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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA GRADUAÇÃO EM LETRAS PORTUGUÊS - INGLÊS A INTERFERÊNCIA DO KIMBUNDU NA LÍNGUA PORTUGUESA FALADA EM LUANDA LISANDRA KWAMI GOMES DE ALMEIDA RIO DE JANEIRO 2013

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Page 1: A INTERFERÊNCIA DO KIMBUNDU NA LÍNGUA ......2.2 Expansão portuguesa A história de Angola é muito semelhante à história de Brasil, Cabo Verde, Guiné- Bissau, São Tomé e Príncipe

UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA

GRADUAÇÃO EM LETRAS PORTUGUÊS - INGLÊS

A INTERFERÊNCIA DO KIMBUNDU NA LÍNGUA

PORTUGUESA FALADA EM LUANDA

LISANDRA KWAMI GOMES DE ALMEIDA

RIO DE JANEIRO

2013

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LISANDRA KWAMI GOMES DE ALMEIDA

A INTERFERÊNCIA DO KIMBUNDU NA LÍNGUA

PORTUGUESA FALADA EM LUANDA

Monografia apresentada ao Curso de Graduação em Letras

da Universidade Veiga de Almeida, como requisito

obrigatório e necessário para a obtenção do título de

Licenciatura em Inglês/Português, sob orientação da

Professora Sabine Mendes Lima Moura.

RIO DE JANEIRO

2013

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ALMEIDA, Lisandra.A INTERFERÊNCIA DO KIMBUNDU NA LÍNGUA PORTUGUESA FALADA EM

LUANDA. Rio de Janeiro: Universidade Veiga de Almeida, 2013. 72 páginas. Monografia apresentada ao

Curso de Graduação em Letras da Universidade Veiga de Almeida, como requisito obrigatório e necessário para

a obtenção do título de Licenciatura em Língua Inglesa sob orientação da Professora Sabine Mendes Lima

Moura.

Banca Examinadora:

________________________________________

Profª Mestre Sabine Mendes Lima Moura – Orientadora

________________________________________

Profª. Mestre Cristina Varanda- UVA

________________________________________

Profª. Doutora Claudia Mendes Giesel- UVA

Apresentada em /Junho/2013

Conceito: ______________

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AGRADECIMENTOS

A elaboração deste trabalho só foi possível graças à ajuda de muitas pessoas que me

ajudaram diretamente indiretamente. Em primeiro lugar, eu agradeço Deus por ter me dado

forças para concluir essa pesquisa.

Aos pais, por terem me dado a oportunidade de viajar e fazer a pesquisa em Luanda,

principalmente a minha mãe, Maria João Gomes, por rodear a cidade de Luanda durante o

mês inteiro comigo e também ao meu cunhado Tiago Kissua, pela paciência de procurar

recursos bibliográficos para mim.

Ao consulado geral de Angola do Rio de Janeiro, por disponibilizar a biblioteca,

mesmo estando em obras.

Aos meus amigos, por fazerem o papel de psicólogos nos momentos que pensei que

não iria dar conta do trabalho, pelas sugestões e por fazerem parte dos grupos da pesquisa.

À minha orientadora Sabine Mendes, pela exigência, pela paciência e compreensão.

Por último, aos meus familiares que me ajudaram na pesquisa, meus irmãos e primas.

Especialmente, à Soraia e Isabel, que se responsabilizaram por juntar o grupo dos pré-

adolescentes.

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Ao meu pai Francisco Leandro de Almeida, pelo voto de confiança.

Aos meus amigos Tiago Kissua, Erika Silva, Martinho Simba e

Nilton P., por todo apoio.

A minha Profa Sabine Moura, pela força.

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RESUMO

A proposta desse estudo é de analisar a interferência do Kimbundu na língua

portuguesa falada em Luanda. Por meio de um questionário dirigido á jovens de classe média

de três faixas etárias diferentes, procurando comprovar que os entrevistados que afirmam não

saber falar ou escrever o Kimbundu, misturam palavras originadas da língua diariamente fora

de ambientes formais com amigos e familiares. Resumidamente, o presente trabalho procurou

contar um pouco da história do sub-reino Ndongo, onde começou a história de Angola, e

também apresentar as alterações linguísticas que aconteceram durante o tempo colonial que

resultaram na perda da identidade cultural angolana.

Palavras chaves -História de Luanda. Sociolinguística. Kimbundu. Jovens. Perda de

identidade.

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ABSTRACT

The aim of this study is to analyze the interference of Kimbundu in the Portuguese

spoken in Luanda. Through a questionnaire for middle class teens and young adults from

three different age groups, with the propose to prove to theses volunteers who claim not to

speak or write kimbundu, that they mix kimbundu words with Portuguese on daily bases in

informal environment with family and friends. Briefly, this study will tell a little bit about the

history of the sub-kingdom Ndongo, where the story of Angola began, and also present the

linguistic changes that occurred during the colonial period that resulted in the loss of cultural

identity Angola.

Keywords - History of Luanda. Sociolinguistics. Kimbundu.Young adults. Loss of identity.

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LISTA DE FIGURAS E TABELAS

Pág

Figura 01 –Reino Ndongo por volta de 1711. 15

Figura 02 – Cidade de Luanda. 16

Figura 03 – Encontro entre a Rainha Nzinga e o governador português em Luanda. 19

Figura 04 – Reino Português de Angola. 19

Figura 05 – Nzinga Mbandi. 20

Figura 06 – Angola. 20

Tabela 01 – Grupos linguísticos de Angola 21

Figura 07 – Grupos étnicos de Angola. 23

Tabela 02 – Nações e idiomas bantu. 22

Tabela 03 – Dados Estatísticos. 36

Tabela 04 – Significado das palavras. 40

Tabela 05 – Línguas nacionais reconhecidas. 40

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 11

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .............................................................................................. 13

2.1 Panorama social geral ..................................................................................................... 13

2..2 Expansão portuguesa ..................................................................................................... 14

2.2.1 Início do comércio de escravos e invasão holandesa .............................................. 16

2.3 História dos Reinos ......................................................................................................... 17

2.3.1 O reino Ndongo ....................................................................................................... 17

2.4 Origens linguísticas: história do Kimbundu ................................................................... 21

2.4.1 O contato da língua portuguesa com o kimbundu ................................................... 24

2.4.2 Português: Língua materna ou uma língua de dimensão nacional?........................ 25

2.5 Português x Kimbundu ................................................................................................... 26

2.6 O jovem luandense ......................................................................................................... 29

3 METODOLOGIA .................................................................................................................. 34

4.1 Origem de Palavras ......................................................................................................... 38

4.2 Significado das palavras ................................................................................................ 39

5 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 41

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................51

ANEXO –DADOS DE PESQUISA........................................................................................56

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1 INTRODUÇÃO

O tema A interferência do Kimbundu na língua portuguesa falada em Luanda foi

escolhido intencionalmente para contribuir com o ensino na área de línguas africanas do curso

de Letras na Universidade Veiga de Almeida. A escolha teve como principal objetivo

enriquecer as pesquisas do curso de Letras sobre algumas das culturas africanas, tendo foco

numa em especial, a cultura Angolana, que faz parte das raízes da autora do texto.

O trabalho partiu de uma descoberta pessoal da autora sobre a origem de palavras que

utilizava e considerava como gírias, sem saber que essas palavras tivessem origem no

Kimbundu, uma das línguas nacionais angolanas. Por esse motivo, objetivou-se nesse trabalho

um aprofundamento das pesquisas sobre as palavras originadas do Kimbundu, tendo como

prioridade as palavras mais faladas nas ruas de Luanda, capital da Angola. Palavras como

camba-Dikamba e bazar-Kubaza, entre outras que surgiram do kimbundu, são usadas no

cotidiano do jovem luandense. Porém, no entendimento desse jovem, essas palavras ou

vieram do português ou são consideradas gírias, raramente se pensa na possibilidade de essas

palavras serem originadas em alguma das diversas línguas de seu próprio país.

A concentração do povo Ambundu (kimbundu) está em Luanda, porque foi na capital

onde a rainha Nzinga kiluanji deu continuidade ao velho reino Ndongo, que pertencia ao

fundador de Angola, Ngola Kiluanji.

O estudo do passado sociolinguístico do país é fundamental para que se possam

compreender os fenômenos do presente, como a falta de conhecimento cultural do jovem

luandense e a falta de interesse em aprender a LN, fatos que resultam na gradativa extinção da

língua.

A carência de interessados em aprender o kimbundu não surgiu de forma gratuita. É

lamentável constatar que o governo angolano é um dos responsáveis pela perda de interesse

do jovem luandense de classe média em seu estudo, uma vez que é dado mais importância ao

português, língua oficial do país, do que às línguas nacionais angolanas. No entanto, o

principal fator responsável por essa aculturação início séculos atrás, com a chegada dos

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portugueses na Angola, o que resultou na imposição da cultura portuguesa sobre a cultura

local.

