a imagem da dança no turismo brasil
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7/31/2019 A imagem da dana no turismo Brasil
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__________________________________________________________________________________________Revista Itinerarium v.2 2009
Departamento de Turismo e Patrimnio Escola de Museologia Centro de Cincias Humanas e SociaisUniversidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)
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A imagem da Dana no Turismo do Brasil
Thas Costa da Silva1
ResumoA dana uma manifestao de grande importncia no meio social que transpe crenas,desejos e opinies de diversos grupos da sociedade. E o Brasil possui uma grande variedadede danas que expressam muito a realidade do pas, sendo um fator contribuinte para odesenvolvimento da atividade turstica. Portanto, o objetivo desta obra identificar a imagemque a dana transmite no turismo do Brasil e o potencial que as elas tm para se desenvolvercomo produto turstico, sob a tica da sustentabilidade. Para que tais objetivos fossemalcanados, estudou-se as especificidades das regies do pas obtendo assim, uma apuraomelhor dos fatos por meio de pesquisa bibliogrfica, experimental e em entrevista com crtico
em dana. Acredita-se, que a melhor explorao de algumas danas como atrativos tursticoscom uma eficaz difuso da imagem destas e com a participao da populao na atividadeseja um fator determinante para o desenvolvimento sustentado do turismo no Brasil.
Palavras - chave: Turismo, Dana e Imagem.
AbstractThe dance is an important social manifestation witch express beliefs and opinions on differentgroups in society. And Brazil has a big diversity of dances that says a lot about its realitywitch contributes for tourism activity development. Therefore, the objective of this article isto identify what is the dance influence on tourism in Brazil and the potential that it has to
develop himself as tourist product, on a sustainability vision. In order to achieve this goal, abibliographic and experimental research has been done as well as an interview with a dancecritical. The varieties of the Brazils regions were also studied for a better knowledge of thefacts. The improvement of these circumstances is given credit and allied the biggestexploration of some dances as tourist attractions, with an efficient diffusion of that image andwith the population interacts on this activity, is an important factor to the development oftourism in Brazil.
Keywords: Tourism, Dance and Image.
1 Bacharel em Turismo pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro UniRio.Ps-graduanda do curso do Observatrio de Inovao do Turismo da Fundao Getio Vargas - FGV
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Introduo
A dana se caracteriza pela expresso dos desejos e crenas de um ser atravs demovimentos com o corpo e sempre esteve presente entre os seres vivos. Portinari (1989:17)
salienta que ela ... precedeu o homem: movimentos considerados danantes integram a rotina
de diferentes espcies, de insetos a mamferos, na aproximao para o acasalamento. Alguns
estudos relatam que desde a pr-histria j existia a dana atravs de rituais tanto de homens
quanto de animais por motivos diversos. Essa expresso corporal possui um grande valor
histrico e cultural entre os seres. Para algumas tribos indgenas ela faz parte de um ritual de
religiosidade. Para a sociedade contempornea, ela considerada tambm como arte.
O lazer e a beleza ganham gradativamente um destaque maior nas danas. Grupos de
dana se transformam em companhias profissionais tornando do lazer um trabalho rentvel,
atraindo um grande pblico que sente prazer ao danar e ao assistir apresentaes de dana. E
de acordo com as caractersticas de cada regio de um determinado pas, elas se diferenciam,
pois esto intimamente ligadas a cultura dos povos e aos acontecimentos locais. Sejam elas
danas profissionais, baseadas em tcnicas com a finalidade de um ofcio, ou populares, sendo
mais espontneas e transmitidas de modo mais informal.
O Brasil se destaca nesse sentido devido a sua pluralidade vinda com a miscigenao
que influenciou o surgimento de diversos tipos de danas aliados a culturas distintas. Cada
uma delas conta um pouco da histria e cultura do pas e retrata uma imagem das regies
especificamente, suas peculiaridades e modos de vida. E conhecer os costumes de uma
localidade diferente um dos fatores motivadores da atividade turstica, pois o turismo se
baseia na busca do novo, do peculiar, na apreciao de culturas distintas e na troca de
experincias diversas que esto presentes em prticas como a dana.
E a imagem que transmitida por meio das danas pode despertar o interesse das
pessoas que procuram esse intercmbio cultural. Esta pode ser o fator motivacional que o faa
decidir sobre a realizao da viagem, assim como Dias (2003; 195) evidencia; ... a imagem
do destino turstico ir influenciar decisivamente na escolha do eventual comprador do pacote.
Neste sentido torna-se fundamental criar uma imagem eficaz de uma localidade...
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Neste trabalho, considera-se que a imagem reflete as caractersticas de produtos ou
mesmo de comunidades e naes. E a imagem da dana intera-se dessa construo geral
significativamente. Para Bignami (2002: 39), ... A nossa imagem tambm, em parte, umaprojeo da nossa identidade e, estrategicamente organizada ou no, ela acabou privilegiando
e ressaltando alguns aspectos da nao. E por estar diretamente relacionada com o turismo,
toma-se por relevante a observao e anlise de como o Brasil interpretado e representado
atravs da imagem geral transmitida interna e externamente.
No entanto, para que a dana possa fazer parte da atividade turstica importante que a
populao esteja integrada com essa prtica, e a pratique de modo espontneo. Assim, a dana
pode se manter preservada, contrapondo alguns casos em que ela ocorre de forma
teatralizada ou artificial, somente para a satisfao do turista em detrimento dos reais
costumes da populao, visando somente os benefcios econmicos que o turismo pode trazer.
A escolha do tema justifica-se pela inteno de agregar estudos ao referencial terico e
incentivar a criao de novos projetos e pesquisas sobre turismo e dana no Brasil atravs de
uma anlise acerca do valor da imagem que essa manifestao cultural possui, visto que so
ainda poucos os dados existentes sobre a temtica.
Esta obra busca identificar o papel que a dana possui na atividade turstica e sua
contribuio na construo da imagem do Brasil. Como objetivos especficos, o presente
artigo prope verificar a imagem que o Brasil possui no sculo XXI atravs da dana, avaliar
se esta pode ser considerada como um atrativo turstico em potencial e analisar as danas no
contexto mundial como atrativo turstico.
