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Universidade de São Paulo Escola de Artes, Ciências e Humanidades Licenciatura em Ciências da Natureza A Contribuição do Movimento Escoteiro na Educação do Brasil: Aspectos do Projeto Político Pedagógico do Movimento e reflexos na educação para a cidadania Aluna: Camila Moreno de Lima Silva Nº USP 6509321 ____________________________________ Camila Moreno de Lima Silva Professor Orientador: Profa. Dra. Rosely Aparecida Liguori Imbernon ____________________________________ Rosely Aparecida Liguori Imbernon Área de Concentração: Educação Ambiental São Paulo 2012

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Universidade de São Paulo Escola de Artes, Ciências e Humanidades

Licenciatura em Ciências da Natureza

A Contribuição do Movimento Escoteiro na Educação do Brasil:

Aspectos do Projeto Político Pedagógico do Movimento e reflexos na educação para a cidadania

Aluna: Camila Moreno de Lima Silva Nº USP 6509321

____________________________________ Camila Moreno de Lima Silva

Professor Orientador:

Profa. Dra. Rosely Aparecida Liguori Imbernon

____________________________________ Rosely Aparecida Liguori Imbernon

Área de Concentração: Educação Ambiental

São Paulo 2012

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Agradecimentos

Agradeço ao CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e

Tecnológico pela concessão de bolsa de Iniciação Científica (PIBIC) para execução desse

trabalho. Ao Escotista Luiz Cesar de Simas Horn por ter me recebido na visita à sede

nacional da União dos Escoteiros do Brasil em Curitiba. À minha orientadora Profa. Dra.

Rosely Aparecida Liguori Imbernon por todo o apoio, ensinamentos e sugestões. E

agradeço aos meus pais que sempre me incentivaram na conquista de meus objetivos.

3

Resumo

O Movimento Escoteiro foi fundado por Robert Stephenson Smyth Baden-Powell (B-P)

em 1907 e é um Movimento educacional mundial, voluntariado, apartidário e sem fins

lucrativos. A proposta visa o desenvolvimento do jovem, por meio de um sistema de valores

que prioriza a honra. Esse sistema se baseia na Promessa e Lei Escoteiras. O trabalho em

equipe e a vida ao ar livre promovem atividades de interpretação do meio, de respeito às

dinâmicas terrestres. O jovem Escoteiro assume seu próprio desenvolvimento, por meio da

fraternidade, altruísmo, responsabilidade, lealdade, respeito e disciplina, princípios também da

Educação Ambiental. Para o desenvolvimento deste trabalho, foi realizado um levantamento

de dados junto a União dos Escoteiros do Brasil (UEB) e entrevistas com Escoteiros de todas

as idades e profissões presentes no Acampamento Regional de Patrulhas - ARP 2011,

realizado em 2011, em São Paulo. O objetivo foi demonstrar como um Movimento de ensino

não-formal se incorporou na educação formal no Brasil, e aspectos da Educação Ambiental

presentes no Projeto Político Pedagógico.

Palavras-chave – Movimento Escoteiro, educação, cidadania, Educação Ambiental, educação

científica e espaços de ensino não-formal.

Abstract

The Boy-Scout movement was founded by Robert Stephenson Smyth Baden-powell (B-

P) in 1907 and is a global educational movement, volunteering, non-partisan and non-profit.

The proposal aims the development of the young, through a value system that priorizes the

honour. This system is based on the promise and boy-scout Law. The teamwork and the

outdoor life promote enviromental interpretation activities, respect to earth system process.

The young Boy-Scout takes its own development, through brotherhood, altruism, responsibility,

loyalty, respect and discipline, principles of environmental education. In this work, a survey was

conducted along the União dos Escoteiros do Brazil (UEB) and interviews with the Boy Scouts

of all ages and professions present in ARP 2011 - Regional Patrols Camp held in 2011 in São

Paulo. The goal was to demonstrate how a movement of não-formal education incorporated in

formal education in Brazil.

Keywords – Scout Movement, education, citizenship, environmental education, scientific

education and spaces of nonformal education.

4

Sumário

Página

1. Introdução ..........................................................................................................

1.1. De Baden-Powell ao Movimento Escoteiro no Mundo ...............................

1.2. O Movimento Escoteiro no Brasil ...............................................................

1.3. Distribuição, organização e estrutura .........................................................

05

07

09

10

2. Objetivo .............................................................................................................

13

3. Materiais e Métodos..........................................................................................

14

4. Resultados Obtidos ...........................................................................................

4.1. Currículo escolar aplicado em atividades Escoteiras .......................

15

26

5. Análise dos Resultados Obtidos ........................................................................

33

6. Conclusão ..........................................................................................................

39

7. Apresentação em Evento Científico ..................................................................

7.1. V Simpósio Nacional de Ensino e História de Ciências da Terra ......

44

44

8. Referências Bibliográficas .................................................................................

44

9. Anexos

9.1. Anexo I - Projeto Educativo do Movimento Escoteiro ..............................

9.2. Anexo II - Questionário (1ª fase) ..............................................................

9.3. Anexo III - Questionário (2ª fase) .............................................................

9.4. Anexo IV - Certificado de Participação em Simpósio ...............................

9.5. Anexo V - Certificado de Apresentação de Trabalho ...............................

46

53

54

55

56

5

Este Relatório foi realizado a partir de dados e análises de resultados obtidos

durante a realização da Iniciação Científica, na área de concentração em Educação

Ambiental, inserido no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC).

Com bolsa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq),

iniciada em Agosto de 2011 e com término previsto para Agosto de 2012.

1. Introdução

Uma das concepções espontâneas vistas pela nossa sociedade é a de que educar

é tarefa da escola. Porém, o processo de ensino aprendizagem é complexo, e se

desenvolve em diversos ambientes: na escola, na família, na experiência do dia-a-dia, etc.

Visando este contexto, Gaspar (1992) realizou um estudo referente à classificação dos

sistemas educacionais em três formas básicas: educação formal, educação não-formal e

educação informal. O autor diferencia tais formas de educação da seguinte maneira: “a

educação formal refere-se a uma estrutura organizada, hierarquizada e administrada sob

normas rígidas, ligadas a um sistema educacional estabelecido à escola; a educação não-

formal refere-se a uma ampla variedade de atividades educacionais organizadas e

desenvolvidas fora do sistema educacional formal, destinada, em geral, a atender a

interesses específicos de determinados grupos; e a educação informal, distingue-se das

demais por não se constituir num sistema organizado ou estruturado, sendo

frequentemente acidental ou não intencional, ou seja, ocorre na experiência do dia-a-dia”.

Em seu estudo, Gaspar (1992) define a relação entre ensino e aprendizagem de

“alfabetização”, na qual identifica três espécies de alfabetização: prática, cívica e cultural.

Assim, segundo o autor, a alfabetização poderia ser descrita da seguinte maneira: a

alfabetização prática, que consiste nos conhecimentos técnicos necessários à

compreensão e solução de problemas práticos como higiene, saúde, meio ambiente,

prevenção de acidentes, etc.; alfabetização cívica, que consiste nos conhecimentos que

possibilitem ao cidadão atuar politicamente de forma consciente; e a alfabetização

cultural, cuja motivação é colocar a pessoa a par das conquistas da humanidade.

Com base nas três espécies de alfabetização, o autor buscou demonstrar uma

relação existente entre as diferentes classificações dos sistemas educacionais,

defendendo que o papel da educação formal em relação à alfabetização, embora

essencial, é insuficiente.

6

De fato, corroboramos com o autor em que a alfabetização torna-se, então,

dependente em larga escala da educação não-formal e informal, pois, é por meio destas,

dos seus diferentes meios de atuação, que as pessoas podem formar ou complementar

sua cultura científica.

Assim, Gaspar (2002) diferenciou os sistemas educacionais dando maior

importância ao ensino não-formal, o que discorda de outros autores que não acreditam na

possibilidade de aprendizagem através do ensino não-formal. O ensino pela redescoberta,

o “aprender é redescobrir”, de forma que por meio do ensino não-formal sempre ocorrerá

algum tipo de aprendizado, sejam conceitos científicos ou espontâneos.

Ao estudar a possibilidade de uma relação entre o ensino formal e não-formal, no

âmbito do Movimento Escoteiro, Paolillo & Imbernon (2009) consideraram o panorama da

Educação Ambiental (EA) no ensino formal, e apontam os Parâmetros Curriculares

Nacionais (PCN’s) citando que “o tratamento dado às questões do meio ambiente no

âmbito do ensino de Ciências estão claramente definidos nos Parâmetros Curriculares

Nacionais - PCN’s, pois coloca que ‘aprendizagem de valores e atitudes é pouco

explorada do ponto de vista pedagógico’. De fato, a importância do conhecimento

científico como fator de transformação de valores e atitudes é um pressuposto para

(re)conhecer os problemas ambientais e compreender suas consequências desastrosas

para a vida humana, assim como é importante para promover uma atitude de cuidado e

atenção a essas questões, valorizar ações preservacionistas e aquelas que proponham a

sustentabilidade como princípio para a construção de normas que regulamentem as

intervenções econômicas”.

As autoras, ao analisarem a EA no contexto do ensino não-formal, destacam que

“embora as questões políticas sejam mais bem focadas e aprofundadas, observa-se, no

entanto, a carência do conhecimento científico envolvido na problemática ambiental”, e

identificaram no Movimento Escoteiro “um ambiente no qual ensino formal e não-formal

encontram uma linguagem comum e reconhecem no conhecimento científico estratégias

de desenvolvimento social e cidadania”, que caracterizam o Movimento Escoteiro como o

Maior Movimento organizado de educação não-formal (Paolillo & Imbernon, 2009).

Para melhor introduzirmos o tema proposto, buscando compreender a contribuição

do Movimento Escoteiro para a educação do Brasil como ensino não-formal, descrevemos

um breve histórico sobre o Movimento e seu idealizador (Baden-Powell); a origem do

Movimento no mundo; sua entrada no Brasil e seu reconhecimento como instituição extra-

escolar; e, também, uma descrição de sua distribuição, organização e estrutura.

7

O Movimento Escoteiro foi fundado por Robert Stephenson Smyth Baden-Powell

(B-P) em 1907 e caracteriza-se por ser um Movimento mundial, educacional, voluntariado,

apartidário e sem fins lucrativos. Tem como proposta o desenvolvimento do jovem, por

meio de um sistema de valores que prioriza a honra, baseado na Promessa e Lei

Escoteiras e, através da prática do trabalho em equipe e da vida ao ar livre, fazer com que

o jovem assuma o seu próprio crescimento, tornando-se um exemplo de fraternidade,

altruísmo, responsabilidade, lealdade, respeito e disciplina.

1.1. De Baden-Powell ao Movimento Escoteiro no Mundo

Robert Stephenson Smith Baden-Powell (Figura I)

nasceu no dia 22 de Fevereiro de 1857 na Inglaterra e

tornou-se famoso no mundo inteiro como herói militar e

fundador do Movimento Escoteiro.

Junto de seus irmãos mais velhos, desde menino

realizou atividades ao ar livre e aprendeu a cuidar de si

mesmo.

Com habilidades para desenhar, tocar instrumentos

e imitar amigos e professores tornou-se popular em seu

colégio, onde passava a Maior parte do tempo. Enquanto

não estava em aula, gostava de brincar nos bosques

próximos ao colégio de rastrear, caçar e assar coelhos em

pequenas fogueiras sem fumaça.

Ao terminar o colegial ingressou no exército, onde devido sua honestidade e

competência pôde conhecer o Afeganistão, África e outros continentes.

Em 1899 comprovou sua capacidade ao atuar como grande líder de homens

durante o Cerco de Mafeking, na África do Sul, tornando todos os homens capazes de

empunhar armas e adolescentes capazes de realizar tarefas de apoio como primeiros

socorros, cozinha, comunicação, etc.

Inspirado pela força de vontade e amor à Pátria demonstrado pelos adolescentes

durante a Guerra do Transvaal, Baden-Powell criou um programa de desenvolvimento

para treinamento de soldados que foi divulgado como o livro “Aids to Scouting” , traduzido

como “Auxílio para o Escotismo”.

8

Em pouco tempo Baden-Powell notou diversos grupos de rapazes que utilizavam

seu livro para guiar suas brincadeiras. Essa situação o estimulou ainda mais a pensar que

poderia tomar alguma atitude e investir na situação e educação da juventude inglesa.

Então reescreveu seu livro, adaptando suas imagens e linguagens para a idade e

mentalidade dos rapazes.

Com a intenção de verificar o interesse pelo seu novo livro, em Julho de 1907

organizou na Ilha de Brownsea um acampamento com 20 jovens convidados, e em cada

dia do acampamento realizou atividades variadas e atraentes com os principais temas de

seu livro: técnicas de acampamento, observação, artes mateiras, cavalheirismo,

salvamento de vidas, patriotismo, etc. O sucesso do acampamento foi tão grande que em

1908, Baden-Powell publicou seu livro “Escotismo para Rapazes”, que foi vendido em

fascículos em todas as lojas e bancas de jornal.

