a mulher em cargos de liderança -
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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉTamires Monteiro Vieira
Thainara Fernanda de Oliveira Silva
O PODER DA MULHER NA ORGANIZAÇÃO:
sua Conquista de Cargos de Liderança.
Taubaté – SP2015
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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉTamires Monteiro Vieira
Thainara Fernanda de Oliveira Silva
O PODER DA MULHER NA ORGANIZAÇÃO:
sua Conquista de Cargos de Liderança.
Trabalho de Graduação, modalidade de Trabalho de
Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de
Economia, Contabilidade e Administração da
Universidade de Taubaté para obtenção do Título de
Bacharel em Administração de Empresas.
Orientador (a): Prof. Marcio Luz
Taubaté – SP2015
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UNIVERSIDADE DE TAUBATÉTamires Monteiro Vieira
Thainara Fernanda de Oliveira Silva
O PODER DA MULHER NA ORGANIZAÇÃO:
sua Conquista de Cargos de Liderança.
Trabalho de Graduação, modalidade de Trabalho de
Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de
Economia, Contabilidade e Administração da
Universidade de Taubaté para obtenção do Título de
Bacharel em Administração de Empresas.
Orientador (a): Prof. Marcio Luz.
Data: ________________________________________
Resultado: ___________________________________
COMISSÃO JULGADORA
Professor ________________________________________
Assinatura _______________________________________
Professor ________________________________________
Assinatura _______________________________________
Professor ________________________________________
Assinatura _______________________________________
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AGRADECIMENTOS
A Deus por ter proporcionado estar aqui nesse momento, e desenvolver este trabalho.
Aos Pais e Irmãos por estar sempre presente nos apoiando a cada minuto dessa trajetória.
Ao Prof. Dr. Marcio Luz pelo constante apoio, incentivo e críticas.
Aos Profs. Drs. das bancas, pelas importantes sugestões que muito acrescentaram na conclusão deste trabalho.
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“Men, their rights and nothing more; women, their rights and nothing less.” Anthony 1968.
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OLIVEIRA, Thainara, VIEIRA, Tamires. O PODER DA MULHER NA ORGANIZAÇÃO. E sua conquista em cargos de Liderança. 2015.Trabalho de Graduação, Modalidade de Trabalho Conclusão de Curso, apresentado para obtenção do Certificado do Título em Bacharel em Administração de Empresas, do Departamento de Economia, Contabilidade e Administração da Universidade de Taubaté, Taubaté.
O propósito deste trabalho é contribuir e conscientizar sobre o respeito da mulher, o seu crescimento, e desenvolvimento e sua conquista em cargos de liderança. As mulheres vêm conquistando cargos cada vez mais altos, num mercado competitivo e posicionando-se de maneira mais concreta, chegando a disputar posições em pé de igualdade. Responsáveis financeiras dos lares, as mulheres tem que solidificar sua posição profissional, social e pessoal, transpondo barreiras e dificuldades que não são somente atuais, mas, que vem acontecendo ao longo da história. O método de pesquisa utilizado foi à pesquisa bibliográfica. A mulher da atualidade, além de suas conquistas no ambiente social, está surpreendendo com o quanto estão se dedicando para conquistarem e formarem suas carreiras, o que não era do perfil feminino e antes era dominado e voltado somente por homens. Já há alguns anos a mulher vem buscando uma melhor formação escolar, dedicando-se a formação profissional e a educação continuada, fluência em outro idioma, e especialização, buscando construir uma imagem sólida, verdadeira e de respeito na organização onde atua. Concluiu-se também que as perspectivas são cada vez melhores e tendem a crescer cada vez mais, em comparação com um passado recente, a Mulher esta produzindo forte impacto nas relações sociais e profissionais. A mulher é aceita no meio profissional outrora masculino, sendo que dias nos de hoje é difícil encontrar postos de trabalho que não tenham sido ocupados pelas mulheres, e ocupados com a mesma eficiência e eficácia.
Palavras-chave: Mulher, Mercado de Trabalho e Crescimento.
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ABSTRACT
The purpose of this paper is to contribute and also raise awareness of respect of women, their growth and professional development and also its achievement in leadership positions. Women are gaining increasingly higher positions, in a competitive market and professionally positioning itself more concretely, reaching for positions on an equal footing with men. Furthermore, Financial responsibility from your family is sometimes hers, for this reason, women are trying solidify their professional, social and personal position, crossing barriers and difficulties that are not only in the present, but also what has been happening throughout history. The research method used was the bibliographical research. The actuality of women, as well as his achievements in the social environment is surprising. The way that the women are dedicating themselves to win and form their careers, it was not the female profile before, now they were not dominated and directed only by men. For several years the woman has sought a better school education, devoting himself to training and continuing education, fluency in another language, and expertise, seeking to build a solid image, real and respect in the organization in which it operates. It was also concluded that the outlook is getting better and tend to grow more and more, compared to the recent past, the woman is producing strong impact on social and professional relationships. The woman now is accepted in professional circles male, and today we are hard to find jobs that have not been occupied by women, and busy with the same efficiency and effectiveness.
Words Key: Women, Work and Growth Markets.
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO......................................................................................................................91.1 OBJETIVOS...............................................................................................................................10
1.1.1 Objetivo Geral.....................................................................................................................10
1.1.2 Objetivos Específicos...........................................................................................................10
1.2 RELEVÂNCIA DO TRABALHO............................................................................................10
1.3 DELIMITAÇÕES DO TRABALHO.........................................................................................10
1.4 METODOLOGIA......................................................................................................................11
2. A MULHER NA HISTÓRIA................................................................................................122.1 A Evolução da Mulher no Mercado de Trabalho........................................................................13
2.2. O Trabalho Feminino e seus Impactos.......................................................................................15
3. AS MULHERES E SUAS CONQUISTAS............................................................................173.1 Conquistas Significativas...........................................................................................................17
3.2 Conquistas femininas ao longo da história.................................................................................18
3.1.1 Dia Internacional da Mulher....................................................................................................19
3.1.2 Voto Feminino.........................................................................................................................20
3.1.3 Lei Maria da Penha..................................................................................................................21
3.1.4 Mulheres no futebol.................................................................................................................21
3.1.5 O feminismo no Brasil.............................................................................................................22
3.1.6 O direito de trabalho da mulher no Brasil................................................................................25
4. IMPORTANTES POSTOS OCUPADOS POR MULHERES...............................................274.1 Executivas em Cargos de Liderança em Empresas e na Política.................................................27
4.1.1 As Mulheres mais Poderosas do Mundo..............................................................................28
4.1.2 As Maiores Empresarias do Brasil.......................................................................................29
CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................................34CONCLUSÃO.........................................................................................................................37REFERÊNCIAS......................................................................................................................38
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1. INTRODUÇÃO
A participação da mulher no mercado de trabalho tem aumentado cada vez com
mais frequência, principalmente ao longo dos anos 70. Entretanto, sua inserção no mundo do
trabalho reflete as desigualdades de gênero observadas em outros setores da sociedade. Tal
afirmação pode ser comprovada ao se acompanhar os principais indicadores dessa inserção
(IBGE, 2013).
De acordo com a economista do IBGE Cristiane Soares IBGE (2013), as mulheres
passaram a fazer parte do quadro das empresas a partir de 1970, mas ainda não compunham
os postos de liderança. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnadana),
entre 1980 e 2000, o nível de escolaridade das mulheres já ultrapassava o dos homens, isto
pode nos apresentar o motivo pelo qual as mulheres passaram a concorrer com eles pelos
importantes postos no mercado de trabalho ambos com as mesmas capacidades, não há
indícios de que as mulheres passaram a ocupar um número considerável de postos de trabalho
que eram importantes, mas sabe-se que o esforço e a competência fizeram parte desta
mudança.
