a produÇÃo desigual do espaÇo urbano · a produÇÃo desigual do espaÇo urbano: uma análise...
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A PRODUÇÃO DESIGUAL DO ESPAÇO URBANO: uma análise dos
equipamentos públicos educacionais no bairro Cristo Rei
Cátia Aparecida Basso1
Eduardo Donizete Girotto2
RESUMO
Conhecer ou reconhecer o espaço vivido e seu entorno como elemento
integrante do todo é essencial para que o aluno entenda e se sinta parte integrante
do processo de transformação do lugar, compreendendo que suas ações podem
fazer a diferença. Neste sentido, uma das tarefas essenciais no ensino de geografia
é possibilitar ao aluno, identificar os elementos a sua volta como parte real daquilo
que ele estuda através dos livros e que enquanto cidadão pode atuar e contribuir
para modificar exercendo assim a sua cidadania. Portanto, este artigo é resultado do
projeto de intervenção desenvolvido na Escola Estadual Cristo Rei com as turmas da
7ª série B e D do período matutino com o objetivo de discutir e problematizar a
produção desigual do espaço urbano do bairro no qual a escola está inserida. A
partir desta pesquisa, foi possível reafirmar a importância de se construir estratégias
didáticas para o ensino de geografia que tenha como ponto de partida as práticas
sociais desenvolvidas pelos alunos, com o intuito de problematizá-la, resultando
assim em nossas ações e percepções acerca da realidade.
PALAVRAS-CHAVES: LUGAR, ESCOLA e CIDADANIA.
1Graduada em Geografia e especialista em Orientação e Supervisão Escolar. Email: [email protected]
2 Professor do Colegiado de Geografia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, campus de Francisco
Beltrão. Email: [email protected]
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INTRODUÇÃO
A organização e a produção do espaço urbano de Francisco Beltrão tem
ocorrido de forma desigual. Na área urbana, temos bairros com maiores
investimentos onde as condições de vida das pessoas são melhores, enquanto
outros ficam relegados ao segundo plano.
Esta desigualdade do espaço urbano beltronense também pode ser verificada
no que diz respeito ao acesso aos bens públicos, como as escolas, as creches, aos
postos de saúde, espaços culturais, entre outros.
Um dos exemplos desta desigualdade da produção do espaço urbano pode
ser encontrada na Escola Estadual Cristo Rei, objeto de nossa investigação e
intervenção. A escola está situada no bairro Cristo Rei desde 1968 e compartilha o
espaço físico com a Escola Municipal Rubens Amélio Bonatto desde 1991, quando
ocorreu a municipalização da Educação Infantil e das séries iniciais do ensino
fundamental (1ª a 4ªsérie).
A partir de nossa vivência como docente desta unidade escolar, é possível
perceber que esta ocupação do mesmo espaço físico (estrutura) traz alguns
entraves para o ensino/aprendizagem das crianças de ambas as escolas tais como:
Crianças de 04 a 14 anos utilizam as mesmas instalações de banheiros,
lavatórios e salas;
Há uma biblioteca pequena para atender as duas escolas ao mesmo tempo o
que requer determinação de horários que atrapalha o trabalho pedagógico.
Isto também se estende a quadra esportiva e laboratório de informática;
No aspecto pedagógico cada escola segue uma orientação que vem das
secretárias as quais pertencem, com propostas diferentes apesar de dividirem
o mesmo espaço;
Os espaços externos têm degraus e escadas que dificultam a acessibilidade
de alunos, professores, pais e comunidade escolar.
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Neste sentido, este artigo tem como objetivo apresentar os resultados do
projeto de intervenção desenvolvida durante o Programa de Desenvolvimento
Educacional (PDE) na Escola Estadual Cristo Rei e que tinha o objetivo de
levantar quais equipamentos educacionais públicos3 existem no bairro Cristo Rei
e quais condições os mesmos oferecem para a população. Para tanto,buscamos
reconhecer e analisar as condições dos equipamentos educacionais públicos
existentes no bairro Cristo Rei, relacionando com a produção desigual do espaço
urbano na cidade de Francisco Beltrão.
