criticatambém o seu arranque tardio e com-plexo e ainda o facto de os agricultores eas suas organizações “só residualmenteterem sido ouvidos”. A responsável daConfagri está convicta de que a auscul-tação efectuada apenas aconteceu paracumprir uma imposição comunitária,mas Maria Antónia Figueiredo salienta ofacto de “as propostas apresentadas nãoterem sido consideradas”.

Para o tempo que ainda resta paraimplementação do ProDeR, a responsávelda Confagri só deseja dinamismo, queMaria António Figueiredo diz ser impre-scindível para que o futuro da agricul-tura em Portugal não fique posto emcausa.

ESTÁ a decorrer desde 15 de Setembro eaté 15 de Dezembro o prazo de apresen-tação de candidaturas a apoios comu-nitários para investimentos de pequenadimensão, no âmbito do ProDeR. Estãoabrangidos nestas candidaturas os inves-timentos na aquisição de equipamentospara melhoramento ambiental e eficiên-cia energética das explorações, naaquisição de outros equipamentos emáquinas agrícolas e melhoramentosfundiários, os investimentos nas peque-nas construções e ainda as pequenas

plantações plirianuais. Para seremeleitos, os projectos devem envolverinvestimentos entre os 5.000 e os 25.000euros. Não estão abrangidos nestas candi-daturas a compra de bens de equipamen-to em estado de uso ou substituição, acaptação de águas subterrâneas atravésde furos, a instalação de equipamentosfinanciados através de contratos delocação financeira ou de aluguer de longaduração, nem a constituição de garantiasou o pagamento de juros de dívida.

Os apoios serão concedidos sob a forma

de subsídios não reembolsáveis, até aomáximo de 40% para Zonas Favorecidas e50% para Zonas Desfavorecidas.

Os beneficiários podem apresentarmais do que um pedido de apoio, desdeque os investimentos apresentados nascandidaturas digam respeito a diferentesactividades produtivas.

A partir de 1 de Outubro, abrem aindaos prazos para apresentação de candidat-uras para obtenção de apoio nas áreas daCooperação e Inovação e Modernização eCapacitação das Empresas Florestais.

O MINISTÉRIO da Agricultura, doDesenvolvimento Rural e das Pescasreforçou em 25 milhões de euros adisponibilidade financeira da linha decrédito de apoio à agricultura dirigidaa empresas de produção, de produtosagrícolas e pecuários. Esta linha decrédito destina-se ao financiamento deoperações de investimento, reforço dofundo de maneio ou liquidação de dívi-das contraídas junto de instituições decrédito ou fornecedores.

A linha de crédito de apoio à agricul-tura nasceu em Janeiro, com um mon-tante máximo de 50 milhões de euros,mas o Governo decidiu agora, em por-taria conjunta emitida pelos Ministériosda Agricultura e Finanças, alargar para

75 milhões de euros a verba disponívelpara apoios. Na origem desta decisãoesteve o elevado índice de procura que alinha de crédito registou logo nosprimeiros meses de funcionamento. Emcomunicado, o Ministério da Agriculturareconhece que em meados do anocomeçou a perceber que a verba disponi-bilizada rapidamente seria esgotada, oque terá levado a avançar com a decisãode reforçar a disponibilidade financeirada linha, “procurando assegurar que ospromotores que apresentaram candidat-uras à linha de crédito não verão as suasexpectativas defraudadas”. A linha decrédito em causa funciona a seis anos,com dois anos de carência e uma bonifi-cação média de 85%.

PRODER ABRE NOVAS CANDIDATURAS

MADRP REFORÇA LINHA DE CRÉDITO PARA AGRICULTURA

“OPINIÃO PÚBLICA SÓTEM IMAGEM DOSAGRICULTORES DE ‘MÃOESTENDIDA’”

ISABEL MARTINS DESAFIO SECTORAGRÍCOLA A DIVULGAR MELHORA SUA COMPETITIVIDADE

“ESTE PRODER É A MAIOR ABERRAÇÃO DOSÚLTIMOS ANOS NA AGRICULTURA PORTUGUESA”

SECRETÁRIA-GERAL ADJUNTA DA CONFAGRI CRITICA ATRASOS E CONCEITOS DOQUADRO COMUNITÁRIO DE APOIO

Acredita que valeu a pena repetir a Agroglobal um ano depois doprimeiro evento?Com certeza. A Agroglobal é uma aposta ganha por parte dos seusorganizadores.

É um conceito inovador no nosso país, com uma vertente práti-ca que vai ao encontro das ambições das empresas do sector e dosagricultores. Representa o melhor da agricultura portuguesa, umsector vivo, dinâmico, profissional e cada vez mais sofisticado.Mais do que uma “montra” de equipamentos e serviços, é umademonstração da vitalidade e da vontade de fazer dos agricul-tores, apesar de todas as condicionantes actuais, quer de merca-do, quer de política agrícola.

Para si, o que a edição deste ano trouxe de mais relevante?Foi notório o crescimento e a abertura para novas culturas paraalém do milho, tornando o evento mais abrangente. A edição de2010 consolidou ainda o papel da Agroglobal como ponto deencontro dos profissionais do sector. É um local privilegiado parao networking e troca de experiências.

Moderou o fórum que juntou João César das Neves, SevinatePinto e Luís Mira. No final, que balanço faz deste debate?Foi um animado e aguerrido debate de ideias. Não é fácil paraalguns economistas perceber as especificidades do sector, talcomo para um agricultor é chocante perceber a lógica da ditadu-ra do mercado. De um lado tivemos a defesa do papel da pro-dução agrícola e do seu valor estratégico e do outro a constataçãopessoal de João César das Neves de que a agricultura é sacraliza-da pelos políticos que investem continuamente num sector quenão é competitivo. Será difícil pôr de acordo Armando SevinatePinto, Luís Mira e João César das Neves nestas matérias…

Em primeiro lugar é preciso esclarecer que uma grande parteda produção agrícola nacional é competitiva: os hortícolas, osfrutícolas, o azeite, o vinho, os produtos florestais, entre muitosoutros… até alguns cereais. Lembro que as empresas cervejeirasnacionais há cinco anos atrás compravam cevada dística emFrança e neste momento compram em Portugal com igualrelação qualidade/preço. E que multinacionais como a Nestlécompram no nosso país cereais como trigo ou arroz com baixoteor de pesticidas para alimentação infantil, culturas possíveisapenas pelas especificidades das nossas condições climáticas(clima seco/menos pragas/menos tratamentos fitossanitários).Somos produtores de excelência e com vocação exportadora emmuitas áreas e, como diz Armando Sevinate Pinto, a ideia de quecompramos fora tudo o que consumimos é falsa.

Para além disso, a agricultura é muito mais do que produzir ali-mentos. Tem uma função ambiental, social e territorial muitoforte. È produtora de um conjunto de chamados “bens públicos”,que justificam a continuação de políticas proteccionistas paraque esta actividade se mantenha em muitas regiões do país.

Referiu nesse debate que a agricultura nem sempre sabe comu-nicar aquilo que de bom tem. Este sector tem muito trabalho afazer nesta área da comunicação?

Sem dúvida. O sector comunica muito pouco e quando o faz ésempre pelas piores razões: para chamar a atenção para calami-dades, para reivindicar ajudas, para denunciar más opções políti-cas… É óbvio que tudo isto é importante, mas resulta numaopinião pública intoxicada de más notícias e com uma imagemdos agricultores de “mão estendida” à procura de subsídios. Aagricultura e a agro-indústria portuguesa estão ao nível do que demelhor se faz na Europa e têm centenas de bons exemplos paradar. Era importante que os agricultores e os seus representantesprocurassem revelar o que de bom se faz e dar a conhecer a agri-cultura pela positiva.

IV QUINTA-FEIRA23 de Setembro de 2010

Isabel Martins,directora da revista“Vida Rural”Foto: VictorMachado/OJE

Maria Antónia Figueiredo assume um grande desalento pelo fraco nível de execuçãodo ProDeR nos primeiros três anos e oito meses e não esconde as muitas críticas quetem à forma como o quadro comunitário de apoio à agricultura foi concebido eimplementado em Portugal

Foto: Victor Machado/OJE

Foto: DR

ProDer abre novas canDiDaturas

“Este é um ProDer estatizante e não um quadro comunitário de apoio”, acusou Maria Antónia Fi-gueiredo, secretária-geral adjunta da Confagri, na abertura do pri-meiro fórum da Agroglobal. “Esta-mos tristes com a implementação deste quadro comunitário em Por-tugal. Este pacote financeiro, que foi feito para vigorar entre 2007 e 2013, não foi concebido para os agricultores e para a agricultura portuguesa”, critica a responsável da Confragri, que não hesita em acusar o programa de ser “a maior aberração dos últimos anos em Portugal, no que diz respeito à agricultura”.

A maior indignação de Maria Antónia Figueiredo voltava-se para o baixo nível de execução do programa, que a 3 de Setembro se situava nos 23%. “Como é possível obter este nível de execução após três anos e oito meses de progra-ma? E ainda assim só se consegue este índice porque grande parte da implementação diz respeito a medidas de continuidade”, alega a responsável da Confagri.

Com efeito, o nível mais alto

de execução acontece na categoria de “Compromissos Transitados”, cumprido a 68%, mas contras-tando com os 13% de execução da categoria de “Promoção da Competitividade”, com os 2% de execução das medidas de “Dina-mização das Zonas Rurais” e mais ainda com o nível de execução de 0,2% na “Promoção do Conhe-cimento e Desenvolvimento de Competências”.

Além de considerar que este quadro comunitário foi feito com uma visão estatizante, Maria An-tónia Figueiredo critica também o seu arranque tardio e complexo e ainda o facto de os agricultores e as suas organizações “só resi-dualmente terem sido ouvidos”. A responsável da Confagri está convicta de que a auscultação efectuada apenas aconteceu para cumprir uma imposição comunitária, mas Maria Antónia Figueiredo salienta o facto de “as propostas apresentadas não terem sido consideradas”.

Para o tempo que ainda resta para implementação do ProDeR, a responsável da Confagri só deseja

dinamismo, que Maria António Figueiredo diz ser imprescindível para que o futuro da agricultura em Portugal não fique posto em causa.

Acredita que valeu a pena repetir a Agroglobal um ano depois do primeiro evento?

Com certeza. A Agroglobal é uma aposta ganha por parte dos seus organizadores.

É um conceito inovador no nosso país, com uma vertente prá-tica que vai ao encontro das ambições das empresas do sector e dos agricultores. Representa o melhor da agricultura portuguesa, um sector vivo, dinâmico, profissional e cada vez mais sofisticado. Mais do que uma “montra” de equipamentos e serviços, é uma demonstração da vitalidade e da vontade de fazer dos agricultores, apesar de todas as condicionantes actuais, quer de mercado, quer de política agrícola.

Para si, o que a edição deste ano trouxe de mais relevante?Foi notório o crescimento e a abertura para novas culturas

para além do milho, tornando o evento mais abrangente. A edição de 2010 consolidou ainda o papel da Agroglobal como ponto de encontro dos profissionais do sector. É um local privilegiado para o networking e troca de experiências.

Moderou o fórum que juntou João César das Neves, Sevinate Pinto e Luís Mira. No final, que balanço faz deste debate?

Foi um animado e aguerrido debate de ideias. Não é fácil para alguns economistas perceber as especificidades do sector, tal como para um agricultor é chocante perceber a lógica da ditadura do mer-cado. De um lado tivemos a defesa do papel da produção agrícola e do seu valor estratégico e do outro a constatação pessoal de João César das Neves de que a agricultura é sacralizada pelos políticos que investem continuamente num sector que não é competitivo. Será difícil pôr de acordo Armando Sevinate Pinto, Luís Mira e João César das Neves nestas matérias…

Em primeiro lugar é preciso esclarecer que uma grande parte da produção agrícola nacional é competitiva: os hortícolas, os frutíco-las, o azeite, o vinho, os produtos florestais, entre muitos outros… até alguns cereais. Lembro que as empresas cervejeiras nacionais há cinco anos atrás compravam cevada dística em França e neste momento compram em Portugal com igual relação qualidade/preço. E que multinacionais como a Nestlé compram no nosso país cereais como trigo ou arroz com baixo teor de pesticidas para alimentação infantil, culturas possíveis apenas pelas especificidades das nossas condições climáticas (clima seco/menos pragas/menos tratamentos fitossanitários). Somos produtores de excelência e com vocação exportadora em muitas áreas e, como diz Armando Sevinate Pinto, a ideia de que compramos fora tudo o que consumimos é falsa.

Para além disso, a agricultura é muito mais do que produzir alimentos. Tem uma função ambiental, social e territorial muito forte. È produtora de um conjunto de chamados “bens públicos”, que justificam a continuação de políticas proteccionistas para que esta actividade se mantenha em muitas regiões do país.

Referiu nesse debate que a agricultura nem sempre sabe co-municar aquilo que de bom tem. Este sector tem muito trabalho a fazer nesta área da comunicação?

Sem dúvida. O sector comunica muito pouco e quando o faz é sempre pelas piores razões: para chamar a atenção para calamidades, para reivindicar ajudas, para denunciar más opções políticas… É óbvio que tudo isto é importante, mas resulta numa opinião pública intoxicada de más notícias e com uma imagem dos agricultores de “mão estendida” à procura de subsídios. A agricultura e a agro-indústria portuguesa estão ao nível do que de melhor se faz na Europa e têm centenas de bons exemplos para dar. Era importante que os agricultores e os seus representantes procurassem revelar o que de bom se faz e dar a conhecer a agricultura pela positiva.

MaDrP reforça linha De créDito Para agricultura

“ESTE é um ProDer estatizante e não umquadro comunitário de apoio”, acusouMaria Antónia Figueiredo, secretária-geral adjunta da Confagri, na abertura doprimeiro fórum da Agroglobal. “Estamostristes com a implementação destequadro comunitário em Portugal. Estepacote financeiro, que foi feito para vigo-rar entre 2007 e 2013, não foi concebidopara os agricultores e para a agriculturaportuguesa”, critica a responsável daConfragri, que não hesita em acusar oprograma de ser “a maior aberração dosúltimos anos em Portugal, no que dizrespeito à agricultura”.

A maior indignação de Maria AntóniaFigueiredo voltava-se para o baixo nívelde execução do programa, que a 3 deSetembro se situava nos 23%. “Como épossível obter este nível de execução apóstrês anos e oito meses de programa? Eainda assim só se consegue este índiceporque grande parte da implementaçãodiz respeito a medidas de continuidade”,alega a responsável da Confagri.

Com efeito, o nível mais alto de exe-cução acontece na categoria de“Compromissos Transitados”, cumprido

a 68%, mas contrastando com os 13% deexecução da categoria de “Promoção daCompetitividade”, com os 2% de exe-cução das medidas de “Dinamização dasZonas Rurais” e mais ainda com o nívelde execução de 0,2% na “Promoção doConhecimento e Desenvolvimento deCompetências”.

Além de considerar que este quadrocomunitário foi feito com uma visão esta-tizante, Maria Antónia Figueiredo criticatambém o seu arranque tardio e com-plexo e ainda o facto de os agricultores eas suas organizações “só residualmenteterem sido ouvidos”. A responsável daConfagri está convicta de que a auscul-tação efectuada apenas aconteceu paracumprir uma imposição comunitária,mas Maria Antónia Figueiredo salienta ofacto de “as propostas apresentadas nãoterem sido consideradas”.

Para o tempo que ainda resta paraimplementação do ProDeR, a responsávelda Confagri só deseja dinamismo, queMaria António Figueiredo diz ser impre-scindível para que o futuro da agricul-tura em Portugal não fique posto emcausa.

ESTÁ a decorrer desde 15 de Setembro eaté 15 de Dezembro o prazo de apresen-tação de candidaturas a apoios comu-nitários para investimentos de pequenadimensão, no âmbito do ProDeR. Estãoabrangidos nestas candidaturas os inves-timentos na aquisição de equipamentospara melhoramento ambiental e eficiên-cia energética das explorações, naaquisição de outros equipamentos emáquinas agrícolas e melhoramentosfundiários, os investimentos nas peque-nas construções e ainda as pequenas

plantações plirianuais. Para seremeleitos, os projectos devem envolverinvestimentos entre os 5.000 e os 25.000euros. Não estão abrangidos nestas candi-daturas a compra de bens de equipamen-to em estado de uso ou substituição, acaptação de águas subterrâneas atravésde furos, a instalação de equipamentosfinanciados através de contratos delocação financeira ou de aluguer de longaduração, nem a constituição de garantiasou o pagamento de juros de dívida.

Os apoios serão concedidos sob a forma

de subsídios não reembolsáveis, até aomáximo de 40% para Zonas Favorecidas e50% para Zonas Desfavorecidas.

Os beneficiários podem apresentarmais do que um pedido de apoio, desdeque os investimentos apresentados nascandidaturas digam respeito a diferentesactividades produtivas.

A partir de 1 de Outubro, abrem aindaos prazos para apresentação de candidat-uras para obtenção de apoio nas áreas daCooperação e Inovação e Modernização eCapacitação das Empresas Florestais.

O MINISTÉRIO da Agricultura, doDesenvolvimento Rural e das Pescasreforçou em 25 milhões de euros adisponibilidade financeira da linha decrédito de apoio à agricultura dirigidaa empresas de produção, de produtosagrícolas e pecuários. Esta linha decrédito destina-se ao financiamento deoperações de investimento, reforço dofundo de maneio ou liquidação de dívi-das contraídas junto de instituições decrédito ou fornecedores.

A linha de crédito de apoio à agricul-tura nasceu em Janeiro, com um mon-tante máximo de 50 milhões de euros,mas o Governo decidiu agora, em por-taria conjunta emitida pelos Ministériosda Agricultura e Finanças, alargar para

75 milhões de euros a verba disponívelpara apoios. Na origem desta decisãoesteve o elevado índice de procura que alinha de crédito registou logo nosprimeiros meses de funcionamento. Emcomunicado, o Ministério da Agriculturareconhece que em meados do anocomeçou a perceber que a verba disponi-bilizada rapidamente seria esgotada, oque terá levado a avançar com a decisãode reforçar a disponibilidade financeirada linha, “procurando assegurar que ospromotores que apresentaram candidat-uras à linha de crédito não verão as suasexpectativas defraudadas”. A linha decrédito em causa funciona a seis anos,com dois anos de carência e uma bonifi-cação média de 85%.

PRODER ABRE NOVAS CANDIDATURAS

MADRP REFORÇA LINHA DE CRÉDITO PARA AGRICULTURA

“OPINIÃO PÚBLICA SÓTEM IMAGEM DOSAGRICULTORES DE ‘MÃOESTENDIDA’”

ISABEL MARTINS DESAFIO SECTORAGRÍCOLA A DIVULGAR MELHORA SUA COMPETITIVIDADE

“ESTE PRODER É A MAIOR ABERRAÇÃO DOSÚLTIMOS ANOS NA AGRICULTURA PORTUGUESA”

SECRETÁRIA-GERAL ADJUNTA DA CONFAGRI CRITICA ATRASOS E CONCEITOS DOQUADRO COMUNITÁRIO DE APOIO

Acredita que valeu a pena repetir a Agroglobal um ano depois doprimeiro evento?Com certeza. A Agroglobal é uma aposta ganha por parte dos seusorganizadores.

É um conceito inovador no nosso país, com uma vertente práti-ca que vai ao encontro das ambições das empresas do sector e dosagricultores. Representa o melhor da agricultura portuguesa, umsector vivo, dinâmico, profissional e cada vez mais sofisticado.Mais do que uma “montra” de equipamentos e serviços, é umademonstração da vitalidade e da vontade de fazer dos agricul-tores, apesar de todas as condicionantes actuais, quer de merca-do, quer de política agrícola.

Para si, o que a edição deste ano trouxe de mais relevante?Foi notório o crescimento e a abertura para novas culturas paraalém do milho, tornando o evento mais abrangente. A edição de2010 consolidou ainda o papel da Agroglobal como ponto deencontro dos profissionais do sector. É um local privilegiado parao networking e troca de experiências.

