a música no brasil independente villa lobos no estado novo
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
VILLA-LOBOS NO ESTADO NOVO
MARCELO TAVARES DOS SANTOS
SÃO PAULO2010
UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
VILLA-LOBOS NO ESTADO NOVO
Trabalho apresentado na disciplina A Música no Brasil Independente, sob a orientação da Profa. Dra. Flávia Camargo Toni
SÃO PAULO2010
Sumário
Introdução.............................................................................................................................3
Desenvolvimento..................................................................................................................4
Considerações finais...........................................................................................................11
Referências.........................................................................................................................12
Introdução
O tema a ser explorado é a produção musical de Heitor Villa-Lobos na Era Vargas.
Possui relevante importância para compreender a uma importante fase da música brasileira,
bem como a estrutura do Estado Novo.
Deve servir para aqueles que desejam se aprofundar nesse importante período do século XX,
do qual o artista foi um dos participes de maior destaque e que ainda é capaz de influenciar a cultura
nacional.
Inicialmente, exporemos o contexto histórico-social a fim de entender melhor a formação
desse processo modificador da sociedade brasileira. Depois, abordaremos o assunto proposto,
finalizando com nossas considerações.
Desenvolvimento
30 e 37
A associação sindical procurava domesticar os trabalhadores, tendo papel central na também
na representação destes junto ao governo, auxiliando na formação de um novo cidadão, tendo o
trabalho um valor social grandioso, caminho para frutuosa propagação do bem-estar coletivo e
individual, na saúde, vida familiar, alimentação, lazer, habitação e na aquisição de bens materiais.
O número de reconhecimento a sindicatos de diversas categorias tornou-se bem maior. A Comissão
Técnica de Orientação Sindical (CTOS) foi criada para assistir aos sindicatos, ministrar cursos de
liderança sindical, orientar, propagar a política estatal para o setor. Além do programa radiofônico
A Hora do Brasil, fez-se uso do jornal Vargas – Boletim do Trabalhador, de distribuição gratuita,
e do Serviço de Recreação Operária, na promoção de atividades culturais e esportivas aos
sindicalizados. Outrossim preocupação houve com a indenização aos riscos, aos acidentes, às
doenças e às condições insalubres em decorrência da atividade trabalhista, criando-se leis, órgãos
públicos, institutos de pesquisa a fim de melhorar a saúde física e mental do operário, capaz de
aumentar sua capacidade produtiva. A confecção do Imposto Sindical, da Justiça do Trabalho e do
Instituto de Previdência Social tomam destaques. Neste momento, há o reconhecimento oficial das
condições adversas em viviam a grande parte dos trabalhadores, desprovidos de hábito e moradia
salubres, não podendo preservar de forma digna a si mesmo, bem como a sua família. A educação
também deveria ser enfatizada criando valores de respeito e admiração ao país, ao trabalho, à moral
e à disciplina. Através de atividades culturais, como a música popular, procurou-se propagar tais
valores, cabendo destaque a Heitor Villa-Lobos. Em 1943, anunciou-se a Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT), concretização máxima para a classe trabalhadora. A filiação sindical não era
obrigatória, mas para usufruir de todas as proteções era necessário sindicalizar-se.
O papel do Estado era fundamental nesse processo construtivo, devendo propiciar o bem-
estar para todos. A situação de penúria dos trabalhadores e a falência dos métodos liberais tinham
que ser superados pela nova ordem. A questão social tornava-se também política. O trabalhador
deveria ter uma nova condição, mais humana. Os articuladores defendiam que a democracia era, na
verdade, justiça social.
A valorização da força de trabalho nacional, via como positivo a imigração interna, embora
fosse necessário uma melhor racionalização espacial, organizada pelo Estado. Houve também uma
política restritiva à entrada e à localização dos imigrantes estrangeiros. Ao mesmo tempo que houve
o crescimento urbano, também houve a preocupação com a interiorização do país. Medidas como a
lei dos dois terços, que obrigava as empresas manterem essa proporção de trabalhadores brasileiros
em seus quadros empregatícios. Amparar o trabalhador rural também era necessário, propiciando
uma melhora de vida deste junto à terra. A política conhecida como “Marcha para Oeste”, visava
abrir novas fronteiras no interior do país, diminuindo o inchamento descontrolado nas urbes.