O trabalho é focado na juventude luandense pelo fato de sua autora pertencer a essa

geração, que já encontrou a língua portuguesa oficializada como primeira língua de Angola.

Procurou-se trazer à tona momentos históricos que afetaram a sociedade luandense daquela

época e que ainda afetam o cotidiano do jovem de classe média, porque a juventude não tem

muito conhecimento sobre suas origens familiares ou sobre as línguas nacionais. Mesmo

vivendo na província onde a tribo dos kimbundos reside, existem jovens que afirmam não

saber falar kimbundu.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 Panorama social geral

Em Angola existem três grupos linguísticos, o primeiro grupo é o Vátwa ou Kuroka, o

segundo, e principal, é o Bantu, e o terceiro e ultimo é o Khoisan(FERNANDES e NTONDO

2002, p.18)apud(NETO 2009).

A tribo khoisan vem de uma família de grupos étnicos que viviam na região sudoeste

de África. Possui algumas características físicas e linguísticas que foram assimiladas por

vários grupos bantus. Foi o primeiro povo que habitou em Angola e também eram conhecidos

por bosquímanos, hotentotes ou san. Hoje, é um grupo minoritário, localizado nas províncias

meridionais do Kuando, kubango e kunene. Segundo alguns antropólogos, o khoisan é o que

restou de uma antiga raça africana pré-existente à chegada dos bantu (MOREIRA, 2006). De

acordo com a divisão do professor Malcolm Guthrie de línguas bantus, ainda há tribos bantus

que formam dezenas de variantes com mais de uma centena de subgrupos. O povo bantu é o

grupo demograficamente mais importante que chefia o território que abrange a totalidade de

Angola (GUTHRIE, 1971).

Por volta de três ou quatro mil anos atrás, a tribo Bantu deixou a selva equatorial, que

hoje corresponde às regiões entre Camarões e Nigéria, para imigrar para o sul e leste da

África. O motivo dessa migração até hoje é desconhecido, mas esse processo durou até o

século XIX. Durante esse processo, essa tribo, que era considerada uma das mais fortes tribos,

talvez a mais forte, devido a sua organização, tiveram que vencer batalhas contra tribos

indefesas, como a tribo dos pigmeus e bosquímanos para tomar posse das terras. A tribo bantu

tinha um número maior de seguidores, cerca de quinhentos povos bantus. Por este motivo não

podemos atribuir uma raça específica para representar a tribo bantu, motivo pelo qual

utilizamos o termo “povo”. O povo bantu era caracterizado por comunidades culturais,

civilização comum e línguas semelhantes. (YIATETA, 2009)

O termo “Bantu” significa pessoas e o seu singular é “Muntu”, este nome é somente

atribuído a uma civilização que conserva a sua unidade e foi desenvolvida por povos de raça

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negra. O radical 'Ntu'', comum em muitas línguas Bantus, significa, pois, “homens”, “seres

humanos”. (RUIZ, 1993)

Como já foi mencionado, o povo bantu imigrou em direção ao sul e leste de África e

uma das terras que eles conquistaram foi no sudoeste do continente, onde foram criados os

estados Kongo ou Ndongo. O reino Ndongo passou a existir a partir do século XVI,liderado

por um kimbundu chamado Ngola A Kiluanji Inene (o grande rei). Ngola A Kiluanji fundou

um dinastia que mais tarde ficou conhecida por Reino de Angola. O nome “Ngola” vem do

termo “Ngolo”, que em kimbundu significa “força”, de acordo com o Ensaio de dicionário

Kinbundu-portuguez (MATA apud PONTE, 2006) e “Angola” é derivado do nome do seu rio

“Ngola”. (PONTE, 2005).

2.2 Expansão portuguesa

A história de Angola é muito semelhante à história de Brasil, Cabo Verde, Guiné-

Bissau, São Tomé e Príncipe e Moçambique, com exceção de Macau (Ásia) e Goa (Índia) e

Timor-leste. Concordando com Amélia Mingas (MINGAS 2000, p. 38), embora esses países

possuam histórias, tradições e costumes diferentes, foram conectados pelo destino através de

um pequeno país europeu, com o território de apenas 92 090 km², chamado Portugal.

A expansão portuguesa começou em 1415, com a conquista de Ceuta, a cidade

islâmica localizada no norte de África, pelo então rei de Portugal Dom João I, segundo o autor

António Setas (SETAS 2007), em 1482, para satisfazer o seu desejo de descobrir a passagem

marítima para a Índia e também com intenção de unir-se ao tão procurado reino cristão do

Prestes João1. Os portugueses queriam encontrar novas rotas comerciais para poder

enriquecer ainda mais o mercado Europeu. D. João II enviou suas tropas lideradas pelo

navegador português Diogo Cão que estavam a caminho da Índia e, por acaso, foram parar no

território de um dos sub-reinos do reino do Kongo.

De acordo com o autor, os navios portugueses chegaram ao porto de Mpinda à foz do

rio Kongo e com eles trouxeram alguns ajudantes que iriam construir a igreja e o palácio do

1Reino Prestes João – Alguns acreditavam ser um reino místico, outros não.

Ver:http://estrolabio.blogs.sapo.pt/1383892.html

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rei Nzinga Nkuwu2. No início, o líder português procurou estabelecer um ambiente pacífico,

que resultou na liberação do acesso para o início do intercâmbio cultural, econômico e

vagamente semeou o proselitismo religioso no reino do Kongo3.

Ao sul do reino do Kongo, existiam mais dois reinos, que eram o Ndongo, reinado por

Ngola Kiluanji, e Matamba, governado por uma rainha desconhecida. Aos poucos o então

novo “amigo” ganhava mais a confiança do reino Ndongo, mas a real prova veio na batalha de

independência do reino Ndongo, o qual pertencia ao reino do Kongo. Em todas as batalhas

contra o reino do Kongo, os kimbundus (Reino do Ndongo) sempre tiveram o apoio dos

portugueses. Finalmente, em 1556, o reino do Ndongo tornou-se independente do reino do

Kongo.

Figura 1 Fonte: www.africafederation.net

2 Nkuwu Nzinga, primeiro manicongo a converter-se ao cristianismo c.1509, gravura de Pierre Duflos (1742-

1816) 3 Reino do Kongo (Congo) foi aonde começo a história de muitos países africano do sul.

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2.2.1 Início do comércio de escravos e invasão holandesa

Conforme João Marinho dos Santos(SANTOS 1998), o comércio do tráfico de

escravos em Angola começou em 1519 e, como ninguém quer ter adversários, com os

portugueses não foi diferente. Inicialmente, o comércio de escravos estava a lucrar

rapidamente, e isso atraiu outro país europeu para Angola.

Os holandeses invadiram Angola em 25 de agosto de 1641, com intenção de traficar

mais escravos para o nordeste do Brasil. Essa invasão durou oito anos, até que o rei João IV

enviou Salvador Correia de Sá e Benevides para tomar posse de Angola novamente. A partir

desse momento Luanda deixou de ser considerada uma ilha. A cidade foi fundada em 25 de

janeiro de 1576 e batizada pelo navegador Paulo Dias de Novais com o nome de São Paulo de

Assunção de Loanda, na época habitavam aproximadamente 5 milhões de pessoas.

{LUANDA}

Lu – Primitivo de forma plural nas línguas bantus; Todo lugar que tem água, alagamentos, ilha, braço de

rio etc...

Anda – deriva de Ndandu- significa mercadorias, valores ou objeto de comércio. PIRES (1965, p15)

Figura 1 Cidade de Luanda Fonte:rotivsaie.blogspot.com

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2.3 História dos Reinos

2.3.1 O reino Ndongo

O reino do Ndongo era um dos sub-reinos do reino do kongo e,segundo PITTA

(2009), foi fundado no início do século XVI, por Ngola Kiluanji.Ngola A Kiluanji reinava

quando os portugueses chegaram em Ngola. Os primeiros ngolas dividiram a autoridade do

Ndongo sobre diversos sobas4. Até meados do século XVI ocupavam uma boa parte das terras

que tinham acesso aos rios principais. Os ngolas, como outros sub-reinos do reino do kongo,

obrigatoriamente se submetiam aos manikongos (reino do Kongo), pagavam-lhes impostos e

lhes rendiam homenagens.

O reino do Ndongo tornou-se independente em 1556, assistido pelos portugueses que,

na época, ainda tinham um relacionamento pacífico com os kimbundos.