A partir da década de 2010, ficou certo que as mulheres passaram a ser consideradas
nas decisões estratégicas de grupos de renome e de peso na economia mundial. Hoje podemos
evidenciar várias mulheres que ocupam importantes postos nos topos de grandes empresas,
cargos que antes, apenas eram confiados a profissionais do sexo masculino (HIRATA, 2010).
É de grande importância para a sua evolução a inserção da mulher no mercado de
trabalho, que por sua vez, na atualidade, possui o mesmo poder significativo do homem
dentro de uma organização, mão de obra igualada ao do sexo oposto, estão cada vez mais
ocupando grandes cargos de confiança e provando sua competência para executar diversos
tipos de trabalho, em áreas diversificadas e tendo o mesmo reconhecimento que os homens
sempre tiveram, dos quais no passado, não eram reconhecidas como na atualidade, não por
falta de competência, mas sim pela descriminação em que sofriam dentro do mercado de
trabalho, sendo vistas inferiores aos homens para execução de diversas atividades. As
mulheres apenas podiam ser donas de casa e se doar totalmente aos trabalhos de casa e a sua
família, fora isso a mulher não poderia executar nada que pudesse ou quisessem e que não
fosse ligada a sua família e suas ‘devidas’ obrigações (HIRATA, 2010).
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1.1 OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo Geral
O objetivo geral deste trabalho é apresentar e informar a evolução histórica da
inserção da mulher no mercado de trabalho, e seu crescimento em ocupar cargos de
Liderança, antes só ocupados por Homens.
1.1.2 Objetivos Específicos
Mostrar a conquista da mulher em busca da igualdade na sua colocação no
mercado de trabalho;
Exibir as dificuldades ainda enfrentadas pelas mulheres na conquista por uma
colocação melhor e mais vista no mercado de trabalho;
1.2 RELEVÂNCIA DO TRABALHO
Este trabalho relata a superação da Mulher, enfrentando discriminações e desafios em
sua aceitação no mercado de trabalho. Na atualidade, a mulher cada vez mais consegue a
igualdade no ambiente de trabalho.
O interesse pelo tema deste trabalho se deu pelo fato do crescimento e abrangência da
mulher no mercado de trabalho e a mudança na visão das empresas com relação a isto.
1.3 DELIMITAÇÕES DO TRABALHO
O trabalho irá apresentar a evolução da mulher no mercado de trabalho na atualidade,
especificamente no Vale do Paraíba, favorecendo sua importância para o mesmo nos dias
atuais.
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1.4 METODOLOGIA
Segundo Vergara (2000, p.12) “método é um caminho, uma forma, uma lógica de
pensamento”. Nesse aspecto, o método é a maneira utilizada pelo autor para se chegar aos
resultados esperados na pesquisa, é a maneira utilizada pelo pesquisador para desenvolver
uma pesquisa. Neste sentido, com o método chega-se a conhecimentos válidos e verdadeiros,
traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista,
significa a escolha dos procedimentos sistemáticos para a descrição e explicação dos
fenômenos, ou seja, ao estudar determinado objeto, a metodologia mostra quais os
procedimentos utilizados pelo pesquisador para atingir seu fim (RICHARDSON, 1999;
LAKATOS, 2003).
Dentro do exposto, o presente estudo parte de uma perspectiva interpretativa quanto
às discussões teóricas sobre o tema: “O Poder da Mulher na Organização: sua Conquista de
Cargos de Liderança”.
Tal abordagem considera os sujeitos do estudo atores sociais, priorizando suas
perspectivas para o entendimento dos fenômenos. Caracteriza-se por uma análise subjetiva da
realidade social que procura clarificar e analisar em profundidade os significados construídos
pelos sujeitos pesquisados, dentro do contexto onde o fenômeno ocorre. (MERRIAN, 2008;
HUGHES, 2000)
Com Relação ao delineamento, trata-se de uma pesquisa bibliográfica, uma vez que,
serão utilizados livros, artigos, revistas e outros materiais de natureza bibliográfica.
Com a pesquisa em livros, monografias, dissertações de mestrado e teses de
doutorado serão possíveis recolher, selecionar e interpretar as contribuições teóricas já
existentes sobre o determinado assunto. A análise desses trabalhos já existentes possibilitará o
conhecimento das contribuições científicas sobre o tema abordado no trabalho (MARTINS,
1994).
Pode-se classificar a presente pesquisa como sendo mista quanto a sua abordagem ou
delineamento. Uma vez que a pesquisa qualitativa trabalha com informações de natureza
qualitativa como dados de pesquisas para buscar maior compreensão do fenômeno estudado,
fornecendo maior descrição e interpretação sobre o tema.
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2. A MULHER NA HISTÓRIA
Olhando para nosso passado vivíamos uma situação onde os homens eram
responsáveis pela caça e todo o trabalho a que se relacionava ao externo da casa e as mulheres
ficavam “apenas” com o trabalho de casa, tais como cuidar da casa e dos filhos.
Passando o tempo o homem teve a sua valorização no mercado de trabalho,
modificando os papéis que ambos assumiam. A mulher ainda cuidando da casa se viu limitada
somente a este papel, e conforme o tempo passava sua descriminação mediante ao homem foi
aumentando com o passar dos anos. Sendo assim a Mulher passou a exercer o papel de
subordinada anteriormente pelo pai e após o casamento pelo marido.
No final do século XVIII, a partir da Revolução Industrial começa então a fazerem uso
da mão-de-obra feminina em outros países, por melhores condições de trabalho, e igualdade
dos sexos, foi então que começou as reivindicações, pois em base de dados históricos as
operárias daquela época sofriam um sistema desumano de trabalho, onde era menor
remunerada em relação aos homens e trabalhavam mais que eles, pois as suas jornadas de
trabalho eram de 12 horas diárias. Também sofriam abusos tais como: espancamentos e
assédios sexuais por ser o sexo frágil e por estarem dispostas a trabalharem abusivamente
devido à necessidade (PRIORE, 2004).
No início do século XIX, por condições de trabalho na época insalubres e perigosas
havia muitos protestos dos trabalhadores. Como na época a mulher já lutava pelos seus
direitos; As operárias de fábricas de vestuário e indústria têxtil realizaram uma das
manifestações contra as más condições de trabalho e os baixos salários, isto aconteceu em 8
de março de 1857, em Nova York, nos Estados Unidos, data marcada pela luta por melhores
condições de vida para as mulheres, consagrada pelo dia internacional da mulher (PRIORE,
2004).
Em 1950 e 1960 a mulher alcançava apenas o posto de “dona de casa” devido ainda o
grande preconceito existente na época, pois a sua função, obrigação, dever e direito naquele
momento era continuar a cuidar da casa e de seus filhos e se dedicar apenas a esses afazeres,
pois não tinham qualificação e capacidade para obter e ocupar outros cargos. O preconceito
nessa época existia desde a escola, a mulher tinha o ensino diferenciado, suas aulas eram de
corte e costura sem obterem nenhuma preparação para o mercado de trabalho, sendo
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direcionadas para o magistério e posteriormente exercer a função de professora a única
profissão a qual era destinada a maioria a mulheres (MONTERO, 2008).
Apesar de todo o preconceito e dificuldade em conquistar o seu lugar, percebemos que
houve crescimento relacionado à inserção da mulher no mercado. Teixeira (2005) decorre
sobre esse fato de crescimento:
“Nos últimos cinquenta anos um dos fatos mais marcantes ocorridos na sociedade brasileira foi à inserção crescente das mulheres na força de trabalho. Este contínuo crescimento da participação feminina é explicado por uma combinação de fatores econômicos e culturais. Primeiro, o avanço da industrialização transformou a estrutura produtiva, a continuidade do processo de urbanização e a queda das taxas de fecundidade, proporcionando um aumento das possibilidades das mulheres encontrarem posto de trabalho na sociedade.” (TEIXEIRA, 2005, p.127).
