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A ÉTICA NO USO DOS AGROTÓXICOS
BEAL, Denice 1
VIEIRA, Ana Paula 2
RESUMO
O presente artigo propõe a reflexão, análise e discussão sobre o uso de agrotóxicos
e as consequências causadas pela falta de ética mediante seu uso. Deste modo,
objetivou-se promover a aprendizagem a respeito do uso adequado de agrotóxicos e
a ética na utilização dos mesmos, trabalhando-se com alunos do Ensino Médio.
Pode-se analisar que a maioria dos estudantes desconhecem a respeito da
utilização adequada de defensivos, como herbicidas ou inseticidas, aplicando-os de
modo equivocado.
Palavras-chave: agrotóxico, aprendizagem, cadeias químicas.
ABSTRACT
This article proposes the reflection, analysis and discussion on the use of pesticides
and the consequences caused by the lack of ethics through their use. In this way, the
This article proposes the reflection, analysis and discussion on the use of pesticides
and the consequences caused by the lack of ethics through their use. In this way, the
objective was to promote learning about the proper use of pesticides and ethics in
their use, working with high school students. It can be seen that most students are
unaware of the proper use of pesticides, such as herbicides or insecticides, by
misapplying them.
Key words: agrochemical, learning, chemical chains.
1 Professora de Química do Colégio Arnaldo Busato – Ensino Fundamental e Médio – Verê – NRE –
Francisco Beltrão – Participante do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE – 2014 – Química – Vinculado a Universidade Estadual do Paraná – Unioeste – Campus de Francisco Beltrão. 2 Orientadora. Professora da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – Unioeste – Campus de
Francisco Beltrão.
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1 Introdução
Incialmente, apresenta-se que o uso dos agrotóxicos possui seu início na
década de 1920, sendo que seus efeitos toxicológicos não eram tão difundidos.
Sabe-se que, na Segunda Guerra Mundial, os agrotóxicos foram utilizados como
armas químicas, expandindo-se seu uso deste estão, produzindo-se largamente em
escala industrial, atingindo-se milhões de toneladas ao ano. Sua aplicação, na
atualidade, está diretamente relacionada à produção de alimentos.
De acordo com dados da ANVISA (2011), aponta-se que o Brasil, desde 2008,
ocupa o primeiro lugar no ranking de consumo de agrotóxicos. Nos últimos dez anos,
o mercado mundial do setor de agrotóxicos cresceu 93% e, no Brasil, foi de 190%.
Além disso, só na safra de 2011, por exemplo, no Brasil foram plantados 71
milhões de hectares de lavoura temporária (soja, milho, cana, algodão) e
permanente (café, cítricos, frutas, eucaliptos), o que corresponde a cerca de 853
milhões de litros (produtos formulados) de agrotóxicos pulverizados nessas lavouras,
principalmente de herbicidas, fungicidas e inseticidas, representando média de uso
de 12 litros/hectare e exposição média ambiental/ocupacional/alimentar de 4,5 litros
de agrotóxicos por habitante (IBGE/SIDRA, 2012).
Sabe-se, ainda, que, em países em desenvolvimento, nos quais o difícil
acesso às informações e à educação por parte dos usuários desses produtos, bem
como o escasso controle sobre sua produção, distribuição e utilização, são algumas
das principais determinantes na constituição dessa situação.
Além disso, grande parte dos agrotóxicos utilizados hoje em dia tem grande
poder bioacumulativo. Os efeitos nocivos à saúde humana foram detectados em
amostras de sangue, leite materno, resíduos em alimentos, entre outros. Considera-
se, ainda, de acordo com pesquisas, que o uso indiscriminado de agrotóxicos pode
estar diretamente relacionado à anomalias congênitas, câncer, doenças mentais,
problemas de fertilidade, sem contar o desequilíbrio ambiental e a saúde do
trabalhados rural (SIQUEIRA E KRUSE, 2008, p. 1).
Esses produtos, criados pelo homem para aumentar seus lucros,
produtividade e reduzir o trabalho, dificilmente se decompõe na natureza, porque
poucos microrganismos têm enzimas para esse função, acumulando-se na gordura
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dos seres vivos.
Contudo, o problema não está estritamente no uso dos pesticidas ou
herbicidas, mas sim, na falta de informação e a falta de ética de quem produz e
comercializa. Pois, com preços mais atrativos, seus efeitos são mascarados e a
venda é exorbitante.
Partindo do supraexposto, analisa-se que, na atualidade, o uso de
agrotóxicos na agricultura está sendo realizado de modo indiscriminado, causando
danos, muitas vezes irreversíveis, à humanidade e ao meio ambiente.
Assim, é necessário analisar a questão da ética no uso dos agrotóxicos na
agricultura, a fim de tentar amenizar ou eliminar os danos causados pelos
agrotóxicos, bem como criar uma cultura de conscientização mediante o uso dos
mesmos.
Diante disso, sabendo-se que o município de Verê, Sudoeste do Estado do
Paraná, possui sua economia baseada quase que totalmente na agricultura e
pecuária, e sendo os alunos do Colégio Estadual Arnaldo Busato, público-alvo da
intervenção pedagógica, filhos de proprietários rurais, questiona-se como promover
a compreensão dos alunos a respeito da ética no uso de agrotóxicos.
Deste modo, a temática deste estudo consiste em discutir sobre a ética no
uso de agrotóxicos com alunos do Ensino Médio, promovendo uma ação reflexiva e
aprendizagem a respeito do uso adequado destes produtos e as consequências
causadas na produção dos alimentos. Além disso, a presente pesquisa visou
analisar como os agrotóxicos são utilizados, a maneira como são apresentados aos
produtores rurais, como são manuseados, bem como averiguar a ética com que são
produzidos e comercializados. Também objetivou-se evidenciar o repasse de
informações sobre seus efeitos, as maneiras e os meios que a indústria utiliza para
visar lucros, bem como o discurso que legitima sua massiva utilização.
2 Revisão de Literatura
A ética no uso dos agrotóxicos: uma breve análise
O termo agrotóxico é utilizado para denominar veneno agrícola, sendo que
coloca-se em evidência a toxidade desses produtos para o meio ambiente e para a
saúde humana.
