a metafísica realista de são tomás de aquino - o ato de ser

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A METAFÍSICA REALISTA DE SÃO TOMÁS DE AQUINO: O ATO DE SER Henrique da Silva Dezidério Orientador: Prof. MSc. Ir. Irineu Letenski, OSBM Centro Universitário Campos de Andrade – Uniandrade Campus Bom Pastor 1

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1. A METAFSICA REALISTA DE SO TOMS DE AQUINO: O ATO DE SER Henrique da Silva Dezidrio Orientador: Prof. MSc. Ir. Irineu Letenski, OSBM Centro Universitrio Campos de Andrade Uniandrade Campus Bom Pastor 1 2. 1 INTRODUO A metafsica realista de Toms de Aquino teve como principal diferena da metafsica aristotlica a mudana da considerao do ato como forma para o ato como ser. O ponto central de toda a filosofia de Toms de Aquino o estudo do ato de ser. 2 3. 1 INTRODUO O objetivo geral desta monografia o estudo da metafsica realista de So Toms de Aquino, compreendendo o que se entende por ato de ser. 3 4. 1 INTRODUO Para tanto, ele se desdobra em trs objetivos especficos: 1) Compreender o que metafsica realista, distinguindo-a de metafsica essencialista e estudando os pensadores que colaboraram para seu desenvolvimento; 2) Estudar o ato de ser, especificando-o na distino real entre essncia e existncia, na relao entre Deus e as criaturas e em seu processo de explicitao; 3) Entender a importncia do estudo do tomismo na modernidade. 4 5. 2 A METAFSICA REALISTA 2.1 O REALISMO DE SO TOMS DE AQUINO 2.2 ANTECEDENTES DA METAFSICA TOMISTA 5 6. 2.1 O REALISMO DE SO TOMS DE AQUINO So aqui estipuladas duas diferenas: A metafsica realista de So Toms de Aquino, que considera o ser em seu absoluto e transcendentalidade como a maior realidade. A metafsica essencialista, ou essencialismo, cuja tese decisiva a da redutibilidade do real essncia. 6 7. 2.2 ANTECEDENTES DA METAFSICA TOMISTA Parmnides: o ser como arch (), como princpio de todas as coisas. 7 8. 2.2 ANTECEDENTES DA METAFSICA TOMISTA Plato: figura metafsica de participao do ser determinado no ser absoluto. 8 9. 2.2 ANTECEDENTES DA METAFSICA TOMISTA Aristteles: metafsica do ato e teoria da causalidade. 9 10. 2.2 ANTECEDENTES DA METAFSICA TOMISTA Al-Frb e Avicena: distino real entre essncia e existncia. 10 11. 3 O ATO DE SER 3.1 O CAMINHO DE SO TOMS 3.2 O ATO COMO SER 3.3 ESSNCIA E EXISTNCIA 3.4 DEUS E OS ENTES FINITOS 3.5 A EXPLICITAO ONTOLGICA DO SER 3.5.1 Processo de explicitao do ser 3.5.2 Propriedades transcendentais do ser 3.6 A EXPLICITAO NTICA DO SER 3.6.1 Analogia 3.6.2 Substncia e acidente 3.6.3 Ato e potncia: a causalidade 3.6.4 Graus de perfeio 3.7 FINALIDADE 11 12. 3.1 O CAMINHO DE SO TOMS No se sabe como Toms chegou s suas noes fundamentais em filosofia, mas possvel perceber a importncia do ser na filosofia tomista quando ele fala da essncia de Deus pelo caminho da eliminao. Eliminando sucessivamente todo tipo de composio de Deus, Toms vai definir que Deus sua essncia, mas d um passo adiante ao dizer que Deus tambm o Puro Ato de Ser. 12 13. 3.1 O CAMINHO DE SO TOMS Se Deus no fosse seu ser, no seria por sua prpria essncia, mas por participao ao verdadeiro esse (ser). Aqui pode-se perceber que, para Toms, o ser a perfeio de todas as coisas, ento Deus puramente Ser. O ser o princpio de todas as coisas: toda coisa porque tem ser. (Suma Contra os Gentios I, XXII, 6). 13 14. 3.2 O ATO COMO SER Toms continuou a metafsica do ato de Aristteles. O que os diferencia que, para Aristteles, o ato de todas as coisas a forma enquanto que, para Toms, o ato de todas as coisas o ser. O ser o que pe todas as coisas em ato, o nome de um ato, a atualidade de toda forma ou natureza. A potncia seria ento a aptido a vir-a-ser, uma aptido que pode lhe elevar o grau de atualidade (perfeio). 14 15. 3.3 ESSNCIA E EXISTNCIA Em Deus, essncia e existncia so a mesma coisa, mas nas criaturas elas so distintas. Posso conceber algo (homem ou fnix) sem comprovar realmente se isso tem o ser. A essncia a definio, a determinao do ente, enquanto a existncia seu ato de ser, a energia metafsica que faz o ente finito existir. A causa da finitude dos entes a sua determinao, a sua essncia que, fazendo o ente ser o que , impede-o de ser o Puro Ato de Ser. 15 16. 3.4 DEUS E OS ENTES FINITOS Em relao com o Puro Ato de Ser, Deus, os entes so compostos, enquanto Deus simples (no tem composio). Cada ente tem seu prprio ato de ser e o que ele tem de mais ntimo e profundo. Ainda assim, o ato de ser de um ente finito no subsistente como em Deus, necessitando haver a essncia para receb-lo. 16 17. 3.4 DEUS E OS ENTES FINITOS Como Deus puramente Ser, seu efeito primrio o ser. A primeira criatura o ser. Como o ser o mais ntimo que h nos entes, Deus ento opera intimamente em todas as coisas. A relao das criaturas com Deus uma relao de participao (partem capere). A participao do ente finito sua prpria essncia. 