Segundo Freyre (1992), o patriarca exerceu uma influência decisiva na formação da
sociedade brasileira, influência esta que se estendeu aos domínios da economia, da política e
da moral. Essa influência foi tão poderosa que as mulheres brasileiras permaneceram, e ainda
permanecem bastante afastadas do ideal de cidadania, apesar das conquistas importantes
garantidas, sobretudo, com a Constituição de 1988. Mas a incorporação maciça da mulher na
força de trabalho remunerado vem aumentando o seu poder de barganha vis-à-vis ao homem,
abalando a legitimidade da dominação deste em sua condição de provedor da família. Mas,
por outro lado, colocou um peso sobre os ombros das mulheres com suas múltiplas jornadas
diárias (trabalho remunerado, organização do lar, criação dos filhos e a jornada noturna em
benefício do marido) (LIMA, 1997).
2.1 A Evolução da Mulher no Mercado de Trabalho
Com o passar dos séculos, a mulher vem passando por diversas evoluções, até mesmo
no seu próprio estilo de vida, impactando em seu dia-a-dia, algumas profissões que são
consideradas para o sexo masculino, estão cada vez mais alterando um aumento na demanda
feminina.
Segundo Barros (2010) a participação de mulheres e o tratamento diferenciado dos
homens e mulheres no mercado de trabalho têm implicações tanto sobre a distribuição de
bem-estar como sobre a distribuição da capacidade de geração de renda da força de trabalho.
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Segundo o IBGE (2008), em referência a forma de inserção no mercado de trabalho no
ano de 2003, as mulheres se encontravam em situação menos favorável em relação aos
homens, menos de 40% de mulheres trabalhavam com carteira assinada, já entre os homens
esta proporção ficou próxima de 50%; E na contribuição para previdência ocorria também à
desigualdade, tendo mais de um terço (37%) das mulheres não contribuíam para previdência
sendo que o percentual de homens não contribuintes não atingia um terço.
De acordo com Santos (2012) assumindo a chefia da casa e da família a mulher passou
a possuir duas jornadas de trabalho, o seu emprego e cuidar da casa ao chegar em casa, à
mulher começa a desenvolver e descobrir o seus direitos como trabalhadora e mulher, o
trabalho assalariado traz a mulher muitas melhorias tais como autoestima e vontade de se
profissionalizar e buscar estudo, que acaba mudando a sua forma de pensar, parando de
pensar apenas como mãe e dona-de-casa e agora pensando como uma pessoa que possui
capacidade e inteligência;
Os primeiros indícios sobre entrada da mulher no mercado de trabalho, Falcão (2001)
dando ênfase:
“Isso começou a acontecer de fato com a I e II Guerras Mundiais (1914-1918 e 1939-1945, respectivamente), quando os homens iam para as frentes de batalha e as mulheres passavam a assumir os negócios da família e a posição dos homens no mercado de trabalho. Mas a guerra acabou. E com ela a vida de muitos homens que lutaram pelo país. Alguns dos que sobreviveram ao conflito foram mutilados e impossibilitados de voltar ao trabalho. Foi nesse momento que as mulheres sentiram-se na obrigação de deixar a casa e os filhos para levar adiante os projetos e o trabalho que eram realizados pelos seus maridos.” (FALCÃO, 2001, p.52).
Em janeiro de 2008 existiam aproximadamente 9,4 milhões de mulheres trabalhando
nas seis regiões metropolitanas, este número significava 43,1% das mulheres com 10 anos ou
mais de idade. Sendo em 2003 a proporção de 40,1% (IBGE, 2008).
Podemos afirmar que o houve um aumento degradado na ocupação das mulheres em
relação aos homens, nos anos entre 2003 e 2011, sendo que em 2003 eram 40% das mulheres
ocupadas para 2011 com 45,3%. (IBGE, 2008).
Com a inserção cada vez mais acentuada da mulher no mercado de trabalho e ainda
tendo seu lar para cuidar, ela fica sobrecarregada com essa dupla jornada de trabalho, já que o
homem na sociedade brasileira não tem o costume de ajudar muito com os afazeres
domésticos, o que também aos poucos vem mudando, mas ainda persiste existindo ainda mais
este desafio da mulher. Segundo o IBGE (2010), a mulher dedica uma média de 27,7 horas
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semanais em afazeres domésticos, enquanto os homens destinam 11,2 horas,
aproximadamente 2,5 vezes mais tempo despendido para a casa (EVANGELISTA, 2003).
2.2. O Trabalho Feminino e seus Impactos
Atualmente, fala-se na feminização no mercado de trabalho, cada vez com mais
frequência, isto mostra a inserção feminina no mercado atual, onde ocorre a valorização na
sua mão-de-obra, que antigamente eram valorizadas apenas pelo sexo masculino.
A mulher conseguiu seu espaço pela sua capacidade de exercer várias funções ao mesmo
tempo e também de sua facilidade de relacionamento com os demais membros da equipe de
trabalho.
Os impactos da inserção feminina no mercado de trabalho, a distribuição de bem-estar
e sobre a distribuição da capacidade de geração de renda podem ser bastante distintos.
Conforme os membros de uma família dividem seus recursos de forma equitativa, o bem estar
de um membro qualquer da família apenas depende da renda per capita familiar.
Normalmente homens e mulheres tendem a conviver em família, o tratamento desigual de
homens e mulheres no mercado de trabalho, que tanto impacto tem sobre a distribuição da
capacidade de geração de renda, pode ter pouco impacto sobre a distribuição do bem–estar
(BARROS, 2010).
Os problemas enfrentados pelas mulheres não são desconhecidos, estes são
principalmente sempre em comparação aos homens, pois uma das maiores dificuldades é em
relação ao salário onde podemos observar à discrepância em relação ao salário masculino,
com alguns preconceitos a mulher acaba sofrendo preconceitos para sua inserção no mercado
de trabalho, isto era muito mais ocorrente quando se deu início à inserção da mulher no
mercado de trabalho, já podemos dizer que o fato tem diminuído conforme o decorrer dos
anos (SOUZA, 2009).
Sendo assim, podemos afirmar que a sociedade brasileira vem aceitando a realidade
das mulheres ter dominado o mercado de trabalho na atualidade. Sabemos que as práticas
patriarcais seculares enraizadas nas relações sociais devem ser combatidas no cotidiano de
maneira permanente (MARTINS, 2008).
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As novas gerações de mulheres têm se comprometido a buscar a igualdade entre
mulheres e homens, fazendo-se assim que ambos sejam valorizados da mesma maneira, com
respeito às diferentes orientações sexuais, além da igualdade racial e étnica. A luta das
mulheres em relação à igualdade vem se intensificando a cada ano, envolvendo assim a
igualdade racial. Hoje as mulheres jovens têm importantes decisões a serem tomadas, pois no
período de transição de estudantes a profissionais, devem decidir sobre quais papéis da face
feminina irão adotar: donas de casa, profissionais ou acomodar esta vida duplo-tripla de
esposas, mães e profissionais, o que não é nada fácil à mulher jovem decidir (MARTINS,
2008).
Segundo Bruschini e Lombardi (2009) com o desenvolvimento do trabalho feminino
as mulheres cada dia mais ganham o seu espaço, desde a década de 70, a participação das
mulheres no mercado de trabalho tem apresentado grande impacto devido ao seu crescimento,
No ano de 1970 apenas 18¢ das mulheres brasileiras trabalhavam, crescendo para 52,4% em
2007.
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3. AS MULHERES E SUAS CONQUISTAS
Nesse tópico iremos relatar sobre as grandes conquistas das Mulheres, veremos
também como foram à inclusão do voto para a população feminina da época, as leis que
abrangem a proteção às mulheres e as mulheres que se inseriram em cargos ocupados somente
pelo sexo masculino.
3.1 Conquistas Significativas
Para a mulher o simples fato de poder ter saído de suas casas e poderem estudar já foi
uma das maiores conquistas, de não ser somente aquela que simplesmente tem o compromisso
com os afazeres domésticos e sim a mulher que rompeu barreiras procurando ser tratada como
realmente merece.
