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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE
CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS APLICADAS
CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS
TIAGO DE OLIVEIRA LOIOLA
Matrícula n 200302008
A PRODUÇÃO DE LAVOURAS BRANCAS NO PROJETO E ASSENTAMENTO
HUMAITÁ NOS PERÍODOS DE 1996/1997 E 2005/2006
Rio Branco – Acre, Dezembro de 2009
TIAGO DE OLIVEIRA LOIOLA
A PRODUÇAO DE LAVOURAS BRANCAS NO PROJETO E ASSENTAMENTO
HUMAITÁ NOS PERÍODOS DE 1996/1997 E 2005/2006
Monografia apresentada ao Curso de
Graduação em Ciências Econômicas da
Universidade Federal do Acre como
requisito parcial para obtenção do Grau em
Bacharel em Ciências Econômicas.
Orientador: Dr. Raimundo Cláudio Gomes Maciel
Rio Branco – Acre, Dezembro de 2009
TERMO DE APROVAÇÃO
TIAGO DE OLIVEIRA LOIOLA
A PRODUÇAO DE LAVOURAS BRANCAS NO PROJETO E ASSENTAMENTO
HUMAITÁ NOS PERÍODOS DE 1996/1997 E 2005/2006
Monografia apresentada ao Curso de
Graduação em Ciências Econômicas da
Universidade Federal do Acre como
requisito parcial para obtenção do Grau em
Bacharel em Ciências Econômicas.
COMISSÃO EXAMINADORA
Prof. Dr. RAIMUNDO CLÁUDIO GOMES MACIEL
Orientador – Universidade Federal do Acre
Prof. Esp. ROBINSON ANTÔNIO DA ROCHA BRAGA
Universidade Federal do Acre
MSc. ELYSON FERREIRA DE SOUZA
Pesquisador do Projeto ASPF - Universidade Federal do Acre
Rio Branco – Acre, Dezembro de 2009
À minha esposa Elainy Loiola
Aos meus pais, Osvaldo e Maria de Fátima
À minha irmã Thássia
AGRADECIMENTOS
Escrevo aqui alguns agradecimentos a pessoas que se fazem importantes na minha
trajetória.
Ao MEU DEUS, pelas grandiosas bênçãos concedidas ao longo de minha vida e pela
permissão de mais uma vitória.
À minha esposa, pelo o amor dedicado e o incondicional apoio, por sempre está ao
meu lado nos momentos em que preciso.
Aos Meus pais, pelo carinho e dedicação, sem os quais não seria possível chegar até
aqui. Conselheiros em toda a minha caminhada.
Aos docentes que compõem o quadro do curso de Economia, profissionais do ensino,
os quais foram importantes para a minha formação.
Ao Professor e (coordenador do Projeto ASPF) Raimundo Cláudio, meu orientador,
agradeço pela sua orientação a este trabalho, pelo apoio, incentivos, a ele meu muito
obrigado.
Ao amigo, Elyson, que tem sido um irmão para mim, agradeço pelo carinho e
incentivo. Obrigado amigo pelo apoio em todos os momentos.
A todos os colegas do Aspf, que colaboraram com a realização deste trabalho.
Aos meus companheiros do curso de Economia, pela amizade nos períodos de curso,
pela ajuda nos momentos necessários, pelo respeito e bom convívio ao longo do curso:
Ronivon, Rogério, Francisco Saldanha, Jeísa, Wayne.
RESUMO
Sabe-se que os processos de colonização a partir de 1976, deram origem aos Projetos
de Assentamentos Dirigidos (PAD’s) por meio do Instituto de Colonização e Reforma Agrária
(INCRA), tendo em vista um desenvolvimento na atividade agrícola, nas formas da
agricultura familiar. Dentre esses projetos de assentamento, inclui-se o PAD Humaitá, que
fica localizado no município de Porto Acre. Porém, a produção familiar rural desse projeto de
assentamento, passa diversos e difíceis obstáculos ao tentar se adequar a um modelo de
agricultura moderna. A falta de incentivo através de políticas públicas, por exemplo, contribui
bastante para um desenvolvimento mais eficaz. O método da pesquisa foi desenvolvido pelo
Projeto de Análise Econômica da Produção Familiar (ASPF) que faz parte do Departamento
de Economia da Universidade Federal do Acre (UFAC), que propõe analisar e comparar o
desenvolvimento sócio-econômico de três sistemas de produção: o agrícola, o extrativista e o
agroflorestal. Neste contexto, estaremos fazendo a análise do desempenho econômico
ocorrido no sistema agrícola no qual se insere o PAD Humaitá. A pesquisa procurou conhecer
as mudanças ocorridas neste assentamento, usando como referência os ciclos de 1996/1997 e
2005/2006, a partir das transformações ocorridas nas áreas produtivas, econômicas e sociais
do projeto.
Palavras-Chaves: Agricultura familiar, Desenvolvimento, Produção
ABSTRACT
It is known that the processes of colonization from 1976 came the Settlement
Projects Directed (PAD's) through the Institute of Colonization and Agrarian Reform
(INCRA) with a view to development in farming, in the forms of family farming. Among
these settlement projects, the PAD Humaitá was included and is located in the municipality of
Porto Acre. However, the production of rural family settlement project, is different and
difficult obstacles when trying to fit a model of modern agriculture. The lack of incentives
through public policies, for example, greatly contributes to a more effective development. The
research method was developed by the Project Economic Analysis of Family Production
(ASPF) that is part of the Department of Economics, Federal University of Acre (UFAC),
which aims to analyze and compare the socio-economic development of PAD Humaitá. The
research aimed to know the changes this settlement, with reference to the cycles of 1996/1997
and 2005/2006, from the changes occurring in the productive areas, economic and social
project.
1. Keys-words: Family farming, Development Production
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Lavoura branca produzida no período de 1996/1997 e 2005/2006
(Toneladas)................................................................................................................................41
Tabela 2 – Evolução da participação dos produtos na Renda Bruta Total do PAD Humaitá.
...................................................................................................................................................42
Tabela 3 – Lavouras Brancas comercializados pelas famílias do PAD Humaitá.
...................................................................................................................................................43
Tabela 4 – Analise dos preços dos produtos no PAD Humaitá.
...................................................................................................................................................44
Tabela 5 - Analise dos custos totais dos produtos no PAD Humaitá.
...................................................................................................................................................45
Tabela 6 - Análise Econômica por Unidade de Produção Familiar (UPF) - PAD Humaitá,
1996/1997 – 2005/2006.
...................................................................................................................................................45
Tabela 7 – Analise dos índices de eficiência econômica dos produtos no PAD Humaitá no
período de 1996/1997 e 2005/2006...........................................................................................47
Tabela 8 - Analise do autoconsumo dos produtos no PAD Humaitá.......................................48
Tabela 9 – Analise da produtividade dos produtos no PAD Humaitá.....................................49
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Nível de tecnoligia: Máquinas, equipamentos e ferramentas utilizado
no PAD Humaitá..................................................................................................................50
Gráfico 2 - Utilização de tecnologia menos utilizadas: Máquinas, equipamentos e ferramentas
utilizado no PAD Humaitá.: Máquinas, equipamentos e ferramentas utilizado no PAD
Humaitá.....................................................................................................................................50
LISTA DE SIGLAS
ASPF - Análise Econômica de Sistemas Básicos da Produção Familiar Rural no Vale do
Acre.
BASA - Banco da Amazônia.
CNPT – Centro Nacional de Populações Tradicionais
EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
FUNTAC – Fundação de Tecnologia do Acre.
IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis
IAPs - Ilhas de Alta Produtividade
IDH - Índice de Desenvolvimento Humano
IDF-R - Índice de Desenvolvimento Familiar Rural
INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária.
PAD - Projeto de Assentamento Dirigido
PESACRE - Grupo de Pesquisa e Extensão em. Sistemas Agroflorestais do Acre.
PIB – Produto Interno Bruto
PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio
SAFs – Sistemas Agroflorestais
SEPROF - Secretaria de Extrativismo e Produção Familiar
SEATER - Secretaria da Assistência Técnica e Extensão Rural
SIPRA - Sistema de Informações de Projetos de Reforma Agrária
UPF - Unidades de Produção Familiar.
EGF - Empréstimo do Governo Federal
PGPM - Política de Garantia de Preços Mínimos
CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
CONAB - Companhia Nacional de Abastecimento
NARI’s - Núcleo de Apoio Rural Integrado
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS .......................................................................
SIGLA .............................................................................................................................
INTRODUÇÃO ......................................................................................................................10
1.0 - Produção de Lavouras Brancas no Brasil ...................................................................12
1.1 - Agricultura Familiar Na Amazônia .............................................................................14
1.2 - Agricultura Familiar no Acre .......................................................................................16
1.2.1 - Borracha........ ..............................................................................................................16
1.2.2 - Agropecuária ...............................................................................................................18
2.0 - METODOLOGIA ..........................................................................................................21
2.1 - Histórico do PAD Humaitá ...........................................................................................21
2.2 - Localização ....................................................................................................................22
2.3 - Metodologia de avaliação socioeconômica do Projeto Humaitá ................................23
2.4 - Determinação dos Custos de Produção das UPF’s .....................................................24
3 - RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................41
4 – CONCLUSÃO ..................................................................................................................52
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................55
INTRODUÇÃO
Supõe-se que o setor agrícola é um dos setores que mais poderia se desenvolver no
Estado do Acre, pois possui vários pólos agrícolas. Mas por falta de investimento no setor não
se desenvolve, com isso muitas famílias não tem condições de produzir e buscarem a melhoria
da qualidade de vida.
Existem muitas dificuldades em fazer com que a maioria das atividades agrícolas
tenha um andamento mais rápido. Presume-se que, em certos casos, há necessidade de uma
melhor organização da cadeia produtiva, com uma definição de papéis nos vários processos,
sob a coordenação do Governo do Estado. Acredita-se que pode haver muitas instituições
públicas, privadas e ONG’s atuando no Estado em prol da agricultura, mas em muitos casos,
de forma dispersa, em que o produto final, apesar de todos os esforços despendidos, não
aparece de forma concreta, gerando o impacto esperado.
A situação da produção agrícola, no Estado do Acre, constitui-se de um grande desafio
para se promover o desenvolvimento do setor dentro dos níveis de eficiência econômica
exigida pelo mercado, que possibilite a geração de emprego, a ampliação e distribuição de
renda. É preciso pontuar fatores convergentes para a prática de uma agricultura com dimensão
abrangente que, de um lado, possa combater a pobreza e a exclusão social e, de outro lado,
possa diminuir a dependência externa quanto aos gêneros alimentícios básicos, no que se
refere à produção de lavoura branca.
Nesse sentido, o sistema agrícola é produto direto dos projetos de colonização e de
assentamento rurais implementados a partir da década de 1970. E, o sistema agroflorestal
emergiu do interior do sistema agrícola, à medida que as dificuldades desse brotou a idéia
daquele, quando se pensou uma alternativa que assegurasse a sobrevivência das famílias , com
plantio de lavoura branca diversificados, gerando emprego e renda.
Com o presente estudo se propõe a traçar um mapa da produção agrícola, do projeto
Humaitá, focalizando as safras produzidas entre os anos de 1996/1997 e 2005/2006.
O objetivo desta pesquisa é avaliar a produção de lavoura branca do sistema de
produção agrícola do PAD Humaitá no período de 1996/1997 e 2005/2006, detectar as
condições operacionais cotidianas do produtor agrícola; e também conhecer as formas de
incentivo e investimento das instâncias públicas municipais, estaduais e federais no setor
agrícola.
O problema a ser pesquisado é: quais as condicionantes que impedem ao
desenvolvimento da produção de grãos da produção familiar rural nos projetos de
assentamentos acreanos?
Trabalha-se com a hipótese de que a falta de incentivo e a falta de acesso às técnicas
de produção e aos instrumentos tecnológicos e carência de investimentos no setor agrícola
podem estagnar a produção e/ou obrigar a migração dos produtores para outras fontes de
recursos econômicos, rural ou urbano.
Portanto, é importante analisar os dados relevantes que marcam o desempenho e, ou o
decréscimo no setor agrícola, para se compreender a política empregada, a função social e as
relações decorrentes durante o processo produtivo.
O presente trabalho está organizado da seguinte forma: no capítulo 1 – Lavoura branca
e a produção familiar rural, no capítulo 2 – metodologia, no capítulo 3 – resultados e
discussões e a conclusões na parte final.
