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A CONGREGAÇÃO CRISTÃ NO BRASIL EM MANDAGUARI, PR: GRUPOS
LIMINARES E SEU PERTENCIMENTO1
Levi Avelino Martins*
Solange Ramos de Andrade**
RESUMO: Este artigo investiga formas de experiência religiosa e o sentimento de
pertencimento mediante suas manifestações entre os alunos da Congregação Cristã no Brasil, na cidade de Mandaguari (PR). Também visa contribuir com o Colégio Estadual Vera Cruz de Mandaguari, no sentido de desenvolver uma visão mais atenta das múltiplas adesões religiosas no espaço escolar. Ao constituir o diálogo com outras disciplinas, poder-se-á entender como o homem estabelece e organiza suas relações e vivências com o sagrado, o que contribuirá com a reflexão histórica. Neste sentido, podem-se trabalhar as percepções religiosas mantendo o diálogo interdisciplinar, ampliando, assim, os horizontes e os territórios historiográficos. PALAVRAS-CHAVE: Religião, Crença religiosa, História Local, Cristianismo.
THE CHRISTIAN CONGREGATION IN BRAZIL, MANDAGUARI, PR: PRELIMINARY
GROUPS AND ITS BELONGING
ABSTRACT: This article investigates forms of religious experience and the feeling of belonging through its manifestations among the students of the Christian Congregation of Brazil, in the city of Mandaguari (PR). It also aims to contribute to the State School „Vera Cruz‟ of Mandaguari, to develop a closer view of the multiple religious affiliations in school. By creating a dialogue with other disciplines, it will be able to understand how each other establishes and organizes his relationships and experiences with the sacred, what will contribute to the historical reflection. In this sense, one can work out the religious insights maintaining the interdisciplinary, thus, widening horizons and the historiographical territories.
KEYWORDS: Religion; Religious belief; Local History; Christianity.
1 Artigo apresentado ao Programa de Desenvolvimento Educacional do Paraná – PDE
realizado na Universidade Estadual de Maringá, como requisito final para conclusão do curso. Orientadora: Profª. Drª Solange Ramos de Andrade. * Professor de História do Ensino Fundamental e Médio da Rede Estadual de Ensino do Estado do Paraná em Mandaguari. ** Orientadora do PDE. Doutora em História. Professora do Curso de História e do Programa
de Pós-Graduação em História da Universidade Estadual de Maringá-UEM
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Apresentação
No presente artigo pretende-se, em um primeiro momento, abordar os
propósitos do Programa de Desenvolvimento Educacional do Estado do Paraná
- PDE, que constitui um importante projeto na política de formação dos
professores, porque demonstra uma preocupação com a qualidade do ensino,
ao possibilitar aos educadores o retorno aos estudos e contar com o
acompanhamento de docentes das universidades públicas do Paraná, em
busca da melhoria no ensino básico.
O PDE é um programa integrado com as instituições de ensino
superior, atento às reais dificuldades presentes na educação, e possibilita um
debate mais amplo no interior da escola.
Portanto, este artigo foi realizado graças ao afastamento das atividades
de sala de aula, o que propicionou tempo de pesquisa para o professor e o
intercâmbio com a universidade.
Assim, este estudo, como aluno do PDE, contempla a temática religião
e religiosidade, pensando na diversidade que é o espaço escolar, a
multiplicidade de culturas, principalmente no campo religioso em que não há
apenas católicos, mas diversas formas de experiências e vivências religiosas.
Trata-se de um olhar mais atento às adesões religiosas dos alunos,
percebidas no comportamento e no uso de objetos, como adesivos e versos
bíblicos em seus cadernos. Nesta perspectiva faz-se necessário considerar a
pluralidade do campo religioso que deve ser discutido e problematizado.
No entanto, a escola continua a reproduzir os valores de um
catolicismo oficial e cosmopolita, prática bem visível em seu interior, também
com o uso e difusão de objetos da simbologia católica, como crucifixos nas
secretarias, sala dos professores, sala do diretor, comemoração dos feriados
da religião oficial, dia da padroeira e outros.
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Essa postura reforça os valores e conceitos do catolicismo,
desconsiderando a presença significativa de outros grupos e suas relações
diferenciadas de religiosidade.
De acordo com (MIGUEL; RIBEIRO, 2007), não há como ignorar a
presença marcante do catolicismo ainda muito presente no interior da escola:
Quem de nós, nunca viu na entrada de qualquer escola, por esse Brasil a fora, uma imagem de Jesus Cristo crucificado? Ou, um quadro da Sagrada Família? Ou, uma imagem de Nossa Senhora Aparecida? Ou ainda, a imagem da Virgem Maria? Estes símbolos católicos se fazem presentes nas escolas públicas brasileiras e se constituem em discursos que conservam embutidos efeitos específicos de poder. São signos que marcam o cotidiano escolar como território de uma religiosidade superior: o catolicismo. (MIGUEL; RIBEIRO, 2007,p.5).
