a sociologia numa era de revoluÇÃo social

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A SOCIOLOGIA NUMA ERA DE REVOLUÇÃO SOCIAL O presente estudo se faz a partir de três planos de pesquisa: (1) empírico, onde se faz necessário a obtenção de conhecimentos acerca do assunto, uma vez que não se tem conhecimentos sobre a estrutura, funcionamento e evolução da indústria paulista, e a partir desses conhecimentos obtidos empiricamente se terá uma visão exata do chamado “Brasil moderno”; (2) teórico, onde se formam duas colocações: i) a industrialização constitui um processo social que possui certa duração e efeitos indiscutivelmente complexos na cidade de São Paulo; ii) a industrialização ostenta certas peculiaridades histórico-culturais e psicossociais no Brasil; (3) prática, onde se percebe a evolução gradual da indústria, onde se formou uma situação histórico-social inteiramente nova, com problemas materiais e humanos que exigem conhecimentos especiais dos homens de ação (do administrador, do economista, do legislador, do político) Para que esses planos dêem certo, é preciso que seja feito por especialistas, pessoas aptas para o trabalho em equipe e inseridos na carreira científica. Três fases resumem o andamento do projeto: 1) criação de um grupo de pesquisadores (fomentados pelo plano de ação do Governo de São Paulo); 2) etapa final da construção, experimentação e crítica do questionário proposto para o levantamento de empresas; 3) consisti na aplicação de questionários às empresas escolhidas, bem como a tabulação dos dados e informações obtidas. Objeto e principais problemas O que deve constar no foco central é a própria empresa industrial, como ela se apresenta em nosso dias, de forma que se possa traçar a estrutura, a funcionalidade,

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Page 1: A SOCIOLOGIA NUMA ERA DE REVOLUÇÃO SOCIAL

A SOCIOLOGIA NUMA ERA DE REVOLUÇÃO SOCIAL

O presente estudo se faz a partir de três planos de pesquisa: (1) empírico, onde se faz necessário a obtenção de conhecimentos acerca do assunto, uma vez que não se tem conhecimentos sobre a estrutura, funcionamento e evolução da indústria paulista, e a partir desses conhecimentos obtidos empiricamente se terá uma visão exata do chamado “Brasil moderno”; (2) teórico, onde se formam duas colocações: i) a industrialização constitui um processo social que possui certa duração e efeitos indiscutivelmente complexos na cidade de São Paulo; ii) a industrialização ostenta certas peculiaridades histórico-culturais e psicossociais no Brasil; (3) prática, onde se percebe a evolução gradual da indústria, onde se formou uma situação histórico-social inteiramente nova, com problemas materiais e humanos que exigem conhecimentos especiais dos homens de ação (do administrador, do economista, do legislador, do político)

Para que esses planos dêem certo, é preciso que seja feito por especialistas, pessoas aptas para o trabalho em equipe e inseridos na carreira científica.

Três fases resumem o andamento do projeto: 1) criação de um grupo de pesquisadores (fomentados pelo plano de ação do Governo de São Paulo); 2) etapa final da construção, experimentação e crítica do questionário proposto para o levantamento de empresas; 3) consisti na aplicação de questionários às empresas escolhidas, bem como a tabulação dos dados e informações obtidas.

Objeto e principais problemas

O que deve constar no foco central é a própria empresa industrial, como ela se apresenta em nosso dias, de forma que se possa traçar a estrutura, a funcionalidade, as causas, as condições e efeitos sociais que o processo de industrialização causou.

Utiliza como instrumetos de observação e análise o levantamento da situação global das empresas industriais e um estudo minucioso das empresas representativas (que eles escolheram para a pesquisa)

Percebe-se que algumas empresas, ao tentar mudar suas técnicas de produção, estão sendo eliminadas do cenário econômico e social.

No que diz respeito às empresas a serem investigadas, foi escolhido unidades de investigação (empresas) com características diferenciadas

A industrialização de São Paulo não foi por um processo homogêneo e gradual, mas sim com saltos no processo de intensificação da industrialização. Observa-se que pequenas oficinas se tornam grandes empresas modernas; e por outro lado empresas que continuam em seu pequeno espaço, mas que aumentam significativamente, sua produção e seu faturamento.

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Empresas que são controladas pela família travam o crescimento e a inovação administrativa, diferente daquelas que são controladas por acionistas, onde se redefinem padrões de organização e de estrutura.

Para a escolha das unidades de investigação, é preciso observar as empresas que tenham tido diferentes modos de organização e que tenham passado por diversas fases de desenvolvimento.

Entende-se aqui a empresa industrial em tres níveis: 1) a empresa industrial é um sistema grupal de objetivação e de organização das ações, relações e atividades sociais dos homens; 2) a empresa industrial extrai suas potencialidades e suas limitações do meio social em que vive; 3) a empresa industrial reflete e contribui para manter certo padrão de integração da ordem social.

O projeto de estudo consiste no estudo sociológico da empresa industrial em nossa situação histórico social, com a intenção de analisar como a expansão da empresa industrial se reflete na comunidade e na sociedade nacional, bem como as tendências de urbanização de São Paulo têm repercutido na estruturação e no crescimento da empresa industrial.

Estratégia da investigação

Faz uso do estudo de caso, porém diferentemente de como é usado na sociologia moderna. Ele utiliza a combinação do levantamento de dados com o estudo de caso. O estudo de caso é um método de levantamento de dados.

A estratégia adotada adequa-se à realidade brasileira, pois não contavam com estudos anteriores acerca do tema, e é estimulante e criadora, pois possibilita a análise monográfica (meio de análise manipulável na fase de tratamento analítico dos dados) nesse contexto.

Através do uso da análise monográfica, juntamente com o estudo de caso, facilitou a identificação objetiva dos problemas sociológicos do tema estudado. Essa estratégia possibilitou a descrição dos fenômenos.

Considerações finais

Foi a primeira tentativa de investigação sociológica da empresa industrial brasileira, e servirá como uma forma de documentar de forma sistematizada um dos períodos mais importantes e decisivos do crescimento industrial do país.

Serão elaboradas explicações sociológicas válidas para a empresa industrial brasileira sob a ótica de si mesma e sob o pano de fundo oferecido por nossas potencialidades de crescimento econômico ou de desenvolvimento sócio-cultural.

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Facilitará a compreensão objetiva dos problemas econômicos e políticos de países subdesenvolvidos.

Será possível a identificação e a explicação dos problemas organizatórios com que as empresas se defrontam.

Será possível também a análise dos influxos negativos ou positivos de fatores extra-economicos, na configuração do padrão e no ritmo da industrialização.

Esse trabalho tinha a finalidade de nortear as pesquisas que seriam desenvolvidas no Centro de Sociologia Industrial e do Trabalho – Cesit, criado em 1962, por intermédio de financiamento público e privado. Durante os nove anos de existência do Cesit, trabalhos de relevo foram produzidos, a partir de levantamentos que visavam conhecer os rumos da modernização brasileira, e a particularidade da “civilização industrial no Brasil”.