O resultado de sua publicação foi que em menos tempo que Baden-Powell

esperava, havia Patrulhas de Escoteiros em vários estados do país e, mais

impressionante ainda, em mais alguns anos havia Patrulhas de Escoteiros também em

outros países.

Ao notar a necessidade de dedicar mais tempo aos jovens através do Escotismo,

Baden-Powell afastou-se do exército e passou a organizar o Movimento Escoteiro.

Em 1920 foi realizado o primeiro grande acampamento mundial, chamado de

Jamboree Mundial, no qual se reuniram Escoteiros de várias nacionalidades e Baden-

Powell foi nomeado Chefe Escoteiro Mundial. A partir de então, nem mesmo as duas

grandes guerras mundiais enfraqueceram o Movimento Escoteiro, que se espalhou

rapidamente pelo mundo.

Depois de muitas viagens pelo mundo para visitar os Grupos Escoteiros e auxiliar

os adultos como Escotistas dos jovens, Baden-Powell estava cansado e doente. Mudou-

se para sua casa na planície africana, no Kenia, com sua esposa Lady Olave Baden-

Powell e faleceu no dia 08 de Janeiro de 1941, enquanto dormia.

9

1.2. O Movimento Escoteiro no Brasil

No mesmo período em que Baden-Powell realizava o acampamento na Ilha de

Brownsea, em 1907, Oficiais e Praças da Armada Brasileira estavam na Inglaterra e

ficaram impressionados com o método de educação complementar que Baden-Powell

idealizava.

Esses marinheiros trouxeram para o Brasil os ideais de Baden-Powell e o modelo

dos uniformes Escoteiros para introduzir o Movimento Escoteiro no país. Em 14 de Junho

de 1910 foi fundado, no Rio de Janeiro, o Centro de Boys

Scouts do Brasil.

A partir de 1914 surgiram outros núcleos Escoteiros por

todo o país. O principal deles foi a Associação Brasileira de

Escoteiros (ABE) em São Paulo, que espalhou o Movimento

Escoteiro por todo o país.

O Escotismo ganhou verdadeira amplitude nacional em

1924, com a fundação da União dos Escoteiros do Brasil (UEB)

(Figura II) no Rio de Janeiro, como unificadora dos grupos e

núcleos Escoteiros espalhados pelo Brasil.

No Brasil, conforme o Decreto-Lei nº 8.828, de 24 de Janeiro de 1946, o Escotismo

foi reconhecido no país como uma instituição extra-escolar. Pela sua natureza, enquadra-

se entre as instituições escolares que visavam complementar a educação formal nas

unidades de ensino formal, o que se configurava como um procedimento comum no Brasil

da redemocratização de 1946, após o Estado Novo de 1937 (Thomé, 2006).

Em Movimento Escoteiro: projeto educativo extra-escolar, Thomé (2006), refaz o

papel do Movimento Escoteiro na história da educação escolar na região de Santa

Catarina e demonstra os problemas enfrentados pelo Movimento Escoteiro no Brasil pelas

similaridades com a organização clandestina da Juventude Hitlerista no Brasil, em face

das características da educação no Brasil àquela época.

Paolillo & Imbernon (2009) destacam que “o Escotismo, por envolver os princípios

da cidadania, a formação do cidadão, a ética, e a vida em observação e respeito à

natureza, apresenta componentes muito próximos àqueles propostos pela Educação

Ambiental, quando articulamos também o ensino de Ciências”. Esse aspecto é relevante

quando enfocamos as instituições escolares no contexto da história da educação

brasileira e a contribuição das organizações extra-escolares.

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1.3. Distribuição, organização e estrutura do Movimento Escoteiro

A principal organização representativa internacional do Movimento é a Organização

Mundial do Movimento Escoteiro - OMME (World Organization of the Scout Moviment -

WOSM).

Em Setembro de 2005, as estatísticas apontavam o Escotismo presente em 216

países e territórios, com um total de 28 milhões de filiados, havendo apenas seis países

sem Escotismo (WOSM, 2011). Já passaram pelo Movimento Escoteiro mais de 300

milhões de jovens em todo o mundo, desde a sua criação na Inglaterra (UEB, 2011), e o

Movimento Escoteiro encontra-se presente em todos os continentes (Tabela I).

De acordo com os dados estipulados no livro Escoteiros de São Paulo: Relatório

Social e Ambiental - 100 anos de História e de Preservação do Meio Ambiente (UEB,

2011), “estima-se que 450 milhões de jovens já passaram pelas fileiras do Escotismo nos

últimos 100 anos e atualmente conta com 28 milhões de Escoteiros. O Maior Movimento

de jovens do Mundo”. No Brasil, cerca de 70 mil brasileiros são Escoteiros; no estado de

São Paulo, cerca de 20 mil famílias participam do Escotismo, e na cidade de São Paulo,

mais de 17 mil adultos trabalham voluntariamente como educadores, gestores de

unidades locais de Escotismo e em sua estrutura organizacional, bem como na capitação

de outros adultos voluntários. A Região Escoteira de São Paulo é formada por 1.127

Grupos Escoteiros (UEB, 2012).

Embora sofra pequenas alterações, o Movimento Escoteiro segue os mesmos

princípios e métodos propostos por B-P em todas as regiões do planeta.

Dentro de um Grupo Escoteiro, os jovens são separados em grupos (Alcatéia,

Tropa Escoteira, Tropa Sênior ou Clã Pioneiro) para participarem de atividades adaptadas

a sua idade e mentalidade (Tabela II) de acordo com os Ramos: Lobo, Escoteiro, Sênior

ou Pioneiro.

Tabela I - Distribuição de Escoteiros pelo mundo (fonte: www.escoteiros.org.br)

Região Ásia – Pacífico 23 países e 23 associações

Região África 40 países e 45 associações

Região Inter-Americana 31 países e 31 associações

Região Árabe 13 países e 13 associações

Região Europa 40 países e 68 associações

Região Eurásia 04 países e 05 associações

11

Independentemente do Ramo a que pertencem, os jovens participam de atividades

programadas pelos adultos integrantes do Movimento Escoteiro, chamados de Escotistas.

Todas as atividades programadas prezam os princípios e métodos do Movimento

Escoteiro, elaborados a partir do Projeto Político Pedagógico que “envolve o Escotismo e

a forma como a educação científica e Educação Ambiental podem estar inseridas nas

atividades com as crianças e jovens participantes” (Paolillo & Imbernon, 2009).

Sempre seguindo os valores presentes nos ideais de Baden-Powell (missão, visão,

princípios, desenvolvimento físico, desenvolvimento moral e desenvolvimento intelectual),

a Organização Mundial do Movimento Escoteiro define como princípios do Escotismo:

Tabela II - Ramos do Movimento Escoteiro (fonte: www.escoteiros.org.br)

Ramo Lobo Alcatéia

Para meninos e meninas de 07 a 10 anos, chamados de Lobinhos e Lobinhas. Usa como marco simbólico o livro da Jângal, de Rudyard Kipling. As atividades incentivam a socialização pela diversão e execução de tarefas em equipes. Como oportunidade de desenvolvimento, o Ramo Lobo oferece jogos, trabalhos manuais, interpretação, canções, etc. além de instrução de técnicas Escoteiras.

Ramo Escoteiro Tropa Escoteira

Para meninos e meninas de 11 a 14 anos, chamados de Escoteiros e Escoteiras. É baseado no estudo da natureza, vida mateira, exploração, campismo, navegação e conquista do ar, fundamentado na vida em equipe e participação comunitária. A principal característica está na oportunidade de aventura.

Ramo Sênior Tropa Sênior

Para meninos e meninas de 15 a 17 anos, chamados de Seniores e Guias. Tem suas atividades em torno dos quatro desafios: físico, mental, espiritual e social, atendendo às características da idade de auto-afirmação, intenso desenvolvimento físico e intelectual, acentuado interesse pelo grupo de idade em relação a opiniões, aceitação e interesse pelo sexo oposto.

Ramo Pioneiro Clã Pioneiro

Para meninos e meninas de 18 a 21 anos, chamados de Pioneiros e Pioneiras. É uma fraternidade de ar livre e serviço ao próximo, funcionando como um centro de interesses, de realização, de mútua ajuda e de serviço comunitário, promovendo atividades de campismo, excursionismo e ecológicas, culturais e sociais, estimulando o jovem a evoluir em espiritualidade e perfeição humana e atingir a maturidade como cidadão feliz e eficiente.

12

Dever para com Deus (crença e vivência de uma fé, independentemente de qual seja);

Dever para com os outros (participação na sociedade, boa ação e serviço ao próximo);

Dever para consigo próprio (crescimento saudável e autodesenvolvimento).

Como um sistema de progressão com a intenção de estimular que os jovens

desenvolvam suas capacidades e seus interesses, incentivando a superação de desafios,

a exploração, o desejo por aventura, a descoberta, a iniciativa, a invenção, a criação, etc.,

o Método Escoteiro baseia-se em:

Aceitação da Lei e Promessa Escoteiras;

Aprender fazendo;

Vida em equipe;

Atividades progressivas, atraentes e variadas;

Desenvolvimento pessoal com orientação individual.

Dessa forma, seguindo os princípios e métodos baseados nos ideais de Baden-

Powell que o Movimento Escoteiro se espalhou e continua se espalhando por todas as

regiões do mundo, com cada jovem participante se desenvolvendo e tendo contribuições

para se tornarem cidadãos saudáveis, justos e úteis para a sociedade.

2. Objetivo

A partir de levantamento de dados junto ao Escritório Nacional da União dos

Escoteiros do Brasil (UEB), em Curitiba (PR), e entrevistas com Escoteiros de todas as

idades, cidadãos e profissionais que foram Escoteiros em algum período de suas vidas,

este trabalho tem como objetivo demonstrar como um Movimento de ensino não-formal se

incorporou na educação formal no Brasil. Da mesma forma, pretendemos, também,

avaliar os projetos, tipos de atividades, bibliografia de apoio aos Movimentos regionais,

entre outros documentos cedidos pela UEB, e levantar elementos que se refletem (ou

refletiram) na educação do Brasil.

13

3. Materiais e Métodos

Pela descrição feita por José Luis Neves em seu trabalho Pesquisa Qualitativa -

Características, Usos e Possibilidades (Neves, 1996, p.1), enquanto estudos quantitativos

procuram seguir um plano previamente estabelecido baseado em hipóteses indicadas e

variáveis, a pesquisa qualitativa costuma ser direcionada ao longo de seu

desenvolvimento, no qual é frequente que o pesquisador procure entender fenômenos

segundo a perspectiva dos participantes da situação estudada e então situe a

interpretação, feita pelo pesquisador, dos fenômenos estudados.

Algumas características que são possíveis encontrar em pesquisas qualitativas

são: a visão do ambiente natural como fonte direta de dados, o caráter descritivo, o

enfoque indutivo e, característica também presente neste trabalho, o significado que as

pessoas dão às coisas e à sua vida como preocupação do pesquisador. Dessa forma, a

pesquisa qualitativa tem o objetivo de traduzir e expressar o sentido dos fenômenos do

mundo social, tratando de reduzir a distância entre a teoria e os dados assemelhando-se,

de certa forma, a procedimentos de interpretações dos fenômenos empregados no nosso

dia-a-dia, que têm a mesma natureza dos dados que um pesquisador qualitativo emprega

em sua pesquisa.

Dessa forma, para a realização deste trabalho foram feitos levantamentos de dados

junto ao Escritório Nacional da União dos Escoteiros do Brasil (UEB) em Curitiba, no que

se relaciona aos Projetos Político Pedagógicos, diretrizes implantadas e as alterações

sofridas ao longo do tempo; também foi realizada pesquisa oral, como metodologia de

pesquisa qualitativa, por meio de um estudo com a população Escoteira de diferentes

faixas etárias, por meio de entrevistos com crianças, jovens e adultos participantes de

Grupos Escoteiros da Região Metropolitana de São Paulo e de outras regiões do Brasil.

As entrevistas utilizaram um instrumento de orientação (roteiro) na forma de questionário,

o qual foi dividido em duas fases.

O questionário correspondente à 1ª fase do roteiro versa sobre a contribuição do

Movimento Escoteiro na formação do cidadão (Anexo II), e foi aplicado em um evento

Escoteiro regional, o ARP 2011 (Acampamento Regional de Patrulhas), realizado em

2011 na cidade de Paulínia, em São Paulo.

A 2ª fase do levantamento esteve focada sobre a forma como os Escotistas

abordam em suas atividades os conteúdos do currículo escolar (Anexo III). Essa etapa foi

14

(e vem sendo) aplicada em visitas aos Grupos Escoteiros, reuniões de Distritos e outros

contatos com grupos escoteiros, principalmente na Região Metropolitana de São Paulo.

Como etapa de finalização do trabalho, foram realizados registros de diversas

atividades Escoteiras durante o acampamento V Jamboree Nacional Escoteiro, no Rio de

Janeiro, que demonstram a variedade de maneiras como os Escotistas abordam os

conteúdos do currículo escolar em suas atividades.