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Anualmente, há mais de 70.000 intoxicações agudas e crônicas, entre os
países em desenvolvimento, causados por agrotóxicos, conforme apresenta a
Organização Mundial da Saúde (BRASIL,1996). O Brasil, desde 2008, ocupa o primeiro lugar no ranking de consumo de
agrotóxicos. Nos últimos dez anos, o mercado mundial do setor de agrotóxicos
cresceu 93% e, no Brasil, foi de 190% (ANVISA, 2011). Sabe-se, ainda que, nos países em desenvolvimento, nos quais o difícil
acesso às informações e à educação por parte dos usuários desses produtos, bem
como o escasso controle sobre sua produção, distribuição e utilização, são algumas
das principais determinantes na constituição dessa situação. Assim, trata-se de um
dos maiores desafios da saúde pública, conforme salienta Peres et al (2001):
Os países em desenvolvimento são responsáveis por 20% do mercado mundial de agrotóxicos, entre os quais o Brasil se destaca como o maior mercado individual, representando 35% do montante, o equivalente a um mercado de 1,1 bilhões de dólares (ou 150.000t/ano) (PERES ET AL, 2001, p. 156-162).
Grande parte dos agrotóxicos utilizados hoje em dia tem grande poder
bioacumulativo. Os efeitos nocivos à saúde humana foram detectados em amostrar
de sangue, leite materno, resíduos em alimentos, entre outros. Considera-se, ainda,
de acordo com pesquisas, que o uso indiscriminado de agrotóxicos pode estar
diretamente relacionado à anomalias congênitas, câncer, doenças mentais,
problemas de fertilidade, sem contar o desequilíbrio ambiental e a saúde do
trabalhados rural. Além dos efeitos diretos causados devido à expansão das áreas agrícolas
sem planejamento territorial adequado, aumentaram os impactos ambientais
causados pelo uso dos agrotóxicos sobre o ambiente, agregando ainda mais a
poluição do ar, do solo, dos alimentos, das águas e a intoxicação direta de homens e
animais. Sabe-se que, dentre as centenas de agrotóxicos e medicamentos, os
organoclorados são os mais persistentes no ambiente. Eles têm sido encontrados
com maior frequência no organismo humano e animal. Esses produtos, criados pelo homem para aumentar seus lucros,
produtividade e reduzir o trabalho, dificilmente se decompõe na natureza, porque
poucos microrganismos têm enzimas para esse função, acumulando-se na gordura
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dos seres vivos, como estudos científicos comprovam. Os organoclorados são muito empregados na agricultura, embora tenham
sido progressivamente restringidos, pois apresentam um longo aspecto residual com
grande poder bioacumulativo. A utilização deles na agricultura ocasiona o contato
direto ou indireto do homem com esses materiais. Contudo, o problema não está estritamente no uso dos pesticidas ou
herbicidas, mas sim na falta de informação e a falta de ética de quem produz e
comercializa. Pois, com preços mais atrativos, seus efeitos são mascarados e a
venda é exorbitante. Assim, a contaminação alimentar e ambiental é causada por esses produtos,
os quais colocam em risco grandes grupos populacionais, com “acidentes” com
agrotóxicos, como é o caso de Lucas do Rio Verde (MT) em 2006 e em Anniston,
Alabama, EUA, 1971. A população, em muitos casos, é contaminada por falta de
recursos e, principalmente, de orientação, como revelam notícias da época.
Desde a década de 60, o Governo Federal, através da tão difundida
Revolução Verde, implantou o Sistema Nacional de Crédito Rural. No ano de 1965,
esta linha de crédito visava estimular a industrialização dos produtos agropecuários,
bem como fomentar o fortalecimento econômico dos pequenos produtores rurais.
Deste modo, seria possível que o produtor mecanizasse sua produção, reduzisse os
custos de produção e aplicação de defensivos agrícolas, fertilizasse o solo, além de
serem elaboradas diversas pesquisas científicas para aprimoramento das sementes,
através da conhecida transgenia. Tudo isso com a intenção de acabar com a fome
no mundo. Contudo, paralelamente ao crescimento expressivo da agricultura,
aumentava-se também os problemas de saúde nos seres humanos e ao meio
ambiente. E estes problemas estão aumentando gradativamente.
Embora a agricultura seja praticada pela humanidade há mais de dez mil anos, o uso intensivo de agrotóxicos para o controle de pragas e doenças das lavouras existe há pouco mais de meio século. Ele teve origem após as grandes guerras mundiais, quando a indústria química fabricante de venenos então usados como armas químicas encontraram na agricultura um novo mercado para os seus produtos (LONDRES, 2011, p. 17).
Há mais de cinquenta anos da Revolução Verde, a falta de ética no uso de
agrotóxicos é cada vez pior, conforme nota-se diariamente na agricultura, por
exemplo.
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A Lei Federal nº 7.802/89, regulamentada pelo Decreto 98.816, Artigo 2,
Inciso I, define agrotóxico como:
Os produtos a os componentes de processos físicos, químicos ou biológicos destinados ao uso nos setores de produção, armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas nativas ou implantadas e de outros ecossistemas e também em ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora e da fauna, a fim de preservá-la da ação danosa de seres vivos considerados nocivos, bem como substâncias e produtos empregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores do crescimento (BRASIL, 1989, p. 1).
Após grande mobilização da sociedade civil, alterou-se a nomenclatura
‘defensivo agrícola’ para ‘agrotóxico’ com o intuito de colocar em evidência a
toxidade destes produtos para o ser humano e para o meio ambiente. Sabendo-se que o uso indiscriminado de agrotóxicos causa malefícios à
humanidade e ao ambiente, especificamente sobre o ser humano, sabe-se que,
conforme pesquisas na área de saúde apontam, mutações genéticas, doenças
congênitas, abortos, desenvolvimento de câncer, hepatite e outras doenças estão
estritamente relacionadas ao contato com agrotóxicos.
Sobre o tema, apresenta-se que:
No ano passado, a pesquisadora norte-americana Stephanie Seneff, do MIT, apresentou um estudo anunciando mais um dado alarmante: ‘Até 2025, uma a cada duas crianças nascerá autista’, disse ela, que fez uma correlação entre o Roundup, o herbicida da Monsanto feito a base do glifosato, e o estímulo do surgimento de casos de autismo. O glifosato, além de ser usado como herbicida no Brasil, também é uma das substâncias oficialmente usadas pelo governo norte-americano no Plano Colômbia, que há 15 anos destina-se a combater as plantações de coca e maconha na Colômbia (ROSSI, 2015, p. 1).
