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A Cidade e as Serras
José Maria Eça de Queirós. 1900.
O Autor:
Nascimento: Póvoa do Varzim, 1845 Falecimento: Paris, 1900. Formado em direito por Coimbra; Diplomata em Paris, Londres, Havana e Egito.
Principais Obras: As farpas (1871) O crime do Padre Amaro (1875,1876 e 1880) O Primo Basílio (1878) A relíquia (1887) Os maias (1888) A ilustre casa de Ramires (1900) Correspondência de Fradique Mendes (1900) As cidades e as serras (1901 póstumo) Contos (1902 póstumo) Alves e Cia (1925 póstumo) A capital (1925 póstumo)
O realismo em Portugal e a questão coimbrã.
1865 - Antero de Quental lança as bases do realismo; 1867 – Crise entre Antero e Feliciano de Castilho; 1868 – Eça se forma em Coimbra e conhece
Antero; 1871 – Conferências no cassino Lisboense.
Eça e o Realismo. Divulga a obra dos principais franceses em Portugal; Lança em 1871 o primeiro romance realista; Influenciado pelo positivismo, pelo determinismo e pelo evolucionismo.
O Portugal de Eça:
• Fim do poderio ultramarino; • Julgo econômico da Inglaterra; • Dependência cultural da França “belle epóque”; • Monarquia em crise; • Ultimato inglês;
Portugal de fins do XIX é: • Uma nação subjugada; • Destituída de suas raízes culturais.
Três fases de Eça: • Noir; • Realista; • Intimista.
Noir • Marcado pelo terror noir francês; • Narrativas curtas; • Principal Obra: Contos.
Realista • Período mais extenso de sua produção; • Descritivista; • Objetivo; • Investigação da sociedade portuguesa; • Denúncia das mazelas de seu tempo; • Fortemente influenciado por Balzac e Flaubert; • Principais romances: O Crime do Padre Amaro, O
Primo Basílio e Os Maias
Intimista • O último Eça; • Marcado por discussões existenciais; • Com alguma religiosidade; • É a obra de um apontador de rumos; • Principais obras: A Ilustre Casa de Ramires e A
Cidade e as Serras.
A Cidade e as Serras: não, um romance de tese. • Jacinto inicia com uma tese: Suma ciência +
suma potência = suma felicidade. • Apresenta-se feliz, pois não tem preocupação; • Tem tudo o que quer; • Nunca se questiona sobre o que é.
Personagens: • Jacinto – protagonista – é um cosmopolita; • Zé Ferandes – narrador personagem – “2ª
pessoa;
Capítulo IV e VII: • Virada conceitual; • Com o não funcionamento do “elevador” questiona-se sobre o que se é; • Consciência de Qolét.
Estrutura do Romance • Dezesseis capítulos; • Os sete primeiros e metade do oitavo
representam as Cidades; • Os últimos a Serra.
ESTRUTURA TEXTUAL
CAP I, II e III
CAP IV
CAP VII
CAP XVXVI
PROLOGO
Mote à Glosa: Nos campos o vilão sem sustos passa, Inquieto na corte o nobre mora; O que é ser infeliz aquele ignora, Este encontra nas pompas a desgraça:
Aquele canta e ri; não se embaraça Com essas coisas vãs que o mundo adora: Este (oh cega ambição) mil vezes chora, Porque não acha bem que o satisfaça: Aquele dorme em paz no chão deitado, Este no ebúrneo leito precioso Nutre, exaspera velador cuidado: Triste, sai do palácio majestoso; Se hás-de ser cortesão, mas desgraçado, Antes ser camponês, e venturoso! (Manuel Maria Barbosa du Bocage, Poesia Completa, p. 81)
Filosofia do conhecer de dentro: • 1ª Filosofia de Jacinto: Shopenhauer:
O mundo como vontade de Representação;
Somos movidos pelo desejo e pelo erro. Depois de muito desejar consegue-se algo. Esse algo não satisfaz, passa-se a desejar novamente é um ciclo contínuo.
desejo
desejo
Erro Erro
2ª Filosofia de Jacinto: Dom Quixote e Sebastianismo:
Dom Quixote: • Romance de 1605, • Narra a história do fidalgo D. Quixote, em sua
viagem louca e sã pelos confins do mundo; • A loucura é o caminho do homem se aceitar
como é;
Sebastianismo: • Crença no retorno de D. Sebastião; • Rei desaparecido em 1580; • Com sua volta será instaurado o 5º Império de
Deus no mundo; • É um reino desejado e encoberto sem mazelas.
Um poema Sebastianista QUINTA / D. SEBASTIÃO, REI DE PORTUGAL Louco, sim, louco, porque quis grandeza Qual a Sorte a não dá. Não coube em mim minha certeza; Por isso onde o areal está Ficou meu ser que houve, não o que há.
Minha loucura, outros que me a tomem Com o que nela ia. Sem a loucura que é o homem Mais que a besta sadia, Cadáver adiado que procria.
Conclusão: A Cidade e as Serras, como romance do último
Eça de Queirós é leitura necessária e relevante, num tempo em que o ter substituiu o ser. Nessa levada deixa-nos como mensagem, meio que fabulista, a necessidade de entrarmos em nós mesmos e lá no poço profundo vermos aquilo que somos, se é que somos.