a globalizaÇÃo e suas consequÊncias

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A GLOBALIZAÇÃO E SUAS CONSEQUÊNCIAS A globalização é um processo econômico e social que estabelece uma integração entre os países e as pessoas do mundo todo. Através deste processo, as pessoas, os governos e as empresas trocam idéias, realizam transações financeiras e comerciais e espalham aspectos culturais pelos quatro cantos do planeta. O conceito de Aldeia Global se encaixa neste contexto, pois está relacionado com a criação de uma rede de conexões, que deixam as distâncias cada vez mais curtas, facilitando as relações culturais e econômicas de forma rápida e eficiente.

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A GLOBALIZAÇÃO E SUAS CONSEQUÊNCIAS

A globalização é um processo econômico e social que estabelece uma integração entre os países e as pessoas do mundo todo. Através deste processo, as pessoas, os governos e as empresas trocam idéias, realizam transações financeiras e comerciais e espalham aspectos culturais pelos quatro cantos do planeta. O conceito de Aldeia Global se encaixa neste contexto, pois está relacionado com a criação de uma rede de conexões, que deixam as distâncias cada vez mais curtas, facilitando as relações culturais e econômicas de forma rápida e eficiente.

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Muitos historiadores afirmam que este processo teve início nos séculos XV e XVI com as Grandes Navegações e Descobertas Marítimas. Neste contexto histórico, o homem europeu entrou em contato com povos de outros continentes, estabelecendo relações comerciais e culturais. Porém, a globalização efetivou-se no final do século XX, logo após a queda do socialismo no leste europeu e na União Soviética. O neoliberalismo, que ganhou força na década de 1970, impulsionou o processo de globalização econômica. Com os mercados internos saturados, muitas empresas multinacionais buscaram conquistar novos mercados consumidores, principalmente dos países recém saídos do socialismo. A concorrência fez com que as empresas utilizassem cada vez mais recursos tecnológicos para baratear os preços e também para estabelecerem contatos comerciais e financeiros de forma rápida e eficiente. Neste contexto, entra a utilização da Internet, das redes de computadores, dos meios de comunicação via satélite etc.

Uma outra característica importante da globalização é a busca pelo barateamento do processo produtivo pelas indústrias. Muitas delas produzem suas mercadorias em vários países com o objetivo de reduzir os custos. Optam por países onde a mão-de-obra, a matéria-prima e a energia são mais baratas. Um tênis, por exemplo, pode ser projetado nos Estados Unidos, produzido na China, com matéria-prima do Brasil, e comercializado em diversos países do mundo. Para facilitar as relações econômicas, as instituições financeiras (bancos, casas de câmbio, financeiras) criaram um sistema rápido e eficiente para favorecer a transferência de capital e comercialização de ações em nível mundial.. Investimentos, pagamentos e transferências bancárias, podem ser feitos em questões de segundos através da Internet ou de telefone celular.

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Apesar de todos os benefícios que a globalização trouxe para o mundo, há também a globalização da parte social, que desde tempos remotos não tem sido justa para com as populações mais pobres do mundo. A exclusão se fez conseqüência drástica do processo global, em que poucas pessoas são privilegiadas pela criação da tecnologia, pela inovação das marcas, pela evolução dos meios de comunicação, pelas novas tendências da moda, pela rapidez da internet. Muitas pessoas mal sabem o que é internet. Nos próprios países desenvolvidos há um índice, mesmo que muito pequeno, de exclusão. No Oriente Médio esta se torna ainda pior, pois a maior parte da população não tem acesso às necessidades básicas como alimentação e moradia, por isso muito menos teriam acesso a uma tecnologia como o computador.

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A disparidade de classes está sendo cada vez mais afetada pela globalização constante e pela ganância do homem de querer globalizar, criar e deter os meios de comunicação e produção, não se preocupando em primeiro acabar com os problemas sociais para depois criar um sistema de informações que beneficie toda a população.

Concluindo, é difícil refletir e chegar a uma conclusão sobre a globalização e quais as suas influências sobre o mundo, posto que cada país tem uma cultura, política e economia diferentes as quais influenciam na evolução harmônica deste processo.

