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TÍTULO DO TRABALHO
A indústria em Caxias do Sul e as transformações socioespaciais.
TÓPICO TEMÁTICONúmero Descrição4 Industrialização, transformações socioespaciais e gestão do território
AUTOR PRINCIPAL INSTITUIÇÃO
Gloria Silvina Lia Fernández Molina UNISC
CO-AUTORES INSTITUIÇÃO
1 Milton Roberto Keller UNISC
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RESUMO DO TRABALHO
Este trabalho procura entender as mudanças socioespaciais acontecidas no períodode 1950 até 2000 no município de Caxias do Sul que coincide com o período deexpansão da sua indústria. Este trabalho tem como finalidade sistematizar a dinâmicado processo de industrialização de Caxias do Sul e determinar quais foram osprincipais problemas ambientais e sociais enfrentados em virtude da expansão dapopulação. Procura-se investigar se a indústria trouxe como conseqüência umadesordem no planejamento urbano e visa-se entender a gestão territorial nomunicípio.
PALAVRAS- CHAVE
Industrialização, Caxias do Sul, planejamento urbano, mudanças
socioespaciais.
ABSTRACT
This work aims to understand the social and spatial changing happened in the periodfrom 1950 to 2000 in the city of Caxias do Sul which coincides with the period ofexpansion of its industry. This work pretends to systematize the dynamics of theprocess of industrialization in Caxias do Sul and determine which environmental andsocial problems ocurred because of the expanding population. The objective of thispaper is to investigate if the industry has brought a disorder in urban planning andaims to understand the territorial management in the territory.
KEYWORDS
Industrialization, Caxias do Sul,urban planning, , social and spatial changing.
1
Introdução.
Durante o século XX, Caxias experimentou diversas transformações na sua
economia que provocou um reflexo na composição da sua população, que cresceu,
para ter uma idéia 250% entre 1960 e o ano 2000. O processo de industrialização teve
um papel decisivo no aumento da demografia do município e trouxe problemas sociais
e ambientais como conseqüência do crescimento da sua população e da urbanização
desenfreada. Como resultado da industrialização acelerada, principalmente a partir do
ano de 1955, Caxias também vai mudar o processo produtivo já que ao lado da
produção de bens de consumo para trabalhadores, vai surgir a produção de bens
duráveis em grande escala. Com a ampliação das rodovias, o setor metal-mecânico e
o de material de transportes conseguem liderar o valor de produção do município e
também a partir dos anos setenta começam a se aprofundar as fusões e
incorporações das empresas e Caxias deixa o perfil tradicional onde predominava a
pequena e media empresa de cunho familiar para se transformar num pólo industrial
caracterizado pela presença de várias firmas com diferente tipo de organização onde
se observa também a existência de grandes grupos de origem internacional.
Para poder analisar as transformações no município de Caxias do Sul, num
primeiro momento pretende-se analisar a história de Caxias com a chegada dos
imigrantes e a descrição da sua economia nos primórdios da colonização.
Num segundo momento pretende-se fazer uma reflexão sobre o processo de
industrialização a partir do inicio do século XX até o ano de 2000. Faz-se uma análise
dos principais momentos da indústria e quais foram suas características mais
importantes.
Posteriormente, levantam-se as questões relacionadas com as mudanças
ocorridas no seu território em virtude da industrialização. Com a nova lógica
competitiva que impera atualmente, os processos de produção precisam abrir novos
mercados, ampliar sua base de produção e incorporar novas tecnologias. Grandes
grupos de empresas são atraídos pelas condições que apresenta o lugar e graças ao
desempenho da sua economia, principalmente no que se refere a sua indústria, atrai a
migração de municípios vizinhos e diferentes lugares do Estado. Isto tem reflexo no
seu território já que o município apresenta problemas ambientais e sociais fruto da
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vinda de milhares de trabalhadores que chegam a Caxias diariamente em busca de
novas oportunidades. A partir deste fato, sinalizamos as principais desordens
provocadas pelo processo de urbanização acelerada e como a gestão municipal
resolve as questões do planejamento urbano.
HISTORIA DE CAXIAS DO SUL
Desde 1870, o governo imperial incentivou a vinda de colonos italianos para o
Rio Grande do Sul. Pequenos agricultores, procedentes, em sua maioria, do Tirol, do
Vêneto e da Lombardia, estabeleceram uma série de colônias, das quais a de Caxias
foi a mais importante.
A colônia de Caxias, fundada em 1875, sob o nome de Fundos de Nova
Palmira, estava situada entre os Campos de Cima da Serra, ao norte, e as colônias de
Nova Petrópolis, Nova Palmira e Picada Feliz, ao sul. No dia 12 de abril de 1884,
Caxias foi emancipada do regime colonial, tornando-se o 5º distrito de Paz do
município de São Sebastião de Caí.
Conforme Giron (1977, p.30), “A entrada dos imigrantes na colônia Caxias
corresponde ao segundo período da imigração brasileira, situado entre 1850 e 1930.
Os imigrantes chegam a Caxias no período que vai de 1872 a 1913”.