Ampliou-se a lei do salário mínimo aos rurais e criou-se o núcleo de atividades em regiões pouco
ou não exploradas.
Novas concepções filosóficas sobre a realidade humana surgiam. Doutrinas genéricas e
permanentes na linha do tempo e espacial eram postas em questão. Dever-se-ia buscar novos
detalhes sobre a questão econômico-social A mudança e a adaptação traziam a evolução natural das
coisas.
As experiências liberais, fascistas e comunistas não se adequariam à realidade tupiniquim. O
liberalismo, preocupado somente com a abstração, racionalidade e universalidade, produzia a
omissão do Estado ante o indivíduo, deixando-o a esmo numa realidade concreta, orientada por uma
elite sem escrúpulos, responsável pela sua degeneração e que o iludia através de suas instituições. O
totalitarismo tornava o indivíduo um simples servo do Estado, como ser passivo e incapaz da sua
própria evolução, estatizando-o e desumanizando-o. Portanto, um novo projeto de Estado adaptado
à nossa cultura era arquitetado.
As pessoas eram desiguais de forma natural, cabendo ao Estado diminuir tal diferença,
através duma autoridade equilibrada e democrática que permitiria a liberdade individual visando o
interesse comum. Ele não deveria absorver o indivíduo, mas apenas orientar a distribuição da
riqueza, possuindo maior intervenção no mercado. Protegeria o indivíduo da miséria e tornaria o
trabalho como uma forma de desenvolvimento pessoal e coletivo, assegurando o direito natural à
propriedade privada. Assumiria o papel de melhor assistir ao ser humano, dignificando-o através de
seu próprio trabalho, item constituidor natural do caráter. A igualdade materializava-se nas
oportunidades. O homem era visto como possuidor de direitos sociais, organizado por esse ser
abstrato, a fim da promoção do bem para todos. Os partidos políticos apenas fomentavam o
dissenso através de interesses antagônicos setoriais e regionais, afastando os indivíduos da sua
condição de cidadão, como agente participante da política, bloqueando a unidade nacional de
desenvolver-se. O Estado deveria representar para os indivíduos, os valores morais e espirituais de
coletividade. Povo e Estado deveriam ter uma relação harmoniosa, buscando o bem da nação.
Órgãos representativos capazes de exprimir o anseio das massas junto as elites letradas foram
criados, especializando os indivíduos em diferentes setores, numa visão constituídas por
hierarquias, mas capaz de suscitar o sentimento de igualdade ao pertencer num corpo nacional,
através duma associação profissional. Sindicatos tornaram-se tutela do direito público, legitimando
o projeto transformador. O governante de tal roupagem, simbolizava os ideais populares e os
exprimia através de sua notável sabedoria, comportando-se como um pai que cuidava e trabalhava
por seus amados filhos.
Os primeiros passos
Em 1887, na cidade do Rio de Janeiro, nasce Heitor Villa-Lobos, filho de Raul e Noêmia
Villa-Lobos, imigrantes espanhóis chegados em meados do século XIX. Responsabiliza-se seu pai
pelos primitivos contatos com o estilo musical erudito, frequentador de ópera e instrumentista em
clarinete e violoncelo. Sua família era de classe média. Seu genitor foi vítima fatal da varíola, em
1899, obrigando sua mãe trabalhar como lavadeira, inclusive para a famosa Confeitaria Colombo
A capital do país, possuía uma vida cultural agitada, com diversos literatos e músicos.
Nosso artista, frequentou o ensino primário, matriculando-se, em 1904, no curso noturno do
Instituto Nacional de Música, objetivando aprofundar seu conhecimento no violoncelo, aos
dezessete anos. Cinco anos depois, apresentou-se nessa instituição com Ernesto Nazareth. Em 1912,
viajou com uma companhia pelo Norte e Nordeste, chegando a realizar concertos de forma
independente.
