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A IMPORTÂNCIA DA INTERNET DAS COISAS PARA O BRASIL
SUMÁRIO
Com a presença de 150 especialistas da área de Tecnologia de Informação e
Microeletrônica discutiu-se em São Paulo, em julho de 2011, a evolução do uso da
tecnologia de identificação por rádio frequência (RFID) para automação de processos de
diferentes áreas da atividade humana. Internet das Coisas, Internet of Things (IoT) na
sigla em inglês, é o nome que está se consolidando como representativo do uso de
sistemas de comunicação entre objetos, não sendo necessária a intervenção humana
para que a comunicação e decisões possam ocorrer. A Internet de hoje é a navegação
pelo mundo virtual. A IoT é a extensão da Internet ao mundo físico e real, propiciando o
interfaceamento e a interação com objetos, animais e seres humanos.
Hoje se considera que a expansão do uso da Internet passa obrigatoriamente pela IoT. É
por meio dela que virão inovações ainda nem sequer imaginadas e novos avanços em
ganhos de produtividade.
A Internet das Coisas estende a Internet de nossos dias, permitindo o desenvolvimento de
aplicações e serviços que proporcionarão grandes benefícios sociais, benefícios estes de
difícil implementação nos dias de hoje, por conta de restrições tecnológicas que passam a
ser superadas dentro do novo conceito de IoT. Por exemplo, vários países estão
desenvolvendo projetos de “Smart Cities”, que oferecem experiências inovadoras em
transporte, preservação ambiental, convivência e economia de energia. Mundialmente
reconhece-se a necessidade de pesquisas adicionais, bem como as necessidades de
padronização e testes de interoperabilidade decorrentes do uso destas tecnologias.
Já existem vários desenvolvimentos no Brasil de soluções utilizando RFID, sendo que
aparentemente, nenhumas delas considera o conceito de IoT, embora possam até estar
prevendo algumas funções que são consideradas como tecnologia de IoT.
A principal conclusão do encontro realizado em São Paulo é a de que o Brasil precisa
estar preparado para a utilização e o desenvolvimento de sistemas de IoT. E para isso é
preciso estar presente nos diferentes fóruns internacionais em que se discute a
padronização desta tecnologia, bem como desenvolver uma Agenda Estratégica de
Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação associada a um Programa de Trabalho que
direcione os investimentos das empresas e das agências de fomento para atender às
grandes demandas nacionais.
A decisão do encontro foi a de se criar um fórum de especialistas e interessados no tema,
para incentivar a mobilização brasileira.
Foi definida como primeira etapa do trabalho deste fórum a geração deste documento a
ser enviado a setores interessados, envolvidos com desenvolvimento, tecnologia e
inovação, para explicitar nossas conclusões, que são as seguintes:
1. IoT é o futuro próximo de expansão da Internet.
2. Agora é o momento do Brasil estimular o uso de IoT.
3. É importante construir uma Agenda Estratégica de Pesquisa, Desenvolvimento
e Inovação, associada a um Programa de Trabalho que inclua:
a. Projetos de ampla aplicação social e de mercado para acelerar o
surgimento de componentes e equipamentos de grande volume e custos
competitivos;
b. A formação de recursos humanos qualificados e o estabelecimento de
programas de disseminação da informação em escala nacional.
4. Paralelamente, deve-se avaliar a oportunidade de criação e trabalhar para
instalação do FÓRUM DE COMPETITIVIDADE DE IoT para acompanhar e analisar a
evolução da IoT no Brasil e no mundo, com ampla participação de acadêmicos,
técnicos, empresários e representantes de órgãos governamentais.
5. Finalmente, mas não menos importante, o Brasil deve se fazer presente
internacionalmente em pesquisas e fóruns de trabalhos que visem a
padronização da IoT.