Após a independência, o rei Ngola Kiluanji e os portugueses estabeleceram um

comércio de trocas de bens. No entanto, de acordo com PITTA (2009), nem todos confiavam

nos homens brancos e não demorou muito para que os portugueses revelassem os motivos que

os fizeram manter esse contato com o reino africano, que foram exatamente matérias-primas,

mão de obra (escravos) e as minas de prata que havia no dentro do território do reino do

Ndongo. Conforme BENGUI relatou (2008), essas revelações não agradaram o rei, o que

resultou na morte de Manuel Pacheco, e Baltazar de Castro foi sujeito à condição de escravo

durante seis anos.

A chegada da nova embaixada portuguesa em 1560, liderada por Paulo Novais, que

trouxe missionários jesuítas, só piorou a relação já fragilizada entre o reino africano e os

portugueses, e resultou na prisão de Paulo Novais e os jesuítas por cinco anos. Não fosse pela

ação militar dos Bayakas5, Novais nunca teria regressado a Portugal em 1565 (SERRANO,

1982).

Novais retornou com o título de vice-rei de Portugal e chegou determinado a ocupar o

reino Ndongo. O reino conseguiu vencer várias batalhas contra os portugueses, embora as

4Soba: do kimbundu, autoridade maior de um distrito.

5Bayakas- faziam parte do reino do Kongo.

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armas fossem simples arcos e flechas contra as armas de fogo. Na medida em que as batalhas

aumentavam, o reino se afastava da capital Loanda e foram se refugiar em Cabassa no interior

de Matamba. Com o tempo, o reino foi enfraquecendo por causa da desistência de alguns

líderes.

As batalhas entre os kimbundos e os portugueses prosseguiram por décadas. Enquanto

isso acontecia, os portugueses continuaram a evangelização de outras tribos ligadas ao reino

do Kongo, e foi com ajuda dessas tribos que os portugueses conseguiram vencer a batalha

contra a tribo do Ngola Kiluanji. A morte do rei Kiluanji fragilizou muito os kimbundos, tanto

que iniciaram disputas sobre o poder entre os ambundos.

O falecimento do rei em 1617 trouxe desunião familiar, pois deu início à disputa entre

seus filhos pelo poder.Essa disputa só favoreceu os portugueses, pois isso enfraquecia o reino.

O ambicioso, Kia Ngola Mbandi6,

que já era rei antes da morte de seu pai, luta para

receber as terras de sua irmã Nzinga. Tão grande era sua ganância e crueldade que mandou

assassinar o único filho de sua meia-irmã. Isso fez com que Nzinga se afastasse e formasse o

seu próprio exército para se vingar do irmão (FONSECA, 2011 apud(MILLER 1995).

Durante o tempo em que ficou afastada, Nzinga ocasionalmente invadia as terras de

seu irmão e se apoderava de membros e gados do reino do Kia. Seu afastamento foi ainda

mais vantajoso aos portugueses, porque em 1618 Nzinga alinhou-se a eles. Do outro lado, Kia

via seu reino se tornando cada vez mais fraco. Nessa mesma época, Kia decide pedir a sua

irmã que assinasse um acordo de paz com os portugueses.

O tal acordo resultou em Nzinga tornando-se embaixadora de Luanda, mas a paz não

durou muito. O sucesso de Nzinga mais uma vez desperta a inveja de seu irmão, que, atacado

pela fúria, inicia novamente uma guerra contra os portugueses. Mas isso não dura muito

tempo, pois logo depois morre envenenado.

6Filho do rei Ngola Kiluanji.

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Figura 2O grande encontro entre Rainha Nzinga Mbandi com governador Português em Luanda. Fonte:

www.pitigrili.com

Alguns historiadores afirmam que a coautora do assassinato de Kia Mbandi foi à

própria Nzinga, que se torna rainha do reino de Ndongo e Matamba em 1623. (LOPES, 1988)

Em 1657, a Rainha Nzinga assina novamente um tratado de paz com os portugueses,

mas morre cinco anos depois. O velho Ndongo recebe o nome de “Reino Português de

Angola”. Porém, a resistência continua por mais de trezentos anos. A luta pela independência

continuou até 1975, quando Angola finalmente viu-se livre de seus colonizadores

(LOPES, 1988).

Figura 3 Reino Português de Angola

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Figura 4Nzinga Mbandi. Fonte: http://angola-luanda-pitigrili.com/who%E2%80%99s-who/n/nzinga-mbandi

O nome do país “Angola” foi uma homenagem ao seu rei Ngola,e o nome Ngola

deriva do termo “Ngolo”, que em kimbundu significa “força”, de acordo com o Ensaio de

dicionário Kinbundu- portuguez (MATA apud PONTE, 2006,).

Figura 5– Angola. Fonte: www.angola-saiago.net

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2.4 Origens linguísticas: história do Kimbundu

Em Angola há oficialmente três grupos linguísticos, que são:

Vátwa ou kuroka Vakankala, kamusekele, e bosquimane (ou hotentote).

Bantu Cokwe, Kimbundu, Kikongo, Ngangela, Olunyaneka,

Oshihelelo, Oshikwanyama, Oshindonga ou Umbundu.

Khoisan Ovakwando (kwisi) e ovakwepe (ou kwepe)

Tabela 1 - (FERNANDES E NTONDO 2002, p18 apud NETO, 2009).

O kimbundu tem influência de dois grupos linguísticos, o khoisan e o bantu. A

explicação é simples, o khoisan veio de uma tribo africana que durante uma fase da história da

África foi considerada uma das tribos mais fortes que já existiu no continente. A tribo khoisan

é descedente de uma família de grupos étnicos que habitavam na região sudoeste de África e

que tem alguns atributos físicos e linguísticos que foram assimiladas por vários grupos bantus.

Segundo ZAU (2011), os khoisans, que também eram conhecidos por

bosquímanos, hotentotes ou san, hoje é um grupo minoritário localizado nas províncias

meridionais do Kuando kubango e kunene. Segundo alguns antropólogos, o khoisan é o que

restou de uma antiga raça africana pré-existente à chegada dos bantus em Angola.

SETAS(2007) relata que o povo bantu é originalmente da selva equatorial, que nos

dias atuais é território de Camarões e Nigéria. Por volta de três ou quatro mil anos atrás, por

motivos desconhecidos, a tribo bantu imigrou da selva equatorial para o sul e leste da África.

Esse processo imigratório teve duração até o século XIX.

Assim, como a tribo khoisan, os bantus também marcaram a história da África, mas

superaram a tribo khoisan, pois venceram várias batalhas contra as tribos dos pigmeus e

bosquímanos (subgrupos- khoisans) e se apoderaram das suas terras. Correira (2008) relata

que a tribo bantu era constituída por cerca de 500 subgrupos bantus, por esse motivo é que

não há uma específica raça para representar essa tribo. Eles são identificados pelas

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comunidades culturais, civilizações comuns e línguas idênticas. A tribo é o grupo

demograficamente mais importante que chefia o território que abrange a totalidade de Angola.

Quase todo o território angolano situa-se dentro da zona de divulgação das línguas

Bantus. Eis aqui as nove nações bantus que correspondem a uma língua nacional diferente:

Nação

Idioma

Bakongo

Kikongo

Mbundu(Ambundu)

Kimbundu

Lunda-Tchokwe

Tutchokwe

Ovimbundu

Umbundu

Ganguela

Tchiganguela

Nhaneka-Humbe

Lunhaneka

Herero

Tchiherero

Ovambo

Ambo

Donga

Xindonga

Tabela 2: Pinto,2000-http://www.multiculturas.com/angolanos/alberto_pinto_kimbundu_intro.htm

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O kimbundu é a língua tradicional que predomina na cidade de Luanda e é falada por

aproximadamente três milhões de habitantes angolanos (GREENBERG apud PINTO, 2000).

O kimbundu, como outras línguas bantus, até então não tinha tradição escrita, por causa do

Decreto de 9 de dezembro de 1921, que interrompeu o ensino de qualquer língua nacional

com exceção do português. O kimbundu passou a ser estudado por volta do século XIX e XX,

quando Héli Chatelain, Cordeiro da Matta, António de Assis Júnior e Óscar Ribas iniciaram

seus estudos sobre a língua (id).

Figura 6 Grupos étnicos de Angola. Fonte: [Imagem: Angola Ethnic map 1970-PT. svg|thumb|180px|legenda]].

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2.4.1 O contato da língua portuguesa com o kimbundu

O contato da língua é o processo de interação entre duas culturas com a finalidade de

se comunicarem. As condições sociais do contato partem da necessidade de comunicação

entre os representantes de diferentes grupos etnolinguísticos. A relação linguística ocorre

quando há comunicação permanente entre os falantes de línguas diferentes. Durante esse

processo os interlocutores utilizam ambas as línguas, simultaneamente ou em graus diferentes,

o que significa que há possibilidade de o falante dominar duas línguas ou de entender

passivamente línguas estranhas (REIS, 2006).