Os resultados preliminares foram transcritos e constituíram um conjunto de dados

que, organizados em tabelas, foram analisados quali e quantitativamente. Cabe ressaltar

que as categorias para compor as tabelas emergiram do diálogo entre os dados obtidos e

as referências teóricas, construindo assim um precioso material de análise.

4. Resultados Obtidos

Na 1ª fase do roteiro foram realizadas 44 entrevistas com jovens e Escotistas

membros do Movimento Escoteiro durante a realização do ARP 2011, na cidade de

Paulínia, em São Paulo.

As entrevistas foram realizadas em dois momentos: identificação do entrevistado e

proposição de questões objetivas. A identificação buscou caracterizar o respondente pelo

nome, idade, profissão, Grupo Escoteiro, região e numeral do Grupo Escoteiro. As

questões objetivas se relacionavam fundamentalmente, a como o Movimento Escoteiro

esteve (ou está) envolvido no desenvolvimento da cidadania, seja em sua vida

acadêmica, profissional e/ou pessoal; que elementos da vida Escoteira promoveram o

conhecimento científico e, de que forma a percepção do meio ambiente foi (ou é) afetada

pela participação no Movimento.

Neste primeiro evento, utilizado como cenário para os levantamentos e entrevistas,

identificamos 10 diferentes cidades do estado de São Paulo, representadas pelos

membros Escotistas: Arujá, Guaianazes, Guarujá, Matão, Rio Claro, São Bernardo do

Campo, São José dos Campos, São Paulo, Sapopemba e Sorocaba, além de São Paulo,

e 3 diferentes estados: Paraná, Rio Grande do Norte e Santa Catarina.

O membro do Movimento Escoteiro mais jovem que participou da entrevista tem 17

anos, e o mais velho tem 65 anos de idade. No quesito “tempo em que são Escoteiros”, o

membro que participa há menos tempo é Escoteiro há 6 meses, e o que participa há mais

tempo é Escoteiro há 57 anos.

15

Na questão que aborda o tipo de escola em que o entrevistado estudou (ou

estuda), 25 membros estudaram (ou estudam) apenas em escola pública, 11 membros

estudaram (ou estudam) apenas em escola particular e 8 membros estudaram (ou

estudam) em ambos os tipos de escola (pública e particular). Esse dado demonstra que o

Movimento Escoteiro tem uma forte abrangência na escola pública. Tal fato nos motivou a

ampliar a pesquisa neste sentido, pois o Movimento muitas vezes tem sido descrito como

elitista.

Quando questionados sobre “como chegou até o Movimento Escoteiro”, os

resultados obtidos foram classificados em seis categorias: divulgação na escola em que

estudava (ou estuda) (4,54%); por indicação de familiares que participaram (ou

participam) do Movimento Escoteiro (47,73%); ouviu falar (2,27%); por indicação de

amigos que participaram (ou participam) do Movimento Escoteiro (29,55%); foram

convidados para auxiliar na fundação de um Grupo Escoteiro (9,09%); e viram os

Escoteiros realizarem atividades em parques e demonstraram interesse (6,82%).

Tabela IV - Reflexos do Movimento Escoteiro na aprendizagem na escola

04. De que forma o “ser Escoteiro” gerou (ou gera) reflexos no seu aprendizado na escola?

Quantidade de Respostas

Categoria

01 Equilíbrio

01 Dedicação

01 Ser alegre

02 Educação

02 Postura

03 Aplicação de valores (altruísmo, sinceridade, lealdade, bondade...)

03 Organização

03 Liderança

03 Aprender fazendo

04 Comprometimento

04 Visão de mundo diferente

05 Trabalho em equipe

06 Desinibição

06 Enfrentar desafios

06 Responsabilidade

08 Alcançar objetivos

08 Desenvolvimento de aptidões

11 Formar cidadãos/ Formar caráter

16 Respeito

18 Disciplina

02 Não foi Escoteiro enquanto estudava

01 Não influenciou - Justificativa: não apresentou justificativa

16

Para avaliar de forma mais clara as questões relacionadas à opinião do

entrevistado quanto ao Movimento Escoteiro, os resultados obtidos foram tabelados

(Tabelas IV, V e VI) e organizados por perguntas e por categorias de respostas, reunindo

todas as informações dadas por todos os respondentes entrevistados.

Tabela VI - Inserção dos princípios do Movimento Escoteiro na escola

06. Como você vê a inserção dos princípios do Movimento Escoteiro na escola?

Quantidade de Respostas

Categoria

01 Complemento

01 Pensar/ refletir

02 Comportamento

03 Desenvolvimento

04 Responsabilidade

04 Aprender fazendo

05 Buscar informações

05 Patriotismo

07 Motivação

08 Respeito

09 Disciplina

13 Trabalho em equipe

23 Formar cidadãos/ Formar caráter

04 Não é a favor - Justificativa: se for obrigatório, será contra os princípios do ME¹

¹ ME - Movimento Escoteiro

Em levantamentos sobre a inserção do Movimento Escoteiro, atualmente, na

educação, verificamos que a Comissão de Educação e Cultura (CEC), da Câmara dos

Tabela V - Influência do Movimento Escoteiro na vida profissional

05. De que forma o “ser Escoteiro” influenciou (ou influencia) sua vida profissional?

Quantidade de Respostas

Categoria

01 Buscar conhecimento

01 Pontualidade

02 Organização

02 Aprender fazendo

02 Confiança

05 Responsabilidade

06 Respeitar hierarquias

06 Desenvolvimento de habilidades

07 Postura

07 Enfrentar desafios

09 Boa conduta

09 Respeito

09 Formar cidadãos/ Formar caráter

11 Escolha profissional

12 Liderança

20 Trabalho em equipe

04 Nunca trabalhou

01 Não influenciou - Justificativa: tornou-se Escoteiro quando já era aposentado (a)

17

Deputados, tem realizado um trabalho junto da União dos Escoteiros do Brasil (UEB) para

debater o projeto “Escotismo nas Escolas”.

A CEC da Câmara dos Deputados deverá realizar uma audiência pública para

debater o projeto. Essa foi uma das principais deliberações tomadas em nível nacional

relacionadas a um Movimento de educação extra-escolar, em reunião entre

representantes nacionais de Grupos Escoteiros e deputados defensores da prática do

Escotismo no Brasil.

Na visita realizada ao Escritório Nacional da União dos Escoteiros do Brasil (UEB)

em Curitiba (PR), foram realizadas entrevistas com coordenadores do Movimento.

Discutiram-se os objetivos do Movimento Escoteiro para o jovem, e ficou claro que na

aplicação do Método Escoteiro, em princípio, acreditava-se que o mais importante era que

o jovem aprendesse a “técnica”, ou seja, aprendesse a fazer nós, fazer amarras, fazer

pioneiras, construir fogões, manipular lampiões, executar técnicas de primeiros socorros,

manipular bússola, etc.. Porém, com a utilização deste método, os jovens tornaram-se

eficazes em aplicar técnicas, mas não realizavam atividades atraentes, tampouco se

importavam em adotar, ou não, uma “boa conduta".

Neste período, os Escotistas ficaram preocupados com a importância e

necessidade dos jovens adotarem uma boa conduta para sua vida, seja estudantil e/ou

profissional. Para tal, deixaram de lado a aplicação da técnica e passaram a realizar

atividades nas quais os jovens tivessem que refletir sobre suas atitudes. Eram realizadas

atividades de reflexão, relaxamento, conscientização, sensibilização, controle de emoções

etc.. Entretanto, este método resultou em uma evasão de aproximadamente 50% de

membros do Movimento.

Em 2011, os Escotistas encontraram uma nova maneira de aplicar o Método

Escoteiro de forma que os jovens fossem capazes de atingir os objetivos finais do

Movimento Escoteiro. Ao invés de objetivar apenas a “aplicação de técnicas”, ou apenas a

busca por uma “boa conduta”, os Escotistas agora se envolvem em realizar “atividades”

ou “fazer coisas” de forma que possam unir os três focos principais do Movimento:

técnica, atividades e conduta, por meio da aplicação de competências específicas para

cada Ramo. Ou seja, atualmente os Escotistas buscam um método que visa realizar

atividades que necessitam da aplicação de técnicas, e também realizar atividades que

aprimorem a boa conduta do jovem.

Dessa forma, os autores do livro Manual do Escotista Ramo sênior: um método de

educação não-formal para jovens de 15 a 17 anos (CURITIBA, 2011) definem por

18

competência a união do conhecimento, habilidade e atitude em relação a algum tema

específico, e a defendem de forma que o aspecto educativo da competência é que ela

reúne não só o saber algo (conhecimento), mas também o saber fazer (habilidade) para a

aplicação do conhecimento e, mais ainda, saber ser (atitude) em relação ao que sabe e

faz, uma conduta que revela a incorporação de valores.

Atividade

Técnica Conduta

Para auxiliar os demais Escotistas integrantes do Movimento Escoteiro pelo Brasil,

os Escotistas responsáveis pela elaboração dos materiais didáticos (livros, guias, mapas,

etc.) criaram referenciais bibliográficas para aplicação do Método Escoteiro para cada

Ramo (Lobo, Escoteiro, Sênior e Pioneiro).

Assim, cada Ramo busca atingir os objetivos finais do Movimento Escoteiro,

representados pela conquista dos Distintivos de maior grau de eficiência em cada um

deles. Para atingir esse objetivo, cada jovem deve cumprir uma série de competências

divididas em atividades que buscam fazer com que ele (jovem) desenvolva habilidades,

atitudes e conhecimento sobre técnicas, atividades e condutas divididas em seis áreas de

desenvolvimento (físico, intelectual, caráter, afetivo, social e espiritual), efetivando assim o

Método Escoteiro atual (Figura III).

19

Deve-se ressaltar que em um dos referenciais didáticos, o livro Programa de

Jovens: Objetivos finais e intermediários (UEB, 2010), a proposta de objetivos educativos

e finais “contemplam tipos diferentes de conduta. Alguns entre eles propõem a

aprendizagem de um determinado conteúdo (saber algo), enquanto outros se orientam

para a incorporação de alguma atitude (saber ser) e/ou motivam uma ação específica

(saber fazer)”. Dessa forma, pode-se citar que alguns dos principais objetivos buscados

pelo Movimento Escoteiro são que o jovem aprenda a ter liderança, saiba trabalhar em

equipe, tenha respeito ao próximo e seja capaz de enfrentar desafios. Cabe ressaltar que

estes objetivos foram comprovados pelas respostas obtidas com as entrevistas realizadas

no presente estudo, durante ARP 2011, em Paulínia.

É importante destacar que para atingir os objetivos propostos, o Método Escoteiro

deve ser aplicado por pessoas que também apresentem boa conduta, diferentes

habilidades e saiba utilizar técnicas necessárias para ensinar aos jovens o que o

Movimento Escoteiro busca. Pois, ao trabalhar diretamente com os jovens como Escotista

da Alcatéia/Tropas/Clã, ele será o referencial para seus membros servindo de exemplo,

do qual o jovem buscará imitar suas atitudes. Como citado por Baden-Powell no livro Guia

do Chefe Escoteiro (Baden-Powell, 2006, p.12), o Escotista deve “ter a mentalidade jovial

e, como primeiro passo, ser capaz de se colocar num nível adequado aos jovens;

20

compreender as necessidades, aspirações e desejos correspondentes à diversas idades

dos jovens; ocupar-se de cada um individualmente em vez do conjunto e, para obter

melhores resultados, criar um espírito de grupo entre os indivíduos. Ele precisa procurar

substituir o ‘irmão mais velho’, isto é, ver as coisas pelo mesmo prisma que os jovens e

conduzi-los e guiá-los entusiasticamente pelo caminho adequado. Como um verdadeiro

irmão mais velho, ele deverá interpretar as tradições da família Escoteira e fazê-las

respeitar, mesmo que isto exija grande firmeza. E só isto!”.

O Escotista Luiz Cesar de Simas Horn, formado em educação física e psicologia,

responsável pelo método educativo no Escritório Nacional da União dos Escoteiros do

Brasil em Curitiba (PR), relatou durante o período de pesquisa de campo, que “o sucesso

na aplicação do Método Escoteiro é auxiliado pela capacidade que as pessoas têm de

mudar sua conduta, seja por sugestão, por permitir que seja contagiado ou por desejo”. O

Escotista define que a sugestão ocorre quando alguém em quem o jovem confia mostra

as vantagens e desvantagens de assumir uma “boa conduta” e a sugere ao jovem que,

por confiar nele, assume esta posição; por permitir que seja contagiado, acontece porque

o jovem é contagiado pelo grupo em que participa e, dessa forma, o jovem que entra no

Movimento começa a conviver com o grupo que possui uma “boa conduta” e,

inconscientemente, é contagiado por eles e passa a adotar esta postura; e por desejo do

jovem, que ocorre quando o jovem realmente gosta e se identifica com aquilo que lhe foi

ensinado e então muda sua conduta, sem precisar de influência externa e sim apenas por

desejo.