CAPÍTULO 1 – LAVOURA BRANCA E A PRODUÇÃO FAMILIAR RURAL
1.0 Produção de Lavouras Brancas no Brasil
Ate a década de 50 (cinqüenta), o Brasil produzia somente açúcar e café em grande
escala. Os grãos no caso do arroz, feijão e o milho eram somente produzidos para a
subsistência das famílias rurais, os governantes ignoravam o potencial do Brasil na produção
de grãos.
Mas a partir da década de 70 (setenta) começou se expandir a produção de grãos, em
virtude de o governo criar os financiamentos rurais, tais como: o Empréstimo do Governo
Federal (EGF) e também a política de Garantia de Preços Mínimos. Sobre a criação de EGF,
Coelho (2001, p. 25) destaca o seguinte:
“O EGF foi criado com dois objetivos. Um de natureza microeconômica, que era de
aumentar o poder de barganha dos produtores na época da colheita por meio da
estocagem do produto no período safra/entressafra e outro de natureza
macroeconômica, que era reduzir as flutuações sazonais nos preços e, portanto,
melhorar a alocação de recursos na agricultura.”
Conforme o autor o EGF foi um importante financiamento de comercialização, no
qual ele financiava quase 90% dos financiamentos totais.
Segundo Coelho (2001), no período 1966/1975, calcula-se que perto de US$ 48
bilhões tinha sido aplicado em EGF, ocorrendo o maior volume em 1975, quando foram
aplicados US$ 4,5 bilhões (24% do total de crédito).
Já a Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM) foi criada com intenção de
ajudar o produtor rural, a produzir e ter uma garantia de venda.
A PGPM, como uma política de suporte de preços, foi criada para eliminar o risco
de preços na agricultura através da fixação anual, antes do plantio, de preços
mínimos de garantias, para vigorarem após colheita. A fixação desses preços
antecipados serviria como parâmetro de orientação para os produtores nas alocações
dos recursos, principalmente no tocante ao tipo de produto e às quantidades a serem
produzidos (COELHO, 2001, p. 25).
Os incentivos de empréstimos e as políticas agrícolas estimularam o mercado para
produzir e, tendo garantia que os seus produtos seriam vendidos, os empresários começaram a
pegar empréstimo no EGF entre 1966 à 1985. Foram financiados 113,6 milhões de toneladas
de grãos.
Com os financiamentos não demoraram os resultados positivos, ocorrendo uma
mudança na política agrícola, fundamentada na produção de grãos. Que entre 1965 e 1985
aumentou muito o número de exportações.
De acordo com Coelho (2001), nesse período, a produção de grãos passou de 25,10
milhões de toneladas para 56,19 milhões de toneladas, um crescimento de 123,8%. O melhor
desempenho ficou por conta da soja, cuja a produção, em 1965 era praticamente inexistente.
Em 1970 atingiu mais de 1,5 milhões de toneladas e em 1985 passou para 18,30 milhões de
toneladas. O aumento da produção de grãos foi obtido pela combinação da expansão da área
plantada e da produtividade. Verifica-se também que no mesmo período, o produto que mais
se destaca em relação ao consumo interno, o milho, em 1965 foram produzidos 12.11 milhões
de toneladas, e em 1970, 14,21 milhões de toneladas. Já em 1980, 20,40 milhões de toneladas
e 1985 foram produzidos 22,01 milhões de toneladas. Assim, sempre ouve um crescimento
considerável no decorrer dos anos.1
Já na produção de grãos, no período de 1995 à 2001, houve uma elevação na produção
de grãos no Brasil. No período 1995/1996 foram produzidos 73.564,7 milhões de toneladas;
em 2000/2001 foram produzidas 100.266,9 milhões de toneladas, ou seja, um aumento de
36,29%. Entre safra de 2001/2002 à 2007/2008 houve um aumento de 48,87% na produção de
grãos, sendo que em 2001/2002 foram produzidos 96.799 milhões de tonelada e em
2007/2008 foram produzidos 144.113,6 milhões de toneladas, tendo como novidade um
produto que era de pouca expressão no mercado, que é o sorgo. Este foi o produto que teve
maior produção nesse período, sendo que em 2001/2002 foram produzidos 798,2 milhões de
toneladas; no período de 2007/2008 foram produzidas 1.985,9 milhões de toneladas,
totalizando um aumento de 148,79%.
Nota-se que a produção de grãos no Brasil no decorrer dos anos sempre esteve em
taxas crescente desde as décadas de 70 (setenta), com os incentivos do governo federal que
estimulou a produção, que outrora quase não se produzia em que a produção era praticamente
para auto consumo.
Conforme Gasques (2009), no período de 1995 a 2008 o Governo vem reduzindo os
créditos rurais, através deste fato a agricultura sofreu uma queda no que diz respeito a custos
por parte do Governo Federal, no curto intervalo entre 2007 a 2008 os gastos na agricultura
1 Ver Coelho (2001),
foram reduzidos 23,44%. Apesar destes acontecimentos que gerou uma redução no custo com
a agricultura, o autor afirma que houve um aumento na produção agrícola.
Com o passar dos tempos, o Brasil passou a exportar em grande escala e hoje tem os
resultados significativos com a produção de grãos que vem evoluindo e, com os avanços da
tecnologia, que vem facilitando os meios de produção e com isso, o produtor tem a
oportunidade de produzir cada vez mais em menos tempos, e com qualidade.
1.1 Agricultura Familiar na Amazônia
Segundo Barros (2006) a agricultura familiar ao longo do tempo tem-se distinguido da
agricultura de subsistência, ou a pequena agricultura, ou agricultura de baixa renda da
agricultura comercial ou empresarial. Conforme Saldanha (2003), diferentemente da
propriedade patronal, nela não há diferença entre gestão e realização das atividades, além de
ser seu dever de suprir boa parte do consumo da família.
De acordo com Guanziroli (2001) A agricultura familiar é a principal fonte de trabalho
no meio rural e a esse respeito assevera:
Entretanto uma parte das pessoas ocupadas na agricultura familiar não consegue
obter uma renda mínima unicamente por meio de seus estabelecimentos. Para
sobreviverem, muitos agricultores familiares dependem de rendas externas ao
estabelecimento agrícola, como aposentadorias, venda de serviços em outros
estabelecimentos (familiares e patronais) ou atuando em atividades não-agrícolas
(GUANZIROLI, 2001, p. 91).
Segundo Saldanha (2003) um novo processo agrícola se fortaleceu na década de 70,
com a modernização da produção agrícola que faz uso vasto de equipamentos e técnicas, tais
como máquinas e insumos modernos, que lhe permite maior rendimento no processo
produtivo.
De acordo com Teixeira (2005) o sistema de modernização é centralizador, pois
monopolizado apenas para algumas regiões, Centro-Sul, sendo que nas outras regiões a
modernização é introduzida mais lentamente. Em função disso destaca:
A modernização da agricultura segue os moldes capitalistas e tende a beneficiar
apenas determinados produtos e produtores, tendendo a fortalecer a monocultura.
(TEIXEIRA, 2005, p. 2)
O pequeno produtor por não haver recursos financeiros para melhoramento de sua
produção, por ser uma agricultura de subsistência não possui quase nenhum meio tecnológico
para o melhoramento de suas mercadorias. Faz-se necessário ter uma política que possa ajudar
a desenvolver o sistema de produção e que motive o produtor a fazer financiamentos para que
possibilite um aumento e uma qualidade maior na sua mercadoria.
De acordo com Guanziroli (2001) tem que existir uma política de assistência técnica
adequada para região, para que ajude o desempenho dos agricultores em sua produção, pois
geralmente a assistência técnica disponível não é a mais apropriada para a realidade dos
agricultores familiares, não contribuindo para os métodos de produção da unidade de
produção de modo global.
Para Guanziroli:
É necessário que as políticas de assistência técnicas estejam associadas às políticas
de financiamento e a estratégia de desenvolvimento regional e confiram mais
margem de manobra e mais adaptabilidade aos sistemas familiares de produção
(GUANZIROLI, 2001, p. 183).
Segundo Altafin (2007), a agricultura familiar na região Amazônica data desde o
século XVII, aproximadamente. As famílias viviam da pesca, da coleta de frutos e da
agricultura. Havia uma razoável variedade de produtos cultivados: mandioca, milho, banana,
abóbora, amendoim, tabaco, algodão, cana de açúcar, algodão.
Segundo a prática tradicional na cultura indígena, cabia ao homem o trabalho no
roçado, a fabricação de instrumentos de trabalho, armas, a caça e a pesca. As mulheres
cuidavam da colheita, da preparação dos alimentos e bebidas, a confecção de cestos, esteiras,
etc. Possuíam um bom domínio da técnica de cerâmica e usavam a madeira na fabricação de
bancos, canoas, teares. Suas armas, usadas na caça e na guerra, eram o arco e flecha, a lança,
o tacape ou borduna, uma espécie de porrete.
Com o decorrer do tempo novas técnicas foram implantadas para a produção de
produtos agrícolas, sendo comercializado com mais velocidade e melhores qualidades.
As normas técnicas de acesso ao mercado são geralmente elaboradas visando a
empresa de maior porte. (CNPq, 2002)
De acordo com a CONAB (Companhia Nacional de Abastecimento), nos Estados que
fazem parte da Amazônia Ocidental, nas safras de 1976/1977, registrou-se uma produção de
428,4 mil toneladas; Os Estados que tiveram mais destaque foi o Pará com 209,8 mil tonelada
e em seguida Rondônia com 151,2 mil toneladas. O Estado do Acre vem em terceiro lugar
com 42,1 mil toneladas. Em relação à produção do Brasil, a Conab (2009) aponta que a região
Norte foi que apresentou menor índice de produção no decorrer dos anos. Apesar disso, o
Estado do Acre apresentou aumento de 55,11% na safra de grãos no período de 1976/1977 e
2007/2008 (ver Anexo I).
A lavoura branca no PAD Humaitá apresentou um crescimento na sua produção,
principalmente no cultivo da macaxeira e do milho. Através da comercialização destas, os
produtores daquela localidade obtiveram uma renda mais elevada, possibilitando um poder
monetário maior, com isso aumentando seu autoconsumo na compra de mercadorias fora da
localidade.
Agora, para se entender melhor a agricultura familiar no Acre, se tem que olhar a
história econômica da região.
Segundo Souza (1999), o território acriano, que em 1877 era um seringal, foi
ocupado por imigrantes, em sua maioria nordestina, que vinha atrás de uma vida melhor,
influenciados pelo governo federal, que fazia farta propaganda de riqueza na Amazônia. Eles
vinham com intuito de uma mudança de vida, de acumular algum dinheiro e retornarem para
sua terra natal. E, o sonho virou pesadelo.
1.2 Agricultura Familiar no Acre
1.2.1 BORRACHA
Em meados do século XVI, o descobrimento e conquista de desconhecidas terras
estimulou a imigração de grupos de aventureiros e estudiosos que se adentravam na floresta
amazônica a procura de uma infinidade de especiarias e tesouros (BATISTA, 2004). No
entanto, foi durante o primeiro ciclo da borracha na região que o Acre inicia sua história
econômica.
Segundo os apontamentos realizados por Souza (1999), muitas foram as razões que
fizeram com que os nordestinos chegassem até o Acre para produzir borracha para as
indústrias dos Estados Unidos e Européias.
Nas palavras de Souza (1994):
“Entre 1877 e 1879, o nordeste brasileiro sofre uma das piores secas de sua história.
Somente do Ceará, mais de 65.000 pessoas partem para a Amazônia, acossados pelo
flagelo natural e pela crise da economia agrária. Esse contingente humano vai servir
de mão-de-obra nos seringais, avançando a fronteira do extrativismo. Em pouco
tempo, a maioria desses cearenses entra pelo rio Purus, ocupando a zona ricas dos
seringais (SOUZA, 1994, p 133).”
De acordo com Souza (1999) o único meio de transporte na região era fluvial, os
nordestinos vinham em “gaiolas”, que eram navios que transportavam nordestinos de Belém
ou de Manaus aos seringais. Contudo os mesmo se deparavam com uma situação totalmente
diferente, das suas origens, em que a terra era seca e a vegetação era escassa. Na região
amazônica, encontraram com uma enorme floresta que abrigava uma numerosa diversidade de
vegetação e com água em abundância.
