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A LEITURA E A COMPREENSÃO DE CONTOS, ATRAVÉS DE TEMAS VOLTADOS AOS PROBLEMAS FAMILIARES.
Ana Maria Pereira de Oliveira
Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE 2010
Orientação: Prof. Dr. Luiz Carlos Santos Simon
RESUMO
Este trabalho é parte integrante do processo de formação continuada
desenvolvido pela Secretaria Estadual da Educação do Paraná, através do
Programa de desenvolvimento Educacional (PDE). A proposta deste artigo é
proporcionar momentos de incentivo e reflexão sobre o ensino e aprendizagem
da leitura, a partir da compreensão de contos, através de temas voltados aos
problemas familiares. O trabalho privilegiou o despertar para os inúmeros
benefícios que a leitura pode proporcionar e com isso favorecer um contato”
íntimo” com o texto, pois um leitor atuante só se forma através de uma prática
constante da leitura. Apresentou reflexões teóricas para o desenvolvimento
crítico do aluno, bem como a metodologia aplicada para os alunos do oitavo
ano do ensino fundamental. Logo, enfrentar os desafios que afastam os
educandos da prática da leitura é dever de cada professor que atua com o
ensino-aprendizagem da Língua Portuguesa.
PALAVRAS-CHAVES: Leitura, Conto, Família, conflito.
INTRODUÇÃO: Este artigo é o resultado de um trabalho de pesquisa e
aplicação voltado ao estudo da leitura, desenvolvido por meio do PDE-
programa de Desenvolvimento Educacional, da Secretaria de Estado da
Educação do Paraná (SEED), em parceria com a Universidade Estadual de
Londrina (UEL).
Os objetivos que levam alguém a ler podem ser os mais variados.
Alguns leem porque estão buscando uma informação, outras leem a fim de
“sonhar” ou de se divertir.
Pretende-se aqui relatar um Projeto de Intervenção Pedagógica,
que foi desenvolvido na 8ª série, denominado: A Leitura e a Compreensão de
Contos através de temas voltados aos problemas familiares.
O grande desafio para os professores de Língua Portuguesa é
induzir o aluno a tomar gosto com a leitura e fazer dele um grande leitor.
Atente-se aqui para a importância de despertar o prazer de ler, e
com isso, favorecer um contato “íntimo” com o texto.
Como disse o professor de literatura francês, Daniel Pennac: “o
verbo ler não suporta o imperativo. É uma aversão que compartilha com outros:
o verbo amar... o verbo sonhar...” ( Pennac, Como um romance, 1996, p. 11).
Há coisas que não se manda fazer; elas acontecem. Leitura não é tarefa,
castigo. A leitura tem que ser prazer. Nos dez direitos do leitor, Pennac afirma
que ele tem o direito de não ler se não quiser; de ler de trás para adiante; de
começar do meio, e por aí vai. O leitor é livre. Você lê para você mesmo, para
seu divertimento, para sua emoção, não tem obrigação nenhuma. Você
começa a ler e vai logo percebendo que é bom. Uma história bem contada
pode fazer alguém chorar, rir, prender o leitor.
Um leitor só se forma através de uma prática constante de leitura,
organizada em torno da diversidade de gêneros textuais que circulam
socialmente. A partir do pressuposto de que a leitura é uma prática social,
concebemos o leitor não como mero decodificador, mas como alguém que
assume um papel atuante na busca de significações.
O gênero conto é muito instigante, aguça a curiosidade do leitor
por sua linguagem simples, objetiva e principalmente pelo desfecho rápido e
surpreendente que apresenta, além de ser uma narrativa breve.
O objetivo principal desse trabalho foi mudar a visão que se tem
da leitura como obrigação escolar e chamar a atenção para necessidade de
formar leitores críticos, que sintam prazer na leitura.
Sabendo que a leitura propicia o desenvolvimento de uma atitude
crítica e transformadora, é necessário selecionar leituras que envolvam temas
que agucem a curiosidade do leitor ou temas que eles estão vivenciando no
meio familiar.
Pensando assim, foi trabalhado a leitura de três contos a partir de
temas familiares.
Como as relações familiares encontradas em alguns contos
podem sensibilizar e despertar os alunos para leitura e senso crítico?