Para esta pesquisa de cunho qualitativo, foram coletados dados em livros, artigos
cientficos e websites para verificar a histria da dana, sua importncia no turismo e se esta
pode ser considerada um atrativo em potencial. Para conhecer as danas tpicas brasileiras de
maior expressividade, foi elaborado um mapeamento por regies atravs de uma anlise de
artigos e reportagens nacionais e internacionais. Tambm inclui-se uma entrevista semi-
estruturada com o pesquisador e crtico em dana Roberto Pereira (2007), para verificar o
panorama das danas brasileiras em nvel nacional e internacional. Foram consultados
tambm os planos, programas e projetos do Ministrio do Turismo e EMBRATUR Instituto
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Brasileiro de Turismo, responsvel pela divulgao do destino Brasil para analisar se a
estratgia de marketing utilizada contribui para a divulgao das danas brasileiras com
sustentabilidade. Para o estudo delimitado sobre companhias profissionais, realizou-se umapesquisa em livros, sites e reportagens e uma anlise sobre o documentrio Grupo Corpo
Uma famlia brasileira, com o intuito de analisar se a dana profissional do Brasil pode ser
considerada como fator contribuinte para o turismo, identidade e imagem do Brasil. A escolha
do documentrio sobre o Grupo Corpo se justifica pela grande repercusso na mdia que a
compania possui, no grande nmero de apresentaes realizadas no exterior e nas
caractersticas brasileiras envolvidas nas coreografias.
A dana pode ser considerada um recurso cultural intrnseco na delimitao da
identidade dos povos e o turismo uma prtica econmica e social consolidada em nossa
sociedade que se baseia em motivaes diversas, entre as quais de valores culturais. Portanto,
cr-se importante a anlise acerca da relao entre os mesmos, tendo como relevncia a
contribuio mtua dessas prticas para o desenvolvimento sustentvel de ambas.
O Turismo e a Dana
A busca do lazer (do latim, licere, ser permitido), do entretenimento (diverso) e deexperincias singulares (vivncias de representao nica), so fatores essencialmente
motivadores da prtica do turismo. Presenciar e sentir as caractersticas de um lugar distinto
ao de origem so situaes prazerosas que contribuem para um intercmbio cultural entre os
mais diversos tipos de indivduos. Segundo Dias (2003:14), diferentes povos, atravs da
atividade turstica, passam a compreender o lugar que ocupam no mundo e a ligao que
possuem uns com os outros. As distintas culturas, do turista e comunidade local so passveis
de integrao.No mbito do turismo cultural, que Barretto (2003:19) explicita como ...todo turismo
em que o principal atrativo no seja a natureza, mas algum aspecto da cultura humana, a
dana representa recurso em potencial, pois de acordo com Dias (2005), recurso turstico
todo elemento que por si mesmo ou em combinao com outros seja capaz de gerar
deslocamentos tursticos...e que podero ser explorados pelo turismo futuramente. E um
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recurso torna-se um atrativo quando facilmente acessvel, apresenta equipamentos e
instalaes para serem utilizados pelos turistas e contm todas as informaes necessrias
para que seja aproveitado de forma integral, no pouco tempo disponvel para o visitante.Sua potencialidade deve-se ao fato da expresso de sentimentos, opinies e da prpria
histria que transmitida atravs do instrumento corpo. Instrumento este que revela por meio
da dana uma mensagem distinta, dependendo dos anceios de quem a pratica. Alm deste
argumento, pode ser tambm atraente a beleza da apresentao e a possibilidade de integrao
do turista nessa prtica. Nota-se ento, a existncia do lazer, do entretenimento e das
experincias singulares.
No campo da sociologia, baseando-se no modelo cognitivo-normativo criado por Eric
Cohen (1979), os turistas podem ser divididos em peregrinos modernos e buscadores de
prazer. Os peregrinos modernos so explicitados por Barretto (2003:20) como os que ...tm
em comum o fato de procurarem modos de vida alternativos, autenticidade, contato com as
culturas visitadas. No entende-se da mesma forma os buscadores de prazer, pois eles
segundo Barretto (2003:20) ...procuram apenas fugir de seu cotidiano em lugares que
ofeream muitos equipamentos recreativos e onde haja possibilidade de relaxamento fsico.
A partir desses conceitos, entende-se que para a primeira tipologia apresentada, assistir
ou vivenciar as danas populares de comunidades diversas se transpe em um meio de
satisfazer suas expectativas ao viajar. O turista se integra com os habitantes da localidade,
conhece sua cultura e tambm se diverte ao assistir a beleza das apresentaes. Os
buscadores de prazer como desejam apenas o descanso e o divertimento, se distanciam um
pouco das manifestaes populares. No entanto, as danas tcnicas e profissionais podem ser
consideradas o atrativo adequado para a satisfao de suas necessidades, pois elas
proporcionam entretenimento, em um ambiente confortvel, em geral teatros. E por serem
tcnicas proporcionam, por vezes, mais beleza e nvel de dificuldade apresentado.
Contudo, avalia-se que essas duas tipologias podem variar em um nico indivduo,
pois depende do que ele busca em determinado momento. Vrios fatores podem influir em
seus objetivos finais, como a compania ou o estado fsico da poca da viagem. Assim, cr-se
que um indivduo pode se caracterizar, ora por um peregrino moderno, ora por um
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buscador de prazer. O que julga-se importante que o turista tenha em sua viagem, a
satisfao de suas necessidades e expectativas, porm contribuindo para o desenvolvimento
sustentvel da localidade visitada. E o conhecimento das necessidades reais do visitantes podeser um fator muito benfico para esse desenvolvimento.