Outra questão importante é estabelecer as diferenças entre religião e
religiosidade, devido as múltiplas e multifacetadas conceituações existentes
sobre o tema, porque fazem parte do cotidiano das pessoas, pode-se dizer
que se ouvem ou mesmo se empregam quase que diariamente, porém sempre
empregados de maneira indiscriminada, sem um critério, confundindo e
misturando. Portanto, faz-se necessário um entendimento mais objetivo sobre
os termos. A palavra religião, vem do latim religio, formada pelo prefixo re
("outra vez, de novo") e o verbo ligare ("ligar, unir, vincular"). (CHAUÍ, 1997).
Neste sentido, a religião sempre se apresenta como uma narrativa de
origem para dar sentido à vida, estabelecendo um código de moralidade e
mesmo de comportamento. A religião é diferente da religiosidade porque tem
um aspecto público, coletivo institucionalizado, apresenta formas de
manifestações políticas e culturais, com padrões estabelecidos, que precisa de
um espaço geográfico em forma de templos ou congregações, também valoriza
objetos sagrados essenciais no processo de comunicação e representação
simbólica.
A religião se configura num conjunto de formas de conhecimentos e de
crenças que religa as experiências concretas das pessoas ao significado que
elas lhes atribuem, ao sentido que dão à vida e à morte.
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Alguns estudiosos fizeram previsões que o sentimento religioso entraria
num processo de enfraquecimento com o avanço de um racionalismo, no
entanto tais previsões não ocorreram, os fenômenos religiosos estão em
processo de expansão, atraindo cada vez mais a atenção dos estudiosos para
o estudo dos comportamento do campo religioso no mundo moderno.
Entretanto, a religiosidade não precisa de regras, a compreensão não
necessita de racionalidade, é mais abstrata com relação aos sentimentos e
emoções, é a forma particular de participar e experimentar o sagrado e se
manifesta através de devoções e romarias.
No caso das igrejas pentecostais, objeto deste artigo, a religiosidade é
percebida através das promessas, testemunhos que os fiés apresentam para
toda a igreja, comentando formas de contato e visões com o sagrado e mesmo
soluções de problemas tidos como resolvidos através de milagres. Também o
fenômeno dos dons de línguas (glossolalia) é o exemplo bastante claro de
formas de religiosidade individual que os fiéis experimentam através do contato
direto com o sagrado.
Diferenças entre protestantismo e pentecostalismo
O protestantismo tem origem no século XVI, com a reforma religiosa
que levou à divisão da Igreja católica. Surgiram dois grupos, o primeiro
manteve-se fiel aos cânones da Igreja Católica, ao papa. O segundo, chamado
protestantes, que passa a não aceitar as determinações da Cúria Romana e a
defender o livre-arbítrio para interpretação da Bíblia. Para (MARIANO, 1999),
as principais igrejas protestantes histórica são a: Luterana, Presbiteriana,
Congregacional, Anglicana, Metodista e Batista.
A partir do século XX, surgiram as igrejas pentecostais, que são uma
ramificação do protestantismo, descendentes das igrejas Metodista e Batista. O
nome tem origem em pentecostes, festa religiosa dos judeus.
E cumprindo-se o dia de pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar; e de repente veio do céu um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados. E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo as quais pousaram sobre cada um deles. E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras
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línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem. (ATOS DOS APÓSTOLOS,1990,vers.2.V.1 ao 4).
Entretanto, para as igrejas pentecostais o Espírito Santo continua a se
manifestar nos dias de hoje. Como bem sintetizou Mariano:
O pentecostalismo, herdeiro e descendente do metodismo wesleyano e do movimento holiness, distingue-se do protestantismo, grosso modo, por pregar, baseado em Atos 2, a contemporâneidade do Espírito Santo, dos quais sobressaem os dons de línguas (glossolalia), cura e discernimento de espíritos. (MARIANO, 1999,p.18)
Ainda segundo Mariano:
Os pentecostais, diferentemente dos protestantes históricos, acreditam que Deus, por intermédio do Espírito santo e em nome de Cristo, continua a agir hoje da mesma forma que no cristianismo primitivo, curando enfermos, expulsando demônios, distribuindo benções e dons espirituais, realizando milagre, dialogando com seus servos, concedendo infinitas amostras concretas de Seu supremo poder e inigualável bondade (MARIANO, 1999,p.18)
Conhecendo a primeira igreja pentecostal brasileira
A história da Congregação Cristã no Brasil (CCB)2 é hoje representada
por mais de dezessete mil e quinhentos e oitenta e quatro igrejas espalhadas
pelos diferentes estados brasileiros. Atualmente, possui templos em mais de 70
países na América, Ásia, África e Europa. (CCB, 2009/2010). A CCB foi a
primeira igreja pentecostal instituída no Brasil. Surge em 1910 por iniciativa do
italiano Luigi Francescon3, de origem presbiteriana, que veio dos Estados
Unidos para um trabalho evangelista na América do Sul. Inicia suas atividades
na cidade de Santo Antonio da Platina (PR) e depois na capital paulista, no
Bairro do Brás. O projeto missionário de Francescon era trabalhar no meio de
operários italianos, seus conterrâneos em São Paulo, no entanto as ideias
anarquistas ganhavam as simpatias do operariado na Itália e também dos
2 A sigla CCB será usada quando referir-se à Igreja Congregação Cristã no Brasil
3 Ou Louis Francescon
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imigrantes aqui no Brasil, a CCB, porém, manteve-se afastada de
questionamentos de ordem política e social devido à ofensiva católica.