No dia 20 de junho de 1890, Caxias foi elevada à categoria de município. Sua
população e seu progresso não pararam de crescer. Uma questão que se deve
ressaltar é o constante aumento da população nas colônias italianas. Manfroi (1975)
destaca que a crescente população se deve à chegada de novos imigrantes e ao
crescimento da taxa de natalidade das famílias já instaladas. À continuação, Manfroi
nos oferece uma idéia do número de habitantes no fim do século XIX e início do
século XX:
Em novembro de 1879, a população da colônia de Caxias era
calculada em 6.398 habitantes dos quais 5.238 eram italianos. No dia
12 de abril de 1884, Caxias foi emancipada do regime colonial,
tornando-se o 5º distrito da Paz do município de São Sebastião de
Caí. A população foi estimada em 10.591 habitantes. A 31 de
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dezembro de 1885, Caxias tinha 13.818 habitantes. (Manfroi, 1975,
p.73)
Em relação aos problemas enfrentados pelos colonos italianos, observa-se que
o transporte, a distância dos centros consumidores, o desconhecimento do clima e
das lavouras assim como a concorrência com as outras colônias foram os principais
empecilhos para desenvolver a sua economia.
A colonização italiana iria, assim, lutar, de início, com um sem númerode condições desfavoráveis. Entre eles os das terras menos aptas, dadistância e da falta de vias de comunicação, do desconhecimento doclima e das lavouras tradicionais no meio, e principalmente, com aimpossibilidade de situar-se razoavelmente em face dos concorrentesdas baixadas, ocupantes de terras às portas do principal mercadoconsumidor e exportador da Província.( Pellanda, 1956,p. 143.)
A partir da produção agrícola, que tinha, como unidade produtiva, a pequena
propriedade, acumulou-se capital. Os colonos da região de Caxias do Sul destinaram
seus excedentes para o comércio e participaram em empreendimentos na zona
urbana, ou constituíram pequenas fábricas que atendiam a sua zona de produção.
A inauguração, em 1910, da linha férrea que ligava Caxias a Porto Alegre
marcou o fim de sua dependência econômica com S.Sebastião do Caí e foi o ponto de
partida de seu grande desenvolvimento comercial e industrial (Manfroi, 1975, p. 74).
Houve um deslocamento da corrente tradicional de comércio. As casas de
comércio do Caí mudaram-se para Porto Alegre, estabelecendo filiais em Caxias, ao
mesmo tempo que as empresas industriais caxienses estabeleciam agências e
depósitos na capital, tratando de processar por si mesmas as vendas a outros
mercados.
Nasceu daí a prosperidade industrial que faria de Caxias, em poucos decênios,
um dos maiores centros fabris do Rio Grande do Sul, não obstante a situação,
distante, ao mesmo tempo, dos mercados de matérias-primas (exceto quanto ao
vinho) e dos mercados consumidores (Pellanda, 1956, p. 145).
Entretanto, a pesar das dificuldades enfrentadas para o desenvolvimento da
indústria, vemos, hoje, uma situação bem diferente, Caxias do Sul possui uma
economia industrial diversificada, com indústrias metalúrgicas, metal-mecânicas, de
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transporte, de móveis, de construção, de bebidas. Essas indústrias são de capital
local, organizadas nos moldes da pequena e média empresa, cujos donos são
pessoas ou famílias do lugar que convivem com grandes empresas controladas por
grupos econômicos de capital nacional e internacional.
Industrialização de Caxias do Sul
Para poder fazer uma evolução da indústria de Caxias, e poder analisar quem
foram os primeiros artesãos e comerciantes que possibilitaram um crescimento da
economia do município, devemos lembrar certos detalhes da sua história. O imigrante
agricultor, ao chegar às áreas destinadas a colonização, passou a dispor das
condições materiais necessárias, embora mínimas, para iniciar a produção de bens
necessários à sua subsistência e da família. Recebeu alguns instrumentos básicos de
trabalhos: sementes, ajuda monetária no primeiro ano e, o mais importante: um lote
de terra para ser pago em até cinco anos. Uma das características desse sistema de
subsistência era que o agricultor era obrigado a produzir os bens para seu próprio uso
e para as atividades desenvolvidas na área rural e urbana. Assim nasceram as
oficinas artesanais da antiga Colônia de Caxias. Como exemplo de oficinas artesanais
apresentamos o exemplo das ferrarias. Nesse sentido, Stormowski (2005) acrescenta
que as ferrarias, existentes no inicio do século XX, produziam quase tudo do que se
necessitava o agricultor e o comerciante dessa época. Dentre os objetos de maior
importância, a autora coloca como exemplo: utensílios domésticos, ferraduras, argolas
para correntes de ferro, ferramentas agrícolas e até carretas.
“Embora as ferrarias estivessem relativamente distribuídas,verifica-se que a maior parte delas situava-se nas léguas cortadaspelas principais vias de comunicação de Caxias, e apenas umnúmero diminuto se localizava nas léguas que não eram cortadas poressas estradas.” (Stormowski, 2005,p. 315).