A dana uma manifestao cultural que pode ser transformada em atrativo turstico,
como pode ser constatado na capital Argentina, Buenos Aires, que tem o tango como um dos
smbolos da cultura do pas. Segundo informe estatstico do IX Festival de Tango de Buenos
Aires (2007), 165.000 pessoas assistiram o evento, sendo 43,3% de estrangeiros e 6,9% de
pessoas de outras cidades da Argentina e o motivo da viagem foi o tango para 19,2% dos
estrangeiros e 41,7% dos argentinos. fundamental considerar, entretanto, um modelo
adequado realidade do Brasil, levando em conta as especificidades locais para o
desenvolvimento da atividade turstica atravs da dana.
As danas populares so muito procuradas tambm no Brasil pelos turistas, em
especial o samba, que possui um grande destaque na mdia nacional e internacional, como
pode-se analisar em captulo dedicado as danas populares. Contudo, necessrio um estudo
de caso sobre a real influncia desses turistas na prtica dessas manisfestaes culturais, a fim
de evitar impactos negativos. Em casos, a atividade turstica pode ser um fator contribuinte na
continuidade das danas populares, atravs do incentivo econmico e cultural que acrescenta.
Em outros, ela pode ser uma prtica destrutiva da real essncia cultural desse tipo de
expresso cultural, se tornando apenas uma apresentao teatral organizada com interesse
exclusivamente econmico em detrimento do social. importante preocupar-se, no ato do
planejamento turstico em como o turismo pode se tornar um aliado para as danas populares
e demais manifestaes culturais das comunidades locais. E analisar sempre os impactos que
podem ser gerados para que a atividade contribua para a conservao e no para a
descaracterizao das danas populares.
Turismo: Agente de conservao ou de descaracterizao das Danas
populares.
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A grande procura pela prtica do turismo cultural provoca uma discusso fundamental
para o planejamento do turismo: o impacto dos turistas no cotidiano da comunidade local. Em
relao as danas populares, o dilema existente entre a conservao e a descaracterizao queo turismo pode causar fruto de realidades diversas em que se pode perceber esses dois
fatores.
De acordo com o Cdigo Mundial de tica do Turismo, no captulo 4, identificado
como: Turismo, fator de aproveitamento e enriquecimento do Patrimnio Cultural da
Humanidade, a atividade turstica deve ser de forma a permitir a sobrevivncia e o
desenvolvimento de produes culturais e artesanais tradicionais, bem como do folclore, e
que no provoque a sua padronizao e empobrecimento. Contudo, h tericos que apontam
que:
Enquanto produtor e consumidor do espao, o turismo pode mercantilizar as culturaslocais, tornando-as objeto de consumo, causando dessa forma danos irreversveis identidade da comunidade anfitri. Da a importncia de se criar uma harmonia entre asatitudes dos turistas e o comportamento da populao local. Oliveira; Medeiros apudHazin (2000:7)
Em entrevista com o crtico em dana Roberto Pereira (2007), apndice I, ele
menciona que o turismo pode contribuir na continuidade e na reafirmao das expresses
corporais do Brasil, porm se as danas forem apresentadas de modo verdadeiro, com suasreais caractersticas. E no pasteurizado, teatralizado em funo do turista, como por vezes
acontece.
Portanto, entende-se que o turismo traz muitos benefcios para a populao local assim
como para os visitantes, porm se for bem planejado e integrado com os atores em questo, j
que a identidade cultural da localidade o fator determinante dessa atividade.
O turismo cultural, que para a OMT Organizao Munidal do Turismo,
caracterizado ...pela procura por estudos, cultura, artes cnicas, festivais monumentos, stioshistricos ou arqueolgicos, manifestaes folclricas ou peregrinaes, tem que ser
praticado de forma completa, compreendido como experincia, para que haja sustentabilidade
como prncipio, e assim conservao das expresses culturais.
Cultura um insumo turstico importante, mas aquela cultura viva, praticada pelacomunidade em seu cotidiano. No um espetculo, que inicia quando o nibus dosvisitantes chega, mas uma atividade que a comunidade exerce rotineiramente. Quando os
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visitantes chegarem, eles sero bem vindos e convidados a juntos danar, cantar, saborear opo, aplaudir o artista. Gastal apud Hazin (2001:129)
Assim percebida a essncia do turismo cultural planejado, organizado e sustentado.
Os impactos, dessa forma, so minimizados e a cultura poder se manter sofrendo apenas
modificaes naturais partindo da prpria comunidade.
A dana popular segue os mesmos princpios. um elemento integrante da cultura
local. uma manifestao que vai alm dessa concepo e praticada com base em diversas
simbologias, crenas e arte. Ao assistir uma apresentao de dana, se pode perceber diversos
fatores culturais e histricos inseridos nela. Da sua relao direta com o turismo cultural.
uma prtica que surgiu antes mesmo do homem e sua histria muito importante para o
planejamento da atividade turstica tendo ela como atrativo.
Histria da Dana
A Dana no mundo
De acordo com os relatos de Portinari (1989) e Bourcier (1978), desde as figuras pr-
histricas encontradas em diversas cavernas at a contemporaneidade, a dana transpe
diversos significados. Seus primeiros vestgios apareceram no perodo Mesoltico em uma
imagem na caverna de Cogul, provncia de Lrida, Espanha. Portinari (1989:17) descreve uma
cerimnia que mostra nove mulheres em torno de um homem despido, indicando ritual de
fertilidade. Mesmo no sendo uma prova concreta da existncia da dana, o que percebido
com clareza, que em diversas tribos pr-histricas ou no, movimentos corporais se
identificavam diretamente com suas respectivas culturas, sempre repleta de significados.
Durante a fase Neoltica, a dana tambm se tornou muito comum entre as mulheres para a
fecundidade, assim como Bourcier (1978:9) evidencia;
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Quelques auteurs dcrivaient, nagure, une de la prhistoire: dansla grotte de Pech-Merle (Lot), des femmes, il y a une dizaine de milliers dannes, venaient,accompagnes de leurs enfants, danser pour obtenir une fcondit nouvelle.2
At a contemporaneidade essa prtica simblica ainda prevalece. A dana do Ventre, porexemplo, tem suas razes nos tempos primitivos e ainda praticada em seu sentido original
Portinari (1989:19)
...entre alguns povos da sia e da frica, associada s dores do parto, ou seja, acontinuidade da vida. Tambm entre os ndios Canela e G do Brasil: as mulheres pintamseu corpo com pequenos crculos coloridos antes de execut-la na primeira noite de luacheia.