A ofensiva desencadeou-se em duas frentes: a dos católicos letrados e dos eclesiásticos, defendendo a igreja Católica como a única verdadeira, e ainda manejando os dados estatísticos; e a outra, uma frente de ação violenta, inclusive com uso da polícia, contra núcleos e Igrejas pentecostais. Os pentecostais e outros protestantes eram tratados com termos depreciativos e injuriosos, e algumas vezes a entrada de seus templos entulhada de sujeiras. Desconhecendo os dispositivos religiosos dos pentecostais e usando da sua autoridade e prestígio junto às autoridades civis, padres e católicos moveram uma campanha dura e persistente. (ROLIM, 1987, p.38)
Motivo que causou pouca aceitação entre os grupos de operários de
origem italiana e os segmentos mais esclarecidos. No entanto, as camadas
menos esclarecidas de origem camponesa começaram a se identificar com as
doutrinas ascética e dogmática da Igreja, estabelecendo grande simpatia entre
esses grupos, que viviam relações autoritárias no início do regime republicano.
A CCB apresenta algumas peculiaridades que a difere das demais
igrejas pentecostais, principalmente do ponto de vista litúrgico e doutrinário.
Nos cultos, homens e mulheres sentam-se separados. As reuniões de culto são
menos emocionais, não é costume bater palmas, cantam-se hinos solenes, que
excitam a contrição em ambiente de seriedade, sendo os serviços religiosos
conduzidos somente pelos homens: "Que as mulheres fiquem caladas nas
assembleias, como se faz em todas as igrejas dos cristãos, pois não lhes é
permitido tomar a palavra. Devem ficar submissas, como diz também a lei".
(BÍBLIA,Coríntios: 14, 34-35)
Os homens que dirigem os serviços são chamados de "encarregados,
cooperadores, anciãos" e não pastores, com uma linguagem simples e direta.
Os cultos são intercalados entre hinos, oração, testemunhos, que consistem
em relatos de graça alcançada. Entretanto, merece destacar o fato de que
ninguém recebe qualquer remuneração de cargo ou função ministerial pelos
serviços prestados à Igreja. Evita-se pôr em destaque qualquer tipo de
liderança carismática, e desestimula-se excursões ou visitas a localidades onde
a igreja foi fundada como Santo Antonio da Platina (PR) e Brás (SP),
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consideradas como idolatria. Os cultos seguem horários e liturgia rígida sem
espaço para improvisação.
As mulheres não participam como iguais e devem ter cabelos longos,
não usar roupas curtas, decotadas e maquiagem, quando orar ou profetizar
devem estar com a cabeça coberta como o véu. (CCB, [1948], 2011)4
A Igreja não estabelece intercâmbio com as várias denominações
protestantes, condena a candidatura de crentes para cargos políticos:
Cargos políticos, aquele que exerce cargo ou ministério na Congregação, caso se envolva em política ou se candidate a algum cargo político, perderá a condição de continuar no ministério e não poderá mais retornar (quer venha a ganhar ou a perder a eleição). Continuará como nosso irmão na fé, porém, não poderá influenciar a irmandade e nem fazer qualquer pronunciamento ou comentário político na Congregação, seja em orações, testemunhos ou por qualquer outra forma. (CCB, [1948], 2011)
O batismo nas águas sem qualquer requisito (exceto para casais que
vivem em união consensual) qualifica moralmente a pessoa para a
comunidade, após o término do culto os crentes despedem-se com um beijo na
face (ósculo santo), sempre entre homens ou entre mulheres.
Importante notar que não existe clientela flutuante na comunidade, o
convertido na CCB não frequenta outras comunidades religiosas. Em caso de
conflitos doutrinários com a Igreja ocorre a exclusão do rol de membros. O
crente afastado5 tem muitas dificuldades de estabelecer filiações em outras
comunidades religiosas. A igreja também conta com uma rede de ajuda mútua
material e simbólica entre irmãos na fé, conhecida como "Obra da piedade6",
que estende atividades para famílias em situação de privação material e
conforto espiritual para doentes.