Ainda segundo Souza (1999), o primeiro surto da borracha chegou ao fim com a
concorrência dos empresários ingleses, na Ásia, com a produção da goma elástica, que na
ocasião produziam com mais facilidade e com os preços mais baixos. Já na produção da
Amazônia, os preços eram altos por ter dificuldade na sua produção, tendo em vista as
técnicas rudimentares utilizadas no processo produtivo e, claramente, intensivas em mão-de-
obra. Na Malásia os ingleses conduziam o látex em automotores, com isso introduzindo novas
técnicas em seus seringais, mas por outro lado a borracha não tinha uma qualidade tão boa,
como as da Amazônia que ainda tinha um domínio do mercado.
A indústria estrangeira, a partir do inicio do século XX, começou a receber uma
borracha muito mais barata do que a da Amazônia. Em 1905 , quando a produção brasileira da
borracha era de 35 mil toneladas, a borracha dos ingleses tinha uma produção de apenas 145
toneladas. Mas surpreendentemente, em 1910, a produção inglesa já aparecia nos mercados
com um total de 8.200 toneladas de borrachas. Em 1913, a borracha inglesa, produzida na
Malásia, alcançou um número de quase 48.000 toneladas, superando a produção brasileira que
vinha da Amazônia, que só produziu 39.560 toneladas. Estava definitivamente quebrado o
monopólio da borracha da Amazônia e do Acre. Com a crise da borracha amazônica, o Acre
teve suas rendas financeiras diminuídas. Muitos seringais foram abandonados e os
seringueiros tiveram a chance de voltar para o nordeste. Os que ficaram, foram obrigados a
trabalhar nos diversos ramos da agricultura (SOUZA, 1999).
Durante esta fase dos ciclos da borracha, os seringueiros eram impedidos de fazerem
plantações, pois não tinham tempo para essa atividade e também porque era necessário
apanhar suas mercadorias na casa aviadora, eles tinham um contrato no qual não permitiam
cultivo da agricultura nem mesmo para a subsistência.
Nas palavras de Lima (1994)
(...) A atividade de extração do látex era desenvolvida no período da estiagem,
ocorrido entre abril até novembro, dado que o período das chuvas inviabilizava a
extração do látex e era inadequado à produção agrícola. No conjunto das
determinações que permitiam o emprego exclusivo da força de trabalho na produção
gumífera, a propriedade territorial assumia a condição de momento predominante
(LIMA, 1994, p. 161).
Os seringueiros não tinham autonomia de realizar suas compras em comércios
externos, tornando-se aprisionados com dívidas, já que os donos da casa aviadora forneciam
antecipadamente todo o material de consumo e instrumentos de trabalho, com isso a produção
dos seringueiros era simplesmente para pagar o que eles adquiriam na casa aviadora.
De Acordo com Souza (1999), Preocupado em aumentar a produção agrícola, Oscar
Passos, até então governador do Estado do Acre em 1941, tentou introduzir colônias agrícolas
nos Estado, na época existiam apenas algumas colônias de porte pequeno, que trabalhavam
em condições precárias e sem ajuda. O projeto do então governador Oscar Passos era
organizar as colônias agrícolas para estar em atividade de modo ordenado. O seu projeto
tinha como objetivo criar uma colônia em cada município acreano, mas seu plano foi
concluído apenas na administração de José Guiomard dos Santos, em 1947.
1.2.2 AGROPECUÁRIA
No período em que o governo estadual ficou nas mãos dos militares, a partir do
“golpe militar” pós-1964, as empresas estrangeiras tomaram de conta da economia brasileira,
com isso começaram a explorar a riqueza amazônica. Na Amazônia, os militares fizeram um
projeto para tornar a região apta a ser explorada pelas grandes empresas internacionais. No
Acre, os empresários criaram grandes empresas agropecuárias, no lugar de vários seringais.
Para implantar a pecuária em grande escala na Amazônia, o governo federal
bloqueou os incentivos dados aos seringalistas e produtores da borracha. Os militares tiraram
a obrigação do Banco de Crédito da Amazônia S.A de financiar a produção de borracha dos
seringais acreanos e de toda a Amazônia. Os seringalistas foram pegos de surpresa, restando
para muitos apenas dívidas para com o Banco. Para os seringalistas falidos só restou uma
saída: venderem os seringais para pagar o que deviam ao Banco. E assim o fizeram.
Venderam seus seringais, principalmente no Acre, por preços muito baixos, aos empresários
do Centro-Sul do Brasil. Muitas das terras compradas pelos empresários foram transformadas
em fazendas de gado. (SOUZA, 1999)
Um importante fator a se dizer é a vinda dos grandes empresários frente agropecuária
que foram motivados pelo incentivo fiscal, no qual os empresários tinham um abatimento
fiscal, que era concedido pelo governo federal (SOUZA, 1999).
Segunda Souza (1999), em 1973, Vanderlei Dantas o governador de 1971 a 1975, fez
um convênio com o INCRA para efetivar as terras do Acre, para garantir os direitos dos
fazendeiros, compradores dos seringais acreanos. Visto que na época nem tinha um dono
autêntico e os seringueiros e índios, moradores dos seringais, tinham a posse da terra, mas não
conheciam sobre os seus direitos ou não possuíam meios para fazer valer seus direitos.
Nas palavras de Barbosa (2003):
(...)as terras acreanas foram motivos de grandes divulgações no resto do país,
atraindo novos compradores, que além de objetivarem desenvolver a pecuária
tinham por trás um outro pensamento, o de especulação da terra, comprando
milhares de hectares a preços irrisórios e vendendo a preços altíssimos, nunca se
interessando em preservar a atividade inicial do desenvolvimento da economia
acreana, e sim em adquirir grandes extensões de terras, fazendo com que, em pouco
tempo, a maioria dos seringais dos municípios acreanos lhes pertencessem
(BARBOSA, 2003, p 22,23).
Com as compras das terras por fazendeiros, os grupos indígenas não suportaram com a
expansão da pecuária e tiveram que se mudar para outros lugares ou ficaram trabalhando de
peões para os próprios fazendeiros, para poderem ter uma renda. E os seringueiros expulsos
tiveram que ir para a cidade formando vários bairros.
Muitos seringueiros expulsos dos seringais, que logo depois viraram grandes
empresas, ficaram trabalhando como “peões” para os grandes proprietários. Os que não
desejavam permanecer no campo trabalhando para os proprietários das terras saiam em
direção das cidades atrás de algo melhor, e com isso popularizaram a cidade com vários
bairros, sem nenhuma estrutura adequada pra essas pessoas morarem. Com o passar do tempo,
essas pessoas começaram a ter várias dificuldades por causa de emprego, com isso
aconteceram muitos conflitos sociais.
Em 1975, o governador Geraldo Gurgel de Mesquita preparou o segundo plano de
desenvolvimento para o Acre. Esse plano tinha como objetivo beneficiar o pequeno e médio
agricultor, pois Geraldo Mesquita tinha uma preocupação com a saída do homem do campo
para a cidade. Ele também criticou a política adotada pelo o governador anterior, Vanderlei
Dantas, que com sua política de governo tirava o homem do campo e colocava na cidade sem
nenhuma perspectiva de vida. O governo de Geraldo Mesquita também tentou bloquear as
tentativas de compras das terras acreanas, pelos grandes fazendeiros do Centro – Sul do país.
Para Mendonça 2002 apud Silva (1982, p. 57):
o novo governo Estadual, Geraldo Mesquita, houve uma inversão na política local,
que objetivaram criar obstáculo para desestímulo à corrida às terras acreanas e a
adoção de uma política de reorientação da questão fundiária, como exemplo a
criação do Núcleo de Apoio Rural Integrado – NARI’s e os Projetos de
Assentamentos Dirigidos – PAD’s, políticas voltadas para amenizar os problemas
sociais, criando condições para conter o êxodo rural e Garantir a permanência do
homem no campo.
Em relação a origem e criação dos primeiros PAD’s no Acre, os estudos de Souza
(2002) revelaram que este processo ocorreu da seguinte forma:
Foi no ano de 1975, que o governo local assumiu uma postura política diferente de
seu antecessor, pois além da pressão da comunidade em relação à situação dos sem
terra, estava preocupado com os possíveis problemas que o fluxo migratório
poderia causar, tais como roubos, assassinatos e outras formas de mazelas
sociais. Não obstante, o governo do Acre tentou também conter ao êxodo rural
implantando um conjunto de políticas que viessem beneficiar ao homem do campo,
neste ensejo, foram criados os Projetos de Assentamento Dirigidos (PAD’s) do
Estado do Acre, sob a égide de que dessa forma as famílias ali instaladas estariam
bem amparadas e longe da marginalização urbana. SOUZA (2002, p. 13-14)
Segundo Souza (2002), os primeiros PAD’s implantados foram: PAD’s Pedro
Peixoto (1977), Boa Esperança (1977), Quixadá (1981) e Humaitá (1981), os quais serviram
de modelo para Projetos posteriores.
Os colonos enfrentaram muitas dificuldades no início da produção, não havia
estradas adequadas para saída dos PAD’s das mercadorias a serem comercializadas até as
cidades, dificultando, assim, o escoamento da produção; outra complicação diz respeito aos
meios de produção, já que os agricultores não tinham mecanismos para tornar a produção
mais adequada.
Com o decorrer do tempo os PAD’s foram se desenvolvendo, o acesso ficou mais
adequado em muitos lugares com estradas asfaltadas, facilitando o escoamento da produção e
permitindo a comercialização durante todo o ano. O fornecimento de energia elétrica fez com
que os colonos tivessem mais alternativa de produção, possibilitando o uso de maquinário,
deixando de lado a produção artesanal.
A comercialização de grãos nas cidades acreanas não tem origem dos PADs, incidi em
percas, pois se fossem produzidos a economia do Estado poderia ter outro rumo. Há grandes
prejuízos com o abastecimento de grãos oriundos de outros Estados, uma delas seria a geração
de novos empregos que impactaria no setor econômico.
O Estado não possui uma auto-suficiência, fazendo com que, sejam importados
mercadorias para serem comercializadas nas cidades locais, se o Governo tivesse uma política
agrícola voltada para o mercado interno através de incentivo tais como, através de
maquinário, qualificação profissional, facilitando os meios de produção, facilitando o
agricultor a usar suas terras de maneira adequada de modo sustentável, por meio de
abatimento tributário, pressupõe-se que aumentaria a oferta dos produtos.
CAPÍTULO 2 – METODOLOGIA
O Objeto do presente estudo é analisar a evolução e a comercialização de lavouras
brancas do Projeto de Assentamento Dirigido Humaitá no período de 1996/1997 á 2005/2006,
localizado no município de Porto Acre – AC, criada em 1980, com uma área
aproximadamente de 63.873,000 há (hectares). Com uma população em torno de 951 famílias.
2.1 Histórico do PAD Humaitá
Nas palavras de Souza (2002, p. 17):
A área territorial que forma o PAD Humaitá é de 63.861 hectares, a qual é originária
da desapropriação dos seringais Curupaity, Preferência, Boa União e Humaitá.
Entretanto, todas estas localidades eram popularmente conhecidas por seringal
Humaitá e, ao se instalar o Projeto de Assentamento Dirigido, este nome foi
mantido.
A criação do PAD. Humaitá deve ser compreendido como:
a desapropriação desta área ocorreu devido aos fortes desentendimentos existentes
entre as 234 famílias que residiam nos seringais acima citados e os seus
proprietários, pois segundo estes, as famílias de colonos estavam desligando- se das
atividades ligadas ao extrativismo vegetal e passando a praticar a agricultura de
subsistência, além de fazerem constantes reivindicações pela posse da terra, o que
lhes causava enormes prejuízos. Por não ter as devidas possibilidades de reaver suas
terras, os proprietários dos seringais formalizaram uma proposta de desapropriação
amigável entre as partes envolvidas, a qual foi devidamente acatada pela direção do
INCRA e culminou na criação do Projeto de Assentamento Dirigido Humaitá
através do Decreto de criação de número 85/178 de 22 de setembro de 1980.
Meireles (1998) apud Souza (2002, p. 17)
Conforme Souza (2002), o PAD Humaitá teve a totalidade de sua área dividida em
946 lotes com capacidade de assentar diversas famílias de agricultores. Contudo, graças ao
relativo sucesso do PAD no que concerne aos programas de pavimentação, localização
geográfica e outros benefícios, a quantidade de famílias assentadas chega a ser maior que sua
capacidade, ou seja, algo em torno de 1200 famílias até o ano de 1998, o que o transforma
num pequeno vilarejo. Atualmente o projeto Humaitá está emancipado, ou seja, todos os
proprietários possuem título definitivo e possuem autonomia sobre sua propriedade.