A dana tambm se relaciona com religio. uma manifestao sagrada e esteve presente
entre diversas antigas civilizaes como ritual de adorao aos deuses. No Egito, a tradio
de danar era relacionada a alegria e, no Festival de Abydos, essa cultura se mantinha com
expressividade e repleta de simbologias.
O principal centro do culto de Osris ficava em Abydos. Ali, todos os anos antecedendo apoca da cheia do rio Nilo, realizava-se um festival que dramatizava o mito diante demilhares de fiis. Em procisso solene, os sacerdotes entravam no templo, acompanhadospor msicos e danarinas. (Portinari, 1989:21)
Na Grcia antiga, a dana era associada tambm a educao e formao do indivduo.
Esteve presente em diversas manifestaes artsticas e religiosas.
Para os povos orientais, essa prtica se diferenciava significativamente unindo o sagrado
e o profano. Na ndia, Portinari (1989: 41) Irmanada ao ritmo da natureza, a dana aparece
como atributo de Shiva que, junto com Brahma e Vishnu, forma a trindade bsica do
hindusmo. Na China a Dana estava integrada a PORTINARI (1989:43) ...dois princpios
bsicos da cultura: Yo (a msica) e Li (os ritos) e no Japo, Portinari (1989:45) ...a dana
nasceu de um estratagema divino para atrair o sol que havia desaparecido. Em todos esses
pases se nota ntida a riqueza em simbologias e representaes atravs da dana, o que a
torna elemento essencial e nico na cultura desses povos.
Na Idade Mdia, poca em que ocorreram diversas guerras, inclusive a tomada de
Constantinopla de Roma pelos turcos, nascia um grande movimento humanista, o
2 Alguns autores descreveram uma da pr-histria: pela gruta de Pech-Merle (Lot), asfmeas, h uma dezena de milhares de anos, vieram acompanhadas de seus filhos, danar para obter uma novagravidez. Traduo livre.
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Renascimento. Pensadores deste grupo ideolgico retrataram diversas manifestaes
artsticas da poca, em que se inclua a dana representando simultaneamente religio e idias
pags, como pode ser analisado na dana macabra da Guerra dos Cem Anos, que segundoBourcier (1978:59): La danse ne fait pas exception aux grandes tendances de lpoque:
extrme raffinement de la forme, sens de la mort dans sa ralit la plus brutale3.
Anos mais tarde, durante o movimento romntico dos sculos XVIII e XIX, em que
filsofos defendiam idias nacionalistas, a dana tornou-se um instrumento fundamental para
a difuso desses pensamentos. A afirmao das caractersticas nacionais se tornaram uma
preocupao. Assim como Pereira (2003:23) ressalta que as noes de: ... exotismo e
pitoresco tomam perfis bastante particulares ao se discutirem questes como raa e etnia, por
exemplo, no mesmo perodo. Questes que esto no corpo. Nada mais apropriado, portanto,
que observ-las na dana.
E foi ento que as grandes companhias profissionais de bal retratavam estrias que
insinuavam a cultura sul americana. Povos peculiares, com um exotismo atraente que no
existiam antes na Europa do bal clssico do pera de Paris4 em que se buscava a
perfeio dos movimentos altamente tcnicos dos bailarinos.
O conceito de nao ganhou foras neste perodo. Filsofos e artistas apoiaram o
movimento romntico e expressavam suas opinies por meio de poemas, msicas e tambm
da dana. Eles defendiam que a cultura local fosse conservada e fortalecida. Cada pas teria
suas caractersticas delimitadas e as tipologias europias no seriam mais copiadas em outros
pases como era comum na poca. Os pases latino-americanos eram conhecidos pelo seu
exotismo e peculiaridade, fato que pode ser explicado pela existncia ainda muito expressiva
de ndios que sustentavam hbitos e tradies muito diferentes das europias. Pereira (2003).
Outro fator muito relevante que foi pensado na caracterizao do aspecto nacional da
dana est no instrumento usado para pratic-la. Pereira (2003:25) afirma que ...talvez valha
a pena observar como essas danas eram aprendidas por quem as executava, apontando sua
3A Dana no faz exceo s grandes tendncias da poca: extremo refinamento da forma, senso da morte na
sua realidade mais brutal. Traduo livre.
4 Compania de dana clssica francesa inaugurada em 1669 por Lus XIV marcando o incio da dana Clssicano mundo.
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autenticidade ou sua transformao no e pelo corpo do bailarino. O indivduo que dana j
possui fortes caractersticas de seu pas e as retrata atravs de seu corpo.
E a expresso de sentimentos e opinies tambm foi e ainda transmitida pela danaModerna. Sua prtica explicitava a reao contra o sistema social vigente e buscava reflexes
para novos pensamentos de acordo com o momento histrico de cada poca. Segundo
Portinari (1989:133) Tomando por base a liberdade expressiva do corpo, a dana Moderna
reflete o contexto histrico que a gerou: a de um mundo governado por mquinas, no qual o
ser humano se debate em busca de novas relaes consigo mesmo e com a sociedade. A
dinmica das apresentaes se diferenciava notavelmente do bal clssico. As formas, o
ritmo, as linhas corporais eram mais ousados e a dana se apresentava como um instrumento
concreto que transmitia os pensamentos dos bailarinos e coregrafos. Um exemplo ntido da
contradio de pensamentos e idias clssicas que prevalece at o presente sculo XXI.
A dana possui diversas caractersticas do povo que as pratica e tambm est inserida
ao fenmeno folclrico como Monica (1999:21) explica:
Elemento dinmico da cultura, modifica-se e se transforma de regio a regio, de acordocom os meios e sua funcionalidade. De aceitao coletiva, no perde seu carter, seu valor,sua autenticidade. E, por caracterizar-se pela espontaneidade e poder de motivao sobre oscomponentes da respectiva comunidade, pode resultar tanto da inveno como da difuso,sempre subordinado aos processos da dinmica cultural.
