A Santidade de Deus

Escola Dominical - IPJG

Presb. Geraldo M. B. Valim

28 de agosto de 2016

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Antes de falarmos sobre a santidade de Deus, devemos conversar um pouco sobre a transcendência e a imanência (onipresença) de Deus.

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O cristianismo tem como aspecto distinto, único entre as religiões, a união dos conceitos de transcendência (A unicidade de Deus, o ser completamente outro em relação a suas criaturas, a sua auto existência) e

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imanência (a sua proximidade da criação, a sua presença e interação em tudo, orgânico e inorgânico) do Deus trino.

Ambos conceitos são verdadeiros.

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Na sua essência, Deus é completamente outro em relação a sua criação, inclusive do homem. Ele é externo em relação ao mundo e suas criaturas, como Criador soberano e Juiz da criação.

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Mas ao mesmo tempo

“Ele é antes de todas as coisas, e nele subsistem todas as coisas”.

(Col. 1:17).

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O apóstolo Paulo, em seu discurso no Areópago, em Atenas, proclamou ambas as coisas.

Atos 17: 24-28

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“Deus que fez o mundo...é o Senhor dos céus e da terra...não é servido por mãos de homens, como se necessitasse de algo...embora não esteja longe de cada um de nós, “Pois Nele vivemos, nos movemos e existimos”. Atos 17: 24-28

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Esses conceitos, aqui em Atos e em outros lugares da Bíblia, precisam ser diferenciados e balanceados. É a falta desse balanceamento que gera as heresias sobre esse assunto.

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A ênfase em um dos dois aspectos na prática leva a exclusão do outro, como por exemplo o agnosticismo(que vê Deus como um mistério insolúvel); o deísmo (que enfatiza a transcendência); o panteísmo (que enfatiza a imanência); e

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o teísmo (que enfatiza a personalidade).

O cristianismo combina os quatro conceitos harmonicamente.

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Um termo mais usado que imanênciaé o termo onipresença. Há dois princípios atrás de nossos pensamentos a esse respeito: em primeiro lugar não podemos deixar de pensar em um Deus grandioso ao vermos as obras da criação;

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e em segundo lugar, e talvez pelo mesmo motivo, não podemos deixar de pensar Nele quando sofremos as ações da natureza, e o vemos como engajado nessa obra, e a Ele recorremos.

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O deísta, tende a crer só na primeira parte, e acha que Deus fez as coisas, estabeleceu as leis da natureza, e retirou-se. Ou a confusão de que Deus seria a própria natureza, no sentido de que Deus está presente em todas as coisas, e que então temos que nos sujeitar a sina dos acontecimentos conforme ocorrem.

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(O que Paulo contestou no seu discurso; e é até hoje a objeção principal ao evangelho). Se nós entendermos bem as coisas da natureza, não será preciso o conceito de Deus.

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Já o cristão aceita a presença e a criação de Deus. Os teólogos formulam isso com duas abordagens:

a presença geral de Deus no mundo,

e a presença especial no coração do crente.

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Mas na tentativa de melhor se fazer compreender, alguns teólogos colocam essa diferença como uma diferença designificado à presença de Deus. Esse significado muda conforme o propósito dessa presença. Deus, como o criador, de fato está presente em todas as coisas;

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Para onde me irei do teu espírito, ou para onde fugirei da tua face?

Salmo139:7

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Sua graça está em tudo, tanto limitando o mal como conferindo bênçãos a todos.

“Porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça

sobre justos e injustos.”

Mateus 5:45

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Mas Ele também está presente na graça particular, em situações particulares, como por exemplo, se dois ou três estiverem reunidos em nome de Deus, Ele estará presente.

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“Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles.”

Mateus 18:20

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A santidade básica de Deus é reafirmada constantemente na Bíblia. No V.T. Deus é chamado de “O Santo de Israel”. A ideia básica é a de separação de tudo o que é impuro.

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A noção de que Deus é santo talvez seja o atributo central, característico de Deus. A etimologia da palavra hebraica é “separar”, “marcar”.Por exemplo, em Gênesis 2:3 o sétimo dia é “marcado”, ou “santificado” para o Senhor.

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No ambiente da época do V.T., no oriente médio, as religiões eram de mistérios (a palavra mistério significa, no

contexto, uma coisa que ninguém conhece, só Deus, que eles criam ele poderia revelar a alguns iniciados na religião).

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Essas religiões eram associadas a locais e objetos e com menos frequência, a pessoas, que seriam “santos”, no sentido de serem separados da vida comum. É interessante que o termo santo, ou o equivalente a separação é raramente aplicado as deidades pagãs.

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Muito frequentemente a ideia de santidade estava associada as forças da natureza, que estariam sob o controle de uma pessoa ou residente em determinado objeto, e que seriam apaziguadas através de rituais cuidadosamente executados com medo e temor.