O projeto foi desenvolvida com as turmas da 7ª série B e D do período
matutino da Escola e tinha como principais objetivos:
Permitir aos alunos (as) a investigação e reconhecimento do lugar onde vive.
Mapear a área territorial do bairro situando os equipamentos educacionais
existentes nele.
Oportunizar as crianças a compreensão de que sua comunidade faz parte da
totalidade do espaço geográfico e que tal relação pode ser interpretada a
partir da categoria lugar.
Pesquisar junto à comunidade, através de entrevistas, as condições dos
equipamentos educacionais públicos para o atendimento da demanda da
comunidade.
No entanto antes de apresentarmos as atividades desenvolvidas e os
resultados alcançados durante o projeto, faremos um breve resgate histórico da
cidade de Francisco Beltrão e do bairro Cristo Rei, com o intuito de
compreendermos melhor a produção deste espaço urbano.
3 Nesta pesquisa, definimos por “equipamentos educacionais públicos” as escolas e as creches.
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Histórico do Município
O território que hoje se constitui no município de Francisco Beltrão (Figura 1)
era ocupado por índios, posteriormente caboclos e luso-brasileiros que se
dedicavam a extração da erva-mate e criação de porcos.
Figura 1
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Brazil_location_map.svg acesso em 11/07/2012.
Mais tarde, na década de 40, chegaram aqui, vindos de Santa Catarina e Rio
Grande do Sul, descendentes de italianos, alemães, poloneses e outros para se
fixarem na terra e trabalhar na agricultura.
As primeiras casas desta cidade surgiram em 1947 à margem direita do rio
Marrecas, onde se formou o povoado batizado de “Vila Marrecas”. Com a
emancipação política em 14/12/1952, recebeu o nome de Francisco Beltrão. A
legalização de posse das terras ocorreu entre 1962 e 1974 pela Getsop (Grupo
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Executivo para as terras do sudoeste do Paraná.) que forneceu mais de 50 mil
títulos, realizando verdadeira reforma agrária na região.
Até a década de 70 a população urbana era inferior a população rural, o
surgimento e expansão de atividades industriais e comerciais alteraram esse
quadro, já na década de 80, aproximadamente 60% da população beltronense era
urbana.
Histórico do Bairro Cristo Rei
A área que constitui o bairro Cristo Rei (figura 2) teve sua ocupação ainda no
período inicial da colonização do município, quando ainda era denominado de
“Marrecas”, conforme contou seu Sebastião Albuquerque de Souza, conhecido pelo
apelido de “seu Pureza” em entrevista realizada por alunos da Escola em 1993. Ele
contou que chegou ao município junto com seu sogro Prudente Alves da Silva e seu
irmão Florindo Albuquerque de Souza em 1942. Juntos derrubaram a mata que
cobria a encosta do Morro do Calvário para plantar milho, feijão e outros alimentos
para a sobrevivência de sua família. Mais tarde com a instalação do DER
(Departamento de Estradas e Rodagem) a ocupação se ampliou.
Figura 2
Fonte: Google Maps, acessado em julho de 2012.
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O bairro Cristo Rei é assim constituído: Ponto de partida: Rua Piquiri com a
divisa do lote n° 510; seguindo pela divisa do lote n° 510 até alcançar a divisa do lote
n° 940, daí seguindo pela divisa do lote n° 940 até alcançar a rua Santa Inês;
seguindo pela rua Santa Inês até alcançar a rua São Miguel; daí seguindo pela rua
São Miguel até alcançar a Avenida Progresso, seguindo até o rio Marrecas; pelo rio
Marrecas, margem esquerda até encontrar a Avenida Cristo Rei; continuando por
esta até encontrar a rua do Aeroporto; seguindo esta até encontrar a rua São Lucas
esquina com a rua São Luiz; seguindo por esta até encontrar a rua Santa Luzia; daí
segue pela divisa do lote n° 73 da gleba n° 57-FB até alcançar a rua Piquiri, ponto de
partida.
Histórico da Escola Estadual Cristo Rei.