Nesse caso, as ferrarias medem a importância do transporte na época porque
o traslado das mercadorias se realizava mediante animais, e, ferrar animais era uma
das principais funções desses estabelecimentos. Já Jean Roche (1969) se refere ao
transporte nas colônias alemãs e italianas indicando que com a ausência de estradas,
as picadas só podiam ser atingidas por animais de carga, motivando a remessa dos
produtos para São Leopoldo, onde eram embarcados para Porto Alegre.
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(Roche,1969,p.57). Os colonos utilizavam esse sistema até a abertura da linha
estrada de ferro Montenegro - Caixas, em 1911.
Nos relatos encontrados no arquivo municipal de Caxias, permite-se observar
que, para 1899, existiam mais animais fazendo o transporte do que carretas. Essa
situação muda posteriormente e a quantidade de carretas passa de 44 carretas em
1894 para 237 em 1909. Também os proprietários dos meios de transporte eram, em
muitos casos, os donos dos estabelecimentos comerciais, que em grande número
estavam situados na zona urbana coincidindo com a expansão de Caxias do Sul.
Conforme Favaro (2001) o que caracteriza a atividade econômica da primeira
fase da colonização em Caxias do Sul é a presença da mão de obra familiar em
pequenas empresas de capital também doméstico. A família era, ao mesmo tempo, o
patrão e o empregado trabalhando pelo mesmo objetivo: a sobrevivência.
As primeiras oficinas e fábricas, segundo Frizzo (1997), caracterizavam-se por
serem tecnologicamente diversificadas, combinando vários graus de desenvolvimento
e diferentes estágios históricos da industrialização.
No mesmo sentido, Giron (1977) examinou os dados de livro de impostos para
o ano de 1899, que pelo fato de ser uma fonte direta muito bem conservada no
arquivo de Caxias do Sul serviu de base para outros estudos. Nessa análise, a autora
concluiu que a economia regional estava baseada nas indústrias de bens de consumo
para trabalhadores destacando-se principalmente: a indústria vinícola, a tritícola e a
madeireira. Deve-se indicar que a produção do vinho nas colônias italianas era
artesanal. “Em sua pequena propriedade rural, o agricultor desenvolvia a policultura e
cuidava de seu parreiral, transformando a uva em vinho num pequeno espaço de sua
moradia, que ainda não poderia ser chamada de cantina.” (Nor e Baldiserrotto 1997,
p.62).
As próximas informações que possuímos são referentes ao exercício de 1910
onde figuram os nomes dos proprietários e o importe arrecadado do imposto.
Devemos ressaltar que muitos gêneros da indústria não eram gravados com esse
tributo, mas, essa informação proporciona indícios do processo de industrialização no
local. A análise dos livros de impostos e leis orçamentárias municipais permite
observar o aumento dos investimentos e de concentração de capital em certos
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gêneros das indústrias de Caxias do Sul. Nos relatos obtidos pelos jornais e
bibliografia da época se fala constantemente do problema do transporte. A
precariedade de meios de transportes resolveu-se com um fato importante na história
do município: a chegada da ferrovia. A chegada da estrada de ferro, inaugurada em
1º de junho de 1910, foi recebida com muito entusiasmo pela classe dominante na
época.
Conforme Nor e Pellizari (1982), a estrada de ferro beneficiava principalmente
os comerciantes, nas mãos de quem se realizava a acumulação de capital na região.
Foi um fator de crescimento na região Nordeste do Rio Grande do Sul: provocou
alterações substanciais na vida da comunidade caxiense, e prestou serviços públicos
relevantes (como o transporte de água numa época de intensa seca), serviu de
transporte não apenas a passageiros e mercadorias, mas também das tropas durante
as revoluções. Cumpriu-se o papel em determinado período histórico. Mas
principalmente serviu aos produtores e fabricantes dos mais diversos gêneros no
sentido de melhorar o transporte das mercadorias. Na opinião de Nor e Pellizari
(1982): “a construção da estrada de ferro, se efetiva em 1910 e vai proporcionar,
juntamente com a instalação da energia elétrica, em 1913, a abertura para a
expansão do capitalismo na região”. Uma das conseqüências positivas da instalação
das ferrovias foi a oportunidade de transportar materiais, antes inexistentes, tais como
a areia e, um outro beneficio foi a possibilidade de importar, posteriormente, para a
década de 1920, maquinaria pesada necessária para a indústria metalúrgica
nascente.
Conforme Adami (1971), para o ano de 1910, destacavam-se os
estabelecimentos vitivinícolas das firmas: Bisol & Cia, Antonio Pieruccini e Domingos
Tronca; a fábrica de tecidos de lã, de Ercules Galo, um moinho a vapor, da firma
Lermen, e outro hidráulico, iluminado à luz elétrica, de propriedade de Aristides
Germani.