Segundo Souza (2002) os dados coletados do Sistema de Informações de Projetos de
Reforma Agrária (SIPRA) do INCRA, o PAD Humaitá está atualmente emancipado, ou seja,
com integração total à economia do Estado. É administrado pelos proprietários dos lotes, pelo
INCRA e outros segmentos, possui boa infra-estrutura, isso no que tange a trafegabilidade de
estradas e ramais, postos de saúde e escolas em boas condições de funcionamento, além da
existência de várias Associações de produtores rurais.
É importante dizer que do Projeto Humaitá possui pavimentação asfáltica que facilita
o acesso dos produtores nas suas áreas, facilitando no processo de escoamento da produção,
tornando-se menos cansativo e doloroso o seu trabalho no campo (SOUZA, 2002).
Uma Das preocupações para a criação do Projeto Humaitá foi à tentativa de atender
prioritariamente os moradores daquela localidade, bem como os “sem terra” advindos de
outras regiões do país e, desta forma, os problemas de pressões sociais sobre o governo e a
marginalização urbana em relação aos menos favorecidos estariam sendo resolvidos
(SOUZA,1999).
2.2 Localização
Segundo Souza (2002) o PAD Humaitá está situado no município de Porto Acre, dista
aproximadamente 30 km de Rio Branco a capital do estado do Acre, com uma área de
aproximadamente de 63.873,000 hectares, assim sendo, é tangenciado por uma rodovia
federal, a BR 317, que liga o município de Rio Branco ao de Boca do Acre-AM; por uma
rodovia estadual, a AC 22, que une os municípios de Rio Branco e Porto Acre; além de uma
via de acesso natural, isto é, o rio Acre.
2.3 Metodologia de avaliação socioeconômica do Projeto Humaitá
A presente pesquisa tem por objetivo fazer uma análise do desempenho produção de
lavoura branca do PAD Humaitá, localizado no município de Porto Acre – AC, fazendo uma
comparação entre os períodos de 1996/1997 e 2005/2006. Assim, conforme metodologia e
banco de dados do projeto ASPF, estuda-se os valores gastos pelos pequenos produtores
depois que os produtos já foram gerados, ou seja, uma análise ex-post. Foram feitas duas
análises em dois períodos, o primeiro compreendeu em maio de 1996 à abril de 1997 e o
segundo entre maio de 2005 à abril de 2006, havendo um intervalo de 10 anos entre esses
períodos.
A metodologia usada, foi feito pelo projeto de pesquisa denominado “Análise
Econômica de Sistemas Básicos da Produção Familiar Rural no Estado do Acre” (ASPF)2,
capitaneado pelo Departamento de Economia da UFAC, que foi criado desde 1996, cujo
objetivo geral é fazer a avaliação socioeconômica da produção familiar rural no referido
estado, por intermédio de metodologia adequada e específica a este tipo de produção – sendo
consolidada na última década, além de planejar sistemas produtivos alternativos
neoextrativistas, como é o caso das Ilhas de Alta Produtividade (IAPs), bem como da
Castanha-do-Brasil certificada.
Pode-se afirmar que o projeto ASPF é fruto de uma ampla articulação institucional
para o fortalecimento da pesquisa socioeconômica da região e, claro, da produção familiar
rural amazônica. As parcerias efetivadas para o desenvolvimento das pesquisas contaram com
o apoio de instituições federais (Banco do Amazônia, IBAMA/CNPT, INCRA, Embrapa Acre
etc.), estaduais (SEFE – depois SEPROF, SEATER, FUNTAC etc.), municipais (secretarias
de agricultura, de meio ambiente etc.), além de associações e cooperativas de produtores
extrativistas e ONGs (PESACRE, CTA etc.).
O projeto ASPF realizou um primeiro diagnóstico sobre a produção familiar no
período de 1996/1997, no Vale do Acre, e entre 1999/2001, no Vale do Juruá. Atualmente, se
está em amplo processo de disseminação e, claro, publicação dos resultados da reaplicação da
2 Disponível em: <http://www.ufac.br/projetos/aspf/index.htm>
pesquisa nas duas regiões pesquisadas, referentes aos períodos de 2005/2006 (Vale do Acre) e
2006/2007 (Vale do Juruá).
No projeto ASPF foram construídos vários indicadores para a avaliação econômica da
produção familiar rural no Acre, que vão desde os tradicionais até os que somente se aplicam
à produção familiar rural.
Nesse sentido, a análise econômica e a comparação do desempenho econômico de
sistemas de produção agrícola, extrativista e agroflorestais diferenciados exigem o emprego
das categorias sistema, ecossistema, sistema de produção, processo técnico-material de
produção, unidade de produção, patrimônio bruto e patrimônio líquido, custos de produção,
medidas de resultado econômico (resultado bruto, resultados líquidos e índices de eficiência
ou relação), além de indicadores de avaliação econômica futura (valor presente líquido, pay-
back, relação benefício/custo e taxa interna de retorno).
Ademais, para uma análise completa das condições de vida das famílias pesquisadas
busca-se analisar as diversas dimensões das condições de vida no meio rural, conformando
um Índice de Desenvolvimento Familiar Rural, composto por oito dimensões
(vulnerabilidade, acesso ao ensino formal, acesso ao conhecimento tradicional e profissional,
acesso ao trabalho, disponibilidade de recursos, desenvolvimento infantil, condições
habitacionais e condições ambientais) e 47 indicadores, que serve de parâmetro para se avaliar
a evolução das condições de vida ao longo do tempo.
Os principais indicadores econômicos são sucintamente descritos a seguir:
2.4 - Determinação dos Custos de Produção das UPF’s
3.3.1 - Custos Totais de Produção (custos fixos e variáveis)
O presente estudo investigará os custos executados. Custos executados são as
apropriação dos valores gastos no processo de produção depois que o produto já foi gerado. É
uma determinação ex-post. Ao contrário, os custos projetados ou planejados são os
prognósticos de custos de um processo de produção que não gerou ainda o seu produto. Trata-
se, portanto, de uma determinação ex-ante.
Custos totais de produção (CT) - são todos os encargos ou sacrifícios econômicos
suportados pelo produtor para criar o valor total do produto. Referidos a um sistema de
produção, extrativista por exemplo, os custos equivalem ao valor monetário das entradas
econômicas do sistema. Os custos totais compreendem a soma dos custos fixos (CF) e dos
custos variáveis (CV). Os primeiros têm a sua magnitude independente do volume da
produção, os segundos variam com o volume da produção.
Os custos fixos podem ser de dois tipos: comuns e específicos. Os custos fixos
comuns referem-se a fatores aplicáveis a várias linhas de exploração. Os custos fixos
específicos são os relacionados apenas com uma linha de exploração. Os custos variáveis
são, por definição, específicos.
De modo geral, os custos de produção podem ser explícitos ou reais e implícitos ou
imputados. Os primeiros são os que correspondem a pagamentos realmente efetuados a
terceiros (monetários ou não-monetários). Os segundos são os que não exigem uma
contrapartida de pagamento monetário ou não-monetário a outrem. (Idem, ibidem, p.51).
Os custos totais de produção (CTs) de um sistema de produção de uma unidade de
produção familiar rural serão determinados pela fórmula:
CVCFCTCFcCFe
(3)
Então os custos totais constituem:
CVCFcCFeCT (3.1)
Fazendo Ce CV CFe (3.1.1)
CFc Ce CTs (3.1.2)
Sendo:
CTs = custos totais do sistema de produção
CV = custos variáveis
CFe = custos fixos específicos
CFc = custos fixos comuns
Ce = custos específicos
Os custos totais serão determinados tanto para uma linha de exploração individual
quanto para o conjunto da unidade de produção que pratica um certo sistema de produção. No
primeiro caso, um dos objetivos é determinar o custo de produção unitário. O custo de
produção unitário é dado pela fórmula:
(CT)i/Qi (CPU)i (4)
Sendo:
(CPU) i = custo de produção unitário do produto i
(CT) i = custos totais de produção da linha de exploração i
Qi = quantidade produzida da linha de exploração i
No cálculo dos custos totais das diferentes linhas de exploração de um sistema de
produção, os custos fixos comuns serão rateados entre as linhas de exploração singulares,
imputando-se às explorações individuais uma quota proporcional dos custos fixos comuns,
igual à que elas participam na composição dos custos específicos totais. Supõe-se que, no
conjunto do sistema de produção, a distribuição percentual dos custos fixos comuns por linha
de exploração é igual à dos custos específicos totais.
Ocorrendo situações de custos conjuntos, serão adotados os seguintes critérios:
(1) - Se a linha de exploração apresentar subprodutos, os custos totais do produto
principal serão determinados pela fórmula:
VMps- CTle CTpp (5)
Sendo:
CTpp = custos de produção do produto principal
CTle = custos totais da linha de exploração
VMps = valor de mercado dos produtos secundários.
(2)- Se a linha de exploração gerar produtos de importância econômica comparável, o
custo total será rateado proporcionalmente ao valor de mercado de cada um, de acordo com a
fórmula:
(qr)k CTle. k (CTp) (6)
Sendo:
(CTp)k = custo total de um produto k
(qr)k = RBk/(RB1 + RB2 + ... + RBn)
(qr)k = quota de rateio para um produto k
(RB)k = renda bruta de um produto k
RB(1, 2, ... , n) = renda bruta dos diversos produtos integrantes do consórcio
k = diferentes produtos (k = 1, 2, ..., n).
De acordo com os pressupostos acima, os custos totais de produção de uma linha de
exploração ( i ) serão calculados pelo modelo abaixo:
(CFcr)i (Ce)i (CTle)i (7)
Sendo:
(CTle)i = custo total de uma linha de exploração i
(Ce)i = custos específicos de uma linha de exploração i
(CFcr)i = custos fixos comuns rateados para a linha de exploração i
i = linha de exploração (i = 1, 2, ..., n) ,
Sabendo-se que:
(CFe)i (CV)i (Ce)i (7.1)
(CFcr)i (CFe)i] [(CV)i (CTle)i (7.2)
As variáveis da equação acima serão analisadas separadamente, sendo o CV expresso
pelo tópico (7.2.1), o CFe pelo (7.2.2) e o CFcr pelo (7.2.3).