Além disso, de acordo com a Organização Mundial de Saúde – OMS – as
intoxicações por agrotóxicos são de 3 milhões ao ano, sendo que, em países em
desenvolvimento, são de 2,1 milhões. Também, considera-se, de acordo com dados
do Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas – Sinitox, da Fundação
Oswaldo Cruz – Fiocruz e da OMS:
O número de mortes atinge 20.000 em todo o mundo, com 14 mil nas nações do terceiro mundo. Mas, acreditam os especialistas, as estatísticas reais devem ser ainda maiores devido à falta de documentação a respeito das intoxicações subagudas, causadas por exposição moderada ou pequena a produtos de alta toxicidade, de aparecimento lento e sintomatologia subjetiva, e intoxicações crônicas, que requerem meses ou
http://themindunleashed.org/2014/10/mit-researchers-new-warning-todays-rate-half-u-s-children-will-autistic-2025.htmlhttp://themindunleashed.org/2014/10/mit-researchers-new-warning-todays-rate-half-u-s-children-will-autistic-2025.htmlhttp://themindunleashed.org/2014/10/mit-researchers-new-warning-todays-rate-half-u-s-children-will-autistic-2025.htmlhttp://themindunleashed.org/2014/10/mit-researchers-new-warning-todays-rate-half-u-s-children-will-autistic-2025.html
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anos de exposição, e tardiamente revelam danos como neoplasias (BRASIL, 1996, p. 24).
Atualmente, no Brasil, são 5.000 trabalhadores ao ano que morrem vítimas de
agrotóxicos. Contudo, a maioria delas poderiam ser evitadas, se o aplicador
utilizasse os equipamentos de proteção individual (nesse caso, avental, luvas,
máscaras, botas, chapéu, vestimenta de proteção e óculos de proteção).
O Brasil está entre os principais consumidores mundiais de agrotóxicos. A maior utilização dessas substâncias é na agricultura, especialmente nos sistemas de monocultura, em grandes extensões. São também utilizados em saúde pública, na eliminação e controle de vetores transmissores de doenças endêmicas. E, ainda, no tratamento de madeira para construção, no armazenamento de grãos a sementes, na produção de flores, para combate a piolhos e outros parasitas, na pecuária, etc (BRASIL, 1996, p. 23).
Já sobre o meio ambiente, os malefícios também estão significativamente
presentes, causando impactos ambientais danosos. Tanto no ar, na atmosfera, no
solo, na água ou nos alimentos, os agrotóxicos, em larga escala e a longo período,
prejudicam significativamente a natureza.
Os agrotóxicos são moléculas sintetizadas para afetar determinadas reações bioquímicas de insetos, microrganismos, animais e plantas que se quer controlar ou eliminar, mas determinados processos bioquímicos são comuns a todos os seres vivos e, assim, o efeito pode então atingir não só o organismo que se espera controlar, como também outros seres do ambiente. A introdução de agrotóxicos no ambiente agrícola pode provocar perturbações ou impactos, porque pode exercer uma pressão de seleção nos organismos e alterar a dinâmica bioquímica natural, tendo como conseqüência, mudanças na função do ecossistema (SPADOTTO ET AL, 2004, p. 12-13, sic).
Outro fator é a questão do resíduos dos agrotóxicos no solo, sendo que
alguns podem durar um ano, outros ainda mais. De acordo com pesquisadores do
Embrapa:
Alguns agrotóxicos dissipam-se rapidamente no solo. Esse processo é denominado mineralização e resulta da transformação do produto em
composto mais simples, como H2O, CO2 e NH3. Embora parte desse processo seja ocasionado por reações químicas, como a hidrólise e a fotólise, o catabolismo microbiológico e o metabolismo são, geralmente, os principais meios de mineralização. Os microrganismos do solo utilizam o agrotóxico como fonte de carbono e outros nutrientes. Alguns produtos químicos, como o herbicida 2,4-D, são rapidamente decompostos no solo, enquanto outros não são atacados tão facilmente, como é o caso do 2,4,5-T. Algumas moléculas são moderadamente persistentes e seus resíduos
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podem permanecer no solo durante um ano inteiro, outras podem persistir por mais tempo (SPADOTTO ET AL, 2004, p. 13).
Na atualidade, o uso de agrotóxicos na agricultura para produção de
alimentos é extremamente elevado. De acordo com dados da Fiocruz:
Imagine tomar um galão de cinco litros de veneno a cada ano. É o que os brasileiros consomem de agrotóxico anualmente, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA). ‘Os dados sobre o consumo dessas substâncias no Brasil são alarmantes’, disse Karen Friedrich, da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) (ROSSI, 2015, p. 1).
De acordo com a Abrasco (in Rossi, 2015), os alimentos que mais consomem
agrotóxico no Brasil são: Soja (40%).
Milho (15%).
Cana-de-açúcar e algodão (10% cada).
Cítricos (7%).
Café, trigo e arroz (3 cada%).
Feijão (2%).
Batata (1%).
Tomate (1%).
Maçã (0,5%).
Banana (0,2%). As outras culturas consumiram 3,3% do total de 852,8 milhões de litros de
agrotóxicos pulverizados nas lavouras brasileiras em 2011 (ROSSI, 2015). Outro fator importante a ser considerado é que, além da maciça produção
brasileira de agrotóxicos, ainda existe o contrabando e a venda ilegal de
agrotóxicos. Além da produção nacional ser exagerada, conforme o Sindag –
Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para a defesa Agrícola, somente em
2011 foram apreendidas 55 toneladas de produtos contrabandeados e falsificados,
com um expressivo aumento de 73% em relação a 2010. No período de 2001 a
2011, foram apreendidas 452 toneladas (AIRES, 2015). Além disso, o comércio de agrotóxicos no Brasil é dominado por marcas
http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/inca/portal/homehttp://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/inca/portal/homehttp://www.abrasco.org.br/site/http://www.abrasco.org.br/site/
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estrangeiras, como Syngenta, Basf, Monsanto, Dow, Du Pont, Bayer, FMC, Milenia e
as brasileiras Agripec e Nortox. Esta indústria química, em 2004, faturou US$ 9,8
bilhões em agrotóxicos, adubos e fertilizantes.
Especificamente sobre sua classificação, os agrotóxicos podem ser
classificados de acordo com o tipo de praga a ser controlada, de acordo com seu
uso e estrutura química e também quanto à toxidade:
Uso e tipo de praga a ser controlada ou destruída: inseticidas (insetos), herbicidas (ervas daninhas), fungicidas (fungos), raticidas (roedores), bactericidas (bactérias), nematicidas (nematóides, vermes), larvicidas (larvas), cupinicidas (cupins), formicidas (formigas), pulguicidas (pulgas), piolhicidas (piolhos), carrapaticidas (carrapatos), acaricidas (ácaros), moluscicidas (moluscos), avicidas (aves) e columbicidas (pombos). Uso e estrutura química: A quantidade de grupos nesta classificação é bastante extensa, (...). Seguem alguns exemplos: inseticidas (organoclorados, organofosforados, carbamatos, piretróides, neocotinóides), herbicidas (cloroacetanilidas, ácidos ariloxialcanóico, triazinas, uréias e glicina substituída), fungicidas (triazol, ditiocarbamatos, benzimidazol, dicarboximidas), entre outros.