A IMPORTÂNCIA DA INTERNET DAS COISAS (IoT) PARA O BRASIL
ÍNDICE
1 - IoT & RFID - CONCEITOS BÁSICOS
2 - A IMPORTÂNCIA DA IoT
3 - A IoT NO MUNDO
4 - O BRASIL DEVE SER UM PARTICIPANTE GLOBAL – PROGRAMA BRASIL MAIOR
5 - CRIAÇÃO DO FÓRUM DE COMPETITIVIDADE DE IoT
ANEXO 1 - PROPOSTA DE AÇÕES PARA QUE O BRASIL POSSA VIR A SER UM PARTICIPANTE
GLOBAL
1 - RFID & IoT - CONCEITOS BÁSICOS
1.1 RFID
A tecnologia de identificação por rádio frequência (RFID - Radio-Frequency IDentification,
em inglês) é um método de identificação automática através de sinal de rádio, que permite
o armazenamento e a recuperação de dados remotamente, através de dispositivos
chamados de etiquetas RFID, que podem ser colocados em pessoas, animais,
equipamentos, produtos, embalagens, etc.
Essa tecnologia, mesmo sendo utilizada há décadas em transponders para identificação
de aeronaves e embarcações, tem tido crescimento explosivo nos últimos anos. Os
transponders vêm sendo chamados genericamente de tags (etiquetas), tendo diversos
formatos e tecnologias. Etiquetas ativas, etiquetas passivas, Zig-Bee, e interrogadores
são nomes associados à tecnologia RFID.
A tecnologia RFID tem grande espectro de aplicação tais como identificação e
rastreamento de objetos (controles de patrimônio e estoques), monitoramento de
deslocamento de ferramentas, peças e produtos acabados em linhas de montagens
industriais, identificação de veículos, identificação e rastreamento de rebanhos,
identificação de indivíduos, etc...
1.2 IoT
IoT não é uma terminologia com aceitação universal. Na literatura encontram-se os
termos Internet-connected Objects (IcO), Web of Things, Computação Ubíqua,
Computação Pervasiva e M2M (Machine do Machine), com o mesmo significado básico
de redes de comunicação entre objetos e entre estes e a Internet. Esta comunicação não
depende, necessariamente, de interferência humana. Por conveniência, adotaremos a
expressão Internet das Coisas para resumir essas múltiplas descrições.
Com a utilização das novas gerações de transponders / tags, que incorporam capacidade
de processamento e de armazenamento de dados, as aplicações ficam mais sofisticadas,
incorporando funções que permitem, além de identificar e monitorar o deslocamento,
monitorar também as condições ambientais onde se encontram os objetos, por meio do
uso de sensores.
Com a evolução e o uso cada vez mais amplo da Internet e as inúmeras aplicações de
RFID, essas tecnologias vem sendo integradas ao conceito de Internet das Coisas.
A Internet é um mundo virtual formado por um conjunto enorme de informações,
armazenado em formato digital em computadores ao redor do mundo, que podem ser
acessadas por meio de programas de navegação. IoT é a extensão da Internet para o
mundo físico, isto é, para o mundo real onde estão os objetos, propiciando uma interface
para interação com e entre objetos (coisas). Essa extensão é possível devido a diversas
tecnologias que permitem que objetos físicos se relacionem entre si, com os usuários e
com o meio ambiente, e que as informações originadas dessa relação sejam enviadas à
Internet, onde o objeto físico passa a ter presença no mundo virtual.
Neste novo universo, a interação com os objetos do mundo físico permite que os
processos sejam influenciados pelas informações de contexto. A IoT já começa a
constituir-se no pilar de novos processos de manufatura, de serviços de cuidado a
pessoas em residências (Home Care), de produção e distribuição inteligente de energia
(Smart Grids) e de muitas outras aplicações, só limitadas pela imaginação dos
desenvolvedores.
As tecnologias necessárias à IoT são aquelas que permitem:
I. Identificar objetos através de códigos de barras, etiquetas RFID e matrizes bi-
dimensionais, entre outros.
II. Agregar dados à identificação do objeto.
III. Monitorar variáveis ambientais por meio de sensores eletrônicos.
IV. Processar dados.
V. Formar redes de comunicações entre objetos.
VI. Comunicar com a Internet.
A maior parte dessas tecnologias já se encontra disponível, mas isto não significa que o
desafio para a pesquisa, desenvolvimento e inovação seja menor. Por exemplo: no
projeto, são necessários avanços que aumentem a capacidade de memória e de
processamento das etiquetas sem aumentar muito significativamente seu consumo de
energia e que tornem os circuitos menos suscetíveis a flutuações dos processos de
fabricação. O maior dos desafios, entretanto, é de natureza sistêmica: definir padrões de
interoperabilidade dos vários elementos de um sistema de IoT que garantam sua
estabilidade, confiabilidade e economicidade.