Os contos fictícios podem estar relacionados com a realidade de
nossos leitores e ajudá-los a mudar sua realidade?
Assim, o projeto visou levar os alunos a uma reflexão sobre os
problemas que envolvam conflitos familiares, resgatando e transformando o
ambiente em que estão inseridos, através do diálogo e compreensão,
adquirindo uma visão crítica de que o indivíduo poderá mudar ou transformar a
realidade em que vive.
Enfim, ler bem é compreender o que se lê. E se possível
transformar sua realidade ou amenizar os problemas vivenciados.
FUNDAMENTACÃO TEÓRICA
Segundo as DCEs, a leitura é como um ato dialógico,
interlocutivo, que envolve demandas sociais, históricas, políticas, econômicas,
pedagógicas e ideológicas de determinado momento. Ao ler, o indivíduo busca
suas experiências,os seus conhecimentos prévios, a sua formação familiar,
religiosa, cultural, enfim, as várias vozes que o constituem.
Para Silva (2005, p.24),
[...] a prática de leitura é um princípio de cidadania, ou seja, o leitor cidadão, pelas diferentes práticas de leitura, pode ficar sabendo quais são suas obrigações e também pode defender os seus direitos, além de ficar aberto às conquistas de outros necessários para uma sociedade justa, democrática e feliz.
Formar leitores proficientes deve ser um dos objetivos do ensino
de língua Portuguesa. A capacidade de ler criticamente garante ao indivíduo
condições de interferir no meio em que está inserido, podendo inclusive,
transformar, transformar a realidade. O pensamento de Lívia Suassuna (1995,
p.52) pode servir para confirmar essa asserção: Se o aluno lê sem prazer, sem
o exercício da crítica, sem imaginação; se ele lê e não faz disso uma
descoberta ou um ato de conhecimento: se ele só reproduz, nos exercícios, a
palavra lida do outro, não há nisso nada que historicamente está posto.
A partir do contato com diversos gêneros textuais e de qualidade
considerável é que o aluno poderá alcançar essa proficiência.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais – língua, p.
36.
“Formar um leitor competente supõe formar alguém que compreenda o que lê; que possa aprender a ler também o que não esta escrito, identificando elementos implícitos, que estabeleça, relações entre o texto que lê e outros textos já lidos; que saiba que vários sentidos podem ser atribuídos a um texto, que consiga justificar e validar a sua leitura a partir da localização de elementos discursivos que permitam fazê-lo “.
Por isso que é importante selecionar textos que levem o leitor à
sensibilidade motivando, instigando a curiosidade em relação ao assunto a ser
tratado, enriquecendo a sua prática de leitura e com isso desenvolver leitores
críticos e autônomos, capazes de criar textos coerentes e coesos, usando
diferentes recursos linguísticos e de fazer a leitura da palavra associada à
leitura do mundo.
Para Kleiman (1989), a leitura é um processo interativo, pois
resultado da interação de diversos níveis de conhecimento – o conhecimento
linguístico, o conhecimento textual e o conhecimento do mundo. Para
compreender o texto, o leitor utilizava conhecimento prévio que é constituído
por todo conhecimento reunido ao longo de sua vida.
E esse conhecimento prévio partilhados entre autor e leitor
permite fazer inferências necessárias para relacionar diferentes partes do texto
e devem ser considerados como ponto de partida.
A partir do prazer pela leitura, o leitor despertará para os
inúmeros benefícios que a leitura pode proporcionar, pois ler e refletir o eu
estão se tornando uma ferramenta de sobrevivência, condições para viver com
as constantes mudanças sociais, e ter argumentos para acompanhar todas
essas mudanças e saber questionar.
Afinal, a prática de leitura é o princípio da cidadania, pois é
através da leitura que se fica sabendo quais são as suas obrigações e também
como se pode defender seus direitos, além de ficar aberto às conquistas de
outros direitos necessários para uma sociedade, mais justa, democrática e
feliz.
Atente-se que ler e escrever devem ser considerados dois atos
inseparáveis. A prática da leitura favorece a escrita, ou seja, quem tem o hábito
de ler diferentes textos tem condições de pensar, refletir sobre as ideias e
formar opiniões. Enfim, ao produzirmos um texto, precisamos ter nossos
argumentos formados a cerca do assunto a ser tratado.