Coincidindo com as palavras de Adami, pela pesquisa nas fontes primárias
realizada neste trabalho, dos dados obtidos na leitura dos livros de impostos para
1910, podemos inferir que as principais atividades desenvolvidas na colônia de Caxias
eram os depósitos de vinhos, os alambiques, os moinhos e as funilarias. “Com o
incremento da vitivinicultura, abriram-se perspectivas para uma indústria de
sustentação, fornecedora de instrumentos e máquinas para o cultivo e elaboração
deste produto.” (FROZI e MIORANZA, 1975, P.76). Na opinião desses autores, fica
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expressa a idéia que com o vinho se deram as condições para o aparecimento de
outro tipo de indústrias que diretamente ou indiretamente trabalhavam a partir do
produto principal da economia da colônia de Caxias. Para poder afirmar essa
hipótese, vamos trabalhar com a indústria em cada período e analisar as suas
características. A seguir vamos apresentar as principais indústrias do município para
1910 e desvendar quem eram os proprietários desses estabelecimentos conforme os
registros contábeis do município.
TABELA 1 Lançamento dos Contribuintes de Indústria e Profissões da
Intendência Municipal de Caxias no exercício de 1910.
Indústrias eProfissões
Nome dosproprietários oudos profissionais
I m p o r t earrecadado emcontos de reis
Total dei m p o s t oarrecadadopor setor
Percentualde impostoarrecadadopor setor.
Alambique BianchiDalle GraveBincardiMoratelliRossatoCasaraAdamiDemartineRizottoSebennBordin
25.00025.00025.00025.00025.00025.00010.00010.00040.00022.00010.000
242.000 18%
Alfaiateria Belém e filhos 30.000 30.000 2,25%Carpintaria Piagio Spinato 15.000 15.000 1,12Carretas Mascarello
BernardiniArnaldiTibola
10.00031.00030.00030.000
101.000 7,59
Curtume MascarelloFontana
40.00030.000
70.000 5,26
Fábrica de barro Giacomo Matiada 12.000 12.000 0,90Fábrica deGasosa
Leonardelli 30.000 30.000 2,25
Fábrica decadeiras
Vime 20.000 20.000 1,50
Fábrica deCerveja
Leonardelli 60.000 60.000 4,51
Fábrica de Moertorrar café
Piccoli 25.000 25.000 1,88
Fábrica deSalames
Gauna 25.000 25.000 1,88
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Ferraria Ambrosio StellaBruno BascoBenettiPaulettiVarrianiDionísio FabianiMascarelloFundição JoséTavaro
15.00015.00030.00030.00015.00015.00015.00010.000
145.000 10,90
Fundição Abramo EberleRossiW e b b e rFioravanteG i o c o n d oAntoniazzi
40.00050.00040.00040.000
170.000 12,78
Funilaria Abramo EberleRossiFernando Federle
30.00030.00015.000
75.000 5,63
Moinho GasperinRossattoBracagioliAnselmoFalavingaSalvadorMarcante
25.00025.00025.00015.00025.00025.00010.000
150.000 11,28
Ourivaria RossiAmbrosio Stella
30.00030.000
60.000 4,51
Ourivaria c/a r t i g o sestrangeiros
Abramo Eberle 45.000 45.000 3,38
Selaria RossiFontana
20.00010.000
30.000 2,25
Serraria Bernardini 25.000 25.000 1,88
1.330.000FONTE: Livro de contribuintes de Indústrias e Profissões no exercício de 1910.Arquivo Municipal DE Caxias do Sul.
Pelo visto anteriormente, os gêneros que mais arrecadam são os produzidos
nas metalurgias, nos moinhos e principalmente nos alambiques. Começam a surgir
nomes como Eberle e Rossi que marcaram história na indústria de Caxias. O vinho
continua sendo o propulsor das outras atividades e, a pesar da baixa quantia
arrecadada no imposto das indústrias e profissões, representa o setor mais dinâmico
na indústria nesse momento. Quando se fala em fábrica de salame, fábrica de
cadeiras e fábrica de moer café, pela quantidade arrecadada do imposto percebe-se
que não se trata de grandes empreendimentos, senão de pequenas manufaturas.
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Pelas informações de exportações do município, para este período, o produto saliente
continua sendo o vinho que alavanca as demais atividades.
Conforme aos impostos arrecadados para 1920, as metalurgias e os depósitos
de máquinas lideram a arrecadação com 26,17% e 6,28% respectivamente que
somados representam 32,45% do total e, os depósitos de vinho, que indicam as
vinícolas que processam o produto base de exportação, com um percentual de 18%.
As fábricas de bebidas também representam um percentual significativo porque se
somamos as fábricas de cervejas e as de licores arrecadam aproximadamente 10%
do total. Também devemos mencionar as fábricas de produtos alimentícios dando
destaque às fábricas de salames e aos moinhos, que produziam a farinha, outro
produto base da economia do lugar, com um percentual significativo de 9,25% e
5,23% respectivamente.
Segundo Pezzi Eberle (1985), a década de vinte caracteriza-se por profundas
transformações ocorridas na viticultura da região, a qual é estimulada e alcança o
apogeu na época subseqüente. Nesse período, a Estação experimental importa de
França amostras de uvas, fato significativo para a produção de melhores safras de
vinhos.
Como foi mencionado anteriormente: a falta de transportes e a falta de energia
foram dois empecilhos para o desenvolvimento da região no inicio do século XX. A
estrada de ferro melhorou notavelmente as comunicações, mas, já existiam novas
demandas, no sentido de melhorar o transporte, no período do governo de Vargas,
por melhorias na construção de rodovias.
