a busca da Água no sertÃo - irpaa · 2014. 9. 3. · questão da água, do clima, da seca e...
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CONVIVENDO COM O SEMI-ÁRIDO
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A BUSCA DA ÁGUANO SERTÃO
A BUSCA DA ÁGUANO SERTÃO
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a.4 Edição, ampliada e revisada - 2001
1ª Reimpressão, com pequenas alterações - 2003
Texto, mapas e gráficos: João Gnadlinger.
Desenhos: Ivomar de Sá Pereira
Diagramação: Dio Fonseca
IRPAA
Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada
Avenida das Nações, 04 - Bairro Castelo Branco
Caixa Postal 21, 48900-000 Juazeiro - BA
Tel: (0XX74)611-6481
Fax: (0XX74)611-5385
www.irpaa.org.br / e-mail: [email protected]
Coordenação do IRPAA: José Moacir dos Santos, Cícero Félix dos Santos e Ana Maria Ferreira Dias
O conteúdo desta cartilha pode ser reproduzido, desde que seja citada a fonte. Pedimos também a remessa de um exemplar da reprodução para o endereço acima.
Apoio:
CARITAS ALEMÃCaritas Internacional
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Assunto
Apresentando a quarta edição Introdução Como usar esta cartilha na comunidade? Salmo 104: Louvor a Deus, o Criador A origem da chuva Porque chove mais no litoral do que no Sertão A distribuição da chuva no Nordeste
Medindo a chuva A distribuição mensal da chuva em Juazeiro - BA
A chuva anual em Juazeiro - BA A quantidade de chuva que cai no Semi-Árido durante um ano
Cada região do Brasil tem um clima diferente
Outras regiões do mundo com um clima como no Sertão
-A necessidade de captar água de chuva no Semi Árido
Canto: A triste partida
A convivência com o Semi-Árido
As secas são previsíveis
Mudanças do tempo durante “El Niño”
Mudanças do tempo durante “La Niña”
A perda de água por causa da evaporação
Necessidades de água para o consumo
De quanta água precisa uma família durante a época da seca
A colheita de água de chuva em cisternas
A água no subsolo de rocha cristalina
A água no subsolo de arenito
A água no subsolo de calcário
A água embaixo da terra no Nordeste
Como cuidar de uma cacimba
A água filtrada evita doenças
As quatro linhas de luta pela água
Levantamento dos recursos de água
Canto: Água de chuva
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A terra do povo de DeusGênesis 26, 15-22: A luta pela águaNúmeros 20, 1-13: Deus dá água até no deserto1 Reis 17, 1-16: Elias e a viuva ensinam a conviver com a secaCanto: ProcissãoJeremias 38, 1-13: Jeremias orienta o povo num tempo difícilJoão 4, 1-15: Jesus e a samaritana Númeroe 13, 1-33: Coragem para tomar posse de uma terra rica e grandiosa
Conviver com o Semi-Árido - A vida no Sertão é viável BibliografiaOnde fica a água no nosso planeta?Canto: Planeta Água
O abastecimento de água de um município
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APRESENTANDO A QUARTA EDIÇÃO
A BUSCA DA ÁGUA NO SERTÃO
Em janeiro 1996 o saudoso D. Mário Zanetta apresentou amplamente a 3ª edição desta cartilha.Neste primeiro ano do 3º milênio, quando o IRPAA celebra 10 anos de caminhada, sai a 4ª edição: "A Busca da Água no Sertão" continua! No sentido mais amplo do riquíssimo conteúdo da cartilha e aprofundado pelas experiências nestes anos de caminhada!
Sobre o momento atual do País podemos citar a Declaração da CNBB, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, na sua Assembléia Geral em Itaici de 12 a 21 de julho de 2001, "Brasil: Apreensões e Esperanças".
"A exemplo do profeta Jeremias, denunciamos a violência e a fome, no campo e nas cidades (Jr 14,18), solidários com nosso povo em seus sofrimentos e esperanças, sobretudo na região semi-árida que sofre na atualidade o impacto de mais uma grande seca, associada ao descaso dos governantes e à falta de vontade política para ações estruturadoras. Outro sinal de esperança nos vem do semi-árido, pela constituição e fortalecimento de associações comunitárias e pela articulação de outras numerosas entidades que atuam no programa de construção de um milhão de cisternas, provando a viabilidade de projetos comunitários no enfrentamento da seca e mostrando a possibilidade de convivência com o clima."