Quanto à toxicidade: A classificação por toxicidade adotada no Brasil considera estudos experimentais realizados em animais e gravidade do evento: toxicidade aguda (baseada na dose letal 50 – DL 50, irritação de mucosas oculares, ulceração ou corrosão na pele, opacidade na córnea e lesão ocular. Para cada classe foi adotada uma tarja colorida nos rótulos dos produtos. Existem quatro classes, a saber: Classe I (rótulo vermelho) - extremamente tóxico, Classe II (rótulo amarelo) - altamente tóxico, Classe III (rótulo azul) - medianamente tóxico, Classe IV (rótulo verde) - pouco tóxico (ANVISA, 2011, p. 1).
Entretanto, estas e outras informações, que são relevantes para quem se
utiliza destes produtos, não são levados em consideração pelos vendedores e
consumidores, não se analisando os males que a utilização indiscriminada ou
inadequada destes produtos podem trazer à humanidade.
3 Metodologia
As ações efetivadas no decorrer dos estudos fizeram parte do PDE –
Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), no período de fevereiro a junho
de 2017, no município de Verê (PR) na disciplina de Química.
Inicialmente, na primeira aula, fez-se a explanação do conteúdo a ser
trabalhado, bem como aplicado um questionário aos alunos (Anexo 1).
Na aula seguinte, fez-se o levantamento de dados obtidos pelo questionário
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sobre o uso, o manejo e as práticas com agrotóxicos.
Na continuidade, com base nas respostas obtidas pelo questionário aplicado
aos pais dos alunos, comentou-se o tema central do estudo, conceituou-se e definiu-
se os termos empregados, como ética, agrotóxico, receita agronômica, período de
carência, alimentos, entre outros.
Nas próximas aulas, analisou-se os materiais contendo dados da 8ª Regional
de Saúde sobre casos/ocorrência de câncer (CA) no município, com estimativas,
casos confirmados, preliminares, pessoas em tratamentos, óbitos, tipos CA.
Nas aulas seguintes, expuseram-se alguns vídeos sobre a temática, com
posterior debate. Trabalhou-se com os vídeos “Nuvens de veneno”, “O veneno está
na mesa”, “Agrotóxicos e câncer”, “Meio ambiente por inteiro”, “Profissão repórter
03/11/2015 – Brasil é campeão mundial no uso de agrotóxicos” e “Alimentos e
toxinas: o veneno de todos os dias”.
Na sequência, realizou-se a análises de propagandas, charges e publicidades
sobre os agrotóxicos, bem como pesquisas efetivadas a respeito.
No outro dia, organizou-se uma palestra com um agrônomo sobre a utilização
e manejo dos agrotóxicos no nosso município e a importância do uso dos EPI’s.
Nas aulas seguintes, visitou-se uma propriedade rural para análise da prática
de utilização dos agrotóxicos com uso adequado de roupas de proteção.
Após, nas outras aulas, houve a realização de uma aula prática sobre os
agrotóxicos, com experiência no laboratório da UNIOESTE, campus de Francisco
Beltrão.
Nas aulas seguintes, elencaram-se os principais agrotóxicos utilizados e
analisaram-se as ligações carbônicas de sua composição, com apresentação,
explanação, análise e construção de estruturas orgânicas a base de carbono. Em
seguida, os dados foram tabulados em gráficos e tabelas, para averiguar quais são
mais utilizados e a proporção empregada, relacionando-a com a área de cultivo.
Após, fez-se um debate e discussão sobre as conclusões.
E, para finalizar, fez-se a avaliação das atividades com a elaboração de um
texto descritivo, com os comentários de como foram as aulas, o que os alunos
aprenderam e o que poderiam mudar em suas vidas e na vida de suas famílias.
Apresenta-se que o PDE é um programa implantado pela Secretaria de
Estado da Educação do Paraná – SEED/PR, em parceria com Instituições de Ensino
Superior Pública – IES, que proporcionam subsídios com vistas ao desenvolvimento
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de ações educacionais. O programa foi organizado para quatro períodos de seis
meses cada, com proposta de estudos, com carga horária que previa encontros
presenciais nas IES e estudos orientados à distância; elaboração de materiais
didáticos para uso na implementação do Projeto e coordenação do Grupo de
Trabalho em Rede – GTR, pela professora PDE, espaço online no qual é socializada
a pesquisa realizada, efetivando-se discussões e estudos com os demais
professores da área.
A presente pesquisa baseou-se bibliograficamente nos pressupostos de
alguns autores, dentre eles Siqueira e Kruse (2008) e Peres et al (2001).
4 Resultados e Discussão
Sabendo-se que o município de Verê, Sudoeste do Estado do Paraná, possui
sua economia baseada quase que totalmente na agricultura e pecuária, sendo os
alunos, público-alvo da intervenção pedagógica, filhos de proprietários rurais,
questionou-se: como promover a compreensão dos alunos a respeito da ética no
uso de agrotóxicos? Para começar a responder a esse questionamento, em primeiro
lugar o projeto foi apresentado aos alunos, especificando as atividades que seriam
desenvolvidas, iniciando-se através da realização de um levantamento de dados
teóricos, com explanação a respeito do assunto.
Após, foi elaborado um questionário (Anexo 1) e entregue aos alunos, a fim
de averiguar sobre a utilização de agrotóxicos para um levantamento de dados,
sendo elencados os principais agrotóxicos utilizados no município. Em seguida, os
dados foram tabulados, conforme demonstrados na Figuras 1 a 4 e Tabelas 1 a 8
abaixo, para averiguar quais são mais utilizados e a proporção empregada,
relacionando-a com a área de cultivo.
TABULAÇÃO DOS DADOS DA PESQUISA – 18 PARTICIPANTES
TABELA 1 - QUESTÕES 1, 2 E 4
SEXO
FEMININO MASCULINO
14 4
PROFISSÃO
ESTUDANTES (100%)
-
ESCOLARIDADE
ENSINO MÉDIO INCOMPLETO (100%)
FIGURA 1 - QUESTÃO 3 – IDADE DOS PARTICIPANTES
11
2 3
1 1
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
18 ANOS 17 ANOS 18 ANOS 20 ANOS 22 ANOS
TABELA 2 – QUESTÕES 5 E 7 – SOBRE A TERRA
PROPRIETÁRIOS DA TERRA
SIM NÃO
15 3
MÃO DE OBRA FAMILIAR
SIM NÃO
17 1
FIGURA 2 – QUESTÃO 6 – ÁREA TOTAL DA PROPRIEDADE
1
3,5
1 1
14
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
1/2 ALQUEIRE 3,5 ALQUEIRES 8,5 ALQUEIRES 1/4 DE TERRA NÃO SABEM
QUESTÃO 8 – RENDA DA FAMÍLIA Todos não sabem sobre a renda e a produção.