É necessária que a prática discursiva de leitura não seja somente
uma mera decodificação, mas que o leitor saiba compreender e interagir na
sociedade de forma consciente.
De acordo com Orlandi (2001, p. 38),
a relação do aluno com o universo simbólico não se dá apenas por uma via – a verbal - , ele opera com todas as formas de linguagem na sua relação com o mundo. Se considerarmos a linguagem não apenas como transmissão de informação mas como mediadora (transformadora) entre o homem e sua realidade natural e social, a leitura deve ser considerada no seu aspecto mais consequente, que não é o de mera decodificação, mas o de compreensão.
O trabalho com os gêneros é uma grande possibilidade de
inserção social, onde o leitor poderá formar sua opinião e compreensão e
tentar modificar o ambiente em que está inserido, principalmente no âmbito
familiar, pois o diálogo, respeito e o exemplo, precisam ser resgatados e
ressignificados em seu papel social em nossos tempos.
Para Bakhtin (1992), os tipos relativamente estáveis de
enunciados são denominados gêneros discursivos. A definição de gênero, em
Bakhtin, compreendendo a mobilidade, a dinâmica, a fluidez, a imprecisão da
linguagem, não aprisiona os textos em determinadas propriedades formais.
Bakhtin (1922) dividiu os gêneros discursivos em primários e
secundários. Os primários referem-se às situações cotidianas; já os
secundários acontecem em circunstâncias mais complexas de comunicação
(como nas áreas acadêmicas, jurídicas, artística, etc...). As duas esferas são
independentes.
Sendo assim, o conto que retratar os conflitos familiares, referem-
se às situações cotidianas primárias, pode levar o aluno a refletir e se
conscientizar de que é no meio familiar que pode-se ter uma forma individual e
coletiva, adotar posturas que promovam a convivência, a integração e a troca
de saberes e de experiências.
A família é o melhor espaço humano para nos fazer gente, não é
uma moda passageira, mas o espaço que criamos para nos humanizar.
Alguns valores da família mudaram, e isso trouxe uma infinidade
de novos paradigmas para o ser humano. Porém um paradigma não mudou: a
formação da personalidade do individuo como fruto de uma relação com a
família, que é o primeiro grupo de valor significativo para o ser humano.
No entanto, esses valores vem se perdendo, e é preciso criarmos
possibilidades de levar os alunos a conscientizar-se e compreender que é no
convívio familiar que muitas vezes encontraremos a paz, o discernimento para
a transformação de uma sociedade mais justa.
Para o desenvolvimento desse artigo, o foco foi voltado para
leituras do Gênero Conto, pois o conto é uma narração atraente, gênero do
narrar, era nas origens uma narrativa oral de fatos acontecidos ou
imaginados,tão antigo quanto a fala humana.
A palavra “conto” deriva do latim computare – relatar
acontecimentos ou ações. Porém o sentido do substantivo “conto” não tem
compromisso com o real além de que “relato copia-se e um conto inventa-se”,
afirma Castagnino (apud GOTLIB, 1988). Há, portanto, diferença entre relato,
que pode ser um documento e a literatura – que não é documento, daí temos
então o “conto literário” - quando o narrador assume a função de contador –
criador – escritor de contos.
O Conto é um dos gêneros literários da prosa de ficção.
Frequentemente contam-se a amigos histórias sobre acontecimentos da vida
diária. Do mesmo modo, podem-se contar anedotas para fazê-los rir ou para
explicar melhor o que se quer dizer. Tais modalidades de narrativa possuem
um íntimo parentesco com o conto, mas este tem vários elementos que lhe dão
características próprias. Todos os seus detalhes desempenham um papel
preciso e ampliam seu efeito.
De acordo com Nádia Batella Gotlib, o contista deve omitir o que
não for essencial para o impacto; expandir os motivos diretamente relacionados
com ele, contrair o que estiver relacionado, mas sem muita relevância, e
apresentar pontos de vista entre a voz do narrador e as vozes das
personagens que não se afastem do tema central do conto.
Para alguns os contos egípcios – Os contos de mágicos são os
mais antigos: devem ter aparecido por volta de 4000 anos de Cristo, mas foi
com Baccaccio, autor do Decamerão, que o conto pela 1ª vez ocupou um lugar
entre as grandes universidades.