Moderou o fórum que juntou João César das Neves, SevinatePinto e Luís Mira. No final, que balanço faz deste debate?Foi um animado e aguerrido debate de ideias. Não é fácil paraalguns economistas perceber as especificidades do sector, talcomo para um agricultor é chocante perceber a lógica da ditadu-ra do mercado. De um lado tivemos a defesa do papel da pro-dução agrícola e do seu valor estratégico e do outro a constataçãopessoal de João César das Neves de que a agricultura é sacraliza-da pelos políticos que investem continuamente num sector quenão é competitivo. Será difícil pôr de acordo Armando SevinatePinto, Luís Mira e João César das Neves nestas matérias…

Em primeiro lugar é preciso esclarecer que uma grande parteda produção agrícola nacional é competitiva: os hortícolas, osfrutícolas, o azeite, o vinho, os produtos florestais, entre muitosoutros… até alguns cereais. Lembro que as empresas cervejeirasnacionais há cinco anos atrás compravam cevada dística emFrança e neste momento compram em Portugal com igualrelação qualidade/preço. E que multinacionais como a Nestlécompram no nosso país cereais como trigo ou arroz com baixoteor de pesticidas para alimentação infantil, culturas possíveisapenas pelas especificidades das nossas condições climáticas(clima seco/menos pragas/menos tratamentos fitossanitários).Somos produtores de excelência e com vocação exportadora emmuitas áreas e, como diz Armando Sevinate Pinto, a ideia de quecompramos fora tudo o que consumimos é falsa.

Para além disso, a agricultura é muito mais do que produzir ali-mentos. Tem uma função ambiental, social e territorial muitoforte. È produtora de um conjunto de chamados “bens públicos”,que justificam a continuação de políticas proteccionistas paraque esta actividade se mantenha em muitas regiões do país.

Referiu nesse debate que a agricultura nem sempre sabe comu-nicar aquilo que de bom tem. Este sector tem muito trabalho afazer nesta área da comunicação?

Sem dúvida. O sector comunica muito pouco e quando o faz ésempre pelas piores razões: para chamar a atenção para calami-dades, para reivindicar ajudas, para denunciar más opções políti-cas… É óbvio que tudo isto é importante, mas resulta numaopinião pública intoxicada de más notícias e com uma imagemdos agricultores de “mão estendida” à procura de subsídios. Aagricultura e a agro-indústria portuguesa estão ao nível do que demelhor se faz na Europa e têm centenas de bons exemplos paradar. Era importante que os agricultores e os seus representantesprocurassem revelar o que de bom se faz e dar a conhecer a agri-cultura pela positiva.

IV QUINTA-FEIRA23 de Setembro de 2010

Isabel Martins,directora da revista“Vida Rural”Foto: VictorMachado/OJE

Maria Antónia Figueiredo assume um grande desalento pelo fraco nível de execuçãodo ProDeR nos primeiros três anos e oito meses e não esconde as muitas críticas quetem à forma como o quadro comunitário de apoio à agricultura foi concebido eimplementado em Portugal

Foto: Victor Machado/OJE

Foto: DR

O Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas reforçou em 25 milhões de euros a disponibilidade financeira da linha de crédito de apoio à agricultura dirigida a empresas de produção, de produtos agrícolas e pecuários. Esta linha de crédi-to destina-se ao financiamento de operações de investimento, reforço do fundo de maneio ou liquidação de dívidas contraídas junto de instituições de crédito ou fornecedores.

A linha de crédito de apoio à agricultura nasceu em Janeiro, com um montante máximo de 50 milhões de euros, mas o Governo decidiu agora, em portaria con-junta emitida pelos Ministérios da Agricultura e Finanças, alargar para 75 milhões de euros a verba disponível para apoios. Na origem desta decisão esteve o elevado índice de procura que a linha de crédito registou logo nos primei-ros meses de funcionamento. Em comunicado, o Ministério da Agri-

cultura reconhece que em meados do ano começou a perceber que a verba disponibilizada rapidamen-te seria esgotada, o que terá levado a avançar com a decisão de refor-çar a disponibilidade financeira da linha, “procurando assegurar que os promotores que apresentaram candidaturas à linha de crédito não verão as suas expectativas defraudadas”. A linha de crédito em causa funciona a seis anos, com dois anos de carência e uma bonificação média de 85%.

IIITERÇA-FEIRA21 de Setembro de 2010

“NEGOCIAR O PRÓXIMO QUADRO COMUNITÁRIO DEAPOIO SERÁ UM GRANDE DESAFIO PARA PORTUGAL”

FUTURO DA PAC APÓS 2013 DESPERTA QUESTÕES RELEVANTES PARA O SECTOR AGRÍCOLA

O MINISTÉRIO da Agricultura terápela frente grandes dificuldades nanegociação do próximo quadro comu-nitário de apoio para vigorar a partirde 2014, antecipou João Machado,presidente da Confederação dosAgricultores de Portugal (CAP), nopainel de debates que a Agroglobaldedicou ao futuro da Política AgrícolaComum após 2013. Nesse ano encer-rará o actual quadro comunitário deapoio, em vigor desde 2007, e JoãoMachado salienta que “o grandedesafio dos nossos negociadores serátrazer para Portugal um quadrocomunitário melhor que o actual”. Opresidente da CAP lembra quePortugal não tem uma agriculturauniforme e há que ter em conta essadiversidade de culturas, de terrenos,de empresários e até de dimensões.“Para Portugal não é fácil partir paraesta negociação, especialmente quan-do tem dois pilares empatados nestapolítica e quando os países maisfortes não têm esse problema”,

reforçou João Machado, que não hesi-tou em criticar o desperdício deapoios que acontece no país.“Portugal é o campeão do desperdí-cio. Desperdiçamos 12% das ajudasdirectas e desperdiçamos ajudas noProDeR. O caso português é muitodelicado”, conclui o presidente daCAP, lembrando que para osprimeiros 15 países da UniãoEuropeia há o risco claro de ficar commenos dinheiro no próximo quadrocomunitário de apoio, tendo emconta a nova necessidade de distribuiras verbas disponíveis por 27 países.

Nesta mensagem, João Machadoafinou pelo mesmo diapasão deEduardo Diniz, do Gabinete dePlaneamento e Políticas do Ministérioda Agricultura, que assumiu quePortugal tem sido favorecido pelaPolítica Agrícola Comum. “Se olhar-mos para as contribuições e recebi-mentos, vemos que por cada eurocom que Portugal contribui, o paísrecebe 1,5 euros”

PARAR DE PRODUZIRNÃO É O CAMINHOArlindo Cunha, antigo ministro daAgricultura, garante que o futuroobrigará a um exercício interno deequidade, que poderá não ser fácil.“Grande parte dos dinheiros da PACsão gastos em ajudas directas aos pro-dutores e desde 2003 os produtoresrecebem essas ajudas independente-mente da produtividade que tiverem.Ou seja, houve uma mudança de fun-damentação política das ajudas, quepassam a ser encaradas como com-pensações pelos sobrecustos da sobre-vivência na União Europeia, tendo emconta as suas exigências. Por isso,agora é preciso encontrar uma políti-ca comum que assegure que a agricul-tura continua a sobreviver na UniãoEuropeia”, analisa o ex-governante.

Mas Arlindo Cunha lembrou tam-bém os profissionais do sector que “asociedade aceita pagar para ajudar aagricultura, mas não aceita que ela

não produza nada”, pelo que essenunca poderá ser o caminho a seguir.

Para Francisco Avillez, da Agroges,as grandes questões para o futuro daPAC passam precisamente por estaperspectiva. “Como é que se vaiequacionar o futuro das ajudas direc-tas à produção? Será que o tipo depolíticas dos dois pilares continuaráigual?”, questiona. Ainda assim,

Francisco Avillez assume a con-vicção que o final do ano 2013 nãoimplicará uma alteração significati-va no orçamento agrícola comu-nitário. “Acredito que o orçamentose mantenha em linha com o actual,mas será naturalmente necessáriamaior equidade na repartição dosapoio comunitários entre os Estados-Membros”, reconhece.

A Europa a 27 poderá significar algumas dificuldades acrescidas para aagricultura nacional, mas a antevisão apresentada pelos especialistas nãointroduz grande pessimismo para o próximo quadro comunitário de apoio.Ainda assim, é consensual a ideia de que a negociação não será fácil

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Foto: Victor Machado/OJE

IIITERÇA-FEIRA21 de Setembro de 2010

“NEGOCIAR O PRÓXIMO QUADRO COMUNITÁRIO DEAPOIO SERÁ UM GRANDE DESAFIO PARA PORTUGAL”

FUTURO DA PAC APÓS 2013 DESPERTA QUESTÕES RELEVANTES PARA O SECTOR AGRÍCOLA

O MINISTÉRIO da Agricultura terápela frente grandes dificuldades nanegociação do próximo quadro comu-nitário de apoio para vigorar a partirde 2014, antecipou João Machado,presidente da Confederação dosAgricultores de Portugal (CAP), nopainel de debates que a Agroglobaldedicou ao futuro da Política AgrícolaComum após 2013. Nesse ano encer-rará o actual quadro comunitário deapoio, em vigor desde 2007, e JoãoMachado salienta que “o grandedesafio dos nossos negociadores serátrazer para Portugal um quadrocomunitário melhor que o actual”. Opresidente da CAP lembra quePortugal não tem uma agriculturauniforme e há que ter em conta essadiversidade de culturas, de terrenos,de empresários e até de dimensões.“Para Portugal não é fácil partir paraesta negociação, especialmente quan-do tem dois pilares empatados nestapolítica e quando os países maisfortes não têm esse problema”,

reforçou João Machado, que não hesi-tou em criticar o desperdício deapoios que acontece no país.“Portugal é o campeão do desperdí-cio. Desperdiçamos 12% das ajudasdirectas e desperdiçamos ajudas noProDeR. O caso português é muitodelicado”, conclui o presidente daCAP, lembrando que para osprimeiros 15 países da UniãoEuropeia há o risco claro de ficar commenos dinheiro no próximo quadrocomunitário de apoio, tendo emconta a nova necessidade de distribuiras verbas disponíveis por 27 países.

Nesta mensagem, João Machadoafinou pelo mesmo diapasão deEduardo Diniz, do Gabinete dePlaneamento e Políticas do Ministérioda Agricultura, que assumiu quePortugal tem sido favorecido pelaPolítica Agrícola Comum. “Se olhar-mos para as contribuições e recebi-mentos, vemos que por cada eurocom que Portugal contribui, o paísrecebe 1,5 euros”

PARAR DE PRODUZIRNÃO É O CAMINHOArlindo Cunha, antigo ministro daAgricultura, garante que o futuroobrigará a um exercício interno deequidade, que poderá não ser fácil.“Grande parte dos dinheiros da PACsão gastos em ajudas directas aos pro-dutores e desde 2003 os produtoresrecebem essas ajudas independente-mente da produtividade que tiverem.Ou seja, houve uma mudança de fun-damentação política das ajudas, quepassam a ser encaradas como com-pensações pelos sobrecustos da sobre-vivência na União Europeia, tendo emconta as suas exigências. Por isso,agora é preciso encontrar uma políti-ca comum que assegure que a agricul-tura continua a sobreviver na UniãoEuropeia”, analisa o ex-governante.

Mas Arlindo Cunha lembrou tam-bém os profissionais do sector que “asociedade aceita pagar para ajudar aagricultura, mas não aceita que ela

não produza nada”, pelo que essenunca poderá ser o caminho a seguir.

Para Francisco Avillez, da Agroges,as grandes questões para o futuro daPAC passam precisamente por estaperspectiva. “Como é que se vaiequacionar o futuro das ajudas direc-tas à produção? Será que o tipo depolíticas dos dois pilares continuaráigual?”, questiona. Ainda assim,

Francisco Avillez assume a con-vicção que o final do ano 2013 nãoimplicará uma alteração significati-va no orçamento agrícola comu-nitário. “Acredito que o orçamentose mantenha em linha com o actual,mas será naturalmente necessáriamaior equidade na repartição dosapoio comunitários entre os Estados-Membros”, reconhece.

A Europa a 27 poderá significar algumas dificuldades acrescidas para aagricultura nacional, mas a antevisão apresentada pelos especialistas nãointroduz grande pessimismo para o próximo quadro comunitário de apoio.Ainda assim, é consensual a ideia de que a negociação não será fácil

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Foto: Victor Machado/OJE

Está a decorrer desde 15 de Setembro e até 15 de Dezembro o prazo de apresentação de candida-turas a apoios comunitários para investimentos de pequena dimen-são, no âmbito do ProDeR. Estão abrangidos nestas candidaturas os investimentos na aquisição de equipamentos para melhoramento ambiental e eficiência energética das explorações, na aquisição de outros equipamentos e máqui-nas agrícolas e melhoramentos fundiários, os investimentos nas pequenas construções e ainda as pequenas plantações plirianuais.

Para serem eleitos, os projectos devem envolver investimentos entre os 5.000 e os 25.000 euros. Não estão abrangidos nestas can-didaturas a compra de bens de equipamento em estado de uso ou substituição, a captação de águas subterrâneas através de furos, a instalação de equipamentos fi-nanciados através de contratos de locação financeira ou de aluguer de longa duração, nem a constituição de garantias ou o pagamento de juros de dívida.

Os apoios serão concedidos sob a forma de subsídios não reem-

bolsáveis, até ao máximo de 40% para Zonas Favorecidas e 50% para Zonas Desfavorecidas.

Os beneficiários podem apre-sentar mais do que um pedido de apoio, desde que os investimentos apresentados nas candidaturas digam respeito a diferentes acti-vidades produtivas.

A partir de 1 de Outubro, abrem ainda os prazos para apresentação de candidaturas para obtenção de apoio nas áre-as da Cooperação e Inovação e Modernização e Capacitação das Empresas Florestais.

IIITERÇA-FEIRA21 de Setembro de 2010

“NEGOCIAR O PRÓXIMO QUADRO COMUNITÁRIO DEAPOIO SERÁ UM GRANDE DESAFIO PARA PORTUGAL”

FUTURO DA PAC APÓS 2013 DESPERTA QUESTÕES RELEVANTES PARA O SECTOR AGRÍCOLA

O MINISTÉRIO da Agricultura terápela frente grandes dificuldades nanegociação do próximo quadro comu-nitário de apoio para vigorar a partirde 2014, antecipou João Machado,presidente da Confederação dosAgricultores de Portugal (CAP), nopainel de debates que a Agroglobaldedicou ao futuro da Política AgrícolaComum após 2013. Nesse ano encer-rará o actual quadro comunitário deapoio, em vigor desde 2007, e JoãoMachado salienta que “o grandedesafio dos nossos negociadores serátrazer para Portugal um quadrocomunitário melhor que o actual”. Opresidente da CAP lembra quePortugal não tem uma agriculturauniforme e há que ter em conta essadiversidade de culturas, de terrenos,de empresários e até de dimensões.“Para Portugal não é fácil partir paraesta negociação, especialmente quan-do tem dois pilares empatados nestapolítica e quando os países maisfortes não têm esse problema”,

reforçou João Machado, que não hesi-tou em criticar o desperdício deapoios que acontece no país.“Portugal é o campeão do desperdí-cio. Desperdiçamos 12% das ajudasdirectas e desperdiçamos ajudas noProDeR. O caso português é muitodelicado”, conclui o presidente daCAP, lembrando que para osprimeiros 15 países da UniãoEuropeia há o risco claro de ficar commenos dinheiro no próximo quadrocomunitário de apoio, tendo emconta a nova necessidade de distribuiras verbas disponíveis por 27 países.

Nesta mensagem, João Machadoafinou pelo mesmo diapasão deEduardo Diniz, do Gabinete dePlaneamento e Políticas do Ministérioda Agricultura, que assumiu quePortugal tem sido favorecido pelaPolítica Agrícola Comum. “Se olhar-mos para as contribuições e recebi-mentos, vemos que por cada eurocom que Portugal contribui, o paísrecebe 1,5 euros”

PARAR DE PRODUZIRNÃO É O CAMINHOArlindo Cunha, antigo ministro daAgricultura, garante que o futuroobrigará a um exercício interno deequidade, que poderá não ser fácil.“Grande parte dos dinheiros da PACsão gastos em ajudas directas aos pro-dutores e desde 2003 os produtoresrecebem essas ajudas independente-mente da produtividade que tiverem.Ou seja, houve uma mudança de fun-damentação política das ajudas, quepassam a ser encaradas como com-pensações pelos sobrecustos da sobre-vivência na União Europeia, tendo emconta as suas exigências. Por isso,agora é preciso encontrar uma políti-ca comum que assegure que a agricul-tura continua a sobreviver na UniãoEuropeia”, analisa o ex-governante.

Mas Arlindo Cunha lembrou tam-bém os profissionais do sector que “asociedade aceita pagar para ajudar aagricultura, mas não aceita que ela

não produza nada”, pelo que essenunca poderá ser o caminho a seguir.

Para Francisco Avillez, da Agroges,as grandes questões para o futuro daPAC passam precisamente por estaperspectiva. “Como é que se vaiequacionar o futuro das ajudas direc-tas à produção? Será que o tipo depolíticas dos dois pilares continuaráigual?”, questiona. Ainda assim,

Francisco Avillez assume a con-vicção que o final do ano 2013 nãoimplicará uma alteração significati-va no orçamento agrícola comu-nitário. “Acredito que o orçamentose mantenha em linha com o actual,mas será naturalmente necessáriamaior equidade na repartição dosapoio comunitários entre os Estados-Membros”, reconhece.

A Europa a 27 poderá significar algumas dificuldades acrescidas para aagricultura nacional, mas a antevisão apresentada pelos especialistas nãointroduz grande pessimismo para o próximo quadro comunitário de apoio.Ainda assim, é consensual a ideia de que a negociação não será fácil

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Foto: Victor Machado/OJE

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IIITERÇA-FEIRA21 de Setembro de 2010

“NEGOCIAR O PRÓXIMO QUADRO COMUNITÁRIO DEAPOIO SERÁ UM GRANDE DESAFIO PARA PORTUGAL”

FUTURO DA PAC APÓS 2013 DESPERTA QUESTÕES RELEVANTES PARA O SECTOR AGRÍCOLA

O MINISTÉRIO da Agricultura terápela frente grandes dificuldades nanegociação do próximo quadro comu-nitário de apoio para vigorar a partirde 2014, antecipou João Machado,presidente da Confederação dosAgricultores de Portugal (CAP), nopainel de debates que a Agroglobaldedicou ao futuro da Política AgrícolaComum após 2013. Nesse ano encer-rará o actual quadro comunitário deapoio, em vigor desde 2007, e JoãoMachado salienta que “o grandedesafio dos nossos negociadores serátrazer para Portugal um quadrocomunitário melhor que o actual”. Opresidente da CAP lembra quePortugal não tem uma agriculturauniforme e há que ter em conta essadiversidade de culturas, de terrenos,de empresários e até de dimensões.“Para Portugal não é fácil partir paraesta negociação, especialmente quan-do tem dois pilares empatados nestapolítica e quando os países maisfortes não têm esse problema”,

reforçou João Machado, que não hesi-tou em criticar o desperdício deapoios que acontece no país.“Portugal é o campeão do desperdí-cio. Desperdiçamos 12% das ajudasdirectas e desperdiçamos ajudas noProDeR. O caso português é muitodelicado”, conclui o presidente daCAP, lembrando que para osprimeiros 15 países da UniãoEuropeia há o risco claro de ficar commenos dinheiro no próximo quadrocomunitário de apoio, tendo emconta a nova necessidade de distribuiras verbas disponíveis por 27 países.

Nesta mensagem, João Machadoafinou pelo mesmo diapasão deEduardo Diniz, do Gabinete dePlaneamento e Políticas do Ministérioda Agricultura, que assumiu quePortugal tem sido favorecido pelaPolítica Agrícola Comum. “Se olhar-mos para as contribuições e recebi-mentos, vemos que por cada eurocom que Portugal contribui, o paísrecebe 1,5 euros”

PARAR DE PRODUZIRNÃO É O CAMINHOArlindo Cunha, antigo ministro daAgricultura, garante que o futuroobrigará a um exercício interno deequidade, que poderá não ser fácil.“Grande parte dos dinheiros da PACsão gastos em ajudas directas aos pro-dutores e desde 2003 os produtoresrecebem essas ajudas independente-mente da produtividade que tiverem.Ou seja, houve uma mudança de fun-damentação política das ajudas, quepassam a ser encaradas como com-pensações pelos sobrecustos da sobre-vivência na União Europeia, tendo emconta as suas exigências. Por isso,agora é preciso encontrar uma políti-ca comum que assegure que a agricul-tura continua a sobreviver na UniãoEuropeia”, analisa o ex-governante.