Onde:
Cjcc (Ctbs)i (Cfta)i (Cftf)i (Cmi)i (Cim)i (CV)i (7.2.1)
Sendo:
(CV)i = Custos variáveis de uma linha de exploração i
ps . n
1S(Qim)s (Cim)i (7.2.1.a)
Sendo:
(Cim)i = custos de insumos e materiais de uma linha de exploração i
(Qim)s = quantidade de um insumo ou material s
ps = preço unitário de insumo ou material s
s = espécie de insumo ou material (s = 1, 2, ..., n)
μn
1μ(Ta).p(Cmi)i (7.2.1.b)
Sendo:
(Cmi)i = custo do aluguel de máquinas e implementos de uma linha de exploração i
(Ta) = tempo de aluguel em horas de uma máquina ou implemento
p = preço/hora de uma máquina ou implemento
= espécie de máquina ou implemento ( = 1, 2, ... , n)
(Cftf)i = (Cuftf) . Qh/d (7.2.1.c)
Sendo:
(Cftf)i = custo da força de trabalho familiar (temporária) de uma linha de exploração i
(Cuftf) = custo unitário da força de trabalho familiar da unidade de produção
Qh/d = quantidade de força de trabalho familiar utilizada em i, em homem/dia (h/d)
(Cuftf) = Vbcc/FTF (7.2.1.c.1)
Sendo,
(Cuftf) = custo unitário da força de trabalho familiar da unidade de produção
Vbcc = valor dos bens de consumo comprados no mercado
FTF = força de trabalho disponível na família (h/d)
μ.pμ(Qbcc)Vbccn
1μ
(7.2.1.c.2)
Sendo:
Vbcc = valor dos bens e serviços de consumo comprados
Qbcc = quantidade de bens e serviços de consumo comprados u
pu = preço unitário de um bem e/ou serviço de consumo comprado
u = itens de bens e serviços de consumo (u = 1, 2, ... , n)
pf . Qfta (Cfta)i (7.2.1.d)
Sendo:
(Cfta)i = custo da força de trabalho temporária assalariada utilizada na linha de exploração i
Qfta = quantidade de força de trabalho assalariada utilizada (h/d) em i
pf = preço unitário da força de trabalho (preço/h.d)
(Cs)i (Cb)i (Ct)i (Ctbs)i (7.2.1.e)
Sendo:
(Ct)i = Fi . Qt
(Cb)i = (Qb)i . pb
(Ctbs)i = custo de transporte, beneficiamento e outros serviços da linha de exploração i
(Ct)i = custo de transporte da linha de exploração i
Fi = preço do frete por kg do produto i
Qt = quantidade (em Kg) transportada do produto i
(Cb)i = custo de beneficiamento do produto i
(Qb)i = quantidade beneficiada do produto i
pb = preço unitário do beneficiamento
(Cs)i = custo de outros serviços da linha de exploração i
k r. . (Ctbs)i] (Cfta)i (Cftf)i (Cmi)i [(Cim)i (Cjcc)i (7.2.1.f)
Sendo:
(Cjcc)i = custo de juros sobre o capital circulante (próprio ou de empréstimo) da linha de
exploração i
r = taxa mensal de juros (custo de oportunidade do capital dinheiro na região)
k = ciclo produtivo da linha de exploração (em meses)
(Crss)i (Cftp)i (Cjfi)i (Cjcf)i (Ccn)i (Cdp)i (CFe)i (7.2.2)
Onde:
n
1kt)k(Pnv)k/(Vu (Cdp)i (7.2.2.a)
Sendo:
(Cdp)i = custo de depreciação dos capitais fixos específicos da linha de exploração i
(Pnv) = preço total de um capital fixo específico novo
(Vut)k = vida útil (em anos) de um capital fixo específico
= item de capital fixo específico ( = i, 2, ..., n)
Observação: no caso de benfeitorias rústicas construídas com materiais produzidos pela força
de trabalho familiar, pode-se usar nos cálculos de depreciação, conservação e juros, ao invés
de Pnv, o custo de construção:
VMmat Cuft .Tnt Cc (7.2.2.b)
Sendo:
Cc = custo de construção
Tnt = tempo necessário de trabalho (dias)
Cuft = custo unitário da força de trabalho/dia
VMmat. = Valor de mercado dos materiais próprios utilizados.
n
1k)k][0,03.(Pnv (Ccn)i
Sendo:
(Ccn)i = custo de conservação dos capitais fixos específicos da linha de exploração i
n
1k.R[(Pnv)k/2] (Cjcf)i (7.2.2.c)
Sendo:
(Cjcf)i = custo de juros sobre os capitais fixos específicos de uma linha de exploração i
R = taxa anual de juro (custo de oportunidade do capital dinheiro na região)
Vj (Cjfi)i (7.2.2.d)
Sendo:
(Cjfi)i = custos de juros de financiamento de investimento para uma linha de produção
específica i
Vj = valor anual dos juros
pft .Qft (Cftp)i (7.2.2.e)
Sendo:
(Cftp)i = custo da força de trabalho assalariada permanente (específica) de uma linha de
exploração i
Qft = quantidade (em h/d) da força de trabalho permanente utilizada na linha de exploração i
pft = preço unitário da força de trabalho permanente (preço por h/d)
Vp (Crss)i (7.2.2.f)
Sendo:
(Crss)i = custo de riscos segurados de uma linha de exploração i
Vj = valor do prêmio
n
1i
(Ce)iCFc.(Ce)i/ (CFcr)i (7.2.3)
Os custos fixos comuns (CFc) são determinados pela fórmula: (7.2.3.1)
n
1m
n
1m
n
1mCrss(c)CogCadmCjctCftpcCjfic(Cjcf)m(Ccn)m(Cdp)m CFc
/(Vut)m(Pnv)m (Cdp)m (7.2.3.1.a)
Sendo:
(Cdp)m = custo de depreciação de um capital fixo comum m
Pnv = preço total de um capital fixo comum m novo
m = item de capital fixo comum (m = 1, 2, ..., n)
(Pnv)m] . [0,03 (Ccn)m (7.2.3.1.b)
(Ccn)m = custo de conservação de um capital fixo comum m
R . /2][(Pnv)m (Cjcf)m (7.2.3.1.c)
(Cjcf)m = custo de juros sobre um capital fixo comum m
R = taxa anual de juro (custo de oportunidade do capital dinheiro na região)
Vj Cjfic (7.2.3.1.d)
Cjfic = custo de juros sobre financiamentos para investimentos comuns a toda a unidade de
produção
Vj = valor anual dos juros
pft .Qft Cftpc (7.2.3.1.e)
Cftpc = custo da força de trabalho assalariada permanente (comum)
Qft = quantidade de força de trabalho utilizada em h/d
pft = preço unitário da força de trabalho permanente (preço por h/d)
R .Vr Cjct (7.2.3.1.f)
Cjct = custo de juros sobre o capital terra
Vr = valor de revenda da terra
R = taxa anual de juro (custo de oportunidade do capital dinheiro na região)
Sa Cadm (7.2.3.1.g)
Cadm = custo de administração (custo de oportunidade do trabalho gerencial do chefe da
família e, se houver, outros custos administrativos)
Sa = custo de oportunidade do trabalho de gestão do chefe da família (na unidade de produção
rural familiar em geral é igual a zero)
Cc Ct Cip Cog (7.2.3.1.h)
Cog = custo relativo a outras despesas gerais
Cip = custo de impostos (ITR)
Ct = custo de taxas diversas
Cc = custo de contribuições diversas
Vpr Crss(c) (7.2.3.1.i)
Crss(c) = custo de risco segurado para capitais fixos comuns (raramente incide na produção
familiar)
Vpr = valor do prêmio
Dessa forma, os custos totais de uma unidade de produção familiar que pratica um
sistema de produção extrativista, agroflorestal ou agrícola serão dados pela fórmula:
n
1i
n
1iCFc(CFe)i(CV)i CTs (8)
Sendo:
i = linhas de exploração (i = 1,2, ... , n)
Nas situações de consorciação de culturas, os custos de uma cultura em consórcio
serão determinados pela fórmula:
(CFcr)k (Cce)k (CTc)k (9)
Sendo:
(CTc)k = custos totais da cultura k em consórcio
Os itens da equação acima terão a seguinte representação: (Cce)k = (9.1) e (CFcr)k =
(9.2).
(CFce)k k (CVc) (Cce)k (9.1)
Os itens da equação anterior serão desmembrados em (CVc )k = (9.1.2) e (CFce)k =
(9.1.3).
Sendo:
(Cce)k = custos totais específicos da cultura k em consórcio
(CVc)k = custos variáveis totais da cultura k em consórcio
(CFce)k = custos fixos específicos da cultura k em consórcio
(CVcr)k (CVci)k (CVc)k (9.1.2)
(Cjcc)cik (Ctbs)cik (Cfta)cik (Cftf)cik (Cmi)cik (Cim)cik (CVci)k (9.1.2.a)
Sendo:
(CVci)k = custos variáveis individuais da cultura k em consórcio
(Cim)cik = custos individuais de insumos e materiais da cultura k em consórcio
(Cmi)cik = custos individuais do aluguel de máquinas e implementos da cultura k em
consórcio
(Cftf)cik = custo individual da força de trabalho familiar da cultura k em consórcio
(Cfta)cik = custo individual da força de trabalho assalariada da cultura k em consórcio
(Ctbs)cik = custo individual de transporte, beneficiamento e outros serviços da cultura k em
consórcio
(Cjcc)cik = Custos individuais de juros sobre o capital circulante da cultura k em consórcio
)k(q . (CVccs)(CVcr)k r (9.1.2.b)
Sendo:
(CVcr)k = custos variáveis comuns do consórcio repartidos para a cultura k
(Cjcc)ccs (Ctbs)ccs (Cfta)ccs (Cftf)ccs (Cmi)ccs (Cim)ccs CVccs (9.1.2.b.1)
Sendo:
CVccs = custos variáveis comuns do consórcio
(C...)ccs = os diferentes itens de custos variáveis comuns do consórcio
(qr)k = RBk/(RB1 + RB2 + ... + RBn)
(qr)k = quota de rateio para um produto k
(RB)k = renda bruta de um produto k
RB(1, 2, ... , n) = renda bruta dos diversos produtos integrantes do consórcio
k = diferentes produtos (k = 1, 2, ..., n).
(Crss)cek (Cjfi)cek (Ccjf)cek (Ccn)cek (Cdp)cek (CFce)k (9.1.3)
Sendo:
(CFce)k = custos fixos específicos da cultura k em consórcio
[C(dp, ... , rss)]cek = os diferentes itens de custos fixos específicos para cultura k em
consórcio
n
1i
(Ce)ice)k/(CFco)s.(C(CFcr)k (9.2)
Sendo:
(CFcr)k = custos fixos comuns do sistema de produção rateados para a cultura k
(CFco)s = custos fixos comuns do sistema de produção/UPF
(Ce)i = custo específico total de uma linha de exploração i do sistema de produção/UPF
i = linhas de exploração do sistema de produção (i = 1, 2, ... , n)
As despesas efetivas (DE) são todos os valores efetivamente retirados do patrimônio e
consumidos de fato no processo de produção. Compreendem os desembolsos monetários para
pagar serviços (inclusive pagamento de salários) e/ou adquirir bens consumíveis de gasto
imediato (capital circulante de aprovisionamento), o consumo em natureza de bens de gasto
imediato, o valor imputado à mão de obra familiar, o valor imputado ao trabalho de
administração exercido pelo próprio produtor e a depreciação dos capitais fixos.
Determinadas as diversas categorias de custos, cabe destacar dentro dos custos totais
as despesas efetivas (DE) do conjunto do sistema de produção/unidade de produção como
variável fundamental no cálculo e análise dos resultados líquidos.
(10)
n
1m
n
1m
n
1i
n
1i
n
1i
n
1i
n
1i
n
1i
n
1i
n
1i 1i 1i
CjficCjfcCrss(c)CogCadmCftpc(Ccn)m
(Cdp)m(Crss)i(Cjfi)i(Cdp)i(Ccn)i(Cftp)i
n n(Cfta)i(Cftf)i(Ctbs)i(Cmi)i(Cim)i DE
Onde:
Cjfc = custo de juros de financiamento de custeio.
Na produção familiar o autoconsumo ressalta-se também como um índice de crucial
importância na avaliação de desempenho econômico. O autoconsumo pode ser calculado pela
fórmula abaixo:
n
1v
(Qbcp)v.pv AC (11)
Sendo:
AC = autoconsumo
(Qbcp)v = quantidade do bem de autoconsumo produzido v
pv = preço unitário do bem de autoconsumo produzido v
v = itens de bens de autoconsumo produzidos (v = 1, 2, ..., n)
3.4 - Determinação de medidas de resultado econômico
Medidas de resultado econômico são índices que, dados os custos de produção,
permitem medir o desempenho econômico do sistema de produção. Desempenho econômico
é a diferença entre os valores de saída e os de entrada, as diversas relações entre valores de
saída e de entrada e as flutuações dos valores de saída do sistema de produção.
3.4.1 - Resultado bruto
Entende-se por resultado bruto a renda bruta, ou seja, o valor da produção destinada ao
mercado, obtido pela fórmula:
Qm.ppRB (12)
Sendo:
RB = renda bruta
Qm = qv + qe
Qm = quantidade do produto destinada ao mercado
qv = quantidade do produto vendida
qe = quantidade do produto do exercício em estoque
pp = preço unitário ao produtor
A renda bruta pode ser global e parcial. Determina-se para o conjunto da unidade de
produção e para as linhas de exploração individuais. É um indicador de escala da unidade de
produção.