A educação feminina baseava-se nas primeiras letras que podiam ser feitas em casa ou
nos recolhimentos. De acordo com Araújo (apud PRIORE 2001, p.48):
‘O programa de estudos destinado às meninas era bem diferente do dirigido aos meninos, e mesmo nas matérias comuns, ministradas separadamente, o aprendizado delas limitava-se ao mínimo, de forma ligeira, leve. Só as que mais tarde seriam destinadas ao convento aprendiam latim e música; as demais se restringiam ao que interessava ao funcionamento do futuro lar: ler, escrever, contar, coser e bordar; além disso, no máximo, que a ‘mestra lhes refira alguns passos da história instrutivos e edificação, e as faça entoar algumas cantigas inocentes, para tê-las sempre alegre e divertida. ’
A família e a mulher submetiam-se a opinião dos outros. Elas eram vigiadas pelo
marido ou pai e também pela sociedade, tendo assim, que aprender a comporta-se em público
e a conviver de maneira educada.
Para Simões (2012), ao decorrer dos anos a mulher esta começando a alcançar
melhores ocupações e fatias do mercado, seu poder significativamente também sofreu
mudanças, hoje temos um número grande de mulheres ocupando postos de trabalho e que hoje
contribuem para a economia nacional, tornasse visível a presença feminina em diversos
segmentos de trabalhos e a preferência por mulheres em alguns distintos segmentos e
consequentemente ocasionando em diversas conquistas tais como a igualdade salarial.
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3.2 Conquistas femininas ao longo da história
Alguns fatos marcaram a historia ao longo dos séculos XIX e XX dos movimentos
feministas. Listamos algumas das datas mais importantes que sempre são lembradas quando o
assunto se trata da Mulher.
1788 – Na França, o político e filósofo Condorcet, luta para os direitos de
participação política, educação e emprego para as mulheres;
1789 – Ainda na França, as mulheres passam a atuar na sociedade de forma
mais significativa, buscando melhorias nas condições de vida e de trabalho, participação
política, o fim da prostituição, o acesso à instrução e a igualdade de direitos entre os sexos;
1791 – Também na França, a francesa Olympe de Gouges lança a Declaração
dos Direitos da Cidadã, onde reivindicava o ‘direito feminino a todas as dignidades;
1793 – Olympe de Gouges foi condenada à morte de guilhotinada em 3 de
março por ‘querer ser um homem de estado e ter esquecido as virtudes próprias do seu sexo’.
E ainda nesse ano todas as associações femininas foram proibidas na França;
1819 – A Inglaterra aprova a lei que reduzia para 12 horas o trabalho das
mulheres e dos menores entre 9 e 16 anos;
1840 – Lucrécia Mott luta pela igualdade de direitos para mulheres e negros
dos Estados Unidos;
1859 - Surge na Rússia, na cidade de São Petersburgo, um movimento de luta
pelos direitos das mulheres;
1862 – Durante as eleições municipais, as mulheres podem votar pela primeira
vez na Suécia;
1865 – Na Alemanha, Louise Otto, cria a Associação Geral das Mulheres
Alemãs;
1866 – No Reino Unido, o economista John S. Mill escreve exigindo o direito
de voto para as mulheres inglesas;
1869 – É criada nos Estados Unidos a Associação Nacional para o Sufrágio das
Mulheres;
1870 – Na França, as mulheres passam a ter acesso aos cursos de Medicina;
1874 – Criada no Japão a primeira escola normal para moças;
1878 – A Rússia implanta uma universidade feminina;
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1901 – O deputado francês René Viviani defende o direito de voto das
mulheres;
1903 – Profissionais liberais norte-americanas criaram a Women’s Trade Union
League. Esta associação tinha como principal objetivo ajudar todas as trabalhadoras a
exigirem melhores condições de trabalho;
1908 – Mais de 14 mil mulheres marcharam nas ruas de Nova York,
reivindicando o mesmo que as operárias de 1857, além do direito de voto. Caminhavam com
o slogan ‘Pão e Rosas’, em que o pão simbolizava a estabilidade econômica e, as rosas, uma
melhor qualidade de vida;
1910 – Numa conferência internacional de mulheres, realizada na Dinamarca,
foi decidido, em homenagem àquelas mulheres, comemorar o 8 de Março como Dia
Internacional da Mulher;
1932 – É instituído no Brasil o voto feminino.
3.1.1 Dia Internacional da Mulher
No dia 08 de março, comemoramos essa conquista se deu a um grupo de operárias
têxtil, de Nova York, as operárias entraram em greve, ocupando o local de trabalho buscando
redução de jornada de trabalho, e equiparação salarial, pois os salários das mulheres eram
inferiores ao dos homens. Sendo assim as operárias foram trancadas dentro da fábrica
intencionalmente, foi ateado fogo com a mesma trancada no interior da indústria, sem que
conseguissem sair do local, por volta de 130 tecelãs morreram carbonizadas, sufocadas e
queimadas. Após esse incidente o dia ficou conhecido como o dia Internacional da mulher.
(ABRAHÃO, 2013). A Figura 1 apresenta o dia do protesto.
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Fonte: Projeção Brasileira – Por Perci Marrara
Figura 1: Mulheres tecelãs no século XIX: Repressão violenta motivou
Criação da data.
A liberdade trouxe até mesmo às mulheres a autonomia no direito de amar. Os homens
passaram então, a estar atentos às suas necessidades, e assim considerar os desejos e
aquisições importantes da mulher, levando em conta sua posição, além de oferecer apoio. No
livro Teoria Feminina, Goldman (1986), diz “deve-se descobrir como sermos nós mesmos e
ainda achar unidade com outrem, como sentir-se em profunda comunicação com todos os
seres humanos e conservar intactas as qualidades características de cada um”. Hoje, o modo
como cada uma se coloca frente à sociedade se distância cada vez mais do papel feminino
exercido no século XIX, graças a sua influência ela vive nos dias atuais frente ao seu tempo,
expondo-se às críticas e lutando para conquistar o espaço quase sempre acirrado.
3.1.2 Voto Feminino
Após muita luta a mulher consegue através do Decreto nº. 21.076, de 24 de fevereiro
de 1932 o direito ao voto, a conquista do voto feminino foi resultado de um processo de lutas,
avanços e recuos, tal conquista anteriormente jamais imaginada. Pois apenas tinha o direito de
obedecer a seu marido, sua submissão foi acabando conforme o passar dos anos e suas
conquistas mediante a sociedade (SIMÕES, 2012).
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Em 1910, seguindo uma tendência mundial do movimento sufragista, a professora
carioca Deolinda Daltro funda o Partido Republicano Feminino, defendendo o direito de voto
para as mulheres e a abertura dos cargos públicos a todos os brasileiros, indistintamente
(QUEIROS 2009.).
3.1.3 Lei Maria da Penha
A popular Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006) é resultado de uma luta histórica dos
movimentos feministas e de mulheres por uma legislação contra a impunidade no cenário
nacional de violência doméstica e familiar contra a mulher, à lei é reconhecida pela ONU
como uma das três melhores legislações do mundo no enfrentamento a violência contra as
mulheres (GOMES, 2011).
3.1.4 Mulheres no futebol
Segundo FURTADO (2010) com o avanço das conquistas feministas, alguns aspectos
relacionados à vida da mulher, foram tratados mais abertamente, o esporte foi uma das
conquistas, mais muito rodeado de dificuldades e preconceitos, o futebol desde sua origem,
foi um esporte marcado por uma maciça presença masculina, o futebol tem grande influência
não só no esporte mais também na área social.
Capellano (1999) mostra que as mulheres tiveram um papel precursor em relação às
torcidas de futebol. O termo “torcer” foi incorporado ao futebol brasileiro devido ao modo
como as moças das boas famílias se comportavam nestes eventos.