Retornando ao Rio, o músico era violonista da Sociedade de Concertos Sinfônicos, tocando
em restaurantes, cinemas e na aludida confeitaria. Em 1913, casa-se com a também artista musical
Lucília Guimarães. Nas horas de folga, criava melodias.
Influenciado pelo alemão Richard Wagner. Seu estilo constantemente fez referência à nação,
miscigenando música urbana e rural, folclórica e erudita. Compunha também alicerçado em Claude
Debussy, Giacomo Puccini, Carlos Gomes e Alberto Nepomuceno, sendo que teve real contato com
este. Apresentou suas composições ao grande público pela primeira vez em 1915. Esteve presente
na Semana de Arte Moderna (1922).
No início do século XX, Igor Stravinsky estava no auge com suas músicas populares russas,
opositoras da estética rebuscada do passado europeu. O fetiche pelo novo e estranho está em voga.
Compassos em constante mudança, timbres combinados, utilização regular da percussão e
potencialização sonora da orquestra causavam espanto e admiração.
Almejava voltar a Cidade Luz, onde estivera em 1923 pela primeira vez e teve contato com
a música do compositor eslavo, pois a música de origem selvagem não possuía nenhum agrado por
aqui, mas tinha certeza de que lá seria diferente. Arrumou novamente patrocínio e em 1927,
executando algumas de suas canções, como os Choros, Cantiga de Roda e o Amazonas, foi muito
bem recebido, porém não conseguiu tão ficar famoso como desejava e ainda vivia de ajudas
pecuniárias.
Um artista na Revolução
Em 1930, Villa-Lobos retorna ao Brasil, sempre com faltas de recursos, pois sua obra não
atraia patrocínios. Na Europa, Stranvinsky inicia um movimento de retorno à obra de Bach, que foi
também grande educador. Villa sempre atento a tudo que acontecia no Velho Continente, compôs os
quatro primeiros movimento das Bachianas Brasileiras, onde o primeiro nome fazia referência ao
compositor alemão e o segundo à expressão da música nacional. Procurava também estabelecer
contato entre a música barroca e os choros, através de improvisações e mudanças entre os ritmos
forte e regular.
Através duma análise estilística em relação ao compositor barroco alemão, podemos citar a
preocupação com o contraponto e o almejo a um ponto futuro na composição. Aludindo-se ao
músico russo, o uso de escalas híbridas e a execução de melodias inesperadas foram lembradas.
Ao fim deste ano, ocorreu a Revolução. Villa-Lobos esperava que ela criasse um espaço para
a cultura brasileira como jamais houvera, proporcionando uma grande mudança no campo artístico
nacional, acreditando que através da educação o povo compreenderia a arte, chegando escrever num
jornal: “(...) o estudo da música deveria ser completo, começando pela harmonia, passando pelo
ritmo, a melodia, o contraponto, até chegar às razões étnicas e mesmo a certo fundamento
filosófico que a caracteriza.” (Villa-Lobos, H., Diário da Noite, 30 dez., 1930, apud Guérios, 2009,
p.202). Defendia uma grande difusão nas escolas e nos veículos de comunicação de massa,
exaltando os valores da nação.
Relacionou-se intimamente com o interventor paulista, João Alberto Lins de Barros, obtendo
recursos para uma série de viagens pela província, levando músicas de bom gosto a populações para
“(...) semear o gosto pela música pura, pela verdadeira arte, senão elevadas intenções cívicas e
patrióticas (...)”. (Villa-Lobos, H., apud Guérios, 2009, p. 203). Permitia-se a tocar violoncelo e ser
acompanhado de outros artistas, inclusive Dona Lucília. Antecediam-se aos concertos, explicações
sobre os diversos estilos eruditos de música e de compositores. A boa aceitação não era somente do
público, bem como das autoridades locais.