Recuando ao tempo colonial, entre 1575 e 1592, avalia-se que desembarcaram

aproximadamente 2340 portugueses, mas somente 300 permaneceram em Luanda. Até 1592,

450 teriam sido vítimas de guerras ou doenças, e o restante se fixou no interior do país, onde

aprendeu as línguas nacionais e suas culturas. Muitos destes portugueses, por falta de um bom

número de mulheres europeias, tiveram filhos de escravas angolanas e estes filhos foram

criados por essas escravas, que lhes ensinavam as línguas maternas. Dentre 1620-1750, o

kimbundu era a língua nacional mais falada em Luanda (SANTOS, 1998).

O português era uma língua fraca, usada somente entre chefes e comerciantes. A

maioria da população se comunicava em kimbundu. Essa língua nacional era usada na vida

cotidiana do luandense, até mesmo a elite afro-portuguesa que ocupava as posições-chave do

governo também tinha um bom conhecimento de kimbundu. No início, o português tentou

equilibrar esse convívio entres as línguas kimbundu e português, sendo que em Luanda

habitavam pessoas de várias tribos, que conviviam juntas e se comunicavam em kimbundu, a

língua nacional que dominava a capital do país. Mas essa tentativa não obteve muito sucesso.

A cultura e língua dos portugueses só conseguiram aprofundar-se na capital através de

políticas agressivas que simplesmente impuseram uma nova língua e cultura ao cidadão

luandense. Foi durante essa época que começou o império português em Angola (TERESA;

SEBASTIÃO; BENTO: 2010).

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2.4.2 Português: Língua materna ou uma língua de dimensão nacional?

“Devemos ter a coragem de assumir que a Língua Portuguesa, adotada desde a nossa

Independência como língua oficial do país e que já é hoje a língua materna de mais

de um terço dos cidadãos angolanos, se afirma tendencialmente como uma língua de

dimensão nacional em Angola. Isso não significa de maneira nenhuma, bem pelo

contrário, que nos devemos alhear da preservação e constante valorização das

diferentes Línguas Africanas de Angola [LAA], até aqui designadas de “línguas

nacionais”, talvez indevidamente, pois quase nunca ultrapassam o âmbito regional e

muitas vezes se estendem para além das nossas fronteiras.”.

(Pres.: Jose Eduardo dos Santos, apud AGUALUSA, 2006)

Alguns angolanos lutam contra a ideia de que o português seja a nossa língua materna,

mas outros a adotaram sem qualquer problema, já que o português hoje é a língua oficial do

país e a que nos une. (PATISSA, 2005)

De acordo com a definição do dicionário Houaiss de língua portuguesa, “Dialeto”

derivada da palavra “Diálektos”, tem origem grega. Significa qualquer variedade linguística

coexistente com outra e que não pode ser considerada uma língua, trata-se de uma variante

linguística. A seguinte história relata um conflito que vem causando grandes conflitos na vida

cotidiana de muitos angolanos (HOUAISS, Dicionário de Língua Portuguesa).

[…] assim, anteontem, juntei o monte de documentos e fui ao centro de

emprego, do Ministério do Trabalho, na minha cidade. […] Uma vez lá, encontro um

senhor cuja testa parecia estar há anos sem saber o que é sorrir. Pronto, saúdo e

avanço, afinal não estava ali para semear amizades. Na secção a seguir, uma senhora

dá-me o formulário e algumas instruções. Escrevo tão rápido que, volta e meia, tinha

tudo preenchido […] e a discussão inicia com a atendedora: tudo porque preenchi o

Umbundu como sendo a minha língua materna. “A nossa língua materna é aquela que

falamos”, dizia ela. Pois claro, mas é essa mesma a minha língua de berço; tanto o

português como o inglês, eu aprendi foi na escola. Que azar me arranjei? A senhora

submeteu-me então a uma cátedra: “língua materna é aquela que herdamos do

colonizador, porque é a língua que nos une; olha, um zairense, por exemplo, na escola

fala lingala? Claro que não, moço!” Impotente e em desvantagem, disse-lhe apenas

que era complicado. “Pois, mas estou-te a fazer entender agora que, no espaço língua

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materna, escreva português, porque o Umbundu é dialecto apenas!”, ditava ela. Os

meus suspiros e reticências não a impediram de pegar o corrector e, a mando dela, eu

declarar o português como “minha língua materna”, relegando o meu doce Umbundu

ao segundo plano. Deixei o Centro de Emprego bastante contrariado, quase irritado. Já

não basta o que basta, agora também me roubam a minha história, a minha dignidade?

Será que por necessitar de uma carreira, perco o direito de ter nascido no Quimbo, ter

o Umbundu como primeira língua da minha vida, ligada às primeiras memórias que

guardo com honra!?”

(PATISSA; 2005, não paginado).

A língua oficial é tomada como a unificadora de um país ou a língua que todos devem

saber para tratar qualquer assunto governamental. Mas será que esse conceito também deve

ser aplicado em países da África, especificamente em Angola? Se for possível, então a língua

portuguesa tornou-se uma língua africana, vinda da raiz da Europa e se enraizou em África.

O que está acontecendo em Angola já ocorreu com Brasil. Quando os portugueses

desembarcaram nas praias com o território amplíssimo, havia aproximadamente 1.200 línguas

indígenas. Atualmente, restam apenas 180. Esse massacre linguístico foi um dos maiores

crimes cometidos pelos portugueses durante a era colonial. Felizmente, o Brasil conseguiu

abraçar um grande número de palavras indígenas e africanas. Um fenômeno que não ocorreu

em lugares como os Estados Unidos ou a Austrália. (AGUALUSA,2004/05)

2.5 Português x Kimbundu

O português é a língua materna ou não?A língua portuguesa em Angola deve ser

considerada como língua materna ou estrangeira?

De acordo com o Reis (2006), a língua estrangeira é aquela que é falada pelos

membros de uma determinada comunidade e que não é idêntica, ou não pertence ao seu

patrimônio cultural. Com isso dito, realmente não há como consideramos a língua portuguesa

como uma língua nacional, muito menos, inseri-la no quadro linguístico angolano, porque ela

veio do indo-europeu, já o kimbundu de Luanda deriva do bantu, uma língua de raiz africana.

Se formos por essa explicação, podemos afirmar que o português, é, sim, uma língua

estrangeira, dentro da comunidade de línguas nacionais angolana.

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Segundo PASCOAL (2007), a adoção da língua do colonizador como língua oficial

aconteceu em todos os países que Portugal colonizou. Mas como o português conseguiu esse

resultado? Em Angola, com a implantação pelo regime português de uma política

assimiladora que apontava a essa adoção pelos angolanos. Intencionalmente, a ideia do

português era reeducar a sociedade angolana ou, como eles diziam, “civiliza-la” com hábitos e

valores portugueses, com a finalidade de fazê-los esquecer dos seus próprios costumes e

histórias. Segundo o autor (2007),isso resultou na adoção das gerações posteriores de hábitos

similares aos dos portugueses e, consequentemente, na perda da tradição e do referencial

histórico do luandense.

Luanda era a cidade de maior concentração portuguesa, por estar localizada na costa

do oceano Atlântico, o que facilitava a exportação de bens materiais. Esse fato aumentava a

população portuguesa na capital e, cada vez que esse movimento imigratório ocorria,

diminuía mais a possibilidade de cultivo da língua principal da cidade, que era o kimbundu.

Segundo AGUALUSA (2002) apud PASCOAL (2007), a LP rompeu todas as

barreiras no território angolano após a independência, tornando-se na segunda língua mais

falada em Angola, perdendo o primeiro lugar para Umbundu, e o Kimbundu estando em

terceiro lugar. Muitos intelectuais angolanos, principalmente escritores que influenciaram ou

influenciam a literatura angolana, como Agostinho Neto, Uanhenga Xitu, Luandino Viera e

Pepetela, defendem a “angolanidade”.Eles acreditam que o povo angolano deveria, sim, ter

acesso ao ensino de línguas nacionais, com o objetivo de cultivar o patrimônio angolano.

Alguns luandenses que vivenciaram essas mudanças drásticas do Decreto de 1921

consideram o português como uma língua estrangeira, mas, para as gerações seguintes, o

português passou a ser língua materna, embora na fala haja traços do kimbundu.

Em 24 de novembro de 1977, o então presidente do país, em discurso afirmou que era

necessário substituir a LP com uma das línguas nacionais.