Porm, essa manifestao cultural tambm pode sofrer influncias diversas como
exemplifica Portinari (1989:268): ...o flamenco uma expresso dos ciganos fixados na
regio da Andaluzia onde j encontraram uma cultura rabe que, por sua vez, se assentou
sobre a de habitantes latinizados e cristianizados. E muitas dessas danas folclricas fazem
parte ainda do cotidiano de muitas comunidades, seja como ritual cultural advindo de pocas
passadas, seja por divertimento ou apresentao para visitantes do local de origem. O que
ainda bastante discutido entre tericos se essas danas folclricas e populares em
determinada regio sejam de fato espontneas, se mantendo involuntariamente, ou se elas
dependem de incentivos como o do turismo para se manter. E ainda, se recebendo incentivos
do setor turstico as apresentaes estariam perdendo seu sentido cultural original.
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O que se pode concluir que a dana se identifica com pensamentos, ideologias e
situaes sociais e econmicas vigentes. A dana uma manifestao do homem por meio de
seu corpo e que faz parte de sua cultura. E no Brasil, essas manifestaes so muito distintas epeculiares, compatibilizando-se com a variedade de raas e etnias encontradas no pas.
A Dana no Brasil
A dana no Brasil se fundamenta na mistura de culturas e hbitos de diversos pases. De
influncias europias a africanas, o Brasil se destaca pela sua pluralidade percebida na
maioria de suas manifestaes culturais, em especial nas danas populares. Por tal fator,
dificilmente podemos afirmar que uma determinada dana seja essencialmente brasileira.
Essa miscelnea cultural encontrada no Brasil pode ser explicada por diversos fatores
histricos. A vinda da Famlia Real de Portugal em 1808, com suas fortes influncias
europias; a escravido africana dos sculos XVI a XIX e sua cultura; as imigraes italiana,
alem e japonesa que originaram o surgimento das colnias de estrangeiros com
representativas caractersticas culturais de seus pases de origem. Em seu artigo Forr,
Gilberto Gil (2004), relata que a dana no Brasil teve fortes influncias dos portugueses
assim que chegaram no Brasil, antes mesmo de ser colonizado. Ele explicita que,
para alm da receptividade e encantamento com as flautas e as gaitas, os ndios, logo deincio, mostraram-se inclinados a entrar na dana produzindo, naquelas praias dosprimeiros dias da descoberta, os primeiros passos das danas que se tornariam uma dasmarcas mais eloqentes do nosso modo brasileiro de se expressar atravs do corpo.
Toda essa cultura, na contemporaneidade, ganha ainda mais expressividade atravs de
festivais, apresentaes e festas populares organizados eventualmente, como ocorre em
Blumenau, Santa Catarina, na Oktoberfest em que a cultura alem, presente desde a
imigrao e cultivada durante anos valorizada pela comunidade de imigrantes que habitamna cidade. H tambm o festival de Parintins, onde a dana Bumba-meu-boi ganha grande
visibilidade, as grandes festas juninas, dentre elas a de Campina Grande em que atrai muitos
visitantes e que revela tambm com grande expressividade o forr, dentre outras muitas que
destacam elementos importantes da cultura nacional, alm da dana.
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Todavia, a cultura e prtica da dana j tinha nascido no pas, sem grandes influncias
externas. Uma prtica genuna observadas por indgenas e que muitas vezes atrelada a
religio, foi conservada durante sculos. Portinari (1989:245) revela que:Em algumas reservas, como a do Alto Xingu, os ndios mantm as suas tradies, em quea Dana ocupa lugar de destaque. Elas se integram a cerimnias de iniciao, culto aosespritos e foras da natureza, festas em memria dos antepassados.
E manifestaes como esta, so caractersticos em especial, dos pases americanos. No
romantismo europeu, perodo em que o nacionalismo e a fuga aos temas clssicos vieram a
tona, a cultura destes pases esteve em destaque.
No Brasil, a dana se profissionalizou ao longo de dcadas e muitas companias
surgiram revelando em suas apresentaes elementos caractersticos do Brasil. E um fatormuito relevante tambm o jeito brasileiro de danar. O que cada corpo expressa de modo
distinto, assim como foi relatado por Pereira (2003) e citado acima. Portanto, as danas
folclricas, que de acordo com Guimares (2002) so ...as manifestaes de dana
observadas no contexto da cultura informal, muitas vezes, so antes modificadas com tcnicas
profissionais para uma melhor apresentao ao pblico. De acordo com Portinari (1989:243):
Maracatu, batuque, capoeira, frevo, carnaval, reisado, maculel, bumba-meu-boi, congadaso expresses da cultura brasileira que, com frequncia, motivaram os coregrafos. Otratamento segue os ditames da teatralizao.
E essa teatralizao incita grande parte de turistas a assistirem as danas populares.
Torna a dana inicialmente popular em dana profissional, elevando aspectos culturais, porm
de forma tcnica e como um ofcio. O que se deve atentar se essa teatralizao
descaracteriza a dana e cria uma imagem falsa da identidade brasileira.
As danas populares do Brasil so baseadas na histria de uma determinada
localidade. Elas podem se relacionar com religio, como possvel citar a dana de So
Gonalo; profanismo, como as danas do carnaval ou simplesmente para expressar alegria,como muitas danas so praticadas na contemporaneidade, como descrito por Guimares
(2002) e Monica(2001). As danas populares ocorrem de forma espontnea e se transformam
naturalmente com o tempo.Portanto, no pode ser considerada folclrica a dana da moda,
que existe no contexto da cultura popularesca, comercial ou de consumo, ou aquela na qual se
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observa um dirigismo de escola ou dos centros de tradies Sachs (1965) apud Guimares
(2002:139).
