a teoria do código duplo - histórias de simplorim - por astênio araújo

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artigo d u  p l o S implorim assistiu a reunião de planejamen- to da empresa, a pedido do seu CEO, com o objetivo de avaliar a forma e o conteúdo das mensagens passadas. Foi uma reunião de 1 hora, sendo os primeiros 30 minutos ocupados com planilhas e grácos, e os 30 minutos restantes com um discurso motivacional do CEO. Simplorim fez anotações em uma folha de papel A4 para a reunião, do dia segui nte, que teria com o CEO. No manhã seguinte, a reunião teve inicio pontualmente às 8 horas. Simplorim tirou a folha de papel do bolso e pois à sua frente na mesa. Mira ndo nela começou a falar: — A sua a reunião foi muito boa plast icamente. Pena que não vá gerar resultado prático algum. Suas  vendas não irão aumentar por causa dela. — Eu sei disso, disse o CEO, os resultados estão péssimos apesar de termos excelentes produtos e um bom mercado. Só não sei onde estamos errando. — Na comunicação, disse Simplorim, lacônico. Vocês se comunicam muito mal. O índice de nebu- losidade do seu discurso foi 9 de um máximo de 10. — Eu não sabia – disse o CEO caindo na garga- lhada - Choveu dentro da sala? — Mantendo a sisudez, Simplorim continuou - Índice de nebulosidade é um conceito da PNL e mede a quantidade de palavras abstratas dentro de uma frase. Quanto mais termos abstratos, menos claro é o texto (no sentido metafórico de nevoeiro que di culta a visibil idade) . Isto exige maior energia de processamento do cérebro e di culta a retenção da mensagem. Informações muito nebulosas ou não são retidas, ou são rapidamente esquecidas. Uma hora depois, ninguém lembra de mais nada. — Os bons comunicadores desenham imagens na mente das pessoas. Eles usam basicamente pa- lavras relacionadas a objetos concretos para que as pessoas possam fazer imagens daquilo que ele está falando. O truque é falar para uma plateia de adul- tos, usando palavra s que uma criança de 6 anos pos- sa entender e criar imagens no seu cérebro com elas. — Recomendo que você use a Teoria do códi- go duplo, do professor Allan Paivio, nas suas co- municações e, principalmente, no estabelecimento de metas. Paivio recomenda usar pares de palavras concretas em lugar de pares de palavras abstratas. — Muito interessante - disse o CEO. — Para Paivio, não há o menor sentido usar pa- res de palavras como: Propósito útil. Condição crítica. Pedido razoável. Atenção constante. Quantidade adequada. — Isso é pura embromação. Ao invés disso, use pares de palavras concretas como consumidor-teen, roupa-infantil e jovem-senhora. - O uso de palavras abstratas é uma verdadeira doença nas empresas e precisa ser tratado rápido. - No seu discurso, por exemplo, você usou fra- ses como: atenção-constate, resultados-signi ca- tivos, esforço-extra e emprenho-máximo. Eu co tentando imaginar o que as pessoas desenharam em suas mentes ao ouvir estas palavras. - Devem ter feito uma confusão enorme - disse o CEO. V ocê está cer to. A nossa comunicação é mui- to nebulosa. Eu mesmo reconheço que preciso me tratar. Vou preparar uma nova reunião para ama- nhã já dentro desta nova metodologia. 16 INFORMÁTICAEMREVIST A | JUNHO/2013 ARTIgO ASTÊNIO ARAÚJO PRES. dA INOVAI CONSUlTORIA astenio.araujo@mai.com  A T eo ria d o códig o duplo

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artigo

d u  p l o 

Simplorim assistiu a reunião de planejamen-to da empresa, a pedido do seu CEO, com oobjetivo de avaliar a forma e o conteúdo dasmensagens passadas. Foi uma reunião de 1

hora, sendo os primeiros 30 minutos ocupados complanilhas e grácos, e os 30 minutos restantes comum discurso motivacional do CEO.

Simplorim fez anotações em uma folha de papelA4 para a reunião, do dia seguinte, que teria com o CEO.No manhã seguinte, a reunião teve inicio pontualmenteàs 8 horas. Simplorim tirou a folha de papel do bolso epois à sua frente na mesa. Mirando nela começou a falar:

— A sua a reunião foi muito boa plast icamente.Pena que não vá gerar resultado prático algum. Suas

 vendas não irão aumentar por causa dela.— Eu sei disso, disse o CEO, os resultados estão

péssimos apesar de termos excelentes produtos e umbom mercado. Só não sei onde estamos errando.

— Na comunicação, disse Simplorim, lacônico.Vocês se comunicam muito mal. O índice de nebu-losidade do seu discurso foi 9 de um máximo de 10.

— Eu não sabia – disse o CEO caindo na garga-lhada - Choveu dentro da sala?

— Mantendo a sisudez, Simplorim continuou- Índice de nebulosidade é um conceito da PNL emede a quantidade de palavras abstratas dentro deuma frase. Quanto mais termos abstratos, menosclaro é o texto (no sentido metafórico de nevoeiroque diculta a visibil idade). Isto exige maior energiade processamento do cérebro e diculta a retençãoda mensagem. Informações muito nebulosas ou nãosão retidas, ou são rapidamente esquecidas. Umahora depois, ninguém lembra de mais nada.

— Os bons comunicadores desenham imagens

na mente das pessoas. Eles usam basicamente pa-lavras relacionadas a objetos concretos para que aspessoas possam fazer imagens daquilo que ele estáfalando. O truque é falar para uma plateia de adul-tos, usando palavras que uma criança de 6 anos pos-sa entender e criar imagens no seu cérebro com elas.

— Recomendo que você use a Teoria do códi-go duplo, do professor Allan Paivio, nas suas co-municações e, principalmente, no estabelecimentode metas. Paivio recomenda usar pares de palavrasconcretas em lugar de pares de palavras abstratas.

— Muito interessante - disse o CEO.— Para Paivio, não há o menor sentido usar pa-

res de palavras como:

Propósito útil. Condição crítica. Pedido razoável. Atenção constante.Quantidade adequada.

— Isso é pura embromação. Ao invés disso, usepares de palavras concretas como consumidor-teen,roupa-infantil e jovem-senhora.

- O uso de palavras abstratas é uma verdadeiradoença nas empresas e precisa ser tratado rápido.

- No seu discurso, por exemplo, você usou fra-ses como: atenção-constate, resultados-signica-tivos, esforço-extra e emprenho-máximo. Eu cotentando imaginar o que as pessoas desenharam emsuas mentes ao ouvir estas palavras.

- Devem ter feito uma confusão enorme - disseo CEO. Você está certo. A nossa comunicação é mui-to nebulosa. Eu mesmo reconheço que preciso metratar. Vou preparar uma nova reunião para ama-nhã já dentro desta nova metodologia.

16 INFORMÁTICAEMREVISTA | JUNHO/2013

 

ARTIgO

ASTÊNIO ARAÚJOPRES. dA INOVAI

[email protected]

 A Teoria do

código duplo