O estudo em desenvolvimento sobre o Movimento Escoteiro pretende não somente

demonstrar a influência do Escotismo na formação de cidadãos em vários momentos da

história da educação no Brasil, mas, também, de que forma os componentes curriculares

e o conhecimento do meio ambiente, em especial do meio físico, são abordados nas

atividades desenvolvidas pelos Grupos Escoteiros. Da mesma forma, o Projeto Educativo

do Movimento Escoteiro foi analisado e discutiu-se que parâmetros são utilizados no que

concerne aos conteúdos focados em Ciências da Terra.

Dessa forma, na 2ª fase do roteiro foram realizadas 14 entrevistas com Escotistas

membros do Movimento Escoteiro em visitas aos Grupos Escoteiros, reuniões de Distritos

e outros contatos, principalmente na Região Metropolitana de São Paulo.

As entrevistas foram realizadas em dois momentos: identificação do entrevistado e

proposição de questões objetivas. A identificação buscou caracterizar o respondente pelo

21

nome, idade, profissão, Cargo/Função no Grupo Escoteiro (GE), nome do GE região,

numeral do GE e tempo em que foi realizada a Fundação do GE. As questões objetivas

se relacionavam a como os Escotistas abordam os componentes curriculares nas

atividades dentro do Movimento Escoteiro (Astronomia, Botânica, Ciências da Terra e

Zoologia) e que elementos da vida Escoteira geram reflexos no aprendizado dos

membros do Movimento na escola e/ou os influencia em sua vida profissional.

Nesta fase, identificamos 12 diferentes regiões da cidade de São Paulo,

representadas por membros Escotistas: Alphaville, Araraquara, Artur Alvim, Campo Limpo

Paulista, Guaianazes, Itaim Paulista, Jardim Grimaldi, Santa Isabel, Santos, São Carlos,

Vila Curuçá e Vila Patriarca, e 2 diferentes estados: Paraná e Bahia.

O membro do Movimento Escoteiro mais jovem que participou da entrevista tem 20

anos, e o mais velho tem 69 anos de idade.

No quesito “tempo em que foi Fundado o Grupo Escoteiro”, o GE fundado há

menos tempo realiza atividades há 02 anos, e o GE Fundado há mais tempo realiza

atividades há 62 anos.

Para avaliar de forma mais clara as questões relacionadas à maneira como os

Escotistas abordam os componentes curriculares nas atividades dentro do Movimento

Escoteiro, e que elementos da vida Escoteira geram reflexos no aprendizado dos

membros do Movimento na escola e/ou os influencia em sua vida profissional, os

resultados obtidos foram tabelados (Tabelas VII, VIII, IX, X, XI e XII), reunindo todas as

informações dadas por todos os respondentes entrevistados.

22

Tabela VII - Componente curricular: Astronomia

02.1. Como é trabalhado o tema de Astronomia nas reuniões Escoteiras?

Quantidade de Respostas

Respostas Obtidas

01 Estudo sobre as estrelas que compõem a Bandeira Nacional

02 Visitas à Exposições

04 Realização de Feira de Ciências

04 Aplicação de místicas e nomenclatura de Ramos

06 Discussões sobre o tema

07 Conquista de especialidades

07 Orientação através dos astros

07 Observação dos astros

01 Não é trabalhado - Justificativa: não apresentou justificativa

Tabela VIII - Componente curricular: Botânica

02.2. Como é trabalhado o tema de Botânica nas reuniões Escoteiras?

Quantidade de Respostas Respostas Obtidas

02 Visitas à Parques Ecológicos

04 Contato com o meio ambiente em Acampamentos

05 Conquista de especialidades e do IMMA

06 Plantio de mudas

06 Atividades de Sensibilização Ambiental

08 Reconhecimento de plantas

08 Discussões sobre o tema

- Não é trabalhado

Tabela IX - Componente curricular: Ciências da Terra

02.3. Como é trabalhado o tema de Ciências da Terra nas reuniões Escoteiras?

Quantidade de Respostas

Respostas Obtidas

02 Atividades de trilhas, Jornadas, rapel, etc.

03 Conquista de especialidades

03 Reconhecimento de diferentes “terrenos”

05 Construção de maquetes e mapas

06 Atividades de Sensibilização Ambiental

09 Discussões sobre o tema

- Não é trabalhado

Tabela X - Componente curricular: Zoologia

02.4. Como é trabalhado o tema de Zoologia nas reuniões Escoteiras?

Quantidade de Respostas

Respostas Obtidas

01 Reconhecimento de diferentes pegadas

03 Visitas à Zoológicos, Safari e centros de treinamento

05 Reconhecimento de animais e suas características

05 Conquista de especialidades e do IMMA

05 Contato com animais em Acampamentos e atividades externas

07 Discussões sobre o tema

07 Atividades de Sensibilização Ambiental

01 Não é trabalhado - Justificativa: não apresentou justificativa

23

Muitos dos entrevistados referiram-se à conquista de especialidades relacionadas à

todos em componentes curriculares abordados (Astronomia, Botânica, Ciências da Terra

e Zoologia). No livro Guia de Especialidades e Insígnia Mundial do Conservacionismo

(Curitiba, 2008) encontram-se 16 especialidades relacionadas diretamente a estes temas,

que os Membros Juvenis do Movimento Escoteiro podem conquistar com auxílio dos

Escotistas, e muitas outras indiretamente relacionadas:

Astronomia

- Astronomia

- Corrida de orientação

- História Aeroespacial

Botânica

- Agricultura

- Horticultura

- Paisagismo

Ciências da Terra

- Arqueologia

- Cartografia

- Mineralogia

- Topografia

Zoologia

- Aquariofilia

- Aquicultura

- Criação de Animais de Estimação

- Oceanologia

- Pesca

- Zoobotânica

Ao todo o livro é composto por cerca de 130 especialidades, divididas em 05 ramos

de conhecimento: Ciência e Tecnologia, Cultura, Desportos, Serviços e Habilidades

Escoteiras.

Tabela XI - Reflexos no aprendizado dos membros do GE na escola

03. De que forma o Escotismo gerou (ou gera) reflexos no aprendizado dos membros do GE¹ na escola?

Quantidade de Respostas

Respostas Obtidas

02 Não incentivo à preconceitos

02 Incentivo à iniciativa em buscar conhecimento

03 Incentivo ao senso de responsabilidade

04 Estimulo às disciplinas escolares

06 Aprendizado na prática

06 Respeito aos professores, funcionários e alunos

06 Conquista de especialidade e IMMA

07 Interesse aos assuntos escolares

07 Bom relacionamento com os colegas

- Não gera reflexos GE¹ - Grupo Escoteiro

24

Tabela XII - Influência na vida pessoal dos membros do Grupo Escoteiro

04. De que forma o Escotismo influenciou (ou influencia) a vida pessoal dos membros do GE¹?

Quantidade de Respostas

Respostas Obtidas

03 Amor à Pátria

04 Noções de organização

05 Respeito ao próximo

05 Aprendizado em liderança

07 Atitudes de cooperação e trabalho em equipe

09 Conhecimento de diversas áreas

09 Aplicação de valores (altruísmo, sinceridade, lealdade, bondade...)

- Não influencia GE¹ - Grupo Escoteiro

Na finalização deste trabalho foram realizados registros de diversas atividades

Escoteiras durante o acampamento V Jamboree Nacional Escoteiro, realizado no Rio de

Janeiro em Julho de 2012, que demonstram a variedade de maneiras como os Escotistas

abordam os conteúdos do currículo escolar em suas atividades.

Durante o evento, reuniram-se membros do Movimento Escoteiro da Bahia, Ceará,

Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,

Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo, etc.

e representantes da França, México e Paraguai.

Nesta fase, 09 das 12 diferentes atividades foram registradas para exemplificar

maneiras de abordar os conteúdos do currículo escolar, relacionados ao meio ambiente,

aplicados em atividades Escoteiras.

As atividades registradas foram: qualidade da água; teatro ecológico; fogão solar

de espelhos; dinâmica das ilhas; planejamento urbanístico de uma cidade sustentável;

história de um desastre natural; preparação para um desastre; elaboração de projetos; e

inclusão social.

4.1. Currículo escolar aplicado em atividades Escoteiras

Para melhor analisar as principais características de cada atividade, estas foram

registradas com seis informações: nome da atividade Escoteira; tempo estimado; objetivo;

material; procedimento; e imagem da execução da atividade durante o evento.

25

Atividade 01

Nome: Qualidade da Água.

Tempo estimado: 40 minutos.

Objetivo: Adquirir a noção da diferença entre uma amostra de água suja e outra limpa.

Material: Kits para análise de água com materiais para a análise de duas amostras (pote

de coleta, comprimido de oxigênio dissolvido, comprimido de pH, dois tubos pequenos de

coleta e uma tabela de análise de turbidez, pH e oxigênio dissolvido).

Procedimento: Após uma breve explicação sobre a utilização dos kits de análise de água,

cada equipe terá 30 minutos para coletar e analisar duas amostras de água: uma no curso

d´água adjacente à área de acampamento e outra do ponto de onde saem os esgotos

(água dos chuveiros) do Parque de Tiro, onde está sendo realizado o evento. Após a

análise, os dados serão comparados e os jovens poderão perceber a diferença entre as

fontes de onde foram retiradas as amostras. Questões: Quais foram as observações feitas

pelos Escoteiros? Como a água que eles analisaram se encaixa no ciclo da água? Para

onde vai a água depois de sair de nossas casas e o que acontece com ela?

Execução (Figuras IV, V, VI e VII):

26

Atividade 02

Nome: Teatro Ecológico.

Tempo estimado: 40 minutos.

Objetivo: Desenvolver a criatividade na criação de uma pequena peça de teatro cujo tema

é biodiversidade.

Material: Material para confecção de fantasias para a Patrulha (espuma de diferentes

cores, grampeadores, tecido TNT, chapéu de diferentes animais, etc.).

Procedimento: Cada equipe terá 30 minutos para preparar uma pequena peça de teatro

que tenha um fundo ecológico e uma moral educativa sobre o tema biodiversidade. Serão

preparadas pequenas estórias para serem fornecidas para serem encenadas, caso as

Patrulhas tenham dificuldade em criá-las. Questões: Qual é a moral da estória? As

Patrulhas compreenderam o que significam “ecossistemas” e “biodiversidade”? Qual é a

importância de se preservar os habitats das espécies? Que atitudes tomamos no dia-a-dia

que podem afetar a existência de habitats?

Execução (Figuras VIII e IX):

Atividade 03

Nome: Fogão Solar de Espelhos.

Tempo estimado: 40 minutos.

Objetivo: Reconhecer diferentes formas de energia que podemos utilizar para diminuir o

impacto ao meio ambiente.

Material: Um conjunto de 100 espelhos cortados em formato quadrado de 6cm x 6cm,

uma placa de Eucatex de 60cm x 60cm, pacote de ½ kg argila para alinhar os espelhos,

quiosque (área coberta), 1 apoio de metal onde ficará a frigideira, 1 frigideira, 1 ovo, óleo,

sal e uma folha de papel kraft dividida de 1 a 100 pregada no teto no quiosque.

27

Procedimento: Usando a argila, as Patrulhas deverão alinhar os pedaços de espelho

sobre a placa de Eucatex olhando através do suporte de metal (Figura X). A folha

numerada deve estar no teto de um quiosque para que os jovens não olhem para o sol

durante a montagem do fogão. Questões: Que outras formas de energia podemos utilizar

para diminuir nosso impacto ao meio ambiente? Como nossas escolhas afetam o gasto

de energia da sociedade? Como diminuir o gasto de GLP ao cozinhar?

Execução (Figuras XI e XII):

Observação: Não foram fritos os ovos, pois choveu em quase todos os dias de aplicação

da atividade Escoteira.

Atividade 04

Nome: Dinâmica das Ilhas.

Tempo estimado: 30 minutos.

Objetivo: Adquirir a noção da importância do diálogo entre as Nações para resolver os

graves problemas ambientais, principalmente o de aquecimento global.

Material: Folhas de papelão, em número igual ao número de Escoteiros participantes, com

bandeiras de todos os países coladas no papelão (cada papelão, um país diferente).

Procedimento: No local da dinâmica precisa espalhar os papelões em número igual ao de

28

jovens, que serão as ilhas, dispostos em circulo. Cada jovem representa um país. Alguns

papelões estão mais longe dos demais. O chefe então informa que todos deverão se

mover sobre os papelões de forma a formar uma fila que vai do jovem mais jovem para o

mais velho, ou seja, por ordem de data de nascimento. Ninguém pode por os pés no

chão. Vai levar um tempo para que os jovens se organizem. Quando terminarem, o Chefe

dará a interpretação: "se vocês, que são jovens, conseguiram cumprir essa tarefa, por que

os países não podem se organizar e diminuir a emissão de carbono para a atmosfera?

Todos os jovens contribuíram para a solução do problema porque se uniram em torno de

um objetivo. Porque nós não podemos nos unir em torno do objetivo de sermos

sustentáveis?". Questões: O que foi mais difícil na dinâmica? Como incentivar o diálogo

entre as Nações? Como nossas decisões no dia-a-dia influem na emissão de carbono e

no aquecimento global?