Logo, as danas da moda, ditas de massa, so popularizadas e muito divulgadas pelamdia. Elas ganham esse destaque devido a grande quantidade de pessoas que as praticam
e/ou observam. No Brasil, h diversas danas que so muito populares, como o samba, o frevo
e o forr. E devido a toda essa popularidade, muitos turistas so atrados para determinadas
localidades para vivenciar essas manifestaes culturais, em que podemos citar as escolas de
samba, que lotam suas quadras de turistas e comunidade em seus ensaios e festas. Essas
danas tambm se tornam mais populares devido aos grandes festivais que ocorrem em
diversas regies do Brasil.
O carnaval, evento orginalmente relacionados a cultos agrrios na Grcia, surgido no
IV milnio antes de Cristo, adapatado ao Brasil, ressalta danas como o samba, no Rio de
Janeiro e So Paulo e o Frevo, em Pernambuco. Tambm h eventos como a Oktoberfest, em
que so ressaltadas as danas populares em Santa Catarina, originrias da Alemanha, mas que
difundiram-se no Brasil, devido a processos imigratrios. A festa do Boi bumb, no Nordeste,
em que se destaca a dana Bumba-meu-Boi, e a festa de So Joo, em Campina Grande (PB),
que considerada pela mdia a maior festa de So Joo do Mundo, assim como evidencia o
site Guia da Semana em 07 de novembro de 2007:
Reunindo cerca de 1 milho de pessoas, o Maior So Joo do Mundo provavelmente oprincipal atrativo turstico de Campina Grande. H 24 anos, todo ms de junho, o clima defesta toma conta da cidade por 30 dias, com muito forr p de serra e shows de artistas depeso da msica nacional, como Elba Ramalho, Alceu Valena e Geraldo Azevedo.Completando o panorama, o Parque do Povo, onde o evento acontece, totalmentedecorado com bandeirolas e fogueiras e recebe uma estrutura composta por cerca de 300barracas - estruturas que abrigam bares e restaurantes, palco para shows, tablado paraapresentao dos grupos de dana folclrica, quadrilhas juninas e ilhas de forr.
E nessa festa o forr realmente o atrativo principal com caractersticas
essencialmente brasileiras. Desse modo, as danas populares, so de fato um atrativo com
grande potencial para a atrao de turistas, em especial atreladas a grandes eventos. Contudo,
elas tambm podem ser vivenciadas de forma micro, como ocorre com as danas folclricas.
Existem uma grande quantidade de danas folclricas no Brasil, cada uma com sua
peculiaridade. Elas fazem parte de um aspecto cultural denominado Folclore que pode ser
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entendido como, Guimares (2002:1) as manifestaes culturais, pessoais ou coletivas, que
foram aprendidas de modo informal e assim como as danas da moda, elas tambm podem
ser observadas em festas populares, porm geralmente de menor amplitude.O mapa que segue, tem o intuito de informar as danas mais conhecidas e divulgadas
no Brasil de acordo com a mdia e com os grandes eventos que ajudam a sustent-las,
divididas por regies para a reafirmao de que as danas populares tm a potencialidade de
atrair turistas quando pertinente e desenvolver o turismo no Brasil.
Figura 1. Mapa adaptado de fonte: www.cck.com.brAcessado em 10 de novembro de 2007
Essas danas populares expressam um pouco da cultura de cada regio, sua histria e
tradies. Mas, embora algumas danas sejam mais expressivas de alguma forma, no se pode
definir o Brasil baseando-se apenas em algumas manifestaes culturais, para que no se crie
uma imagem deturbada do pas, pois cada dana tem suas caractersticas prprias e muito
valor cultural inserido nelas.
A imagem da dana no Brasil um assunto determinante no planejamento e
organizao do Turismo, pois implica diretamente nas aes e polticas a serem desenvolvidas
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e praticadas. Saber utiliz-la de forma benfica fundamental para o bom desempenho da
atividade.
A imagem da Dana do Brasil
O Turismo uma atividade que ao mesmo tempo usa da imagem para se desenvolver,
e contribui na sua criao. A construo da imagem do Brasil uma ao fundamentada em
diversos elementos, que podem ser culturais, naturais ou histricos.
O Brasil conhecido internacionalmente por suas belezas naturais. A mdia e as
polticas de governo sempre deram especial destaque a esse fator, j que muitos turistas
procuram o Brasil como destinao devido a suas praias e clima quente. Mas o que nota-secrescente, a preocupao durante os ltimos anos com a riqueza cultural brasileira que
tambm pode ser transformada em atrativo turstico. Destaca-se ento, um elemento
fundamental para tornar mais ntoria a riqueza cultural brasileira: a imagem e por
consequncia, sua representao, que pode apresentar de diversas formas tudo o que se pensa,
assim como Schopenhauer (2001:9) apud Castilho(2007) explicita:
...tudo o que existe, existe para o pensamento, isto , o universo inteiro apenas objeto emrelao a um sujeito, percepo apenas, em relao a um esprito que percebe. ...Tudo o que
o mundo encerra ou pode encerrar est na dependncia necessria perante o sujeito, eapenas existe para o sujeito. O mundo portanto, representao.
Os atrativos tanto naturais, quanto culturais, so retratados por meio de imagens e
smbolos que podem caracterizar ou no seus reais significados. De acordo com Jorge (2007)
A imagem pode ser interpretada como um cone e passar a ter uma funo de signo, ou seja,
a ter um expressivo significado como instrumento de comunicao mesmo sem representao
verbal ou escrita. Tambm possivel considerar como Castilho (2007) que uma nica
imagem contm em si um inventrio de informaes acerca de um determinado momento.
So as diversas interpretaes que diferentes indivduos podem ter de uma mesma imagem, e
que por vezes, pode significar at posies contrrias devido a tamanha variedade de
representaes.
importante, no entanto, que essas imagens revelem a situao real de uma
localidade, fugindo de esteritipos e equvocos, como ocorre no Brasil frequentemente, tanto
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a nvel nacional quanto internacional. Para Bignami (2002:123): A imagem turstica do
Brasil no exterior uma imagem altamente estereotipada, centrada em alguns poucos eventos
culturais nacionais, algumas cidades principais e determinadas caractersticas que qualificamo povo brasileiro. O Brasil, porm, rico em elementos que podem ser considerados
atrativos, explorar cada um deles e divulg-los respeitando seus aspectos e limitaes a base
do desenvolvimento do Turismo de forma sustentvel e igualitria.