A fé que vem de Deus Criador, os dons da natureza e da vida e que Ele confia à humanidade os cuidados da terra e da água, primeiras necessidades da vida, e a convicção que o Nordeste é a Terra Prometida para os Nordestinos e que o semi-árido é viável, continuam como fundamento e inspiração.
A força da mulher e do homem, da criança e do jovem sertanejos, sua coragem e insistência garantem a perseverança nas dificuldades e o avanço nas lutas para mais condições e dignidade de vida.
O trabalho comunitário, a solidariedade e a organização popular são o caminho eficaz para enfrentar as dificuldades e conquistar políticas públicas indispensáveis.
A cartilha entra em tudo isto como instrumento valioso, numa espiral crescente de consciência profissional e cidadã, que se ganha e partilha no dia-a-dia do trabalho e nas oportunidades de estudo e educação popular.Bom proveito e boa partilha!
Ruy Barbosa - BA, 30 de agosto de 2001
+ André De WitteBispo de Ruy Barbosa - BA e Presidente do IRPAA
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Esta cartilha é resultado de convivência com a realidade e o povo do Nordeste, de modo especial de “Encontros sobre a Busca da Água no Sertão” em vários lugares do sertão da Bahia (Pilão Arcado, Campo Alegre de Lourdes, Cícero Dantas e Baixa Grande) durante o ano de 1991.
Aí se mostrou necessário ter "Agentes da Água" nas comunidades, para discutir a questão da água, do clima, da seca e descobrir, juntos com a comunidade, maneiras próprias de resolver o problema da água no sertão.
Esta cartilha deve ser uma ferramenta nas mãos de “agentes da água” que ajudam o povo na Busca da Água no Sertão.
Ao mesmo tempo o povo toma consciência das propriedades do clima e das condições do Nordeste para a criação de animais e para a lavoura do sequeiro.
Assim, temos a esperança que o povo nordestino, um dia, possa defender uma política da água que leve à convivência com o clima e à superação da seca, substituindo assim uma politicagem da seca como está sendo feita até hoje.
Juazeiro - BA, 24 de Janeiro de 1992
Passaram-se quase dez anos desde a primeira edição da apostila “A Busca da Água no Sertão”. Mudou muita coisa no semi-árido deste tempo para cá, e mudou para
a. melhor. Quando a gente falou na introdução para a 1 edição em convivência com o clima, isso era novidade, hoje com o slogan “Convivência com o Semi-Árido” resume-se toda a visão e programa para o futuro sustentável desta região: ninguém mais fala em “combater a seca”, falamos em conviver com o nosso clima, como as plantas e animais na caatinga nos ensinam. Dez anos atrás o STR de Campo Alegre de Lourdes começou a construir as primeiras cisternas, hoje são mais de 2500 neste município e existe todo um programa de construir um milhão de cisternas no semi-árido com dinheiro do governo (que é do povo) para resolver o problema da água de beber. É o sinal de uma transformação mais profunda que está acontecendo. Para nós do IRPAA, é uma satisfação poder ter contribuído para esta visão e mudança positiva do Sertão. Hoje não são mais somente os (as) lavradores(as) que querem conhecer melhor o semi-árido, mas também professores(as), políticos(as), crianças e jovens, pessoas da cidade.
Nesta nova edição ficou o conteúdo básico. Introduzimos uma visão libertadora do gênero. Atualizamos em parte os desenhos e acrescentamos alguns temas novos, mas não mudamos a explicação simples e o método didático prático, visto que as pessoas que criam e plantam no Sertão continuam sendo as primeiras destinatárias.
Juazeiro - BA, 04 de outubro de 2001500 anos do “Descobrimento” do Rio São Francisco
A eternidade do Rio Opara
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INTRODUÇÃO PARA A 1º EDIÇÃO
INTRODUÇÃO PARA A 4º EDIÇÃO
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COMO USAR ESTA CARTILHA NA
COMUNIDADE?
As pessoas que são agentes da água já devem ter participado, com outras pessoas da comunidade, de um encontro sobre a Busca da Água no Sertão. A partir disso, elas têm condições de transmitir as experiências à companheirada, na comunidade. Nas reuniões, esta cartilha ajuda a passar o assunto às demais pessoas.