Fortalecendo o grupo doméstico, mantendo um alto índice de
participação nos cultos, os membros são aconselhados a ter a religião presente
4 Reunião de ensinamentos realizadas em março de 1948 (CCB)
5 Até os anos 1980 o afastamento de um membro era anunciado em público, com os avanços
sociais e a redemocratização do Brasil a igreja abandonou essa prática, o afastamento é individual e sigiloso. 6 Estatuto, 2004 Artigo 19. A CONGREGAÇÃO CRISTÃ NO BRASIL mantém um serviço de
assistência aos féis necessitados, conforme a Guia de Deus.
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em todas as suas fases de vida, estabelecendo assim formas de identidade e
pertencimento.
A Igreja também não oferece nenhum tipo de serviços religiosos, como
não comemora devoção a santos. Importante notar que a Igreja vem
abandonando o discurso sobre "diabo, inferno, milagres, fim dos tempos" e
também proíbe qualquer tipo de exorcismo, libertar a pessoa da possessão por
demônios, prática mais comum nas igrejas neopentecostais.
Entretanto, a ideia de um permanente "confronto espiritual' ainda é
muito presente no imaginário evangélico, na existência de forças demoníacas,
conforme a pesquisa intitulada, Novo Nascimento, realizada pelo ISER em
1994 (FERNANDES, 2006).
É importante observar que, apesar de todas as mudanças no campo
religioso e com a modernização de algumas instituições, a CCB mantém vivas
suas origens de abstinência de tantas coisas consideradas mundanas, como:
bebidas alcoólicas, fumo, saia curta, carnaval e até mesmo futebol
(MESQUITA, 2006).
Nesta perspectiva, Mariz e Machado (1994) consideram que a adesão
ao pentecostalismo representa, pois, um exercício cotidiano de autocontrole e
na vitória da vontade sobre o corpo, e todos os impulsos irracionais que, ao se
apresentarem como "provações", devem ser cotidianamente rechaçadas.
A Igreja também rejeita qualquer tipo de pregação em praças públicas,
rádio ou televisão, o projeto evangelizador é realizado através da militância dos
próprios membros, que convidam parentes e amigos, a conduta
comportamental e ética é valorizada para a conquista de novos membros.
Assim como rejeita qualquer tipo de ataque a outras religiosidades:
Cuidado nas pregações, cuidado para não mencionar nomes de denominações nas pregações. Tornamos a dar ensinamento ao ministério de que nos cultos e, principalmente nas pregações, não devemos mencionar nomes de denominações religiosas. Assim deve o ministério proceder e ensinar a irmandade também. (CCB, 2011).
A CCB, desde a sua origem 1910 até os anos 50, apresentou
crescimento vigoroso, disputando os fiéis apenas com a Igreja Assembleia de
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Deus, fundada em 1911 no Pará (Mariano, 1999). A CCB está concentrada no
Sudeste, principalmente São Paulo e Paraná (CCB, 2009/2010).
De acordo com Freston (1994), o movimento pentecostal brasileiro
pode ser compreendido em três ondas, como segue:
O pentecostalismo brasileiro pode ser compreendido como a história de três ondas de implantação de igrejas. a primeira onda é a década de 1910, com a chegada da Congregação Cristã (1910) e da Assembléia de Deus (1911) (...) A segunda onda pentecostal é dos anos 50 e início de 60, na qual o campo pentecostal se fragamenta, a relação com a sociedade se dinamiza e três grandes grupos (em meio a dezenas de menores) surgem: a Quadrangular (1951), Brasil Para Cristo (1955) e Deus é amor (1962). O contexto dessa pulverização é paulista. A terceia onda começa no final dos anos 70 e ganha força nos anos 80. suas principais representantes são a Igreja Universal do Reino de Deus 91977) e a Igreja Internacional da Graça de Deus (1980) (...) O contexto é fundamentalmente carioca (FRESTON, 1994,p.42)
Expressões usadas entre os crentes da CCB
Importante notar que, existe uma comunicação simbólica muito comum
na comunidade de crentes, porém incompreensíveis para pessoas fora do
grupo religioso. Os significados das expressões mais usadas entre os membros
da CCB:
Irmandade: Refere-se ao conjunto dos membros da Congregação, tem
raízes na fraternidade das comunidades italianas espalhadas pelo mundo no
início do século 20.
Obra de Deus: Refere-se a Congregação Cristã como um todo.
Revestido: Líder religioso que prega com determinação e fervor, fala em
dons de línguas (glossolalia).
Congregar: Significa ir à Igreja, participar do culto. Ainda se usa as formas
conjugadas: congregamos, congreguei, congregou.
Recolher: Quando um membro morre firme na igreja, Deus recolheu para o
seu reino, dormir no Senhor.