2 - A IMPORTÂNCIA DA IoT
A IoT permite que aplicações e serviços se comuniquem, obtenham dados sobre o meio
onde está o objeto e atuem sobre os objetos. As possibilidades de serviços e aplicações
da IoT podem trazer imensos benefícios para a sociedade em vários setores tais como:
Segurança alimentar: O produtor pode ter controle automático dos processos de produção
vegetal e animal, melhorando a qualidade e a produtividade da agropecuária. A
agroindústria pode garantir a qualidade do processamento dos alimentos e fazer o
rastreamento de seu transporte até os pontos de distribuição. O consumidor pode obter
informações sobre a qualidade e histórico do alimento, bem como dados nutricionais ou
sobre preparação desses mesmos alimentos.
Saúde humana: É possível fazer com que os remédios sejam embalados de acordo com a
receita de cada paciente, garantindo a dosagem correta diária. O médico, o farmacêutico
e o paciente podem ter acesso a informações detalhadas e pertinentes ao seu papel
dentro de um processo de tratamento. No momento de ser receitado, ou da compra de um
remédio, é possível fazer a verificação automática da incompatibilidade medicamentosa
entre o novo remédio e os remédios já tomados pelo paciente, evitando reações
adversas, por vezes fatais.
Vida Assistida: A qualidade de vida de uma população mais velha pode ser melhorada e
os custos reduzidos por meio do monitoramento das casas em que habitam pessoas
idosas sozinhas, com a finalidade de controlar sinais vitais, de verificar validade de
alimentos ou ingestão de remédios e até mesmo de detectar movimentação fora do usual,
que possa indicar um possível acidente.
Eficiência Energética: É possível melhorar a eficiência energética de prédios públicos,
arenas esportivas e metrô com evidente ganho econômico e ambiental. Pode-se também
criar comunidades residenciais e desenvolver um programa de eficiência energética para
reduzir o gasto dos usuários residenciais e melhorar o perfil de consumo, o que também
contribui para o aumento da confiabilidade e disponibilidade do sistema de distribuição.
Da mesma forma que a Internet revolucionou a vida dos indivíduos, a IoT vai revolucionar
a vida da coletividade. O uso de IoT poderá ser um instrumento para implantação de
políticas públicas que se traduzam em significativos benefícios para a população.
Os países que entenderem e passarem a usar melhor a IoT terão uma vantagem
competitiva muito grande. Os sistemas desenvolvidos por quem sabe as vantagens da IoT
terão a tendência de serem adotados também no Exterior. O Brasil pode desenvolver
soluções adaptadas para a realidade de um país de renda baixa/média, que poderão ser
exportadas, juntamente com produtos desenvolvidos no País, conquistando mercados e
marcando posição como país desenvolvedor de tecnologia. Dificilmente muitas das
soluções apropriadas para nós virão dos países ricos, que desconhecem nossa realidade.
3 - A IoT NO MUNDO
Alguns países já há alguns anos reconhecem a importância da IoT.
Na União Européia a IoT é uma prioridade de Estado. A Comissária responsável pela
Agenda Digital Européia, Sra. Neelie Kroes afirma: "RFID, a Internet das Coisas e as
tecnologias relacionadas a ela irão ajudar a moldar o nosso futuro. Estratégias de governo
deverão direcionar investimentos no desenvolvimento e implementação dessas
tecnologias, enquanto nós, coletivamente, necessitamos refletir sobre as questões éticas
e sociais em que o uso dessas tecnologias implica, bem como os valores que estão
implícitos e os valores que a Internet das Coisas irá consagrar .... “
No cenário internacional também se destacam os programas de desenvolvimento
apoiados pelo setor público. Japão, China, Coréia do Sul e Malásia têm a Internet das
Coisas como prioridade, e alocaram recursos para promover o desenvolvimento
coordenado, visando atender necessidades importantes da sociedade.
4 - O BRASIL DEVE SER UM PARTICIPANTE GLOBAL – PROGRAMA BRASIL MAIOR
Os países, que quiserem ser protagonistas na revolução tecnológica da IoT, precisam
investir hoje no domínio das tecnologias relacionadas, como RFID, Zig-Bee, redes de
sensores e tantas outras.
