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A Viúva e o Papagaio obra integralTRANSCRIPT
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A Viva e o Papagaio, de Virginia Woolf
Estava na cama, sumida nesses pensamentos, quando um toque na janela a sobressaltou.
O rudo repetiu-se vrias vezes. Ali, para sua surpresa, sentado no parapeito, havia um
enorme papagaio. A chuva cessara e estava uma formosa noite de luar. De incio assustou-se
muito, mas depois reconheceu o papagaio cinzento, James, e a alegria embargou-a ao ver que o
animal se tinha salvo. Abriu a janela, acenou a cabea vrias vezes e disse-lhe que entrasse. O 5
papagaio respondeu movendo suavemente a cabea de um lado para o outro, avanou uns
passos, voltou-se para ver se a senhora Gage o seguia e regressou ao parapeito, onde ela o
observava muda de espanto.
Os animais atuam com muito mais sentido do que ns pensamos, refletiu.
Muito bem, James disse em voz alta, falando-lhe como se fosse um ser humano. Vou 10
acreditar na tua palavra. Espera um momento para que me arranje um pouco. Ps um grande
avental, desceu as escadas sem fazer rudo e saiu sem despertar a senhora Ford.
O papagaio parecia satisfeito. Avanava aos saltos uns metros sua frente, em direo
casa em runas. A senhora Gage esforava-se por o acompanhar. O papagaio parecia conhecer
perfeitamente o caminho e dirigiu-se para as traseiras da casa, onde antes ficava a cozinha. 15
A senhora Gage descansou e decidiu deixar-se guiar pelo pssaro, que no lhe permitiu
descansar muito tempo.
A senhora Gage e o papagaio trabalharam duramente at desenterrar todo o tesouro, que
constava de trs mil peas, nem mais nem menos, que depositaram sobre o avental estendido
no cho. 20
WOOLF, Virginia A viva e o papagaio. Lisboa: Relgio D'gua, 2007. 978-972-708-988-8. pp. 26-32 com supresses