"O uso exclusivo da língua portuguesa, como língua oficial, veicular e utilizável

actualmente na nossa literatura, não resolve os nossos problemas. E tanto no ensino

primário, como provavelmente no médio, será preciso utilizar as nossas línguas. E

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dada a sua diversidade no país, mais tarde ou mais cedo deveremos tender para a

aglutinação de alguns dialectos, a fim de facilitar o contacto." (24 de Novembro de

1977, Agostinho Neto,)

Após a independência, o país teve que arcar com as debilitações linguísticas

procedidas pela coexistência de diversas línguas nacionais de origem bantu, não bantu e a

língua portuguesa, que foi imposta pelo colono. Nessa época, a justificativa de não resgatar a

identidade cultural era já ter passado décadas desde a interrupção da evolução do kimbundu, e

seria supostamente mais fácil alfabetizar os alunos em português, que já nesse tempo era

falada por uma boa parte da sociedade luandense, em comparação com o Kimbundu. Mesmo

com esses conflitos linguísticos, a língua portuguesa foi escolhida para ser a língua oficial do

país e da educação.

O português foi a língua que uniu um país com tanta diversidade linguística, que ficou

em destaque no meio de 48 ou mais de línguas nacionais, por esse motivo era praticamente

impossível que o kimbundu influenciasse a LP e, com o tempo, a LP ofuscaria o kimbundu.

Esse ensino caracteriza-se essencialmente pelo papel que lhe é imposto pelas

diretivas oficiais; fazer do africano um “português” levando-o a esquecer todas as

tradições culturais e históricas nacionais. Por exemplo: só é permitido o ensino da

língua portuguesa; nada se aprende sobre as tradições literárias e artísticas dos povos

angolano, da sua historia, etc. Apesar disso, as populações resistem admiravelmente ás

tentativo de esmagamento das suas tradições nacionais, transmitindo oralmente a sua

literatura, os seus hábitos e as suas tradições. (CÁ, 2011, apud CABRAL;

ANDRADE, 1978, p. 17)

Segundo TUSSAMBA (2009), a proibição do ensino de LN induziu a busca de

alternativas para cultivar a tradição. Por isso, muitas das línguas nacionais em Angola só são

transmitidas oralmente, sem nenhuma escrita. Até o final do século passado, não lhes eram

dadas importância alguma, eis a razão pela qual muitas línguas não têm uma escrita

oficializada, com exceção de algumas como o kimbundu, que hoje em dia está recebendo

muitos investimentos, e, nas últimas décadas, já poderia ser encontrada na matriz curricular

não só das universidades, mas também de escolas de ensino fundamental.

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Por ter sido cultivado através da oralidade, o kimbundu de Luanda começou a se

misturar com a LP. Algumas palavras que têm origem no kimbundu muitas vezes são

consideradas como gírias pela juventude, como foi comprovado nessa pesquisa. PASCOAL

(2007) afirma que muitos jovens luandenses usam palavras como Cota (Dikota), que é uma

maneira educada para se dirigir-se a um adulto, ou Camba (DiKamba), que significa amigo.

2.7 O jovem luandense

A situação linguística e cultural da juventude luandense encontra-se muito perdida em

relação a suas origens. São poucos os que sabem de que tribo dentro do território angolano

veio a sua família. Para piorar a situação, é muito difícil deparar-se com jovens que saibam

falar kimbundu em Luanda. O lugar ideal que deveria estar promovendo o conhecimento

sobre a história e cultura da cidade infelizmente não parece estar capacitadoparatransmittir

essas informações essenciais para enriquecer o conhecimento da juventude.

O mercado de trabalho está cada vez mais exigente, e isso não é só em alguns países,

mas no mundo inteiro. Hoje se exige que o indivíduo seja no mínimo bilíngue. No século

XXI, de acordo com David Pegg7, as línguas estrangeiras que lideram o mercado de trabalho

são a língua Inglesa, Francesa e Espanhola. Em Angola não é tão diferente, especialmente na

capital, onde os futuros trabalhadores estão investindo cada vez mais em línguas estrangeiras

para obter melhores ofertas de emprego.

Devido à história sociolinguística da cidade, muitos acham desnecessário investir em

línguas nacionais. Essa falha que afetou a evolução de línguas nacionais faz com os

luandenses desprezem as línguas nacionais e não vejam como é que o Kimbundu enriquecerá

seus currículos. Muitos jovens desvalorizam o ensino das línguas nacionais porque acreditam

que elas são simplesmente inúteis no dia a dia. Alguns acreditam que o ensino de línguas

nacionais na juventude ou infância não levará o país a um futuro promissor.

Por este motivo, há certa discriminação contra os que sabem falar uma língua

nacional, que normalmente são os moradores de bairros rurais em Luanda. O olhar

7Disponível em: (http://list25.com/the-25-most-influential-languages-in-the-world/2/)

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governamental é o seguinte: olhar para línguas estrangeiras como o inglês e francês, que

atualmente lideram o mundo. Dessas sim teremos um bom aproveitamento para melhorar o

país (PINTO, 2008 apud FONSECA, 2012).

Visto isso, não há como os jovens se interessarem pelo o ensino da presente língua

nacional quando o próprio governo não a valoriza.Por outro lado, há quem pergunte que

função teve a língua portuguesa durante a guerra civil quando muitas pessoas não conseguiam

se comunicar na própria língua oficial do país? De acordo com Inocência da Mata:

Deve caber, pois, ao Estado, supostamente preocupado com a cultura

nacional ou o exercício da cidadania, trabalhar (e não apenas através de

discursos) para reverter essa situação de exclusão da cidadania de falantes de

outras línguas, que cada vez se vêm tornando mais periféricas e

folclóricas.[…]

(MATA, p. 12 apud FONSECA, 2012, p.27).

Ou seja, é um dever do Estado promover as línguas nacionais ao seu povo para que ao

menos possamos cultivar o que nos resta da nossa identidade. É mais, que evidente que

durante a guerra civil, que teve duração de 38 anos, perdeu-se muita coisa que nos retrasou.

Colocamos em pausa diversos órgãos governamentais para nos focar em estabelecer a paz no

país. Um desses órgãos pausados foi a educação e, agora, lutando contra o tempo, a lista do

que é mais e menos importante na área educacional inclui o ensino de línguas estrangeira, mas

não as nacionais.

Hoje em dia, na televisão pública de Angola, é possível assistir ao telejornal nas seis

principais línguas do país e em português, mas o Estado angolano não responde a contento as

disposições da declaração universal dos direitos linguísticos (id).

Eleita como “língua oficial” no próprio acto da proclamação da independência, no

dia 11 de novembro de 1975, o português seria, nos anos 80, segundo dados do

Ministério da Educação, língua materna de 11% da população, para, no dealbar do

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século XXI, se tornar língua materna de 21% da população – língua coexistente

(mas não creio que convivente) com outras línguas faladas no território angolano,

bantu e não bantu. Sem receio de qualquer rótulo (como o de ser politicamente

incorrecta), direi que, então, não foi iniciado um trabalho sério e desideologizado

conducente a assegurar “a promoção, o respeito e o uso social e privado”

(Declaração Universal dos Direitos Linguísticos, Introdução) das línguas faladas no

território angolano, disposições necessárias à garantia de universalismo, igualdade e

harmonia (MATA, 2007, p. 154).

Como já foi mencionado, depois da independência, a língua portuguesa foi adotada

como a língua oficial de Angola por líderes do MPLA, líderes esses que na década de 1950

saíram do país na flor da juventude para estudar em Portugal e não tiveram a oportunidade

de conhecer os amplos e complexos rincões culturais, sociais, políticos e filosóficos

tradicionais presentes nas diversas etnias do país. Foram educados a partir da ideologia e da

literatura marxista-leninista e, após a independência, colocaram esta educação em ação.

A língua portuguesa passou a dominar os quatro cantos da cidade de Luanda, porém

não era a língua que monopolizava o mercado das ruas, pois não era a língua do

candongueiro8 e das zungueiras

9. (FONSECA, 2012)

Na pesquisa, foi demonstrado que o jovem luandense não tem noção da existência de

línguas nacionais e que o kimbundu é natural de Luanda. Porém, a pesquisa foi

intencionalmente desenvolvida para provar para os jovens que afirmam não ter conhecimento

do kimbundu, por falta de recursos e interesse, que inconscientemente ele faz uso de palavras

que originaram do kimbundu. Foi interessante descobrir que eles sabem o significado, mas

não conhecem a origem das seguintes palavras:

8Candongueiro: táxi público, ou taxista.

9 Zungueira: ambulante.

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Portuguesada Kimbundu Significado

BAZAR Ku baza Fugir ou Sair subitamente

CAMBA Dikamba Amigo

CAMBUTA Kambuta Homem baixo

CASSULE Ka suluka Filho mais novo

KOTA Dikota Mais velho

Zungueira Ku Zunga Ambulante ou Vendedora

NZAMBI Nzambi Deus

MAKA Maka Questão ou Problema

KUMBÚ Ukumbu Dinheiro ou Vaidade

KUBATA Dibata Casa

Tabela 4: Fonte: http://www.multiculturas.com/angolanos/alberto_pinto_kimb_port_vocab.htm

É interessante, porque dá para ver que não é muito tarde para resgatar a nossa

identidade africana. Se eles já fazem uso dessas palavras diariamente, não custa nada, com o

tempo, acrescentar mais e mais palavras no seu vocabulário em kimbundu.