A Escola Estadual Cristo Rei (figura 3) – Ensino Fundamental (código 00039),
é mantida pelo Governo do Estado do Paraná e administrada pela Secretaria de
Estado da Educação, pertencendo ao Núcleo Regional de Educação de Francisco
Beltrão (código 012). Seu funcionamento teve início em 14 de fevereiro de 1968. Foi
inaugurado o novo prédio pelo Decreto n° 8942 com o nome de “Grupo Escolar
Cristo Rei”. A autorização para funcionamento veio através do Decreto n° 2.685
DOE 203 de 21 de dezembro de 1976, passando a denominar-se Escola Estadual
Cristo Rei – Ensino de 1° Grau. O reconhecimento do Curso Regular de 1° Grau
deu-se pela Resolução n° 2.632 DOE 1184 de 19 de novembro de 1981.
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Figura 3
Fonte: Catia Ap. Basso
Teve a cessação definitiva do ensino de 1ª a 4ª série, pela Resolução n° 979
de 14 de Março de 1991, passando a ofertar o Ensino de 5ª a 8ª série. Em 06 de
junho de 1983 com a Resolução n° 2020/83, passou a denominar-se “Escola
Estadual Cristo Rei – Ensino de 1° Grau”. Passa a funcionar, porém, no mesmo
prédio, a Escola Municipal Professor Rubens Amélio Bonatto, pelo decreto n° 053/91
de 18 de fevereiro de 1991, que atende Educação Infantil e séries iniciais do Ensino
Fundamental.
A partir da resolução n° 764/99 ficou concedido o funcionamento de
atividades de Educação de Jovens e Adultos, passando a denominar-se Colégio
Estadual Cristo Rei, a qual foi revogada pela Resolução n° 966/02, sendo
atualmente nomeado de Escola Estadual Cristo Rei – Ensino Fundamental pela
resolução n° 3.841/02 renovando o reconhecimento do estabelecimento pela
resolução n° 4.480/02 de 25 de novembro de 2002. A Escola Estadual Cristo Rei,
oferta o Ensino fundamental de 5° a 8° série, no período matutino e noturno,
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contando com um quadro de professores habilitados para o desempenho das
funções pedagógicas num total de 35 professores e 8 funcionários, além de Direção,
Professor Pedagogo, APMF e Conselho Escolar. Os alunos oriundos dos bairros,
Cristo Rei, São Miguel, Novo Mundo, Cango, São Francisco, Centro e Comunidades
do interior do município de Francisco Beltrão.
O Regimento Escolar está fundamentado na LDB – Lei de Diretrizes de Bases
da Educação Nacional 94394/96 de 20 de dezembro de 1996, está aprovado pelo
parecer n° 100/2002 em 23 de abril de 2002.
O Projeto Político Pedagógico (PPP) da Escola deixa claro que a mesma
deseja contribuir na formação de um cidadão crítico e atuante no seu espaço de
vivência, e a geografia como disciplina pode contribuir muito nesta formação.
Neste sentido, feito este histórico, passemos a apresentação do projeto.
Fundamentos teóricos do projeto: algumas considerações
Com base nas diretrizes curriculares de geografia do Paraná (2008, p. 14) a
escola pública brasileira, nas últimas décadas, passou a atender um número cada
vez maior de estudantes oriundos das classes populares. Ao assumir essa função,
que historicamente justifica a existência da escola pública, intensificou-se a
necessidade de discussões contínuas sobre o papel do ensino básico no projeto de
sociedade que se quer para o país.
A depender das políticas públicas em vigor, o papel da escola define-se de
formas muito diferenciais. Da perspectiva das teorias críticas da educação, as
primeiras questões que se apresentam são Quem são os sujeitos da escola pública?
De onde eles vêm? Que referências sociais e culturais trazem para a escola? Um
sujeito é fruto de seu tempo histórico, das relações sociais em que está inserido,
mas é, também, um ser singular, que atua no mundo a partir do modo como o
compreende e como dele lhe é possível participar. Ao definir qual formação se quer
proporcionar a esses sujeitos, a escola contribui para determinar o tipo de
participação que lhes caberá na sociedade.