Execução (Figuras XIII e XIV):

Atividade 05

Nome: Planejamento Urbanístico de uma Cidade Sustentável.

Tempo estimado: 40 minutos.

Objetivo: Reconhecer a função e importância de um planejamento urbanístico.

Material: As Patrulhas receberão kits de peças de madeira ilustrando os principais

componentes de uma cidade: Rio, Área Industrial, Zona residencial, Zona comercial,

Aeroporto, Estação de trem, Estação de metrô, Estação de Tratamento de Esgotos (ETE),

Estação de Tratamento de Água (ETA), Escola, Central de distribuição de alimentos,

Fazenda, Parque ou shopping (peça intercambiável que só pode ser usada de um lado),

cemitério ou crematório, Aterro sanitário ou estação de reciclagem, etc. (são 18 itens ao

todo). Serão necessários 4 kits, um por Patrulha, feitos de madeira serrada com o nome

29

do componente escrito em cima, cobertos com papel contact para maior durabilidade.

Procedimento: As Patrulhas deverão montar, num local apropriado, que pode ser um

pequeno trecho inclinado do terreno, uma pequena cidade sustentável, isto é, cada

módulo deverá estar localizado na melhor posição possível. Por exemplo, a ETA deve

estar próxima ao curso d´água e numa posição elevada em relação à cidade, o depósito

de lixo deve estar a favor do vento (sotavento), e assim por diante. Após as discussões

entre os jovens, a Patrulha chama o Chefe para mostrar sua solução para o problema,

defendendo sua proposta. Observação para o Chefe responsável: o objetivo não é forçar

uma escolha de Parque em detrimento de Shopping, por exemplo, mas levar a Patrulha a

questionar as vantagens e desvantagens de cada um e qual o mais adequado à cidade

em questão. Questões: Quais foram os itens mais difíceis de escolher e por quê? Vocês

escolheram o cemitério ou o crematório, parque ou shopping, aterro sanitário ou estação

de reciclagem, e por quê? Que conselhos vocês dariam aos planejadores urbanísticos?

Execução (Figuras XV e XVI):

Atividade 06

Nome: História de um Desastre Natural.

Tempo estimado: 40 minutos.

Objetivo: Reforçar a importância da preparação e a tomada de decisões em uma situação

de desastre natural.

Material: Material para confecção de fantasias (folhas de espuma, grampeador, garrafas

PET, tecidos TNT, etc.) e cartões com o cenário de um desastre natural.

30

Procedimento: Cada Patrulha receberá um cartão com um cenário de desastre natural e

terá 30 minutos para preparar uma pequena peça de teatro que tenha um fundo ecológico

e uma moral educativa, que represente a estória descrita no cartão.

Execução (Figuras XVII e XVIII):

Atividade 07

Nome: Preparação para um Desastre.

Tempo estimado: 40 minutos.

Objetivo: Reforçar a importância da preparação para um desastre natural.

Material: Material do kit de resposta (caderneta, barra de cereal, capa de chuva,

repelente, fita durex, escola de cabelo, sabonete, lenço umedecido, água, alimentos,

celular, telefones de emergência, lanterna com pilhas, etc.).

Procedimento: O chefe da base fará uma breve instrução sobre desastres naturais como

deslizamentos de terra, secas duradouras, enchentes, etc. e como estarmos preparados

para esses eventos. Em seguida, será realizado um jogo do kim, em que os objetos serão

aqueles do kit resposta (água, alimentos, celular, telefones de emergência, lanterna com

pilhas, etc.) e os jovens devem escolher quais objetos levariam com a Patrulha para

lugares onde têm riscos eminentes de desastres naturais. Questões: De que desastres os

jovens já tinham ouvido falar? Alguém já passou por uma experiência assim?

Execução (Figuras XIX e XX):

31

Atividade 08

Nome: Elaboração de Projetos.

Tempo estimado: 40 minutos.

Objetivo: Adquirir noções básicas para a elaboração de um projeto.

Material: Caneta, papel e prancheta.

Procedimento: O chefe da base fará uma breve introdução sobre como fazer um bom

projeto, enfatizando a sua viabilidade, e esclarecerá dúvidas. Em seguida, pedirá a cada

Patrulha para elaborar um pequeno projeto fictício para atuar na sua comunidade, como

por exemplo: projeto de recolhimento e reciclagem de óleo; projeto de recolhimento e

destinação adequada de pilhas e baterias; projeto de recolhimento e reciclagem de papel;

plantio de mudas; recuperação de uma pequena praça próximo ao Grupo Escoteiro;

projeto de divulgação da importância do combate à dengue; projeto de núcleo de ajuda à

Defesa Civil em caso de catástrofes; projeto de pesquisa de áreas de risco para ajuda à

Defesa Civil na prevenção de catástrofes, entre outros.

Execução (Figuras XXI e XXII):

32

Atividade 09

Nome: Inclusão Social.

Tempo estimado: 1 hora e 30 minutos.

Objetivo: Vivenciar a dificuldade que pessoas com deficiências enfrentam no dia-a-dia e

reconher a importância que temos ao incluí-las na sociedade.

Material: 1 lenço para vendar os olhos, 1 lenço para prender um braço, 1 cadeira de

rodas, e bambolê, sisal, 3 cabos de vassoura, 1 ficha de código morse e 1 barraca.

Procedimento: Cada Patrulha deve vendar os olhos de um membro (representará uma

pessoa cega), prender um dos braços de outro membro (representará uma pessoa com

deficiência em um dos braços) e sentar um dos membros na cadeira de rodas

(representará uma pessoa cadeirante). A atividade consiste em 3 partes: decifrar o código

morse, laçar o bambolê com o sisal utilizando nós Escoteiros e, por fim, montar e

desmontar a barraca. Os três membros deficientes devem participar de todas as partes da

atividade ativamente, com auxílio dos demais integrantes da Patrulha.

Execução (Figuras XXIII, XXIV, XXV e XXVI):

33

5. Análise dos Resultados Obtidos

O Método Escoteiro é baseado em cinco abordagens metodológicas: aceitação da

Lei e Promessa Escoteiras; aprender fazendo; vida em equipe; atividades progressivas,

atraentes e variadas; e desenvolvimento pessoal com orientação individual. A partir

destas, a definição dos princípios do Movimento Escoteiro são: dever para com Deus;

dever para com os outros; e dever para consigo próprio, e foram elaborados para que

cada jovem Escoteiro se desenvolva como cidadão saudável, justo e útil para a

sociedade, através de incentivo à superação de desafios, à exploração, ao desejo por

aventura, à descoberta, à iniciativa, à invenção, à criação, etc.

Os resultados obtidos da 1ª fase desse estudo demonstram que as pessoas que

foram ou ainda são participantes do Movimento Escoteiro comprovam a eficiência da

aplicação do Método Escoteiro e dos princípios acima descritos em suas vidas enquanto

estudantes e/ou profissionais, como um sistema de ensino não-formal.

Embora todos estes métodos e princípios apresentem relação entre si, os

resultados obtidos nas entrevistas (Tabela XIII) foram organizados para estabelecermos

uma comparação com a proposta pedagógica dada pelo Método Escoteiro (representado

na tabela pela letra “M”) e aos princípios do Movimento Escoteiro (representado na tabela

pela letra “P”), e relacionadas às categorias correspondentes.

34

Tabela XIII - Relação entre os resultados obtidos com Métodos e Princípios Escoteiros

Categoria Métodos e/ou Princípios Escoteiros¹

Alcançar objetivos M - Desenvolvimento pessoal com orientação individual P - Dever para consigo mesmo

Aplicação de valores M - Aceitação da Lei e Promessa Escoteiras P - Dever para com os outros

Aprender fazendo M - Aprender fazendo P - Dever para consigo mesmo

Boa conduta M - Aceitação da Lei e Promessa Escoteiras P - Dever para com os outros

Buscar conhecimento M - Desenvolvimento pessoal com orientação individual P - Dever para consigo mesmo

Buscar informações M - Desenvolvimento pessoal com orientação individual P - Dever para consigo mesmo

Comportamento M - Aceitação da Lei e Promessa Escoteiras P - Dever para com os outros

Comprometimento M - Aceitação da Lei e Promessa Escoteiras P - Dever para consigo mesmo

Confiança M - Desenvolvimento pessoal com orientação individual P - Dever para com os outros

Dedicação M - Atividades progressivas, atraentes e variadas P - Dever para com os outros

Desenvolvimento M - Desenvolvimento pessoal com orientação individual P - Dever para consigo mesmo

Desenvolvimento de aptidões M - Desenvolvimento pessoal com orientação individual P - Dever para consigo mesmo

Desenvolvimento de habilidades M - Desenvolvimento pessoal com orientação individual P - Dever para consigo mesmo

Desinibição M - Atividades progressivas, atraentes e variadas P - Dever para consigo mesmo

Disciplina M - Aceitação da Lei e Promessa Escoteiras P - Dever para com os outros

Educação M - Aceitação da Lei e Promessa Escoteiras P - Dever para com os outros

Enfrentar desafios M - Atividades progressivas, atraentes e variadas P - Dever para consigo mesmo

Equilíbrio M - Vida em Equipe P - Dever para com os outros

Escolha profissional M - Aprender fazendo P - Dever para consigo mesmo

Formar cidadãos/ Formar caráter M - Aceitação da Lei e Promessa Escoteiras P - Dever para consigo mesmo

Liderança M - Vida em Equipe P - Dever para com os outros

Motivação M - Vida em Equipe P - Dever para consigo mesmo

Organização M - Aceitação da Lei e Promessa Escoteiras P - Dever para consigo mesmo

Patriotismo M - Aceitação da Lei e Promessa Escoteiras P - Dever para consigo mesmo

Pensar/ refletir M - Desenvolvimento pessoal com orientação individual P - Dever para consigo mesmo

Pontualidade M - Aprender fazendo P - Dever para com os outros

Postura M - Aceitação da Lei e Promessa Escoteiras P - Dever para com os outros

Respeitar hierarquias M - Aceitação da Lei e Promessa Escoteiras P - Dever para com os outros

Respeito M - Aceitação da Lei e Promessa Escoteiras P - Dever para com os outros

Responsabilidade M - Aceitação da Lei e Promessa Escoteiras P - Dever para com os outros

Ser alegre M - Aceitação da Lei e Promessa Escoteiras P - Dever para consigo mesmo

Trabalho em equipe M - Vida em Equipe P - Dever para com os outros

Visão de mundo diferente M - Atividades progressivas, atraentes e variadas P - Dever para consigo mesmo

¹ Não foi citada como categoria e nem como Princípio do Movimento Escoteiro (ME) aquele que refere-se ao dever para com Deus, pois o ME preza a importância da crença, mas não define a religião.

35

Com relação aos resultados obtidos nas entrevistas e relacionando-os com os

principais objetivos finais do Movimento Escoteiro foi realizada a seguinte análise (Tabela

XIV):

Tabela XIV - Relação entre os objetivos finais do ME e os resultados obtidos nas entrevistas

Objetivos Finais Resultado Obtido Porcentagem

44 = 100%

Liderança 34,09%

01 Pontualidade 2,27%

01 Dedicação 2,27%

04 Comprometimento 9,09%

05 Organização 11,36%

15 Liderança 34,09%

15 Responsabilidade 34,09%

27 Disciplina 61,36%

Trabalho em equipe 86,36%

02 Confiança 4,54%

04 Desinibição 9,09%

38 Trabalho em equipe 86,36%

Respeito ao próximo 88,63%

02 Educação 4,54%

03 Aplicação de valores 6,81%

09 Boa conduta 20,45%

39 Respeito 88,63%

43 Formar cidadãos/ caráter 97,72%

Enfrentar desafios 29,54%

07 Motivação 15,90%

08 Alcançar objetivos 18,18%

09 Aprender fazendo 20,45%

13 Enfrentar desafios 29,54%

17 Desenvolvimento 38,63%

Outros

01 Pensar/ refletir 2,27%

01 Equilíbrio 2,27%

01 Ser alegre 2,27%

02 Comportamento 4,54%

02 Postura 4,54%

04 Visão de mundo 9,09%

05 Patriotismo 11,36%

06 Buscar conhecimento 13,63%

07 Postura 15,90%

11 Escolha profissional 25,00%

36

De acordo com os dados apresentados no livro Escoteiros de São Paulo: Relatório

Social e Ambiental - 100 anos de História e de Preservação do Meio Ambiente (UEB,

2011), podemos justificar os resultados obtidos em face ao Método Escoteiro, em

conjunto com seus princípios, envolver o jovem em atividades que o levam a conhecer e

explorar seus potenciais, por meio de atividades físicas, intelectuais, espirituais, sociais,

afetivas e de caráter.

Assim, ao somarmos todas as atividades realizadas pelas unidades Escoteiras

existentes em São Paulo, identificamos que são realizadas anualmente: 550

acampamentos; 825 excursões de cunho técnico; 825 visitas e passeios educativos; 825

atividades de cunho cultural; 1100 atividades de cunho ecológico; e 3330 reuniões e

participações em Congressos, Conselhos Tutelares, Conselhos e Comissões Municipais e

Estaduais, etc.

