a era da magia 15

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O homem vive apenas o momento. Para a humanidade o importante é o hoje, o agora, seja qual for o custo, não importando o amanhã. Assim, destrói seu próprio meio ambiente e toda a natureza na busca de seu prazer imediatista. A natureza se revolta e, em sua revolta, revida e busca destruir a humanidade. Alguns poucos sempre sobrevivem porque a humanidade faz parte do ecossistema e a natureza precisa do homem para sua própria sobrevivência. E, assim, caminha a humanidade, por milênios e milênios, entre fins de mundo consecutivos sem nunca aprender.

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  • A era da magia

  • So Paulo 2015

    Jos Rubens Curtt

    do mesmo autor de A TRILOGIA DOS GUARDIES

    A era da magia

  • Copyright 2015 by Editora Barana SE Ltda.

    Criao de Capa Jacilene Moraes

    Ilustrao da Capa Jos Rubens Curtt

    Diagramao Camila C. Morais

    Reviso Textual Fbio George Curtt

    CIP-BRASIL. CATALOGAO-NA-FONTESINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ

    ________________________________________________________________C987e

    Curtt, Jos Rubens A era da magia/Jos Rubens Curtt. - 1. ed. - So Paulo: Barana, 2015.

    ISBN 978-85-437-0484-5

    1. Literatura brasileira. I.Ttulo.

    15-26372 CDD: 869.93 CDU: 821.134.3(81)-3________________________________________________________________14/09/2015 15/09/2015

    Impresso no BrasilPrinted in Brazil

    DIREITOS CEDIDOS PARA ESTAEDIO EDITORA BARANA www.EditoraBarauna.com.br

    Rua da Quitanda, 139 3 andarCEP 01012-010 Centro So Paulo SPTel.: 11 3167.4261www.EditoraBarauna.com.br

    Todos os direitos reservados.Proibida a reproduo total ou parcial, por qualquer meio, sem a expressa autorizao da Editora e do autor. Caso deseje utilizar esta obra para outros fins, entre em contato com a Editora.

  • A todos aqueles que me incentivaram a escrever este livro.

  • 7

    CAPTULO I

    GUARDIES

    Fui acordado pelos alarmes do equipamento que anunciavam o retorno de minha nave de bolso ao espao normal. Reagindo ao alerta, conferi os mostradores: estava nas coordenadas da rbita de Jpiter, proximidades de Io, s duas horas da madrugada, considerando-se o meridiano de Greenwich da Terra, por volta do sculo XLVIII. Pousei minha mo direita, se que posso dizer mo no sentido literal da palavra, sobre a depresso prpria do console e, mentalmente, estabeleci minha rota de aproximao da es-tao interplanetria posicionada na rbita de Io, para o ponto de equilbrio do constante cabo de guerra da disputa eterna mantida por Jpiter e seu satlite.

  • 8No final do sculo XX e incio do XXI, ano Domini terrestre, os internos construram as bases de Io e Gani-medes que, na verdade, no passam de vistosos aparatos destinados a prenderem a ateno de possveis observa-dores, pois a verdadeira base dos internos mantida em segredo como sempre foi.

    Apresenta o formato de um pio, com um eixo de dois mil e quinhentos metros e uma altura de cinco mil metros, em degraus, terminando em uma haste pontiagu-da que atua como antena captora da violenta energia gera-da pelos permanentes campos magnticos existentes em Io e entre Io e Jpiter, alm daquela oriunda do aquecimento causado pelo efeito das mars desse satlite jupteriano.

    Desliguei os motores, deixando-me levar pela inr-cia, enquanto emitia uma srie de bips onde se escondia minha identificao. Fui apanhado pelo raio trator da es-tao que, mansamente, arrastou o mini fuso para dentro de um dos diversos hangares, onde braos metlicos o agarraram, fixando-o ao piso.

    Um interno estava minha espera e, sem qualquer cerimnia, saiu andando em direo a uma das extremi-dades do hangar.