A estrada BR 2, atualmente denominada 116, deveria passar por Nova
Petrópolis, pelos campos de São Francisco de Paula, até chegar a São Joaquim e
Lajes em Santa Catarina. Esse roteiro excluía a Caxias do Sul do roteiro original. O
intendente de Caxias, Dante Marcucci, então prefeito de Caxias e presidente da
Associação dos Comerciantes do município, comprovou, através de dados
econômicos, o poder que Caxias representava para a economia do Estado, fazendo
com que Getulio Vargas prometesse que a rodovia passaria por Caxias como
realmente aconteceu. A Associação Comercial, mediante sua articulação com as
autoridades municipais teve uma influencia importante na alteração de traçados de
estradas para beneficiar a região.
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No período do governo de Flores de Cunha, no período de 1930-1937, houve
um particular interesse em beneficiar as indústrias que explorassem a matéria prima
local. Foram feitas isenções de impostos destinadas a incentivar o processo de
industrialização no Rio Grande do Sul.
A segunda Guerra mundial iniciou em 1º de setembro de 1939. Conforme as
atas da Associação dos Comerciantes de Caxias, o município esteve ligado à guerra
diretamente através de algumas de suas maiores empresas solicitadas para trabalhar
com toda a sua capacidade de produção para as forças armadas brasileiras. A
segunda Guerra trouxe para Caxias um aumento substancial na produtividade
empresarial, mas também no comércio em geral, porque houve um crescimento real
nos salários e na procura de bens em geral.
Com a ligação de Caxias ao centro do país através da BR116, completaram-se
as condições necessárias para intensificar o comércio e ao mesmo tempo reduzir o
tempo de entrega das mercadorias melhorando as condições de competitividade
locais. Devemos destacar que com o fim da guerra e o fim do racionamento,
completado com a inauguração da Estrada Federal BR 116, os transportes rodoviários
foram tomando impulso e a ferrovia foi posta de lado pelos caxienses. (Nor e
Pellizzari,1982)
Devemos lembrar um período importante para o processo de industrialização
no país a partir de 1955 com a implementação do Plano de Metas. Muitas empresas
se instalam em Caxias, e começa a produção em série do setor metal-mecânico,
elétrico e o de material de transporte. Tudo isso, podemos afirmar que foi possível
graças ao paulatino desenvolvimento da indústria metalúrgica. Devemos lembrar que
as metalúrgicas instalaram-se desde o inicio da chegada dos primeiros imigrantes à
Caxias, sob a forma de funilarias organizadas como pequenas oficinas e, em virtude
das necessidades do produto base de exportação, ou seja o vinho, as pequenas
oficinas transformaram-se em grandes empresas, que para o ano de 1955 tinham
diversificado sua produção e fabricavam motores elétricos de grande rendimento. Isso
vai dar inicio ao surgimento de outras indústrias que posteriormente vão representar a
indústria mais bem sucedida de Caxias do Sul, ou seja, o setor representado pelo
material de transporte, o sector metal-mecânico e o setor elétrico.
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Os anos sessenta representam a internacionalização do capital o que provocou
a expansão dos investimentos e a acumulação do capital. No caso de Caxias, as
grandes firmas, que, atualmente, formam parte de grandes grupos, seja nacionais ou
internacionais, originaram-se a partir de empresas de donos do lugar e organizadas
nos moldes da pequena e média empresa.
O período compreendido desde 1950 até 2000, caracteriza-se por mudanças
profundas na dinâmica do processo de industrialização. Das pequenas funilarias que
fabricavam implementos agrícolas e se desenvolveram a partir da vitivinicultura, houve
uma transformação substancial, e as pequenas oficinas despontaram como grandes
empresas, passando a produzir, atualmente, ônibus, carrocerias e chassis para ônibus
que ganharam reconhecimento nacional, e algumas já competem a nível mundial.
Para poder fazer uma análise detalhada da sua indústria a partir da década de
90, sistematizamos diversas informações, as quais detalham os principais grupos que
lideram a indústria de Caxias para o período de 1995-1996. Conforme ao Quadro 1,
verificamos que as empresas que lideram o processo produtivo em Caxias são
grandes conglomerados de empresas fruto de fusões e incorporações.Também
observamos que os principais gêneros da indústria correspondem a metalurgia,
fabricação de máquinas e implementos agrícolas, material de transporte, indústria de
eletrodomésticos, autopeças. Essas empresas são as que diferenciam a indústria em
Caxias, porque graças à invenção dos seus produtos e ao emprego de novas
tecnologias, ganharam reconhecimento internacional e são lideres em vendas.
QUADRO 1. Principais grupos que lideram a indústria de Caxias para o período de
1995-1996.
HOLDING FIRMAS INTEGRANTES SETORES DE ATUAÇÃO
Marcos Polosa Marcopolo Componentes
Ltda.
Marcopolo Trading S.A.
Comercio exterior
Distribuição de veículos e
peças
Material de transporte.
Dramd Participações e
Administração Limitada
Randon Implemento
Randon Sistemas Mutuo
Implementos para
transportes rodoviários
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Randon Argentina
Randon Ibérica
Randon Vehículos
Randon Participações
Freios Master
Camer Transicold
Josto de Brasil
Itapura Transportes
Fras-le S.A.
