a questão moral em o homem- aranha

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A Questão Moral em “O Homem Aranha” (Stephen Layman) O filme Homem-Aranha retrata um mundo moral, repleto de bem e mal. Há muitos vilões de pequeno porte, bem como um vilo de primeira classe, o !uende "erde. #, desde o come$o do filme, os persona%ens do tio &en e da da tia 'ary destacamse como eemplos claros de virtude moral pessoas honestas em quem voc* pode confiar, com um forte senso de certo e errado. +uando uma aranha %eneticamente modificada pica o ovem acad*mico -eter -arer, ele adquire surpreend entes novos poderes da noite para o dia. /sando esses poderes, -eter derrota com facilidade o bri%uento da escola o atl0tico 1lash 2hompson, para o assombro de seus cole%as. # quase imediatamente, ele 0 tentado a usar seus poderes para fins pr3prios. 4 fim de comprar um carro esporte e impressionar sua 'ary 5ane, a %arota de seus sonhos, -eter entra em um concurso de luta livre cuo pr*mio 0 6 mil d3lares. "ence o concurso, mas o promotor das lutas pa%a s3 788 d3lares, ale%ando que ele %anhou rápido demais. -eter responde9 :'as eu preciso desse dinheiro:, ao que o promotor replica9 :;o veo isso como problema meu:. -eter vai embora frustrado e, dali a al%uns momentos, um bandido armado rouba o promotor e, na fu%a, passa pelo rec0mpoderoso rapa<. -eter percebe o que está acontecendo, mas no fa< nada para impedir e o ladro fo%e. O promotor fica furioso9 :"oc* poderia ter acabado com aquel e su ei to= 4%o ra el e vai fu% ir com o meu dinheiro:. 'as -eter calmamente saboreia a vin%an$a , di<endo9 :;o veo isso como problema meu:. 2odo o incidente levanta de maneira v>vida a clássica per%unta filos3fica9 :-or que ser moral?: -ara que fa<er a coisa certa, principalmente em um mundo onde as outras pessoas no fa<em? -or que -eter deveria audar o promotor de luta livre, que acabou de tapeálo, no lhe dando os merecidos @.A88 d3lares? -or que no usar seus poderes especiais apenas quando fosse para sua vanta%em? -or que ser um superher3i, fa<endo sacrif>cios e se arriscando pelos outros? +ual 0 a ra<o disso? Onde está a compensa$o ? Blaro, o tio de -eter á passou a %rande li$o de moral9 :Bom %rande poder, vem %rande resp onsa bilidade:. 'as será mesmo? 4final de conta s, com %rande poder vem uma %rande opo rtuni dade de satisfa<e r seus dese os, e isso su%er e um sl og an alternativo9 :Bom %rande poder, vem %rande satisfa$o pessoal:. 2alve< a id0ia de ser um superher3i perca parte de sua atratividad e se um %rande poder trouer consi%o um peso maior de obri%a$o moral. -or que ser um super her3i , usa ndo seus pod eres par a a u dar aqu ele s em neces sid ade , qua ndo voc * poder ia ter uma supervida, usando seus poderes para sua vanta%em e para o beneficio dos ami%os e familiares? Sea como for, se concordarmos que :com %rande poder vem %rande responsabilidade:, ento a per%unta :por que ser um superher3i?: parece uma verso mal disfar$ada de uma das cl ássicas per%u ntas fil os3ficas de tod os os tempos 9 :-or que ser moral?: O sup er her3i tradicional tem um compromisso de promover o bem e combater o mal. #le 0 dedicado a ver a  usti$a prevalece r contra a inusti$a, e esse 0 o principal interesse da moralid ade, como um todo. Homem-Aranha no s3 propõe a per%unta :-or que ser moral?: Há boas ra<ões para al%u0m ser moral? ;ossas ra<ões mais fortes para a%ir desta e no daquela maneira sempre favorecem nosso dever moral? 4 maioria das pessoas responderia :sim: a essa per%unta. Se achamos estranho o comportamento de uma pessoa, mas depois descobrimos que ela estava cumprindo seu dever, convencemonos de que seu comportamento foi racional. Os te3ricos 0ticos tamb0m costumam presumir que os motivos mais fortes sempre favorecem o cumprimento do dever. 4final de contas, a institui$o da moralidade no terá o pod er da raci onal idad e se os motiv os mais forte s não favorecerem sempre o cumprimento do dever . ;3s, humanos, temos uma ten d*ncia para acreditar que os motiv os mais for tes ou superiores sempre nos ap3iam a cometer o ato que 0 moralmente necessário. +ueremos saber qual 0 a situa$o no mundo real em que vivemos. #m especial, queremos saber se os motivos mais fortes para a%ir de uma maneira e no de outra sempre ap3iam aquelas coisas que, tradicionalme nte, so vistas como certas ou boas sob o ponto de vista moral. -or eemplo, os motivos mais fortes sempre favorecem evitar assassinato, roubo, adult0rio e puni$o dos inocentes? Sempre favorecem cumprir as promessas, di<er a verdade, a%ir com  usti$a e audar quem precisa (quando a moralidade nos di< que temos de fa<er essas coisas)? Se a resposta fosse :no:, Cs ve<es seria irracional cumprir nosso dever moral no sentido de

