a morte da propaganda
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A crescente apelação das propagandas de massa evidTRANSCRIPT
Deu a louca na
propagandaPor Armando Levy
A propaganda é um cadáver que não sorri mais Oliviero Toscani (Benetton)
já disse, há algumas décadas, que a propaganda é “um cadáver que nos sorri”
Passados todos estes anos, o cadáver já não sorri mais
Pesquisa da Penton Custom Media mostra que a na era das Redes Sociais, a propaganda de massa parece ser algo já condenado
Crise de credibilidade
Há como reverter acrise de credibilidade da propaganda?
Já imaginou isso em 2010?
O jeito é apelar
A decadência do modelo leva muitas agências a radicalizarem a
mensagem, na esperança de serem notadas. Agem como pregava o
velho anúncio de cigarros;“Sopre a fumaça no rosto dela e
ela seguirá você a qualquer lugar”.
Como não fazer carreira
No outdoor de entrada de uma
feira de empregos na Alemanha, a
“criatividade” da propaganda
invade o território do
nonsense e do mau gosto
Lama e calcinhaNo busdoor, uma agência ignorou o fato de que os ônibus circulam por ruas nem sempre limpas, o que levou à ridicularização e ao descrédito de um produto delicado
Sobre porcos e homensA agência do SPA
Médico Del Mar achou que seria sensato mostrar
como se transformam
porcos em homens, ignorando
que a obesidade, muitas vezes, não é apenas questão
de dieta
Homem cartaz
A necessidade de chamar a atenção
levou a agência da marca de roupa Abercrombie a
transformar um ser humano em um cartaz que fica
parado na porta da loja o dia inteiro
A Fiat e o “ambiente”Já a agência da FIAT pensou que era uma
“ótima” ideia transformar um
inocente urso panda, ameaçado de extinção,
em um boneco de testes apenas para
dizer que o carro tem baixo impacto no
ambiente. A julgar pela foto, o panda não
concorda com o baixo impacto.
Sexo adolescenteA agência da
Siemens, no afã de vender celular
para adolescentes,
achou “legal” a ideia de associar
o aparelho ao “sucesso” na
cama, especialmente
para as meninas
Roupa e sexo louco
E a agência da Forum, uma marca de roupas, disfarçou
uma campanha apelativa usando “elementos” de Jorge
Amado, como “Dona Flor e Seus Dois Maridos”, dos quais
vemos apenas um
Micronóculos
Já a agência do Unibamco – ambos extintos (o banco e a
agência), queria mostrar o quanto o banco se
preocupa(va) com os clientes. Mas para ilustrar
“microscópio”, usaram “binóculos”, mostrando mesmo que o negócio é olhar o cliente
bem de longe
Mamar cerveja?
E para as agências que vendem cerveja, explorar a
mulher é a base de toda a “criatividade”. Para estas agências, o homem é um “neandertal” e a mulher
“objeto”. E isso em pleno Século 21
Mas qual é a explicação para tanta apelação?
O grande teórico da propaganda “A percepção e o raciocínio das pessoas são
limitados”
“Por isso, as mensagens devem ser simples e de fácil repetição”
“Se a propaganda coincidir com a verdade, melhor”
“Se não, o propagandista (publicitário) deve construir a sua própria verdade”
“A essência da propaganda não muda”
“Mudam apenas os meios que se tornam mais abrangente”
Joseph Goebbels (1933), o Ministro da Propaganda do
Regime Nazista. Que produto ele vendeu a todo
um país?
As teorias nazistas para a manipulação das pessoas por meio da propaganda seguem em uso nos dias de hoje. Até quando?
Vamos enterrá-la! A propaganda de massa, que usa
conceitos idealizados pelo nazismo, aproxima-se do fim
No entanto, antes de morrer ainda vai provocar muitos males
Diga não à propaganda que vulgariza a mulher, ridiculariza o homem, explora a criança e enobrece políticos corruptos
A propaganda é um cadáver e já não sorri mais
Armando Levy Mestre em Teoria e Pesquisa em
Comunicação pela ECA-USP
Autor dos livros “Propaganda, a arte de gerar descrédito”, “O impacto da comunicação em rede no trabalho” e “Os abutres e a Varig”
Professor de Cultura, Comunicação e Sustentabilidade nas Organizações da Universidade Metodista e ECA-USP