3.4.2 - Resultado Bruto Total
A Renda Bruta Total da UPF é o resultado do somatório da Renda Bruta (RB) da
produção com a renda oriunda das transferências de renda (bolsa escola, família etc.) e do
assalariamento fora da UPF. A RBT é calculada para o conjunto da UPF e dos membros da
família, sendo obtida pela fórmula:
RBT = RB + RT + RA (13)
Sendo:
RB = renda bruta
RT = renda das transferências monetárias (municipal, estadual e federal)
RA = renda de assalariamento fora da UPF
3.4.3 - Os resultados líquidos
a) - Renda líquida - é o valor excedente apropriado pela unidade de produção familiar, ou
seja, a parte do valor do produto que fica com a unidade de produção familiar depois de serem
repostos os valores dos meios de produção, dos meios de consumo e dos serviços (inclusive
salários) prestados à produção. Neste sentido, ela não consiste em todo o acréscimo de valor
que o produtor familiar faz aos meios de produção e de consumo, uma vez que a maior parte
deste é apropriada por intermediários na comercialização dos produtos e na compra de
insumos e bens de consumo. É calculada pela fórmula:
DERBRL (14)
Sendo:
RL = renda líquida
RB = renda bruta
DE = despesas efetivas
A renda líquida é o primeiro indicador de eficiência econômica e das possibilidades de
reprodução da unidade de produção familiar. Se RL 0 a unidade de produção familiar se
reproduz sem afetar o seu patrimônio. Se RL < 0 a unidade de produção familiar só se
reproduz com perda de patrimônio. Será calculada apenas para o conjunto da unidade de
produção familiar.
b) - Lucro da exploração - é o chamado lucro puro. É a fração da renda bruta que fica
disponível depois de o produtor ter pago todos os custos reais, de ter atribuído as
remunerações julgadas normais (custos de oportunidade) aos fatores utilizados, mas não
pagos: o seu próprio trabalho (executivo e gerencial), o trabalho familiar, os seus próprios
capitais; e de ter reservado determinada quantia para fazer face a prováveis riscos. É
determinado também para o conjunto da unidade de produção familiar mediante a fórmula:
CTRBLE (15)
Sendo:
LE = lucro da exploração
RB = renda bruta
CT = custos totais
O lucro da exploração, embora uma categoria específica da empresa agrícola patronal,
quando calculado para unidades de produção rural familiares permite avaliar se a renda
líquida (o excedente) obtida pelo pequeno produtor é suficiente para remunerar os capitais
próprios, inclusive a terra; e destinar uma parte restante para acumulação. Indica, portanto, as
possibilidades de acumulação da unidade de produção familiar. Permite, por outro lado, a
comparação da eficiência econômica da produção familiar com empresas patronais do mesmo
ramo, agrícola, agroflorestal ou extrativista.
c) - Margem bruta - é o valor monetário que fica disponível para a unidade de produção
familiar depois de serem pagos ou imputados todos os custos variáveis. É dada pela seguinte
fórmula:
CV-RBMB (16)
Sendo:
RB = renda bruta
CV = custos variáveis
Observe-se que os custos variáveis incluem o custo real da força de trabalho, definido
como o valor dos bens de consumo comprados, embora não incluam o autoconsumo.
Suposta a não apropriação de “lucro” e da “renda da terra”, a margem bruta é o valor
monetário que resta para dar conta, ordinariamente, da elevação do nível de vida da família do
pequeno produtor e, eventualmente, suposto um desempenho superlativo, conservar e repor
capitais fixos; e cobrir as despesas gerais. Pode vir a constituir o capital de giro do exercício
subseqüente, se houver sobra. A margem bruta é determinada para o conjunto da unidade de
produção familiar e para as linhas de exploração individuais, permitindo, assim, comparar os
seus desempenhos.
d) - Margem bruta familiar é o resultado líquido específico e próprio para indicar o valor
monetário disponível para a subsistência da família, inclusive uma eventual elevação do nível
de vida, se o montante for suficiente. A sua magnitude incorpora a parcela de valor do
produto correspondente ao consumo familiar obtida por via do mercado. Em situações
favoráveis, poderá ser suficiente para ressarcir custos fixos, especialmente as exigências
mínimas de reposição do patrimônio. Cumpridas estas funções, a disponibilidade restante
pode ser usada como capital de giro.
É calculada pela fórmula:
Cftf)-(CV-RBMBF (17)
Sendo:
RB = renda bruta
CV = custos variáveis
Cftf = custo real da força de trabalho familiar
A margem bruta familiar pode também ser calculada para as linhas de exploração
individuais de acordo com a fórmula:
(Cftf)i][(CV)i(RB)i(MBF)i (18)
Sendo:
(MBF)i = margem bruta familiar de uma linha de exploração i
(RB)i = renda bruta de uma linha de exploração i
(CV)i = custos variáveis de uma linha de exploração i
(Cftf)i = custo da força de trabalho familiar utilizada numa linha de exploração i
e) - Margem líquida familiar é o parâmetro que indica a situação financeira da unidade de
produção familiar. É o valor monetário disponível depois de pagos os custos variáveis não
incidentes sobre o consumo familiar e feitas as amortizações de empréstimos. O seu valor é
dado, tanto para uma linha de exploração quanto para o conjunto da unidade de produção,
mutatis mutandis, pela fórmula:
AA-MBFMLF (19)
Sendo:
MLF = margem líquida familiar
AA = amortizações anuais de empréstimos
f) - Nível de vida - é a totalidade do valor apropriado pelo produtor familiar, inclusive
valores imputados, deduzidas as obrigações financeiras com empréstimos.
AACjicc)AC(MBFNV (20)
Sendo:
Cjicc = juros imputados ao capital circulante.
É, portanto, o valor que determina o padrão de vida da família.
3.4.4 - Medidas de eficiência ou relação
a) - Índice de eficiência econômica - é a relação que indica a capacidade de a unidade de
produção familiar gerar valor por unidade de custo. É um indicador de benefício/custo do
conjunto da unidade de produção. Sem embargo de ser um índice mais apropriado para
mostrar o desempenho de empresas agrícolas patronais, serve como referencial para
comparação de desempenho e verificar a possibilidade de as unidades de produção familiares
realizarem lucro e, por conseqüência, acumularem. O índice é determinado pela fórmula:
RB/CTIEE (21)
IEE > 1, a situação é de lucro
IEE < 1, a situação é de prejuízo
IEE = 1, a situação é de equilíbrio.
b) - Relação MBF/RB - é a relação mais apropriada para medir a eficiência econômica da
produção familiar, pois mostra que proporção de valor a unidade de produção tornará
disponível para a família por cada unidade de valor produzido. Em outros termos, que
percentagem de renda bruta a unidade de produção é capaz de converter em margem bruta
familiar. Uma relação superior a 50% é considerada favorável. Pode ser determinada para a
unidade de produção e para as linhas de exploração.
c) - Relação MLF/RB - é a relação que indica a situação financeira da unidade de produção
familiar. Uma unidade de produção familiar pode, momentaneamente, em virtude de
obrigações onerosas de empréstimos, ter um fraco desempenho financeiro e, ao mesmo
tempo, exibir uma eficiência econômica satisfatória. Para efeito de comparação, pode também
ser calculada para as linhas de exploração individuais.
d) - Relação MBF/Qh/d - é o índice de remuneração da força de trabalho familiar. Mostra a
quantia de margem bruta gerada por unidade de trabalho familiar (1 h/d = 1 jornada de
trabalho). O valor deve ser comparado com o preço de mercado da força de trabalho. Será
calculado por linha de exploração e para o conjunto da unidade de produção. Qh/d =
quantidade de força de trabalho utilizada no ciclo produtivo da linha de exploração ou a
quantidade total anual de força de trabalho familiar utilizada pela unidade de produção.
e) - Ponto de igualação - é um indicador do custo de produção expresso em unidade de
produto. Aponta o nível de produção mínimo para cobrir um nível de custo. É determinado
por linha de exploração para as três categorias de custo:
PCV)i( PIcv (22)
PDE)i( PIde (23)
PCT)i( PIct (24)
Sendo:
PIcv = ponto de igualação dos custos variáveis
PIde = ponto de igualação das despesas efetivas
PIct = ponto de igualação dos custos totais
(CV)i = custos variáveis de uma linha de exploração
(DE)i = despesas efetivas de uma linha de exploração
(CT)i = custos totais de uma linha de exploração
P = preço unitário do produto
O ponto de igualação nos diversos níveis de custos indica quantas unidades de produto
é preciso desembolsar para obter certa produção. Quando comparado à produção física total:
(Qi - PIcv), (Qi - PIde) e (Qi -PIct), permite mostrar quantas unidades de produto se
desembolsa para obter aquela produção e quanto resta para cobrir os demais custos. Pode
indicar, portanto, quanto custa produzir cada unidade de produto em produto. É útil para
indicar a eficiência econômica dos recursos aplicados na produção e compará-la nas
diferentes linhas de exploração.
f) - Termo de intercâmbio - é a relação entre o valor dos bens de consumo
comprados e o valor total da produção. O primeiro corresponde ao valor real da força de
trabalho familiar. É calculada para o conjunto da unidade de produção familiar por meio da
fórmula:
Vbcc/RBTI (25)
Sendo:
TI = termo de intercâmbio
Vbcc = valor dos bens de consumo comprados
RB = renda bruta total
O termo de intercâmbio indica quantas unidades monetárias de bens de consumo,
adquiridos no mercado, a unidade de produção precisa para gerar uma unidade monetária de
renda bruta. Em outras palavras, qual a proporção da renda bruta, em bens de consumo,
precisa ser gasta para gerar o valor total da produção. Essa relação revela, aproximadamente,
em que medida o excedente produzido pelo pequeno produtor está sendo apropriado na
circulação, isto é, a montante e a jusante do processo de produção.
g) - Distribuição mensal da força de trabalho familiar - é a quantificação do uso mensal de
força de trabalho na unidade de produção familiar que pratica um sistema de produção
determinado. Essa distribuição temporal permite avaliar os períodos de força de trabalho
ociosa e os picos, informando desse modo o replanejamento do sistema de produção para uma
utilização mais eficiente da força de trabalho.
h) - Índice de trabalho familiar - é a participação da força de trabalho familiar no trabalho
total. É dado pela relação:
Qftf/QfttITF (26)
Sendo:
ITF = índice de trabalho familiar
Qftf = quantidade anual da força de trabalho familiar empregada no sistema de produção (h/d)
Qftt = quantidade anual total de força de trabalho empregada no sistema de produção (h/d)
i) - Índice de capitalização - é a relação que indica a intensidade de capital. É obtida pela
fórmula:
Kc/VfttIK (27)
Sendo:
IK = índice de capitalização
Kc = capital constante
Cmi)Cim(CcfKc (28)
Sendo:
Ccf = custos de capitais fixos
Vftt = valor total da força de trabalho empregada
CAPÍTULO 3 – RESULTADOS E DISCUSSÕES
A análise compreende em verificar a evolução da produção de lavouras brancas no
período de 1996/1997 a 2005/2006 no que diz respeito ao desempenho econômico.
Nesta ocasião apresentam-se as medidas de resultados definidas na metodologia,
sendo que os indicadores avaliam o desempenho econômico da produção agrícola do PAD
Humaitá. Entretanto, para que possamos entender melhor o PAD Humaitá, torna-se necessário
explicar suas características, a partir daí, obtermos informações fundamentais mediante os
quais se terá maior esclarecimento sobre a produtividade e o desempenho econômico do
sistema de produção agrícola.
Na Tabela 1, apresenta-se a produção de lavoura branca do Brasil, Acre, Porto Acre e
PAD Humaitá, nos períodos de 1996/1997 e 2005/2006. Os contidos na Tabela demonstram
que a produção de lavoura branca teve um aumento no seu cultivo.
Tabela 1 – Lavoura branca produzida no período de 1996/1997 e 2005/2006
(Toneladas)
Produtos
Produção de Grãos 1996/1997 Produção de Grãos 2005/2006
Brasil Acre Porto
Acre
Humaitá
Kg
Brasil Acre Porto
Acre
Humaitá
Kg
Milho 32.948.044 29.547 1.127 500,00 42.661.677 56.612 2.994 1.500,00
Arroz 8.351.665 19.371 910 500,00 11.526.685 32.490 1.633 550,00
Feijão 2.840.243 5.886 270 400,00 3.457.744 6.816 312 400,00
Macaxeira 19.896.205 152.800 4.560 1.100,00 26.639.013 455.581 21.600 3.000,00
Fonte: Projeto ASPF/Dept° Economia/UFAC, IBGE/Produção Agrícola Brasil, Acre, Porto Acre1996 e 2005.
A Renda Bruta total é o resultado do valor global da Renda Bruta (RB) somando-se
ao valor das produções vindas de outras fontes, benefícios do governo e dos trabalhos
realizados fora da UPF. De acordo com a Tabela 1, percebe-se que atualmente os produtos
agrícolas , em termos relativos, ganharam um pouco de sua importância como principal
gerador de renda bruta para as famílias no projeto de assentamento Humaitá, visto que, no
período 1996/1997, os produtos agrícolas geravam 23,4% da renda bruta para as famílias em
estudo, destacando-se a macaxeira com 6,6% como principal produto gerador de renda.