O quadro atual relatado nos alerta sobre a importncia da construo de uma imagem
verdica e positiva do Brasil, especialmente em relao a dana que uma manifestao
cultural da populao e potencial atrativo turstico, para desenvolver o Turismo no pas, assim
como relata Bignami (2002; 61):
Somente aps a determinao do produto turstico e da estratgia de posicionamento daimagem, que se passa a determinao das estratgias de divulgao eficientes e coerentescom os objetivos, capazes de divulgar mensagens claras para o pblico-alvo.
No interessante que se divulgue determinado destino turstico antes de sua
estruturao e organizao como tal, pois a atividade pode trazer impactos culturais, sociais e
ambientais irreversveis. No caso da dana, ela pode perder suas caractersticas principais e
perder o real significado de seu surgimento. Contudo, ela passvel de mudanas, o que se
deve preocupar com a forma como ela acontece. Tem que ocorrer de modo natural. Pois,
Cmpelo (2004:8) ...a aproximao experiencial a esse fato esquece a dimenso construtiva e
viva da cultura de uma comunidade, ou seja, os significados de uma cultura no podem ser
fossilizados. As mudanas so presentes e benficas, mas no podem fazer com que a dana
perca seu sentido original. Por isso, a necessidade de um planejamento turstico adequado.
Os meios de comunicao aliados s polticas governamentais devem criar formas de
transmitir com mais clareza e veracidade as informaes acerca do Brasil a fim de que seja
evitada a perpetuao de clichs e esteritipos.
Devido a grande diversidade e quantidade de tipos de danas encontradas no Brasil,
muitas delas so pouco conhecidas pelos turistas que visitam nosso pas e pelo prprio povo
brasileiro, como evidencia o crtico em dana Roberto Pereira (2007) em entrevista. As
danas populares so conhecidas de forma isolada. Grande parte delas so divulgadas por
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regio em detrimento das outras localidades do pas. E internacionalmente, essas danas, por
vezes, so interpretadas de forma fantasiosa, romntica.
O que geralmente ocorre que as grandes metrpoles, com intensa notoriedade na mdiarecebem a maior parte de turistas, pois possuem sua cultura mais divulgada, como o caso do
samba no Rio de Janeiro, em que ganha ainda mais destaque no carnaval. Em anlise da
revista francesa Danser5 especializada em dana, se percebe grande entusiasmo e admirao
ao relatar uma festa na quadra da escola de samba carioca Mangueira. A reportagem conta o
engajamento social contido na escola e salienta o samba como elemento cultural da populao
carioca. ao mesmo tempo uma manifestao cultural e arte. O samba, englobando
juntamente a msica e a dana ganhou ainda mais destaque esse ano devido a uma iniciativa
em prol da memria da cultura brasileira. O IPHAN Instituto do Patrimnio Histrico e
Artstico Nacional reconheceu, no dia 09 de outubro de 2007, o samba carioca como
patrimnio cultural do Brasil. Segundo reportagem do jornal O Globo6, a iniciativa partiu do
Centro Cultural Cartola com apoio da Associao das Escolas de Samba do Rio de Janeiro e
da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) atravs de Nilcemar Nogueira, presidente
do Centro e neta do compositor Agenor Ferreira, o Cartola. Percebe-se a preocupao dos
representantes envolvidos nesse processo de tombamento com a perpetuao e conservao de
um elemento representativo da identidade nacional.
Assim como o samba outras danas populares tambm so considerados pelo IPHAN
como patrimnio cultural, como o frevo, o jongo e o samba-de-roda da Bahia que mantm o
status "obra-prima do patrimnio oral e imaterial da humanidade" pela Unesco. Todavia,
entende-se que ser um patrimnio cultural tombado pelo IPHAN no o suficiente para criar
uma boa imagem sobre as danas populares e nem mesmo como fator nico de conservao.
necessrio que haja polticas pblicas eficientes e que a mdia geral transmita a imagem de
modo positivo. Para Roberto Pereira, em entrevista, importante que a dana seja lecionada
nas escolas, para que haja, no futuro, uma melhora neste quadro.
Algumas casas de show, grupos independentes e festivais isolados contribuem para
difundir uma parte da cultura brasileira que no recebe tantos incentivos para sua prtica. No
5 Danser. Paris, N251. Fevereiro de 2006. Uma escola de samba no Rio. Traduo livre.6 O Globo Online. 09 de outubro de 2007.
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Rio de Janeiro, a casa de shows Circo Voador disponibiliza aulas de danas populares
brasileiras e tambm palco para espetculos de grupos indepententes que misturam msica,
dana, teatro e circo como no festival Tangolomango que j reuniu grupos de Jongo ecapoeira.
Ao longo dos anos foram surgindo grupos brasileiros que se especializaram em
diversos tipos de danas e que mantiveram essa mesma preocupao em transmitir algumas
caractersticas brasileiras. E Vicenzia (1997:30) explica que o pioneiro Ballet Stagium
iniciou seu percurso em So Paulo, em 1971. Seu objetivo era uma nova esttica para a dana,
uma linguagem entre o clssico e o contemporneo, sempre privilegiando a temtica
brasileira. Mas, outros grupos independentes surgiram seguindo essa mesma linha de
pensamento. Em entrevista com Pereira (2007), ele ressaltou o grupo mineiro Corpo e o
coregrafo pernambucano ngelo Madureira como exemplos desse tipo de danas
profissional brasileira que evidenciam referncias da cultura brasileira.