Rasp.Randon
Participale Administração
e Participações
Agrale
Lavrale
Frutale Agricultura
Fazenda Tres Rios Ltda
Maquinas e Implementos
Agrícolas
Material de Transporte
Autopeças
Fruticultura e agricultura
Grupo Triches Enxuta S.A.
Posto S.A.
Importadora de Ferragens
Trides S.A.
Triches, Ferro e Aço S.A.
Lojas Triches (vendidas
em 1998)
Indústria de
E l e t r o d o m é s t i c o s
publicidade e propaganda
e comércio
Grupo Zini Eberle Ind e Tecnologia e
Ltda Metalúrgica e
mecânica incorporada em
1986
Zivis S.A. Cutelaria Porto
Alegre e Gravataí R.S.
Hercules S.A. Fabrica de
talheres de Porto Alegre
Metalúrgica e Mecanica
Grupo Gazola Gazola S.A.
Industria Metalúrgica
Elmo Ind. Metalúrgica
Ltda(1975) Vacaria R.S.
Metalurgica
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Informação obtida a partir de Frizzo (1997) a partir de pesquisa direta e
entrevistas e questionários.
Desde o inicio da industrialização pesada, muitas das empresas que iniciaram
com um pequeno capital investido transformaram-se em grandes empresas de capital
aberto que operam na bolsa de valores e, para poder atuar em outros países, essas
mesmas empresas formam parte de grupos consolidados ou atuam sob a forma de
joint ventures para poder trabalhar em parceria com outras firmas em determinados
empreendimentos.
Mudanças no território provocadas pela Industrialização.
A busca pela competitividade, e por maiores lucros provocaram mudanças nas
cadeias produtivas globais. Caxias do Sul não ficou fora dessa lógica própria do
mundo globalizado. Nos primórdios da chegada dos primeiros imigrantes e com a
instalação das primeiras indústrias no município, o produto base de exportação foi o
vinho e teve papel fundamental na economia de Caxias até os anos setenta. Pelas
características da cadeia produtiva vitivinícola, o vinho permitiu o surgimento de outras
indústrias que sustentavam o processo produtivo. Desta forma, outros gêneros tais
como: a indústria metalúrgica, madeireira, e alimentícia, cresceram em virtude das
necessidades e demandas da indústria original. Da mesma forma, a indústria
metalúrgica deu sustentação para outro tipo de setores tais como a indústria de
autopeças e construção de chassis e ônibus. Foi outro tipo de encadeamento com
uma lógica diferente já que este tipo de empresas precisavam operar em larga escala
de produção e trabalhavam com uma tecnologia mais sofisticada. Dupas
(2001,p.435)) indica que:” Em todas as áreas da economia, assiste-se a um violento
processo de fusões e incorporações motivado pela nova lógica competitiva, que
pressupõe saltos tecnológicos e a busca de mercados cada vez mais globais.” Nessa
lógica globalizada, da qual a indústria de Caxias não escapa, acontecem movimentos
migratórios atraídos pela promessa de uma vida melhor devido ao sucesso da
indústria. Mas ali começam a se intensificar vários problemas sociais e ambientais
porque o município não consegue atender as demandas de emprego, de habitação,
de saúde e de saneamento.
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Para poder comparar a evolução da população, vamos apresentar um quadro
comparativo dos diferentes períodos a partir de 1920 até 2000.
TABELA 2. Evolução da população do município de Caxias do Sul e de Santa Cruz do
Sul do ano de 1920 até o de 2.000.
Rural
Anos Urbanal Rural Total
1900 -------- --------- 24.997
1920 4.500 28.500 33.000
1940 20.123 19.554 39.677
1950 35.803 22.791 58.594
1960 69.269 33.433 102.702
1970 114.008 30.863 144.871
1980 200.354 20.212 220.566
1990 264.775 26.150 290.925
2000 333.391 27.028 360.419
Fonte: F.E.E. De Província de São Pedro a Estado do Rio Grande do Sul: censos deRS- 1803-1950: p.109-175. Censos de RS: 1960-1980: p. 19-95.
Da TABELA 2 podemos extrair informações bem interessantes. Em primeiro
lugar, a população até o ano de 1920 era predominante rural, o qual tem uma
explicação consistente. A pesar da existência de uma incipiente indústria, a atividade
econômica predominante para a década de 20 era a agricultura. Já em 1940, a
população urbana era superior á rural e a causa principal dessa mudança era o
aumento de números de estabelecimentos indústrias no município e o deslocamento
para a zona urbana da população rural em busca de novas oportunidades. Na década
de 1960, a população urbana de Caxias do Sul quase duplica, passando de 69 mil
para 114 mil pessoas. A partir de 1970 até o ano de 2000, o número de pessoas que
conformam a população urbana do município triplica. No período compreendido entre
os anos de 1960 e 2000, Caxias tem sua população total ampliada em 250%, situação
que se deve principalmente ao desenvolvimento do polo metal-mecânico no município
e a implementação da cadeia automotiva que promovem a atração de migrantes de
outras cidades. Segundo Castells (2001) o processo de urbanização tende a se
concentrar em um novo tipo de região metropolitana, formada por diversas áreas
15
metropolitanas disseminadas ao longo de uma enorme extensão territorial que seria
no caso apresentado: o eixo Porto Alegre-Caxias.