TABELA 3 – QUESTÕES 9, 10 E 11 – SE PRODUZ ALGO?
PRODUÇÃO
SIM (FRUTAS, VERDURAS, MANDIOCA, MILHO, FEIJÃO E SOJA) NÃO
17 1
USA-SE AGROTÓXICO?
SIM NÃO
18 0
ONDE SE APLICA?
-
CASA, PLANTAÇÃO, ANIMAIS, AR
TABELA 4 – QUESTÃO 12
RESPONSÁVEIS E FUNÇÕES
AQUISIÇÃO AGROTÓXICO Pai ou mãe
PREPARO AGROTÓXICO Pai, mãe ou ele próprio
APLICAÇÃO AGROTÓXICO Pai, mãe ou ele próprio
TRANSPORTE E DESTINO EMB. Todos
ARMAZENAMENTO Todos
LAVAGEM ROUPAS Mãe
TABELA 5 – QUESTÕES 13 A 26
ONDE ADQUIRE?
MERCADOS OU VETERINÁRIAS
CONSULTOU ENGENHEIRO AGRÔNOMO
NÃO (100%)
SABE RECEITA AGRONÔMICA?
NÃO (100%)
USA RECEITA AGRONÔMICA?
NÃO (100%)
CONFERE DATA DE VALIDADE?
NÃO (100%)
CONFERE A EMBALAGEM?
SIM (100%)
VENDEDOR INFORMA SOBRE DESCARTE?
NÃO (100%)
VEÍCULO PARA TRANSPORTE
CARRO ÔNIBUS
10 8
COBRE AS EMBALAGENS?
NÃO (100%)
TRANSPORTA COM OUTROS PRODUTOS?
SIM (100%)
SABE SOBRE ENVELOPE DE TRANSPORTE?
NÃO (100%)
TRANSPORTA COM NOTA FISCAL?
SIM NÃO
7 11
VENDEDOR INFORMA SOBRE LIMITE DE ISENÇÃO?
NÃO (100%)
VENDEDOR INFORMA SOBRE CUIDADOS AO TRANSPORTAR?
NÃO (100%)
FIGURA 3 – QUESTÃO 27 – LOCAL DE ARMAZENAMENTO
-
9
4
2 3
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
DENTRO DE CASA PAIOL BANHEIRO GARAGEM
TABELA 6 – QUESTÕES 28 A 33
COMO É O LOCAL?
AREJADO COM GOTEIRAS
16 2
FIOS EXPOSTOS?
NÃO (100%)
DISTÂNCIA LOCAL ARMAZENAMENTO E CASA?
DENTRO MENOS DE 10M
11 7
DISTÃNCIA LOCAL ARMAZEMANENTO E CURSO D’ÁGUA?
NO MESMO LOCAL MENOS DE 10M
11 7
EXISTE PLACA DE ADVERTÊNCIA?
NÃO (100%)
LOCAL FECHADO À CHAVE?
NÃO (100%)
FIGURA 4 – QUESTÃO 34 – ARMAZENAMENTO DAS EMBALAGENS
13
32
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
EM SACOLAS PENDURADOS PRATELEIRA
TABELA 7 – QUESTÕES 35 A 44
O QUE MAIS É ARMAZENADO NO LOCAL?
MEDICAMENTOS SEMENTES
17 1
MISTURA COM ÁGUA AO AR LIVRE?
SIM (100%)
DERRAMAR?
-
SIM NÃO
13 5
VENTAR NO MOMENTO?
PARAM CONTINUAM
2 16
PULVERIZADOR
TRATOR BOMBA COSTAL BOMBINHA
1 10 6
USA EPI PARA PREPARAR?
NÃO (100%)
USA EPI PARA APLICAR?
NÃO (100%)
SABE SOBRE PERÍODO DE REENTRADA?
NÃO (100%)
COLOCA AVISO NA ÁREA?
NÃO (100%)
SABE SOBRE PERÍODO DE CARÊNCIA?
NÃO SIM
15 3
TABELA 8 – QUESTÕES 45 A 53
COLHEITA OBSERVA PERÍODO DE CARÊNCIA?
NÃO SABEM (100%)
APÓS TRABALHO COM AGROTÓXICO, TOMA-SE BANHO?
SIM NÃO
2 16
PARA-SE O TRABALHO PARA BEBER, COMER,...?
NÃO (100%)
DESCARTE DE EMBALAGENS?
LIXO (100%)
TRÍPLICE LAVAGEM?
NÃO (100%)
FURA FUNDO EMBALAGEM?
NÃO (100%)
EXISTE 2 TANQUES PARA SEPARAR A ROUPA?
NÃO (100%)
PARA ONDE VAI A ÁGUA DAS ROUPAS USADAS COM AGROTÓXICO?
PÁTIO FOSSA
12 6
APÓS LAVADAS E SECAS, GUARDA-SE NO MESMO ARMÁRIO?
SIM (100%)
Na continuidade, foram apresentados vídeos sobre o assunto, como o
documentário “Nuvens de Veneno” e realizado debate sobre o tema. Sobre esta
atividade, os alunos comentaram muito a respeito dos efeitos que o veneno lhes
causa durante e após sua aplicação. Comentaram sobre, principalmente, ardência
nos olhos, comichão pelo corpo e náuseas.
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul (CEVS,
-
2008), as intoxicações causadas por agrotóxicos podem ser classificadas como
aguda ou crônica. Na primeira, os principais sintomas são dor de cabeça, náuseas,
tontura, vômitos, dor de barriga, diarreia, ardência nos olhos e na pele, confusão e
desorientação mental, dificuldade de respirar, tosse, sudorese, transpiração
excessiva, convulsões, chegando até ao coma e à morte. Já as intoxicações
crônicas apresentam, como efeitos, dor de cabeça, irritabilidade, ansiedade,
alteração do sono e da atenção, esquecimento, depressão, cansaço, formigamento
e fraqueza nas pernas e nos braços, dos na barriga, perda do apetite, irritação das
pele e das mucosas, dificuldade para respirar, sangramentos e perda visual. Após, realizou-se uma análise de propagandas, charges e publicidades sobre
os agrotóxicos, conforme Anexo 2. Sobre esta atividade, os alunos comentaram muito a respeito. A cada nova
imagem, novos argumentos surgiam, observando a intencionalidade dos autores.
Também constataram todas as informações implícitas e explícitas contidas nas
imagens. Na continuidade, foi solicitado aos alunos que elaborassem suas próprias
charges, conforme produções apresentadas o Anexo 3.