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7/24/2019 A Questão Moral Em o Homem- Aranha

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A Questão Moral em “O Homem Aranha”

(Stephen Layman)

O filme Homem-Aranha retrata um mundo moral, repleto de bem e mal. Há muitos vilões depequeno porte, bem como um vilo de primeira classe, o !uende "erde. #, desde o come$o dofilme, os persona%ens do tio &en e da da tia 'ary destacamse como eemplos claros de virtude

moral pessoas honestas em quem voc* pode confiar, com um forte senso de certo e errado.+uando uma aranha %eneticamente modificada pica o ovem acad*mico -eter -arer, ele

adquire surpreendentes novos poderes da noite para o dia. /sando esses poderes, -eter derrotacom facilidade o bri%uento da escola o atl0tico 1lash 2hompson, para o assombro de seuscole%as. # quase imediatamente, ele 0 tentado a usar seus poderes para fins pr3prios. 4 fim decomprar um carro esporte e impressionar sua 'ary 5ane, a %arota de seus sonhos, -eter entraem um concurso de luta livre cuo pr*mio 0 6 mil d3lares. "ence o concurso, mas o promotor daslutas pa%a s3 788 d3lares, ale%ando que ele %anhou rápido demais. -eter responde9 :'as eupreciso desse dinheiro:, ao que o promotor replica9 :;o veo isso como problema meu:. -eter vai embora frustrado e, dali a al%uns momentos, um bandido armado rouba o promotor e, nafu%a, passa pelo rec0mpoderoso rapa<. -eter percebe o que está acontecendo, mas no fa<nada para impedir e o ladro fo%e. O promotor fica furioso9 :"oc* poderia ter acabado com

aquele sueito= 4%ora ele vai fu%ir com o meu dinheiro:. 'as -eter calmamente saboreia avin%an$a, di<endo9 :;o veo isso como problema meu:.

2odo o incidente levanta de maneira v>vida a clássica per%unta filos3fica9 :-or que ser moral?: -ara que fa<er a coisa certa, principalmente em um mundo onde as outras pessoas nofa<em? -or que -eter deveria audar o promotor de luta livre, que acabou de tapeálo, no lhedando os merecidos @.A88 d3lares? -or que no usar seus poderes especiais apenas quandofosse para sua vanta%em? -or que ser um superher3i, fa<endo sacrif>cios e se arriscando pelosoutros? +ual 0 a ra<o disso? Onde está a compensa$o?

Blaro, o tio de -eter á passou a %rande li$o de moral9 :Bom %rande poder, vem %randeresponsabilidade:. 'as será mesmo? 4final de contas, com %rande poder vem uma %randeoportunidade de satisfa<er seus deseos, e isso su%ere um slogan alternativo9 :Bom %randepoder, vem %rande satisfa$o pessoal:. 2alve< a id0ia de ser um superher3i perca parte de suaatratividade se um %rande poder trouer consi%o um peso maior de obri%a$o moral. -or que ser um superher3i, usando seus poderes para audar aqueles em necessidade, quando voc*poderia ter uma supervida, usando seus poderes para sua vanta%em e para o beneficio dosami%os e familiares?

Sea como for, se concordarmos que :com %rande poder vem %rande responsabilidade:,ento a per%unta :por que ser um superher3i?: parece uma verso mal disfar$ada de uma dasclássicas per%untas filos3ficas de todos os tempos9 :-or que ser moral?: O superher3itradicional tem um compromisso de promover o bem e combater o mal. #le 0 dedicado a ver a usti$a prevalecer contra a inusti$a, e esse 0 o principal interesse da moralidade, como um todo.Homem-Aranha no s3 propõe a per%unta :-or que ser moral?:

Há boas ra<ões para al%u0m ser moral? ;ossas ra<ões mais fortes para a%ir desta e nodaquela maneira sempre favorecem nosso dever moral? 4 maioria das pessoas responderia:sim: a essa per%unta. Se achamos estranho o comportamento de uma pessoa, mas depoisdescobrimos que ela estava cumprindo seu dever, convencemonos de que seu comportamentofoi racional. Os te3ricos 0ticos tamb0m costumam presumir que os motivos mais fortes semprefavorecem o cumprimento do dever. 4final de contas, a institui$o da moralidade no terá opoder da racionalidade se os motivos mais fortes não favorecerem sempre o cumprimento dodever. ;3s, humanos, temos uma tend*ncia para acreditar que os motivos mais fortes ousuperiores sempre nos ap3iam a cometer o ato que 0 moralmente necessário.

+ueremos saber qual 0 a situa$o no mundo real em que vivemos. #m especial, queremossaber se os motivos mais fortes para a%ir de uma maneira e no de outra sempre ap3iamaquelas coisas que, tradicionalmente, so vistas como certas ou boas sob o ponto de vista moral.

-or eemplo, os motivos mais fortes sempre favorecem evitar assassinato, roubo, adult0rio epuni$o dos inocentes? Sempre favorecem cumprir as promessas, di<er a verdade, a%ir com usti$a e audar quem precisa (quando a moralidade nos di< que temos de fa<er essas coisas)?Se a resposta fosse :no:, Cs ve<es seria irracional cumprir nosso dever moral no sentido de

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