Entretanto, no período de 2005/2006, nota-se que houve um aumento de rendimento dos
produtos agrícolas no PAD Humaitá, especialmente a proveniente da produção de macaxeira
responsável por 21,1% da renda gerada no local, qualificando facilidade na sua produção
desse produto.
Tabela 2 – Evolução da participação dos produtos na
Renda Bruta Total do PAD Humaitá
Descrição
% Renda Bruta
1996/1997 2005/2006
Criações 71,7% 49,4%
Criação de bois/leite/queijo 60,1% 44,0%
Criação de Porcos 9,2% 1,9%
Criação de aves/ovos 1,9% 3,3%
Agricultura 23,4% 44,2%
Macaxeira 6,6% 21,1%
Banana 2,3% 1,8%
Mamão 1,6% 2,8%
Feijão 0,7% 1,5%
Arroz 1,6% 0,5%
Milho 4,7% 4,8%
Abacaxi 0,00% 2,6%
Maracujá 0,3% 2,2%
Outras 5,50% 6,90%
Extrativismo 4,9% 3,1%
Madeira 3,8% 0,00%
Carvão 0,6% 3,1%
Castanha 0,4% 0,0%
Hortaliças - 3,2%
Pimenta do reino - 0,9%
Pimenta de cheiro - 0,8%
Pimenta ardosa - 0,8%
Malvarisco - 0,6%
Cebolinha - 0,1%
Total 100,00% 100,00%
Fonte: Projeto ASPF/ Dept° Economia/ UFAC.
Conforme a exposição dos dados contidos na Tabela 2, percebe-se que houve um
deslocamento na renda bruta total dos produtores, onde a criação teve uma redução de 22,3%
e a agricultura teve uma elevação de 20,8% na sua produção, já o extrativismo permaneceu
praticamente estável.
De acordo com os resultados exibidos, observa-se também que, a criações de animais
é o maior gerador de renda do PAD Humaitá. Contudo esse índice caiu, sendo que em
1996/1997 era de 71,7%, tornando assim a criação bovina era a principal fonte de renda, com
60,1%. Já em 2005/2006 esse índice caiu para 49,4%, com 44,0% sendo criação bovina
A renda adquirida através da criação de animais foi transferida para produção de
produtos agrícolas, considerando igualmente que, essa queda nas criações ocasionou uma
redução no desmatamento, pois os produtores deixando de criar bois, consecutivamente
haverá uma diminuição do desmatamento, gerando um bem estar à sociedade, e ainda
preservando o meio ambiente.
Nota-se no mesmo período, que a agricultura teve um aumento na sua renda bruta,
onde em 1996/1997 era de 23,4% e em 2005/2006 passou para 44,2%, um aumento de 20,8%
no intervalo de 10 (dez) anos.
O índice dos principais produtos comercializados pelas famílias entrevistadas no
período de 1996/97 foi exatamente às criações de bois com 79%, de aves com 53% e de
porcos com 39%. Essa evidência corrobora os estudos de Souza (2002) que aponta a
justificativa de que por ser povoado historicamente por maior parte de emigrantes de outros
Estados, tem uma cultura diferente, que tornam a agropecuária sua principal fonte de renda, as
criações de bois e aves eram a mais comercializadas na época, os produtos agrícolas vinham
sendo uma produção secundaria.
Na Tabela 3, verificou-se que no período de 1996/1997 as lavouras brancas que mais
se destacaram, foram milho, com 39% de toda produção, e em seguida vem o Arroz e a
Farinha, ambos com 32%, percentuais estes que vão decrescendo até o índice de 13%
referente a comercialização da Macaxeira.
Tabela 3 –Lavouras Brancas comercializados pelas famílias do PAD Humaitá
Fonte: Projeto ASPF/Dept° Economia/UFAC
Produtos % Comercialização
1996/1997 2005/2006
Milho 39 % 58 %
Arroz 32 % 11 %
Feijão 21 % 14 %
Macaxeira 13 % 51 %
Conforme Tabela 3, o deslocamento da renda bruta total da criação para a agricultura,
fez com que houvesse um aumento na comercialização dos produtos agrícolas, as lavoura
branca foram as que mais se destacaram, com um aumento da comercialização, dentre elas
podemos citar a macaxeira que teve um aumento consideravelmente alto, onde em 1996/1997
era de 13% a comercialização e em 2005/2006 foi de 51%. Outro produto que teve um
aumento foi o milho que passou de 39% em 1996/1997 para 58% em 2005/2006. Logo, esses
dois produtos foram os que praticamente comandaram esse aumento na comercialização dos
produtos no PAD Humaitá.
Tabela 4 – Analise dos preços dos produtos no PAD Humaitá
Produto Preço Unitário Variação
1996/1997 2005/2006
Macaxeira Solteira R$ 0,80 R$ 0,44 -45,00%
Macaxeira Consorciada R$ 0,80 R$ 0,44 -45,00%
Macaxeira - Farinha Solteira R$ 2,88 R$ 0,88 -69,44%
Macaxeira - Farinha Consorciada R$ 2,88 R$ 0,88 -69,44%
Milho R$ 1,01 R$ 0,44 -56,44%
Feijão R$ 0,72 R$ 1,32 83,33%
Arroz R$ 0,96 R$ 1,21 26,04% Fonte: Projeto ASPF/ Dept° Economia/ UFAC.
A Tabela 4 exibe que a maioria dos preços dos produtos de 2005/2006 reduziu em
relação à 1996/1997, de acordo com os dados, somente dois produtos aumentaram seus
preços. Observa-se que a macaxeira solteira e a macaxeira consorciada apresentavam o preço
de R$ 0,80 em 1996/1997, já em 2005/2006 com um valor de R$ 0,44 teve uma queda de
45% no seu preço. Do mesmo modo ocorreu com a macaxeira – farinha solteira e a
consorciada, ambas tinham um preço em 1996/1997 de R$ 2,88 e em 2005/2006 R$ 0,88 uma
redução de 69,44%, o milho foi outro produto que teve seu preço diminuído em 56,44%,
porém o feijão e o arroz tiveram seus preços elevados com uma variação positiva de 83,33%,
o feijão e 26,04%, o arroz.
Na tabela 5, avaliaremos os cust]
os totais na produção no PAD Humaitá. Os custos totais serão determinados tanto para
uma linha de exploração individual quanto para o conjunto da unidade de produção que
pratica um certo sistema de produção.
Tabela 5 – Analise dos custos totais dos produtos no PAD Humaitá
Produto Custos Unitários Variação
1996/1997 2005/2006
Macaxeira Solteira R$ 0,64 R$ 0,54 -15,63%
Macaxeira Consorciada R$ 1,11 R$ 0,21 -81,24%
Macaxeira - Farinha Solteira R$ 2,85 R$ 0,97 -65,96%
Macaxeira - Farinha Consorciada R$ 2,62 R$ 0,55 -79,01%
Milho R$ 2,39 R$ 1,01 -57,77%
Feijão R$ 1,41 R$ 5,61 297,87%
Arroz R$ 1,01 R$ 4,85 380,20% Fonte: Projeto ASPF/ Dept° Economia/ UFAC.
Conforme a tabela 4 nos trouxe uma redução nos preços vários produtos, a tabela 4
nos mostrará que houve uma redução nos custos na maioria das lavouras brancas, mas
diferentemente dos preços, os custos nos revelou tive um aumento considerável em dois
produtos. No período de 1996/1997 e 2005/2006 aconteceu uma abaixa nos custo unitário da
macaxeira solitária de 15,63% e de 81,24% a macaxeira consorciada, já a macaxeira – farinha
solteira que custava R$ 1,11 em 1996/1997 reduziu seus custos para R$ 0,21, a macaxeira –
farinha consorciada teve uma expressiva redução de 79,01%, o milho também teve uma
redução nos seus custos de 57,77% no entanto o feijão está entro o mais custoso, pois em
1996/1997 o feijão estava custando R$1,41 passou para R$ 5,61 em 2005/2006 se elevando
em 297,87% e por fim um expressivo aumento de 380,20% na produção de arroz.
A Tabela 6 mostra os principais indicadores econômicos por unidade de produção
familiar, nos períodos de 1996/1997 e 2005/2006 do PAD Humaitá.
Tabela 6 - Análise Econômica por Unidade de Produção Familiar (UPF) - PAD
Humaitá, 1996/1997 – 2005/2006.
Indicadores Econômicos Unidade 1996/1997 2005/2006 Variação
RB - Renda Bruta R$/mês 1.459,89 782,07 -46,42%
RL - Renda Líquida R$/mês 1.259,30 508,43 -59,62%
MBF - Margem Bruta Familiar R$/mês 1.290,52 613,70 -52,46%
CF - Custo Fixo R$/mês 248,11 578,20 133,04%
CV - Custo Variável R$/mês 283,53 195,45 -31,07%
NV - Nível de Vida R$/mês 1.953,62 788,76 -59,63%
MBF/RB und. 0,89 0,97 8,99%
Segundo a Tabela 6, o resultado da variação produtiva estabelecida pelos produtores
em questão indica que a renda bruta das famílias diminuiu em 46,42% nos últimos nove anos.
A Renda Bruta Total da UPF é o resultado do somatório da Renda Bruta (RB) da produção
com a renda oriunda das transferências de renda (bolsa escola, família etc.) e do
assalariamento fora da UPF. A MBF deve ser entendida como resultado líquido específico
utilizado para indicar o valor monetário disponível para a subsistência da família, até mesmo
uma eventual elevação do nível de vida, se o montante for suficiente), apresentou uma
redução no valor monetário embolsado, isso aconteceu pela baixa produção de lavouras
brancas geradas famílias. Observa-se que o valor excedente apropriado pela unidade de
produção familiar, denominada Renda Líquida, obtida no ano agrícola 96/97 era um valor
considerável de R$/mês 1.259,30 e, no período mais recente em 2005/2006 com R$/mês
508,43 o que, apresenta uma redução de 59,62%. Isso quer dizer que o produtor obteve uma
perca em valor monetário com a produção, e que a Renda Líquida teve um déficit no valor do
produto, que fica com a unidade de produção familiar depois de serem repostos os valores dos
meios de produção, dos meios de consumo e dos serviços (inclusive salários) prestados à
produção.
Entretanto, mesmo com essa redução na MBF, mantém-se o crescimento do termo de
intercâmbio que é a relação entre o valor dos bens de consumo comprados e o valor total da
produção, que teve um crescimento de 72,00%, indicando que de uma unidade de renda bruta
obtida por mês foi gasto R$ 0,43 na aquisição de mercadorias e serviços.
Outro fator importante a ser analisado refere-se à MBF/Q/h/d que representa o índice
de remuneração da força de trabalho familiar, ou seja, a quantia de margem bruta familiar
gerada por unidade de trabalho familiar, constituindo-se em um componente importante de
análise econômica. Para sua melhor compreensão deve ser comparada ao valor da diária pago
na região.
O PAD Humaitá, no ano 1996/1997 apresentou uma MBF/Q/h/d de R$ 87,22, que
segundo Souza (2002) era bem superior à diária da época de R$ 13,00. No ano agrícola
2005/2006 reduziu em 5,11% a MBF/Q/h/d que teve uma baixa para R$ 82,76, que
comparada ao valor pago a um diarista (R$ 20,00) não seria vantajoso trabalhar fora da
unidade produtiva.
MBF/Qh/d R$/dia 87,22 82,76 -5,11%
TI - Termo de Intercâmbio und. 0,25 0,43 72,00%
Obs.: Resultados medianos por UPF.
Na tabela 7 analisamos o índice de eficiência econômica, no qual foram apresentados
os produtos mais vantajosos para ser produzidos e comercializados. O índice de eficiência
econômica - é a relação que indica a capacidade de a unidade de produção familiar gerar valor
por unidade de custo. É um indicador de benefício/custo do conjunto da unidade de produção,
sendo que se o IEE for menor que 1, deparamos em situação inviável para a produção, se IEE
for igual a 1 encontramos uma posição de equilíbrio, entretanto se o IEE for maior que 1 nos
deparamos numa posição de lucro, sendo viável tal produção.