E a imagem trasmitida desses grupos, em boa parte, muito positiva. Em novembro de
2007, estreiou um documentrio sobre os 30 anos de histria do grupo corpo, que o denomina
como a famlia brasileira, devido a sua ligao com a cultura e os temas locais. De acordo
com o longa metragem, a companhia desenvolve um trabalho nico e nas apresentaes no
exterior, as pessoas identificam facilmente elementos brasileiros como a sensualidade e as
diferentes formas coreogrficas com temas nacionais. E essa imagem positiva que a
companhia brasileira possui, repercute na imagem da cultura do Brasil, sendo este tambm um
fator relevante para o turismo.
Como possvel avaliar, a imagem um fator extremamente importante na definio
de um destino turstico, e a dana se beneficia muito disso. A cultura do Brasil precisa desse
incentivo para que possa ser apreciado com maior intensidade como merece.
Contudo, para que a imagem da dana se propague de forma positiva, verdadeira e
igualitria, alm das iniciativas prprias e isoladas, elas precisam de uma organizao global,
um incentivo geral que proteja o patrimnio imaterial da nao e garanta a continuidade
dessas danas integrando-as com o pblico visitante do pas. E o governo o agente
estruturador dessas aes baseados em planos que devem considerar as questes sociais
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atravs da participao da comunidade no planejamento turstico da localidade. Outro fator
tambm de responsabilidade do governo, o de divulgar adequadamente atravs de
estratgias de marketing, a imagem do Brasil para o bom desenvolvimento da atividadeturstica.
Acredita-se que seja possvel construir uma imagem positiva do Brasil, e
consequentemente criar mais incentivos para a continuidade da prtica das danas populares
brasileiras, pois como Pagano e Bowman (1997) apud Castilho explicitam a imagem positiva
e atrativa um dos instrumentos que podem ser utilizados para a atrao de investidores. O
que em relao a dana h ainda uma grande carncia, segundo Pereira em entrevista. O que
se deve preocupar, no entanto, a forma com que este crescimento pode impactar o modo de
vida da populao. Por isso, entende-se por fundamental a participao da comunidade no
planejamento dessa atividade.
Com bases de planejamento bem definidas e com os interesses das comunidades sendo
considerados, o Brasil poder ser divulgado com responsabilidade. E as danas populares
podero ser conhecidas por suas reais caractersticas.
Consideraes Finais
A relao direta que a dana tem com o turismo pode ser explicado pelos aspectos
culturais de grande significncia que a mesma possui e que foi discutido ao longo do texto.
um possvel instrumento de lazer e divertimento, que traduz a histria de determinados povos
desde o seu surgimento e que pode ser facilmente compartilhado e praticado com os
visitantes.
O Brasil possui uma enorme variedade de estilos de danas populares e cada regio
possui suas prprias peculiaridades e as salientam, em grande parte, atravs de suas danas.
possvel, portanto, descobrir e vivenciar esses aspectos de forma atraente e prazerosa por meio
dessa prtica como de fato ocorre em muitos casos. Grandes eventos em que uma das atraes
principais a dana, como o carnaval, o festival de Parintins ou as festas juninas do nordeste
atraem milhares de turistas todos os anos e assim, reforam a idia de que a dana , em
muitos casos, um atrativo turstico por si s.
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No entanto, muitas danas so ainda desconhecidas da prpria populao brasileira.
Avalia-se, portanto, a importncia da maior divulgao e o incentivo para a continuidade
dessas manifestaes culturais para todas as regies do pas de forma igual e planejada, demodo que a populao brasileira conhea mais de sua cultura e histria.
Considera-se fundamental portanto, a nfase na participao da comunidade nos
projetos relacionados ao turismo na localidade, para que as danas populares mantenham sua
essncia e no sofram um processo de descaracterizao, em virtude dos impactos culturais
que podem ocorrer. O turismo deve ser uma atividade voltada para o intercmbio cultural e
ambiental, e no um elemento destrutivo e malfico para a cultura local.
A busca de elementos genuinamente brasileiros entre alguns grupos de danas
profissionais do Brasil, uma atitude bastante interessante para a imagem do Brasil, pois ela
contribui com a afirmao de nossas caractersticas elementares. Mas, em grande parte, as
apresentaes desses grupos so realizadas no exterior. Esse fato, influencia positivamente na
imagem do turismo internacionalmente. Porm, h ainda uma grande carncia no Brasil, da
prpria populao assistir essas manifestaes culturais nacionais.
Os incentivos governamentais so ainda muito pequenos frente ao grande potencial
que o pas possui para o turismo. interessante, ento, que haja uma participao maior do
setor privado, em conjunto com o setor pblico e a comunidade para fortalecer a prtica
dessas expresses populares e eruditas para que ento o pas possa ser mais desenvolvido no
campo do turismo e no conhecimento maior da populao de seus bens culturais.
Pode-se considerar a partir dos fatos citados no texto, que a imagem um elemento
determinante na escolha do destino a ser visitado, porm que ainda no transmitida de modo
ideal, baseando-se em algumas poucas manifestaes de algumas regies especficas. O pas
conhecido atravs de alguns eventos e, por vezes, a realidade no retratada. A imagem se
sustenta por esteritipos e clichs que no revelam a real identidade do brasileiro, fator este
muito malfico para o desenvolvimento do turismo no Brasil. Para que a dana aliada ao
turismo ocorra de forma sustentvel, preciso planejar adequadamente a localidade e sua
imagem, com base em diferentes vises, em um trabalho multidisciplinar com a participao
de diversos agentes e profissionais envolvidos com a defesa dos interesses de todos.
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Constatou-se ao longo da obra que a dana do Brasil uma manifestao cultural
muito importante para o turismo do pas, repleto de significado e contedo histrico. E que
seu papel na atividade turstica de transmitir esses elementos para quem as assiste assimcomo entreter, divertir e interagir a comunidade local e o turista, sendo um fator determinante
para a atividade. Sua imagem positiva no Brasil e no exterior, porm ainda escassa e
deturbada, considerada essencialmente extica. preciso, no entanto, proteger essas danas e
ao mesmo tempo, divulg-las de modo consciente para que diferentes pessoas de geraes
presentes e futuras possam assitir a esse espetculo nico e rico que a dana brasileira.
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