Há sempre controvérsias entre os escritores críticos quando se
pretende definir o que realmente é um Conto. Por exemplo, Machado de Assis,
já disse que o conto “é um gênero difícil, a despeito de sua aparente
facilidade”. Outros escritores também destacaram a dificuldade de explicá-lo,
como Julio Cortázar, em “Alguns aspectos do conto”, em que se refere a “esse
gênero de tão difícil definição, tão esquivo nos seus múltiplos e antagônicos
aspectos.”
Cortázar comenta sobre a definição de conto:
Se não tivermos uma ideia viva do que é conto, teremos perdido tempo, porque um conto, em última análise, se move nesse plano do homem onde a vida e a expressão escrita dessa vida, travam uma batalha fraternal, se me for permitido o termo; e o resultado dessa própria batalha é o conto, uma síntese viva e ao mesmo tempo uma vida sintetizada.
Outro aspecto fundamental, além da brevidade é a intensidade.
Há duas metáforas criativas e precisas, criada por Júlio Cortázar que definem
bem a questão.
O conto está para a fotografia como o romance para o cinema. No
conto o autor vence o leitor por nocaute, enquanto no romance a luta é vencida
por pontos.
A teoria de Poe sobre o conto recai no princípio de uma relação:
entre a extensão do conto e a reação que ele consegue provocar no leitor ou o
efeito que a leitura lhe causa.
Na obra Review of twice tales, escrita em 1842, Poe destaca a
indispensabilidade sentada. Se o leitor abandonar a leitura antes do término, o
conto não está funcionando, há problemas.
Poe destaca:
No conto breve, o autor é capaz de realizar a plenitude de sua intenção, seja ela qual for. Durante a hora da leitura atenta, a alma do leitor está sob o controle do autor. Não há nenhuma influência extrema ou extrínseca que resulte de cansaço ou interrupção.
O fato é que a elaboração do conto, segundo Poe, é produto
também de um extremo domínio do autor sobre os seus materiais narrativos. O
conto, como obra literária, é produto de um trabalho consciente, que se faz por
etapas, em função desta intenção: a conquista do efeito único, ou impressão
total. Tudo provém de minucioso cálculo.
Júlio Cortázar sintetiza o conceito de Poe, chamando o conto de
uma verdadeira máquina de criar interesse. Aquilo que ocorre num conto, para
Cortázar, deve ser intenso, inseparável e decisivo.
O conto é, pois, conto quando as ações são apresentadas de um
modo diferente das apresentadas no romance: ou porque o autor escolheu
omitir algumas de suas partes. A base diferencial do conto é pois a contração:
o contista condensa a matéria para apresentar os seus melhores momentos.
Pode haver o caso de uma ação longa ser curta no seu modo de narrar, ou
então ocorrer o inverso.
Daí a conclusão a que chega Norman Friedman: “Um conto é
curto porque, mesmo tendo uma ação longa a mostrar, sua ação é mais bem
mostrada numa forma contraída ou numa escala de proporção contraídas
“(p.134).
Conto é toda história de ficção narrada de modo livre, que
apresenta enredo, tempo e espaço condensados e número reduzido de
personagens. O autor de um conto utiliza muitos recursos narrativos: faz
escolhas de linguagem e estrutura os elementos da narrativa – personagem,
ação, espaço e tempo – de modo a enredar o leitor na trama.
Os contos estão presentes em todas as sociedades; ultrapassam
fronteiras, épocas e, por onde passam, sofrem adaptações, ganham marcas da
cultura de um povo. E por meio desse gênero textual podem-se descobrir
outros lugares, outros tempos, outras formas de agir e ser, outra ética.
Entre as principais características estão a concisão, a precisão, a
densidade, a unidade de efeito ou impressão total – da qual falava Poe (1809-
1849) e Tchekhov (1860-1904): “ o conto precisa causar um efeito singular no
leitor, muita excitação e emotividade ”.
Para estabelecer o que é o conto – Propp determina então uma
“morfologia do conto”. Isto é: faz uma descrição do conto segundo partes que o
constituem e segundo as relações destas partes entre si e destas partes com o
conjunto do conto.