O Plano Brasil Maior possui entre suas metas a ampliação do acesso a bens e serviços
para qualidade de vida, o que inclui a ampliação do número de domicílios urbanos com
acesso à banda larga (PNBL), alcançando 40 milhões de domicílios.
É importante aproveitarmos as oportunidades do PLANO BRASIL MAIOR e do estágio
atual da IoT, para alavancarmos o desenvolvimento de soluções brasileiras para a IoT.
Dentro desse contexto a CEITEC S/A tem participado dos seminários e dabates e está
acompanhando esses trabalhos de IoT, cujos resultados podem ser muito importantes
para a geração de componentes semicondutores para uso no Brasil e no exterior.
5 - PROPOSTA DE CRIAÇÃO DO FÓRUM DE COMPETITIVIDADE DE IoT
O objetivo do Fórum deve ser o de analisar a evolução de IoT no Brasil e no mundo e
incentivar e manter a mobilização brasileira em torno da Internet das Coisas. O colegiado
deverá ter participação de acadêmicos, técnicos, empresários e representantes de órgãos
governamentais. Entre as atividades do Fórum devem estar incluídas:
- propor uma Agenda Estratégica de Inovação para a Internet das Coisas no Brasil;
- sugerir ao Governo um Programa de Trabalho com projetos de grande aplicação social e
de mercado para estimular o desenvolvimento nacional de componentes e equipamentos
de grande volume e custos competitivos;
- estimular a participação de organizações brasileiras em pesquisas e fóruns
internacionais que visem a padronização da IoT em nível mundial;
- estimular a formação de recursos humanos qualificados e estabelecer programas de
disseminação da informação em escala nacional.
ANEXO 1
PROPOSTA DE AÇÕES PARA QUE O BRASIL POSSA VIR A SER UM PARTICIPANTE
GLOBAL EM IoT
I. AGENDA ESTRATÉGICA DE PESQUISA, DESENVOLVIMENTO E INOVAÇÃO -
PROGRAMA DE TRABALHO ASSOCIADO
Ao se observar o cenário atual do desenvolvimento de aplicações e serviços baseados na
tecnologia de RFID, constata-se que o Brasil já possui experiência nessa área. Mas não
possui nenhum direcionamento visando se tornar um protagonista no desenvolvimento de
aplicações e serviços de Internet das Coisas.
Isso só será possível por meio da implementação de um conjunto organizado de ações,
tais como:
1) Desenvolvimento de uma estrutura nacional de planejamento e acompanhamento que
contemple as diferentes dimensões da tecnologia da Internet das Coisas, dos modelos
de negócios, da governança, da segurança e da privacidade, do gerenciamento
integrado e dos fatores humanos; e que também permita a identificação e
compreensão das interações entre essas dimensões.
2) Definição de cenários desejáveis de desenvolvimento de serviços e aplicações de
grande interesse para a sociedade.
3) Com base nos dois itens anteriores, estabelecimento de uma Agenda Estratégica de
Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação e roadmaps associados aos cenários
definidos.
4) Estabelecimento de Programas de Trabalho que permitam a implementação da
Agenda Estratégica de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação por meio de projetos
financiados pelo governo e setor privado, consorciados entre Universidades,
Empresas e Centros de Pesquisa.
O papel do Governo como catalisador de todo o processo é fundamental. É necessário
que o Governo e o setor privado aloquem recursos suficientes para que um grupo de
especialistas formado por representantes das universidades, empresas e centros de
pesquisa defina o conjunto de ações 1, 2 e 3 acima. Os Programas de Trabalho, por sua
vez, devem ser desenvolvidos em conjunto com as empresas e os órgãos de fomento
governamentais, com a finalidade de implementar a Agenda Estratégica de Pesquisa,
Desenvolvimento e Inovação com um horizonte de médio prazo. O Governo, em parcerias
com o setor privado, deverá então alocar recursos financeiros suficientes para que os
Programas de Trabalho sejam implementados.
Figura: Cenário de sinergia entre universidades, empresas e centros de pesquisa,
promovida pela ação dos Programas de Trabalho.