Foram as mulheres, aliás, que consagraram a expressão “torcer”. Como não ficava bem para uma dama se descabelar, gritar, chorar, com seu time de coração, elas levavam para os estádios pedaços de pano, os quais torciam durante as partidas para aliviar a tensão. O habito as fez ficar conhecidas como “torcedoras” e não demorou muito para o termo ser adotado para designar todos àqueles que compareciam com frequência às partidas no intuito de incentivar as equipes (CAPELLANO, 1999, p.91).
Conforme o passar do tempo às mulheres passaram das arquibancadas para os
gramados. No ano de 1940 já se ouvia notícias de partidas de futebol disputadas por
mulheres, nesta época, viviam-se tempos de autoritarismo político no Brasil, e a heugenia
22
fazia do corpo uma questão de Estado. Era necessário mulheres com corpos saudáveis para
que gerassem filhos saudáveis, podendo assim contribuir para a Nação. Após esse período,
aos poucos, o futebol praticado por mulheres estava sendo consolidado no país, assim
criando os times femininos e também a Seleção Brasileira Feminina de Futebol. Mesmo com
essa conquista de espaço ainda é necessário o reconhecimento deste espaço, pois ainda são
enfrentados muitos problemas, além da discriminação existe a falta de patrocínio aos times e
as jogadoras do sexo feminino (FURTADO, 2010). A Figura 2 mostra o primeiro time de
futebol feminino.
Figura 2 – Ney Montes com o primeiro time de futebol feminino do Brasil 1959.
Fonte: Teresa Cris Cunha.
3.1.5 O feminismo no Brasil
Há uma narrativa de ‘origem’ do ressurgimento do feminismo no Brasil, na década de
1970, que prevalece até os dias atuais. Essa narrativa foi resultado de disputas de poder entre
diversos grupos feministas, e entre estes e os diversos personagens envolvidos na luta contra a
ditadura militar, instalada no país entre 1964 e 1985. A forma como foram definidas essas
datas reflete interpretações oriundas de diferentes lugares. Fala de poderes e conflitos.
O feminismo que foi retomado no Brasil na década de 1970 tem histórias
entrecruzadas e conflitivas. Essas histórias merecem uma análise mais detalhada, visando
observar, não necessariamente a verdadeira data brasileira do renascimento do feminismo,
23
mas sim as disputas que se constituíram. É, portanto, a invenção dessas origens e suas
disputas pelo poder que pretendo discutir neste texto. (HIRATA, HELENA; 2010)
Uma das narrativas fundadoras do feminismo no Brasil informa que, graças à
definição, pela ONU — Organização das Nações Unidas, de 1975 como o Ano Internacional
da Mulher, e como ano de início da Década da Mulher, aconteceu no Brasil o ressurgimento
do movimento feminista ‘organizado’. Este teria sido inaugurado com uma reunião, ocorrida
em julho de 1975, na ABI — Associação Brasileira de Imprensa, no Rio de Janeiro, e com a
constituição do Centro da Mulher Brasileira, também naquela cidade. A partir de então, teria
ocorrido o aparecimento de outros espaços de união e movimento feminista em outros lugares
do Brasil.
Essa narrativa fundadora informa, também, que o ressurgimento do movimento de
mulheres e feminista em 1975, com o apoio da ONU, teriam representado para diversos
partidos e grupos políticos, ainda clandestinos, que tentavam se reorganizar em meio à
repressão, uma possibilidade e, ao mesmo tempo, uma ameaça. Inicialmente a possibilidade
aberta pelo ano Internacional da Mulher foi considerada como um espaço autorizado para
fortalecer a luta contra a ditadura, e, portanto, entre os partidos clandestinos, uma
possibilidade de reuniões e atuação sob a proteção da ONU, sem que se sentissem ameaçados
pela repressão. Entretanto, o fato de 1975 ser o Ano Internacional das Mulheres, tendo
resultado de uma luta feminista que recomeçava, foi, também, pensado como uma ameaça ao
projeto político de muitos desses grupos, pois poderia significar a ‘dispersão’ daquilo que
consideravam uma luta prioritária.
Convém, aqui, destacar a importância do Ano Internacional da Mulher e do apoio da
ONU para o Brasil. Vivendo, desde 1964, em plena ditadura militar, durante a qual qualquer
reunião, especialmente de grupos constantemente vigiados, constituía um risco muito grande,
a Década da Mulher e o Ano da Mulher proporcionaram o lançamento de vários eventos
acerca de questões relativas à mulher. Temos que destacar, antes de tudo, que a iniciativa da
ONU apenas repercutiu o que estava acontecendo desde os anos 60 e, principalmente, no
início dos anos 70, em vários países da Europa e nos Estados Unidos, onde as manifestações
feministas enchiam as ruas das cidades reivindicando direitos — entre estes, o de livre
disposição do corpo. No Brasil, o evento patrocinado pelo Centro de Informação da ONU, em
julho de 1975, no Rio de Janeiro, realizado na ABI, teve o tímido título de “O papel e o
comportamento da mulher na realidade brasileira”. Esse jornal teve vinte edições, com uma
tiragem de 5 mil exemplares, tendo alguns números saído com dez mil
24
O próprio jornal vinculava-se muito mais à luta pela anistia e contra a ditadura do
que às questões feministas. Muitas de suas editoras eram ligadas ao PCdoB. Maria Amélia de
Almeida Teles relata, em seu livro A breve história do feminismo no Brasil, sobre isso: O
Brasil Mulher se propunha principalmente a defender a anistia a todos os presos e perseguidos
políticos. E, com isso, ele rapidamente se afirma frente às forças políticas de oposição ao
regime militar. Exemplares desse jornal chegavam a vários estados. Em diversos deles, como
Bahia, Rio de Janeiro, Paraíba e Maranhão, além de São Paulo, as mulheres se organizavam
para lê-lo, distribuí- ló e enviar notícias para a própria edição. (TELE MARIA, 2009)
Maria Amélia usava o jornal Brasil Mulher para fazer discussão com as mulheres.
Lia, com elas, trechos do jornal, e em seguida discutia. De acordo com ela, se não fizesse
desse modo às mulheres não o leriam. O jornal Brasil Mulher foi publicado em Londrina até o
segundo número; a partir daí, passou a ser publicado em São Paulo, circulando até março de
1979. Em 1977, Joana Lopes, sua primeira editora, deixou o jornal (TELES MARIA, 2009 ).
Rosalina de Santa Cruz Leite, uma das editoras do Brasil Mulher, informa que o
jornal era constituído por mulheres militantes do Partido Comunista do Brasil — PCdoB, da
Ação Popular Marxista Leninista.
O que essas mulheres estavam trazendo do exterior era resultado do movimento
feminista, que estava ganhando espaço nas ruas e na mídia em geral. No Brasil, entretanto,
tudo isto era novidade. No Rio de Janeiro, a partir de 1972 também apareceram grupos de
reflexão. O primeiro grupo foi formado por Branca Moreira Alves, e durou até 1973.
Esse grupo também sofreu influência do feminismo dos Estados Unidos. Branca
Moreira Alves estudava em Berkeley quando entrou em contato com o feminismo,
participando, por três meses, de um desses grupos de reflexão. Ao chegar ao Brasil, resolveu
usar a mesma metodologia, reunindo mulheres. Fez, inicialmente, um só grupo com mulheres
das mais diferentes idades. Entretanto, a diferença de geração estava inibindo as pessoas. Ela,
então, dividiu o grupo entre as da geração de sua mãe — acima de 45 anos — e as de sua
própria geração. Esse grupo das mais jovens durou de 1972 até o final de 1973.
Maria Amélia, em sua entrevista, defende o Brasil Mulher da acusação de não ser
“suficientemente feminista”: O Brasil Mulher é que me dá toda sustentação teórica para o
feminismo poder falar o que quiser do Brasil Mulher, pois todo mundo fala que não é tão
feminista, que o Nós Mulheres é mais. Tem aquela disputa, mas não me interessa, foi o que
me ajudou. Porque lá a gente refletia sobre feminismo.