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O que aparece no V.T. é muito diferente. Em primeiro lugar, santidade no V.T. é associada a Deus mesmo, e apenas secundariamente e por instrução Dele a lugares e objetos.

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“E disse: Não te chegues para cá; tira os

sapatos de teus pés; porque o lugar em que tu estás é terra santa.”

Exodo3:5

“A quem, pois, me fareis semelhante, para

que eu lhe seja igual? diz o Santo.”

Isaías 40:25

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Deus se agrada na bondade e na justiça (Jeremias 9:24), e odeia o que é mal, o que profana o seu santo nome (Lev.20:4). Não é o oposto dessas coisas que santifica algo. Se um religioso fizesse coisas boas a parte de Deus, não seriam coisas santificadas. As coisas são ruins ou boas por causa de Deus.

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Objetos e locais são separados como santos por Deus não porque são locais de medo e terror, mas porque Ele mesmo está presente ou identifica o local consigo. Foi o caso de Moisés na sarça ardente.

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O solo era santo porque Deus estava presente. A arca da aliança se tornou santa e intocável porque a presença de Deus era associada a ela. (1 Samuel

6:19-20). É importante notar que a consciência da santidade, o temor, vem depois.

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A santidade antecede, ao invés de se seguir à experiência humana. Deus teve que contar a Moisés que ele estava pisando em um solo santo. Caso contrário, ele nunca saberia. As sensações de temor e respeito vieram depois.

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A ideia de santidade vem, desde o Pentateuco, associada com pureza moral. Não pela pureza moral em si mesma, mas para não ofender a Deus. Quando Deus puniu o pecado de Nadabe e Abihú, consumindo-os com fogo, Ele disse:

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“E os filhos de Arão, Nadabe e Abiú, tomaram cada um o seu incensário e puseram neles fogo, e colocaram incenso sobre ele, e ofereceram fogo estranho perante o SENHOR, o que não lhes ordenara.Então saiu fogo de diante do Senhor e os consumiu; e morreram perante o Senhor.E disse Moisés a Arão: Isto é o que o Senhor falou, dizendo: Serei santificado naqueles que se chegarem a mim, e serei glorificado diante de todo o povo. Porém Arão calou-se.”

Lev. 10: 1-3

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A santidade de Deus é mostrada pelos que se chegam a Ele. Em um senso mais corriqueiro, coloquial, a ideia de santidade era usada conforme o costume da região, em um conceito mais superficial de Deus, usando-se no sentido religioso de lugares, objetos e pessoas.

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Todo o sistema de adoração deveria ser um símbolo da relação única de Deus com seu povo, uma lição objetiva para mostrar Sua pureza, bem como uma maneira de manter o relacionamento do pacto divino.

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Como coloca o apóstolo Paulo,

“a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo”

Gálatas3:24.

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Então, por extensão, a santidade de Deus tem a haver com o povo que Ele escolhe para si mesmo. O pacto de Deus conosco é uma expressão da santidade de Deus. Israel deveria ser o povo santo de Deus, porque Ele é santo.

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“Porque eu sou o Senhor vosso Deus; portanto vós vos santificareis, e sereis santos, porque eu sou santo; e não vos contaminareis com nenhum réptil que se arrasta sobre a terra”

Levítico 11:44

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Deus é santo, e Israel não é santo por si mesmo, mas só por ser consagrado a Deus. A lógica do relacionamento de santidade é que Deus é santo e é Ele que propõe o pacto; o homem é santificado ao entrar no pacto.

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Só que, entrando no pacto da lei, o homem pode experimentar julgamento (o que ocorre

automaticamente com quem não entrou)

por não adesão ao pacto (Isaías 10:17) ou a salvação, por aderir a ele (Isaías

43:3, 14).

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No pacto, o homem é separado, e os critérios de avaliação são só os de Deus.

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Mas embora só Deus seja Santo, a santidade irradia Dele, e atinge toda a criação (Êxodo 15:11), de maneira que toda a terra sabe que há um Santo. A natureza da criação como obra de Deus é tal que o caráter de Deus é refletido.

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Mesmo Deus sendo transcendente, ele é sentido na criação, por sua imanência. Para nós cristãos, a santidade é dada por Deus por ação direta Dele mesmo, por contato pessoal, de personalidade. Deus é pessoal e nós temos personalidade.

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A santidade de Deus para nós é, então, mais que um atributo abstrato de Deus. É um atributo relacional, e significa a determinação de Deus em preservar sua posição em relação a tudo mais.

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E o conceito, o entendimento fica claro quando até os demônios reconhecem a Jesus como o verdadeiro Santo de Deus (Marcos 1:24). Se quisermos saber como é a santidade, olhemos para Jesus. E por causa Dele, somos santos.

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