Entende-se que o quadro sociolinguístico de Angola é meio confuso, porque há

diversas línguas nacionais. Até agora, oficialmente, só seis foram reconhecidas, que são:

Kimbundu

Kikongo

Umbundu

Chocué

Fiote

Cuanhama

Tabela 5

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A LP é a língua que divulga a comunicação social, administrativa e educacional,

porém, são as línguas nacionais que preenchem a lacuna da identidade nacional (INVERNO,

2005) A questão aqui é como fazer com que os jovens, que são o futuro da nação, mudem o

olharem relação ao ensino do kimbundu ou qualquer outra língua nacional. Eles têm que

sentir a necessidade e importância da sua identidade e saber representá-la. É desagradável, em

um evento internacional, onde pessoas perguntam se o indivíduo sabe falar pelo menos uma

das diversas línguas nacionais que o identifica como africano e ele simplesmente responder

que não sabe porque nunca lhe foi dado essa oportunidade para aprender.

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3 METODOLOGIA

A pesquisa de campo abordou uma investigação qualitativa com retoques quantitativos

inspirados pelos autores Philipp Mayring (2000) e Pita Fernández e Pértega Diaz (2002),

focalizada na teoria crítica, porque se trata de um movimento histórico que influenciou

valores sociais e étnicos em Angola. O objetivo final é alertar a sociedade luandense que

chegou a hora de reconquistar os valores sociolinguísticos e étnicos.

O trabalho realizado teve como alvo principal o jovem luandense, simplesmente

porque a juventude muitas vezes opta por não empregar o português padrão fora de um

ambiente formal. A escolha da capital foi meramente por ser a cidade materna da autora e

também por possuir a maior concentração do povo ambundu.

Foi realizada através de uma entrevista jovens de classe social média com três grupos

das seguintes faixas etárias: de 14 a 18, 19 a 22 e de 23 a 26 anos. Alguns formulários foram

preenchidos pessoalmente e outros, via e-mail. Essas três faixas etárias compõe o grupo que

nasceu após o Decreto de 9 de dezembro de 1921, por isso têm o português como língua

materna.

Por meio das respostas dadas pelos entrevistados foram feitos gráficos para apresentar

os resultados dos grupos. O foco esteve na quantidade de respostas erradas ou corretas de

cada grupo e também na opinião individual dos membros dos grupos a respeito da questão

sobre o interesse em aprender o kimbundu.

As opiniões foram analisadas cuidadosamente devido ao fato de se lidar com a geração

que nasceu após o decreto de 1921. Sendo assim, procurou-se analisar o interesse do jovem

que deseja aprender o kimbundu e entender o motivo do desinteresse por parte dos outros

entrevistados.

As perguntas utilizadas no questionário constam nos anexos deste trabalho, e

correspondem a informações como: o interesse e motivos de aprender (ou não) o kimbundu;

com que frequência o jovem mistura palavras do kimbundu ao português e o conhecimento

sobre origem e significado de determinadas palavras.

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35

O objetivo principal da análise das respostas ao questionário é comprovar que esses

jovens conhecem muitas palavras em kimbundu, mas não têm noção desse conhecimento.

Como pôde ser visto nos tipos de perguntas feitas nas entrevistas, procurou-se primeiramente

saber se o jovem tinha interesse em aprender o kimbundu, e qual era a justificativa para sua

resposta. A seguir, foi testado o conhecimento do entrevistado, questionando-se a frequência

com que ele misturava o kimbundu ao português. Por fim, foi pedido que o entrevistado

identificasse a origem e o significado de algumas palavras utilizadas diariamente por ele, bem

como por seus familiares e amigos fora do ambiente formal.

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4 ANÁLISE DE DADOS

Com que frequência você mistura palavras do kimbundu com a língua

portuguesa?

a) Às vezes

b) Todos os dias

c) Nunca

Grupo A – Na faixa etária de 14 – 18 anos de idade, entre os cinco entrevistados, apenas dois

afirmam misturar palavras do kimbundu na língua portuguesa, e três declaram abertamente

que nunca misturam palavras do kimbundu com a língua portuguesa.

Grupo B – Na faixa etária 19 – 22 anos de idade, entre os cinco entrevistados, três afirmam

que misturam palavras do kimbundu com a língua portuguesa. Dois declaram que nunca

misturam palavras do kimbundu com a língua portuguesa.

Grupo C - Na faixa etária 22 – 26, entre os seis entrevistados, apenas um afirma que mistura

palavras do kimbundu com a língua portuguesa. E dois afirmam nunca misturar palavras do

kimbundu com a língua portuguesa.

0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5

14 - 18

19 - 22

22 - 26

C

B

A

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37

Você deseja aprender o kimbundu?

A. SIM

B. NÃO

Grupo A – Surpreendentemente, todos demonstram grande interesse em aprender o

kimbundu. Os motivos de tanto interesse em aprender o kimbundu é por ela ser uma língua

nacional de Angola, gosto por aprender novas coisas e por acharem que essa deveria ser a

língua materna do luandense.

Grupo B – Entre cinco, apenas três demonstram interesse em aprender o kimbundu. Os

motivos desse interesse são por ela ser importante para a cultura, para não esquecer a tradição

e para resgatar os valores socioculturais. As razões pela falta de interesse em aprender o

kimbundu são por achar que aos poucos a língua estará extinta e outras simplesmente por não

acharem importante.

Grupo C – Admiravelmente, todos desejam aprender o kimbundu. O motivo desse interesse é

a necessidade de aprender o kimbundu para ter um conhecimento mais amplo da sua etnia.

0

1

2

3

4

5

6

14 - 18 19 - 22 22 - 26

SIM

NÃO

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38

4.1 Origem de Palavras

O resultado obtido pelo grupo A já era previsto, visto que essa é a faixa etária com

menos conhecimento do kimbundu. Foi o segundo grupo que demonstrou mais interesse em

aprender o Kimbundu, mas não teve firmeza nas respostas dadas durante a entrevista.

Não sabe origem

80%

Sabe origem

20%

14 -18 anos

Não sabe origem

60%

Sabe origem 40%

19 - 22 anos

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O grupo que mais demonstrou conhecimento foi o grupo B, no qual40% dos participantes

demonstram saber a origem de algumas palavras do kimbundu.

Era suposto que o número de participantes que soubessem a origem das palavras do

grupo C fosse mais elevado que o dos outros dois grupos, sendo que foi esse grupo que mais

demonstrou interesse em aprender o kimbundu e o que mais demonstrou solidez no motivo

que os levariam a aprender a presente língua nacional.

4.2Significado das palavras

Não Sabem origem

67%

Sabem origem

33%

22 - 26 anos

0% 20% 40% 60% 80% 100%

14 - 18

19 - 22

22 - 26

0 - 4

4 - 8

8 - 12

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40

a) Bazar

b) Camba

c) Cambuta

d) Cassule

e) Kota

f) ku zunga

g) Nzambi

h) Mangonha

i) Maka

j) Kumbú

k) Kubata

O grupo A, que pertence à faixa etária 14 – 18 teve o maior número de respostas erradas,

com quase 40% de reprovação nessa questão. O grupo B, da faixa etária 19 – 22, saiu em

segundo lugar, com aproximadamente 20% de reprovação nessa questão, e o grupo C em

primeiro lugar, pois o número de erros foi abaixo de dez.

De acordo com o resultado recebido na pergunta sobre o significado das palavras

dentre dos três grupos, o grupo que mais se destacou foi o grupo C. Pode-se afirmar que 80%

dos participantes da pesquisa sabem o significado das palavras selecionadas de origem do

kimbundu.

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5 CONCLUSÃO

A conclusão do trabalho foi razoável, visto que foi alcançado o objetivo da pesquisa,

que era contar resumidamente a história sociolinguística da província de Luanda. Com a

pesquisa comprovou-seque o kimbundu interfere na língua portuguesa falada pelo jovem

luandense, que faz uso do kimbundu inconscientemente no seu cotidiano. Por um lado, é

ótimo saber que até hoje o kimbundu sobreviveu todos os atentados intencionados em

elimina-lo completamente, por outro, não se pode negar que o colono quase conseguiu isso

com a interrupção de sua evolução.

Podemos crer que, se o português não tivesse colonizado Angola, hoje o kimbundu

provavelmente seria a língua oficial do país. Não só isso, mas também estaria muito mais

desenvolvida em relação ao seu estado nos dias atuais. É muito satisfatório sentir a presença

do kimbundu na nova geração, mesmo que seja de um jeito camuflado. Porém, por outro lado,

é lamentável que essa geração não reconheça que faze uso dessa língua nacional que

representa a tribo que fundou o nosso país, ou melhor, a nossa capital.