Mas Arlindo Cunha lembrou tam-bém os profissionais do sector que “asociedade aceita pagar para ajudar aagricultura, mas não aceita que ela

não produza nada”, pelo que essenunca poderá ser o caminho a seguir.

Para Francisco Avillez, da Agroges,as grandes questões para o futuro daPAC passam precisamente por estaperspectiva. “Como é que se vaiequacionar o futuro das ajudas direc-tas à produção? Será que o tipo depolíticas dos dois pilares continuaráigual?”, questiona. Ainda assim,

Francisco Avillez assume a con-vicção que o final do ano 2013 nãoimplicará uma alteração significati-va no orçamento agrícola comu-nitário. “Acredito que o orçamentose mantenha em linha com o actual,mas será naturalmente necessáriamaior equidade na repartição dosapoio comunitários entre os Estados-Membros”, reconhece.

A Europa a 27 poderá significar algumas dificuldades acrescidas para aagricultura nacional, mas a antevisão apresentada pelos especialistas nãointroduz grande pessimismo para o próximo quadro comunitário de apoio.Ainda assim, é consensual a ideia de que a negociação não será fácil

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IIITERÇA-FEIRA21 de Setembro de 2010

“NEGOCIAR O PRÓXIMO QUADRO COMUNITÁRIO DEAPOIO SERÁ UM GRANDE DESAFIO PARA PORTUGAL”

FUTURO DA PAC APÓS 2013 DESPERTA QUESTÕES RELEVANTES PARA O SECTOR AGRÍCOLA

O MINISTÉRIO da Agricultura terápela frente grandes dificuldades nanegociação do próximo quadro comu-nitário de apoio para vigorar a partirde 2014, antecipou João Machado,presidente da Confederação dosAgricultores de Portugal (CAP), nopainel de debates que a Agroglobaldedicou ao futuro da Política AgrícolaComum após 2013. Nesse ano encer-rará o actual quadro comunitário deapoio, em vigor desde 2007, e JoãoMachado salienta que “o grandedesafio dos nossos negociadores serátrazer para Portugal um quadrocomunitário melhor que o actual”. Opresidente da CAP lembra quePortugal não tem uma agriculturauniforme e há que ter em conta essadiversidade de culturas, de terrenos,de empresários e até de dimensões.“Para Portugal não é fácil partir paraesta negociação, especialmente quan-do tem dois pilares empatados nestapolítica e quando os países maisfortes não têm esse problema”,

reforçou João Machado, que não hesi-tou em criticar o desperdício deapoios que acontece no país.“Portugal é o campeão do desperdí-cio. Desperdiçamos 12% das ajudasdirectas e desperdiçamos ajudas noProDeR. O caso português é muitodelicado”, conclui o presidente daCAP, lembrando que para osprimeiros 15 países da UniãoEuropeia há o risco claro de ficar commenos dinheiro no próximo quadrocomunitário de apoio, tendo emconta a nova necessidade de distribuiras verbas disponíveis por 27 países.

Nesta mensagem, João Machadoafinou pelo mesmo diapasão deEduardo Diniz, do Gabinete dePlaneamento e Políticas do Ministérioda Agricultura, que assumiu quePortugal tem sido favorecido pelaPolítica Agrícola Comum. “Se olhar-mos para as contribuições e recebi-mentos, vemos que por cada eurocom que Portugal contribui, o paísrecebe 1,5 euros”

PARAR DE PRODUZIRNÃO É O CAMINHOArlindo Cunha, antigo ministro daAgricultura, garante que o futuroobrigará a um exercício interno deequidade, que poderá não ser fácil.“Grande parte dos dinheiros da PACsão gastos em ajudas directas aos pro-dutores e desde 2003 os produtoresrecebem essas ajudas independente-mente da produtividade que tiverem.Ou seja, houve uma mudança de fun-damentação política das ajudas, quepassam a ser encaradas como com-pensações pelos sobrecustos da sobre-vivência na União Europeia, tendo emconta as suas exigências. Por isso,agora é preciso encontrar uma políti-ca comum que assegure que a agricul-tura continua a sobreviver na UniãoEuropeia”, analisa o ex-governante.

Mas Arlindo Cunha lembrou tam-bém os profissionais do sector que “asociedade aceita pagar para ajudar aagricultura, mas não aceita que ela

não produza nada”, pelo que essenunca poderá ser o caminho a seguir.

Para Francisco Avillez, da Agroges,as grandes questões para o futuro daPAC passam precisamente por estaperspectiva. “Como é que se vaiequacionar o futuro das ajudas direc-tas à produção? Será que o tipo depolíticas dos dois pilares continuaráigual?”, questiona. Ainda assim,

Francisco Avillez assume a con-vicção que o final do ano 2013 nãoimplicará uma alteração significati-va no orçamento agrícola comu-nitário. “Acredito que o orçamentose mantenha em linha com o actual,mas será naturalmente necessáriamaior equidade na repartição dosapoio comunitários entre os Estados-Membros”, reconhece.

A Europa a 27 poderá significar algumas dificuldades acrescidas para aagricultura nacional, mas a antevisão apresentada pelos especialistas nãointroduz grande pessimismo para o próximo quadro comunitário de apoio.Ainda assim, é consensual a ideia de que a negociação não será fácil

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Foto: Victor Machado/OJE

V

“As ajudas são sempre um momentoconfortável. É como urinar na cama.Ao princípio está tudo quentinho,mas depois percebemos que afinalestá também tudo sujo”. As palavrasdo economista João César das Nevesdeixaram estupefactos os agricultoresque assistiam ao debate maisaguardado da Agroglobal, sobre aspotencialidades do sector para setornar numa prioridade económicanacional. E foi precisamente Césardas Neves quem respondeu sem hesi-

tar, dizendo que “a pior coisa quepodia acontecer à agricultura eratornar-se prioridade nacional”, lem-brando os exemplos de anteriorespaixões governamentais de Governos.

Mas o economista considera que oproblema da Agricultura portuguesaé querer ser competitiva na perspecti-va errada. “Os nossos produtos nuncadeviam concorrer com a China. Osnossos produtos deviam vender-senas ourivesarias porque era sinal deque eram valiosos, poucos, mas muito

bons”, mas César das Neves está con-victo de que nada disto é compatívelcom o modelo de agricultura exercidoem Portugal, com total dependênciade apoios estatais e comunitários. “OEstado distorce a agricultura e euestou convencido de que esta inter-venção do Estado é prejudicial para aagricultura”, afirmou o economista.

COMPETITIVIDADE NÃO ESTÁ EM CAUSALuís Mira, secretário-geral da Con-federação dos Agricultores de

Portugal (CAP), não gostou de ouvirCésar das Neves criticar a competitivi-dade da agricultura portuguesa e fezquestão de lembrar o economista deque “estes agricultores pagam ogasóleo mais caro que os seus vizin-hos espanhóis, pagam impostos maiselevados sobre os tractores, pagam aenergia mais cara e ainda a taxa deágua mais elevada que os seus concor-rentes espanhóis”. O secretário-geralda CAP confirma que “viver na agri-cultura em Portugal sem ajudas éuma utopia, mas critica veemente-mente que Portugal tenha sido ummau utilizador da Política AgrícolaComum (PAC). “Os últimos cinco anostêm sido um desastre. Chegámos aos12% de subutilização das verbas”. Eem matéria de recursos financeiros,as críticas de Luís Mira não ficam poraqui. “A agricultura vai ser uma prior-idade ao nível europeu. Com 4,6 milmilhões de euros à disposição haviaforma de tornar a agricultura numaprioridade nacional. Mas a agricul-tura só voltará a ser prioridade quan-do houver uma crise pior do queaquela que houve. E a Europa nãotem stocks. Está preocupada com aenergia e não com a alimentação”,acusa o secretário-geral da CAP.

A CULPA NÃO É DA PACPara Sevinate Pinto, consultor daAgroges e ex-ministro da Agri-cultura, um dos maiores perigospara o sector reside nas ideiasfeitas. “São perigosíssimas para aagricultura. Podem ser nefastas. Eas ideias feitas são difíceis de des-

fazer porque são repetidas muitasvezes”, salientou o ex-governante.“Uma dessas ideias feitas é a deque a agricultura depende muitodo exterior, quando na verdade sódepende do exterior em 25 a 30%porque a autosuficiência alimen-tar de Portugal chega aos 70%”,revela Sevinate Pinto. “A outraideia feita é a de atirar sempre cul-pas à PAC. É uma ingenuidade. Senão fosse a PAC já não teríamosagricultura ou viveríamos na mis-éria. Não conheço nenhumaadega, lagar, estufa, olival, bar-ragem ou captação de água impor-tante e moderna que não tenhasido feita com a ajuda da PAC. Eisto não quer dizer que esteja tudobem na PAC”, ressalvou o ex-min-istro. Sevinate Pinto confirma quea agricultura portuguesa estálonge de ser uma prioridadenacional, mas espera que “pelomenos não se torne em desprezonacional”.

Já em matéria de desemprego, LuísMira e César das Neves estiveram deacordo. “A taxa de desemprego emPortugal ronda os 11% e na agricul-tura é de 2,3%”, salientou César dasNeves. E Luís Mira constatou que “naagricultura há pouco desempregoporque não há emprego, há trabal-ho, e há poucas pessoas disponíveispara aceitar trabalhar na agricul-tura”. Mas Luís Mira acredita que“daqui a alguns anos a agriculturavai voltar a ser uma prioridade e umorgulho para todos aqueles que sãoagricultores”

VQUINTA-FEIRA23 de Setembro de 2010

AGRICULTURA PODE SER PRIORIDADE NACIONAL?O debate prometia ser aceso, mas foi quando César das Neves comparouou subsídios à agricultura a “urinar na cama” que a conversa subiu detom. Sevinate Pinto e Luís Mira responderam ao economista, em defesa dacompetitividade na agricultura

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xxxxxx Foto: Victor Machado/OJE xxxxxx Foto: Victor Machado/OJE xxxxxx Foto: Victor Machado/OJE

“As ajudas são sempre um momentoconfortável. É como urinar na cama.Ao princípio está tudo quentinho,mas depois percebemos que afinalestá também tudo sujo”. As palavrasdo economista João César das Nevesdeixaram estupefactos os agricultoresque assistiam ao debate maisaguardado da Agroglobal, sobre aspotencialidades do sector para setornar numa prioridade económicanacional. E foi precisamente Césardas Neves quem respondeu sem hesi-

tar, dizendo que “a pior coisa quepodia acontecer à agricultura eratornar-se prioridade nacional”, lem-brando os exemplos de anteriorespaixões governamentais de Governos.

Mas o economista considera que oproblema da Agricultura portuguesaé querer ser competitiva na perspecti-va errada. “Os nossos produtos nuncadeviam concorrer com a China. Osnossos produtos deviam vender-senas ourivesarias porque era sinal deque eram valiosos, poucos, mas muito

bons”, mas César das Neves está con-victo de que nada disto é compatívelcom o modelo de agricultura exercidoem Portugal, com total dependênciade apoios estatais e comunitários. “OEstado distorce a agricultura e euestou convencido de que esta inter-venção do Estado é prejudicial para aagricultura”, afirmou o economista.

COMPETITIVIDADE NÃO ESTÁ EM CAUSALuís Mira, secretário-geral da Con-federação dos Agricultores de

Portugal (CAP), não gostou de ouvirCésar das Neves criticar a competitivi-dade da agricultura portuguesa e fezquestão de lembrar o economista deque “estes agricultores pagam ogasóleo mais caro que os seus vizin-hos espanhóis, pagam impostos maiselevados sobre os tractores, pagam aenergia mais cara e ainda a taxa deágua mais elevada que os seus concor-rentes espanhóis”. O secretário-geralda CAP confirma que “viver na agri-cultura em Portugal sem ajudas éuma utopia, mas critica veemente-mente que Portugal tenha sido ummau utilizador da Política AgrícolaComum (PAC). “Os últimos cinco anostêm sido um desastre. Chegámos aos12% de subutilização das verbas”. Eem matéria de recursos financeiros,as críticas de Luís Mira não ficam poraqui. “A agricultura vai ser uma prior-idade ao nível europeu. Com 4,6 milmilhões de euros à disposição haviaforma de tornar a agricultura numaprioridade nacional. Mas a agricul-tura só voltará a ser prioridade quan-do houver uma crise pior do queaquela que houve. E a Europa nãotem stocks. Está preocupada com aenergia e não com a alimentação”,acusa o secretário-geral da CAP.

A CULPA NÃO É DA PACPara Sevinate Pinto, consultor daAgroges e ex-ministro da Agri-cultura, um dos maiores perigospara o sector reside nas ideiasfeitas. “São perigosíssimas para aagricultura. Podem ser nefastas. Eas ideias feitas são difíceis de des-

fazer porque são repetidas muitasvezes”, salientou o ex-governante.“Uma dessas ideias feitas é a deque a agricultura depende muitodo exterior, quando na verdade sódepende do exterior em 25 a 30%porque a autosuficiência alimen-tar de Portugal chega aos 70%”,revela Sevinate Pinto. “A outraideia feita é a de atirar sempre cul-pas à PAC. É uma ingenuidade. Senão fosse a PAC já não teríamosagricultura ou viveríamos na mis-éria. Não conheço nenhumaadega, lagar, estufa, olival, bar-ragem ou captação de água impor-tante e moderna que não tenhasido feita com a ajuda da PAC. Eisto não quer dizer que esteja tudobem na PAC”, ressalvou o ex-min-istro. Sevinate Pinto confirma quea agricultura portuguesa estálonge de ser uma prioridadenacional, mas espera que “pelomenos não se torne em desprezonacional”.

Já em matéria de desemprego, LuísMira e César das Neves estiveram deacordo. “A taxa de desemprego emPortugal ronda os 11% e na agricul-tura é de 2,3%”, salientou César dasNeves. E Luís Mira constatou que “naagricultura há pouco desempregoporque não há emprego, há trabal-ho, e há poucas pessoas disponíveispara aceitar trabalhar na agricul-tura”. Mas Luís Mira acredita que“daqui a alguns anos a agriculturavai voltar a ser uma prioridade e umorgulho para todos aqueles que sãoagricultores”

VQUINTA-FEIRA23 de Setembro de 2010

AGRICULTURA PODE SER PRIORIDADE NACIONAL?O debate prometia ser aceso, mas foi quando César das Neves comparouou subsídios à agricultura a “urinar na cama” que a conversa subiu detom. Sevinate Pinto e Luís Mira responderam ao economista, em defesa dacompetitividade na agricultura

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xxxxxx Foto: Victor Machado/OJE xxxxxx Foto: Victor Machado/OJE xxxxxx Foto: Victor Machado/OJE

“As ajudas são sempre um momento confortável. É como urinar na cama. Ao princípio está tudo quentinho, mas de-pois percebemos que afinal está também tudo sujo”. As palavras do economista João César das Neves deixaram estupefactos os agricultores que assistiam ao debate mais aguardado da Agro-global, sobre as potencialidades do sector para se tornar numa prioridade económica nacional. E foi precisamente César das Neves quem respondeu sem hesitar, dizendo que “a pior coisa que

podia acontecer à agricultura era tornar-se prioridade nacional”, lembrando os exemplos de an-teriores paixões governamentais de Governos.

Mas o economista considera que o problema da Agricultura portuguesa é querer ser compe-titiva na perspectiva errada. “Os nossos produtos nunca deviam concorrer com a China. Os nossos produtos deviam vender-se nas ourivesarias porque era sinal de que eram valiosos, poucos, mas muito bons”, mas César das Neves está convicto de que nada disto

é compatível com o modelo de agricultura exercido em Portu-gal, com total dependência de apoios estatais e comunitários. “O Estado distorce a agricultura e eu estou convencido de que esta intervenção do Estado é prejudicial para a agricultura”, afirmou o economista.

Competitividade não está em CausaLuís Mira, secretário-geral da

Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), não gostou de ouvir César das Neves criticar a competitividade da agricultura

portuguesa e fez questão de lem-brar o economista de que “estes agricultores pagam o gasóleo mais caro que os seus vizinhos espanhóis, pagam impostos mais elevados sobre os tractores, pa-gam a energia mais cara e ainda a taxa de água mais elevada que os seus concorrentes espanhóis”. O secretário-geral da CAP confirma que “viver na agricultura em Por-tugal sem ajudas é uma utopia, mas critica veementemente que Portugal tenha sido um mau utilizador da Política Agrícola Comum (PAC). “Os últimos cinco anos têm sido um desastre. Che-gámos aos 12% de subutilização das verbas”. E em matéria de recursos financeiros, as críticas de Luís Mira não ficam por aqui. “A agricultura vai ser uma prio-ridade ao nível europeu. Com 4,6 mil milhões de euros à disposição havia forma de tornar a agricul-tura numa prioridade nacional. Mas a agricultura só voltará a ser prioridade quando houver uma crise pior do que aquela que houve. E a Europa não tem stocks. Está preocupada com a energia e não com a alimentação”, acusa o secretário-geral da CAP.

a Culpa não é da paCPara Sevinate Pinto, consultor

da Agroges e ex-ministro da Agri-cultura, um dos maiores perigos para o sector reside nas ideias feitas. “São perigosíssimas para a agricultura. Podem ser nefastas. E as ideias feitas são difíceis de desfazer porque são repetidas

muitas vezes”, salientou o ex-governante. “Uma dessas ideias feitas é a de que a agricultura de-pende muito do exterior, quando na verdade só depende do exterior em 25 a 30% porque a autosu-ficiência alimentar de Portugal chega aos 70%”, revela Sevinate Pinto. “A outra ideia feita é a de atirar sempre culpas à PAC. É uma ingenuidade. Se não fosse a PAC já não teríamos agricultura ou vive-ríamos na miséria. Não conheço nenhuma adega, lagar, estufa, olival, barragem ou captação de água importante e moderna que não tenha sido feita com a ajuda da PAC. E isto não quer dizer que esteja tudo bem na PAC”, ressalvou o ex-ministro. Sevinate Pinto confirma que a agricultura portuguesa está longe de ser uma prioridade nacional, mas espera que “pelo menos não se torne em desprezo nacional”.

Já em matéria de desempre-go, Luís Mira e César das Neves estiveram de acordo. “A taxa de desemprego em Portugal ronda os 11% e na agricultura é de 2,3%”, salientou César das Neves. E Luís Mira constatou que “na agricultura há pouco desemprego porque não há em-prego, há trabalho, e há poucas pessoas disponíveis para aceitar trabalhar na agricultura”. Mas Luís Mira acredita que “daqui a alguns anos a agricultura vai voltar a ser uma prioridade e um orgulho para todos aqueles que são agricultores”

“ESTE é um ProDer estatizante e não umquadro comunitário de apoio”, acusouMaria Antónia Figueiredo, secretária-geral adjunta da Confagri, na abertura doprimeiro fórum da Agroglobal. “Estamostristes com a implementação destequadro comunitário em Portugal. Estepacote financeiro, que foi feito para vigo-rar entre 2007 e 2013, não foi concebidopara os agricultores e para a agriculturaportuguesa”, critica a responsável daConfragri, que não hesita em acusar oprograma de ser “a maior aberração dosúltimos anos em Portugal, no que dizrespeito à agricultura”.

A maior indignação de Maria AntóniaFigueiredo voltava-se para o baixo nívelde execução do programa, que a 3 deSetembro se situava nos 23%. “Como épossível obter este nível de execução apóstrês anos e oito meses de programa? Eainda assim só se consegue este índiceporque grande parte da implementaçãodiz respeito a medidas de continuidade”,alega a responsável da Confagri.

Com efeito, o nível mais alto de exe-cução acontece na categoria de“Compromissos Transitados”, cumprido

a 68%, mas contrastando com os 13% deexecução da categoria de “Promoção daCompetitividade”, com os 2% de exe-cução das medidas de “Dinamização dasZonas Rurais” e mais ainda com o nívelde execução de 0,2% na “Promoção doConhecimento e Desenvolvimento deCompetências”.