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Nesse sentido, a escola deve incentivar a prática pedagógica fundamentada
em diferentes metodologias, valorizando concepções de ensino, de aprendizagem
(internalização) e de avaliação que permitam aos professores e estudantes
conscientizarem-se da necessidade de uma transformação emancipadora. Um
projeto educativo, nessa direção, precisa atender igualmente aos sujeitos, seja qual
for sua condição social e econômica, seu pertencimento étnico e cultural e às
possíveis necessidades especiais para aprendizagem. Com isso, entende-se a
escola como o espaço do confronto e diálogo entre os conhecimentos
sistematizados e os conhecimentos do cotidiano popular (p. 15).
Entende-se que, para a formação de um aluno consciente das relações
socioespaciais de seu tempo, o ensino de Geografia deve assumir o quadro
conceitual das abordagens críticas dessa disciplina, que propõem a análise dos
conflitos e contradições sociais, econômicas, culturais e políticas, constitutivas de
um determinado espaço (p. 53).
A geografia vem trabalhando a noção de espaço enquanto produto do trabalho humano a partir da relação que o homem – enquanto ser social - mantém com a natureza. Aqui nos propomos a analisar o espaço enquanto condição, meio e produto da reprodução da sociedade, o que nos leva necessariamente a discutir o papel do homem enquanto sujeito, percorrendo sua vida, valores, cultura, lutas, ansiedades e projetos, portanto o homem agindo. Logo pensar o urbano significa pensar a dimensão do humano. Entender o espaço urbano do ponto de vista da reprodução da sociedade significa pensar o homem enquanto ser individual e social no seu cotidiano, no seu modo de vida, de agir e de pensar. (Carlos, 2007, p.53)
Conhecer ou reconhecer o espaço vivido e seu entorno como elemento
integrante do todo é essencial para que a criança entenda e se sinta parte do
processo de transformação do lugar, compreenda que suas ações podem fazer a
diferença. Cabe a geografia ajudar aos alunos os elementos de sua volta como parte
real daquilo que ela estuda através dos livros.
Portanto, partindo de uma concepção de geografia voltada para a “formação
da cidadania o desenvolvimento da consciência da necessidade de luta pelo direito à
cidade” (Cavalcanti, 2008, p.8) é que elaboramos e desenvolvemos o nosso projeto
de intervenção pedagógica.
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O projeto: atividades desenvolvidas
Para iniciarmos o projeto, realizamos uma atividade de reconhecimento do
espaço do bairro através do uso do computador. Para tanto fomos à sala de
informática da escola, onde os alunos acessaram o Google mapas e puderam
visualizar no mapa virtual do município o bairro Cristo Rei e a localização da Creche
e das escolas municipal e estadual, as quais utilizam de forma compartilhada o
mesmo espaço. Também puderam verificar que nos outros bairros, exceto na Escola
Estadual da Cango e Escola Municipal Frei Deodato, estas já foram separadas
territorialmente.
Após as observações promovemos um debate com os mesmos sobre o
compartilhamento do espaço das escolas e pudemos perceber que os pais e
responsáveis pelas crianças são favoráveis, pois lhes da segurança saber que os
filhos(as) menores estão no mesmo espaço que os maiores. Já na visão dos alunos
isto é ruim, segundo a maioria destes, pois as necessidades em relação aos
espaços são diferentes especialmente os banheiros, que segundo aqueles que têm
irmãos menores, os mesmos sofrem e até mesmo choram quando precisam utilizá-
los.
Os alunos das séries finais falaram sobre a biblioteca que não tem espaço
adequado para garantir livros direcionados as diferentes necessidades de leitura e
principalmente interesse literário. Assim eles acabam sendo penalizados. Além
disso, reclamam da falta de liberdade durante os intervalos (recreio), visto que
precisam cuidar dos menores e serem vigiados pelos mesmos.