Também os alunos acompanhados da professora e de um técnico agrícola do
CAPA – Centro de Apoio ao Pequeno Agricultor, na comunidade de Águas do Verê,
Verê – PR, foi realizada visitação a uma propriedade rural, na qual a família de
agricultores utiliza somente produtos orgânicos no cultivo de frutas e verduras. A
visita objetivou conhecer a produção orgânica na prática, ou seja, a produção das
mudas, a utilização de adubo orgânico (húmus – o qual é produzido na propriedade
– com utilização de minhocas), do plantio e da colheita de alface, beterraba, salsa e
cebolinha e o pomar, onde são cultivadas três variedades de laranja, tangerina e
limão. As hortaliças são regadas com a água do açude, onde existe uma barreira
natural contra agrotóxicos feita com ciprestes plantados pelo proprietário.
Para combater as pragas eles utilizam Pironim, um inseticida orgânico, e o
Supera, um fungicida a base de cobre. Este é usado para fazer uma calda natural
usada para regar as plantas e combater insetos.
Toda produção da propriedade é vendida para a associação a qual pertencem
e a renda mensal é satisfatória e suficiente para o sustento da família que contem
três integrantes.
Segundo os produtores rurais, a vida deles melhorou muito no setor
financeiro, na qualidade de vida e na saúde depois que começaram a trabalhar com
a produção orgânica.
-
Após a visita à propriedade rural, foram realizadas atividades na escola, com
a presença de um agrônomo, que palestrou sobre a utilização de agrotóxicos no
nosso município e sobre a importância do uso dos EPI’s. Também tivemos a
participação da Engenheira Florestal do CAPA, que falou sobre os agrotóxicos, para
que servem, sua classificação toxicológica, os impactos sobre a saúde humana,
contaminações, principalmente de o leite materno e dos alimentos, impactos sobre o
meio ambiente e sobre uma pesquisa realizada no município de Verê, em parceria
com a prefeitura municipal, sobre a qualidade da água no município. Foram
analisadas 24 amostra de água de poços artesianos, fontes e nascentes. Destas, 19
apresentaram pelo menos um tipo dos seguintes agrotóxicos: glifosato, cobra e
select (herbicidas), Samarita, Kardt e Curacrom (inseticidas).
Vale ressaltar que os agrotóxicos Cobra, Samarita e Curacrom tem sua venda
proibida há mais de 10 anos no Brasil.
O consumo de agrotóxicos no município de Verê, no ano de 2011 foi de
155.677.622 litros e no ano de 2013 houve um aumento de 66% (259.236.736 litros),
que correspondem à comercialização legal, ou seja, vendidos com nota fiscal. No
entanto, temos conhecimento de agricultores que utilizam agrotóxicos
contrabandeados do Paraguai, sem fiscalização.
Ainda de acordo com a palestrante, os dados do IBGE são alarmantes quanto
ao número de litros consumidos por ano por habitante no município, sendo de 8,878
L/hab por ano, ocupando a terceira posição de maior consumo de agrotóxicos na
micro região.
No município de Verê tem uma campanha realizada pelo CAPA que se intitula
“Comida Boa na Mesa”, a qual trabalha a soberania e segurança alimentar e
nutricional, o consumo, a produção agroecológica, o comércio justo e solidariedade,
agricultura familiar e dignidade para quem produz. Depois das atividades realizadas na escola, os alunos visitaram a UNIOESTE
para uma aula prática sobre os agrotóxicos, onde foi abordada a importância, função
e utilização e também sobre as diferenças entre inseticidas, herbicidas e fungicidas.
Na oportunidade realizaram uma dinâmica com os 10 alimentos classificados em
ordem de contaminação de agrotóxicos: 1º: pimentão com 91,8%; 2º morango com
63,4%; 3º pepino com 57,4%; 4º alface com 54,7%; 5º cenoura com 49,6%; 6º
abacaxi com 32,8%; 7º beterraba com 32,6%; 8º couve com 3,9%; 9º mamão com
30,4% e 10º tomate com 16,3%.
Após realizou-se uma atividade prática com folha de elódea para a
-
observação dos cloroplastos em presença de agrotóxicos e o fenômeno osmótico da
célula vegetal.
Para encerrar as atividades propostas no projeto PDE na disciplina de
Química, realizou-se avaliação com os alunos, a qual foi cumulativa e diagnóstica,
conforme apresenta-se no PPP do Colégio no qual foi aplicado o projeto. Ao final da
implementação do projeto, na avaliação teórica foi possível constatar a assimilação
do conteúdo proposto pelo projeto, diferenciaram e identificaram os diferentes tipos
de agrotóxicos, bem como sua função e grau de periculosidade.
Conseguiram, acima de tudo, perceber que é possível cultivar alimentos sem
o uso de agrotóxicos e que em caso de necessidade de uso, é possível fazê-lo de
forma consciente e ética. Sem uso abusivo, em locais e quantidades adequadas,
levando-se sempre em consideração os cuidados no manejo, na aplicação e
respeitando o período de carência.
Em uma última conversa sobre o tema os alunos mostraram-se satisfeitos e
felizes por terem feito parte do projeto, pois consideram que tudo o que foi aprendido
será de grande valia para suas vidas, mudando velhos hábitos e tendo uma vida
mais saudável.
Após ser efetivada a intervenção na escola, o GTR aprofundou ainda mais os
conhecimentos sobre o tema. Trata-se de um assunto muito comentado na
atualidade, tanto na sociedade de um modo geral como nos meios educacionais.
Com a aplicação do GTR, no qual houve 25 alunos inscritos, pode-se
constatar que, tendo em vista a proposta do GTR, a participação efetiva dos
cursistas e a realidade local de cada professor participante, foi possível discutir e
refletir sobre a utilização de agrotóxicos devido à larga produção de alimentos e o
desenvolvimento tecnológico na agricultura.
Sabendo que o Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking mundial de utilização
de agrotóxicos, nossa preocupação foi, durante o estudo, discutir sobre as
consequências que a ética no uso destes produtos tem causado na produção de
alimentos, na saúde humana e no meio ambiente. Ao final, constatou-se, juntamente
com os alunos, que há sim falta de ética quanto ao uso de agrotóxicos. São usos
desmedidos, muitas vezes desnecessários, sendo que o produtor utiliza como
precaução, e não como eliminação das pragas, do problema. Usa para garantir que
não haja o problema, não fazendo leitura dos rótulos, não utilizando EPI’s, não
observando a meteorologia para aplicação dos mesmos (somente a direção do
-
vento), além de relatarem casos de pessoas conhecidas que tiveram sua saúde
prejudicada devido ao uso indevido de agrotóxicos.