Tabela 7 – Análise do Índice de Eficiência Econômica dos produtos no PAD
Humaitá no período de 1996/1997 e 2005/2006
Produto IEE Variação
1996/1997 2005/2006
Macaxeira Solteira R$ 2,44 R$ 0,82 -66,35%
Macaxeira Consorciada R$ 3,12 R$ 2,12 -32,13%
Macaxeira - Farinha Solteira R$ 1,85 R$ 0,90 -51,12%
Macaxeira - Farinha Consorciada R$ 3,92 R$ 1,80 -54,05%
Milho R$ 0,38 R$ 0,44 16,12%
Feijão R$ 0,24 R$ 0,23 -4,00%
Arroz R$ 0,52 R$ 0,27 -48,16%
Fonte: Projeto ASPF/ Dept° Economia/ UFAC.
Na tabela 7 verificamos um declínio nos produtos ao analisarmos o índice de
eficiência econômica, pois em 1996/1997 apenas 3 produtos estavam a baixo do IEE, já em
2005/2006 são 5 produtos.
Quando analisamos os custos das produções, vários produtos baixaram seus custos
unitários, na mesma direção, os preços desses mesmos produtos também baixaram, tornando
seu índice de eficiência econômica baixa, é o caso da macaxeira solteira que seu preço ficou
abaixo de R$ 1,00, tornando a produção inviável, o mesmo acontece com macaxeira - farinha
solteira, que em 1996/1997 era um produto viável, pois seu índice de eficiência econômica era
de R$ 1,85 uma margem de lucro boa, mas em 2005/2006, o quadro se inverteu, pois o IEE
diminuiu 51,12%, reduzindo para R$ 0,90.
O milho é outro índice de eficiência econômica que está em situação de prejuízo,
apesar de um leve aumento no IEE, de 16,12%, esse aumento pode ter ocorrido pelo fato de
que o autoconsumo deste produto ter aumentado. Uma justificativa seria, que, como cresceu a
criação de aves, quem sabe a produção foi para o consumo as aves.
O feijão é um dos piores IEE, com apenas R$ 0,23, um aspecto desfavorável, é o
custo unitário dele, para a produção, o custo do mesmo foi de 297,87% e o seu preço
aumentou só 83,33%, por tanto tendo um desequilíbrio, inviabilizando sua produção,
tornando mais fácil o produtor comprar esse produto fora da unidade, que seu custo é mais
barato, do que plantar que sai mais custoso.
O arroz está na mesma situação que o feijão, com um custo muito alto para produzi-
los, seu IEE também apresentou uma queda de 48,16%, sendo que em 1996/1997 seu índice
de eficiência econômica era de R$ 0,52 em 2005/2006 foi de R$ 0,27%, tornando mais prático
ser adquirido fora da unidade familiar.
Porém a macaxeira consorciada torna-se um produto lucrativo, pois mesmo com uma
redução na sua variação de 32,13%, este produto teve seu IEE de R$ 2,12, bem acima da
situação de lucro. O outro produto com Índice de eficiência econômica maior que 1, é a
macaxeira - farinha consorciada, mesmo tendo reduzido o seu índice de R$ 3,92para R$ 1,80,
continua com uma margem boa de lucratividade.
Na tabela a seguir analisaremos o autoconsumo dos produtos no PAD Humaitá. O
autoconsumo é definido como: tudo que é produzido, consumidos e não pagos.
Tabela 8 – Análise do autoconsumo dos produtos no PAD Humaitá
Produto Unidade 1996/1997 2005/2006 Relação
Arroz Kg 12.578 7.880 -37,99%
Farinha de mandioca Kg 3.195 2.634 -17,55%
Feijão Kg 5.308 4.408 -16,96%
Macaxeira Kg 16.938 10.290 -39,25%
Milho Kg 24.248 48.480 99,93% Fonte: Projeto ASPF/ Dept° Economia/ UFAC
Na tabela 8 constatamos que atualmente as famílias do PAD Humaitá estão
consumindo menos produtos em relação à produção de 1996/1997, e que somente a cultura de
milho teve um aumento, de 99,93%. Porém o arroz que em 1996/1997 consumido 12.578 Kg,
em 2005/2006 foi somente 7.880 Kg, uma redução de 37,99% isto é justificável tendo em
vista que os custos da produção aumentaram, tornando mais viável comprar o arroz fora da
unidade do que produzi-los. O mesmo ocorrendo com o feijão, que possuindo um custo muito
elevado e um preço de venda baixo, faz com que tenha uma redução de 16,96%, sendo melhor
comprar em outros lugares do que mesmo produzir.
Na tabela 9 veremos que o ponto de igualação do custo total da produção da maioria
dos produtos estão com baixa produtividade. O ponto de igualação é um indicador do custo de
produção expresso em unidade de produto. Aponta o nível de produção mínimo para cobrir
um nível de custo.
Tabela 9 – Analise da produtividade dos produtos no PAD Humaitá
Fonte: Projeto ASPF/ Dept° Economia/ UFAC.
De acordo com a tabela exposta, constatamos que o índice de produtividade é
relativamente baixo, pois cinco produtos, mostra que a sua quatidade é menor do que o ponto
de igualação dos custos totais, tornando sua produtividade ineficiente. Isto quer dizer que sua
produção é inviável.
No entanto a macaxeira consorciada e o milho solteira possui uma produtividade
eficiente. O primeiro sua quatidade é maior que o ponto de igualação, conseqüentemente teve
elevação de 473% na sua produtividade. O milho também obteve uma evolução na sua
produção, sua quantidade produzida em 1996/1997 era de 863,64 Kg, já em 2005/2006
chegou a 2.951,85 Kg, aumentando em 242% sua produtividade.
A macaxeira farinha consorciada que em 1996/1997 não teve nenhuma produtividade,
passou a ter em 2005/2006, mas sendo ineficiente, tendo seu custo maior que quantidade,
inviabilizando a produção.
No Gráfico 1 verifica-se que o nível de tecnologia ultilizada na produção do PAD
Humaitá apresentou percentuais superiores a 80%, constata-se uma produção manual,
Produto Tipo de
exploração Unidade Qtd PICT Produtividade Produtividade Evolução
1996/1997 2005/2006
Macaxeira Solteira Kg 3.000,00 4.683,00 5.125,00 5.491,76 7%
Macaxeira Consorciada Kg 5.000,00 4.943,50 805,56 4.616,00 473%
Macaxeira –
Farinha Solteira Kg 1.500,00 1.823,90 1.677,42 2.800,00 67%
Macaxeira –
Farinha Consorciada Kg 2.200,00 2.930,72 - 1.830,77 -
Milho Solteira Kg 1.500,00 1.487,33 863,64 2.951,85 242%
Feijão Solteira Kg 400,00 1.868,50 587,23 781,25 33%
Arroz Consorciada Kg 550,00 1.569,23 266,67 480 80%
tornando assim um empecilho para uma maior qualidade no produto e também da
produtividade.
Gráfico 1: Utilização de tecnologia mais utilizadas: Máquinas, equipamentos e
ferramentas utilizado no PAD Humaitá.
Fonte: Projeto ASPF/ Dept° Economia/ UFAC.
O Gáfico acima mostra que os meios de produção do PAD Humaitá é essencialmente
manual, o instrumento de trabalho manual está a maioria acima de 80%, dificultando a
produção. Observa que o as famílias possuem instrumentos que não necessariamente é para a
produção de lavoura banca, e sim para outras culturas, tais como a criação bovina, em que a
maioria das máquinas, equipamentos e ferramentas, utilizada são: Machado com 84%, foice,
laço e motossera com 81% cada.
No Gráfico 2 verifica-se que o nível de tecnologia ultilizada na produção do Humaitá,
porem abaixo de 50%, mostrando o contraste em relação ao gráfico anterior.
Gráfico 2: Utilização de tecnologia menos utilizadas: Máquinas, equipamentos e
ferramentas utilizado no PAD Humaitá.: Máquinas, equipamentos e ferramentas
utilizado no PAD Humaitá.
74%
76%
78%
80%
82%
84%
86%
88%
90%
92%
92% 92% 92%
86% 86%
84% 84% 84%
81% 81% 81% 81% 81%
Fonte: Projeto ASPF/ Dept° Economia/ UFAC.
De acordo com gráfico acima, há uma disparidade entre algumas maquinas,
equipamentos e ferramentas. Observa-se que enquanto que no primeiro gráfico 92% das
famílias possuem enxada na sua propriendade e no gráfico acima apenas 14% tem roçadeira
mecanizada, levando em consideração que pode ser utilizados na mesma atividade, isso quer
dizer que a maioria das unidades familiares obtem uma ferramenta manual para realizar suas
atividades produtivas. Nota-se também que penas 3% das famílias usam o arado mecanizado e
92% a enxada, sendo que esses dois equipamentos podem ser utilizados para a mesma
atividade, tanto arado mecanizado e enxada pode ser usada para capinar a área e depois fofar a
terra. A enxada constitui um grau de dificuldade maior pois é ultilizado de modo manual, e a
menoria possuem o arado mecanizado, possibilitando uma produção mais rápida e eficiente.
Mais uma vez constatamos que os instrumentos manuais são mais aproveitados na produção.
O gráfico nos mostra uma diferença entre o regador e a bomba d’agua, ou seja, um
equipamento manual e um equipamento mecanizado, sendo que 43% das das unidades
familiares possuem um regador para irrigar as suas plantações de modo manual, e apenas 5%
dos produtores têm uma bomba’agua que acelera seu trabalho.
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%43%
35%32%
30%
14%
5% 5%3% 3% 3%
4 CONCLUSÃO
O presente trabalho teve como objetivo avaliar a produção de lavoura branca do
sistema de produção agrícola do PAD Humaitá no período de 1996/1997 - 2005/2006, e
detectar as condições operacionais cotidianas do produtor agrícola, bem como conhecer as
formas de incentivo e investimento das instâncias públicas municipais, estaduais e federais no
setor agrícola. Investigando porque o setor agrícola não se desenvolve com mais intensidade
no Estado do Acre, quais as condicionantes que impedem ao desenvolvimento da produção de
lavoura branca da produção familiar rural, pode-se afirmar que a falta de incentivo e de acesso
às técnicas de produção e aos instrumentos tecnológicos, assim como a carência de
investimentos no setor agrícola podem estagnar a produção e/ou obrigar a migração dos
produtores para outras fontes de recursos econômicos, rural ou urbanos.
Conforme os resultados desta pesquisa, o PAD Humaitá teve uma evolução na sua
produção agrícola, principalmente na lavoura branca, onde houve um aumento na renda bruta
das famílias e na comercialização da lavoura branca de modo significante, sendo que os
produtos que tiveram o maior destaque foram a macaxeira e o milho. Já o arroz e o feijão,
tiveram uma redução na sua produção no período de 1996/1997 e 2005/2006.
Constata-se também que a renda líquida das famílias reduziu por volta de 59,62%, ou
seja, o poder aquisitivo das famílias diminuiu, constatamos que o autoconsumo diminuiu, pois
as famílias deixaram de consumir o que eles produziam para comprar fora da unidade
familiar.
Averiguamos que os preços unitários da maioria dos produtos agrícolas diminuíram, e
somente o feijão e o arroz tiveram um aumento entre 1996/1997 e 2005/2006. A mesma coisa
acontece com os custos, só que, os custos do arroz e do feijão tiveram uma elevação tornando
a produção dos produtos inviável. Quando analisamos os índices de eficiência econômica dos
produtos do PAD Humaitá constatamos que é a maioria dos produtos a sua produção é
ineficiente, pois a maioria estão em situação de prejuízo, pois os índices de eficiência
econômica estão inferior há 1.
Observa-se na análise que o nível de tecnologia do PAD Humaitá é muito baixo, as
ferramentas utilizadas pelos agricultores é essencialmente manual, tornando a produção mais
trabalhosa, pois quase não existe maquinário que possibilite um processo com mais qualidade
e rapidez.
A pesquisa confirma a hipótese levantada, onde apresenta que a falta de incentivo por
parte do governo faz com que o PAD Humaitá não se desenvolva com mais intensidade, pois
se as famílias tivessem acesso às técnicas de produção e um maquinário mais eficiente e
possuíssem habilidade com o mesmo, a sua produção poderia conter mercadorias de melhor
qualidade, com isso ocorreria abertura de um mercado bem maior, pois seriam aceitas pela
sociedade em geral.
Portanto torna-se um desafio adequar, isto é, integrar o plano de desenvolvimento da
agricultura no Estado do Acre, ao plano macro que garanta a sustentabilidade do setor e a
preservação ambiental para as famílias residentes no PAD Humaitá.
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