Após essa excursão desejava conduzir um coral popular bastante numeroso, para tal fez
propaganda distribuindo folhetos em escolas e locais de trabalho, com textos que suscitavam o
nacionalismo
Em maio de 1931, teve a felicidade de conduzir um numeroso coral num evento denominado
“Exortação cívica”, onde estaria presente “(...) mais de 10.000 almas, num ímpeto espontâneo de
civismo e provando a realidade da força brasileira, reunir-se-ão para entoar hinos e canções
patrióticas (...)”. (Villa-Lobos, H., apud Guérios, 2009, p. 206). No programa estava incluso o Hino
Nacional, e canções de sua própria autoria: Na Bahia tem e Pra Frente, ó Brasil.
Aproximadamente 12 mil coristas participaram, demonstrando o sucesso do episódio. Villa-Lobos
queria mais.
Aproximou-se do regime, fornecendo ao Presidente um memorial de nome Apelo ao Chefe
do Governo Provisório da República Brasileira, impresso no Jornal do Brasil, declarava sua
intenção: “No intuito de prestar serviços ativos ao seu país, como um entusiasta patriota que tem a
devida obrigação de pôr à disposição das autoridades administrativas todas as suas funções
especializadas, préstimos, profissão, fé e atividade (...).” (Villa-Lobos, H., apud Guérios, 2009,
p.208).
Através de seu plano, procurava regenerar o cidadão brasileiro através das artes, ensinando
civismo, através de estudos a músicas nacionalistas, e disciplina, através de diversos estímulos. Essa
função catequizadora, inspirando-se até mesmo em “(...)os padres Anchieta e Nóbrega lançaram os
fundamentos do canto orfeônico no Brasil. E com essa admirável intuição de catequistas foram, até
certo ponto, os precursores do aproveitamento da música como fator de disciplina coletiva.” (Villa-
Lobos, V., A Noite, 1937 apud Guérios, 2009, p.214). Despertar um público para uma música de
padrão elevado, essa era sua meta.
Em inícios de 1932, no Distrito Federal, pôs em prática seu sonho, no curso de Pedagogia de
Música e Canto Orfeônico, atraindo a atenção de professores do Instituto Nacional de Música e
artistas de relevo. Dentro do programa estavam técnicas pedagógicas e musicais que almejavam a
prática. O ensino do folclore nacional nas escolas musicais e a execução de músicos brasileiros em
concertos pelo país também era almejado. Participou da criação do Orfeão de Professores, alunos do
curso de Pedagogia Musical, permitindo a pessoas que não tinham regular acesso a música erudita,
participando de eventos em escolas, concertos, eventos oficiais. Obrigou professores do primário a
participar de seus cursos, que era por ele ministrado. Grupos musicais de estudantes eram
convidados a participar de programas de rádio. Em 1934, apresentou seus projetos a todos
interventores, enviando grande número de educadores a vários estados. Obteve a formação de quase
3 mil professores, entre 1933 e 1939.
Fez um estudo severo, localizando as influências da música brasileira, constatando que o
ritmo era de autoria africana, as canções de origem europeia foram trazida pelos ibéricos. A
manutenção dos valores regionais, quiçá, possibilitaria a transformação da música tupiniquim em
universal. O folclore, inclusive o infantil, ganhou atenção, pois nele se via uma situação primitiva e
boa do nosso povo. A riqueza da fauna e flora, além do legado indígena em nossa construção, não
poderiam passar desapercebidos para esse monumental artista.
Para difundir os valores de seu regime, Vargas aproximou-se de diversos intelectuais.
Através de viagens, encomendas, premiações, o Estado interveio assiduamente na produção
artística. Procurava-se através de um sofisticado aparelhamento estatal o controle das massas e o
combate àqueles que resistiam ao novo momento.