Após isso em sala em sala de aula com o uso do mapa dos bairros do
município de Francisco Beltrão (Figura 4) realizamos a atividade de definição dos
limites deste, refletindo sobre sua condição periférica ou não. Depois de realizar
pesquisa referente ao que se denomina por periférico, concluiu-se então que este
fica na periferia oeste da área urbana do município.
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Figura 4
Outro momento importante do projeto se refere à pesquisa realizada com a
comunidade do bairro no mês de Novembro de 2011. Naquele momento, foram
aplicados 100 (cem) questionários, sendo que, entre os que retornaram 18 eram de
profissionais que atuam e responsáveis por crianças que freqüentam o Centro
Municipal de Educação Infantil Professora Ivanir de Albuquerque, 46 eram de
profissionais e responsáveis por crianças que frequentam a Escola Municipal
Rubens Amélio Bonatto, 36 eram de profissionais, responsáveis e crianças que
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frequentam a Escola Estadual Cristo Rei. A seguir apresentamos alguns dos
resultados obtidos com este questionário:
Referente à pergunta sobre a qualidade do ensino/aprendizagem ofertado
pelas instituições: 53% responderam ótimo, 42% que é bom, 2% razoável e 2%
péssima.
Sobre a estrutura física que as instituições ( escolas e cmei) oferecem (salas,
banheiros, refeitório, biblioteca, laboratórios, quadra esportiva, área de lazer e pátio)
responderam: 46% que atende parcialmente, 26% que precisa melhorar sugerindo
as melhorias em relação ao prédio, mais salas, ampliação do espaço coberto e
refeitório na creche. 25% disseram que atende as necessidades e 3% que não
atende.
Quanto à questão de como as instituições são vistas pela comunidade, 67%
responderam que são uma importante conquista da comunidade, 17% que é uma
obrigação do poder público que está sendo cumprida, 9% que é uma necessidade
parcial da comunidade, pois não atende aos interesses de todos, 2% disseram que
não tem nenhuma importância e 5% não responderam.
Quanto ao questionamento de como é a participação da comunidade junto as
entidades de luta e defesa dos direitos da mesma (associação de moradores e
outras) junto ao poder público, responderam: 33% que participam ativamente; 11%
que não participa mas mesmo assim é atendida; 50% delega essa função para
alguns e espera por resultados e 6% não responderam.
Ao serem questionados sobre quantas vezes no ano ocorrerem reuniões com
as lideranças da comunidade para discutir as necessidades da mesma
responderam: 38% com freqüência, mas não participa; 28% disseram que não
sabem; 6% afirmaram que só no período eleitoral; 24% disseram que ocorrem
regularmente e participam; 4% não responderam.
Sobre a participação na elaboração do plano diretor do município, na reunião
que ocorreu no bairro responderam: 15% que participaram; 5% não lembra; 2% não
vai a essas reuniões e 78% que não participou. Na questão sobre como ficou as
propostas em relação à educação 92% não responderam. Do restante, 4 falaram
que não foi discutido e 4 que haveria melhorias como a amplificação dos espaços do
CMEI, mão única e passeio novo em frente as escolas e a construção do prédio para
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funcionamento da escola municipal. Destas propostas a definição da mão única em
frente ao prédio onde funcionam as escolas municipal e estadual foi efetivado em
2011 e a troca do passeio com nova arborização no 1º semestre de 2012. Quanto a
ampliação dos espaços do CMEI e a construção do prédio para funcionamento da
Escola Municipal ainda não se concretizou.
Após a tabulação destes dados e organização em slides para TV Pendrive
e/ou data show apresentamos as turmas envolvidas os resultados aqui expostos
ainda no mês de dezembro. Agendamos uma reunião com representantes da
comunidade para expor os resultados da pesquisa realizada, mas devido as
inúmeras atividades de final de ano o envolvimento destes foi pequeno. Aqueles que
vieram concordaram com as respostas do questionário apresentadas o que deixa
claro o desinteresse da grande maioria em participar junto a associação das
reivindicações das necessidades da comunidade junto as autoridades. Como
sugestão pediram que este trabalho de análise e pesquisa sobre as condições dos
equipamentos públicos existentes no lugar (bairro) continue, pois perceberam nas
crianças o possível despertar para uma atuação mais efetiva para as necessidades
da comunidade e estímulo aos responsáveis em se comprometer com as
associações de moradores que após eleitas se sentem abandonadas pelos que as
mesmas representam. Aos colegas de trabalho o resultado da pesquisa foi
apresentado em fevereiro na semana pedagógica.