Além de considerar que este quadrocomunitário foi feito com uma visão esta-tizante, Maria Antónia Figueiredo criticatambém o seu arranque tardio e com-plexo e ainda o facto de os agricultores eas suas organizações “só residualmenteterem sido ouvidos”. A responsável daConfagri está convicta de que a auscul-tação efectuada apenas aconteceu paracumprir uma imposição comunitária,mas Maria Antónia Figueiredo salienta ofacto de “as propostas apresentadas nãoterem sido consideradas”.

Para o tempo que ainda resta paraimplementação do ProDeR, a responsávelda Confagri só deseja dinamismo, queMaria António Figueiredo diz ser impre-scindível para que o futuro da agricul-tura em Portugal não fique posto emcausa.

ESTÁ a decorrer desde 15 de Setembro eaté 15 de Dezembro o prazo de apresen-tação de candidaturas a apoios comu-nitários para investimentos de pequenadimensão, no âmbito do ProDeR. Estãoabrangidos nestas candidaturas os inves-timentos na aquisição de equipamentospara melhoramento ambiental e eficiên-cia energética das explorações, naaquisição de outros equipamentos emáquinas agrícolas e melhoramentosfundiários, os investimentos nas peque-nas construções e ainda as pequenas

plantações plirianuais. Para seremeleitos, os projectos devem envolverinvestimentos entre os 5.000 e os 25.000euros. Não estão abrangidos nestas candi-daturas a compra de bens de equipamen-to em estado de uso ou substituição, acaptação de águas subterrâneas atravésde furos, a instalação de equipamentosfinanciados através de contratos delocação financeira ou de aluguer de longaduração, nem a constituição de garantiasou o pagamento de juros de dívida.

Os apoios serão concedidos sob a forma

de subsídios não reembolsáveis, até aomáximo de 40% para Zonas Favorecidas e50% para Zonas Desfavorecidas.

Os beneficiários podem apresentarmais do que um pedido de apoio, desdeque os investimentos apresentados nascandidaturas digam respeito a diferentesactividades produtivas.

A partir de 1 de Outubro, abrem aindaos prazos para apresentação de candidat-uras para obtenção de apoio nas áreas daCooperação e Inovação e Modernização eCapacitação das Empresas Florestais.

O MINISTÉRIO da Agricultura, doDesenvolvimento Rural e das Pescasreforçou em 25 milhões de euros adisponibilidade financeira da linha decrédito de apoio à agricultura dirigidaa empresas de produção, de produtosagrícolas e pecuários. Esta linha decrédito destina-se ao financiamento deoperações de investimento, reforço dofundo de maneio ou liquidação de dívi-das contraídas junto de instituições decrédito ou fornecedores.

A linha de crédito de apoio à agricul-tura nasceu em Janeiro, com um mon-tante máximo de 50 milhões de euros,mas o Governo decidiu agora, em por-taria conjunta emitida pelos Ministériosda Agricultura e Finanças, alargar para

75 milhões de euros a verba disponívelpara apoios. Na origem desta decisãoesteve o elevado índice de procura que alinha de crédito registou logo nosprimeiros meses de funcionamento. Emcomunicado, o Ministério da Agriculturareconhece que em meados do anocomeçou a perceber que a verba disponi-bilizada rapidamente seria esgotada, oque terá levado a avançar com a decisãode reforçar a disponibilidade financeirada linha, “procurando assegurar que ospromotores que apresentaram candidat-uras à linha de crédito não verão as suasexpectativas defraudadas”. A linha decrédito em causa funciona a seis anos,com dois anos de carência e uma bonifi-cação média de 85%.

PRODER ABRE NOVAS CANDIDATURAS

MADRP REFORÇA LINHA DE CRÉDITO PARA AGRICULTURA

“OPINIÃO PÚBLICA SÓTEM IMAGEM DOSAGRICULTORES DE ‘MÃOESTENDIDA’”

ISABEL MARTINS DESAFIO SECTORAGRÍCOLA A DIVULGAR MELHORA SUA COMPETITIVIDADE

“ESTE PRODER É A MAIOR ABERRAÇÃO DOSÚLTIMOS ANOS NA AGRICULTURA PORTUGUESA”

SECRETÁRIA-GERAL ADJUNTA DA CONFAGRI CRITICA ATRASOS E CONCEITOS DOQUADRO COMUNITÁRIO DE APOIO

Acredita que valeu a pena repetir a Agroglobal um ano depois doprimeiro evento?Com certeza. A Agroglobal é uma aposta ganha por parte dos seusorganizadores.

É um conceito inovador no nosso país, com uma vertente práti-ca que vai ao encontro das ambições das empresas do sector e dosagricultores. Representa o melhor da agricultura portuguesa, umsector vivo, dinâmico, profissional e cada vez mais sofisticado.Mais do que uma “montra” de equipamentos e serviços, é umademonstração da vitalidade e da vontade de fazer dos agricul-tores, apesar de todas as condicionantes actuais, quer de merca-do, quer de política agrícola.

Para si, o que a edição deste ano trouxe de mais relevante?Foi notório o crescimento e a abertura para novas culturas paraalém do milho, tornando o evento mais abrangente. A edição de2010 consolidou ainda o papel da Agroglobal como ponto deencontro dos profissionais do sector. É um local privilegiado parao networking e troca de experiências.

Moderou o fórum que juntou João César das Neves, SevinatePinto e Luís Mira. No final, que balanço faz deste debate?Foi um animado e aguerrido debate de ideias. Não é fácil paraalguns economistas perceber as especificidades do sector, talcomo para um agricultor é chocante perceber a lógica da ditadu-ra do mercado. De um lado tivemos a defesa do papel da pro-dução agrícola e do seu valor estratégico e do outro a constataçãopessoal de João César das Neves de que a agricultura é sacraliza-da pelos políticos que investem continuamente num sector quenão é competitivo. Será difícil pôr de acordo Armando SevinatePinto, Luís Mira e João César das Neves nestas matérias…

Em primeiro lugar é preciso esclarecer que uma grande parteda produção agrícola nacional é competitiva: os hortícolas, osfrutícolas, o azeite, o vinho, os produtos florestais, entre muitosoutros… até alguns cereais. Lembro que as empresas cervejeirasnacionais há cinco anos atrás compravam cevada dística emFrança e neste momento compram em Portugal com igualrelação qualidade/preço. E que multinacionais como a Nestlécompram no nosso país cereais como trigo ou arroz com baixoteor de pesticidas para alimentação infantil, culturas possíveisapenas pelas especificidades das nossas condições climáticas(clima seco/menos pragas/menos tratamentos fitossanitários).Somos produtores de excelência e com vocação exportadora emmuitas áreas e, como diz Armando Sevinate Pinto, a ideia de quecompramos fora tudo o que consumimos é falsa.

Para além disso, a agricultura é muito mais do que produzir ali-mentos. Tem uma função ambiental, social e territorial muitoforte. È produtora de um conjunto de chamados “bens públicos”,que justificam a continuação de políticas proteccionistas paraque esta actividade se mantenha em muitas regiões do país.

Referiu nesse debate que a agricultura nem sempre sabe comu-nicar aquilo que de bom tem. Este sector tem muito trabalho afazer nesta área da comunicação?

Sem dúvida. O sector comunica muito pouco e quando o faz ésempre pelas piores razões: para chamar a atenção para calami-dades, para reivindicar ajudas, para denunciar más opções políti-cas… É óbvio que tudo isto é importante, mas resulta numaopinião pública intoxicada de más notícias e com uma imagemdos agricultores de “mão estendida” à procura de subsídios. Aagricultura e a agro-indústria portuguesa estão ao nível do que demelhor se faz na Europa e têm centenas de bons exemplos paradar. Era importante que os agricultores e os seus representantesprocurassem revelar o que de bom se faz e dar a conhecer a agri-cultura pela positiva.

IV QUINTA-FEIRA23 de Setembro de 2010

Isabel Martins,directora da revista“Vida Rural”Foto: VictorMachado/OJE

Maria Antónia Figueiredo assume um grande desalento pelo fraco nível de execuçãodo ProDeR nos primeiros três anos e oito meses e não esconde as muitas críticas quetem à forma como o quadro comunitário de apoio à agricultura foi concebido eimplementado em Portugal

Foto: Victor Machado/OJE

Foto: DR

IIITERÇA-FEIRA21 de Setembro de 2010

“NEGOCIAR O PRÓXIMO QUADRO COMUNITÁRIO DEAPOIO SERÁ UM GRANDE DESAFIO PARA PORTUGAL”

FUTURO DA PAC APÓS 2013 DESPERTA QUESTÕES RELEVANTES PARA O SECTOR AGRÍCOLA

O MINISTÉRIO da Agricultura terápela frente grandes dificuldades nanegociação do próximo quadro comu-nitário de apoio para vigorar a partirde 2014, antecipou João Machado,presidente da Confederação dosAgricultores de Portugal (CAP), nopainel de debates que a Agroglobaldedicou ao futuro da Política AgrícolaComum após 2013. Nesse ano encer-rará o actual quadro comunitário deapoio, em vigor desde 2007, e JoãoMachado salienta que “o grandedesafio dos nossos negociadores serátrazer para Portugal um quadrocomunitário melhor que o actual”. Opresidente da CAP lembra quePortugal não tem uma agriculturauniforme e há que ter em conta essadiversidade de culturas, de terrenos,de empresários e até de dimensões.“Para Portugal não é fácil partir paraesta negociação, especialmente quan-do tem dois pilares empatados nestapolítica e quando os países maisfortes não têm esse problema”,

reforçou João Machado, que não hesi-tou em criticar o desperdício deapoios que acontece no país.“Portugal é o campeão do desperdí-cio. Desperdiçamos 12% das ajudasdirectas e desperdiçamos ajudas noProDeR. O caso português é muitodelicado”, conclui o presidente daCAP, lembrando que para osprimeiros 15 países da UniãoEuropeia há o risco claro de ficar commenos dinheiro no próximo quadrocomunitário de apoio, tendo emconta a nova necessidade de distribuiras verbas disponíveis por 27 países.

Nesta mensagem, João Machadoafinou pelo mesmo diapasão deEduardo Diniz, do Gabinete dePlaneamento e Políticas do Ministérioda Agricultura, que assumiu quePortugal tem sido favorecido pelaPolítica Agrícola Comum. “Se olhar-mos para as contribuições e recebi-mentos, vemos que por cada eurocom que Portugal contribui, o paísrecebe 1,5 euros”

PARAR DE PRODUZIRNÃO É O CAMINHOArlindo Cunha, antigo ministro daAgricultura, garante que o futuroobrigará a um exercício interno deequidade, que poderá não ser fácil.“Grande parte dos dinheiros da PACsão gastos em ajudas directas aos pro-dutores e desde 2003 os produtoresrecebem essas ajudas independente-mente da produtividade que tiverem.Ou seja, houve uma mudança de fun-damentação política das ajudas, quepassam a ser encaradas como com-pensações pelos sobrecustos da sobre-vivência na União Europeia, tendo emconta as suas exigências. Por isso,agora é preciso encontrar uma políti-ca comum que assegure que a agricul-tura continua a sobreviver na UniãoEuropeia”, analisa o ex-governante.

Mas Arlindo Cunha lembrou tam-bém os profissionais do sector que “asociedade aceita pagar para ajudar aagricultura, mas não aceita que ela

não produza nada”, pelo que essenunca poderá ser o caminho a seguir.

Para Francisco Avillez, da Agroges,as grandes questões para o futuro daPAC passam precisamente por estaperspectiva. “Como é que se vaiequacionar o futuro das ajudas direc-tas à produção? Será que o tipo depolíticas dos dois pilares continuaráigual?”, questiona. Ainda assim,

Francisco Avillez assume a con-vicção que o final do ano 2013 nãoimplicará uma alteração significati-va no orçamento agrícola comu-nitário. “Acredito que o orçamentose mantenha em linha com o actual,mas será naturalmente necessáriamaior equidade na repartição dosapoio comunitários entre os Estados-Membros”, reconhece.

A Europa a 27 poderá significar algumas dificuldades acrescidas para aagricultura nacional, mas a antevisão apresentada pelos especialistas nãointroduz grande pessimismo para o próximo quadro comunitário de apoio.Ainda assim, é consensual a ideia de que a negociação não será fácil

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Foto: Victor Machado/OJE

VIVI QUINTA-FEIRA23 de Setembro de 2010

- €

50,00 €

100,00 €

150,00 €

200,00 €

250,00 €

300,00 €

350,00

Jan Fev Mar Abril Maio Junho Julho Agosto

Títu

lo d

o Ei

xo

Ano 2010 - Evolução CotaçõesPrincipais Cereais e Oleaginosas

trigo mole panificável trigo mole forrageiro girassol trigo duro

375€ (+17%)

240€ (+50%)

220€ (+73%)205€ (+67%)

320€

160€127€

123€

DADOS INTRODUTÓRIOS:CONSTATAÇÃO DA VOLATILIDADEEste artigo foca-se na volatilidade dealgumas das principais matérias pri-mas agrícolas que estão na base,directa e indirectamente, da alimen-tação humana.

Os principais usos das matérias pri-mas de que vamos falar são osseguintes:

Matéria prima1 Trigo panificável e melhorador2 Trigo e outros cereais forrageiros3 Girassol4 Trigo duro e cevada dística

Uso humano directo1 Farinha de pão, bolachas, bolos;

cereais pequeno almoço

3 Óleo vegetal alimentar

4 Massas alimentares (esparguete,lasanha, etc...), cous cous, ébly;farinha pão; malte para cerveja

Uso humano indirecto2 Rações para animais (vacas, por-

cos, aves); biocombustíveis

3 Biocombustíveis

4 Rações para animais

De semelhante importância em ter-mos mundiais temos ainda o milho eo arroz que, por motivos de falta deconhecimentos do autor, não serãoagora abordados, não obstante a suavitalidade em termos de abastecimen-to alimentar mundial.

Se todos reflectirmos um pouco, doinício até ao final do dia de cada umde nós, estamos sempre a alimentar-nos à base directa ou indirecta destescereais, daí a sua essencialidade einteresse estratégico.

Nos últimos 3 anos estas matériasprimas, ou a forma como têm sido(in)geridas, têm sido responsáveis poralguns importantes acontecimentosem todo o globo, de que destacamos:

Em 2007/8 ocorreu uma crise ali-mentar, pelo facto destes produtosterem visto os seus preços mais queduplicar no espaço de alguns meses.Houve graves problemas de abasteci-

nos alimentar do exterior, quandohoje, em Portugal, já só produzimoscerca de ¼ do consumo nacional decereais. A preços correntes de 140€ atonelada, o consumo nacional de4milhões de tons representa um vol-ume de negócios na ordem dos560.000.000,00€.

CENÁRIO B:INVERTER O RUMO ACTUALCaso, como eu, se venha a considerarque não se pode negligenciar destaforma um sector estratégico, algumasmedidas importantes deveriam sertomadas no sector dos cereais:

• Definição de uma política clarade médio prazo para o sector: naAustrália os sectores agrícolas têmpolíticas estratégicas de 10 a 12 anos,o que também sucede em Portugal,por exemplo, no sector energéticoonde existe a Estratégia Nacional daEnergia 2020. Só assim será possíveldefinir metas e objectivos com basenas quais os agentes económicosfarão as suas opções.

• Massificação da contratualizaçãode médio prazo entre produtores,indústria e distribuição: face aospreços baixos praticados pela dis-tribuição ao consumidor final é fun-damental a transparência de proces-sos de produção e fabrico de forma apermitir a contratualização combase, pelo menos parcialmente, nasmargens de ambos os agentes. Hámuito que não se enriquece na agri-cultura, pelo que muitos estariamdispostos a celebrar contratos commargens garantidas hipotéticas de 5ou 6%, o que representaria uma segu-rança acrescida para toda a fileira.

• Maior responsabilização colectivapara a importância do sector enquan-to fonte dos principais alimentos queingerimos: é fundamental incutir nasociedade a vitalidade de um sectoragrícola produtivo. Tal como o é tam-bém da importância da indústria.Hoje é frequente uma insurreiçãopelo aumento de 5% do preço do pão,quando os bens alimentares repre-sentam no cabaz de compras tantocomo os gastos em transportes, que,esses sim, poderia em certos casos serneglicenciados. Com facilidade con-sidera-se cara uma compra mensal de300€ de supermercado, mas aceita-sesem pestanejar pagar 100€ de serviçode televisão por cabo.

CONCLUSÃO:Sobretudo por todos estes motivosentendo que um país deve ser ambi-cioso na produção de bens que sejamessenciais ao bem-estar da sua popu-lação, caos designadamente da agri-cultura e da segurança.

Não defendo uma produção total-mente anti-económica desses bens,pelo que deverá ser delineada umapolítica de médio – longo prazo quedefina metas ambiciosas masrazoáveis, sobretudo, quando o paísainda detém capacidade produtivacrítica nos sectores em causa. No diaem que já só existirem netos deagricultores e não houvermaquinaria produtiva, então oesforço de voltar a produzir custará10 vezes mais e demorará o dobrodo tempo.

mento no México e África, bem comoracionamentos em vários países daÁsia.

Em finais de 2008 e durante todo oano de 2009 assistiu-se à tomada deuma série de medidas por parte dealguns países que compreenderam aimportância do auto-abastecimentoface à volatilidade dos preços, de quedestacamos:

• Compra generalizada de terraarável, sobretudo em África, mastambém na Roménia e Bulgária, porparte de fundos soberanos, por exem-plo da Arábia Saudita, China e Coreiado Sul;

• Por outro lado, países como aRússia, Brasil, Canadá e Chinareforçaram os seus mecanismosnacionais de concentração da pro-dução de produtos agrícolas ou decompra de factores de produção parafornecimento à produção nacional apreços mais competitivos.

Para ajudar a compreender aimportância da equação é tambémimportante referir que, na Europa, osbens alimentares pesam, entre 16 e19% no cabaz de compra mensal deum agregado familiar médio. Porém,em alguns países de África, o pesodestes produtos pode chegar aos 60%do orçamento familiar.

Durante todo o ano de 2009 ospreços dos cereais desceram aos val-ores mais baixos dos últimos 5 anos, oque gerou a passividade natural depaíses pouco decididos quanto a estestemas e com problemas orçamentaisimediatos por resolver.

No ano de 2010 temos de novo asmatérias-primas a subir, de onderesultam aumentos que chegam aos73% em alguns produtos.

É importante porém referir que asmatérias-primas de que falamos têmum ciclo de crescimento de entre 5 a8 meses, sendo no caso da Europa,normalmente semeadas entreOutubro e Dezembro e colhidas entreMaio e Agosto.

Ou seja, face à volatilidade depreços que se tem sentido nos últimosanos, os próprios produtores não têm

capacidade de antecipar o preço dasua produção uma vez que asementeira ocorre com 8 meses deantecedência face à colheita, peloque, todos os anos, poderá estar per-ante um negócio ruinoso ou razoável.

A acrescer a tudo isto, a Europatem assumido uma posição de totalabertura ao nível das negociações daOMC que permite discutir a questãoagricultura apenas pelo argumentopreço, olvidando que a PolíticaAgrícola Comum é a garante da segu-rança alimentar e do respeito pelomeio ambiente e animal, ordenamen-to do território e coesão económica esocial de toda a Europa.

Seja na agricultura, seja na fábricade parafusos, todos reconhecem serimpossível concorrer só pelo factorpreço com concorrentes que usammão-de-obra próxima da escravatura,não pagando impostos ou con-tribuições sociais e desrespeitando omeio ambiente.

CENÁRIO A:MANTER O RUMO ACTUALDa manutenção do rumo actual,poderiam, em minha opinião, resul-tar a curto e médio prazo algumas dasseguintes consequências:

• Deslocalização da produção agrí-cola do Ocidente (Europa e Américado Norte) para a América Central eSul e para África: num modelo desre-grado passar-se-ia a produzir apenasonde o preço - exclusivamente o preço- o justificasse, ou seja nos paísespobres. Mas essa produção seria asse-gurada por grandes empresas comum único objectivo, exportar para ospaíses ricos onde esses produtos vale-riam dinheiro.