Cada vez mais suas apresentações públicas se tornavam grandiosas, com o número de
coristas passando de 50 mil. Seus eventos orfeônicos passaram a ter sons onomatopaicos, com
gestos devidamente sincronizados. Em 1936, ano em que se casou pela segunda vez com Arminda
Neves de Almeida, participou das festividades do centenário de nascimento de Carlos Gomes; e em
visita oficial à Argentina, conduziu seu primeiro bailado Uirapuru. Outrossim, participou da feitura
da trilha sonora do filme Descobrimento do Brasil e da gravação de músicas populares com
artistas estrangeiros. Fundou o Canto Orfeônico em 1942 e a Academia Brasileira de Música três
anos depois.
Sua personalidade permitiu que o descrédito inicial dos críticos ao seu projeto se
transformar, posteriormente, na redenção estética nacionalista.
Após o Estado Novo, Villa-Lobos continuou produzindo, viajando para os Estados Unidos e
França. Conheceu artistas jovens, como Eleazar de Carvalho e Tom Jobim. Faleceu na sua cidade
natal, em 17 de novembro de 1959, no entanto tornou-se imortal para a música brasileira.
Obras entre 1930-1945
Heterogeneidade. Esta é a palavra que caracteriza melhor suas obras no período estudado.
No seu projeto denominado Guia Prático: o ensino da música no Brasil, o maestro selecionou
centenas de músicas anônimas, por ele arranjadas, visando à educação cívica dos pupilos. Dos seis
volumes almejados, somente o primeiro foi publicado. A grande parte era para ser acompanhada de
uma a três vozes. Separadas basicamente em clássico-tradicional, regional e popular-nacional.
Entre várias obras do tempo getuliano, destacamos:
Bachianas, a de nº 1, possui um movimento lento, com andar devagar e denota
transcendentalidade; a de nº 3, tocada com muita inteligência por Glauber Rocha, em Terra
em Transe, transmite a ideia de tragédia; e a mais famosa, a nº 5, a melodia parece tender ao
infinito, acompanhada de violoncelo e violão. O choro, a seresta e a música popular estão
presentes.
Mandú-Çárárá, que fazia alusão a uma lenda amazônica de um índio que bailava por amor.
Os sons perpetrados pela orquestra e pelo coro infantil sugestionam ideias de passos
primitivos, incisivos, rudes.
Em Cinco Prelúdios, homenageia o sertanejo, o malandro, Bach, o índio, a vida social
carioca.
A seguir, está uma lista das principais composições tocadas ou feitas por ele:
Obras instrumentais: Bachianas Brasileiras (números 1 a 9), Abertura, Caixinha de Boas
Festas, Currupira, Madona, Mandú-Çárárá, O Papagaio do Moleque, Pedra Bonita,
Sinfonias (números 6 e 7), Saudade da Juventude, Ciranda das Sete Notas, Concerto
Para Piano e Orquestra (número 1), Fantasia Para Violoncelo e Orquestra,
Descobrimento do Brasil, A Gaita de Fole, Gavota-Choro, Valsinha Brasileira, Canções
de Cordialidade, Danças Aéreas, Evolução dos Aeroplanos, New York Skyline Melody,
Rudepoema, A Canoa Virou, O Canto do Pajé, Clap Dance, Constância, Desfile aos
Heróis do Brasil, Entrei na Roda, Lá na Ponte da Vinhaça, Nesta rua, Ó Ciranda, ó
Cirandinha, O Pião, Terezinha de Jesus, Vem cá, Siriri, Distribuição de Flores, Trio,
Gavotte, Quarteto de Cordas (números 5 a 9), A Roseira, Corrupio, O Canto da Nossa
Terra, O Canto do Capadócio, Caixinha de Música Quebrada, Ciclo Brasileiro, Guia
Prático (álbuns 1 a 10), Lembrança do Sertão, Melodia da Montanha, Poema Singelo,
As três Marias, Valsa da dor, Cinco Prelúdios, Valsa Sentimental, Fantasia e Fuga
(número 6), Prelúdio e Fuga (números 4 e 6), Tocata e Fuga (número 3), Fuga (números
1, 5, 8, 10, 21), Preludio (número 8, 14, 22), Noturno Op. 9 (número 2).