A língua nacional hoje é desprezada por muitos kimbundos que não vêem necessidade

de aprendê-la e essa indisposição para seu aprendizado tem certa razão, já que o próprio

governo manifesta pouco interesse em promover o ensino do kimbundu.

Infelizmente, o destino adicionou essa revira volta inesperada que mudou tudo em

Angola. Levando em consideração a opinião de todos, doponto de vista sociolinguístico,

acredito queessa reviravoltano nosso país teve resultado negativo, porque perdemos muito e

pior de tudo, foi perdida nossa identidade como país africano. Mas, considerando-se quenunca

é tarde demais, devemos lutarcontra o tempo para recuperar essa identidade que nos fará um

país african oorgulhoso, como fomos feitos para ser.

Em resumo, no capítulo 2 foi falado sobre a expansão portuguesa, que começou com

um objetivo, mas durante o percurso esse objetivo foi mudado, pelaopção de investirem nas

terras do reino do Ndongo. Depois falou-se sobre a história do reino do Kongo, que fundou o

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sub-reino do Ndongo, que conquistou sua independencia com a ajuda dos portugueses e que,

futuramente foi colonizado por eles.

Em seguida, falamos da língua nacional da capital de Angola, que é o kimbundu.

E,dando continuidade, sobre a convivência da língua portuguesa com o kimbundu em

Luanda. e as dificudades que surgiram após a língua portuguesa ter substituido o kimbundu

como língua materna involuntariamente.

Por último, foram apresentados os, efeitos do decreto que proibiu o ensino do

kimbundu na capital do país e o preconceito que nasceu contra a língua nacional que no

passado foi a língua principal de Luanda.

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ANEXO – DADOS DE PESQUISA

Entrevista 1:

Nome: Isabel Artésia de Almeida Ferreira

Idade: (X) 14-18 ( )19-22 ( ) 22-26

Você deseja aprender o kimbundu?

(X) Sim ( ) Não

Por quê?

Porque é uma das línguas do meu país.

Com que frequência você mistura palavras do Kimbundu no português?

(X) Às Vezes

( ) Todos os dias

( ) Nunca

Qual é a origem das seguintes palavras:

a) Bazar- Kimbundu

b) Camba - Kimbundu

c) Cambuta - Kimbundu

d) Cassule - Kimbundu

e) Kota - Kimbundu

f) ku zunga - Kimbundu

g) Nzambi- Kimbundu

h) Mangonha - Kimbundu

i) Maka - Kimbundu

j) Kumbú - Kimbundu

k) Kubata - Kimbundu

l) Bufunfa –

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Qual é o significado das seguintes palavras:

a) Bazar- Fugir

b) Camba- Amigo

c) Cambuta – Homem baixo

d) Cassule – Filho mais novo

e) Kota – Mais velho

f) ku zunga -

g) Nzambi - Deus

h) Mangonha - Preguiça

i) Maka - Questão

j) Kumbú - Dinheiro

k) Kubata - Casa

l) Bufunfa – Coisa grande

Entrevista 2:

Nome: Evandro João Dizolele

Idade: (X ) 14-18 ( )19-22 ( ) 22-26

Você deseja aprender o kimbundu?

(X ) Sim ( ) Não

Por quê?

É importante conhecer a terra.

Com que frequência você mistura palavras do Kimbundu no português?

(X) Às Vezes

( ) Todos os dias

( ) Nunca

Qual é a origem das seguintes palavras:

a) Bazar- Português

b) Camba- Português

c) Cambuta - Português

d) Cassule - Português

e) Kota - Português

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f) ku zunga - Português

g) Nzambi – Português

h) Mangonha - Português

i) Maka - Português

j) Kumbú - Português

k) Kubata- Português

l) Bufunfa - Português

Qual é o significado das seguintes palavras:

a) Bazar- Ir

b) Camba- Amigo

c) Cambuta - Pequeno

d) Cassule - Filho mais novo

e) Kota – Mais velho

f) ku zunga - Vendendor

g) Nzambi – Deus

h) Mangonha - Maninha

i) Maka - Confusão

j) Kumbú - Dinheiro

k) Kubata- Casinha

l) Bufunfa – Dinheiro

Entrevista 3:

Nome: Nickerson Jorge C. Dange

Idade:(X ) 14-18 ( )19-22 ( ) 22-26

Você deseja aprender o kimbundu?

(X ) Sim ( ) Não

Por quê?

Gosto de conhecer e aprender novas coisas.

Com que frequência você mistura palavras do Kimbundu no português?

( ) Às Vezes

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( ) Todos os dias

(X) Nunca

Qual é a origem das seguintes palavras:

a) Bazar

b) Camba-

c) Cambuta -

d) Cassule -

e) Kota -

f) Ku zunga -

g) Nzambi –

h) Mangonha -

i) Maka -

j) Kumbú -

k) Kubata-

l) Bufunfa -

Qual é o significado das seguintes palavras:

a) Bazar- Sair

b) Camba- Amigo

c) Cambuta - Larsinho

d) Cassule - Criança

e) Kota – Mais velho

f) ku zunga -

g) Nzambi –

h) Mangonha - Berrar

i) Maka - Problema

j) Kumbú - Dinheiro

k) Kubata- Casinha

l) Bufunfa - Dinheiro

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Entrevista 4:

Nome: Kelson Etrene Corneles Varela

Idade: (X ) 14-18 ( )19-22 ( ) 22-26

Você deseja aprender o kimbundu?

(X) Sim ( ) Não

Por quê?

Porque é a língua da nossa terra.

Com que frequência você mistura palavras do Kimbundu no português?

( ) Às Vezes

( ) Todos os dias

(X) Nunca

Qual é a origem das seguintes palavras:

a) Bazar- Português

b) Camba- Português

c) Cambuta - Português

d) Cassule - Português

e) Kota – Português

f) ku zunga - Português

g) Nzambi – Português

h) Mangonha - Português

i) Maka - Português

j) Kumbú - Português

k) Kubata- Português

l) Bufunfa - Português

Qual é osignificado das seguintes palavras:

a) Bazar- Ir

b) Camba- Amigo

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c) Cambuta - Pequeno

d) Cassule - Criança

e) Kota – Mais velho

f) ku zunga - Vendedora

g) Nzambi – Deus

h) Mangonha -

i) Maka - Problema

j) Kumbú - Dinheiro

k) Kubata- Casa

l) Bufunfa -Dinheiro

Entrevista 5:

Nome: Félomena Suraia de Almeida Miguel

Idade: ( X) 14-18 ( )19-22 ( ) 22-26

Você deseja aprender o kimbundu?

(X) Sim ( ) Não

Por quê?

Porque deveria ser a minha língua materna

Com que frequência você mistura palavras do Kimbundu no português?

( ) Às Vezes

( ) Todos os dias

(X) Nunca

Qual é a origem das seguintes palavras:

a) Bazar-

b) Camba-

c) Cambuta

d) Cassule -

e) Kota -

f) ku zunga -

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g) Nzambi –

h) Mangonha -

i) Maka -

j) Kumbú -

k) Kubata-

l) Bufunfa -

Qual é o significado das seguintes palavras:

a) Bazar- Tirar o pé

b) Camba - Amigo

c) Cambuta - Pequeno

d) Cassule - Único/a

e) Kota – Pessoa adulta

f) ku zunga - Zungueira

g) Nzambi – Deus

h) Mangonha - Preguiça

i) Maka - Problema

j) Kumbú - Dinheiro

k) Kubata- Casa de chapa

l) Bufunfa - Dinheiro

Entrevista 6:

Nome:Lucrecia Judith Barroso

Idade:( ) 14-18 (x )19-22 ( ) 22-26

Você deseja aprender o kimbundu?

( x) Sim muito

( ) Não -

Por quê?

Gosto muito eacho importante aprender detalhes da minha cultura.

Gostaria que me ensinassem desde a primeira, assim como me foi ensinado o português.

Com que frequência você mistura palavras do Kimbundu no português?

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( ) Às Vezes

(x) Todos os dias - é automático, adoro fazer isso.

( ) Nunca

Qual é a origem das seguintes palavras:

a) Bazar-

b) Camba-kimbundu

c) Cambuta-kimbundu

d) Cassule -kimbundu

e) Kota -kimbundu

f) Ku zunga -

g) Nzambi–kimbundu

h) Mangonha -

i) Maka -kimbundu

j) Kumbú -kimbundu

k) Kubata-kimbundu

l) Bufunfa -kimbundu

Qual é o significado das seguintes palavras:

a) Bazar- ir/sair

b) Camba-amigo

c) Cambuta - baixo/baixa

d) Cassule - Mais novo

e) Kota - Mais Velho

f) ku zunga -

g) Nzambi –Deus

h) Mangonha -

i) Maka -Problema

j) Kumbú -Dinheiro

k) Kubata-Casa

l) Bufunfa -Dinheiro

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Entrevista 7:

Nome: João Carlos Dias

Idade:( ) 14-18 (X)19-22 ( ) 22-26

Você deseja aprender o kimbundu?