• Aumento exponencial do preçodos produtos agrícolas: a actual políti-ca das empresas de distribuição deafirmação exclusivamente pelo preçopoderá também reforçar o abandonoda produção agrícola nos paísesdesenvolvidos, porque deixa de sereconomicamente viável, concentran-do-a em países em desenvolvimentoou em aglomerados empresariais de

agricultura intensiva pura. Essapolítica poderá conduzir à criação demonopólios ou oligopólios no sectoralimentar que, aí sim, sem concorrên-cia, poderão subir os preços sem difi-culdade.

• Redução drástica do bem estaranimal e da segurança alimentar: aactividade agrícola na Europa impõemedidas muito severas no que dizrespeito, designadamente, ao bem-estar dos animais. Em jeito de brin-cadeira costumo dizer que as minhasvacas vão muito mais vezes ao médi-co do que os meus filhos ao pediatra,e eles estão óptimos. Claro que émuito mais barato produzir animaissem o respeito por estas normas, ani-mais estes que são importados pelaEuropa, mas que nunca cá poderiamter sido produzidos.

• Aumento da poluição das zonasrurais dos países em desenvolvimen-to: Na Europa hoje os agricultores sãoos principais guardiões do ambiente,tal é a política rígida de controlo deuso de substâncias químicas e nocivaspara o meio ambiente. Em recentecolóquio constatámos que umagricultor Argentino produzia odobro de um Português com semel-hante metodologia de trabalho esolos. Quando aprofundado o temacompreendemos que a produção doArgentino era possível pois assentavano uso de agro-químicos, 80% deles jáproibidos na Europa por motivosambientais.

• Abandono do território rural noOcidente: a agricultura é um sectorque se rege pelas normas básicas daeconomia doméstica como qualqueroutro, o agricultor mantém-se emactividade se poder viver da mesma,ou abandona se perder dinheiro. EmPortugal nos últimos 5 anos perdeu-seuma área de 200.000hectares (ou250.000 campos de futebol) onde sepraticavam cereais por motivos derentabilidade.

• Dependência alimentar eeconómica do exterior: será entãoinevitável passarmos a importarainda mais do que precisamos para

BERNARDO ALBINOAssociação Nacional de Produtores de Cereais,Oleaginosas e Proteaginosas (ANPOC)[email protected]

VOLATILIDADE DAS MATÉRIAS PRIMASAGRÍCOLAS ESSENCIAIS: QUE FAZER?

VI QUINTA-FEIRA23 de Setembro de 2010

- €

50,00 €

100,00 €

150,00 €

200,00 €

250,00 €

300,00 €

350,00

Jan Fev Mar Abril Maio Junho Julho Agosto

Títu

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o Ei

xo

Ano 2010 - Evolução CotaçõesPrincipais Cereais e Oleaginosas

trigo mole panificável trigo mole forrageiro girassol trigo duro

375€ (+17%)

240€ (+50%)

220€ (+73%)205€ (+67%)

320€

160€127€

123€

DADOS INTRODUTÓRIOS:CONSTATAÇÃO DA VOLATILIDADEEste artigo foca-se na volatilidade dealgumas das principais matérias pri-mas agrícolas que estão na base,directa e indirectamente, da alimen-tação humana.

Os principais usos das matérias pri-mas de que vamos falar são osseguintes:

Matéria prima1 Trigo panificável e melhorador2 Trigo e outros cereais forrageiros3 Girassol4 Trigo duro e cevada dística

Uso humano directo1 Farinha de pão, bolachas, bolos;

cereais pequeno almoço

3 Óleo vegetal alimentar

4 Massas alimentares (esparguete,lasanha, etc...), cous cous, ébly;farinha pão; malte para cerveja

Uso humano indirecto2 Rações para animais (vacas, por-

cos, aves); biocombustíveis

3 Biocombustíveis

4 Rações para animais

De semelhante importância em ter-mos mundiais temos ainda o milho eo arroz que, por motivos de falta deconhecimentos do autor, não serãoagora abordados, não obstante a suavitalidade em termos de abastecimen-to alimentar mundial.

Se todos reflectirmos um pouco, doinício até ao final do dia de cada umde nós, estamos sempre a alimentar-nos à base directa ou indirecta destescereais, daí a sua essencialidade einteresse estratégico.

Nos últimos 3 anos estas matériasprimas, ou a forma como têm sido(in)geridas, têm sido responsáveis poralguns importantes acontecimentosem todo o globo, de que destacamos:

Em 2007/8 ocorreu uma crise ali-mentar, pelo facto destes produtosterem visto os seus preços mais queduplicar no espaço de alguns meses.Houve graves problemas de abasteci-

nos alimentar do exterior, quandohoje, em Portugal, já só produzimoscerca de ¼ do consumo nacional decereais. A preços correntes de 140€ atonelada, o consumo nacional de4milhões de tons representa um vol-ume de negócios na ordem dos560.000.000,00€.

CENÁRIO B:INVERTER O RUMO ACTUALCaso, como eu, se venha a considerarque não se pode negligenciar destaforma um sector estratégico, algumasmedidas importantes deveriam sertomadas no sector dos cereais:

• Definição de uma política clarade médio prazo para o sector: naAustrália os sectores agrícolas têmpolíticas estratégicas de 10 a 12 anos,o que também sucede em Portugal,por exemplo, no sector energéticoonde existe a Estratégia Nacional daEnergia 2020. Só assim será possíveldefinir metas e objectivos com basenas quais os agentes económicosfarão as suas opções.

• Massificação da contratualizaçãode médio prazo entre produtores,indústria e distribuição: face aospreços baixos praticados pela dis-tribuição ao consumidor final é fun-damental a transparência de proces-sos de produção e fabrico de forma apermitir a contratualização combase, pelo menos parcialmente, nasmargens de ambos os agentes. Hámuito que não se enriquece na agri-cultura, pelo que muitos estariamdispostos a celebrar contratos commargens garantidas hipotéticas de 5ou 6%, o que representaria uma segu-rança acrescida para toda a fileira.

• Maior responsabilização colectivapara a importância do sector enquan-to fonte dos principais alimentos queingerimos: é fundamental incutir nasociedade a vitalidade de um sectoragrícola produtivo. Tal como o é tam-bém da importância da indústria.Hoje é frequente uma insurreiçãopelo aumento de 5% do preço do pão,quando os bens alimentares repre-sentam no cabaz de compras tantocomo os gastos em transportes, que,esses sim, poderia em certos casos serneglicenciados. Com facilidade con-sidera-se cara uma compra mensal de300€ de supermercado, mas aceita-sesem pestanejar pagar 100€ de serviçode televisão por cabo.

CONCLUSÃO:Sobretudo por todos estes motivosentendo que um país deve ser ambi-cioso na produção de bens que sejamessenciais ao bem-estar da sua popu-lação, caos designadamente da agri-cultura e da segurança.

Não defendo uma produção total-mente anti-económica desses bens,pelo que deverá ser delineada umapolítica de médio – longo prazo quedefina metas ambiciosas masrazoáveis, sobretudo, quando o paísainda detém capacidade produtivacrítica nos sectores em causa. No diaem que já só existirem netos deagricultores e não houvermaquinaria produtiva, então oesforço de voltar a produzir custará10 vezes mais e demorará o dobrodo tempo.

mento no México e África, bem comoracionamentos em vários países daÁsia.

Em finais de 2008 e durante todo oano de 2009 assistiu-se à tomada deuma série de medidas por parte dealguns países que compreenderam aimportância do auto-abastecimentoface à volatilidade dos preços, de quedestacamos:

• Compra generalizada de terraarável, sobretudo em África, mastambém na Roménia e Bulgária, porparte de fundos soberanos, por exem-plo da Arábia Saudita, China e Coreiado Sul;

• Por outro lado, países como aRússia, Brasil, Canadá e Chinareforçaram os seus mecanismosnacionais de concentração da pro-dução de produtos agrícolas ou decompra de factores de produção parafornecimento à produção nacional apreços mais competitivos.

Para ajudar a compreender aimportância da equação é tambémimportante referir que, na Europa, osbens alimentares pesam, entre 16 e19% no cabaz de compra mensal deum agregado familiar médio. Porém,em alguns países de África, o pesodestes produtos pode chegar aos 60%do orçamento familiar.

Durante todo o ano de 2009 ospreços dos cereais desceram aos val-ores mais baixos dos últimos 5 anos, oque gerou a passividade natural depaíses pouco decididos quanto a estestemas e com problemas orçamentaisimediatos por resolver.

No ano de 2010 temos de novo asmatérias-primas a subir, de onderesultam aumentos que chegam aos73% em alguns produtos.

É importante porém referir que asmatérias-primas de que falamos têmum ciclo de crescimento de entre 5 a8 meses, sendo no caso da Europa,normalmente semeadas entreOutubro e Dezembro e colhidas entreMaio e Agosto.

Ou seja, face à volatilidade depreços que se tem sentido nos últimosanos, os próprios produtores não têm

capacidade de antecipar o preço dasua produção uma vez que asementeira ocorre com 8 meses deantecedência face à colheita, peloque, todos os anos, poderá estar per-ante um negócio ruinoso ou razoável.

A acrescer a tudo isto, a Europatem assumido uma posição de totalabertura ao nível das negociações daOMC que permite discutir a questãoagricultura apenas pelo argumentopreço, olvidando que a PolíticaAgrícola Comum é a garante da segu-rança alimentar e do respeito pelomeio ambiente e animal, ordenamen-to do território e coesão económica esocial de toda a Europa.

Seja na agricultura, seja na fábricade parafusos, todos reconhecem serimpossível concorrer só pelo factorpreço com concorrentes que usammão-de-obra próxima da escravatura,não pagando impostos ou con-tribuições sociais e desrespeitando omeio ambiente.

CENÁRIO A:MANTER O RUMO ACTUALDa manutenção do rumo actual,poderiam, em minha opinião, resul-tar a curto e médio prazo algumas dasseguintes consequências:

• Deslocalização da produção agrí-cola do Ocidente (Europa e Américado Norte) para a América Central eSul e para África: num modelo desre-grado passar-se-ia a produzir apenasonde o preço - exclusivamente o preço- o justificasse, ou seja nos paísespobres. Mas essa produção seria asse-gurada por grandes empresas comum único objectivo, exportar para ospaíses ricos onde esses produtos vale-riam dinheiro.

• Aumento exponencial do preçodos produtos agrícolas: a actual políti-ca das empresas de distribuição deafirmação exclusivamente pelo preçopoderá também reforçar o abandonoda produção agrícola nos paísesdesenvolvidos, porque deixa de sereconomicamente viável, concentran-do-a em países em desenvolvimentoou em aglomerados empresariais de

agricultura intensiva pura. Essapolítica poderá conduzir à criação demonopólios ou oligopólios no sectoralimentar que, aí sim, sem concorrên-cia, poderão subir os preços sem difi-culdade.

• Redução drástica do bem estaranimal e da segurança alimentar: aactividade agrícola na Europa impõemedidas muito severas no que dizrespeito, designadamente, ao bem-estar dos animais. Em jeito de brin-cadeira costumo dizer que as minhasvacas vão muito mais vezes ao médi-co do que os meus filhos ao pediatra,e eles estão óptimos. Claro que émuito mais barato produzir animaissem o respeito por estas normas, ani-mais estes que são importados pelaEuropa, mas que nunca cá poderiamter sido produzidos.

• Aumento da poluição das zonasrurais dos países em desenvolvimen-to: Na Europa hoje os agricultores sãoos principais guardiões do ambiente,tal é a política rígida de controlo deuso de substâncias químicas e nocivaspara o meio ambiente. Em recentecolóquio constatámos que umagricultor Argentino produzia odobro de um Português com semel-hante metodologia de trabalho esolos. Quando aprofundado o temacompreendemos que a produção doArgentino era possível pois assentavano uso de agro-químicos, 80% deles jáproibidos na Europa por motivosambientais.

• Abandono do território rural noOcidente: a agricultura é um sectorque se rege pelas normas básicas daeconomia doméstica como qualqueroutro, o agricultor mantém-se emactividade se poder viver da mesma,ou abandona se perder dinheiro. EmPortugal nos últimos 5 anos perdeu-seuma área de 200.000hectares (ou250.000 campos de futebol) onde sepraticavam cereais por motivos derentabilidade.

• Dependência alimentar eeconómica do exterior: será entãoinevitável passarmos a importarainda mais do que precisamos para

BERNARDO ALBINOAssociação Nacional de Produtores de Cereais,Oleaginosas e Proteaginosas (ANPOC)[email protected]

VOLATILIDADE DAS MATÉRIAS PRIMASAGRÍCOLAS ESSENCIAIS: QUE FAZER?

VI QUINTA-FEIRA23 de Setembro de 2010

- €

50,00 €

100,00 €

150,00 €

200,00 €

250,00 €

300,00 €

350,00

Jan Fev Mar Abril Maio Junho Julho Agosto

Títu

lo d

o Ei

xo

Ano 2010 - Evolução CotaçõesPrincipais Cereais e Oleaginosas

trigo mole panificável trigo mole forrageiro girassol trigo duro

375€ (+17%)

240€ (+50%)

220€ (+73%)205€ (+67%)

320€

160€127€

123€

DADOS INTRODUTÓRIOS:CONSTATAÇÃO DA VOLATILIDADEEste artigo foca-se na volatilidade dealgumas das principais matérias pri-mas agrícolas que estão na base,directa e indirectamente, da alimen-tação humana.

Os principais usos das matérias pri-mas de que vamos falar são osseguintes:

Matéria prima1 Trigo panificável e melhorador2 Trigo e outros cereais forrageiros3 Girassol4 Trigo duro e cevada dística

Uso humano directo1 Farinha de pão, bolachas, bolos;

cereais pequeno almoço

3 Óleo vegetal alimentar

4 Massas alimentares (esparguete,lasanha, etc...), cous cous, ébly;farinha pão; malte para cerveja

Uso humano indirecto2 Rações para animais (vacas, por-

cos, aves); biocombustíveis

3 Biocombustíveis

4 Rações para animais

De semelhante importância em ter-mos mundiais temos ainda o milho eo arroz que, por motivos de falta deconhecimentos do autor, não serãoagora abordados, não obstante a suavitalidade em termos de abastecimen-to alimentar mundial.

Se todos reflectirmos um pouco, doinício até ao final do dia de cada umde nós, estamos sempre a alimentar-nos à base directa ou indirecta destescereais, daí a sua essencialidade einteresse estratégico.

Nos últimos 3 anos estas matériasprimas, ou a forma como têm sido(in)geridas, têm sido responsáveis poralguns importantes acontecimentosem todo o globo, de que destacamos:

Em 2007/8 ocorreu uma crise ali-mentar, pelo facto destes produtosterem visto os seus preços mais queduplicar no espaço de alguns meses.Houve graves problemas de abasteci-

nos alimentar do exterior, quandohoje, em Portugal, já só produzimoscerca de ¼ do consumo nacional decereais. A preços correntes de 140€ atonelada, o consumo nacional de4milhões de tons representa um vol-ume de negócios na ordem dos560.000.000,00€.

CENÁRIO B:INVERTER O RUMO ACTUALCaso, como eu, se venha a considerarque não se pode negligenciar destaforma um sector estratégico, algumasmedidas importantes deveriam sertomadas no sector dos cereais:

• Definição de uma política clarade médio prazo para o sector: naAustrália os sectores agrícolas têmpolíticas estratégicas de 10 a 12 anos,o que também sucede em Portugal,por exemplo, no sector energéticoonde existe a Estratégia Nacional daEnergia 2020. Só assim será possíveldefinir metas e objectivos com basenas quais os agentes económicosfarão as suas opções.

• Massificação da contratualizaçãode médio prazo entre produtores,indústria e distribuição: face aospreços baixos praticados pela dis-tribuição ao consumidor final é fun-damental a transparência de proces-sos de produção e fabrico de forma apermitir a contratualização combase, pelo menos parcialmente, nasmargens de ambos os agentes. Hámuito que não se enriquece na agri-cultura, pelo que muitos estariamdispostos a celebrar contratos commargens garantidas hipotéticas de 5ou 6%, o que representaria uma segu-rança acrescida para toda a fileira.

• Maior responsabilização colectivapara a importância do sector enquan-to fonte dos principais alimentos queingerimos: é fundamental incutir nasociedade a vitalidade de um sectoragrícola produtivo. Tal como o é tam-bém da importância da indústria.Hoje é frequente uma insurreiçãopelo aumento de 5% do preço do pão,quando os bens alimentares repre-sentam no cabaz de compras tantocomo os gastos em transportes, que,esses sim, poderia em certos casos serneglicenciados. Com facilidade con-sidera-se cara uma compra mensal de300€ de supermercado, mas aceita-sesem pestanejar pagar 100€ de serviçode televisão por cabo.

CONCLUSÃO:Sobretudo por todos estes motivosentendo que um país deve ser ambi-cioso na produção de bens que sejamessenciais ao bem-estar da sua popu-lação, caos designadamente da agri-cultura e da segurança.

Não defendo uma produção total-mente anti-económica desses bens,pelo que deverá ser delineada umapolítica de médio – longo prazo quedefina metas ambiciosas masrazoáveis, sobretudo, quando o paísainda detém capacidade produtivacrítica nos sectores em causa. No diaem que já só existirem netos deagricultores e não houvermaquinaria produtiva, então oesforço de voltar a produzir custará10 vezes mais e demorará o dobrodo tempo.

mento no México e África, bem comoracionamentos em vários países daÁsia.

Em finais de 2008 e durante todo oano de 2009 assistiu-se à tomada deuma série de medidas por parte dealguns países que compreenderam aimportância do auto-abastecimentoface à volatilidade dos preços, de quedestacamos:

• Compra generalizada de terraarável, sobretudo em África, mastambém na Roménia e Bulgária, porparte de fundos soberanos, por exem-plo da Arábia Saudita, China e Coreiado Sul;

• Por outro lado, países como aRússia, Brasil, Canadá e Chinareforçaram os seus mecanismosnacionais de concentração da pro-dução de produtos agrícolas ou decompra de factores de produção parafornecimento à produção nacional apreços mais competitivos.

Para ajudar a compreender aimportância da equação é tambémimportante referir que, na Europa, osbens alimentares pesam, entre 16 e19% no cabaz de compra mensal deum agregado familiar médio. Porém,em alguns países de África, o pesodestes produtos pode chegar aos 60%do orçamento familiar.

Durante todo o ano de 2009 ospreços dos cereais desceram aos val-ores mais baixos dos últimos 5 anos, oque gerou a passividade natural depaíses pouco decididos quanto a estestemas e com problemas orçamentaisimediatos por resolver.

No ano de 2010 temos de novo asmatérias-primas a subir, de onderesultam aumentos que chegam aos73% em alguns produtos.

É importante porém referir que asmatérias-primas de que falamos têmum ciclo de crescimento de entre 5 a8 meses, sendo no caso da Europa,normalmente semeadas entreOutubro e Dezembro e colhidas entreMaio e Agosto.

Ou seja, face à volatilidade depreços que se tem sentido nos últimosanos, os próprios produtores não têm

capacidade de antecipar o preço dasua produção uma vez que asementeira ocorre com 8 meses deantecedência face à colheita, peloque, todos os anos, poderá estar per-ante um negócio ruinoso ou razoável.

A acrescer a tudo isto, a Europatem assumido uma posição de totalabertura ao nível das negociações daOMC que permite discutir a questãoagricultura apenas pelo argumentopreço, olvidando que a PolíticaAgrícola Comum é a garante da segu-rança alimentar e do respeito pelomeio ambiente e animal, ordenamen-to do território e coesão económica esocial de toda a Europa.

Seja na agricultura, seja na fábricade parafusos, todos reconhecem serimpossível concorrer só pelo factorpreço com concorrentes que usammão-de-obra próxima da escravatura,não pagando impostos ou con-tribuições sociais e desrespeitando omeio ambiente.