Ficar sem liberdade: Não poder mais chamar hinos, orar e testemunhar na
igreja, se for do ministério não poderá executar nenhum serviço religioso, por
quebra da doutrina.
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Cair da graça: Cometer pecados (normalmente adultério, considerados
graves) e perder a liberdade de membro da Igreja.
Despedir: Os jovens, quando vão se casar, costumam levantar-se e
“despedirem-se” da mocidade, notificando que é o ultimo culto ou reunião
que participam como solteiros.
Testemunhança: Espaço no culto onde o membro pode contar alguma
bênção recebida de Deus. O ato de se levantar para contar chama-se
testemunhar.
Trazer ou levar saudações: Quando o membro vai em visita a outra
comunidade, alguns costumam levantar-se e dizer que desejam levar
saudação para aquela comunidade, ao que o povo responde com amém,
sim. Da mesma forma poderá trazer saudações de outras igrejas.
Testemunhado: Diz-se da pessoa que ouviu o evangelho segundo a
pregação da Congregação Cristã, sendo que geralmente já está indo à
Congregação, mas não se batizou ainda.
Descer às águas: Ser batizado nas águas (na vasca batismal).
Ungido: Líder religioso, chamado de ancião, sua indicação é por revelação, o
escolhido deve ser selado com a promessa, falar em línguas (glossolalia).
Criatura: Todas as pessoas que não são da CCB e também não são
testemunhados. Porém, Já saiu ensinamento para não ser mais usado este
termo.
Chamar na graça: Batizar na Congregação Cristã.
Seitário: Qualquer evangélico que não pertence à CCB. Muitos ainda a
utilizam internamente, ao se referirem a crentes de outras igrejas.
Glossolalia: a oralidade de muitas línguas
Falarão novas línguas” (Mc 16.17)
O dom das línguas, ou glossolalia, constitui um elemento marcante da
doutrina pentecostal. Trata-se de uma forte evidência do batismo no Espírito
Santo, com formas de expressão de balbuciar palavras ou sons sem
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interconexão ou sentido que possa ocorrer em forma de canto ou oração7.
Cabe enfatizar que a Congregação Cristã no Brasil é enfática com relação a
esses fenômenos. (CCB Art. 22 Capítulo VII). "Nós cremos no batismo do
Espírito Santo, com evidência de novas línguas, conforme o Espírito Santo
concede que se fale (BIBLIA, Atos 2:4: 10: 45-47 e 19:6)".
A glossolalia não é um fenômeno novo, sempre existiu em diferentes
períodos e lugares da história das religiões, pode se manifestar em formas de
experiências extática individual, espaço coletivo através de um ambiente
propício ou promovida através de um líder carismático. Pesquisas modernas
oferecem algumas discussões sobre esses comportamentos.
Para Lewis (1977), e Goodman (1974), a glossolalia está associada às
circunstâncias sociais e podem manifestar em maior ou menor grau de acordo
com a região. Ainda para Lewis é um comportamento típico de categorias
liminares principalmente em sociedades rigidamente estratificadas, entendido
como um protesto politicamente e tenuemente disfarçado entre esses grupos
que não contam com outras formas de representações para denunciar e
pressionar por atenção e respeito.
Geralmente a glossolalia apresenta maior incidência entre as mulheres
de classe social mais desfavorecida e em sociedades patriarcais nas quais os
homens negam a suas companheiras uma efetiva igualdade jurídica.
Ressentidas contra os abusos masculinos, o êxtase é usado como uma
estratégia em situações de aflições para conquistarem maior consideração e
respeito no grupo familiar e na comunidade, estabelecendo assim um certo
equilíbrio, mesmo que aparente. Para Lewis, a glossolalia também pode ser
exercida para fortalecer e legitimar a função de um líder religioso, que impõe
sua autoridade e reconhecimento como vontade divina sem questionamentos
por parte do grupo (LEWIS, 1977).
Há discussões do campo da Psicologia que entendem que se trata de
uma manifestação de doença mental, afirmam que a desordem de consciência
está associada a estados esquizofrênicos, epilépticos ou histéricos. No entanto,
7 As aclamações êxtáticas mais presentes entre os grupos pentecostais: "Amém", "Aleluia",
"Hosana", Samalaia", "Senhor Jesus", "Bendito Deus".
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outros estudos têm afirmado a incoerência entre essa associação, porque
existem significativas diferenças entre pessoas que sofrem de desordem
mental e pessoas que participam de experiências religiosas envolvendo a
glossolalia, porque o êxtase não se apresenta no cotidiano do indivíduo, mas é
preciso um ambiente próprio para a sua manifestação.
Entretanto, para o campo da psiquiatria é importante destacar o estudo
de Freud (apud GARCIA-ROZA, 1994). Para ele a histeria ou êxtase é o
resultado do conflito entre o ego e algum desejo proibido que, no entanto, é
suprimido, e que num dado momento é liberado pelo corpo, tendo como
consequências alterações comportamentais, seguida de movimentos bruscos
ou não.
