acervo do projeto paleotocas - ufrgs · é outra iniciativa inédita do projeto paleotocas, visando...
TRANSCRIPT
Boletim Informativo das Pesquisas do Projeto Paleotocas Número 20 – Fevereiro de 2012 Site: www.ufrgs.br/paleotocas Distribuição Dirigida Responsável: Prof. Heinrich Frank Contato: [email protected] Fone: 51.30320382
EDITORIAL
Este número do TocaNews se dedica
às paleotocas do Paraná. Ainda em setembro
do ano passado, no TocaNews 18, nos
perguntávamos “onde estão as paleotocas do
Paraná?”. Com um pouco de sorte, bastante
pesquisa na internet e vários colaboradores
prestativos enviando imagens, podemos agora
apresentar as primeiras paleotocas do Paraná.
Ainda não visitamos nenhuma delas,
mas as imagens falam por si.
Trabalhos Científicos em 2011
Durante o ano de 2011 a equipe do
Projeto Paleotocas publicou 7 trabalhos em
4 eventos, além de um artigo em revista.
Em relação a 2010 houve uma
pequena redução, refletindo o menor número
de eventos aos quais foi possível comparecer.
Muitos Congressos são realizados em locais
muito distantes, implicando em um grande
gasto de tempo e dinheiro, o que nem
sempre é viável ou então não vale a pena.
Todos os trabalhos estão disponíveis
para download no site do Projeto:
www.ufrgs.br/paleotocas, no item “Produção
Científica”. Esta disponibilidade de download
é outra iniciativa inédita do Projeto
Paleotocas, visando facilitar o acesso às
informações, normalmente guardadas em
bibliotecas universitárias de difícil acesso ao
público em geral.
Acervo do Projeto Paleotocas
Ao longo dos últimos anos, o Projeto
Paleotocas, através de esforços concentrados
na busca de mais paleotocas, conseguiu
aumentar explosivamente o número de
paleotocas conhecidas. São mais de 250
ocorrências, mas em torno de 60-70% delas
são de paleotocas entupidas e não permitem
acesso.
Somando os comprimentos das
paleotocas abertas e acessíveis encontradas
até o momento, conseguimos encontrar um
total de um quilômetro e meio. O cálculo é
conservativo, provavelmente um cálculo
preciso atinge facilmente dois quilômetros.
Os problemas fotográficos Obter boas fotografias das paleotocas é extremamente importante para documentar essas
ocorrências. Diz o ditado que “uma imagem vale por mil palavras”. Nada mais verdadeiro em se
tratando de paleotocas. As imagens das entradas das paleotocas são relativamente simples, porque
sempre há luz natural e basta um bom enquadramento e um tripé de boa qualidade para garantir
boas imagens.
Lá dentro da paleotoca, por outro lado, a história é outra. Valem as observações dos
espeleólogos, que descrevem em detalhes como é difícil conseguir boas fotos de locais
completamente às escuras. Nesse caso, normalmente apertados. Como regra, uma máquina digital
simples – essas pequenas que todo mundo usa – com um flash embutido, não resolvem coisa
alguma. As fotos saem borradas, desfocadas, péssimas e completamente inaproveitáveis para
trabalhos científicos. É absolutamente essencial uma máquina digital de qualidade superior, várias
técnicas de iluminação e longas sessões de fotografia para obter os enquadramentos, os ângulos de
luz e outros detalhes necessários.
Outro capítulo é a obtenção de fotos das marcas nas paredes, sejam marcas de garra de tatus
e preguiças ou marcas de ferramentas. Veja o exemplo abaixo:
É a mesma marca de picareta na parede de uma paleotoca. A imagem da esquerda é a
perspectiva correta, mostrando como a picareta arrancou um pedaço de rocha da parede. Na imagem
da direita erramos a direção da iluminação e o relevo aparente se inverteu: tudo que está para dentro
parece que está para fora, e tudo que está para fora parece que está para dentro. Um problema
comum quando se trabalha com marcas em paredes de paleotocas. Todo cuidado é pouco na
obtenção das imagens corretas e para não ter que voltar para lá, repetir tudo outra vez.
NOVAS OCORRÊNCIAS – 1 A paleotoca “Casa de Pedra” em Palmital – PR Há 60 anos, o já falecido João Burei perseguia uma vara de porcos silvestres durante uma
caçada quando os porcos subitamente entraram em uma caverna desconhecida, cuja entrada estava
obstruída por uma densa vegetação. A caverna possui 3 salões, o primeiro com 5 metros de altura,
por isso vem sendo usado atualmente como abrigo para cabritos e gado e seu piso está coberto de
esterco. Fica em Palmital – PR, às margens do rio Cantu, na propriedade de Basílio Burei.