CENÁRIO A:MANTER O RUMO ACTUALDa manutenção do rumo actual,poderiam, em minha opinião, resul-tar a curto e médio prazo algumas dasseguintes consequências:

• Deslocalização da produção agrí-cola do Ocidente (Europa e Américado Norte) para a América Central eSul e para África: num modelo desre-grado passar-se-ia a produzir apenasonde o preço - exclusivamente o preço- o justificasse, ou seja nos paísespobres. Mas essa produção seria asse-gurada por grandes empresas comum único objectivo, exportar para ospaíses ricos onde esses produtos vale-riam dinheiro.

• Aumento exponencial do preçodos produtos agrícolas: a actual políti-ca das empresas de distribuição deafirmação exclusivamente pelo preçopoderá também reforçar o abandonoda produção agrícola nos paísesdesenvolvidos, porque deixa de sereconomicamente viável, concentran-do-a em países em desenvolvimentoou em aglomerados empresariais de

agricultura intensiva pura. Essapolítica poderá conduzir à criação demonopólios ou oligopólios no sectoralimentar que, aí sim, sem concorrên-cia, poderão subir os preços sem difi-culdade.

• Redução drástica do bem estaranimal e da segurança alimentar: aactividade agrícola na Europa impõemedidas muito severas no que dizrespeito, designadamente, ao bem-estar dos animais. Em jeito de brin-cadeira costumo dizer que as minhasvacas vão muito mais vezes ao médi-co do que os meus filhos ao pediatra,e eles estão óptimos. Claro que émuito mais barato produzir animaissem o respeito por estas normas, ani-mais estes que são importados pelaEuropa, mas que nunca cá poderiamter sido produzidos.

• Aumento da poluição das zonasrurais dos países em desenvolvimen-to: Na Europa hoje os agricultores sãoos principais guardiões do ambiente,tal é a política rígida de controlo deuso de substâncias químicas e nocivaspara o meio ambiente. Em recentecolóquio constatámos que umagricultor Argentino produzia odobro de um Português com semel-hante metodologia de trabalho esolos. Quando aprofundado o temacompreendemos que a produção doArgentino era possível pois assentavano uso de agro-químicos, 80% deles jáproibidos na Europa por motivosambientais.

• Abandono do território rural noOcidente: a agricultura é um sectorque se rege pelas normas básicas daeconomia doméstica como qualqueroutro, o agricultor mantém-se emactividade se poder viver da mesma,ou abandona se perder dinheiro. EmPortugal nos últimos 5 anos perdeu-seuma área de 200.000hectares (ou250.000 campos de futebol) onde sepraticavam cereais por motivos derentabilidade.

• Dependência alimentar eeconómica do exterior: será entãoinevitável passarmos a importarainda mais do que precisamos para

BERNARDO ALBINOAssociação Nacional de Produtores de Cereais,Oleaginosas e Proteaginosas (ANPOC)[email protected]

VOLATILIDADE DAS MATÉRIAS PRIMASAGRÍCOLAS ESSENCIAIS: QUE FAZER?

VI QUINTA-FEIRA23 de Setembro de 2010

- €

50,00 €

100,00 €

150,00 €

200,00 €

250,00 €

300,00 €

350,00

Jan Fev Mar Abril Maio Junho Julho Agosto

Títu

lo d

o Ei

xo

Ano 2010 - Evolução CotaçõesPrincipais Cereais e Oleaginosas

trigo mole panificável trigo mole forrageiro girassol trigo duro

375€ (+17%)

240€ (+50%)

220€ (+73%)205€ (+67%)

320€

160€127€

123€

DADOS INTRODUTÓRIOS:CONSTATAÇÃO DA VOLATILIDADEEste artigo foca-se na volatilidade dealgumas das principais matérias pri-mas agrícolas que estão na base,directa e indirectamente, da alimen-tação humana.

Os principais usos das matérias pri-mas de que vamos falar são osseguintes:

Matéria prima1 Trigo panificável e melhorador2 Trigo e outros cereais forrageiros3 Girassol4 Trigo duro e cevada dística

Uso humano directo1 Farinha de pão, bolachas, bolos;

cereais pequeno almoço

3 Óleo vegetal alimentar

4 Massas alimentares (esparguete,lasanha, etc...), cous cous, ébly;farinha pão; malte para cerveja

Uso humano indirecto2 Rações para animais (vacas, por-

cos, aves); biocombustíveis

3 Biocombustíveis

4 Rações para animais

De semelhante importância em ter-mos mundiais temos ainda o milho eo arroz que, por motivos de falta deconhecimentos do autor, não serãoagora abordados, não obstante a suavitalidade em termos de abastecimen-to alimentar mundial.

Se todos reflectirmos um pouco, doinício até ao final do dia de cada umde nós, estamos sempre a alimentar-nos à base directa ou indirecta destescereais, daí a sua essencialidade einteresse estratégico.

Nos últimos 3 anos estas matériasprimas, ou a forma como têm sido(in)geridas, têm sido responsáveis poralguns importantes acontecimentosem todo o globo, de que destacamos:

Em 2007/8 ocorreu uma crise ali-mentar, pelo facto destes produtosterem visto os seus preços mais queduplicar no espaço de alguns meses.Houve graves problemas de abasteci-

nos alimentar do exterior, quandohoje, em Portugal, já só produzimoscerca de ¼ do consumo nacional decereais. A preços correntes de 140€ atonelada, o consumo nacional de4milhões de tons representa um vol-ume de negócios na ordem dos560.000.000,00€.

CENÁRIO B:INVERTER O RUMO ACTUALCaso, como eu, se venha a considerarque não se pode negligenciar destaforma um sector estratégico, algumasmedidas importantes deveriam sertomadas no sector dos cereais:

• Definição de uma política clarade médio prazo para o sector: naAustrália os sectores agrícolas têmpolíticas estratégicas de 10 a 12 anos,o que também sucede em Portugal,por exemplo, no sector energéticoonde existe a Estratégia Nacional daEnergia 2020. Só assim será possíveldefinir metas e objectivos com basenas quais os agentes económicosfarão as suas opções.

• Massificação da contratualizaçãode médio prazo entre produtores,indústria e distribuição: face aospreços baixos praticados pela dis-tribuição ao consumidor final é fun-damental a transparência de proces-sos de produção e fabrico de forma apermitir a contratualização combase, pelo menos parcialmente, nasmargens de ambos os agentes. Hámuito que não se enriquece na agri-cultura, pelo que muitos estariamdispostos a celebrar contratos commargens garantidas hipotéticas de 5ou 6%, o que representaria uma segu-rança acrescida para toda a fileira.

• Maior responsabilização colectivapara a importância do sector enquan-to fonte dos principais alimentos queingerimos: é fundamental incutir nasociedade a vitalidade de um sectoragrícola produtivo. Tal como o é tam-bém da importância da indústria.Hoje é frequente uma insurreiçãopelo aumento de 5% do preço do pão,quando os bens alimentares repre-sentam no cabaz de compras tantocomo os gastos em transportes, que,esses sim, poderia em certos casos serneglicenciados. Com facilidade con-sidera-se cara uma compra mensal de300€ de supermercado, mas aceita-sesem pestanejar pagar 100€ de serviçode televisão por cabo.

CONCLUSÃO:Sobretudo por todos estes motivosentendo que um país deve ser ambi-cioso na produção de bens que sejamessenciais ao bem-estar da sua popu-lação, caos designadamente da agri-cultura e da segurança.

Não defendo uma produção total-mente anti-económica desses bens,pelo que deverá ser delineada umapolítica de médio – longo prazo quedefina metas ambiciosas masrazoáveis, sobretudo, quando o paísainda detém capacidade produtivacrítica nos sectores em causa. No diaem que já só existirem netos deagricultores e não houvermaquinaria produtiva, então oesforço de voltar a produzir custará10 vezes mais e demorará o dobrodo tempo.

mento no México e África, bem comoracionamentos em vários países daÁsia.

Em finais de 2008 e durante todo oano de 2009 assistiu-se à tomada deuma série de medidas por parte dealguns países que compreenderam aimportância do auto-abastecimentoface à volatilidade dos preços, de quedestacamos:

• Compra generalizada de terraarável, sobretudo em África, mastambém na Roménia e Bulgária, porparte de fundos soberanos, por exem-plo da Arábia Saudita, China e Coreiado Sul;

• Por outro lado, países como aRússia, Brasil, Canadá e Chinareforçaram os seus mecanismosnacionais de concentração da pro-dução de produtos agrícolas ou decompra de factores de produção parafornecimento à produção nacional apreços mais competitivos.

Para ajudar a compreender aimportância da equação é tambémimportante referir que, na Europa, osbens alimentares pesam, entre 16 e19% no cabaz de compra mensal deum agregado familiar médio. Porém,em alguns países de África, o pesodestes produtos pode chegar aos 60%do orçamento familiar.

Durante todo o ano de 2009 ospreços dos cereais desceram aos val-ores mais baixos dos últimos 5 anos, oque gerou a passividade natural depaíses pouco decididos quanto a estestemas e com problemas orçamentaisimediatos por resolver.

No ano de 2010 temos de novo asmatérias-primas a subir, de onderesultam aumentos que chegam aos73% em alguns produtos.

É importante porém referir que asmatérias-primas de que falamos têmum ciclo de crescimento de entre 5 a8 meses, sendo no caso da Europa,normalmente semeadas entreOutubro e Dezembro e colhidas entreMaio e Agosto.

Ou seja, face à volatilidade depreços que se tem sentido nos últimosanos, os próprios produtores não têm

capacidade de antecipar o preço dasua produção uma vez que asementeira ocorre com 8 meses deantecedência face à colheita, peloque, todos os anos, poderá estar per-ante um negócio ruinoso ou razoável.

A acrescer a tudo isto, a Europatem assumido uma posição de totalabertura ao nível das negociações daOMC que permite discutir a questãoagricultura apenas pelo argumentopreço, olvidando que a PolíticaAgrícola Comum é a garante da segu-rança alimentar e do respeito pelomeio ambiente e animal, ordenamen-to do território e coesão económica esocial de toda a Europa.

Seja na agricultura, seja na fábricade parafusos, todos reconhecem serimpossível concorrer só pelo factorpreço com concorrentes que usammão-de-obra próxima da escravatura,não pagando impostos ou con-tribuições sociais e desrespeitando omeio ambiente.

CENÁRIO A:MANTER O RUMO ACTUALDa manutenção do rumo actual,poderiam, em minha opinião, resul-tar a curto e médio prazo algumas dasseguintes consequências:

• Deslocalização da produção agrí-cola do Ocidente (Europa e Américado Norte) para a América Central eSul e para África: num modelo desre-grado passar-se-ia a produzir apenasonde o preço - exclusivamente o preço- o justificasse, ou seja nos paísespobres. Mas essa produção seria asse-gurada por grandes empresas comum único objectivo, exportar para ospaíses ricos onde esses produtos vale-riam dinheiro.

• Aumento exponencial do preçodos produtos agrícolas: a actual políti-ca das empresas de distribuição deafirmação exclusivamente pelo preçopoderá também reforçar o abandonoda produção agrícola nos paísesdesenvolvidos, porque deixa de sereconomicamente viável, concentran-do-a em países em desenvolvimentoou em aglomerados empresariais de

agricultura intensiva pura. Essapolítica poderá conduzir à criação demonopólios ou oligopólios no sectoralimentar que, aí sim, sem concorrên-cia, poderão subir os preços sem difi-culdade.

• Redução drástica do bem estaranimal e da segurança alimentar: aactividade agrícola na Europa impõemedidas muito severas no que dizrespeito, designadamente, ao bem-estar dos animais. Em jeito de brin-cadeira costumo dizer que as minhasvacas vão muito mais vezes ao médi-co do que os meus filhos ao pediatra,e eles estão óptimos. Claro que émuito mais barato produzir animaissem o respeito por estas normas, ani-mais estes que são importados pelaEuropa, mas que nunca cá poderiamter sido produzidos.

• Aumento da poluição das zonasrurais dos países em desenvolvimen-to: Na Europa hoje os agricultores sãoos principais guardiões do ambiente,tal é a política rígida de controlo deuso de substâncias químicas e nocivaspara o meio ambiente. Em recentecolóquio constatámos que umagricultor Argentino produzia odobro de um Português com semel-hante metodologia de trabalho esolos. Quando aprofundado o temacompreendemos que a produção doArgentino era possível pois assentavano uso de agro-químicos, 80% deles jáproibidos na Europa por motivosambientais.

• Abandono do território rural noOcidente: a agricultura é um sectorque se rege pelas normas básicas daeconomia doméstica como qualqueroutro, o agricultor mantém-se emactividade se poder viver da mesma,ou abandona se perder dinheiro. EmPortugal nos últimos 5 anos perdeu-seuma área de 200.000hectares (ou250.000 campos de futebol) onde sepraticavam cereais por motivos derentabilidade.

• Dependência alimentar eeconómica do exterior: será entãoinevitável passarmos a importarainda mais do que precisamos para

BERNARDO ALBINOAssociação Nacional de Produtores de Cereais,Oleaginosas e Proteaginosas (ANPOC)[email protected]

VOLATILIDADE DAS MATÉRIAS PRIMASAGRÍCOLAS ESSENCIAIS: QUE FAZER?

DaDos introDutórios: constatação Da volatiliDaDeEste artigo foca-se na volatili-

dade de algumas das principais matérias primas agrícolas que estão na base, directa e indirectamente, da alimentação humana.

Os principais usos das matérias primas de que vamos falar são os seguintes:

De semelhante importância em termos mundiais temos ainda o milho e o arroz que, por moti-vos de falta de conhecimentos do autor, não serão agora abordados, não obstante a sua vitalidade em termos de abastecimento alimentar mundial.

Se todos reflectirmos um pou-co, do início até ao final do dia de cada um de nós, estamos sempre a alimentar-nos à base directa ou indirecta destes cereais, daí a sua essencialidade e interesse estratégico.

Nos últimos 3 anos estas ma-térias primas, ou a forma como têm sido (in)geridas, têm sido res-ponsáveis por alguns importantes acontecimentos em todo o globo, de que destacamos:

Em 2007/8 ocorreu uma crise alimentar, pelo facto destes produ-tos terem visto os seus preços mais que duplicar no espaço de alguns meses. Houve graves problemas de abastecimento no México e África, bem como racionamentos em vários países da Ásia.

Em finais de 2008 e durante todo o ano de 2009 assistiu-se à tomada de uma série de medidas

por parte de alguns países que compreenderam a importância do auto-abastecimento face à volatilidade dos preços, de que destacamos:

Compra generalizada de terra arável, sobretudo em África, mas também na Roménia e Bulgária, por parte de fundos soberanos, por exemplo da Arábia Saudita, China e Coreia do Sul;

Por outro lado, países como a Rússia, Brasil, Canadá e China refor-çaram os seus mecanismos nacio-nais de concentração da produção de produtos agrícolas ou de compra de factores de produção para for-necimento à produção nacional a preços mais competitivos.

Para ajudar a compreender a importância da equação é também importante referir que, na Europa, os bens alimentares pesam, entre 16 e 19% no cabaz de compra mensal de um agregado familiar médio. Porém, em alguns países de África, o peso destes produtos pode chegar aos 60% do orçamento familiar.

Durante todo o ano de 2009 os preços dos cereais desceram aos valores mais baixos dos últimos 5 anos, o que gerou a passividade natural de países pouco decididos quanto a estes temas e com pro-blemas orçamentais imediatos por resolver.

No ano de 2010 temos de novo as matérias-primas a subir, de onde resultam aumentos que chegam aos 73% em alguns produtos.

É importante porém referir que as matérias-primas de que falamos têm um ciclo de crescimento de entre 5 a 8 meses, sendo no caso da Europa, normalmente semea-das entre Outubro e Dezembro e colhidas entre Maio e Agosto.

Ou seja, face à volatilidade de preços que se tem sentido nos úl-timos anos, os próprios produtores não têm capacidade de antecipar o preço da sua produção uma vez que a sementeira ocorre com 8 meses de antecedência face à colheita, pelo que, todos os anos, poderá

estar perante um negócio ruinoso ou razoável.

A acrescer a tudo isto, a Europa tem assumido uma posição de total abertura ao nível das negociações da OMC que permite discutir a questão agricultura apenas pelo argumento preço, olvidando que a Política Agrícola Comum é a garante da segurança alimentar e do respeito pelo meio ambiente e animal, ordenamento do território e coesão económica e social de toda a Europa.

Seja na agricultura, seja na fábri-ca de parafusos, todos reconhecem ser impossível concorrer só pelo factor preço com concorrentes que usam mão-de-obra próxima da escravatura, não pagando impostos ou contribuições sociais e desrespei-tando o meio ambiente.

cenário a: manter o rumo actualDa manutenção do rumo actual,

poderiam, em minha opinião, re-sultar a curto e médio prazo algu-mas das seguintes consequências:

Deslocalização da produção agrícola do Ocidente (Europa e América do Norte) para a América Central e Sul e para África: num modelo desregrado passar-se-ia a produzir apenas onde o preço - exclusivamente o preço - o justi-ficasse, ou seja nos países pobres. Mas essa produção seria assegurada por grandes empresas com um único objectivo, exportar para os países ricos onde esses produtos valeriam dinheiro.

Aumento exponencial do preço dos produtos agrícolas: a actual po-lítica das empresas de distribuição de afirmação exclusivamente pelo preço poderá também reforçar o abandono da produção agrícola nos países desenvolvidos, porque deixa de ser economicamente viável, concentrando-a em paí-ses em desenvolvimento ou em aglomerados empresariais de agricultura intensiva pura. Essa política poderá conduzir à criação de monopólios ou oligopólios no

sector alimentar que, aí sim, sem concorrência, poderão subir os preços sem dificuldade.

Redução drástica do bem estar animal e da segurança alimentar: a actividade agrícola na Europa impõe medidas muito severas no que diz respeito, designadamente, ao bem-estar dos animais. Em jeito de brincadeira costumo dizer que as minhas vacas vão muito mais vezes ao médico do que os meus filhos ao pediatra, e eles estão óptimos. Claro que é muito mais barato produzir animais sem o respeito por estas normas, animais estes que são importados pela Europa, mas que nunca cá poderiam ter sido produzidos.

Aumento da poluição das zonas rurais dos países em desenvolvi-mento: Na Europa hoje os agricul-tores são os principais guardiões do ambiente, tal é a política rígida de controlo de uso de substâncias químicas e nocivas para o meio ambiente. Em recente colóquio constatámos que um agricultor Argentino produzia o dobro de um Português com semelhante metodologia de trabalho e solos. Quando aprofundado o tema compreendemos que a produção do Argentino era possível pois assentava no uso de agro-químicos, 80% deles já proibidos na Europa por motivos ambientais.

Abandono do território rural no Ocidente: a agricultura é um sector que se rege pelas normas básicas da economia doméstica como qualquer outro, o agricultor mantém-se em actividade se poder viver da mesma, ou abandona se perder dinheiro. Em Portugal nos últimos 5 anos perdeu-se uma área de 200.000hectares (ou 250.000 campos de futebol) onde se praticavam cereais por motivos de rentabilidade.

Dependência alimentar e eco-nómica do exterior: será então inevitável passarmos a importar ainda mais do que precisamos para nos alimentar do exterior, quando hoje, em Portugal, já só produzimos

cerca de ¼ do consumo nacional de cereais. A preços correntes de 140€ a tonelada, o consumo nacional de 4milhões de tons representa um volume de negócios na ordem dos 560.000.000,00€.

cenário B: inverter o rumo actualCaso, como eu, se venha a consi-

derar que não se pode negligenciar desta forma um sector estratégico, algumas medidas importantes deveriam ser tomadas no sector dos cereais:

Definição de uma política clara de médio prazo para o sector: na Austrália os sectores agrícolas têm políticas estratégicas de 10 a 12 anos, o que também sucede em Portugal, por exemplo, no sector energético onde existe a Estraté-gia Nacional da Energia 2020. Só assim será possível definir metas e objectivos com base nas quais os agentes económicos farão as suas opções.

Massificação da contratuali-zação de médio prazo entre pro-dutores, indústria e distribuição: face aos preços baixos praticados pela distribuição ao consumidor final é fundamental a transpa-rência de processos de produção e fabrico de forma a permitir a contratualização com base, pelo menos parcialmente, nas margens de ambos os agentes. Há muito que não se enriquece na agricultura, pelo que muitos estariam dispostos a celebrar contratos com margens garantidas hipotéticas de 5 ou 6%, o que representaria uma segurança acrescida para toda a fileira.