25
Lutar no Brasil pela ‘liberação das mulheres’, no campo da esquerda e em plena
ditadura militar, não permitia que o feminismo brasileiro fosse semelhante ao projeto que se
desenvolvia na Europa e nos Estados Unidos, de onde vinham os livros, as ideias, as
propostas. Certamente foi esse cenário o principal responsável pela data ‘fundadora’ de 1975.
Aquelas que, anteriormente, estavam discutindo e formando uma nova feminilidade, não
reconheceram como feministas as atuações de vários dos grupos que assim se denominavam,
tornando a própria denominação ‘feminista’ alvo de intensas disputas. A luta contra a ditadura
e a busca por ‘conscientização’ das camadas populares tornaram o movimento feminista e de
mulheres uma maneira menos arriscada de realizar esse projeto.
3.1.6 O direito de trabalho da mulher no Brasil
A história do Direito do Trabalho no Brasil começa, efetivamente, com as
progressivas medidas que vão sendo tomadas e que culminaram no fim da escravidão. É com
o fim da escravidão que milhares de postos de trabalho, notadamente na agricultura, serão
criados.
As mulheres pobres que necessitavam trabalhar para seu sustento eram vítimas de um
duplo preconceito, porque trabalhavam, quando seu lugar, segundo os ditames da elite, seria
em casa, cuidando dos filhos e esperando o marido e também porque eram mulheres, com isso
para muitos seu trabalho valia menos.
No início da industrialização do país, a mão-de-obra feminina era empregada em
larga escala. Nem todas as mulheres saiam de casa para trabalhar; era prática comum que
indústrias de peças de vestuário ou alfaiatarias contratassem costureiras para efetuar seus
trabalhos em casa.
Se às mulheres restavam as tarefas menos especializadas e pior remuneradas na
divisão do trabalho fabril, a jornada de trabalho excessiva era um “privilégio” de todos os
trabalhadores. Apenas em 1932, foi fixada uma jornada de trabalho em oito horas diárias. No
mesmo ano, teve início no Congresso Nacional a tramitação de um projeto de Código do
Trabalho, apresentando, entre outras coisas, legislação específica para o trabalho da mulher.
Porém a primeira Lei aprovada de cunho protecionista à mulher operária surgiria em São
Paulo em 1917, que proibia o trabalho de mulheres em estabelecimentos industriais no último
mês de gravidez e no primeiro puerpério.
26
Na CLT, no capítulo III foi intitulado “Da proteção do trabalho da mulher” e aborda
os seguintes assuntos em cada uma de suas seções:
I. Da duração e condições do trabalho;
II. Do trabalho noturno;
III. Dos períodos de descanso;
IV. Da proteção à maternidade;
V. Das penalidades.
Ao analisarmos os artigos contidos em cada uma dessas seções, podemos concluir
que o intuito do compilador celetista foi à proteção da mulher quanto à sua saúde, sua moral, e
sua capacidade reprodutiva.
27
4. IMPORTANTES POSTOS OCUPADOS POR MULHERES
A cada dia mais as Mulheres estão se qualificando e se preparando para o Mercado de
Trabalho, que está cada vez mais competitivo e exigente. Assim elas estão cada vez mais
conseguindo ocupar lugares até então não imaginados por elas ocupar, tais como Gerentes,
Diretores, Especialistas, etc.
4.1 Executivas em Cargos de Liderança em Empresas e na Política
Ao longo da história, os papéis de liderança sempre foram atribuídos à figura
masculina, especialmente na era patriarcal, quando os cargos de chefia com autoritarismo
alimentava o falso conceito de que essa era a melhor forma de comandar. No entanto, nessas
últimas décadas esse perfil tem sido mudado, pois, percebeu-se que se lidera melhor com
estilo democrático, incentivador e flexível e essas características a mulher desempenha
naturalmente, desde a liderança no lar ao mais alto cargo de gerência em qualquer área. No
presente século, está explícito que o “modus operandi” de administrar é subjetivo e complexo
e que o indivíduo carece não apenas de conhecimentos, mas, habilidades e, sobretudo atitudes,
inclusive na superação de seus próprios limites, que por sinal as mulheres têm se destacado e
assumido papéis que outrora só eram exercidos pelos homens, a exemplo clássico temos a
atual presidente do Brasil, a Sr.ª Dilma Rousseff.
Mesmo que sofrendo dificuldades em algumas áreas, as mulheres aumentaram a sua
participação em cargos de diretores na última década (de 12,1% para 24,4%). No ano de 2010,
há cada quatro cargos de direção, um era ocupado por mulheres. Não se pode desconsiderar a
contribuição das diretoras de empresas de serviços comunitários e sociais nessa melhoria, pois
dentre as 3 mil mulheres que assumiram cargos de direção entre 1989 e 2000, 2 mil o fizeram
neste tipo de atividade, tornando-se maioria (57,7%). Tal comportamento pode estar
associado à forte presença feminina nas atividades comunitárias e sociais, aumentando a
possibilidade de ascensão profissional entre elas (BRUSCHINI, e LOMBARDI, 2000).
A proporção de mulheres nos cargos de alta liderança nas empresas de Capital Aberto
brasileiras é da ordem de 8% atualmente (2015), segundo dados do IBGE. Houve um
crescimento de mulheres em cargos de Diretoria Executiva no período de 2003 a 2015, ou
28
seja, os índices foram de 4,2% em 2003 para 7,7% ao final de 2012 e, alcançaram a casa dos
9,0% em 2015.
Nas eleições de 2014, aumentou a participação de mulheres que concorreram aos
cargos em disputa: foram 6.572 candidatas contra 5.056 no pleito de 2010. Ainda assim a
proporção da participação feminina na política brasileira ficou abaixo dos 30% estipulado
como mínimo pela Legislação Eleitoral.
O número de mulheres em cargos de Liderança aumentou em todo o mundo nos
últimos tempos, mas, apresentou queda no Brasil. Ao mesmo tempo, o número de CEOs
mulheres também subiu, tanto no mundo quanto no Brasil. Os dados fazem parte do
‘International Business Report2014’, da consultoria Grant Thornton.
4.1.1 As Mulheres mais Poderosas do Mundo
Segundo a Revista Forbes em 2015, as 100 mulheres mais poderosas do mundo são:
1Angela Merkel - Chanceler da Alemanha;
2 Hillary Clinton -Ex-secretária de Estado e candidata à presidência dos EUA;
3 Melinda Gates - Co-fundadora e co-presidente da Fundação Bill e Melinda Gates;
4 Janet Yellen - Presidente do Banco Central Norte-Americano (FED)
5 Mary Barra - CEO da General Motors;
6 Christine Lagarde - Diretora-Gerente do FMI;
7 Dilma Rousseff - Presidente do Brasil;
8 Sheryl Sandberg - Empresária e chefe operacional do Facebook;
9 Susan Wojcicki - CEO do Youtube;
10 Michelle Obama - Primeira-dama dos Estados Unidos
A única brasileira da lista é a presidente Dilma Rousseff que ocupa a 7ª posição do
ranking. No ano passado (2014), ela ocupava o 4º lugar.
29
No topo da lista está a chanceler alemã, Angela Merkel, seguida da candidata à
presidência dos EUA, Hillary Clinton. Hillary, aliás, figura na lista desde a primeira edição,
em 2004.
A apresentadora americana Oprah Winfrey e a cantora e empresária Beyoncé
também aparecem na lista, em 12º e 21º lugar, respectivamente.
Adriana Huffington, presidente e editora chefe do ‘The Huffington Post’, figura em
61º lugar no ranking.
A rainha da Inglaterra, no auge dos seus 89 anos de idade, figura em 41º lugar como
a mulher mais poderosa do Mundo.
4.1.2 As Maiores Empresarias do Brasil
As maiores empresarias do Brasil, segundo pesquisas em revistas especializadas em
empreendedorismo são:
1. Leila Velez e Zica Assis | Beleza Natural
Uma ex-empregada doméstica, um ex-taxista e dois ex-atendentes do McDonald’s.