Pela aplicação adequada do Método Escoteiro e seus princípios, a União dos

Escoteiros do Brasil obteve, entre 1917 e 2009, vinte e nove prêmios e reconhecimentos,

sendo alguns destes relacionados à Educação e à Educação Ambiental:

1946 – Decreto Lei nº 8828: Instituição de Educação Extra-Escolar e órgão máximo

do Escotismo Brasileiro em 24/Jan;

1995 – Prêmio ADVB – TOP Ecologia – Educação Ambiental: Prêmio Especial

categoria “Hors Concours”, reconhecendo o Escotismo Paulista como uma

ferramenta importante na formação de jovem, nas questões ambientais e

ecológicas;

2002 – Prêmio Criança Brasil: Em razão da valorização e a contribuição

educacional do Movimento Escoteiro para o desenvolvimento da criança brasileira;

2002 – Prêmio de Educação Ambiental: Em reconhecimento as atividades de

Educação Ambiental desenvolvidas pelo Movimento Escoteiro;

2004 – Prêmio Nestlé Criança Brasil: Em reconhecimento as atividades

educacionais desenvolvidas por crianças e jovens do Movimento Escoteiro no

Projeto Cidadania Ativa, entre outros.

Na 2ª fase do presente estudo, buscando verificar a maneira como os Escotistas

abordam em suas atividades os componentes curriculares e o conhecimento do meio

ambiente, em especial o meio físico, é notável a maneira como a conquista de

37

especialidade e do IMMA, contato direto com o meio ambiente (em acampamentos,

trilhas, Jornadas, atividades externas em geral), atividades de sensibilização ambiental e

discussões sobre os temas são citados com grande atenção pelos entrevistados.

Ao analisar a aplicação do Método Escoteiro e seus princípios relacionando-os com

os assuntos e propostas abordados no Projeto Educativo do Movimento Escoteiro,

destacamos abaixo atividades aplicadas pelos Escotistas aos Membros Juvenis em que

são abordados cada um dos conteúdos curriculares estudados (Tabela XV):

Tabela XV - Assuntos e componentes curriculares abordados pelos Escotistas

Componente curricular

Assuntos Abordados

Astronomia

Orientação pelas estrelas

Posições da Terra em relação ao Sol

Estações climáticas

Observação de astros celestes

Sistema de orientação utilizado por navegantes

Constituição da Bandeira Nacional

Formação de estrelas e constelações

Constelações

Botânica

Plantas e seus habitats

Fotossíntese

Qualidade do ar

Diversidade de espécies de plantas

Preservação do meio ambiente

Cultura de povos indígenas

Ervas medicinais

Árvores frutíferas

Desmatamento

Ciências da Terra

Estudo geográfico

Elaboração de mapas e maquetes

Diferentes tipos de terrenos

Tectônica de placas

Vulcanismo

Terremotos

Acidentes geográficos

Erosão e seus causadores

Reações necessárias para fazes fogo

Mapeamento hidrográfico

Qualidade da água fluvial

Localização e formação dos continentes

Estudo do meio físico

Relevo

Condições de habitação

Diferentes tipos de rochas, solo, etc.

Interação do sistema terra

Localização e orientação por bússola

Mudança de marés

Sistema de movimento terrestre (rotação, translação...)

38

Zoologia

Diferentes espécies de animais

Hábitos e habitats

Relação dos animais com o meio ambiente

Pegadas

Espécies peçonhentas

Risco de extinção

Cadeia e teia alimentares

Fauna

Animais domésticos e selvagens

Ecossistemas

Como tratar animais

Sons de pássaros e outros animais

Da mesma forma como obtido na 1ª fase de avaliação, a 2ª fase apresenta

resultados que demonstram influência do Movimento Escoteiro na vida de seus membros,

sejam Escotistas ou Juvenis, com relação ao auxílio no aprendizado escolar. Visto que os

assuntos tratados nas componentes curriculares do ensino formal são também abordados

pelos Escotistas nas atividades Escoteiras, e assim como na 1ª fase da pesquisa,

diversos elementos da vida Escoteira geram reflexos na vida pessoal, estudantil e

profissional dos membros do Movimento Escoteiro, como um sistema de ensino não-

formal.

6. Conclusão

De acordo com Henri Joubrel, autor do livro O Escotismo na Educação e

Reeducação dos Jovens (Joubrel, 1969), a importância atual do Escotismo e a influência

que exerceu desde sua criação são fatos incontestáveis. De forma que Schmidt, em seu

livro Educar pela Recreação (Schmidt, 1964) afirma que “o Escotismo foi, sem dúvida,

uma das invenções mais geniais que têm surgido no campo pedagógico. Quando os

sociólogos de amanhã estudarem a história da juventude, verão ainda melhor do que nós

a que ponto as ‘simples sugestões’ lançadas em 1908, por Baden-Powell, contribuíram

para a evolução das idéias sobre educação e como formaram um determinado tipo de

indivíduo”.

O Movimento Escoteiro é uma forma de educação não-formal que complementa a

educação formal na medida em que auxilia a formação de cidadãos conscientes através

de suas práticas, pois, segundo Joubrel (1969):

- Educação através do jogo, aventura, excursões e acampamentos: a criança ressalta o

valor educativo do jogo, favorece o desenvolvimento somático e a resistência à fadiga;

39

- Canções e esquetes: a criança tem liberdade de escolher temas ou de realizar variações

sobre temas dados. Se o Escotista for perspicaz, é uma excelente oportunidade de

observação e mesmo percepção dos desejos e necessidades dos jovens;

- Contato com a natureza: a criança encontra na vida ao ar livre uma fonte de bem estar

físico e espiritual, aprende a ser simples e a dominar sozinha inúmeras dificuldades

materiais;

- Sistema de Patrulhas: permite a iniciativa e a responsabilidade individual dentro do

grupo, confere o sentido de solidariedade e desperta a consciência social;

- Uniforme e as tradições: desperta a atração que a criança sente pelas insígnias e pelos

ritos secretos através do cerimonial Escoteiro rico em simbolismos como saudação,

totem, investiduras, canções, Fogos de Conselho, etc. E quanto ao uniforme, a criança

começa a igualar a aparência de jovens pertencentes à níveis sociais pobres ou ricos e

com nacionalidades, raças e religiões diferentes;

- Provas de Classes (Progressões) e distintivos: um sistema progressivo de exames do

tipo menos escolar possível que consagra à criança a aquisição de qualidades e

conhecimentos teóricos e práticos;

- Apelo ao sentimento de honra: é feito individual e coletivamente pela lembrança da

Promessa e da Lei Escoteiras e também pelo Sistema de Patrulhas;

- Serviço ao próximo: a boa ação Escoteira, exigida aos jovens cotidianamente, tem o

mérito de criar o condicionamento de um hábito e, em seguida, de uma mentalidade

voltada ao próximo;

- O exemplo permanente do Escotista: os discursos, as pregações, os sermões

moralizadores têm geralmente pouca influência sobre as crianças que “acreditam mais

com os olhos do que com as orelhas”. A maioria das crianças aspiram a identificar-se com

um herói. O bom Escotista é aquele que se faz estimar e que merece servir de exemplo.

“Ele” é aquele que as crianças desejam imitar. Mas para isso, o Escotista deve se

apresentar às crianças como um irmão mais velho, vivendo inteiramente com elas, como

elas e pronto à ampará-las em todas as dificuldades.

Dessa forma, podemos considerar que alguns dos problemas encontrados na

sociedade, atualmente, como instabilidade psicomotora, emotividades, depressão,

paranóia, impulsividade, perversidade, etc., também podem ser trabalhados e melhorados

pela aplicação e prática do Método Escoteiro e da Lei e Promessa Escoteiras.

40

Utilizando o trabalho de Joubrel (1969), indicamos como tais componentes

psicossociais, sistematizados na Tabela XVI, podem ser associados com elementos do

Movimento Escoteiro.

Tabela XVI - Relação entre tendência de caráter, Métodos Escoteiros e artigos da Lei Escoteira

(fonte: livro “O Escotismo na Educação e Reeducação dos Jovens” - Henri Joubrel, 1969)

Tendência de Caráter

Métodos Escoteiros Artigos da Lei Escoteira

Instabilidade psico-motora

Jogos, excursões, acampamentos, canções, esquetes, Sistema de Patrulhas e trabalhos manuais

O Escoteiro é obediente e disciplinado; tem uma só palavra e sua honra vale mais que sua própria vida; e é econômico e respeita o bem alheio

Emotividade

Responsabilidades pessoais, apelo ao sentimento de honra, debates coletivos, trabalhos manuais, vida ao ar livre, distintivos e tradições

O Escoteiro está sempre alegre e sorri nas dificuldades; é limpo de corpo e alma; tem uma só palavra e sua honra vale mais que sua própria vida; é leal; e é cortês

Depressão Jogos, excursões, acampamentos, esquetes, provas de classes e especialidades

O Escoteiro está sempre alegre e sorri nas dificuldades; é obediente e disciplinado; tem uma só palavra e sua honra vale mais que sua própria vida; e pratica diariamente uma boa ação

Paranóia Sistema de Patrulhas e exemplo do Escotista

O Escoteiro é obediente e disciplinado; é amigo de todos e irmãos dos demais Escoteiros; é leal; é cortês; pratica diariamente uma boa ação; está sempre alegre e sorri nas dificuldades; e é econômico e respeita o bem alheio

Impulsividade Sistema de Patrulhas, trabalhos manuais, canções e esquetes

O Escoteiro é obediente e disciplinado; é amigo de todos e irmão dos demais Escoteiros; é limpo de corpo e alma; e tem uma só palavra e sua honra vale mais que sua própria vida

Perversidade Vida ao ar livre, Sistema de Patrulhas, canções e exemplo do Escotista

O Escoteiro é amigo de todos e irmão dos demais Escoteiros; é cortês, é bom para os animais e as plantas; pratica diariamente uma boa ação; é econômico e respeita o bem alheio; e é limpo de corpo e alma

O Movimento Escoteiro busca estimular nos jovens o respeito e o compromisso

com a natureza, com os indivíduos e consigo próprio. E, pela aplicação e prática do

Projeto Educativo do Movimento Escoteiro, é possível que sejam formados cidadãos

saudáveis, justos e úteis para a sociedade, como sempre desejou Baden-Powell.

A participação no Movimento é eficiente na a vida de seus membros, com relação

ao auxílio no aprendizado escolar, e também por seus reflexos na vida pessoal e

profissional de seus membros. O senso de responsabilidade para com seus deveres é

refletido no ambiente escolar, onde os membros do ME (e alunos da escola) demonstram

maior interesse nas atividades escolares e seus componentes curriculares,

comprometimento com os trabalhos e demonstram conhecimentos prévios, muitas vezes

trabalhados anteriormente no Grupo Escoteiro. Têm maior facilidade de convivência em

41

grupo e respeitam os professores e funcionários da escola, contribuindo para a melhoria

do ambiente escolar. Contribuem também com os conceitos apreendidos no Movimento

para a conscientização da comunidade escolar sobre assuntos variados.

Os membros do ME que ingressam no mercado de trabalho demonstram maior

disposição ao aprendizado, capacidade de adaptação às mudanças de ambiente, à

adversidade e aos novos desafios. Podem ser criativos na solução de problemas, têm

grande capacidade de trabalho em grupo e também individualmente, se tratando de

liderança, tanto em situações de comando quanto de subordinação. Em geral, vivem

cotidianamente conceitos e atitudes que as organizações tentam implementar através de

diferentes tipos de treinamento, porém, que eles já os têm, em si.

Dessa forma podemos concluir este trabalhado com um trecho escrito pelos

Escotistas responsáveis pelo método educativo do Movimento Escoteiro, do Escritório

Nacional da União dos Escoteiros do Brasil em Curitiba, no livro Programa de Jovens:

Objetivos finais e intermediários (UEB) que relata o seguinte: “embora seja perfeitamente

admissível que uma ou duas áreas de desenvolvimento se destaquem sobre as demais,

em um determinado momento, em função do diagnóstico que os Escotistas e/ou os

próprios membros de um Ramo façam a respeito de suas necessidades imediatas,

quando da elaboração da programação a ser cumprida em um dado ciclo de programa, é

absolutamente imprescindível que todas as áreas de desenvolvimento sejam

contempladas com ações concretas, no contexto geral da aplicação do Programa de

Jovens. O que se pretende com este cuidado é assegurar à criança e ao jovem o

desenvolvimento harmonioso de toda a sua personalidade”.

Ao estudar o Projeto Político Pedagógico do Movimento Escoteiro, Schmidt (1964)

ressalta que “na família, a consciência moral do menino se rege pelas imposições dos

pais. Na escola, o professor adota também o sistema autoritário. Já na sociedade

Escoteira, o regime de disciplina é diverso, pois impera ali a autonomia, porém dentro da

prática da mais generosa solidariedade”.