Maior responsabilização colecti-va para a importância do sector en-quanto fonte dos principais alimen-tos que ingerimos: é fundamental incutir na sociedade a vitalidade de um sector agrícola produtivo. Tal como o é também da importância da indústria. Hoje é frequente uma insurreição pelo aumento de 5% do preço do pão, quando os bens ali-mentares representam no cabaz de compras tanto como os gastos em transportes, que, esses sim, poderia em certos casos ser neglicenciados. Com facilidade considera-se cara uma compra mensal de 300€ de supermercado, mas aceita-se sem pestanejar pagar 100€ de serviço de televisão por cabo.

conclusão:Sobretudo por todos estes

motivos entendo que um país deve ser ambicioso na produção de bens que sejam essenciais ao bem-estar da sua população, caos designadamente da agricultura e da segurança.

Não defendo uma produção totalmente anti-económica desses bens, pelo que deverá ser delineada uma política de médio – longo prazo que defina metas ambiciosas mas razoáveis, sobretudo, quando o país ainda detém capacidade produtiva crítica nos sectores em causa. No dia em que já só existirem netos de agri-cultores e não houver maquinaria produtiva, então o esforço de voltar a produzir custará 10 vezes mais e demorará o dobro do tempo.

IIITERÇA-FEIRA21 de Setembro de 2010

“NEGOCIAR O PRÓXIMO QUADRO COMUNITÁRIO DEAPOIO SERÁ UM GRANDE DESAFIO PARA PORTUGAL”

FUTURO DA PAC APÓS 2013 DESPERTA QUESTÕES RELEVANTES PARA O SECTOR AGRÍCOLA

O MINISTÉRIO da Agricultura terápela frente grandes dificuldades nanegociação do próximo quadro comu-nitário de apoio para vigorar a partirde 2014, antecipou João Machado,presidente da Confederação dosAgricultores de Portugal (CAP), nopainel de debates que a Agroglobaldedicou ao futuro da Política AgrícolaComum após 2013. Nesse ano encer-rará o actual quadro comunitário deapoio, em vigor desde 2007, e JoãoMachado salienta que “o grandedesafio dos nossos negociadores serátrazer para Portugal um quadrocomunitário melhor que o actual”. Opresidente da CAP lembra quePortugal não tem uma agriculturauniforme e há que ter em conta essadiversidade de culturas, de terrenos,de empresários e até de dimensões.“Para Portugal não é fácil partir paraesta negociação, especialmente quan-do tem dois pilares empatados nestapolítica e quando os países maisfortes não têm esse problema”,

reforçou João Machado, que não hesi-tou em criticar o desperdício deapoios que acontece no país.“Portugal é o campeão do desperdí-cio. Desperdiçamos 12% das ajudasdirectas e desperdiçamos ajudas noProDeR. O caso português é muitodelicado”, conclui o presidente daCAP, lembrando que para osprimeiros 15 países da UniãoEuropeia há o risco claro de ficar commenos dinheiro no próximo quadrocomunitário de apoio, tendo emconta a nova necessidade de distribuiras verbas disponíveis por 27 países.

Nesta mensagem, João Machadoafinou pelo mesmo diapasão deEduardo Diniz, do Gabinete dePlaneamento e Políticas do Ministérioda Agricultura, que assumiu quePortugal tem sido favorecido pelaPolítica Agrícola Comum. “Se olhar-mos para as contribuições e recebi-mentos, vemos que por cada eurocom que Portugal contribui, o paísrecebe 1,5 euros”

PARAR DE PRODUZIRNÃO É O CAMINHOArlindo Cunha, antigo ministro daAgricultura, garante que o futuroobrigará a um exercício interno deequidade, que poderá não ser fácil.“Grande parte dos dinheiros da PACsão gastos em ajudas directas aos pro-dutores e desde 2003 os produtoresrecebem essas ajudas independente-mente da produtividade que tiverem.Ou seja, houve uma mudança de fun-damentação política das ajudas, quepassam a ser encaradas como com-pensações pelos sobrecustos da sobre-vivência na União Europeia, tendo emconta as suas exigências. Por isso,agora é preciso encontrar uma políti-ca comum que assegure que a agricul-tura continua a sobreviver na UniãoEuropeia”, analisa o ex-governante.

Mas Arlindo Cunha lembrou tam-bém os profissionais do sector que “asociedade aceita pagar para ajudar aagricultura, mas não aceita que ela

não produza nada”, pelo que essenunca poderá ser o caminho a seguir.

Para Francisco Avillez, da Agroges,as grandes questões para o futuro daPAC passam precisamente por estaperspectiva. “Como é que se vaiequacionar o futuro das ajudas direc-tas à produção? Será que o tipo depolíticas dos dois pilares continuaráigual?”, questiona. Ainda assim,

Francisco Avillez assume a con-vicção que o final do ano 2013 nãoimplicará uma alteração significati-va no orçamento agrícola comu-nitário. “Acredito que o orçamentose mantenha em linha com o actual,mas será naturalmente necessáriamaior equidade na repartição dosapoio comunitários entre os Estados-Membros”, reconhece.

A Europa a 27 poderá significar algumas dificuldades acrescidas para aagricultura nacional, mas a antevisão apresentada pelos especialistas nãointroduz grande pessimismo para o próximo quadro comunitário de apoio.Ainda assim, é consensual a ideia de que a negociação não será fácil

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Foto: Victor Machado/OJE

IIITERÇA-FEIRA21 de Setembro de 2010

“NEGOCIAR O PRÓXIMO QUADRO COMUNITÁRIO DEAPOIO SERÁ UM GRANDE DESAFIO PARA PORTUGAL”

FUTURO DA PAC APÓS 2013 DESPERTA QUESTÕES RELEVANTES PARA O SECTOR AGRÍCOLA

O MINISTÉRIO da Agricultura terápela frente grandes dificuldades nanegociação do próximo quadro comu-nitário de apoio para vigorar a partirde 2014, antecipou João Machado,presidente da Confederação dosAgricultores de Portugal (CAP), nopainel de debates que a Agroglobaldedicou ao futuro da Política AgrícolaComum após 2013. Nesse ano encer-rará o actual quadro comunitário deapoio, em vigor desde 2007, e JoãoMachado salienta que “o grandedesafio dos nossos negociadores serátrazer para Portugal um quadrocomunitário melhor que o actual”. Opresidente da CAP lembra quePortugal não tem uma agriculturauniforme e há que ter em conta essadiversidade de culturas, de terrenos,de empresários e até de dimensões.“Para Portugal não é fácil partir paraesta negociação, especialmente quan-do tem dois pilares empatados nestapolítica e quando os países maisfortes não têm esse problema”,

reforçou João Machado, que não hesi-tou em criticar o desperdício deapoios que acontece no país.“Portugal é o campeão do desperdí-cio. Desperdiçamos 12% das ajudasdirectas e desperdiçamos ajudas noProDeR. O caso português é muitodelicado”, conclui o presidente daCAP, lembrando que para osprimeiros 15 países da UniãoEuropeia há o risco claro de ficar commenos dinheiro no próximo quadrocomunitário de apoio, tendo emconta a nova necessidade de distribuiras verbas disponíveis por 27 países.

Nesta mensagem, João Machadoafinou pelo mesmo diapasão deEduardo Diniz, do Gabinete dePlaneamento e Políticas do Ministérioda Agricultura, que assumiu quePortugal tem sido favorecido pelaPolítica Agrícola Comum. “Se olhar-mos para as contribuições e recebi-mentos, vemos que por cada eurocom que Portugal contribui, o paísrecebe 1,5 euros”

PARAR DE PRODUZIRNÃO É O CAMINHOArlindo Cunha, antigo ministro daAgricultura, garante que o futuroobrigará a um exercício interno deequidade, que poderá não ser fácil.“Grande parte dos dinheiros da PACsão gastos em ajudas directas aos pro-dutores e desde 2003 os produtoresrecebem essas ajudas independente-mente da produtividade que tiverem.Ou seja, houve uma mudança de fun-damentação política das ajudas, quepassam a ser encaradas como com-pensações pelos sobrecustos da sobre-vivência na União Europeia, tendo emconta as suas exigências. Por isso,agora é preciso encontrar uma políti-ca comum que assegure que a agricul-tura continua a sobreviver na UniãoEuropeia”, analisa o ex-governante.

Mas Arlindo Cunha lembrou tam-bém os profissionais do sector que “asociedade aceita pagar para ajudar aagricultura, mas não aceita que ela

não produza nada”, pelo que essenunca poderá ser o caminho a seguir.

Para Francisco Avillez, da Agroges,as grandes questões para o futuro daPAC passam precisamente por estaperspectiva. “Como é que se vaiequacionar o futuro das ajudas direc-tas à produção? Será que o tipo depolíticas dos dois pilares continuaráigual?”, questiona. Ainda assim,

Francisco Avillez assume a con-vicção que o final do ano 2013 nãoimplicará uma alteração significati-va no orçamento agrícola comu-nitário. “Acredito que o orçamentose mantenha em linha com o actual,mas será naturalmente necessáriamaior equidade na repartição dosapoio comunitários entre os Estados-Membros”, reconhece.

A Europa a 27 poderá significar algumas dificuldades acrescidas para aagricultura nacional, mas a antevisão apresentada pelos especialistas nãointroduz grande pessimismo para o próximo quadro comunitário de apoio.Ainda assim, é consensual a ideia de que a negociação não será fácil

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Foto: Victor Machado/OJE

VIIVIIQUINTA-FEIRA23 de Setembro de 2010

Num contexto de restrição ao crédito,o financiamento à agricultura foiafectado de forma significativa?Não por parte do Crédito Agrícola. Aactual restrição ao crédito é motivadapela grande falta de liquidez das insti-tuições bancárias, problema que oCrédito Agrícola felizmente não tem.Daí não termos feito restrições aofinanciamento à agricultura. Existe,sim, mais rigor na análise de risco dasoperações de crédito, nalguns casoscom aumento das taxas de juros.

Que tipo de apoios são actualmentemais solicitados à banca pelo sectoragrícola?Os agricultores têm vindo a solicitarcom mais frequência a dilatação dosprazos de reembolso dos actuaisempréstimos, formalização de candi-daturas às linhas de crédito PME erecurso permanente às linhas decrédito de curto prazo para a activi-dade. O principal motivo prende-secom a quebras das margens do negó-cio, que têm vindo a cair, motivadasprincipalmente pela redução dospreços praticados na comercialização

dos produtos, apesar de se teremmodernizado e conseguirem amanutenção de boas produções.

A notoriedade da marca CréditoAgrícola junto dos agricultores consti-tuiu uma mais-valia numa altura emque a imagem da banca estava maisenfraquecida?Sim, somos uma mais-valia. Osagricultores conhecem o CréditoAgrícola desde 1911 e até 1980 trabal-hávamos exclusivamente para o sec-tor agrícola, pelo que conhecem bemesta instituição financeira. Sempre osapoiámos nos bons e maus momen-tos, crescemos com eles, somos seusparceiros. Aqui encontram sempreuma grande flexibilidade em resolvere arranjar soluções à medida das suasnecessidades e problemas, dumaforma rápida e sem burocracias.

Como define a relação que a Caixa deCrédito Agrícola Mútuo de VilaFranca de Xira mantém actualmentecom o sector agrícola local?Na Caixa de Crédito Agrícola Mútuode Vila Franca de Xira mantemos com

os agricultores locais uma relaçãomuito forte e saudável, que ao longodos anos temos vindo a semear.Somos um banco local, de cariz coop-erativo, que conhece bem a maioriados seus associados e clientes e issofacilita o bom relacionamento edecisão.

Como antecipa o futuro da relação dosector agrícola com a banca?Contrariamente à generalidade dabanca, o Crédito Agrícola sempreacreditou e apoiou o sector agríco-la e irá continuar fazê-lo no futuro,daí não restarão dúvidas. NoCrédito Agrícola encontrarão sem-pre um parceiro. Todos os sectoresde actividade têm riscos e o sectoragrícola não pode fugir à regra,porque para além dos riscoscomuns a todas as actividades, temmais o risco da imprevisibilidadedas condições climatéricas, mas aHumanidade necessita dos produ-tos da terra para sobreviver, por-tanto terá sempre futuro, e oCrédito Agrícola e os agricultoresacreditam no futuro.

O Governo prorrogou o prazo decobertura dos seguros da campanhado tomate para indústria. Através deportaria conjunta do Ministério daAgricultura, Desenvolvimento Rurale das Pescas e do Ministério das Fi-nanças, o Governo corresponde à ex-pectativa dos produtores, que solici-tavam o alargamento dos prazos decobertura dos seguros de colheitaspara viabilizar uma necessária pro-dução tardia. As chuvas intensas eprolongadas do último Inverno dei-xaram os solos agrícolas encharca-dos, prejudicando as plantações detomates para indústria, cuja semen-teira e colheita foi sofrendo suces-sivos atrasos.

Tendo em conta que os seguros decolheita impunham como data limi-te de produção o dia 30 de Setembro,os produtores consideravam inviáveldar seguimento à produção semcobertura de seguro, o que poderiacolocar em causa toda a campanha,bem como a rentabilidade dos oper-adores e respectiva capacidade ex-portadora.

O Ministério da Agricultura foisensível aos argumentos dos produ-tores de tomate para indústria e, atítulo excepcional, concedeu para oano 2010 uma extensão de produçãode efeito do seguro de colheitas paraa cultura de tomate para indústriaaté 15 de Outubro.

“AGRICULTORES PEDEM APOIO À BANCAPARA SUPORTAR CRÉDITO”

Tomate tem seguro de colheita alargado até 15 de Outubro

Dilatação de prazos de reembolso de empréstimos em curso e formalizaçãode candidaturas a linhas de crédito são os apoios mais pedidos pelosagricultores à banca, confirma Carlos Pancada, gerente da Caixa deCrédito Agrícola Mútuo de Vila Franca de Xira

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VIIQUINTA-FEIRA23 de Setembro de 2010

Num contexto de restrição ao crédito,o financiamento à agricultura foiafectado de forma significativa?Não por parte do Crédito Agrícola. Aactual restrição ao crédito é motivadapela grande falta de liquidez das insti-tuições bancárias, problema que oCrédito Agrícola felizmente não tem.Daí não termos feito restrições aofinanciamento à agricultura. Existe,sim, mais rigor na análise de risco dasoperações de crédito, nalguns casoscom aumento das taxas de juros.

Que tipo de apoios são actualmentemais solicitados à banca pelo sectoragrícola?Os agricultores têm vindo a solicitarcom mais frequência a dilatação dosprazos de reembolso dos actuaisempréstimos, formalização de candi-daturas às linhas de crédito PME erecurso permanente às linhas decrédito de curto prazo para a activi-dade. O principal motivo prende-secom a quebras das margens do negó-cio, que têm vindo a cair, motivadasprincipalmente pela redução dospreços praticados na comercialização

dos produtos, apesar de se teremmodernizado e conseguirem amanutenção de boas produções.

A notoriedade da marca CréditoAgrícola junto dos agricultores consti-tuiu uma mais-valia numa altura emque a imagem da banca estava maisenfraquecida?Sim, somos uma mais-valia. Osagricultores conhecem o CréditoAgrícola desde 1911 e até 1980 trabal-hávamos exclusivamente para o sec-tor agrícola, pelo que conhecem bemesta instituição financeira. Sempre osapoiámos nos bons e maus momen-tos, crescemos com eles, somos seusparceiros. Aqui encontram sempreuma grande flexibilidade em resolvere arranjar soluções à medida das suasnecessidades e problemas, dumaforma rápida e sem burocracias.

Como define a relação que a Caixa deCrédito Agrícola Mútuo de VilaFranca de Xira mantém actualmentecom o sector agrícola local?Na Caixa de Crédito Agrícola Mútuode Vila Franca de Xira mantemos com

os agricultores locais uma relaçãomuito forte e saudável, que ao longodos anos temos vindo a semear.Somos um banco local, de cariz coop-erativo, que conhece bem a maioriados seus associados e clientes e issofacilita o bom relacionamento edecisão.

Como antecipa o futuro da relação dosector agrícola com a banca?Contrariamente à generalidade dabanca, o Crédito Agrícola sempreacreditou e apoiou o sector agríco-la e irá continuar fazê-lo no futuro,daí não restarão dúvidas. NoCrédito Agrícola encontrarão sem-pre um parceiro. Todos os sectoresde actividade têm riscos e o sectoragrícola não pode fugir à regra,porque para além dos riscoscomuns a todas as actividades, temmais o risco da imprevisibilidadedas condições climatéricas, mas aHumanidade necessita dos produ-tos da terra para sobreviver, por-tanto terá sempre futuro, e oCrédito Agrícola e os agricultoresacreditam no futuro.

O Governo prorrogou o prazo decobertura dos seguros da campanhado tomate para indústria. Através deportaria conjunta do Ministério daAgricultura, Desenvolvimento Rurale das Pescas e do Ministério das Fi-nanças, o Governo corresponde à ex-pectativa dos produtores, que solici-tavam o alargamento dos prazos decobertura dos seguros de colheitaspara viabilizar uma necessária pro-dução tardia. As chuvas intensas eprolongadas do último Inverno dei-xaram os solos agrícolas encharca-dos, prejudicando as plantações detomates para indústria, cuja semen-teira e colheita foi sofrendo suces-sivos atrasos.

Tendo em conta que os seguros decolheita impunham como data limi-te de produção o dia 30 de Setembro,os produtores consideravam inviáveldar seguimento à produção semcobertura de seguro, o que poderiacolocar em causa toda a campanha,bem como a rentabilidade dos oper-adores e respectiva capacidade ex-portadora.

O Ministério da Agricultura foisensível aos argumentos dos produ-tores de tomate para indústria e, atítulo excepcional, concedeu para oano 2010 uma extensão de produçãode efeito do seguro de colheitas paraa cultura de tomate para indústriaaté 15 de Outubro.

“AGRICULTORES PEDEM APOIO À BANCAPARA SUPORTAR CRÉDITO”

Tomate tem seguro de colheita alargado até 15 de Outubro

Dilatação de prazos de reembolso de empréstimos em curso e formalizaçãode candidaturas a linhas de crédito são os apoios mais pedidos pelosagricultores à banca, confirma Carlos Pancada, gerente da Caixa deCrédito Agrícola Mútuo de Vila Franca de Xira

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Num contexto de restrição ao crédito, o financiamento à agricultura foi afectado de forma significativa?

Não por parte do Crédito Agrí-cola. A actual restrição ao crédito é motivada pela grande falta de liquidez das instituições bancárias, problema que o Crédito Agrícola felizmente não tem. Daí não termos feito restrições ao financiamento à agricultura. Existe, sim, mais rigor na análise de risco das operações de crédito, nalguns casos com aumento das taxas de juros.

Que tipo de apoios são actual-mente mais solicitados à banca pelo sector agrícola?

Os agricultores têm vindo a solicitar com mais frequência a dilatação dos prazos de reembolso dos actuais empréstimos, formali-zação de candidaturas às linhas de crédito PME e recurso permanente às linhas de crédito de curto prazo para a actividade. O principal mo-tivo prende-se com a quebras das margens do negócio, que têm vindo a cair, motivadas principalmente pela redução dos preços praticados

na comercialização dos produtos, apesar de se terem modernizado e conseguirem a manutenção de boas produções.

A notoriedade da marca Crédi-to Agrícola junto dos agricultores constituiu uma mais-valia numa altura em que a imagem da banca estava mais enfraquecida?

Sim, somos uma mais-valia. Os agricultores conhecem o Crédito Agrícola desde 1911 e até 1980 tra-balhávamos exclusivamente para o sector agrícola, pelo que conhecem bem esta instituição financeira. Sempre os apoiámos nos bons e maus momentos, crescemos com eles, somos seus parceiros. Aqui encontram sempre uma grande flexibilidade em resolver e arranjar soluções à medida das suas neces-sidades e problemas, duma forma rápida e sem burocracias.

Como define a relação que a Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Vila Franca de Xira mantém actualmente com o sector agrí-cola local?

