a pocinha do leão

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história construida com a turma do 1º ano da professora Rosa Neves e orientada pela professora bibliotecária

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Page 1: A pocinha do leão
Page 2: A pocinha do leão

A pocinha do leão

Era uma vez um MAR que uns dias enchia a areia de beijinhos, outros

dias dançava o bailado das ondas com a praia e outros ainda batia e

ralhava com as rochas, cheio de raiva e furor.

Mas eu quero falar-vos daqueles dias em que este MAR é macio, calmo,

doce, vazio, cheio de pocinhas, rios, algas e peixinhos pequeninos

Era assim o MAR numa manhã de Março em que o Rui e o pai foram

como de costume (quando a maré está vaza) apanhar mexilhões e

amêijoas.

De carro, foram lá para os lados do porto de pesca da Póvoa de Varzim.

Não sei se sabiam, mas os dois cais do porto de pesca fizeram com que o

mar criasse uma pequena enseada onde há amêijoas.

Foi para aí que os nossos amigos foram.

Page 3: A pocinha do leão

O Rui, com um ancinho de jardim, escavava a areia à procura das

conchinhas redondinhas dos berbigões, enquanto o pai, de calças

arregaçadas, ia mais à frente procurando as amêijoas enterradas na areia.

Quando já tinham um baldinho cheio, o Rui pediu ao pai para irem para as

rochas.

Page 4: A pocinha do leão

Saíram dali, meteram, no carro, o baldinho com água do mar para a areia

sair de dentro das amêijoas e do berbigão e foram para as rochas da praia

das Caxinas.

O pai levava 2 grandes sacas de rede para guardar os mexilhões.

Chegaram às rochas e o pai avisou o Rui para não se afastar muito dele e

para ter cuidado para não escorregar. Depois o pai escolheu um mexilhão

de concha grande arrancou-o, mostrou-o ao filho e explicou:

- Rui, vês o tamanho deste?! É assim que deves procurar. Se forem mais

pequenos não dão nada para comer e é um crime matá-los. Temos de

deixar os bichinhos crescer! Se não conseguires arrancá-los, chama por

mim.

Page 5: A pocinha do leão

Os dois começaram a sua tarefa.

Andava o Rui entretido a ajudar o pai quando ouviu chamar por ele:

- Rui, oh Rui que estás a fazer? Vem para o pé de mim. Anda ver o que há

nesta pocinha!

O Rui olhou para todos os lados mas não viu ninguém e perguntou ao pai:

- Pai, tu falaste comigo?

- Não, filho. Eu não falei - respondeu-lhe o pai.

- A sério?! Não ouviste chamar por mim?

Page 6: A pocinha do leão

- Oh filho, agora não dá para brincar! Não ouvi nada nem ninguém. Temos

de nos despachar para encher estas sacas. A maré está a subir. Vá, ajuda-

me.

O menino não respondeu, mas também não ficou convencido com a

resposta do pai. Saltou para a rocha na direção de onde lhe tinha parecido

ouvir chamar e foi à procura da tal pocinha.

Foi fácil encontrá-la. Estava mesmo entre três rochas que protegiam a

pocinha do bater das ondas.

Que linda que era a pocinha! Tinha algas de variadas formas e cores, tinha

anémonas, conchas e búzios, tinha 2 estrelinhas do mar e um peixinho

encarnado.

O Rui começou a chapinhar de mansinho, com as mãos para não

assustar os animais. Foi ele que ficou assustado quando viu o peixinho

encarnado nadar na sua direção . Vinha de boquinha aberta e foi-lhe tocar

nas mãos. Fazia-lhe cócegas e o Rui começou a rir. Pareciam beijos de

peixinho.

Page 7: A pocinha do leão

O menino estava de boca aberta de espanto e ainda mais ficou quando

ouviu o peixe:

- Olá Rui! Pensei que não vinhas.

- Tu falas, peixinho?! Parece impossível!

Eu não conheço a linguagem dos peixes, mas consigo compreender tudo o

que dizes. Como pode ser isso?

- Eu sou um peixinho mágico, mas sou também um menino como tu.

Sabes, há muito tempo atrás, eu fugi do pé da minha mãe e vim brincar

para esta pocinha do leão. A maré subiu e eu não dei por isso. Depois

ficou tudo muito escuro. Só acordei quando vi uma sereia que me veio

salvar.

Page 8: A pocinha do leão

Desde esse dia, eu fiquei a viver no mar, nesta pocinha. Às vezes, vou até

ao mar alto para passear com a sereia, outras vezes vou brincar para o

fundo do mar.

Venho sempre brincar para aqui quando tenho saudades dos humanos e a

maré está vaza.

Olha , queres ser meu Amigo?

Page 9: A pocinha do leão

O Rui nem sabia o que dizer. Estava de boca aberta, mas dentro dele havia

uma grande alegria. Depois de alguns instantes a abanar afirmativamente

a cabeça, lá conseguiu falar:

-Claro que sim. Claro que quero ser teu Amigo. É bom ter Amigos. O poeta

dizia que “AMIGO” é quase a melhor palavra.

- Olha Rui, posso contar contigo todos os dias?

O menino respondeu-lhe:

- Isso já não prometo. O mar é perigoso. Eu só posso vir à praia com o meu

pai. Mas prometo, que quando vier à praia, te venho ver.

- Combinado!- disse o peixinho doirado batendo as barbatanas de

contente.

O Rui despediu-se do seu novo amigo e foi para junto do pai.

Page 10: A pocinha do leão

Levava nas mãozinhas 3 ou 4 mexilhões grandes que colocou dentro do

saco grande. O pai disse:

- Por aqui não há mais mexilhões grandes. É melhor irmos embora porque

a maré já subiu um pouco e se ficarmos mais tempo, depois não temos pé.

Além disso, já temos bastantes mexilhões.

Filho, pega aqui nesta asa do saco.

O Rui fez o que o pai pediu e foram caminhando pela praia fora.

O menino voltou-se para trás várias vezes, sorrindo e acenando um adeus

em direção à pocinha do leão.

Fim

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