(x ) Sim ()Não

Por quê?

Por ser uma herança cultural muito valiosa, que aos poucos está a ser extinta, eu gostaria de

alguma forma manter ela viva.

Com que frequência você mistura palavras do Kimbundu no português?

a) (x)Às Vezes

b) ( ) Todos os dias

c) ( ) Nunca

Qual é a origem das seguintes palavras:

a) Bazar-

b) Camba- do Kimbundu

c) Cambuta – do Kimbundu

d) Cassule - do Kimbundu

e) Kota – do Kimbundu

f) Ku zunga - do Kimbundu

g) Nzambi – do Kimbundu

h) Mangonha -

i) Maka - do Kimbundu

j) Kumbú - do Kimbundu

k) Kubata- Umbundu

l) Bufunfa -

Qual é o significado das seguintes palavras:

a) Bazar- Vamos

b) Camba- Amigo

c) Cambuta – Baixo

d) Cassule - Criança

e) Kota - Adulto

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f) ku zunga -

g) Nzambi – Deus

h) Mangonha - Preguiça

i) Maka - Problema

j) Kumbú - Dinheiro

k) Kubata- Casinha

l) Bufunfa - dinheiro

Entrevista 8:

Nome: JoanaAlberto

Idade:( ) 14-18 ( *)19-22 ( ) 22-26

Você deseja aprender?

(* ) Sim ( ) Não

Por quê?

Porque é bom que os jovens aprendam, para não nos esquecermos da nossa tradição.

Com que frequência você mistura palavras do Kimbundu no português?

( ) As Vezes

( ) Todos os dias

(* ) Nunca

Qual é a origem das seguintes palavras:

a) Bazar - Kim

b) Camba-kim

c) Cambuta -kim

d) Cassule-kim

e) Kota -kim

f) Ku zunga -kim

g) Nzambi –kim

h) Mangonha -kim

i) Maka -kim

j) Kumbú -kim

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k) Kubata-kim

l) L) Bufunfa -kim

Qual é a Significado das seguintes palavras:

a) Bazar-sair

b) Camba-amigo

c) Cambuta- homem baixo

d) Cassule-filho mais novo

e) Kota -mais velho

f) ku zunga - vendedor

g) Nzambi – deus

h) Mangonha -preguica

i) Maka -problema

j) Kumbú -dinheiro

k) Kubata-casa

l) Bufunfa -medo

Entrevista 9:

Nome: Octaviano Janota

Idade: ( ) 14-18 ( )19-22 ( *) 22-26)

Você deseja aprender?

(* ) Sim ( ) Não

Por quê?

Para ter um conhecimento amplo sobre esta etnia.

Com que frequência você mistura palavras do Kimbundu no português?

( ) Às Vezes

( ) Todos os dias

( *) Nunca

Qual é a origem das seguintes palavras:

a) Bazar - Harabe

b) Camba - Angolana

c) Cambuta – Angolana

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d) Cassule -

e) Kota - Angolana

f) Ku zunga -

g) Nzambi – Deus

h) Mangonha – Preguiça

i) Maka – Angolana

j) Kumbú – Angolana

k) Kubata- Angolana

l) Bufunfa – Angolana

Qual é o significado das seguintes palavras:

a) Bazar - Mercado

b) Camba - Amigo

c) Cambuta - Baixo

d) Cassule - Criança

e) Kota - Adulto

f) ku zunga -

g) Nzambi – Deus

h) Mangonha – Preguiça

i) Maka - Problema

j) Kumbú - Dinheiro

k) Kubata- Casada feita a base de troncos

l) Bufunfa – Dinheiro

Entrevista 10:

Nome:Felisberto Inacio de Vaz Piedade

Idade: ( ) 14-18 ( x)19-22 ( ) 22-26

Você deseja aprender o kimbundu?

( ) Sim ( x) Não

Por quê?

Não tenho interesse

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Com que frequência você mistura palavras do Kimbundu no português?

( ) Às Vezes

( ) Todos os dias

(x ) Nunca

Qual é a origem das seguintes palavras:

a) Bazar- calão

b) Camba- calão

c) Cambuta -calão

d) Cassule- port

e) Kota -port

f) Ku zunga- port

g) Nzambi – kim

h) Mangonha - kim

i) Maka - port

j) Kumbú - kim

k) Kubata-kim

l) Bufunfa -kim

Qual é o significado das seguintes palavras:

a) Bazar- ir embora

b) Camba- amigo

c) Cambuta - pequeno

d) Cassule- filho mais novo

e) Kota – mais velho

f) ku zunga - vendedora

g) Nzambi – Deus

h) Mangonha -

i) Maka -

j) Kumbú - dinheiro

k) Kubata-

Entrevista 11:

Nome: Custódio Tchahua José

Idade:( ) 14-18 ( x)19-22 ( ) 22-26

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Você deseja aprender o kimbundu?

(# ) Sim ( ) Não

Por quê?

Porque de certa forma estaria a enriquecer mais a nossa cultura, e seria muito mais valia pra

mim saber uma língua nativa minha. O engrandecimento das nossas línguas nativas seria, sem

sombras de dúvidas, um resgate aos valores socioculturais da nossa bela cultura, neste caso a

Línguística.

Com que frequência você mistura palavras do Kimbundu no português?

( ) Às Vezes

( ) Todos os dias

( #) Nunca

Qual é a origem das seguintes palavras:

a) Bazar-

b) Camba- kimbundo

c) Cambuta -

d) Cassule-

e) Kota -kimbundo

f) Ku zunga-

g) Nzambi –Kimbudo e cockwe

h) Mangonha -kimbundo

i) Maka -kimbundo

j) Kumbú -

k) Kubata-

l) Bufunfa -

Qual é a Significado das seguintes palavras:

a) Bazar-ir

b) Camba-amigo

c) Cambuta-baixinho

d) Cassule-

e) Kota –mais velho

f) ku zunga -

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g) Nzambi –Deus

h) Mangonha -

i) Maka -Problema

j) Kumbú –Dinheiro

k) Kubata-

l) Bufunfa -

Entrevista 12:

Nome: Inocência Ainda Eurico Januario

Idade:( ) 14-18 ( )19-22 (x) 22-26

Você deseja aprender o kimbundu?

(x) Sim ( ) Não

Por quê?

Adoro as musicas e quero saber uma das linguas nacionais mais falada no país.

Com que frequência você mistura palavras do Kimbundu no português?

( ) Às Vezes

( ) Todos os dias

(x) Nunca

Qual é a origem das seguintes palavras:

a) Bazar - tradicional

b) Camba - tradicional

c) Cambuta - tradcional

d) Caçule - tradicional

e) Kota - tradicional

f) Ku zunga - tradicional

g) Nzambi – tradicional

h) Mangonha - tradicional

i) Maka - tradicional

j) Kumbú - tradicional

k) Kubata- tradicional

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l) Bufunfa - português

Qual é osignificado das seguintes palavras:

a) Bazar - Ir embora

b) Camba - Amigo

c) Cambuta- Baixinho

d) Cassule - Mais novo

e) Kota – Mais velho

f) ku zunga -

g) Nzambi – Deus

h) Mangonha – preguiçosa

i) Maka - Problema

j) Kumbú - Dinheiro

k) Kubata- Casa de adobe (casa de vilarejos)

l) Bufunfa - Dinheiro

Entrevista 13:

Nome: Martinho Alfredo Simba

Idade:( ) 14-18 ( )19-22 ( x) 22-26

Você deseja aprender o kimbundu?

(* ) Sim ( ) Não

Por quê?

Porque tenho como meta saber falar algumas línguas nacionais

Com que frequência você mistura palavras do Kimbundu no português?

( *) Às Vezes

( ) Todos os dias

( ) Nunca

Qual é a origem das seguintes palavras:

a) Bazar-

b) Camba-

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c) Cambuta -

d) Cassule-

e) Kota -

f) Ku zunga-

g) Nzambi –

h) Mangonha -

i) Maka -

j) Kumbú -

k) Kubata-

l) Bufunfa -

Qual é o significado das seguintes palavras:

a) Bazar- Ir

b) Camba- Amigo

c) Cambuta Baixinho

d) Cassule-O filho mais novo da familia

e) Kota -Alguem superior

f) ku zunga -

g) Nzambi – Deus

h) Mangonha – Mimosa, sem vergonha

i) Maka – Problemas

j) Kumbú - Dinheiro

k) Kubata- Casota de pau a pic

l) Bufunfa - Dinheiro