Ainda a esse respeito Fernando Portela Câmara, psiquiatra clínico,
professor da UFRJA, em um artigo sobre transe e possessão, afirma que:
A maioria das pessoas que se apresentam em transe não são, decididamente, portadoras de nenhuma patologia psiquiátrica. Trata-se da influência de elementos sócio-culturais na representação da realidade, não deve ser, por si só, tomada como doenças mental. (CÂMARA, 2005).
Já, Márcia Mello Costa de Liberal procura analisar o fenômeno
glossolalia como um sistema de representações:
Em relação à representação dos conhecimentos, além da transmissão já existente, a organização religiosa pode também produzir novos sentidos religiosos, em novas circunstâncias; por exemplo, quando muitas são as transformações culturais, e o sentido anterior não é mais decodificado pelos fiéis, deixa de se relacionar com a realidade do presente, há necessidade de serem transformados e de serem criados novos sistemas de representações. (LIBERAL, 2004, p. 8).
O sentimento de pertencimento e a contribuição da CCB com a história
local
Desenvolve-se neste artigo, ainda que em caráter introdutório, a
possibilidade de se discutir a importância da adesão a uma comunidade
religiosa para as pessoas, não se trata de estudar a doutrina e disciplina de
uma igreja pentecostal ou praticar fundamentalismo religioso, muito menos
tecer considerações sobre o lado místico da experiência religiosa.
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A partir da observação de uma comunidade de irmãos específica,
Congregação Cristã no Brasil, na cidade de Mandaguari-PR, foi possível
perceber suas contribuições com o sentimento de pertencimento e identidade
que estabelece a um determinado grupo social e que faz as pessoas se
sentirem aceitas e valorizadas. Neste sentido a religiosidade organiza a vida
das pessoas, mesmo nas escolhas mais simples, como o modo de se vestir,
corte de cabelo e a adoção de um código rígido de comportamento (NOVAES,
1985). Assim, a Igreja da sentido à vida, conduz as pessoas a trilhar caminhos
considerados corretos pela sociedade.
Para Salles (2003), os homens buscam uma ordem terrena e uma
forma de vida mais organizada, e o pentecostalismo, com suas disciplinas
rígidas, oferece essa forma de conduta.
Nascimento (1999) destaca uma maior presença de mulheres em
relação aos homens, porque a adesão aos princípios evangélicos não
representa mudanças significativas para as mulheres como para os homens,
porque eles têm maior liberdade nos espaços da rua:
A rua pode ser considerada para o homem como seu lugar simbólico por excelência, porque representa, a um só tempo, o espaço de liberdade e anonimato – onde pode dar vazão a seus impulsos sem o olhar repressor dos conhecidos parentes, assim como a seus sentimentos de tristeza e fracasso –, e espaço da sociabilidade e lazer (da bebida com amigos, dos jogos, bares, farras). (NASCIMENTO, 1999,p.73).
Para Machado (1996) a adesão ao pentecostalismo também
estabelece harmonia no espaço familiar, principalmente para as mulheres, que
ampliam seus direitos no espaço doméstico, como também no público,
participando de visitas e eventos da igreja.Também por meio dele elas podem
mudar alguns valores masculinos como o cigarro, bebida, dança, aventuras
amorosas, ainda muitos associados à masculinidade:
Domesticar seus cônjuges, que uma vez convertidos abandonam o consumo de bebida alcoólica, as visitas às prostitutas e o vício do cigarro, canalizando o dinheiro para a família e suas demandas. E mais: ao condenar o orgulho, a arrogância e o uso da violência, e reforçar a passividade, a generosidade e a humildade em homens e mulheres, a doutrina pentecostal ajuda a mudar o poder relativo dos
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esposos, criando um modelo alternativo para a tradicional família patriarcal ou um 'novo ethos familiar'. (MACHADO, 1996, p.34).
A convivência entre irmãos nos grupos pentecostais também
estabelece dignidade e uma igualdade aparente entre as mulheres e homens
em situações econômicas mais privilegiadas e homens em situações
desfavorecidas. Assim, na própria liturgia como no momento do testemunho8,
todos podem participar, todo testemunho é relevante, todos são protagonistas,
o cotidiano é valorizado. Nas inúmeras atividades promovidas pela Igreja como
batismo, reuniões de mocidades9, cultos de evangelização em residências e
visita de solidariedade a doentes.
Também contribui com a integração social e aumento da autoestima
quando os fiéis em forma de agradecimento por sua filiação religiosa,
"Afastamento das coisas do mundo” (NOVAES, 1985, p.9) procuram estar
sempre bem trajados, com terno e gravata, vestido social, como uma forma de
identidade oposta à identidade mundana, como uma forma de negar o mundo
em todas as suas dimensões. Para Mesquita (2006) a seriedade e elegância
nas vestimentas possibilita uma posição de igualdade dificilmente concretizada
em outras situações.