Todos os dias, os quatro entravam em ônibus urbanos para colar, no vidro atrás do motorista,
um papel xerocado. “Se seus cabelos são um problema, nós somos a solução”, dizia o
anúncio. À noite, o papel era arrancado pelos supervisores. De manhã, lá estavam eles de
novo, fazendo sua divulgação.
Essa história começou há 21 anos, quando Zica Assis começou a misturar produtos e
matérias-primas em busca da fórmula que traria balanço a seus cachos super-rebeldes.
Foram incontáveis testes, que chegaram a deixar familiares carecas, até encontrá-la.
Nascia o ‘Beleza Natural’, primeiro instituto especializado em cabelos crespos e ondulado do
Brasil.
2. Luiza Helena Trajano | Magazine Luiza
Ela nasceu e foi criada no interior de São Paulo, em Franca. Filha e sobrinha única
aprendeu a inteligência emocional com a mãe, e o empreendedorismo e o espírito de
vendedora com a tia, também Luiza. Somando valores como honestidade, sonho grande,
30
generosidade e aprendizado constante, transformou a loja fundada pelos tios em um dos
maiores varejistas do país: o Magazine Luiza.
.
3. Sônia Hess | Dudalina
Numa das idas a São Paulo para reabastecer o estoque da vendinha, Seu Duda acabou
comprando muito mais do que deveria de um tecido. Prejuízo certo em uma época em que as
coisas não eram tão acessíveis como hoje, o espírito empreendedor de Dona Lina assumiu o
controle. Ela descosturou uma camisa que tinha na venda, entendeu como a peça era feita,
contratou duas costureiras (que passaram a trabalhar no quarto dos filhos) e, naquela tarde,
fizeram três peças que venderam bem rápido. Da situação, Dona Lina viu uma oportunidade e
assim nasceu a Dudalina, em 1957.
Seu Duda e Dona Lina são os pais de Sônia Hess. Ela, empreendedora, ele, poeta. As
primeiras lojas de Balneário Camboriú foram deles. Segundo Sônia, as tocadas pela mãe, de
quem herdou a sensibilidade para os negócios, eram muito mais bem sucedidas. Com 11
irmãos homens, Sônia assumiu a presidência da camisaria fundada pelos dois e a transformou
na maior exportadora de camisas do país.
4. Alcione Albanesi | FLC
Alcione Albanesi nasceu prematura – brinca que nem na barriga da mãe, conseguiu
esperar para fazer as coisas, e sua veia empreendedora se manifestou cedo. Com 14 anos,
arranjou um trabalho como modelo, mas o que ela queria era ser dona da confecção de roupas,
por isso se inseria nos bastidores do corte e costura. Montou sua própria confecção e, com 17
anos, já tinha 80 funcionários.
Em 1992, com a confecção vendida e outra loja bem-sucedida em funcionamento,
Alcione encontrou uma lâmpada fluorescente sendo vendida a baixo custo em uma loja nos
EUA, várias vezes mais barata que no Brasil, onde ainda era novidade. Quando leu “Made in
China” no produto, resolveu ir sozinha visitar o país e perguntar pelas lâmpadas. Foram 71
viagens à China desde então, que contribuíram para a criação e o rápido crescimento da FLC.
5. Janete Vaz e Sandra Costa | Laboratório Sabin
As bioquímicas Janete Vaz e Sandra Costa já eram amigas quando se tornaram sócias.
Janete conta que, desde criança, observava o pai fazendo negócios no alpendre da casa.
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Sandra lembra a inspiração empreendedora de sua mãe, costureira que fez da sua profissão um
grande negócio e foi seu exemplo de coragem. Honestidade, sinceridade, palavra, trabalho. Os
valores herdados da família foram trazidos para o Sabin e fizeram dele um dos melhores
lugares para trabalhar no país.
Com muita humildade para aprender, essas duas mulheres empreendedoras
começaram buscando credibilidade junto à classe médica e perceberam o quanto precisavam
se capacitar. Com apoio de profissionais especializados, o Sabin, que começou com três
funcionários, alcançou a marca de 2000. Aos novos colaboradores, elas repetem a frase que se
tornou um lema desde que, sentadas na calçada, observavam o prédio da empresa que
acabavam de criar: “Tire seus sonhos da gaveta”.
Podemos citar ainda, outras empresas que possuem mulheres em seus cargos de
Liderança, e qual fazer uma comparação com a ocupação em cargos de liderança pelos
homens nestas mesmas empresas:
• Xerox – empresa de equipamentos multinacional – há uma diretora à frente de sete
diretores (segundo escalão). A presidência é masculina. Os homens na empresa são 2.206
(74,2%) e as mulheres, 766 (25,8%). As mulheres apareceram no escalão de diretoria apenas
de oito anos para cá.
• Banco do Brasil – empresa nacional estatal – na qual há 50.866 homens e 27.494
mulheres, mas não há mulheres dentre os 13 diretores.
• Wella – empresa de cosméticos – com 666 empregados, sendo 372 mulheres. No
primeiro escalão – presidência e três vice-presidentes – não há mulheres, mas na diretoria há
uma mulher entre os cinco diretores, na área de marketing para a América Latina.
• Indústria Gross – farmacêutica de pequeno porte – com 204 empregados, sendo 123
homens e 81 mulheres. A empresa conta com um cargo de presidência e três cargos de
diretoria, sendo um destes ocupados por mulher, da área industrial.
• Editora Record – empresa nacional – com 183 funcionários, 40% dos quais do sexo
feminino. Dos cinco cargos de direção dois são preenchidos por mulheres, diretoria comercial
e diretoria de produção.
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• Coca-Cola Company – empresa que trabalha com sistema de franquia – autoriza
engarrafadora a produzirem, distribuírem e venderem os produtos Coca-Cola: conta com 14
diretores e duas diretoras.
• Texaco – multinacional de petróleo – com mais de mil funcionários, tem apenas uma
mulher no escalão de diretoria, a de recursos humanos.
• ATL – empresa de telefonia – com 1.537 funcionários, sendo a maioria mulheres:
923 (60%). No escalão de diretoria, porém, esse percentual é escasso: três mulheres (18%)
para 14 homens (82%).
4.1.3 Mulheres Executivas como Estratégia de Negócio
Apesar das dificuldades, as mulheres têm mostrado grande interesse em se inserir
profissionalmente no mercado, buscando cada vez mais capacitarem-se para conquistar a
igualdade, seja por necessidade ou independência financeira. Vemos hoje muitas mulheres na
área de engenharia, medicina, transportes, em cargos da alta diretoria.
Devido ao grande número de mulheres que estão entrando no mercado empreendedor
e, tornando-se grandes executivas, muitas multinacionais no Brasil, estão adotando políticas
para elevar a participação de mulheres em cargos de alto escalão, utilizando-se desta
participação como uma estratégia de negócios.
Um exemplo disso é a Coca-Cola, que já em 2008 percebeu um problema: a proporção
em cargos de chefia estava longe do ideal. No Brasil, enquanto metade da força de trabalho
era de mulheres, só 23% dos cargos de diretoria eram ocupados por executivas.
A empresa criou então, um grupo para debater o tema, intensificou sua política de
flexibilidade de horários e, baixou a regra de que entrevistas com candidatos a novas vagas
deveriam ter o mesmo número de homens e mulheres.
No Brasil, as mulheres são maioria na universidade. Não se pode desperdiçar talentos,
é o slogan da vice-presidente da Coca-Cola no Brasil, Claudia Lorenzo.
Hoje, quase um terço dos diretores de empresas no Brasil são mulheres.
Na Unilever, dona de marcas como Dove e Kibon, a ascensão feminina virou parte da
estratégia de crescimento. Em 2012, a empresa lançou a meta de dobrar sua receita mundial,
33
de US$ 68 bilhões, até 2020. Para isso, deveria alcançar a equidade até 2015. Estudos feitos
pela empresa Unilever, mostram que as empresas com paridade de gênero têm desempenho
financeiro melhor e ações mais valorizadas. Está claro para o Unilever que ter mais mulheres
em seu quadro de executivos é uma vantagem competitiva.
