administraÇÃo segura de hemocomponentes · definição hemocomponentes e hemoderivados são...
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ADMINISTRAÇÃO SEGURA DE HEMOCOMPONENTES
Dra. Sandra Sibele Figueiredo
Hematologista e Hemoterapeuta
Definição
▪ Hemocomponentes e hemoderivados são produtos distintos.
▪ HEMOCOMPONENTES: São produtos gerados um a um nos serviços de hemoterapia, a partir do sangue total, por meio de processos físicos (centrifugação, congelamento).
▪ HEMODERIVADOS: São produtos obtidos em escala industrial, a partir do fracionamento do plasma, por processos físico-químicos.
▪TRANSFUSÃO DE SANGUE É UM PROCEDIMENTO DE RISCO?
▪ SIM, PORQUE QUANDO MAL INDICADA OU ADMINISTRADA ERRONEAMENTE ,PODE MATAR OU PREJUDICAR O PACIENTE.
▪ A MAIOR CAUSA DE ÓBITO RELACIONADA Á TRANSFUSÃO DE SANGUE É POR ERRO HUMANO!
▪ Ex ADMINISTRAR UM HEMOCOMPONENTE ERRADO AO PACIENTE!
▪ Todo paciente com anemia precisa fazer transfusão de hemácias?
▪ Todo paciente com hemorragia precisa fazer transfusão de plasma?
▪ Todo paciente com plaqueta baixa precisa fazer transfusão de plaquetas?
▪ Exames laboratoriais podem indicar transfusões?
▪ NEM SEMPRE!!!!!!!!
▪ O exame físico e a história do paciente são sempre mais importantes que os exames laboratoriais!!!!!
▪ O QUE PODEMOS TER DENTRO DE UM HEMOCOMPONENTE?
Patógenos transmitidos por transfusões▪ HTLV
▪ HIV
▪ HCV
▪ HBsAg
▪ Treponema Pallidum
▪ T. Cruzi
▪ EBV
▪ CMV
▪ Plasmodium
▪ PV B19
▪ Patógenos emergentes.
▪ Etc.
Componentes do plasma
Componentes celulares do sangue: Todas as células têm antígenos (Ag) e podem causar aloimunização (formação de Ac) no paciente transfundido!
A transfusão sanguínea é um procedimento que sempre envolve riscos
▪ Riscos relacionados ao doador;
▪ Riscos relacionados a falhas no processo durante o ciclo do sangue;
▪ Riscos decorrentes da má indicação e/ou identificação e do uso inadequado dos produtos sanguíneos;
▪ Riscos inerentes ao receptor.
Hemovigilância
“ Conjunto de procedimentos de vigilância que abrange todo o ciclo do sangue, com o objetivo de obter e disponibilizar informações sobre os eventos adversos ocorridos nas suas diferentes etapas, para prevenir seu aparecimento ou recorrência, melhorar a qualidade dos processos e produtos e aumentar a segurança do doador e receptor”.
Marco conceitual e operacional de Hemovigilância – MS/ANVISA -2015.
Ciclo do Sangue
▪ Processo que engloba:
➢ todos os procedimentos técnicos referentes às etapas de captação, seleção e qualificação do doador;
➢ processamento, armazenamento e distribuição dos hemocomponentes;
➢procedimentos pré-transfusionais e do ato transfusional.
Hemovigilância do doador
▪ Qualquer tipo de reação com o doador, ocorrida durante ou após a coleta do sangue.
▪ Quanto ao grau: Leves
Moderadas
Graves
Óbito
▪ Quanto ao tempo de ocorrência:Imediata
Tardia
▪ Quanto a correlação com a doação:Confirmada
Provável
Possível
Improvável
Descartada
Inconclusiva
▪ Quanto ao tipo:Locais. Ex: Hematomas.
Sistêmicas. Ex: Reação vasovagal.
▪ Qualquer reação adversa deverá ser registrada no serviço onde ela ocorreu, com descrição das medidas preventivas e corretivas.
▪ As reações graves e óbitos também deverão ser notificadas ao SNVS.
Eventos Adversos do Ciclo do Sangue
▪ Toda e qualquer ocorrência adversa associada ásetapas do ciclo do sangue que possa resultar emrisco para a saúde do doador ou do receptor(paciente).
▪ Todos os eventos adversos devem ser registrados einvestigados nos serviços de hemoterapia ou noserviço de saúde onde ocorreram e colocados àdisposição da vigilância sanitária local.
▪ Os eventos adversos graves deverão sercomunicados dentro das primeiras 72h ao serviçoprodutor do hemocomponente e notificados ávigilância sanitária.
Incidentes Transfusionais
São descobertos durante ou após a transfusãoou doação de sangue, que levam a transfusõesou doações inadequadas, que podem ou nãolevar a reações adversas. Exemplos:▪ Indicar uma transfusão desnecessária;
▪ Fazer uma transfusão no paciente errado.