17 18. 3.5 A EXPLICITAO ONTOLGICA DO SER 3.5.1 Processo de explicitao do ser A metafsica realista o estudo do processo de explicitao do ser e sua manifestao. Da distino entre o ser enquanto tal e a determinao (essncia e existncia), resulta o duplo plano de explicitao do ser: a) Plano da explicitao transcendental ou ontolgica, do ser; b) Plano da explicitao categorial ou ntica, da determinao. 18 19. 3.5.2 Propriedades transcendentais do ser Unidade: o ser unum (uno). Nega-se com a unidade a negao e a oposio do ser. Verdade: o ser verum (verdadeiro). O ser a verdade. A verdade o resultado da conformao do ser a inteligncia. Bondade: o ser bonum (bom). O ser a bondade. A bondade o resultado da conformao da vontade ao ser. Beleza: o ser pulchrum (belo). Isso no uma nova propriedade, mas sntese das propriedades anteriores. 19 20. 3.6 A EXPLICITAO NTICA DO SER 3.6.1 Analogia: Atribuio lgica entre univocismo e equivocismo 3.6.2 Substncia e acidente: a essncia da substncia permite-lhe ter o ser por si, enquanto a do acidente no lhe permite subsistir por um ato prprio de ser. 3.6.3 Ato e potncia: a causalidade. Causar comunicar o prprio ato de ser. Os entes so causa eficiente pela participao na causa criadora de Deus. O movimento passa a ser a atuao da potncia pela ao da causa. 3.6.4 Graus de perfeio: quanto menos uma essncia limita o ato de ser, mais perfeito o ente . 20 21. 3.7 FINALIDADE A finalidade (gr. o e lat. finis) uma explicitao do ser tanto ontolgica quanto ntica. No plano ontolgico, a finalidade a atualidade do ser pela inteleco e pela volio: o ato tende a comunicar-se e, por isso, o agir est unido ao ser (ser tender esse est tendere). No plano ntico, a finalidade est ligada causalidade: tudo opera em vista de um fim. O fim da ao dos entes o ser, quando coincide o fim da obra com o fim do agente. 21 22. 4 O TOMISMO NA MODERNIDADE 4.1 APS TOMS DE AQUINO 4.2 A OPO DA IGREJA CATLICA PELA METAFSICA REALISTA 4.3 O TOMISMO NO SCULO XX 22 23. 4.1 APS TOMS DE AQUINO O que fez a metafsica realista ser esquecida foi a m interpretao daqueles que se diziam seguidores de Toms. Dois tipos de pseudotomismo foram bem difundidos: o que diz que a existncia um acidente da essncia e o que reduz a existncia substncia, como fez Caietano. O pseudotomismo de Caietano permitiu que se interpretasse a filosofia de Toms somente como um tipo de aristotelismo cristo. 23 24. 4.2 A OPO DA IGREJA CATLICA PELA METAFSICA REALISTA O Papa Leo XIII, com a encclica Aeterni Patris, fez da filosofia de Toms de Aquino a filosofia oficial da Igreja. Isso permitiu o surgimento da neoescolstica no sculo XIX e do neotomismo no sculo XX. At hoje a filosofia oficial da Igreja. O Conclio Vaticano II fala da importncia de um dilogo dessa filosofia com a modernidade e o Papa Joo Paulo II referiu-se a ela como filosofia do ser e no do simples parecer, isto , metafsica realista e no essencialista. 24 25. 4.3 O TOMISMO NO SCULO XX Seguindo o estudo de Toms de Aquino nas prprias fontes, os filsofos tomistas do sculo XX descobriram que a filosofia do ato de ser de Toms no reduzia a existncia substncia, como foi ensinado e a retomaram como filosofia do ato de ser. A defesa que o neotomismo faz da metafsica realista de que se trata de philosophia perennis, isto , que no muda com o tempo. No historicismo arcaico, mas busca da resposta das questes mais profundas suscitadas pelo homem. 25 26. 5 CONSIDERAES FINAIS Atingiu-se, assim, o objetivo geral do trabalho: o estudo do ato de ser. Seria um erro pensar que a metafsica do ato foi formulada por Aristteles e usada por Toms de Aquino para outros fins. Com isso, percebe-se, portanto, a atualidade e a importncia da metafsica realista para a filosofia. Deixar esse pensamento de lado deixar de lado a maior das verdades filosficas. Deve-se estabelecer, ento, um dilogo dessa filosofia com a modernidade. 26 27. REFERNCIAS ABBAGNANO, Nicola. Dicionrio de Filosofia. 6. ed. So Paulo: WMF Martins Fontes, 2012. AGOSTINHO, Santo. Confisses. Petrpolis: Vozes, 2011. ARANHA, Maria Lcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: Introduo Filosofia. 4. ed. So Paulo: Moderna, 2009. ARISTTELES. Metafsica. Porto Alegre: Globo, 1969. BBLIA. Portugus. Bblia Sagrada. Traduo pelos Monges Beneditinos de Maredsous (Blgica). 170. ed. So Paulo: Ave Maria, 2006. CONCLIO VATICANO. Vaticano II: mensagens, discursos e documentos. 2. ed. So Paulo: Paulinas, 2007. FERRATER MORA, Jos. Dicionrio de Filosofia: Tomo IV (Q-Z). So Paulo: Loyola, 2001. GARDEIL, H. D. Iniciao filosofia de S. Toms de Aquino, Tomo IV Metafsica. So Paulo: Duas Cidades, 1967. 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