Neste sentido, 'ser crente', costuma-se dizer, 'é ser diferente'
(ANTONIAZZI, 1996, p.14) é recriar uma nova ordem de existência “fora deste
mundo de pecados”.
De forma muito genérica pode-se afirmar que todas estas contribuições
fundamentam, completam e reforçam os argumentos expostos sobre formas
primárias de pertencimento, porque ser crente também é uma identidade
social, um estilo de vida diferente, que torna essas pessoas alvo de admiração,
é recriar um novo significado para a existência. “O crente continua vivendo no
mundo, mas não se considera mais do "mundo"”. (MESQUITA, 2006, p.169)
Cabe enfatizar que a comunidade religiosa estabelece um processo de
afirmação individual e integração social, uma possibilidade de fortalecer a
8 Testemunho ou Testemunhança, espaço no culto onde o membro pode contar alguma
bênção recebida, 9 Nas reuniões de mocidade os jovens são alertados contra o perigo de droga, fumo, bebida,
jogos, aventuras amorosas, modismo, perigos do mundo virtual, além de ser um momento favorável de sociabilidade e escolha de parceiros matrimonias na própria comunidade.
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moralidade através de códigos de comportamento vigiado, visto pelo crente
como positivo por afastá-lo de forças malignas, como afirma Machado:
Mas a rejeição ao mundo não implica aqui sua transformação, ao contrário: prega-se o recolhimento do fiel ao interior da comunidade religiosa para se proteger das 'forças malignas' que regem o mundo externo - a sociedade inclusiva. Ali ele pode vigiar e ser vigiado pelos companheiros de fé, adotando uma moralidade em grande parte 'privatizada (MACHADO, 1996, p. 51).
Em relação à esfera doméstica, a conversão ao pentecostalismo
também estabelece um processo ético e racional, os homens são
aconselhados a deixarem o vício da bebida, cigarro e jogos, como o espaço da
rua. Assim, ampliam os relacionamentos em família com o enfraquecimento de
posturas machista entre os cônjuges10, conforme consta na Bíblia, principal
fonte de autoridade e objeto definidor da identidade do crente: "Igualmente vós,
maridos, vivei com elas com entendimento, dando honra à mulher, como vaso
mais frágil, e como sendo elas herdeiras convosco da graça da vida, para que
não sejam impedidas as vossas orações." (BÍBLIA, Mc, 3-7.)
IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO DA ESCOLA
A proposta de implementação do projeto na escola previa, além de sua
aplicação em uma turma do 2º ano do curso de Formação de Docentes, as
fases de seu desdobramento.
Assim, para o primeiro encontro foi abordada a importância da questão
dos fenômenos religiosos para qualquer civilização e, particularmente,
aproximando esta questão para a sociedade brasileira.
Deste mOdo tornou-se possível visualizar a multiplicidade de
perspectivas religiosas que coexistem no mundo, e também a grande gama de
orientações religiosas que existem espalhadas pelo território brasileiro. A partir
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A constituição de um “novo” ethos que se instaura a partir da conversão às igrejas evangélicas tem sido tema recorrente na literatura socio-antropológica brasileira e latino-americana sobre o universo evangélico, especialmente os pentecostais (Machado & Mariz 1997; Burdick 1998; Drogus s/d, 1996; Machado 1996; Brusco 1994, 1997; Gouveia 1986, 1998; entre outros); embora seja sobre as mulheres que grande parte das discussões esteja voltada. Estes autores concordam que o pentecostalismo tem valores menos machistas do que os dominantes na sociedade.
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desta análise, tornou-se viável compreender que também em um espaço
escolar, como no caso do Colégio Estadual Vera Cruz de Mandaguari, um olhar
mais atento pode observar múltiplas adesões religiosas.
ficou evidente que apesar desta convivência das multiplicidade
religiosas, existe quase que um pacto silencioso para que o lado religioso
permaneça abafado, sem manifestações que quebrem a ordem oficial.
A segunda fase de implementação do projeto previa e levou à
discussão os temas formado pelas concepções de religião e da religiosidade,
buscando compreender as múltiplas e multifacetadas conceituações existentes
sobre estes temas.
Em seguida, a proposta foi verificar como a discussão sobre a religião
e a religiosidade aparecem e são desenvolvidos no âmbito escolar. A primeira
preocupação aventada foi a de analisar os livros didáticos para se ter uma idéia
ou comprovação sobre qual importância este veículo pedagógico atribue a
estes temas.
Esta proposta de análise de livros didáticos indicou quase que uma
total ausência dos aprofundamentos teóricos que aprofundem a distinção entre
religião e religiosidade. Para aprofundar a análise, foi colocada um pauta
discussão sobre como professores da disciplina de História apresentam um
suas aulas a questão da religiosidade.
