a habitação colonial...
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A habitação colonial espanhola adaptou-se aos
diferentes climas das Américas, apresentando alguns traços
característicos, como o emprego de pátios e varandas, além de amplos telhados e implantação
em tabuleiro de xadrez.
Houve o aparecimento de móveis adaptados à vida na colônia, como assentos (silas
e silones), bancos, mesas, arcas e bargueños.
Balcones
Patio
1 Portada (Portón) 8 Cômodo masculino (Sala) 2 Saguão (Záguan) 9 Cômodo feminino (Cuadra) 3 Reja (Muxarabi) 10 Segundo Pátio 4 Lojas (Tiendas) 11 Capela 5 Primeiro Pátio 12 Criadagem (Recamara) 6 Escadas 13 Quarto dos donos (Camara) 7 Galeria fechada 14 Corredor (Chiflón) X Horta e Depósito (Silo)
Implantação Urbana
Casa Virreinal (Casa Colonial Espanhola)
Balcones
Lima (Peru)
Com a influência barroca e a exploração mineral, o
interiorismo latino-americano ganhou mais rebuscamento e
luxo, através de talhas elaboradas e aplicações.
Tanto o Plateresco como o Churrigueresco encontraram grande difusão nas Américas,
principalmente nas colônias mais ricas, o que fez surgir um mobiliário mais curvo e
elaborado.
Armário
Poltronas de Reisado alta e baixa
Mesa
Bargueño
No caso das colônias lusas, a linguagem estética implantada foi o ESTILO MANUELINO, o qual se desenvolveu do
reinado de D. Manuel I (1495-1521) ao de D. João IV (1640-1656), de influências árabes, hindus e chinesas.
Casa-Grande (Sécs. XVI-XVII)
1 Capela 2 Quartos de hóspedes 3 Salão (jantar) 4 Sala de estar 5 Cômodo das mulheres
Assim, pode-se dizer que o
ESTILO COLONIAL PORTUGUÊS correspondeu
à versão local do Manuelino, este adaptado conforme a matéria-prima e a mão-de-
obra disponíveis, mantendo-se as madeiras entalhadas e torneadas, os couros e as
ferragens rústicas.
Salão Manuelino (Sécs. XVI-XVII)
Contador
Pernas torneadas
Móveis em Jacarandá, Pau-Santo e Marfim
De 1750 a 1777, o reinado de D. José I (1768-1844) produziu um estilo próprio
que se espalhou pelas colônias da Espanha e
Portugal, inclusive o Brasil.
Fortemente influenciado pela França, este estilo
rebuscado apresentava um mobiliário com pés e
contornos entalhados, além de cadeiras e poltronas com espaldares recortados, de pés tipo “pata de burro”.
Meia-Cômoda
Mesa
Poltrona
Cômoda
Patas de burro
Introduzido pelo colonizador português no século XVIII,
nosso Rococó manifestou-se principalmente na
decoração e mobiliário em Estilo D. José, que aqui
recebeu o nome de ESTILO POMBALINO, expressão mais delicada e refinada
que a arte anterior, ligada à classe dominante.
Estilo Pombalino (Séc. XVIII)
Cama
Mesa
Cômoda
Cadeira
Marquês de Pombal (1669-1782)
Casa Colonial Brasileira
A habitação colonial no Brasil manteve seu partido arquitetônico imutável por cerca de 300 anos, uma vez que as condições de vida somente se alterariam após a Independência (1822) e,
principalmente, com a República (1889).
A condição de colônia, a dependência da mão-de-obra escrava e o papel feminino de submissão
foram alguns dos fatores que contribuiram para essa estagnação no nosso país.
No Brasil colonial, a relação homem/mulher era uma mera
relação de mando e obediência, sem contestação,
raramente atenuada com demonstrações de afeto.
Restrito à reprodução e criação dos filhos, o papel
feminino ia além das tradições lusitanas, refletindo a clausura
de bases mulçumanas.
Jean-Baptiste Debret (1768-1848)
Ilustrações de Debret
Situadas nas periferias dos centros urbanos, as
CHÁCARAS COLONIAIS possuíam profundos alpendres;
paredes internas em gaiola (baixas e sem forro); e
dependências de serviços externas, incluindo grandes
cozinhas.
Casa Grande (centro do poder e moradia
do colonizador) X
Senzala (espaço dos escravos e área
de produção e serviços)
Ilustrações de Debret
Engenho
A CASA URBANA, com
planta homogênea, feita em pedra, barro e cal, possuía telhado cerâmico em duas
águas, sem calhas ou qualquer sistema de captação pluvial.
De partido uniforme, padronizado pelas Cartas
Régias ou posturas municipais, tinham previstos: o alinhamento, a altura dos pavimentos e o número de aberturas da casa, podendo ser térrea ou assobradada.
Paraty RJ
Salvador BA
Dispostas em correnteza, as casas térreas eram
destinadas aos estratos sociais mais simples e possuíam piso em chão batido, cobertura em palha ou cerâmica e vedos em
adobe ou pedra entaipada.
Os sobrados urbanos eram edificações estreitas, feitas em pedra e cal, para os mais ricos,
com o piso assoalhado e o térreo destinado a um
estabelecimento comercial (loja) ou acomodação de
carroças, animais e escravos.