Globalização: Vantagens e consequênciasA primeira pergunta que precisamos responder ao refletir sobre esse tema é:O que é globalização?Antes de iniciar alguma exposição a respeito dos teóricos do assunto, gostariade começar essa reflexão a partir de algumas constatações desse nosso contexto: nósestamos dentro de uma sala de aula com vários objetos provenientes de um processode industrialização (roupas, calçados, papel, canetas, cadeiras, mesa, quadro, pincel,lâmpadas, energia elétrica), com vários recursos tecnológicos como computadores,internet, telefones celulares. Ao ver televisão, acessarmos a internet deparamos comnotícias locais e também com notícias internacionais, de contextos bem distantes.Acompanhamos recentemente as dificuldades enfrentadas pelo Mercado ComumEuropeu, a crise econômica norte-americana, o grande crescimento econômico daChina, as reuniões do G-8, do G-20, OMC (Organização Mundial do Comércio), FMI.Tudo isso aponta para o processo de Globalização.Octavio Ianni (citado por COSTA; 2005, p. 231), afirma que a globalizaçãosó pode ser compreendida dentro do contexto do desenvolvimento do capitalismo. Eledivide o processo histórico capitalista em três momentos:1) sua emergência e instalação na Europa (trabalho livre, mercantilização daprodução e a organização do mundo sob a forma de Estados Nacionais);2) industrialização: implantação do Capitalismo no mundo, por meio deestreitas relações internacionais de dependência econômica e política que submetemas nações a centros hegemônicos, caracterizando o que ficou conhecido comoimperialismo. A economia entra em um estágio de produção ampliada e se torna

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altamente planificada. A tecnologia passa a ter um papel cada vez mais importante. Ocomunismo se apresentou como resistência a esse processo. A cultura se globaliza ese homogeneíza com a criação da indústria cultural e da cultura de massa;3) globalização: decadência dos modelos alternativos ao Capitalismo, emespecial o comunismo, enfraquecimento dos Estados Nacionais, formam-seorganismos internacionais – ONU, FMI, BIRD – para a administração econômica,social e política, a informática revoluciona a produção de bens e a divisãointernacional do trabalho com o advento da comunicação em massa por meio dasmídias digitais.Vamos entender um pouco mais sobre essa terceira etapa. De acordo comKatya Picanço (2007, p. 175), a origem da Globalização deve ser buscada no cerne dosistema capitalista, ou seja, na mais-valia que pode ser absoluta quando o trabalho seestende em jornadas longas ou além da jornada estipulada legalmente, ou relativa queé gerada pela produção de mais produtos via a utilização de novas tecnologias queintensificam a produção.A partir desses dois autores podemos pensar primeiramente a Globalizaçãocomo “Globalização econômica”. Nesse aspecto, Boaventura de Sousa Santosevidencia duas fases:O grande crescimento econômico (crescimento anual do produto industrialde cerca de 6%), que vai de 1945 a 1973.E a época pós-73, iniciada com a crise do petróleo.A globalização econômica representa uma série de mudanças e transformaçõesque aconteceram no contexto econômico e geopolítico que desembocaram numa sériede transformações sociais.1Como soluções para a crise do sistema capitalista, os capitalistas adotarampolíticas de redução do número de trabalhadores, novas formas de organização daprodução, utilização de novas tecnologias, diminuição das taxas a serem pagas aoEstado. A saída capitalista foi a abertura dos mercados, a reestruturação produtiva e ainstalação de governos neoliberais. As consequências foram sintetizadas por ManuelCastells nos seguintes pontos:

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1) Fim do estatismo soviético, enfraquecimento do movimento comunistainternacional e fim da Guerra Fria.2) Reestruturação do Capitalismo: maior flexibilidade de gerenciamento.3) Descentralização das empresas.4) Declínio do movimento dos trabalhadores.5) Individualização e diversificação das relações de trabalho.6) Incorporação maciça das mulheres na força de trabalho remunerada.7) Intervenção estatal para desregular mercados de forma seletiva e desfazer oestado de bem-estar social.8) Aumento da concorrência econômica global.Em consequência, revisão do sistema capitalista:- integração dos mercados financeiros;- região do Pacífico asiático: novo centro industrial global dominante;- unificação econômica difícil na Europa;- surgimento de uma economia regional na América do Norte;- diversificação e desinstalação do ex-Terceiro Mundo;- transformação da Rússia em economia de mercado.Essas transformações que aparecem no contexto geopolítico têm um profundoimpacto no mundo do trabalho.Segundo o pensador Robert KURZ (1997), a globalização significou umaperda para os trabalhadores e aquelas pessoas excluídas do mercado de trabalho, sejaele o mercado formal – com a carteira assinada, seja o informal – sem carteira e sembenefícios. Ela significa não a modernização, mas um aprisionamento do Estado aosinteresses das grandes corporações e dos organismos multinacionais. Neste processo,o Estado vai liberando a fronteira econômica do país para que as empresasestrangeiras se instalem com isenção de taxas – água, luz, impostos – e com aadequação de uma infra-estrutura que possibilita a chegada de matérias-primas e oescoamento da produção – via estradas, portos e aeroportos. Aliado a isso, há umaabertura de mercado aos produtos estrangeiros, que passam a competir com osprodutos nacionais. Neste processo, as pessoas menos favorecidas são prejudicadas,pois o Estado, ao diminuir o investimento em programas e projetos sociais,impossibilita que justamente aqueles que mais precisam tenham acesso aos serviçospúblicos.Além da diminuição (veja que estamos destacando uma diminuição e nãoextinção) do poder do Estado, com o processo de globalização, os blocos econômicos