Segundo testemunhas dos alunos, a grande maioria dos professores,
desde as séries iniciais até o ensino médio, não costuma discutir ou analisar a
questão da religiosidade em sala de aula, reduzindo o assunto aos grandes
temas, tais como: Catolicismo, Cruzadas, Reforma Protestante, Inquisição,
dentre outros.
Esse profundo silêncio sobre o tema religiosidade configura a escola
como um espaço marcado pela ausência de reflexões, situação que contribui
para a permanência do catolicismo oficial e cosmopolita.
Estas análises, pesquisas e reflexões desenvolvidas ainda nos
primeiros encontros ratificaram a importância desse projeto, que demonstrou
que privilegiar como objeto de pesquisa questões religiosa marginais a cultura
religiosa oficial, foi possível desmontar preconceitos, refer novos códigos.
Outro aspecto em destaque foi o entusiasmo dos alunos ao verificar
possibilidades de estudar história através do local, do cotidiano, da própria
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comunidade, isto é identificar o próprio grupo de convívio como uma
comunidade religiosa local. Para a implementação do projeto foram realizadas
oito atividades a saber:
construção de um quadro comparativo entre a religião e a religiosidade,
apressentado e discutido em sala;
pesquisa sobre as principais igrejas pentecostais existentes na cidade de
Mandaguari, nome da igreja, data da fundação e número de membros na
atualidade;
pesquisa sobre o significado de palavras ou expressões ligados ao tema,
para evitar perigos de distorção de alguns conceitos como: sectarismo,
ascetismo, pentecostalismo clássico, neopentecostalismo, teologia da
prosperidade, etc.
entrevista com jovens da Congegação Cristã no Brasil sobre o significado de
expressões simbólica comum na comunidade de crentes;
entrevista com jovens não pentecostais sobre expressões usadas pelos
crentes;
análise do filme Santa Cruz - A casa de oração Jesus é o General (1999) de
João Moreira Salles e Marcos Sá correa, sobre o nascimento de uma igreja
pentecostal numa periferia do Rio de Janeiro, o sentido que a nova igreja dá
á vida de cada indivíduo como identidade e pertencimento, seguido de um
relatório sobre o documentário;
produção de uma quadro sobre idéias prévias sobre o tema: Glossolalia,
seguido de uma auto avaliação após discussão em sala;
elaboração de um quadro analítico entre as diferentes visões sobre o
fenômeno da glossolalia para a antropologia, sociologia, psicologia e para a
psiquiatria
Os alunos demonstraram interesse no projeto através de uma
metodologia de trabalhar a história extremamente válida, pois pudemos
perceber a aprendizagem real e concreta, através do estudo com pesquisa,
entrevistas e filme a importância da história local e as alunas como
construtoras de sua própria história. Também professores e Equipe
Pedagógica do Colégio atestaram a possibilidade do projeto ser utilizado como
uma metodologia diferenciada para o ensino, uma possibilidade de adquirir
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melhor compreensão da história local/regional, sem as práticas reprodutivistas
que dificultam a aprendizagem.
O Projeto também apontou outras possibilidades de estudo da História
Local, com novas referências teórico-metodológico, um ensino de história com
métodos inovadores, com a valorização de uma comunidade religiosa local,
pois nossa cidade como muitas outras, tem muitas igrejas e que podem ser
trabalhadas por professores e alunos da rede pública. Para Selva Guimarães
Fonseca
Ensinar e aprender a história local e do cotidiano é parte do processo de (re)construção das identidades individuais e coletivas, compreender e intervir no espaço local em que vivem como cidadãos críticos (FONSECA, 2010, p.123).
Para Fonseca: Uma identidade constrói-se a partir do conhecimento da forma
como os grupos sociais de pertença viveram e se oranizaram no passado, mas também da verificação da forma como se estruturam para fazer face aos problemas do presente, tendo uma componente que aponta para o futuro, pelo modo como este se prepara através da fixação de objetivos comuns. (FONSECA, 2003, p, 106).
Conclusão
Em relação à temática aqui privilegiada, espera-se poder contribuir
para uma melhor compreensão do fenômeno do pentecostalismo brasileiro,
bem como acerca das questões ainda muito presentes de valorações
negativas, principalmente através senso do comum de classe média,
secularizado e cosmopolita (MESQUITA, 2006) representados como
irracionais, alienantes e exploradores dos pobres.
A presença da Igreja é determinante para a comunidade, porque é uma
instituição religiosa que realiza intervenção positiva na vida dos fiéis, realizando
mudanças individuais, de comportamento, ocupação e racionalização do
cotidiano, estabelecendo comunidade de sociabilidade, institui uma doutrina de
caráter ascético, que favorece uma melhor compreensão/aceitação de
privações materiais.
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