Obras vocais: Missa São Sebastião, Canção da Imprensa, Canção dos Caçadores de
Esmeralda, Canções Indígenas, Canções Típicas Brasileiras, Filhas de Maria,
Modinhas e Canções (álbum número 1), Poema de Itabira, A voz do Povo, Ualalocê,
Aboio, Argentina, Ave Maria (número 25), Ave Verum, O Balão do Bitu, Bazzum,
Brincadeira de Pegar, Canção a José de Alencar, Canção de Saudade, A Canção do
Marceneiro, Canção do Operário Brasileiro, Canide Ioune-Sabath, Cantar Para Viver,
Cântico do Pará, Canto de Natal, Canto do Lavrador, O Canto do Pajé, Um Canto que
Saiu das Senzalas, Cantos de Çairé, Carneirinho de Algodão, Chile-Brasil, As
Costureiras, Danças da Chuva e Para Afastar os Espíritos Maus, Dia de Alegria,
Esperança da mãe Pobre, Estrela é lua Nova, Evocação, Heranças de Nossa Raça, Hino
à Vitória, Jaquibau, José, Juramento, Mar do Brasil, Marcha Escolar, Meu Benzinho,
Minha Terra tem Palmeiras, Nossa América, Papai Curumiassú, Pátria, Pra Frente, ó
Brasil, Preces sem Palavras, Quadrilha Brasileira, Quadrilha das Estrelas no céu do
Brasil, Redemoinho, Redondilha, Regozijo de uma Raça, Remeiro de São Francisco,
Saudação a Getúlio Vargas, Tiradentes, O Trenzinho, Uruguai-Brasil, Vamos Crianças,
Vira, Vocalismo (número 11), Xangô, Concerto Brasileiro, Dança da Terra, Dança de
Roda, Distribuição de Flores, Primeira Missa no Brasil, Meu País.
Coleções: Canto Orfeônico (volume 1), Solfejos.
Considerações finais
Da situação anterior de anonimato e de penúria no cenário tupiniquim, a Revolução
proporcionou a Villa-Lobos o papel de civilizador artístico, através do semeio da verdeira música
por razões nacionalistas, propiciando o bem-estar à coletividade. Acreditando ser um predestinado,
rompeu com a estética conservadora na arte brasileira, produzindo uma música de cunho exótico
para os ouvidos já fadigados da colonização europeia. Era um contumaz combatente ao pensamento
de que a música de estilo elevado só deveria ser acessado pela elite.
Devemos salientar que o governo soube muito bem utilizar as grandes apresentações para
propagandear seus valores, deixando a música num plano inferior.
Sua vida e criações permitem uma maior reflexão entre os dualismos: indivíduo/coletivo,
primitivo/civilizado, interior/exterior, popular/erudito. A amplitude de recursos governamentais
permitiu que extravasasse sua imaginação artística. Soube aproveitar a mudança de paradigmas que
o novo regime preconizava. Construiu significados, fundamentados em simbologias que permitem a
convivência entre as pessoas. Com sua peculiar maestria, uniu as estéticas clássicas, regionais e
nacionais.
Referências
CONTIER, Arnaldo D. Passarinhada do Brasil: canto orfeônico, educação e getulismo. Bauru:
EDUSC, 1998.
GOMES, Ângela de Castro. A invenção do trabalhismo. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1994.
GUÉRIOS, Paulo Renato. Heitor Villa-Lobos: o caminho sinuoso da predestinação. Curitiba:
Parabolé, 2009.
HORTA, Luiz Paulo. Villa-Lobos: uma introdução. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1987.
JARDIM, Gil. O estilo antropofágico de Heitor Villa-Lobos: Bach e Stravinsky na obra do
compositor. São Paulo: Philarmonia Brasileira, 2005.
KIEFER, Bruno. Villa-Lobos e o modernismo na música brasileira. Porto Alegre: Movimento,
1986.
VILLA-LOBOS: sua obra. Museu Villa-Lobos. 2009.