II. FORMAÇÃO DE RECURSOS HUMANOS
O desenvolvimento da Internet das Coisas é extremamente intensivo em mão de obra
qualificada. Um plano de formação de recursos humanos que contemple tanto o nível
técnico quanto o nível superior necessita ser elaborado e colocado em prática.
O Plano Brasil Maior aborda a necessidade de formação profissional, o que é coerente
com as necessidades da Internet das Coisas.
Desse plano destacam-se:
Oportunidade: Acúmulo de competências científicas com potencial para o
desenvolvimento de produtos e serviços com alto conteúdo tecnológico;
Desafio: Impulso de qualificação profissional de nível técnico e superior, particularmente
em engenharias;
Dimensão Sistêmica: Consolidação do Sistema Nacional de Inovação por meio da
ampliação das competências científicas e tecnológicas e sua inserção nas empresas;
Formação e Qualificação Profissional: A demanda por mão de obra qualificada cresce a
taxas superiores a do crescimento da economia e o perfil da formação profissional precisa
se adequar às necessidades de crescimento baseado na inovação.
O desenvolvimento de programas específicos para a formação de recursos humanos em
Internet das Coisas deve considerar a sua natureza multidisciplinar. De um lado, cabe às
universidades formar pessoal com sólida formação teórica para o desenvolvimento em
tecnologias habilitadoras e de infraestrutura necessárias à Internet das Coisas, mas
também, tanto as universidades como as escolas técnicas precisam formar pessoal
capacitado para o desenvolvimento de aplicações inovadoras, cobrindo da infraestrutura
necessária aos serviços ao usuário final.
Adicionalmente, esse Programa de Trabalho deve contemplar o Senai/CNI, que com o
apoio do Governo Federal, deve iniciar um grande esforço de ampliação e construção de
novos centros de pesquisa e de formação profissionalizante conforme as novas
necessidades da indústria nacional em relação à Internet das Coisas.
A criação de Kits RFID-IoT disponíveis a preços subsidiados deve também ser
contemplada para facilitar o treinamento e a prática em Universidades e Instituições de
Ensino.
III. DISSEMINAÇÃO
É fundamental o estabelecimento de um Projeto de Disseminação que tenha como
objetivo promover a adoção do novo conceito de IoT.
Esse Projeto de Disseminação deve ser patrocinado pelo Ministério da Ciência,
Tecnologia e Inovação (MCTI) e pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior (MDIC) e pode ser organizado em torno de um conjunto de eventos regionais e
de um grande evento nacional com o objetivo de discutir e apresentar as várias
dimensões da Internet das Coisas, como: tecnologia, governança, segurança e
privacidade, gerência integrada e fatores humanos.
Os Kits RFID-IoT também são ferramentas de disseminação das tecnologias, devendo ser
distribuídos às escolas técnicas, Senai, etc.
O Projeto de Disseminação deve ser uma ação do Programa de Trabalho.
IV. PADRONIZAÇÃO
Atualmente, o Brasil possui vários atores que participam da formulação e da
implementação de políticas tecnológicas e de inovação. São atores situados em diversos
planos da política tecnológica brasileira, com discursos, por vezes, não coordenados, que
acabam por transmitir ao setor industrial e acadêmico a impressão de que há uma
fragmentação do processo decisório dessas políticas. Para se escapar desse cenário e
poder assumir posição frente às novas demandas que o conceito de IoT trará para o
cenário mundial, o Brasil deve definir uma política voltada às dimensões deste novo
conceito, das tecnologias a ele associadas e da unidade organizacional, que permita a
adoção de um padrão brasileiro para a IoT.
A adoção de um padrão para a Internet das Coisas no Brasil pode ser conseguida através
de um processo de escolhas coletivas, justificadas e que possibilitem acordos para
solucionar problemas recorrentes. Adotar um padrão aumenta a produtividade e acelera o
processo de industrialização. Padrões tecnológicos constituem uma parte importante da
infraestrutura de um país e têm impactos profundos em economias baseadas em
tecnologia por possibilitar ganhos econômicos de escala, melhorando a qualidade, a
confiabilidade de produtos complexos e reduzindo custos de produtos e serviços. A China,
por exemplo, enfatizou por muito tempo a adoção de padrões internacionais de modo a
promover a produção e exportação. Porém, para entrar na liga dos países que lideram o
mundo em tecnologia, definiu uma estratégia onde o programa de inovação tecnológica
está integrado com um programa de padronização. A padronização possibilita a
massificação de novas tecnologias e seus produtos, possibilitando a escolha pelo
consumidor e direcionando as disputas de mercado para a melhoria de desempenho e
funcionalidade.