Julio Cortázar afirma em “Alguns aspectos do conto”: “ o bom
contista é aquele cuja escolha possibilita essa fabulosa abertura do pequeno
para o grande, do individual para a essência mesma da condição humana.”
(p.155)
Para que ocorra isso, há necessidade de ser um bom leitor, pois
aquele que lê frequentemente terá cada vez mais argumentos e vivência para
elaborar suas produções.
Além da leitura deve-se estimular os alunos a escrever, anotar e
produzir seus próprios textos e mostrar que a escrita apresenta seus próprios
elementos significativos.
O aluno precisa compreender o funcionamento do texto escrito,
por isso, o professor deve trabalhar diversos gêneros com objetivos de
aprimorar a prática da escrita, e essa prática com a escrita se realiza de modo
interlocutivo, relacionando o dizer escrito às circunstâncias de sua produção.
Geraldi propõe que o produtor do texto deve assumir-se como
locutor e dessa forma, ter o que dizer; razão para dizer; como dizer,
interlocutores para quem dizer.
Assim sendo, para que haja uma boa desenvoltura é fundamental
ressaltar que o professor é a peça principal, o mediador de toda aprendizagem,
é aquele que, através de estratégias diversificadas e significativas, proporciona
uma educação de qualidade.
Para Cavalcante, 1998, p. 172: a prática de ensino requer um
exercício constante de reflexão e a construção de teorias, de pesquisas
voltadas para o entendimento do processo de produção de conhecimento dos
alunos. Em outras palavras, ensinar é sempre favorecer a aprendizagem.
METODOLOGIA
A leitura deve ser motivada na escola como uma prática
constante e ser aplicada também no contexto familiar e social.
Outro aspecto importante a ser considerado durante as aulas de
leitura é o exercício permanente da oralidade, quando o professor estimulará o
indivíduo a expressar-se, sem medo da reprovação dos colegas, para que seu
horizonte seja ampliado.
O projeto de intervenção foi apresentado primeiramente à direção,
equipe pedagógica e corpo docente do colégio. Foram divulgados os objetivos
a serem alcançados e a metodologia aplicada. Tive incentivo, apoio e
aprovação de todos. Apresentei o projeto para a turma escolhida, bem como
todo o trabalho a ser desenvolvido durante a implementação.
A turma foi dividida em seis grupos e em seguida os alunos foram
conduzidos por mim até a biblioteca da escola, para pesquisarem sobre a
parte teórica do conto. Os materiais disponíveis para essas pesquisas foram
anteriormente pré- selecionados por mim.
É preciso garantir a todos os alunos o direito de pesquisar e de
adquirir as diferenças metodológicas para aquisição de todos os saberes e
conscientizá-los da importância da pesquisa e da leitura, não somente quando
o professor solicita, mas que eles tenham o hábito da leitura e a curiosidade na
busca de novas informações através dos diferentes gêneros textuais.
O primeiro grupo ficou responsável de pesquisar sobre o
conceito de conto; segundo grupo sobre os elementos da narrativa:
personagens- espaço-tempo-ação e sobre os momentos da narrativa: situação
inicial, conflito, clímax do conflito, desfecho; o terceiro grupo sobre tipos de
discurso: direto e indireto; o quarto grupo sobre os tipos de foco narrativo:
narrador-observador e narrador-personagem; e o quinto grupo sobre a
biografia dos autores: Monteiro Lobato, Fernando Sabino e Lígia Bojunga.
Todas essas informações pesquisadas foram expostas e
compartilhadas pelos grupos, fizeram debates, esclarecendo algumas dúvidas
que foram surgindo.
Dando continuidade leram o primeiro conto proposto “Colcha de
retalhos” de Monteiro Lobato. Cada aluno lia três parágrafos em voz alta. Já no
início da leitura do conto, houve muita inquietação e interrupção por parte dos
alunos, pois não conheciam, não entendiam alguns vocábulos contidos no
conto e eu ia fazendo as inferências necessárias quando solicitadas e quando
eu percebia que havia necessidade. É muito importante pelas diversas leituras
que cada aluno faz, pois as experiências e as condições emocionais deles são
distintas. Além das inúmeras e diversas respostas sobre o texto, ampliam a
reflexão que cada aluno promove diante da leitura do texto.