O processo de urbanização provoca desordens ambientais e sociais. Caxias
possui uma taxa de urbanização de 93,4% para o ano de 2003 e sua densidade
demográfica é de 231,8 habitantes/ km. Para conferir o aspecto social verificamos o
Índice de Desenvolvimento Socioeconômico elaborado pela F.E. E para o ano de
2004. Conforme a estatística elaborada por esse organismo, Caxias permanece por
quinto ano consecutivo com o mais alto Idese do Estado de Rio Grande do Sul. Em
2000, possuía um índice igual a 0,832 sofrendo uma pequena queda em 2001 (0,830)
recuperando-se em 2002 (0,831). No ano de 2004 atingiu 0,838. Se bem no índice de
desempenho social, Caxias aparentemente possui menos problemas sociais que
outros municípios, as vezes os índices não conseguem mostrar o que realmente
acontece na realidade. Conforme a um trabalho sobre exclusão social elaborado por
Dos Reis e Herpich (2003), o município conta com um número expressivo de
indigentes de 6,89 % sobre o total da população. Isto confirma a idéia que a pesar do
expressivo crescimento econômico verificado em Caxias do Sul, o desenvolvimento
Social não acompanha da mesma forma. E a pesar do Índice de Desenvolvimento
Socioeconômico mostrar que Caxias do Sul representa um caso bem sucedido de um
município que sabe resolver seus problemas sociais, deve-se chamar a atenção para
o fato que este índice está alavancado principalmente pela Renda que compõe o total
deste índice. Numa sessão da Câmara de Vereadores realizada o dia 13 de fevereiro
de 2007, debateu-se o problema habitacional. Nessa sessão deixou se transparecer
que Caxias sofre com problemas de invasões e uma das causas principais se deve ás
migrações constantes que se produzem em Caxias do Sul. Existem projetos para a
construção de casas populares mas ainda está em andamento na data deste trabalho.
Conforme ao expressado durante esta sessão na Câmera de Vereadores, o poder
público tem que intervir porque não existe capacidade do município de receber tantas
pessoas sem construir um sistema de moradias que solucionem o problema da
vivenda.
Segundo De Bem (2008), a infra-estrutura na área de saneamento básico não
acompanhou o ritmo de urbanização do município. Desta forma, o serviço de
saneamento básico está organizado pelo Serviço Autônomo Municipal de Água e
Esgoto e, conforme as palavras desta autora, o serviço de abastecimento de água tem
sido priorizado ao invés do esgotamento sanitário, investindo, principalmente, no
tratamento de água potável. Esta situação melhorou as condições de saúde da
16
população porque tem se evitado a propagação de doenças contagiosas. Segundo o
trabalho efetuado por De Bens, a melhora no tratamento da água elevou a Caxias ao
primeiro lugar no IDESE. Mas o que mais preocupa é o sistema de esgoto existente
no município já que existe um déficit principalmente para o atendimento dos setores
mais pobres da população. Conforme o estudo mencionado, Caxias do Sul apenas
atende a um 5% da população no tratamento do esgoto e existe um lançamento direto
dos esgotos na rede pluvial com a conseguinte contaminação dos efluentes, o qual
significa um problema grave para o meio ambiente. Se bem existem preocupações do
setor público em melhorar cada vez mais o tratamento de esgoto, com o aumento do
números de habitantes de Caxias do Sul e o déficit de habitação, se faz necessário
um investimento urgente para atender as demandas de todos os setores a fim de
evitar a propagação de doenças e o ataque ao meio ambiente. Do ponto de vista do
poder público, existem reclamos das autoridades pela falta de fundos para completar
as obras em andamento e pela falta de verbas federais para poder ampliar cada vez
mais o abastecimento de água potável e a extensão da rede de esgotos.
Na sessão da Câmara de Vereadores de 21 de fevereiro de 2006, a vereadora
Ana Corso faz uma alerta á secretária de Obras quanto aos problemas acarretados
pela chuva no município. Diferentes bairros de Caxias do Sul sofrem com constantes
alagamentos, na sua maioria, bairros habitados por pessoas de baixos recursos, pela
inadequada drenagem do solo. Com o asfaltamento das ruas a água não tem como
escoar provocando inundações e afetando a vida de milhares de pessoas que perdem
todos seus bens pela falta de infra-estrutura. Isto mostra o quanto a cidade cresceu,
não conseguindo atender as demandas de toda a população.
Planejamento Urbano: Um novo plano diretor no município de Caxias do Sul.
Para melhorar certos aspectos negativos que surgem a causa da urbanização
crescente, existe uma novidade importante na gestão do território de Caxias é a
implementação do novo plano diretor no dia 2 de outubro de 2007. O novo plano
diretor parte de uma leitura da cidade envolvendo temas e questões relativos aos
aspectos de planejamento urbano e gestão do território.