Na Caixa de Crédito Agrícola Mútuo de Vila Franca de Xira

mantemos com os agricultores locais uma relação muito forte e saudável, que ao longo dos anos temos vindo a semear. Somos um banco local, de cariz cooperativo, que conhece bem a maioria dos seus associados e clientes e isso facilita o bom relacionamento e decisão.

Como antecipa o futuro da relação do sector agrícola com a banca?

Contrariamente à generalidade da banca, o Crédito Agrícola sem-pre acreditou e apoiou o sector agrícola e irá continuar fazê-lo no futuro, daí não restarão dúvidas. No Crédito Agrícola encontrarão sempre um parceiro. Todos os sectores de actividade têm riscos e o sector agrícola não pode fugir à regra, porque para além dos riscos comuns a todas as actividades, tem mais o risco da imprevisibili-dade das condições climatéricas, mas a Humanidade necessita dos produtos da terra para sobreviver, portanto terá sempre futuro, e o Crédito Agrícola e os agricultores acreditam no futuro.

VIIQUINTA-FEIRA23 de Setembro de 2010

Num contexto de restrição ao crédito,o financiamento à agricultura foiafectado de forma significativa?Não por parte do Crédito Agrícola. Aactual restrição ao crédito é motivadapela grande falta de liquidez das insti-tuições bancárias, problema que oCrédito Agrícola felizmente não tem.Daí não termos feito restrições aofinanciamento à agricultura. Existe,sim, mais rigor na análise de risco dasoperações de crédito, nalguns casoscom aumento das taxas de juros.

Que tipo de apoios são actualmentemais solicitados à banca pelo sectoragrícola?Os agricultores têm vindo a solicitarcom mais frequência a dilatação dosprazos de reembolso dos actuaisempréstimos, formalização de candi-daturas às linhas de crédito PME erecurso permanente às linhas decrédito de curto prazo para a activi-dade. O principal motivo prende-secom a quebras das margens do negó-cio, que têm vindo a cair, motivadasprincipalmente pela redução dospreços praticados na comercialização

dos produtos, apesar de se teremmodernizado e conseguirem amanutenção de boas produções.

A notoriedade da marca CréditoAgrícola junto dos agricultores consti-tuiu uma mais-valia numa altura emque a imagem da banca estava maisenfraquecida?Sim, somos uma mais-valia. Osagricultores conhecem o CréditoAgrícola desde 1911 e até 1980 trabal-hávamos exclusivamente para o sec-tor agrícola, pelo que conhecem bemesta instituição financeira. Sempre osapoiámos nos bons e maus momen-tos, crescemos com eles, somos seusparceiros. Aqui encontram sempreuma grande flexibilidade em resolvere arranjar soluções à medida das suasnecessidades e problemas, dumaforma rápida e sem burocracias.

Como define a relação que a Caixa deCrédito Agrícola Mútuo de VilaFranca de Xira mantém actualmentecom o sector agrícola local?Na Caixa de Crédito Agrícola Mútuode Vila Franca de Xira mantemos com

os agricultores locais uma relaçãomuito forte e saudável, que ao longodos anos temos vindo a semear.Somos um banco local, de cariz coop-erativo, que conhece bem a maioriados seus associados e clientes e issofacilita o bom relacionamento edecisão.

Como antecipa o futuro da relação dosector agrícola com a banca?Contrariamente à generalidade dabanca, o Crédito Agrícola sempreacreditou e apoiou o sector agríco-la e irá continuar fazê-lo no futuro,daí não restarão dúvidas. NoCrédito Agrícola encontrarão sem-pre um parceiro. Todos os sectoresde actividade têm riscos e o sectoragrícola não pode fugir à regra,porque para além dos riscoscomuns a todas as actividades, temmais o risco da imprevisibilidadedas condições climatéricas, mas aHumanidade necessita dos produ-tos da terra para sobreviver, por-tanto terá sempre futuro, e oCrédito Agrícola e os agricultoresacreditam no futuro.

O Governo prorrogou o prazo decobertura dos seguros da campanhado tomate para indústria. Através deportaria conjunta do Ministério daAgricultura, Desenvolvimento Rurale das Pescas e do Ministério das Fi-nanças, o Governo corresponde à ex-pectativa dos produtores, que solici-tavam o alargamento dos prazos decobertura dos seguros de colheitaspara viabilizar uma necessária pro-dução tardia. As chuvas intensas eprolongadas do último Inverno dei-xaram os solos agrícolas encharca-dos, prejudicando as plantações detomates para indústria, cuja semen-teira e colheita foi sofrendo suces-sivos atrasos.

Tendo em conta que os seguros decolheita impunham como data limi-te de produção o dia 30 de Setembro,os produtores consideravam inviáveldar seguimento à produção semcobertura de seguro, o que poderiacolocar em causa toda a campanha,bem como a rentabilidade dos oper-adores e respectiva capacidade ex-portadora.

O Ministério da Agricultura foisensível aos argumentos dos produ-tores de tomate para indústria e, atítulo excepcional, concedeu para oano 2010 uma extensão de produçãode efeito do seguro de colheitas paraa cultura de tomate para indústriaaté 15 de Outubro.

“AGRICULTORES PEDEM APOIO À BANCAPARA SUPORTAR CRÉDITO”

Tomate tem seguro de colheita alargado até 15 de Outubro

Dilatação de prazos de reembolso de empréstimos em curso e formalizaçãode candidaturas a linhas de crédito são os apoios mais pedidos pelosagricultores à banca, confirma Carlos Pancada, gerente da Caixa deCrédito Agrícola Mútuo de Vila Franca de Xira

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O Governo prorrogou o prazo de cobertura dos seguros da cam-panha do tomate para indústria. Através de portaria conjunta do Ministério da Agricultura, Desen-volvimento Rural e das Pescas e do Ministério das Finanças, o Governo corresponde à expectativa dos pro-dutores, que solicitavam o alarga-mento dos prazos de cobertura dos seguros de colheitas para viabilizar uma necessária produção tardia. As chuvas intensas e prolongadas do último Inverno deixaram os solos agrícolas encharcados, preju-dicando as plantações de tomates para indústria, cuja sementeira e colheita foi sofrendo sucessivos atrasos.

Tendo em conta que os seguros de colheita impunham como data limite de produção o dia 30 de Setembro, os produtores conside-ravam inviável dar seguimento à produção sem cobertura de seguro, o que poderia colocar em causa toda a campanha, bem como a rentabilidade dos operadores e respectiva capacidade exportado-ra. O Ministério da Agricultura foi sensível aos argumentos dos pro-dutores de tomate para indústria e, a título excepcional, concedeu para o ano 2010 uma extensão de produção de efeito do seguro de colheitas para a cultura de tomate para indústria até 15 de Outubro.

“ESTE é um ProDer estatizante e não umquadro comunitário de apoio”, acusouMaria Antónia Figueiredo, secretária-geral adjunta da Confagri, na abertura doprimeiro fórum da Agroglobal. “Estamostristes com a implementação destequadro comunitário em Portugal. Estepacote financeiro, que foi feito para vigo-rar entre 2007 e 2013, não foi concebidopara os agricultores e para a agriculturaportuguesa”, critica a responsável daConfragri, que não hesita em acusar oprograma de ser “a maior aberração dosúltimos anos em Portugal, no que dizrespeito à agricultura”.

A maior indignação de Maria AntóniaFigueiredo voltava-se para o baixo nívelde execução do programa, que a 3 deSetembro se situava nos 23%. “Como épossível obter este nível de execução apóstrês anos e oito meses de programa? Eainda assim só se consegue este índiceporque grande parte da implementaçãodiz respeito a medidas de continuidade”,alega a responsável da Confagri.

Com efeito, o nível mais alto de exe-cução acontece na categoria de“Compromissos Transitados”, cumprido

a 68%, mas contrastando com os 13% deexecução da categoria de “Promoção daCompetitividade”, com os 2% de exe-cução das medidas de “Dinamização dasZonas Rurais” e mais ainda com o nívelde execução de 0,2% na “Promoção doConhecimento e Desenvolvimento deCompetências”.

Além de considerar que este quadrocomunitário foi feito com uma visão esta-tizante, Maria Antónia Figueiredo criticatambém o seu arranque tardio e com-plexo e ainda o facto de os agricultores eas suas organizações “só residualmenteterem sido ouvidos”. A responsável daConfagri está convicta de que a auscul-tação efectuada apenas aconteceu paracumprir uma imposição comunitária,mas Maria Antónia Figueiredo salienta ofacto de “as propostas apresentadas nãoterem sido consideradas”.

Para o tempo que ainda resta paraimplementação do ProDeR, a responsávelda Confagri só deseja dinamismo, queMaria António Figueiredo diz ser impre-scindível para que o futuro da agricul-tura em Portugal não fique posto emcausa.

ESTÁ a decorrer desde 15 de Setembro eaté 15 de Dezembro o prazo de apresen-tação de candidaturas a apoios comu-nitários para investimentos de pequenadimensão, no âmbito do ProDeR. Estãoabrangidos nestas candidaturas os inves-timentos na aquisição de equipamentospara melhoramento ambiental e eficiên-cia energética das explorações, naaquisição de outros equipamentos emáquinas agrícolas e melhoramentosfundiários, os investimentos nas peque-nas construções e ainda as pequenas

plantações plirianuais. Para seremeleitos, os projectos devem envolverinvestimentos entre os 5.000 e os 25.000euros. Não estão abrangidos nestas candi-daturas a compra de bens de equipamen-to em estado de uso ou substituição, acaptação de águas subterrâneas atravésde furos, a instalação de equipamentosfinanciados através de contratos delocação financeira ou de aluguer de longaduração, nem a constituição de garantiasou o pagamento de juros de dívida.

Os apoios serão concedidos sob a forma

de subsídios não reembolsáveis, até aomáximo de 40% para Zonas Favorecidas e50% para Zonas Desfavorecidas.

Os beneficiários podem apresentarmais do que um pedido de apoio, desdeque os investimentos apresentados nascandidaturas digam respeito a diferentesactividades produtivas.

A partir de 1 de Outubro, abrem aindaos prazos para apresentação de candidat-uras para obtenção de apoio nas áreas daCooperação e Inovação e Modernização eCapacitação das Empresas Florestais.

O MINISTÉRIO da Agricultura, doDesenvolvimento Rural e das Pescasreforçou em 25 milhões de euros adisponibilidade financeira da linha decrédito de apoio à agricultura dirigidaa empresas de produção, de produtosagrícolas e pecuários. Esta linha decrédito destina-se ao financiamento deoperações de investimento, reforço dofundo de maneio ou liquidação de dívi-das contraídas junto de instituições decrédito ou fornecedores.

A linha de crédito de apoio à agricul-tura nasceu em Janeiro, com um mon-tante máximo de 50 milhões de euros,mas o Governo decidiu agora, em por-taria conjunta emitida pelos Ministériosda Agricultura e Finanças, alargar para

75 milhões de euros a verba disponívelpara apoios. Na origem desta decisãoesteve o elevado índice de procura que alinha de crédito registou logo nosprimeiros meses de funcionamento. Emcomunicado, o Ministério da Agriculturareconhece que em meados do anocomeçou a perceber que a verba disponi-bilizada rapidamente seria esgotada, oque terá levado a avançar com a decisãode reforçar a disponibilidade financeirada linha, “procurando assegurar que ospromotores que apresentaram candidat-uras à linha de crédito não verão as suasexpectativas defraudadas”. A linha decrédito em causa funciona a seis anos,com dois anos de carência e uma bonifi-cação média de 85%.

PRODER ABRE NOVAS CANDIDATURAS

MADRP REFORÇA LINHA DE CRÉDITO PARA AGRICULTURA

“OPINIÃO PÚBLICA SÓTEM IMAGEM DOSAGRICULTORES DE ‘MÃOESTENDIDA’”

ISABEL MARTINS DESAFIO SECTORAGRÍCOLA A DIVULGAR MELHORA SUA COMPETITIVIDADE

“ESTE PRODER É A MAIOR ABERRAÇÃO DOSÚLTIMOS ANOS NA AGRICULTURA PORTUGUESA”

SECRETÁRIA-GERAL ADJUNTA DA CONFAGRI CRITICA ATRASOS E CONCEITOS DOQUADRO COMUNITÁRIO DE APOIO

Acredita que valeu a pena repetir a Agroglobal um ano depois doprimeiro evento?Com certeza. A Agroglobal é uma aposta ganha por parte dos seusorganizadores.

É um conceito inovador no nosso país, com uma vertente práti-ca que vai ao encontro das ambições das empresas do sector e dosagricultores. Representa o melhor da agricultura portuguesa, umsector vivo, dinâmico, profissional e cada vez mais sofisticado.Mais do que uma “montra” de equipamentos e serviços, é umademonstração da vitalidade e da vontade de fazer dos agricul-tores, apesar de todas as condicionantes actuais, quer de merca-do, quer de política agrícola.

Para si, o que a edição deste ano trouxe de mais relevante?Foi notório o crescimento e a abertura para novas culturas paraalém do milho, tornando o evento mais abrangente. A edição de2010 consolidou ainda o papel da Agroglobal como ponto deencontro dos profissionais do sector. É um local privilegiado parao networking e troca de experiências.

Moderou o fórum que juntou João César das Neves, SevinatePinto e Luís Mira. No final, que balanço faz deste debate?Foi um animado e aguerrido debate de ideias. Não é fácil paraalguns economistas perceber as especificidades do sector, talcomo para um agricultor é chocante perceber a lógica da ditadu-ra do mercado. De um lado tivemos a defesa do papel da pro-dução agrícola e do seu valor estratégico e do outro a constataçãopessoal de João César das Neves de que a agricultura é sacraliza-da pelos políticos que investem continuamente num sector quenão é competitivo. Será difícil pôr de acordo Armando SevinatePinto, Luís Mira e João César das Neves nestas matérias…

Em primeiro lugar é preciso esclarecer que uma grande parteda produção agrícola nacional é competitiva: os hortícolas, osfrutícolas, o azeite, o vinho, os produtos florestais, entre muitosoutros… até alguns cereais. Lembro que as empresas cervejeirasnacionais há cinco anos atrás compravam cevada dística emFrança e neste momento compram em Portugal com igualrelação qualidade/preço. E que multinacionais como a Nestlécompram no nosso país cereais como trigo ou arroz com baixoteor de pesticidas para alimentação infantil, culturas possíveisapenas pelas especificidades das nossas condições climáticas(clima seco/menos pragas/menos tratamentos fitossanitários).Somos produtores de excelência e com vocação exportadora emmuitas áreas e, como diz Armando Sevinate Pinto, a ideia de quecompramos fora tudo o que consumimos é falsa.

Para além disso, a agricultura é muito mais do que produzir ali-mentos. Tem uma função ambiental, social e territorial muitoforte. È produtora de um conjunto de chamados “bens públicos”,que justificam a continuação de políticas proteccionistas paraque esta actividade se mantenha em muitas regiões do país.

Referiu nesse debate que a agricultura nem sempre sabe comu-nicar aquilo que de bom tem. Este sector tem muito trabalho afazer nesta área da comunicação?

Sem dúvida. O sector comunica muito pouco e quando o faz ésempre pelas piores razões: para chamar a atenção para calami-dades, para reivindicar ajudas, para denunciar más opções políti-cas… É óbvio que tudo isto é importante, mas resulta numaopinião pública intoxicada de más notícias e com uma imagemdos agricultores de “mão estendida” à procura de subsídios. Aagricultura e a agro-indústria portuguesa estão ao nível do que demelhor se faz na Europa e têm centenas de bons exemplos paradar. Era importante que os agricultores e os seus representantesprocurassem revelar o que de bom se faz e dar a conhecer a agri-cultura pela positiva.

IV QUINTA-FEIRA23 de Setembro de 2010

Isabel Martins,directora da revista“Vida Rural”Foto: VictorMachado/OJE

Maria Antónia Figueiredo assume um grande desalento pelo fraco nível de execuçãodo ProDeR nos primeiros três anos e oito meses e não esconde as muitas críticas quetem à forma como o quadro comunitário de apoio à agricultura foi concebido eimplementado em Portugal

Foto: Victor Machado/OJE

Foto: DR

IIITERÇA-FEIRA21 de Setembro de 2010

“NEGOCIAR O PRÓXIMO QUADRO COMUNITÁRIO DEAPOIO SERÁ UM GRANDE DESAFIO PARA PORTUGAL”

FUTURO DA PAC APÓS 2013 DESPERTA QUESTÕES RELEVANTES PARA O SECTOR AGRÍCOLA

O MINISTÉRIO da Agricultura terápela frente grandes dificuldades nanegociação do próximo quadro comu-nitário de apoio para vigorar a partirde 2014, antecipou João Machado,presidente da Confederação dosAgricultores de Portugal (CAP), nopainel de debates que a Agroglobaldedicou ao futuro da Política AgrícolaComum após 2013. Nesse ano encer-rará o actual quadro comunitário deapoio, em vigor desde 2007, e JoãoMachado salienta que “o grandedesafio dos nossos negociadores serátrazer para Portugal um quadrocomunitário melhor que o actual”. Opresidente da CAP lembra quePortugal não tem uma agriculturauniforme e há que ter em conta essadiversidade de culturas, de terrenos,de empresários e até de dimensões.“Para Portugal não é fácil partir paraesta negociação, especialmente quan-do tem dois pilares empatados nestapolítica e quando os países maisfortes não têm esse problema”,

reforçou João Machado, que não hesi-tou em criticar o desperdício deapoios que acontece no país.“Portugal é o campeão do desperdí-cio. Desperdiçamos 12% das ajudasdirectas e desperdiçamos ajudas noProDeR. O caso português é muitodelicado”, conclui o presidente daCAP, lembrando que para osprimeiros 15 países da UniãoEuropeia há o risco claro de ficar commenos dinheiro no próximo quadrocomunitário de apoio, tendo emconta a nova necessidade de distribuiras verbas disponíveis por 27 países.

Nesta mensagem, João Machadoafinou pelo mesmo diapasão deEduardo Diniz, do Gabinete dePlaneamento e Políticas do Ministérioda Agricultura, que assumiu quePortugal tem sido favorecido pelaPolítica Agrícola Comum. “Se olhar-mos para as contribuições e recebi-mentos, vemos que por cada eurocom que Portugal contribui, o paísrecebe 1,5 euros”

PARAR DE PRODUZIRNÃO É O CAMINHOArlindo Cunha, antigo ministro daAgricultura, garante que o futuroobrigará a um exercício interno deequidade, que poderá não ser fácil.“Grande parte dos dinheiros da PACsão gastos em ajudas directas aos pro-dutores e desde 2003 os produtoresrecebem essas ajudas independente-mente da produtividade que tiverem.Ou seja, houve uma mudança de fun-damentação política das ajudas, quepassam a ser encaradas como com-pensações pelos sobrecustos da sobre-vivência na União Europeia, tendo emconta as suas exigências. Por isso,agora é preciso encontrar uma políti-ca comum que assegure que a agricul-tura continua a sobreviver na UniãoEuropeia”, analisa o ex-governante.

Mas Arlindo Cunha lembrou tam-bém os profissionais do sector que “asociedade aceita pagar para ajudar aagricultura, mas não aceita que ela

não produza nada”, pelo que essenunca poderá ser o caminho a seguir.

Para Francisco Avillez, da Agroges,as grandes questões para o futuro daPAC passam precisamente por estaperspectiva. “Como é que se vaiequacionar o futuro das ajudas direc-tas à produção? Será que o tipo depolíticas dos dois pilares continuaráigual?”, questiona. Ainda assim,

Francisco Avillez assume a con-vicção que o final do ano 2013 nãoimplicará uma alteração significati-va no orçamento agrícola comu-nitário. “Acredito que o orçamentose mantenha em linha com o actual,mas será naturalmente necessáriamaior equidade na repartição dosapoio comunitários entre os Estados-Membros”, reconhece.

A Europa a 27 poderá significar algumas dificuldades acrescidas para aagricultura nacional, mas a antevisão apresentada pelos especialistas nãointroduz grande pessimismo para o próximo quadro comunitário de apoio.Ainda assim, é consensual a ideia de que a negociação não será fácil

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Foto: Victor Machado/OJE

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