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intensificam as tarefas como: a abertura comercial e a possibilidade das empresasglobalizadas de utilizarem a mão-de-obra mais barata que possa existir neste conjuntode países regionalmente fronteriço. É o caso do MERCOSUL, do NAFTA e daproposta da ALCA.Mudanças na organização do trabalho: do pós-guerra até os anos 70prevaleceram as ideias de Ford e Taylor:- separação entre quem planeja a atividade de produção de um objeto e quemde fato vai executá-la;2- um processo de seleção de operários que sejam adequados para o trabalho,sem que tenham um perfil rebelde;- um controle sobre o tempo e sobre o movimento que o trabalhador leva paraexecutar uma atividade.O padrão toyotista, utilizado na empresa Toyota, desde os anos 50, sediferencia do Fordismo nos seguintes aspectos:- enquanto o fordismo produzia em massa; o toyotismo produzia na medida emque ocorre uma procura por determinado modelo de automóvel;- o trabalho parcelar e individualizado passa a conviver com o trabalho emequipe. O trabalhador é instigado a “vestir a camisa da empresa” e passa a achar quefaz parte de uma equipe e que é capaz de participar efetivamente do processo;- o trabalho deixa de ser especializado em uma única tarefa e passa a ser feitopor um operador preparado para realizar mais de uma função dentro do processoprodutivo;- o planejamento da produção é adequado à demanda e a produção de mais deum modelo e automóvel pode ser realizada na mesma fábrica;- mas fundamentalmente, o toyotismo permite que a fábrica funcione com umnúmero menor de funcionários.O fenômeno da Globalização não se reduz aos aspectos econômico e político.De acordo com Cristina Costa (2005, p. 232), Globalização tem sido sinônimo deoutros processos característicos da história contemporânea, entre eles o maisconhecido é o de Pós-modernidade.Pós-modernidade – pode-se constatar que o termo pós-modernismo surge,

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pela primeira vez, na década de 30 do século XX, no campo da crítica literária naAmérica Hispânica. Posteriormente, na década de 70, ressurge, na crítica literária,bem como na arquitetura, a denominação pós-modernismo, até alcançar discussõesfilosóficas em torno da pós-modernidade, já no final da década de 70, início dadécada de 80, com Lyotard, Habermas e Frederic Jamenson.Interessante verificar que há, a princípio, diferenciação terminológica entre ostermos pós-modernismo e pós-modernidade. Nesse sentido, David Lyon (1998),afirma que o primeiro refere-se aos fenômenos culturais e intelectuais, caracterizadopela crítica às ciências, às premissas básicas do iluminismo, com a presença forte daimagem; a segunda é constituída pelo esgotamento da modernidade em face darealização de mudanças sociais, com a proeminência das novas tecnologias deinformação e comunicação, e a presença fortalecida do consumismo. Assim, o pósmodernismoestaria vinculado aos aspectos culturais e epistemológicos, enquanto quea pós-modernidade seria relacionada diretamente aos aspectos sócio-econômicos.Entretanto, pode-se observar ainda a utilização do termo pós-modernidade no sentidolato, englobando aspectos estéticos, científicos, culturais, sociais, econômicos dentreoutros.Ao se tomar o entendimento do termo pós-modernidade no sentido amplo,constata-se que houve certa diversificação de análise do fenômeno entre os diversosautores. Enquanto alguns preferiram defender a ideia de pós-modernidade no sentidode esgotamento da modernidade e da necessidade de rompimento com esse processo -especialmente com liberalismo e com marxismo -, de forma radical, como Lyotard(2000); outros autores tornaram-se críticos a essa ruptura, como Habermas, queprefere entender a modernidade como um projeto incompleto e que pode ser aindarealizado, bem como Jameson (1997), para quem a pós-modernidade seria a lógicacultural do capitalismo tardio. Assim, a pós-modernidade, situada no período pós-3