Durante a leitura puderam perceber as expressões que marcaram
o tempo passado (expressões coloquiais). Em seguida fizeram todas as
atividades propostas no Caderno Pedagógico e perceberam que neste conto
lido o convívio entre gerações tem que ter lugar privilegiado no ambiente
familiar. E para finalizar essa etapa os alunos produziram uma narrativa a partir
de uma introdução sugerida por mim. Dos três contos lidos, “Colcha de
retalhos” foi o que mais foi explorado, pois os alunos acharam difícil a
linguagem, a interpretação, mas com certeza essas dúvidas foram superadas.
O segundo conto lido foi ”TCHAU”de Lígia Bojunga. Esse conto já foi mais
fácil, conforme a leitura ia avançando pude perceber como a leitura ia mexendo
com suas emoções, sentimentos. Portanto os temas selecionados nos contos
foram de grande relevância, pois muitos alunos daquela turma se identificaram
com a situação focalizada no conto.
Houve a necessidade de abrir um espaço para que alguns alunos
se posicionassem diante do tema separação e traição, pois muitos vivenciavam
esses problemas dentro da sua própria família. Depois de uma longa
discussão, os alunos foram enumerando algumas causas e consequências
sobre o tema em pauta. Eles interagiram com o conto de forma individual e
social.
O terceiro conto lido foi “PAI E FILHO” de Fernando Sabino. Usei
a mesma estratégia, já não houve tantas dificuldades.
Foi uma leitura calma,clara e objetiva, pois a linguagem era
compreensiva e acessível ao nível da turma. Logo em seguida fizeram a
análise do conto. Senti a necessidade de abrir um espaço para discussão,
porque eles se interessaram pela situação que viviam os personagens pai e
filho, a falta de diálogo, contato físico (carinho fraternal). Alguns se
identificaram com a história e outros sentiram compaixão daqueles que não
viviam com seus pais.
E para finalizar esse conto pedi que cada aluno escrevesse uma
carta a seus pais, agradecendo pelo convívio familiar,onde recebiam carinho,
amor, ou pedindo, sugerindo de como eles(filhos) gostariam que fossem o seu
relacionamento com os seus pais. Foi uma experiência muito boa e prazerosa
tanto para mim como para os alunos.
É imprescindível concluir que um leitor ativo e crítico não se faz
apenas com leitura de um único gênero textual , é necessário que o professor
proporcione aos alunos a leitura de diversos gêneros textuais.
CONSIDERACÕES FINAIS
Todas as atividades desenvolvidas durante o projeto, focalizaram
a leitura do gênero textual conto, a partir dos conflitos familiares, como um dos
meios para desenvolver o gosto pela leitura e com temas que atendam as
expectativas dos alunos. Considerando que esse é um trabalho contínuo, cabe
ao professor a responsabilidade de mediação desse trabalho com a leitura.
A escola deve proporcionar condições para que os alunos tenham
acesso ao conhecimento. E é lendo que isso acontece. A leitura é um
instrumento valioso para a apropriação de conhecimentos relativos ao mundo
exterior e interior.
Ler, comentar, discutir, questionar, argumentar, produzir, foram
ações executadas para estimular e incentivar o gosto pela leitura e ampliar o
universo cultural dos educandos.
Os contos trabalhados foram de suma importância para o
enriquecimento e desenvolvimento da leitura, investindo na formação de
leitores ativos e críticos, capazes de interagir com diferentes textos presentes
no mundo contemporâneo.
Enfim, este projeto foi bem aceito pelos alunos que participaram,
pois houve interação e comprometimento com os trabalhos propostos,
incentivando a leitura. Os objetivos propostos superaram as expectativas, visto
que a prática e o desenvolvimento das atividades ampliaram o espaço de
debate, estimulando o hábito pela leitura e senso crítico, dando oportunidade a
todos de exporem suas opiniões nas diversas situações apresentadas pela
leitura dos contos e fazendo um paralelo sobre a realidade de cada um,
sensibilizando-os para os temas apresentados nos contos.
Ler bem é compreender o que se lê. E a partir disso transformar
a realidade ou amenizar os problemas vivenciados no convívio familiar e na
sociedade. Não apenas isso: ela pode se constituir também em um poderoso
instrumento para o autoconhecimento.
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