    Pode me tratar por Mac, disse-me um sussurro em meus pensamentos. Como certamente notou, sou ca-pelense. Siga-me, por favor. A propsito, voc est atrasa-do uma semana terrestre.

    Lamento! Vim to logo recebi a convocao. En-contrava-me isolado na floresta na fase final de nosso trei-namento de sobrevivncia em planeta hostil.

  • 9

    Sobre uma placa gravitacional, seguimos o corredor at seu extremo, onde uma porta foi aberta pelo capelen-se, dando entrada para um elevador, que nos levou at o alto do complexo e ao interior de uma cpula, repleta de mesas encimadas por monitores, ao redor dos quais homens e mulheres se moviam atarefados.

    Paramos frente de um homem alto, careca, de ore-lhas e mos grandes, de idade indefinida que, sentado a uma escrivaninha, olhava atentamente o monitor nela inserido, enquanto seus dedos longos passeavam celere-mente pelo teclado e mostradores anexos.

    Demeter meu nome, disse o homem sem ao menos levantar a cabea. Sou o diretor desta estao, mas no da base. To logo chegue a seu destino, utilize-se do instrutor ciberntico nmero um para tomar conheci-mento de sua misso, funes e obrigaes.

    Mac! Leve-o ao portal de tele transporte. Seu parceiro j est espera no destino.

    -*-*-*-

    Ns fomos criados parasitas pelos denebs. Podemos nos alojar sobre o pescoo e as costas de homens ou ani-mais e submet-los nossa vontade, ligando-se a seu sis-tema nervoso. No entanto quando um dos nossos assim agia, ficava preso quela pessoa ou animal pelo resto da vida a no ser que se prendesse imediatamente a outra vtima, pois, sem o hospedeiro, morreramos. Fomos criados agentes do mal, nas profundidades da dimenso negativa, e lanados no planeta Touruz, localizado no abismo entre o sistema solar e a nebulosa vizinha.

  • 10

    Eventualmente um grupo de nossos antepassados era transportado at o planeta Terra e obrigado a possuir hu-manos, principalmente nos tempos de Jesus Cristo. Primei-ro fomos auxiliados pela guardi menor Rhai-sa e, depois, libertados por Jesus Cristo que nos tornou filhos de Deus, apesar de nossa estranha aparncia e de nossa origem.

    Depois da batalha contra as foras do mal travada no abismo entre Touruz e a Terra, e na dimenso negati-va, passamos, juntamente com os Sasquash e Medusas a ocupar o planeta Yaveh, onde nasci.

    Desde ento vimos trabalhando com os internos em defesa da humanidade, na esperana de que ela, mais cedo ou mais tarde, aprenda com os ensinamentos de Je-sus ou ento com os prprios erros.

    Nosso povo conhecido pelos internos como Som-bras. Eu sou um deles.

    -*-*-*~

    O planeta Terra sofreu grandes transformaes des-de que o aquecimento global chegou a um ponto quase insustentvel. O homem no soube controlar suas ativi-dades e, assim, chegou aos limites suportveis pela natu-reza que se protegeu e reagiu, como era de se esperar. O clima se tornou incerto, as estaes do ano desandaram, invertendo-se constantemente, enquanto as geleiras e os polos terrestres aceleraram seu descongelamento com a consequente subida do nvel das guas.

    Terremotos, maremotos, tsunamis, erupes vul-cnicas, violentas e incontrolveis. Mudanas drsticas

  • 11

    ocorreram. A extenso das terras habitveis diminuiu sensivelmente, os continentes subdividindo-se em blocos menores, com o surgimento de muitas e muitas ilhas.

    A populao do planeta rarefez-se ao longo dos sculos XXI e XXII, atravs das catstrofes naturais, que levaram ao debacle da agricultura e da agropecuria, causando a extin-o de populaes inteiras pela fome, alm das muitas cau-sadas pelos desastres naturais. A fome levou guerra, pases contra pases, famlia contra famlia, homem contra criana, passando a vigorar a lei da sobrevivncia, a lei do mais forte, onde o nico objetivo era manter-se vivo a qualquer custo.