42

7. Apresentação em Evento Científico

A comunicação e divulgação de um trabalho são fundamentais para disponibilizar o

conhecimento científico ao público e, dessa forma, poder ajudar a melhorar a vida das

pessoas.

7.1. V Simpósio Nacional de Ensino e História de Ciências da Terra

Em Novembro de 2011, este trabalho foi apresentado

(Anexos IV e V) na forma de pôster durante a realização do V

Simpósio Nacional de Ensino e História de Ciências da Terra

– Ensino GEO 2011 (Figura IV). Um evento que visa o debate

e reflexão a cerca dos assuntos relacionados à Ciências da

Terra, enquanto fortalece a relação entre alunos, docentes e

a comunidade local.

A programação do evento apresentou uma série de

oficinas, cursos, palestras, atividades e excursões de campo

disponíveis aos participantes e também cursos, oficinas e

palestras para professores do ensino básico, alunos e

população em geral.

Os participantes do evento apresentaram pesquisas e experiências relativas ao

Ensino e História das Ciências da Terra em áreas temáticas selecionadas, que foram:

- Ensino de Geociências no Ensino Médio e Ensino Superior;

- Ensino de Geociências e Educação Ambiental;

- Ensino de Geociências e Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente;

- Conteúdos de Geociências no ensino de Ciências Naturais;

- História das Ciências da Terra;

- Formação de Professores de Ciências;

- Formação de Geólogos e Profissionais das Geociências;

- Comunicação e Divulgação das Geociências.

43

8. Referências Bibliográficas

BADEN-POWELL, of Gilwell, Lord. Lições da escola da vida - 1ª Edição. Curitiba:

Escritório Nacional da União dos Escoteiros do Brasil, 1986.

BADEN-POWELL, of Gilwell, Lord. Escotismo para rapazes: um manual de instrução em

boa cidadania por meio das artes mateiras - Edição da Fraternidade Mundial.

Curitiba: Escritório Nacional da União dos Escoteiros do Brasil, reedição 2006,

reimpressão 2008.

BADEN-POWELL, of Gilwell, Lord. Guia do Chefe Escoteiro: teoria do adestramento

Escoteiro - um subsídio para a tarefa dos Escotistas - 7ª Edição. Curitiba: Reproset

Indústria Gráfica, Abril de 2006. Páginas 11-12, 28-30 e 45-62.

CURITIBA. Escritório Nacional da União dos Escoteiros do Brasil. Manual do Escotista

Ramo sênior: um método de educação não-formal para jovens de 15 a 17 anos.

Curitiba, 2011. Páginas 242-249.

CURITIBA. Escritório Nacional da União dos Escoteiros do Brasil. Guia de

Especialidades e Insígnia Mundial do Conservacionismo - 10ª Edição. Curitiba,

Março de 2008. Páginas 17, 18, 19, 25, 26, 28, 37, 48, 55, 59, 61, 64, 65, 69 e 93.

CURITIBA. Escritório Nacional da União dos Escoteiros do Brasil. Programa de jovens:

objetivos finais e intermediários. Curitiba. Páginas 3-7, 30-33.

GASPAR, A. A educação formal e a educação informal em Ciências. Fórum da Ciência e

Cultura. Casa da Ciência. Centro Cultural de Ciência e Tecnologia. Universidade

Federal do Rio de Janeiro. Ciência e público: caminhos da divulgação científica no

Brasil. Organizado por Luisa Massarani, Ildeu de Castro Moreira e Fátima Brito. Rio

de Janeiro, 2002. Páginas 171-183.

GASPAR, A. O ensino informal de Ciências: de sua viabilidade e interação com o ensino

formal à concepção de um centro de Ciências. Departamento de Física e Química,

Universidade Estadual Paulista. Cad. Cat. Ens. Fis. V9, Nº 2. Florianópolis, Agosto

de 1992. Páginas 157-163.

PAOLILLO, C.; IMBERNON, R. A. L. Educação Ambiental e educação científica no

contexto do Movimento Escoteiro (Environmental and scientific education in the

context of Boy Scouts Movement). Escola de Artes, Ciências e Humanidades,

Universidade de São Paulo. Revista Experiências em Ensino de Ciências. V4(2).

São Paulo, Agosto de 2009. Páginas 93-105.

44

JOUBREL, H. O Escotismo na educação e reeducação dos jovens. Tradução por

Maria José Austregésilo de Athayde. Rio de Janeiro: Editora Livraria Agir, 1969.

Páginas 11-14, 24-29 e 94-103.

MEC - Ministério da Educação. PCN’s - Parâmetros Curriculares Nacionais. São Paulo,

1996. Disponível em: <www.portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf>.

Acesso em: Julho de 2011.

NEVES, J. L. Pesquisa qualitativa - características, usos e possibilidades. 2º Semestre

de 1996. Dissertação (Mestrado do curso de Pós Graduação em Administração de

Empresas) - Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo.

Caderno de Pesquisas em Administração, Volume 1, Nº 3. Páginas 1-5.

Projeto Educativo do Movimento Escoteiro. Escritório Nacional da União dos Escoteiros

do Brasil. Curitiba. Disponível em: <www.Escoteiros.org.br/downloads/documentos

_oficiais.php>. Acesso em: Fevereiro de 2011.

SÃO PAULO. Escritório Nacional da União dos Escoteiros do Brasil. Escoteiros de São

Paulo: relatório social e ambiental - 100 anos de história e de preservação do meio

ambiente - 1ª Edição. São Paulo, 2011. Páginas 6-13.

SCHMIDT, M. J. Educar pela recreação - para pais e educadores - 3ª Edição. Rio de

Janeiro: Editora Agir, 1964.

THOMÉ, N. Movimento Escoteiro: projeto educativo extra-escolar. Universidade do

Contestado (UnC), Campus de Caçador (SC). Revista HISTEDBR On-line. Nº 23.

ISSN: 1676-2587. Campinas, Setembro de 2006. Páginas 171-194.

UEB - União dos Escoteiros do Brasil - Região de São Paulo. Disponível em:

<www.escotismo.org.br>. Acesso em: Fevereiro de 2011.

UEB - União dos Escoteiros do Brasil - Relatório Anual de 2011. Disponível em:

<www.escoteiros.org.br>. Acesso em: Abril de 2012.

UEB - União dos Escoteiros do Brasil. Disponível em: <www.escoteiros.org.br>. Acesso

em: Fevereiro de 2011.

WOSM - World Organization of the Scout Moviment. Disponível em: <www.scout.org>.

Acesso em: Fevereiro de 2011.

45

9. Anexos

9.1. Anexo I - Projeto Educativo do Movimento Escoteiro

NOSSAS DEFINIÇÕES E CONVICÇÕES FUNDAMENTAIS

Somos um Movimento de jovens e para jovens, com a colaboração de adultos, unidos por

um compromisso livre e voluntário.

Somos um Movimento de educação não-formal, que se preocupa com o desenvolvimento

integral dos jovens, complementando o esforço da família, da escola e de outras

instituições.

Queremos o desenvolvimento do ser humano, como um todo, e de todos os seres

humanos. O ser humano, homem e mulher, na plenitude de sua existência e na riqueza de

suas semelhanças e diferenças. O ser humano em sua identidade singular e em sua

cultura, sem distinção de origens sociais, raças e credos.

Educamos para a liberdade e procuRamos desenvolver a capacidade de pensar

criativamente, mais do a aquisição de conhecimentos ou de habilidades específicas.

Fortalecemos nos jovens a vontade de optar por uma escala de valores que dê

sustentação a suas vidas e os convidamos a agir de forma coerente com essa opção.

Caminhamos em busca de Deus e estimulamos o jovem a dar testemunho de sua fé,

vivendo ou buscando a religião que a expresse.

Cremos na família, raiz integradora da comunidade e centro de uma civilização baseada no

amor, na verdade e na justiça.

Educamos para o respeito, a vida afetiva e o amor, para a construção de uma família que

dê a seus filhos uma boa formação.

Cremos na justiça social como exigência de um desenvolvimento humano e sustentável.

Despertamos no jovem o anseio por servir à comunidade e por se comprometer com seu

desenvolvimento como manifestação de sua solidariedade para com o próximo,

especialmente os que mais precisam.

Queremos um mundo fraterno, onde os jovens possam crescer e se realizar plenamente.

Incentivamos nos jovens a lealdade a seu país e o amor à terra natal, seu povo e sua

cultura, em harmonia com a promoção da paz, sem hostilidades entre classes sociais ou

entre nações. Promovemos a fraternidade mundial entre os jovens e a cooperação mundial

entre países e organizações.

Estimulamos nos jovens o respeito pela natureza e o compromisso com o meio ambiente.

Privilegiamos a vida ao ar livre como experiência educativa.

46

Contribuímos para a formação de cidadãos responsáveis que compreendem a dimensão

política da vida em sociedade, que desempenham um papel construtivo na comunidade e

que tomam suas decisões guiados pelos princípios Escoteiros.

Como Movimento educativo, não nos envolvemos nas disputas político-partidárias.

Entretanto, os princípios em que se baseia o Movimento Escoteiro orientam as opções

políticas pessoais dos nossos membros, e a formação de cidadãos responsáveis,

participantes e úteis em sua comunidade exige que estejamos atentos à realidade política.

Oferecemos a jovens e adultos a oportunidade de compartilhar a tarefa de crescimento

comum, em uma relação que fomente o diálogo, a compreensão e a participação. Neste

privilegiado encontro de gerações, todos os adultos atuam a serviço da liberdade dos

jovens.

NOSSO PROPÓSITO

Nosso propósito é contribuir para que os jovens assumam seu próprio desenvolvimento,

especialmente no caráter, ajudando-o a realizar suas plenas potencialidades físicas, intelectuais,

sociais, afetivas e espirituais, como cidadãos responsáveis, participantes e úteis em suas

comunidades.

Seu próprio desenvolvimento

Convencidos da pluralidade da natureza humana e interessados no ser humano, como um

todo, procuRamos oferecer aos jovens o desenvolvimento equilibrado de todas as dimensões de

sua personalidade, promovendo, criando e fornecendo oportunidades para o pleno

desdobramento de a complexa variedade de expressões do ser humano.

A saúde, a integração social, a maturidade, o equilíbrio afetivo e a própria felicidade

dependem do desenvolvimento harmonioso de todos esses aspectos.

Compromisso com a educação permanente

A vida se reinicia a cada momento, o que a converte numa aprendizagem que nunca se

conclui.

Nenhum aspecto da educação pode ser reduzido ao sistema escolar ou a um período de

vida, já que o ser humano tem necessidade e deve ter a possibilidade de aprender ao longo de

toda a sua existência.

Para que o jovem tome consciência desta realidade, nós o orientamos na direção do auto-

desenvolvimento e na busca da constante superação.

47

OS PRINCÍPIOS QUE NOS GUIAM

Nossos princípios constituem um marco referencial de valores essenciais e atraentes. A

adesão a esses valores contribui fortemente para que os jovens tenham uma razão de viver

consistente, para buscar a felicidade e motivar outros nessa mesma direção.

A relação com Deus

Convidamos os jovens a ir além do mundo material, a orientar suas vidas por princípios

espirituais e a seguir caminhando em busca de Deus, presente na existência de todos os dias, na

criação, no próximo, na história.

Convidamos os jovens a assumir a mensagem de sua fé, buscá-la e vivê-la na comunidade

de sua confissão religiosa, compartilhando da fraternidade dos que se unem em torno de uma

mesma religião e sendo fiéis e suas convicções, seus símbolos e suas celebrações.

Destacamos diante dos jovens a importância de integrar a fé à vida e à conduta, dela

prestando testemunho em todos os seus atos.

Além disso, nós os convidamos a viver sua fé com alegria, sem nenhuma hostilidade para

com aqueles que buscam, encontram ou vivem respostas diferentes diante de Deus, abrindo-se

ao interesse, à compreensão e ao diálogo com todas as opções religiosas.

Uma pessoa guiada por estes princípios reconhece, vive e compartilha o sentimento

transcendente de sua vida, sem posicionamentos sectários e sem fanatismo.

A relação com o próximo

Estimulamos o amor ao país e a seus símbolos, sem ufanismo, em harmonia com todos os

povos e buscando a promoção da paz mundial.

Propomos aos jovens respeitar com carinho o mundo natural, comprometer-se com o

desenvolvimento sustentável e participar ativamente dos esforços para sua preservação e

renovação.

Desenvolvemos e oferecemos oportunidades para que desenvolvam sua curiosidade,

ajudando-os a projetar em suas vidas adultas o interesse pela aquisição de habilidades para o

trabalho manual que permite transformar coisas, descobrindo a ciência e a tecnologia como meios

a serviço do homem. Nós os motivamos para que aprendam a reaprender, a reinventar, a

imaginar e a seguir pistas ainda não exploradas.

Motivamos sua admiração pelo trabalho bem feito e fomentamos sua aspiração à

excelência.

Uma pessoa animada por esse espírito deixará o mundo melhor do que aquele que

encontrou e seu testemunho será um permanente desafio à superação.