Tipos de Incidentes Transfusionais:▪ Quase-erro = detectada antes do inicio da transfusão ou
doação.
▪ Reações à doação e à transfusão.
Eventos adversos do ciclo do sangue
▪ Erros na captação, registro e seleção de doadores;
▪ Erros na triagem clínica;
▪ Erros na coleta de sangue;
▪ Erros na triagem laboratorial da amostra do doador;
▪ Erros de rotulagem, armazenamento, transporte e distribuição dos hemocomponentes;
▪ Erros nos procedimentos transfusionais.
Hemovigilância do Receptor
▪ A transfusão sanguínea é um métodoterapêutico universalmente aceito, mas,deverá ser bem indicada porque é umprocedimento de risco que pode levar aoóbito do paciente.
▪ As transfusões de sangue podem ser:
Autóloga
Alogênica
Reações Transfusionais(São agravos ocorridos durante ou após a transfusão sanguínea e a ela relacionados)
Quanto ao tempo de ocorrência:Imediatas
Tardias
Quanto à gravidade:
Leve
Moderada
Grave
Óbito
Reações Transfusionais(Continuação)
▪ Quanto à correlação com a transfusão:
Confirmada
Provável
Possível
Improvável
Descartada
Inconclusiva
Reações TransfusionaisDiagnóstico
▪ Reação febril não hemolítica – RFNH
▪ Reação alérgica – ALG
▪ Reação por contaminação bacteriana – CB
▪ Transmissão de doença infecciosa – DT
▪ Reação hemolítica aguda imunológica – RHAI
▪ Lesão pulmonar aguda relacionada à transfusão – TRALI
▪ Reação hemolítica aguda não imune – RHANI
▪ Reação hipotensiva relacionada à transfusão –HIPOT
▪ Sobrecarga circulatória associada à transfusão – SC
▪ Dispneia associada à transfusão – DAT
▪ Doença do enxerto contra o hospedeiro pós-transfusional – DECH(GVHD)
▪ Reação hemolítica tardia – RHT
▪ Aloimunização/Aparecimento de anticorpos irregulares –ALO/PAI
▪ Púrpura pós-transfusional – PPT
▪ Dor aguda relacionada à transfusão – DA
▪ Hemossiderose com comprometimento de órgãos –HEMOS
▪ Distúrbios metabólicos – DM
▪ Outras reações imediatas – OI
▪ Outras reações tardias – OT
Todas as reações transfusionais devem ser tratadas, notificadas,
rastreadas.
Objetivos da hemovigilância
▪ Aumentar a segurança transfusional;
▪ Monitorar e gerar ações para correção de não conformidades;
▪ Monitorar todo o processo –da captação à transfusão.
RETROVIGILÂNCIA
▪ Parte da hemovigilancia que trata dainvestigação retrospectiva relacionada àrastreabilidade das bolsas de doaçõesanteriores de um doador que apresentousoroconversão , ou relacionada a um receptorde sangue que veio a apresentar marcadorpositivo para uma doença transmissível.
Exemplo: Soroconversão(teste sorológico positivo) em doador de repetição.
▪ Descarte de todos os componentes produzidos nesta doação;
▪ Busca p/ descarte de todos os componentes em estoque, produzidos em doações anteriores deste doador;
▪ Rastreamento dos receptores de componentes de doações anteriores deste doador.
▪ Caso ainda haja algum hemocomponentearmazenado em qualquer serviço dehemoterapia, determinar a devolução para aunidade produtora para as providênciascabíveis;
▪ A unidade produtora deve receber ohemocomponente, realizar o protocolo deinvestigação e descartar conforme normas debiossegurança ou encaminhar para unidadede produção de reagentes conveniada.
▪ Caso a unidade de plasma já tenha sido enviadapara o fracionamento industrial, a indústria querecebeu o plasma deve ser comunicada porescrito, simultaneamente à comunicação àANVISA e à CGSH/MS.
▪ Caso o teste de confirmação dos resultadosinicialmente reagentes não se confirme, deve-seconvocar o doador para a coleta de novaamostra de sangue.
▪ Caso o doador não compareça, o serviço dehemoterapia deverá comunicar ao órgão devigilância em saúde competente
▪ Notificar/informar à Visa e à VE Municipal eEstadual.
Procedimentos de retrovigilância a partir da identificação do marcador reagente em receptor
de transfusão.
E por fim, lembrar sempre:
▪ Não existe transfusão sem a doação de sangue e, portanto, todos nós somos responsáveis por incentivar a doação voluntária de sangue, a fim de mantermos um bom estoque de hemocomponentes nos serviços de hemoterapia.
▪ QUALQUER UM DE NÓS PODE PRECISAR DE UMA BOLSA DE SANGUE, A QUALQUER MOMENTO.
Muito Obrigada!