4 Considerações Finais
A partir da aplicação do projeto de intervenção e do GTR, pode-se analisar e
refletir sobre a importância de se ensinar a respeito dos agrotóxicos. Especialmente
na intervenção em sala de aula, a temática em questão, por mais rotineira que seja
aos alunos, filhos de agricultores e pecuaristas, é um assunto totalmente
desconhecido.
Pode-se afirmar ainda, que são muitos os desafios para se chegar ao uso
com ética dos agrotóxicos. Mas, com a reflexão em sala de aula, é muito mais fácil
alcançar este objetivo. Por mais simples, rotineiro, casual e natural que pareça, o
assunto em questão pode ser o alicerce para que a humanidade tenha mais saúde
em questão de doenças causadas pelo uso inconsciente dos agrotóxicos.
Deste modo, a temática em questão foi de fundamental importância, pois
trouxe um enfoque maior no aspecto do uso, além dos alunos conhecerem as
cadeias carbônicas e químicas presentes nos produtos utilizados.
Enfim, este Programa conduziu a uma reflexão importante sobre o uso dos
agrotóxicos na atualidade. Mas, um dos mais satisfatórios resultados, foi a
aprendizagem dos educandos, professora PDE e colegas de profissão, com os quais
aprendemos, dividimos experiências e conhecimentos, que simplesmente
enriquecerão a prática em sala de aula.
Referências Bibliográficas
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Brasil. 2013.Disponível em: www.ecycle.com.br/component/content/article/35/1448-
os-estragos-causados-pelo-uso-de-agrotoxicos-no-mundo.html. Acesso em 24 junho
2016.
http://www.ecycle.com.br/component/content/article/35/1448-os-estragos-causados-pelo-uso-de-agrotoxicos-no-mundo.htmlhttp://www.ecycle.com.br/component/content/article/35/1448-os-estragos-causados-pelo-uso-de-agrotoxicos-no-mundo.htmlhttp://www.ecycle.com.br/component/content/article/35/1448-os-estragos-causados-pelo-uso-de-agrotoxicos-no-mundo.html
-
ANVISA. Programa de Análise de Resíduo de Agrotóxico em Alimentos (PARA),
dados da coleta e análise de alimentos de 2010. ANVISA, dezembro de 2011.
Disponível em: www.anvisa.gov.br. Acesso em 25 junho 2016.
BRASIL, Ministério da Saúde. OPAS/OMS. Manual de Vigilância da Saúde de
Populações Expostas à Agrotóxicos. Brasília: OPAS/ OMS, 1996.
BRASIL, Presidência da República. Lei Federal n° 7 802, de 11 de julho de 1989.
Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7802.htm. Acesso em 25 junho
2016.
IBGE/SIDRA. Brasil, série histórica de área plantada; série histórica de produção
agrícola. Safras 1998 a 2011. Disponível em www.sidra.ibge.gov.br/bda/agric.
Acesso em 21 novembro 2017.
PERES, Frederico et al. Comunicação relacionada ao uso de agrotóxicos em região
agrícola do Estado do Rio de Janeiro. Rev. Saúde Pública, v. 35, n. 6, p. 564-70,
2001.
RIO GRANDE DO SUL, Secretaria Estadual de Saúde – Centro Estadual de
Vigilância em Saúde – CEVES. Agrotóxicos: impactos à saúde e ao ambiente.
Porto Alegre: CEVS, 2008.
ROSSI, Marina. O “alarmante” uso de agrotóxicos no Brasil atinge 70% dos
alimentos. El País. 30 abril 2015. Disponível em:
http://brasil.elpais.com/brasil/2015/04/29/politica/1430321822_851653.html. Acesso
em 25 junho 2016.
SPADOTTO, Claudio A.; GOMES, Marco Antônio F; LUCHINI, Luiz Carlos e Andréa.
Mara M. de. Monitoramento do Risco Ambiental de Agrotóxicos: princípios e
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http://www.anvisa.gov.br/http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7802.htmhttp://www.sidra.ibge.gov.br/bda/agrichttp://brasil.elpais.com/brasil/2015/04/29/politica/1430321822_851653.html
-
ANEXOS
ANEXO 1
QUESTIONÁRIO PARA AGRICULTORES
1) SEXO: 2) PROFISSÃO: 3) IDADE: 4) ESCOLARIDADE:
-
5) EM RELAÇÃO A ESTA TERRA, VOCÊ E SUA FAMÍLIA SÃO PROPRIETÁRIOS? 6) QUAL A ÁREA TOTAL DA PROPRIEDADE? 7) A MAIOR PARTE DA MÃO DE OBRA DA PROPRIEDADE É A PRÓPRIA FAMÍLIA? 8) A MAIOR PARTE DA RENDA FAMILIAR VEM DA PRODUÇÃO DA PROPRIEDADE? 9) O QUE É PRODUZIDO NA PROPRIEDADE? 10) VOCÊ USA ALGUM TIPO DE AGROTÓXICO? 11) SE SIM, ONDE VOCÊ COSTUMA APLICAR ESSES AGROTÓXICO? PLANTAÇÃO, PASTRO, BEIRA DE CERCA, BANHO NO GADO,... 12) QUANTAS PESSOAS QUE TRABALHAM NA PROPRIEDADE E FAZEM AS FUNÇÕES DE:
A) AQUISIÇÃO DE AGROTÓXICO B) PREPARO DE AGROTÓXICO C) APLICAÇÃO DE AGROTÓXICO
D) TRANSPORTE E DESTINO DAS EMBALAGENS VAZIAS E) ARMAZENAMENTO DOS AGROTÓXICOS F) LAVAGEM DAS ROUPAS CONTAMINADAS
13) ONDE VOCÊ COMPRA OS AGROTÓXICOS? 14) QUANDO VOCÊ COMPROU AGROTÓXICO PELA PRIMEIRA VEZ, VOCÊ CONSULTOU ALGUM ENGENHEIRO AGRÔNOMO? 15) VOCÊ SABE O QUE É “RECEITA AGRONÔMICA”? 16) VOCÊ USA A RECEITA AGRONÔMICA NA HORA DE COMPRAR OS AGROTÓXICOS? 17) NA HORA DE COMPRAR O AGROTÓXICO, VOCÊ CONFERE A DATA DE VALIDADE? 18) NO MOMENTO DA COMPRA DO AGROTÓXICO, VOCÊ CONFERE SE A EMBALAGEM DO AGROTÓXICO ESTÁ FURADA, AMASSADA, COM O RÓTULO RASGADO, COM A TAMPA FROUXA OU COM ALGUM OUTRO TIPO DE PROBLEMA? 19) A PESSOA QUE VENDE INFORMA PARA VOCÊ SOBRE O DESCARTE DAS EMBALAGENS VAZIAS? 20) QUAL O VEÍCULO USADO PARA TRANSPORTAR OS AGROTÓXICOS DO LOCAL DA COMPRA ATÉ A PROPRIEDADE? 21) VOCÊ COBRE AS EMBALAGENS COM UMA LONA OU CAPOTA? 22) VOCÊ TRANSPORTA AGROTÓXICOS JUNTO COM OUTROS PRODUTOS, COMO ALIMENTOS, SEMENTES, RAÇÕES OU MEDICAMENTOS? 23) VOCÊ SABE O QUE É “ENVELOPE DE TRANSPORTE”? 24) TRANSPORTA OS AGROTÓXICOS COM A NOTA FISCAL? 25) QUEM VENDE OS AGROTÓXICOS INFORMA SE A QUANTIDADE QUE VOCÊ VAI TRANSPORTAR ESTÁ DENTRO DA QUANTIDADE MÁXIMA PERMITIDA (“LIMITE DE ISENÇÃO”)? 26) QUEM VENDE OS AGROTÓXICOS INFORMA SE VOCÊ PRECISA DE ALGUM CUIDADO ESPECIAL PARA TRANSPORTAR OS AGROTÓXICOS? 27) ONDE VOCÊ GUARDA OS AGROTÓXICOS? CASINHA, ARMAZÉM, PAIOL, GALPÃO, AO AR LIVRE, DENTRO DE CASA, NA GARAGEM,... 28) COMO É O LOCAL? BEM VENTILADO, COM GOTEIRAS, DE ALVENARIA/MADEIRA, ILUMINADO,...?