Os alunos concluíram que as suas participações e a de seus familiares junto
as entidades representativas do bairro, CMEI e escolas realmente é inexpressiva
que não se utilizam destas para garantir seus direitos de cidadãos a um espaço
educacional público de qualidade. Enquanto que os colegas de trabalho afirmaram
que apenas foi comprovado o pouco envolvimento da comunidade em relação as
questões educacionais e sociais.
Paralelo a isso, foram muito importantes às discussões ocorridas durante as
atividades do grupo de Trabalho em Rede (GTR). Entre os assuntos debatidos, o
que mais se destacou foi a cidadania. Sobre isso transcrevo as palavras de
Benevides (apud Cavalcanti, 2008, p.85)
Cidadãos ativos são mais do que titulares de direitos, são criadores de
novos direitos e novos espaços para expressão de tais direitos,
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fortalecendo-se a convicção sobre a possibilidade, sempre em aberto, da
criação e da consolidação de novos sujeitos políticos, cientes de direitos e
deveres na sociedade.
Após muita troca de idéias, ficou claro que precisamos através da Escola e
das aulas de geografia aprofundar a compreensão de ser cidadão, pois na
sociedade atual que é capitalista, excludente e competitiva, temos o triste hábito de
“eleger” pessoas e entregar a elas a função de todo o comando e organização das
instâncias sociais e políticas.
Uma das participantes do GTR questionou sobre o Plano Diretor do
município, e o que consta neste sobre as necessidades dos equipamentos públicos
educacionais do bairro, como a comunidade havia se envolvido durante a
elaboração do mesmo.
Considerações Finais
A participação no Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE)
contribuiu muito para minha formação, pois depois de muitos anos em sala de aula
já cansada dos problemas diários que envolvem a escola e os que nela atuam, ficar
afastada um tempo e voltar às aulas nas universidades, as quais estimulam uma
atuação mais efetiva e prática do cotidiano da disciplina e as conversas com colegas
de diferentes escolas e municípios compartilhando experiências, nos dão um novo
vigor para melhorar nossas metodologias de trabalho.
Com este projeto foi possível perceber que é fundamental que no dia a dia da
disciplina de geografia o entorno das crianças seja elemento de pesquisa e estudo,
para primeiramente concretizar o que ela estuda e o mundo a sua volta, pois só
assim fará vínculo com a realidade e perceberá o quanto é importante a sua atuação
de modo mais consciente.Também é necessário que ela entenda a dinâmica política
deste espaço e as forças que o modificam ou não, sendo essencial para tal,
atividades de leitura, análise, pesquisa e debate que tenham como pontos de partida
o município, o bairro e as instituições de interesse público.
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Acreditamos que através deste projeto, oportunizamos aos educando uma
reflexão mais concreta sobre o lugar (bairro) e a importância da sua participação
mais efetiva e comprometida com o mesmo. Além disso, os alunos perceberam que,
se quiserem suas necessidades atendidas pelas autoridades responsáveis, cabe a
toda a comunidade uma atuação mais efetiva. Se envolver mais e participar
ativamente das discussões referente ao que é disponibilizado aos cidadãos de cada
parte da cidade pelo poder público que na maioria das vezes está condicionado aos
interesses econômicos de determinados grupos é fator fundamental para o exercício
pleno de uma verdadeira democracia. Só assim eles realmente perceberão a
importância de fortalecer as instituições representativas de cada comunidade como
as associações de moradores e pessoas públicas (vereadores) comprometidas com
as causas sociais e que compreenderão a importância da geografia em suas vidas.
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Referências
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Geografia. Íjui: Unijui, 2004.
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Fundação Perseu Abramo, 2004.
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março de 2011 – 03 – 02
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Acesso em: 05/06/2011 às 14h00min