Nova Viçosa BA
1 Loja 2 Corredor 3 Salão 4 Alcovas 5 Sala de viver ou varanda 6 Cozinha e serviços
Sobrados urbanos (Sécs. XVI-XVII)
Pav. Superior Pav. Térreo
Derivada de um conceito isolacionista e privativo do íntimo,
a ALCOVA brasileira
permaneceu ,até o século XIX, como o local exclusivo do repouso, sono e sexo, de
dimensões mínimas e mobiliário escasso.
A arquitetura residencial não possuía preocupações formais,
somente funcionais, caracterizando-se pelo forte gregarismo, repetição de padrões e rebatimento de
plantas.
Plantas de casas coloniais brasileiras
No partido arquitetônico da
casa colonial brasileira,
é possível identificar:
Influências lusitanas (uso de paredes caiadas e portais coloridos, com nas regiões de Algarve e Minho)
Influências orientais (emprego de beirais alongados e amplos telhados graciosos)
Influências árabes (presença de alcovas, treliçados de madeira e paredes azulejadas)
Influências indígenas (técnica da taipa e práticas de cozinha fora do corpo da casa)
Muxarabie
Balcões
A cidade colonial era um centro de negócios que permanecia quase
sempre vazio, exceto em ocasiões especiais, sendo seu maior
problema o abastecimento, resolvido por pomares e hortas.
A partir do século XVII, as entradas e bandeiras
possibilitaram o ocupação do interior brasileiro, fazendo surgir
um novo tipo de habitação, verdadeira recriação vinculada às
novas condições ambientais.
Ilustrações de Debret
Mercado de escravos
Casa Bandeirista
No interior paulista, as condições diversas do litoral
e Nordeste, somadas ao isolamento e à mestiçagem cultural, possibilitaram um novo partido habitacional.
O uso sistemático da taipa, a adoção de amplos beirais e a existência do antialpendre,
além de particularidades programáticas, caracterizaram um novo tipo de casa rural.
Sítio do Pe. Inácio Cotia SP (Séc. XVII)
No período bandeirista, a hospitalidade era questão de sobrevivência, o que conduziu à criação do quarto de
hóspedes, ligado ao antialpendre. E a capela ou oratório particular era ideal para as rezas do clã agrícola (moradores,
índios, agregados e hóspedes).
Sítio do Pe. Inácio Cotia SP (Séc. XVII)
No partido arquitetônico da
casa bandeirista,
é possível identificar:
Influências lusitanas (volumetria alternando cheios e vazios, beirais
e telhas cerâmicas)
Influências hispânicas (presença de varandas decoradas, balaústres
e rendilhados de madeira)
Influências árabes (partido centrípeto, muxarabis, azulejos e pequenas aberturas)
Influências indígenas (técnica da taipa, existência de
tacaniças e urupemas).
Fazenda Sto. Antonio São Roque SP (Séc. XVI)
Casa Barroca
O barroco brasileiro, mesmo apresentando um atraso temporal em relação ao
europeu e uma deficiência em diversas técnicas e materiais, possibilitou
recriações nacionais que simbolizavam o anseio pela
liberdade a partir de meados do século XVIII.
Ouro Preto MG
Diamantina MG
Quanto à arquitetura residencial, alterações
gradativas ocorreram, como
a incorporação do PORÃO
que se tornou habitável, além de mudanças no conforto e
ornamentação interior.
Servindo de palco de eventos sociais, onde a mulher
passou a participar, a ÁREA SOCIAL se desenvolveu, passando de um único
aposento ou varanda para dois ambientes: uma sala de receber e outra de comer.
1 Sala de visitas 2 Sala de jantar 3 Dormitórios 4 Pátio 5 Sala de estar 6 Sala de banho 7 Cozinha e dormitório de criados
Casa urbana
(Séc. XVII)
Janelas barrocas
O uso de técnicas mestiças (brancas, indígenas e mamelucas) na cerâmica, tecelagem e construção, acabou
atingindo o espaço habitacional. Em paralelo, criou-se vestíbulos térreos situados ao lado das lojas dos artífices.
Cadeira D. José I (1750/77)
Poltrona D. João V (1706/50)
A partir da vinda da Coroa Portuguesa (1808) e a
implantação do
NEOCLASSICISMO,
predominou no país a arquitetura historicista, que
reproduzia estilos e decorações do passado.
A europeização levou a um novo modo de organização
dos espaços interiores, devido ao aumento da vida social e de privacidade das
áreas íntimas.
D. João VI (1767-1826)
Estilo D. João VI
Bibliografia
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LEMOS, C. A. C. História da casa brasileira. São Paulo: Contexto, 1996.
POUNDS, N. G. J. O mundo doméstico. Rio de Janeiro: Abril, 1993.
REIS FILHO, N. G. Quadro da arquitetura no Brasil. 8. ed. São Paulo: Perspectiva, 1997.
UPTON, D. Architecture in the United States. Oxford UK: Oxford University Press, 1998.
VERÍSSIMO, F. S.; BITTAR, W. S. M. 500 anos da casa no Brasil. Rio de Janeiro: Ediouro, 1999.