17
Conforme as diretivas estabelecidas no novo Plano de gestão municipal, o
objetivo deste plano não é resolver os problemas da cidade, mas sim ter um
instrumento para a definição de uma estratégia de intervenção imediata, e a longo
prazo, serve também para a gestão pactuada da cidade.
Entre as principais inovações, impostas pelo novo plano diretor de Caxias do
Sul, figura o ênfase para incentivos, como a redução de tributos na Zona das Águas,
visando promover ocupações de baixa densidade e redução de áreas edificadas,
buscando o cumprimento da função social da propriedade na respectiva zona.
Um a outra questão é levantada na implementação do plano diretor: é a
adequação do solo e zoneamento, evitando a proximidade de edificações, com usos
incompatíveis com a nova caracterização das novas zonas urbanas e zonas rurais.
Uma preocupação da gestão municipal de Caxias do Sul é a realização de
estudos para instalação de novos mananciais para a captação de água para garantir o
abastecimento de novas reservas no município.
Também existe uma proposta de implantação de Zona de Interesse ambiental,
visando preservar a flora e a fauna dos limites do Município nas margens do Rio das
Antas. Como assim também existe a proposta da criação de zona especial do
aeroporto com usos adequados visando a proteção ambiental da área.
Deve-se ressaltar que existe em Caxias do Sul o Plano Diretor de Esgotamento
Sanitário de Caxias do Sul que foi concebido de forma integrada com o Plano Diretor
de Drenagem, a fim de que ambos fossem implementados em conjunto. O Plano
prevê o aproveitamento do sistema de drenagem misto (pluvial mais cloacal)
implantado em 85% da área urbana. O plano prevê a canalização desta rede para
coletores tronco e interceptores que encaminharão o esgoto para a Estações de
Tratamento. No plano Diretor, figuram as estações de retenção, previstas no Plano de
Drenagem Urbana, com vistas a resolver os problemas de alagamento, bem como
estão identificadas as estações de tratamento de esgoto, conforme ao previsto pelo
Plano Diretor de Esgotos.
18
No novo Plano Diretor de Caxias, existe a preocupação de incentivar a
descentralização urbana, e a melhora das edificações para permear a luz solar nas
novas construções.
O Plano Diretor da Cidade, em consonância com o Plano de Esgoto e de
Drenagem, permite o planejamento atual e futuro do município fazendo com que os
investimentos públicos sejam utilizados de forma ordenada e eficaz, uma vez que
define as diretrizes dos projetos a curto, médio e longo prazo que envolvam a
organização do território. Desta forma, o plano diretor se apresenta como um
instrumento de desenvolvimento, ao combater o crescimento desordenado provocado pela
urbanização, planejar melhorias habitacionais e viárias, instalação de empresas, áreas de lazer
e desenvolvimento sustentável, sempre respeitando a natureza e em consonância com o meio
ambiente.
Considerações Finais.
O desenvolvimento econômico tem seus aspectos positivos, contudo, Caxias
do Sul vem pagando certo preço por concentrar algumas das maiores empresas do
Sul de Brasil. Migrantes chegam em massa em busca de emprego todos os dias e
isso ficou demonstrado na evolução da população durante o século XX. Infelizmente,
despreparados em sua grande maioria, os trabalhadores que chegam em busca de
novas oportunidades produzem núcleos de miséria que nada têm a ver com pujança
de algumas empresas. São elas, no entanto, que contribuem de forma involuntária
para a criação da imagem de bem-estar do município que se espalha até os distantes
pontos do território do Estado.
Por outra parte, o crescimento econômico e a explosão populacional geram
desequilíbrios na estrutura física das cidades com os quais o poder público não
consegue medir forças ao menos durante certo período de tempo. Observa-se então
de maneira paradoxal a deterioração da convivência urbana em meio ao aumento da
riqueza. Será preciso, para melhorar a qualidade vida caxiense, reduzir o impacto dos
aspectos negativos do desenvolvimento econômico sobre a rotina da cidade.
Uma das formas com que o poder público conseguiu resolver as
conseqüências da urbanização crescente e desmedida foi a implementação do Plano
Diretor Municipal. As indústrias, cada vez mais, irão se instalando no seu território e
19
ganhando mais espaço no seio do município. Para que a cidade não sinta os efeitos
perversos da industrialização devem ser providenciadas medidas que aumentem cada
vez mais a proteção dos cidadãos com o intuito de melhorar a qualidade de vida dos
habitantes do município. A gestão pública deve participar em forma relevante do
manejo do território para que não se converta num espaço descartável com
conseqüências negativas para as futuras gerações.
ANEXO
Lista de quadros.
20
QUADRO 1. Principais grupos que lideram a indústria de Caxias para o período de
1995-1996....................................................................................................Pág. 12
Lista de Tabelas.
Tabela 1.Lançamento dos Contribuintes de Indústria e Profissões da Intendência
Municipal de Caxias no exercício de 1910.........................................................Pág.8
Tabela 2. Evolução da população do município de Caxias do Sul e de Santa Cruz do
Sul do ano de 1920 até o de 2.000...................................................................Pág. 15
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