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fordista, tornou-se, para alguns, uma ruptura com determinadas ideias, mas com apresença do consumismo, do foco na tecnologia e na comunicação, enquanto que paraoutros tornou-se a expressão da perpetuação do capitalismo, cujo enfoque encontra-seespecialmente na globalização econômica, social e cultural, devendo ser combatida.Boaventura de Sousa Santos (2002a) propõe a necessidade de uma rupturacom a modernidade, uma vez que a mesma não conseguiu realizar seu projeto,destacando o final do século XX, início do século XXI, como período de transiçãoparadigmática e estabelecendo uma pós-modernidade, que o autor designa como deoposição ao contrário do pós-moderno celebratório. Dessa maneira, a concepção pósmodernacelebratória ou conservadora englobaria os posicionamentos de ruptura como liberalismo e o marxismo, mas ainda demarcada por novo formato do capitalismo,gravada essencialmente pela globalização hegemônica.Informática e automação – a informática, a automação e as telecomunicaçõesforam fundamentais para a globalização. A informática levou à formação do mercadorede (“uma entidade reguladora das ações econômicas e políticas da sociedade queatua em nível internacional” (COSTA; 2005, p. 234). A informação é a nova moedaque circula pelas redes de comunicação. A desregulamentação é experimentada emtodos os setores (trabalho, produção, relações entre as pessoas, comunicações). Ainformatização modificou radicalmente os processos produtivos ocasionando odesemprego. Consequentemente, observa-se a exclusão social o empobrecimento deregiões e países periféricos, a economia informal. Aspectos como o nacionalismo, avizinhança, o parentesco, são substituídos pelas redes – é o sistema-mundo, como ochama Oliver Dollfus. “Isso nos remete à reciprocidade e à relação dialética queparece existir entre os nós conectados pelas redes que relativizam tendências, peladiluição dos conteúdos em várias sub-redes e subdiretórios que caracterizam toda equalquer rede” (COSTA; 2005, p. 235). Anthony Giddens chama essa

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interdependência de reflexividade.Desterritorialização – passamos a conviver com um desenraizamento.Canclini apresenta novos processos de aproximação e afastamento. As cidadesseguem os mesmos modelos e não se distinguem por modelos únicos; Marc Augéfala dos não-lugares. Hibridismo entre as populações – pessoas que se transferiram deum local para outro e passaram a adotar as culturas receptoras. “Mas adesterritorialização tem a ver também com a perda de importância do territórionacional, com a transnacionalização da economia, com as fusões empresariais quecompetem em poder e riqueza com a nação...” (COSTA; 2005, p. 237).Metropolização – “modelo tecnológico de arquitetura no qual predominamsuperfícies, reflexos, transparências e efeitos luminosos [...] A cidade adquire novafeição e nova função – é o entroncamento de fluxos de informação, comunicação,habitantes e mercadorias” (COSTA; 2005, p. 237). As metrópoles são os grandescentros da globalização e são caracterizadas pelo cosmopolitismo, anonimato,coletivismo e pluralidade. Henry Lefebvre identificou três etapas no processo demetropolização: “1 – a primeira corresponde ao desenvolvimento industrial que,segundo ele, “saqueia a realidade urbana preexistente”, procurando negá-la. A cidadevai se transformando em centros de serviço e troca. 2 – no segundo período, asociedade urbana se generaliza e desaparecem, aos poucos, sua centralidade ecaracterísticas. Torna-se uma realidade socioeconômica para a qual qualquerplanejamento se torna difícil. 3 – nesta última etapa, a cidade antiga está decompostae, em lugar do centro, surgem diversos e dispersos centros de decisão. Descentrada, acidade parece excluir até mesmo as classes sociais e suas distinções” (COSTA; 2005,4p. 238-239).Disparidades e desigualdades – acirramento da competição entre países eregiões, mercantilização das relações, sentimento de insegurança, crises, aumento dospreços, a renda dos pobres diminuem, os salários perdem valor... pobreza e exclusão

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se apresentam como as grandes consequências negativas. O geógrafo Milton Santosapresentou uma grande contribuição para o estudo das desigualdades regionais noprocesso de globalização, no Brasil. Viviane Forrester, O horror econômico.Terrorismo e criminalidade.5