    A indstria blica, em alta no sculo XXI, floresceu ainda mais por breve perodo e depois ruiu por falta de mo de obra e pelo caos, tornando-se uma arte individual. As cidades ruram e foram tomadas pela vegetao e arrasa-das com a fauna e a flora em constante adaptao ao novo meio ambiente. A populao do mundo passou a ser de pouco mais de um milho de seres humanos, espalhados em grupos atravs do novo planeta que se formava.

    O conhecimento e a tecnologia se reduziram ao b-sico, chegando, em algumas regies a regredir idade da pedra. Todo o conhecimento se perdeu, exceto em alguns raros lugares que, pela astcia de alguns, uma ou outra tecnologia bsica sobrevivera, fazendo com que seus de-tentores fossem considerados mgicos. O mundo entrou mais uma vez, como em tempos de outrora, no que os internos chamavam de a nova era da magia.

    Sentei-me no beliche onde estivera ligado ao servo ins-trutor da base, enquanto meu parceiro me fitava em silncio, com certeza a espera de minha readaptao ao meio ambiente.

  • 12

    Voc absorveu os programas adrede separados. Quando dispuser de mais tempo, seria bom que estu-dasse os demais. O rob instrutor mantem um dirio completo de nossas atividades. de nossa convenincia conhecer e aprofundamo-nos muito na histria desta regio porque ns temos que trabalhar em toda ela e somos apenas dois nesse posto.

    Disseram-me que teramos o auxlio dos homens do tempo.

    Ah! Os homens do tempo. ! Eles so dos nossos. Com certeza so, mas eles tm muito que fazer para so-breviverem neste lugar e, com dificuldade, acham tempo para nos ajudar.

    E continuou: Estudou a era da escurido deste planeta? Ela

    ocorreu, mais ou menos, entre os sculos X e IXX D.C. Isto aqui est mais ou menos como naqueles tempos. Bem! Se deixarmos de lado os chamados magos e os lu-gares de magia: obscurantismo total e o imprio da lei do mais forte.

    Vou anotar como prioridade. Sempre bom sa-ber em que vespeiro se est mexendo.

    Conhea a base e, depois, saia. D umas voltas l embaixo para reconhecer o terreno circunjacente. Por me-dida de segurana, estamos meia altura do despenhadeiro. Use o poo de gravidade e, quando l fora, use sempre seu traje de duende e o campo de fora, pois nossa vizinhana tanto de cima como de baixo so altamente perigosas.

    A propsito, meu nome Camargo. Sou origi-nrio de uma comunidade terrquea exilada em Aurora.

  • 13

    Quando a situao local se tornou insustentvel por aqui, meus ancestrais emigraram. Quando voc chegou, estava fazendo um novo reconhecimento da base, pois h mais de dois anos que no venho aqui.

    Sou Cub-ka! Esta minha primeira misso. No h mais ningum aqui?

    No! Temos a base toda s para ns, embora seja grande o suficiente para abrigar umas duzentas pessoas.

  • 15

    CAPTULO II

    O APRENDIZ

    Estava no alto e na beira do plat, sobranceiro ao sop da trilha, que, de cerca de quinhentos metros abai-xo subia, serpeando a aba do planalto, enfiado dentro de uma moita de bambu que orlava o precipcio, a observar atentamente a paisagem.

    Era um rapaz alto e forte, embora no aparentas-se mais de dezesseis ou dezessete anos. Era preciso olhar com muita ateno para distingui-lo do ambiente em que se encontrava, cercado que estava de folhas verdes e ra-mos amarelados do bambual. Estava armado com duas machadinhas, parecidas com martelos de pedreiro, presas s costas por bainhas de couro, uma faca colocada na cin-

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