-
29) EXISTEM FIOS EXPOSTOS OU GAMBIARRAS NAS INSTALAÇÕES ELÉTRICAS? 30) QUAL A DISTÂNCIA DO LOCAL DE ARMAZENAMENTO ATÉ A RESIDÊNCIA? 31) QUAL A DISTÂNCIA DO LOCAL ATÉ A FONTE OU CURSO DE ÁGUA? 32) NO LOCAL EXISTE ALGUMA PLACA INDICANDO PERIGO? 33) O LOCAL É MANTIDO TRANCADO COM CADEADO OU CHAVE? 34) COMO AS EMBALAGENS FICAM ARMAZENADAS NO LOCAL? NO CHÃO, PENDURADO EM SACOLAS, EM CAIXAS, EM PRATELEIRAS, EM ESTRADOS,... 35) O QUE MAIS É ARMAZENADO NO LOCAL? ALIMENTOS, MEDICAMENTOS, SEMENTES, ADUBOS, MEDICAMENTOS VETERINÁRIOS, EQUIPAMENTOS DE APLICAÇÃO, MÁQUINAS AGRÍCOLAS, FERRAGENS E FERRAMENTAS,.... 36) VOCÊ MISTURA O AGROTÓXICO COM A ÁGUA AO AR LIVRE? 37) DURANTE O PREPARO, ACONTECE OU JÁ ACONTECEU DE DERRAMAR AGROTÓXICO NO CORPO OU NA ROUPA? 38) SE VOCÊ ESTÁ APLICANDO AGROTÓXICOS E COMEÇA A VENTAR MAIS FORTE, O QUE VOCÊ FAZ? 39) QUAL O TIPO DE PULVERIZADOR MAIS USADO PARA APLICAR OS AGROTÓXICOS? TRATOR, BOMBA COSTAL, BARRA DE APLICAÇÃO,... 40) VOCÊ UTILIZA EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPIS) NA HORA DE PREPARAR O AGROTÓXICO? 41) VOCÊ UTILIZA EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO NA HORA DE APLICAR OS AGROTÓXICOS? 42) VOCÊ SABE O QUE SIGNIFICA “PERÍODO DE REENTRADA”? 43) VOCÊ COLOCA ALGUM AVISO NA ÁREA ONDE FOI APLICADO O AGROTÓXICO INFORMANDO ATÉ QUAL DATA É PROIBIDO ENTRAR NA ÁREA SEM EPIS? 44) VOCÊ SABE O QUE SIGNIFICA “PERÍODO DE CARÊNCIA” (“INTERVALO DE SEGURANÇA”)? 45) A COLHEITA É FEITA APENAS APÓS O “PERÍODO DE CARÊNCIA” (“INTERVALO DE SEGURANÇA”)? 46) ASSIM QUE TERMINA O TRABALHO COM AGROTÓXICOS VOCÊ TOMA BANHO? 47) VOCÊ COSTUMA PARAR O TRABALHO COM AGROTÓXICOS PARA BEBER ÁGUA, COMER OU FUMAR? 48) COMO VOCÊ DESCARTA AS EMBALAGENS VAZIAS DE AGROTÓXICOS? 49) REALIZA A TRÍPLICE LAVAGEM NAS EMBALAGENS DE AGROTÓXICO ANTES DE DESCARTAR? 50) VOCÊ FURA O FUNDO DA EMBALAGEM VAZIA ANTES DE DESCARTAR? 51) NA PROPRIEDADE EXISTEM DOIS TANQUES, UM SÓ PARA LAVAR ROUPAS SUJAS DE AGROTÓXICO E OUTRO PARA AS DEMAIS ROUPAS? 52) PARA ONDE ESCORRE A ÁGUA USADA PARA LAVAR AS ROUPAS SUJAS DE AGROTÓXICO? 53) APÓS LAVADAS E SECAS, AS ROUPAS QUE ESTAVAM SUJAS DE AGROTÓXICOS SÃO GUARDADAS NO MESMO ARMÁRIO DAS DEMAIS ROUPAS DA FAMÍLIA?
-
ANEXO 2
PROPAGANDAS, TIRAS E CHARGES PARA ANÁLISE
-
FONTE: Contexto Livre, 2016.
FONTE: Evolução da consciência, 2014.
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FONTE: Conhecer para comer, 2016.
FONTE: Figueiredo, 2015.
-
FONTE: Gavetas das almas, 2016.
FONTE: Mural Virtual, 2015.
-
FONTE: Mural Virtual, 2015.
FONTE: Mural Virtual, 2015.
-
FONTE: Mural Virtual, 2015.
FONTE: Sustentarte, 2015.
-
FONTE: Visão Mundial, 2016.
FONTE: Pratos Limpos, 2014.
-
FONTE: Ananias, 2014.
FONTE: Hauck, 2012.
-
FONTE: Hacuk, 2012.
FONTE: Meio Info, 2015.
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FONTE: Charge à classe, 2012.
FONTE: Mural Virtual, 2015.
-
FONTE: Ramalho, 2015.
FONTE: Brincarte, 2015.
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ANEXO 3
CHARGES ELABORADAS PELOS ALUNOS