A gerente de desenvolvimento de sistemas da Texaco, foi uma das primeiras mulheres
a ingressar em cargo gerencial, o que ocorreu em 1986, na coordenação de desenvolvimento
de sistemas, em uma equipe só de homens.
34
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Percebe-se com a pesquisa que, no Brasil, no período correspondente de 2000 à 2015,
cerca de 25% dos cargos de Diretoria, nos vários segmentos corporativos, são ocupados por
mulheres, percentual maior do que o esperado, à luz dos estudos sobre o trabalho feminino
que enfatizam os obstáculos encontrados pelas trabalhadoras para ter acesso a cargos de
chefia. Entretanto, os dados coletados através de artigos sobre o tema e, livros de autores
especializados em pesquisas sobre o Mercado de Trabalho e a Ocupação das Mulheres em
cargos de Liderança no Brasil e no Mundo, mostraram que esses cargos concentram-se em
áreas tradicionais femininas, como o social, a cultural e a da saúde. Ou seja, mesmo nos níveis
tradicionais guetos femininos. Elas são mais jovens do que os diretores, está a menos tempo
do que eles na diretoria e predominam em empresas de maior porte. Têm nível superior de
escolaridade, porém, apesar do alto cargo ocupado, recebem rendimentos inferiores aos de
seus colegas diretores.
As executivas em geral alegam que esse diferencial ocorre em virtude de terem
chegado mais tarde ao mercado de trabalho e ao fato de que as melhores posições ainda são
ocupadas pelos homens. Todas são unânimes em afirmar que não há diferenças salariais para
os mesmos cargos. O que existe são posições melhores ocupadas pelos homens, que está há
mais tempo no mercado, por isso ganham mais – por estarem mais bem colocados.
Apesar do diferencial de ganhos encontrados em muitas empresas, algumas
empresarias acreditam que não existem preconceitos contra as mulheres nas empresas, seja no
momento da seleção ou da promoção, pois tanto uma como outra se baseia principalmente na
‘meritocracia’, ou seja, em critérios de competência e dedicação ao trabalho.
Contudo, encontramos algumas pesquisas com executivas de alto escalão que
demonstram um percentual significativo no quesito sobre a cultura machista que impera nas
corporações, embora estes percentuais tenham se transformado desde os anos 80, à medida
que cada vez mais mulheres ingressam nas empresas e ascendem aos postos mais elevados.
Muitas executivas salientam que a discriminação pode existir de forma
“escamoteada”, mais invisível e, principalmente, em razão da gravidez, seja em decorrência
dos quatro meses de licença-maternidade, seja em virtude das dificuldades previstas como os
filhos pequenos, como menor disponibilidade para viagens.
35
Essas executivas acreditam que não existe discriminação no sentido estrito, embora, de
fato, as promoções ocorram com mais facilidade para aquelas que têm mais chances de se
locomover.
Admitem algumas mulheres que estar disponível 24 horas por dia para a empresa
implica menor convívio com os filhos. Estar em eventos, reciclar-se, viajar, é difícil para
quem tem filhos pequenos. É por isso que muitas fazem escolhas objetivas de carreira: ‘uma
gerência média permite conciliar melhor os papéis pessoais e profissionais do que uma
gerência geral, que requer muitas viagens, afirmam grande parte delas.
No quesito educação, grande parte das executivas menciona que é um pré-requisito
fundamental para se colocarem em altos cargos de Liderança nas empresas. Uma excelente
formação, uma titulação acadêmica, ainda é um fator primordial dentro do perfil da maioria
das executivas de alto escalão.
A cultura corporativa exige que suas executivas sejam ‘duronas’, que saibam se impor,
se colocar, mostrar que é melhor. Ela sempre tem que dar algo a mais que o homem, mostrar
que sua vida pessoal não está influenciando seu dia-a-dia de trabalho, mostrar que não é
frágil. Mandar, se fazer respeitar, não chorar – são tradições masculinas, que fazem parte da
cultura corporativa, que ainda impera nas corporações, porque nelas os homens, em alguns
casos, ainda detêm melhores posições. Ao mesmo tempo, essa cultura favorece os homens e
os ajuda a se manterem nessas posições.
Ainda sobre a cultura corporativa, encontram-se depoimentos na literatura analisada
de mulheres que contradizem o que foi exposto acima, ou seja, há algumas contradições em
relação às características pessoais das executivas, dentro da cultura corporativa dominante.
Umas acreditam que o estilo da mulher é totalmente diferente do dos homens, pois a mulher
tem um feeling muito mais apurado do que o homem.
Outras acham ainda que a cultura corporativa das empresas não há muito espaço para
esse perfil do feeling. As mulheres que vão as corporações já são aquelas que têm perfil mais
lógico e racional, que as corporações acabam valorizando este perfil nato de algumas
mulheres. Algumas culturas corporativas valorizam essa forma de agir e as mulheres que
acabam tendo sucesso na corporação são aquelas que se alinham com isso.
De modo geral, porém, a pesquisa revela-nos que a cultura corporativa influencia
bastante na entrada das mulheres no mercado de trabalho em cargos de Liderança, visto que,
as empresas mais tradicionais ou machistas não vão dar às mulheres cargos-chave.
36
Além disso, as mulheres tem consciência de ter, como qualquer trabalhadora, uma
desvantagem pessoal no mercado, uma carga maior: cuidar dos filhos, da família, da casa. E,
enquanto esta desvantagem não for superada, dificilmente poderão dedicar-se plenamente à
carreira escolhida, galgando seus degraus mais elevados.
Mas, como a grande maioria das mulheres acreditam que contra a competência não há
argumentos, acham que é possível conseguir um equilíbrio entre o lado familiar e o
profissional. Ou seja, a julgar pelas pesquisas, e relatos de muitas executivas, fazer valer o
predomínio da competência sobre a cultura corporativa machista requer não só a ocupação de
mais espaços nesse nicho ocupacional de elite, mas também a obtenção de um equilíbrio
entre o lado familiar e o profissional.
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CONCLUSÃO
Através dos diversos papéis que a mulher moderna ocupa na atualidade é possível
verificar que a entrada no mercado de trabalho em cargos de Liderança, são fatores que
demonstram a valorização do seu papel na sociedade como um todo.
A inserção feminina em cargos de alto escalão está gerando mudanças em papéis
construídos socialmente. Ao abraçar uma carreira executiva, as mulheres têm que delegar
parte de suas antigas atribuições. Tais mudanças ainda não estão estabelecidas, pois as
próprias mulheres ainda se veem como responsáveis pelas atividades domésticas e de cuidado
dos filhos e do marido, quando casadas.
Contudo, fica evidente também que muitas transformações estão ocorrendo, e que a
independência e subordinação feminina são cada vez menores. Por fim, a partir da análise
deste estudo, entende-se necessária a realização de novas pesquisas que, pautadas pela análise
das relações de gênero e dos aportes da divisão sexual do trabalho, busquem incursionar nos
universos feminino e masculino para aprofundar a compreensão sobre a realidade de mulheres
que ocupam cargos de chefia.
38
REFERÊNCIAS
ABRAHÃO, L. A situação da Mulher Latino-Americana: O mercado de Trabalho no contexto da reestruturação. In: DELGADO, Didice G.; CAPPELLIN, Paola e SOARES, Vera (orgs). Mulher e trabalho: Experiências de ação afirmativa. São Paulo: Boitempo, 2013.
ARAÚJO, C. Gênero, família e trabalho no Brasil. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2001
BARROS, A. M. A mulher e o direito do trabalho. São Paulo: LTR, 2010.
BRUSCHINI, C. Gênero e trabalho no Brasil: novas conquistas ou persistência da discriminação? In: ROCHA, M.I.B.da (org.) Trabalho e gênero: mudanças, permanências e desafios. São Paulo: Editora 34. 2000. P. 13-58.
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