Considerando o estágio atual da Internet das Coisas, o Brasil deve avaliar e adotar as
tecnologias que considerar adequadas e que preferencialmente também tragam um alto
potencial de exportação. A principal agência de padronização no Brasil é a ABNT, mas
esta avaliação deve incorporar outros órgãos tais como IETF, GS1, UN/CEFACT, W3C e
outros. A Agenda Estratégica de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação deve considerar
em seu escopo que o País participe e incorpore as tecnologias desenvolvidas
nacionalmente nos futuros padrões internacionais, permitindo que o País alcance a
maturidade na pesquisa e desenvolvimento, abrindo mercados no mundo para
tecnologias que o Brasil desenvolva e lidere.
V. PROJETOS ESTRUTURANTES E INVESTIMENTOS GOVERNAMENTAIS
V.1 INCENTIVO PARA EMPRESAS
- Redução de imposto de importação, ICMS e IPI para infraestrutura de IoT (Leitores
RFID, Etiquetas Inteligentes (tags), Interrogadores, etc.);
-Fomento à adoção da tecnologia, como foi feito com o microcomputador de baixo custo
(Lei do Bem), para estimular o desenvolvimento nacional;
- Inclusão de produtos de IoT, mesmo que importados, no Cartão BNDES;
- Disponibilização de Linhas de Financiamento para infraestrutura de IoT, mesmo que
importados, com juros atraentes (ex.: FINAME);
- Disponibilização de Linhas de Financiamento para Desenvolvimento de Programas de
Computador para IoT.
Os incentivos podem ter prazo limitado a 5 anos e serem decrescentes, de forma a serem
compatíveis com o crescimento do mercado, queda natural de preços e incentivo à
Indústria Brasileira.
V.2 PROJETOS ESTRUTURANTES
Estes projetos devem ser impulsionados pelo Governo, por meio de fomento direto ou
parcerias com o setor privado, e devem ser norteados por grande volume, a fim de
disponibilizar componentes, módulos de software, chips e infraestrutura para outras
aplicações, reduzindo os custos de outros projetos de baixo volume. É importante que
sejam de interesse empresarial e que os desenvolvimentos sejam liderados por
empresas, com regras de agilidade e custos compatíveis com a realidade do mercado.
Requisitos de um projeto estruturante
- Ter visibilidade e grande aceitação, como as Olimpíadas, e aplicações de grande
demanda de tecnologia, como gestão da saúde, cidades inteligentes, rastreabilidade
animal, rastreabilidade veicular, aplicações no comércio de varejo, etc... ;
- Propor o desenvolvimento de sistemas utilizáveis nacional e internacionalmente;
- Definir e desenvolver módulos padronizados em chips que possam encontrar aplicação
nos mais diversos projetos realizados pelas design houses brasileiras;
- Utilizar padrões para os aplicativos que possam ser usados pelos desenvolvedores de
sistemas em outros aplicativos;
- Utilizar chips padronizados que a Ceitec S/A e outras empresas brasileiras possam vir a
desenvolver e produzir no Brasil com competitividade.
A IMPORTÂNCIA DA INTERNET DAS COISAS (IoT) PARA O BRASIL
DOCUMENTO ELABORADO POR
PERCEPTION – Gabriel Antonio Marão e João Neves Fernandes
EPUSP – LCS – José Roberto de Almeida Amazonas
ITS – José Vidal Bellinetti
COM A COLABORAÇÃO DE:
SEAL – Fernando Claro
GS1 - Roberto Toshiaki Matsubayashi
PERCEPTION – Ivany Cavalcanti Pereira Lima
AGRADECIMENTOS A:
CEITEC S/A e Revista Banco Hoje que participaram dos diversos eventos que levaram à
estruturação dos Seminários e dos debates que foram a base para a preparação deste
documento e para a proposição do referido Forum.