Seu sobrinho, Miguel Burei, Secretário de Turismo de Palmital, nos enviou gentilmente
algumas fotos que, em princípio, confirmam a caverna como uma paleotoca. Muito típico é o
formato da galeria que pode ser vista na terceira foto.
NOVAS OCORRÊNCIAS – 2 A paleotoca do cadáver em Quedas do Iguaçu – PR A caverna de Quedas do Iguaçu surgiu no noticiário devido a uma notícia funesta. Um
caçador estava perseguindo um porco do mato – um cateto – quando o bicho se refugiou dentro de
um buraco – a paleotoca. O homem não teve dúvidas e se meteu atrás do bicho, quase 10 metros
barranco a dentro. Paleotoca baixinha, estreita, apertada, o porco já tinha consumido bastante
oxigênio, o homem consumiu outro tanto, ainda deu um tiro no bicho para matá-lo e pronto: acabou
o oxigênio e o homem morreu sufocado ali mesmo, junto ao porco.
Isso aconteceu às 9 horas da manhã e os bombeiros da cidade vizinha foram acionados
apenas às 22 horas. O resgate foi só no outro dia. Quem participou do resgate do cadáver e nos
cedeu gentilmente as fotos foi o bombeiro Alex, que está nas fotos abaixo, junto ao Cabo Harka.
Muito obrigado, Alex !
NOVAS OCORRÊNCIAS – 3 A paleotoca da Carvorite de Teixeira Soares – PR
A paleotoca de Teixeira Soares é conhecida como “A caverna da Carvorite”, que é um
assentamento. Está dentro de um capão de mato e foi encontrada graças a um email do Renan
Poposki, que nos forneceu uma fotografia da caverna obtida por Renato Kovalski Ribeiro. Entramos
em contato com o Renato e ele prontamente visitou mais uma vez a paleotoca, obteve mais
fotografias que nos enviou, fez um vídeo que está no YouTube (pesquise “caverna carvorite”) e se
dispôs a ser nosso guia na região.
A caverna estava com a entrada obstruída, mas o Renato, com amigos, limpou a entrada
(veja foto abaixo) e tornou o acesso possível. A caverna tinha dois “salões”, mas o acesso a um
deles desabou e será necessário cavar mais um pouco para acessá-lo.
NOVAS OCORRÊNCIAS – 4 A paleotoca do barro de Tamarana – PR
A paleotoca de Tamarana é chamada de “Gruta do Barro” e foi descrita em um trabalho no
Congresso Brasileiro de Espeleologia de 2009. É uma paleotoca longa, com quase 100 metros de
comprimento, escavada em rocha vulcânica alterada da Formação Serra Geral. Tanto a entrada
como a saída são pequenas, entupidas, e dentro da paleotoca corre água, uma situação que
conhecemos de uma série de outras paleotocas.
Não há ornamentos na parede, uma situação padrão em paleotocas escavadas em alteração
de rochas plutônicas (granitos, etc) e vulcânicas (basaltos etc). Há muitas raízes penduradas no teto,
outra situação normal em paleotocas escavadas nesse tipo de material. A altura do túnel, em função
dos diferentes graus de erosão, varia entre 0,70 e 2,10 metros. A sua largura média é de 3 metros.
Ao lado do túnel principal, há uma galeria secundária, situação que conhecemos de uma paleotoca
dessas em Viamão (RS).
Entramos em contato com os autores, mas não obtivemos resposta. A interpretação da
paleotoca como produto de “erosão tubular regressiva” se deve ao fato do conceito de paleotocas
ser bastante novo, tanto assim que a mesma interpretação foi dada às paleotocas pelos arqueólogos
brasileiros nos últimos 40 anos.
NOVAS OCORRÊNCIAS – 5 A “caverna Kovalski” de Mallet – PR
A caverna Kovalski foi outra dica do Renato Kovalski. Localiza-se no município de Mallet,
na Linha Norte, na propriedade de Jaime Kovalski. Entramos em contato com o vizinho dele, Celso
Kovalski, que nos informou que a caverna é pouco freqüentada.
Por enquanto, a única imagem da caverna que temos, foi retirada de um folheto turístico e é
de baixa qualidade. A forma, entretanto, é muito característica para uma paleotoca.
Vamos nos programar para visitar o Paraná e investigar essas paleotocas, uma por uma.