Entendemos que o ser humano só se realiza plenamente quando exerce sua liberdade

respeitando a do próximo.

Propomos aos jovens que busquem sua realização por meio do serviço ao próximo e que

se integrem de maneira responsável e solidária a sua comunidade.

48

Pedimos aos jovens que incorporem a valorização dos direitos humanos a seu modo de

pensar e suas atitudes. Promovemos seu comprometimento com a democracia como forma de

governo que melhor permite a participação de todos e a igualdade de oportunidades mesmo para

as minorias. Nossa proposta é que reconheçam e exerçam o poder e a autoridade sempre a

serviço do bem comum.

Destacamos o valor do trabalho de cada um para o bem estar de todos, ensinamos o

respeito aos que trabalham e incentivamos os jovens a orientar suas relações econômicas e

sociais de forma justa.

Promovemos a igualdade de direitos entre o homem e a mulher e fomentamos na

juventude o apreço pela colaboração e pelo mútuo enriquecimento, respeitando a natureza

particular de ambos os sexos, sem quaisquer preconceitos. No plano das relações pessoais, nós

os convidamos a desenvolver sua afetividade com naturalidade e respeito, pautando pelo amor

seu comportamento sexual.

Propomos ao jovem que aproveite a existência e as relações humanas com alegria e

senso de humor, buscando superar as dificuldades e expressando constantemente o prazer de

viver.

A nós interessa que os jovens sejam reconhecidas por suas atitudes de simpatia,

compreensão e afeto para com o próximo, transformando em ambientes agradáveis os espaços

em que vivem e se desenvolvem.

Uma pessoa guiada por estes valores sociais demonstra pelo seu próprio exemplo e

testemunho que é possível encontrar a felicidade e a realização pessoal por meio do serviço ao

próximo.

A relação consigo mesmo

Convidamos os jovens a usar progressivamente sua liberdade, e assumir-se com

responsabilidade, a aprender e discernir e decidir, enfrentando as conseqüências de suas

decisões e de seus atos.

Convidamos os jovens a usar progressivamente sua liberdade, e assumir-se com

responsabilidade, a aprender e discernir e decidir, enfrentando as conseqüências de suas

decisões e de seus atos.

Nós os desafiamos a pautar sua honra na fidelidade à palavra empenhada, leais para com

os demais e coerentes com seus valores.

Nós lhes propomos que sejam fortes, mantendo-se firmes em seus objetivos e tendo a

coragem de ser autênticos, em um claro testemunho de que são o que dizem ser.

O homem ou a mulher conseqüente com estes princípios é uma pessoa íntegra, reta e

forte, representa uma alternativa a alguns aspectos da cultura de hoje e contribui para a

superação de tendências permissivas.

49

NOSSO MÉTODO EDUCATIVO

Para alcançar nosso propósito, utilizamos o Método Escoteiro, que constitui um todo onde

se combinam diversos componentes.

A adesão à Promessa e à Lei Escoteira

O principal elemento do método é o convite pessoal a cada jovem, em um momento

determinado de sua progressão, para que formule sua Promessa Escoteira. Por meio deste

compromisso, o jovem aceita livremente, diante do seu grupo de companheiros, ser fiel à palavra

empenhada e fazer o seu melhor possível para viver de acordo com a Lei.

A Lei escoteira é um instrumento educativo em que estão expressos, de maneira

compreensível para as diferentes faixas etárias, os princípios que nos guiam.

Este compromisso será um ponto de referência em cuja direção se projetará toda a vida de um

jovem.

A aprendizagem pelo serviço

Como expressão dos princípios sociais do Movimento, o método Escoteiro é propício a que

os jovens assumam uma atitude solidária, realizem ações concretas de serviço e se integrem

progressivamente ao desenvolvimento de suas comunidades.

Além de contribuir para resolver um problema ou para aliviar uma dor, o serviço é uma

forma de explorar a realidade, de conhecer a si mesmo, de descobrir outras dimensões culturais,

de aprender a respeitar aos demais, de experimentar a aceitação e o reconhecimento do meio

social, de construir a auto-imagem e de estimular a iniciativa em direção às mudanças e à

melhoria da vida em comum.

A aprendizagem pela ação

Outro componente essencial é a educação ativa, em que os jovens aprendem por si

mesmos, por meio da observação, do descobrimento, da elaboração, da inovação e da

experimentação.

Esta aprendizagem não-formal permite viver experiências pessoais que interiorizam e

consolidam o conhecimento, as atitudes e as habilidades.

Desta maneira, e do ponto de vista cognitivo, se substitui a simples recepção de

informação pela efetiva aquisição de conhecimento; no domínio da afetividade, se substitui a

norma imposta pela norma descoberta e a disciplina exterior pela interior; e, no campo motriz, a

passividade receptiva do destinatário cede lugar à criatividade efetiva do realizador.

Um sistema de equipes

Um fator fundamental do método é a vinculação a pequenos grupos de jovens de idade

semelhante. Estas equipes de iguais aceleram a socialização, identificam seus membros com os

objetivos comuns, ensinam a estabelecer vínculos profundos com outras pessoas, geram

responsabilidades progressivas, proporcionam autoconfiança e criam um espaço educativo

privilegiado para que o jovem cresça e se desenvolva.

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Uma sociedade de jovens

Os pequenos grupos e as demais estruturas oferecidas pelo Movimento para que os

jovens se organizem em torno de sua proposta educativa e desenvolvam suas atividades por si

mesmos, fazem lembrar uma sociedade de jovens.

Nela se observam órgãos de governo e espaços para a participação, assembléias e

conselhos que ensinam a administrar divergências e a obter consensos, organismos de tomada

de decisões de interesse coletivo ou individual, equipes executivas que impulsionam à ação e

fazem com que as coisas aconteçam.

Uma escola ativa que incorpora a aprendizagem da convivência, da democracia e da

eficiência à vida cotidiana.

A quantidade, o tamanho e o nome dessas estruturas procuram responder às

necessidades que decorrem das características do jovem nas diferentes etapas do seu

desenvolvimento.

A aprendizagem pelo jogo

O jogo oferece excelentes oportunidades para experimentar, aventurar, imaginar, sonhar,

projetar, construir, criar e recriar a realidade.

É, portanto, uma ocasião de aprendizagem significativa que o método Escoteiro privilegia

como um espaço para experiências em que o jovem é o protagonista. No jogo ele desempenhará

papéis diversificados, descobrirá regras, se associará com outros, assumirá responsabilidades,

medirá forças, desfrutará de triunfos, aprenderá a perder, avaliará seus acertos e seus erros.

Um sistema progressivo de objetivos e atividades: o Programa de Jovens

A expressão mais visível e atraente do método Escoteiro, onde se integram em absoluta

harmonia todos os seus outros componentes, é seu variado programa de atividades, que

representa para o jovem uma oferta coincidente com seus interesses e dentro da qual eles

escolhem o que desejam fazer.

Estas atividades permitem aos jovens extrair experiências pessoais que levam à conquista

dos objetivos que o Movimento lhes propõe para as diferentes etapas do seu desenvolvimento.

Os objetivos se encaminham progressivamente para o cumprimento do projeto educativo

do Movimento, se baseiam nas necessidades do desenvolvimento harmônico dos jovens e se

ajustam a suas possibilidades nas diferentes idades.

As atividades propostas significam desafios que estimulam o jovem a se superar, permitem

experiências que dão lugar a uma aprendizagem efetiva, produzem a sensação de haver tirado

algum proveito e despertam o interesse por desenvolvêlas.

Por isso dizemos que são desafiantes, úteis, recompensantes e atraentes.

Pode ser incorporada ao programa de jovens toda atividade que reuna essas condições. O

programa, por sua vez, é construído, realizado e avaliado com a participação de todos, mediante

formas de animação que variam segundo as diferentes etapas de progressão.

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A vida ao ar livre

A vida ao ar livre é um meio privilegiado para as atividades escoteiras.

Os desafios que a natureza apresenta permitem aos jovens equilibrar seu corpo,

desenvolver suas capacidades físicas, manter e fortalecer a saúde, ampliar a criatividade,

exercitar espontaneamente sua liberdade, estabelecer vínculos profundos com outros jovens,

compreender as exigências básicas da vida em sociedade, valorizar o mundo, formar seus

conceitos estéticos, descobrir e se encantar com a ordem da Criação.

O método Escoteiro propõe aos jovens Integrar essas experiências a seus hábitos

freqüentes e a seu estilo de vida, recuperando continuamente o silêncio interior e retornando

sempre aos ritmos naturais e à vida sóbria.

Um marco simbólico

O método também apresenta aos jovens um conjunto de elementos simbólicos que

incorporam a riqueza dos símbolos e integram o ambiente de referência próprio do Movimento.

Estes símbolos motivadores estimulam a imaginação, ajudam a promover a coesão em

torno dos objetivos compartilhados, asseguram o senso de pertencer a um grupo de iguais e

destacam paradigmas que se oferecem como modelos a imitar.

Cada uma das etapas de progressão se relaciona a um marco simbólico próprio, que se

adapta à capacidade imaginativa e às necessidades de identificação de cada faixa etária.

Um cerimonial para celebrar a vida

O desenvolvimento progressivo do jovem é destacado por meio de diversos atos que

comemoram sua história pessoal e a tradição comum, além de traduzir a alegria da comunidade

pelo progresso de cada um dos seus integrantes.

Pelo cerimonial se renova o sentido do símbolo, se reforça a unidade do grupo e se cria o

ambiente propício à reflexão em torno dos valores que permeiam a atividade de todos os dias.

A presença estimulante do adulto

No processo de crescimento dos jovens, o educador adulto, permanecendo como tal, se

incorpora alegremente ao dinamismo juvenil, dando testemunho dos valores do Movimento e

ajudando os jovens a descobrir o que não poderiam descobrir sozinhos.

Este estilo permite estabelecer relações horizontais de cooperação para a aprendizagem,

facilita o diálogo entre as gerações e demonstra que o poder e a autoridade podem ser exercidos

a serviço da liberdade daqueles a quem se educa, dirige ou governa.

O HOMEM E A MULHER QUE PRETENDEMOS OFERECER À SOCIEDADE

Desejamos que os jovens que tenham sido Escoteiros façam o seu melhor possível para

ser: Um homem ou uma mulher reto de caráter, limpo de pensamento, autêntico na forma de agir,

leal, digno de confiança.

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Um homem ou uma mulher capaz de tomar suas próprias decisões, respeitar o ser

humano, a vida, e o trabalho honrado; alegre, e capaz de compartilhar sua alegria; leal ao seu

país, mas construtor da Paz, em harmonia com todos os povos.

Um homem ou uma mulher líder a serviço do próximo.

Integrado ao desenvolvimento da sociedade, Capaz de dirigir, De acatar as leis, De

participar, Consciente dos seus direitos, Sem se descuidar de seus deveres, Forte de caráter,

Criativo, esperançoso, Solidário, empreendedor.

Um homem ou uma mulher amante da natureza, E capaz de respeitar sua integridade.

Guiado por valores espirituais, Comprometido com seu projeto de vida, Em permanente

busca de Deus, E coerente em sua fé.

Capaz de encontrar seus próprios caminhos na sociedade e ser feliz.

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9.2. Anexo II - Questionário (1ª fase) Nome __________________________________________________

Idade _____ anos

Profissão ________________________________________________________________ Grupo Escoteiro _______________________ Região ____________

Numeral ________

01. Há quanto tempo é Escoteiro? ____________________________________________ 02. Como chegou até o Movimento Escoteiro? ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 03. Estudou (ou estuda) em escola pública ou particular? ( ) Pública ( ) Particular 04. De que forma o “ser Escoteiro” gerou (ou gera) reflexos no seu aprendizado na escola? ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 05. De que forma o “ser Escoteiro” influenciou (ou influencia) sua vida profissional? ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 06. Como você vê a inserção dos princípios do Movimento Escoteiro na escola? ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________

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9.3. Anexo III - Questionário (2ª fase) Nome __________________________________________________

Idade _____ anos

Profissão ________________________________________________________________ Cargo/ Função no Grupo Escoteiro ____________________________________________ Grupo Escoteiro _______________________ Região ____________

Numeral ________

01. Há quanto tempo foi fundado o Grupo Escoteiro? _____________________________ 02. Como são trabalhados os seguintes temas/ assuntos nas reuniões Escoteiras? - Astronomia: _____________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ____________________________________________________ ou ( ) não é trabalhado - Botânica: _______________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ____________________________________________________ ou ( ) não é trabalhado - Ciências da Terra: ________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ____________________________________________________ ou ( ) não é trabalhado - Zoologia: _______________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ____________________________________________________ ou ( ) não é trabalhado 03. De que forma o Escotismo gerou (ou gera) reflexos no aprendizado dos membros do Grupo Escoteiro na escola? ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ 04. De que forma o Escotismo influenciou (ou influencia) a vida profissional dos membros do Grupo Escoteiro? ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________

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9.4. Anexo IV - Certificado de Participação em Simpósio

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9.5. Anexo V - Certificado de Apresentação de Trabalho