Cada assunto tem duas páginas:
1. A página a transmitir, que deve ser mostrada ao grupo reunido.
2. A página com o texto, que ajuda a pessoa coordenadora a explicar o processo, a explicar o desenho, aí ela deve fazer sempre estas três perguntas:
O que a gente está vendo? - O que significa isso? - O que a gente aprende disso?
Os textos bíblicos podem ser refletidos no começo e no final da reunião. Eles ligam a luta pela água do povo do Sertão com a luta pela água do povo de Deus.
De antemão agradecemos por todas as indicações que possam ajudar a melhorar esta cartilha.
Um bom trabalho.
João Gnadlinger
Dário Nunes dos Santos
Maria Oberhofer
José Carlos Santos Neri
AGRADECIMENTOS
Esta apostilha foi preparada num mutirão. Agradecemos a valiosa contribuição dos autores que citamos na bibliografia. Recebemos muitas idéias das experiências dos (das) participantes dos cursos que demos nestes anos sobre "A Busca da Água no Sertão".Aprendemos muito nas visitas nas comunidades pelo Semi-Árido.Agradecemos aos (às) colegas do IRPAA por valiosas sugestões.Agradecemos a Haroldo Schistek, Maria Sueli Rodrigues e Ivânia Paula Freitas de Souza pela revisão.
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Oração para dar início ou encerrarum Encontro sobre a Água,
a Natureza e o Sertão.
O Salmo 104 é uma oração que o povo de Deus e Jesus rezavam. O texto é um louvor a
Deus Criador, mostra como Deus criou o mundo bem feito, tudo no seu lugar: a água, o
ar, as montanhas, o mato, os passarinhos e os animais.
Cabe ao homem e à mulher conviverem com a natureza e não a destruir. Assim a gente
contribui para fazer a criação de Deus ainda mais bonita.
Observação 1:Pode-se rezar esta oração em voz alta, dois grupos ou duas pessoas se revezando. Num cochicho, pode-se conversar sobre as perguntas. Finalmente, quem quiser, pode louvar a Deus pela água e pela natureza ou pedir perdão pela destruição da natureza.
Observação 2:Durante o curso descobriremos que a terra do povo da Bíblia se assemelha em muito ao Sertão. Trazemos nas apostilas as experiências do povo de Israel no que se refere à luta pela terra, à providência de água para o tempo da seca, à criação de cabras e ovelhas, à lavoura de sequeiro. Assim o Sertão, a terra onde vivemos, torna-se para nós também "uma terra onde corre leite e mel" que por um lado recebemos de Deus como presente, mas que deve ser conquistada, trabalhada e cuidada em cada momento.
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Refrão: O Senhor Deus tomou o homem e a mulher e os colocou no sertão para que o cultivassem e guardassem (Gn 2,15)
1 - Ó minha alma, louve ao Senhor!2 - Ó Senhor meu Deus, como és grande!
1 - Estás vestido de majestade e de glória, e te cobres de luz como num manto.
2 - Estendes os céus como se fossem uma barraca, e constróis a tua casa sobre as águas de lá de cima.
1 - Usas as nuvens como teu carro de guerra, e voas nas asas do vento.
2 - Fazes dos ventos os teus mensageiros, e dos relâmpagos os teus servos.
1 - Tu puseste a terra bem firme sobre seus alicerces, assim ela nunca será abalada.
2 - Cobriste a terra com o mar, como se ele fosse uma roupa, e as águas ficaram acima das montanhas.
1 - Porém, quando repreendeste as águas, elas fugiram; quando ouviram teu grito de comando, saíram correndo.
2 - As águas correram pelos montes e desceram os vales, indo para o lugar que preparaste para elas.
1- Tu puseste um limite para as águas não passarem, para não cobrirem de novo a terra.
2 -Tu fazes surgirem nascentes, nos vales, e fazes a água dos rios correr entre os montes.
1 - Dessa água bebem todos os bichos do mato, e com ela os jumentos matam a sede.
2 - Nas margens dos rios, os pássaros fazem os seus ninhos, e cantam entre os galhos das árvores.
1 - Dos céus tu envias chuvas para os montes, e a terra fica cheia das tuas bênçãos.
2 - Fazes crescer capim para o gado, e verduras e legumes para o uso do homem, e assim ele tira da terra o seu alimento.
1 - Fazes a terra produzir o vinho, que deixa a gente feliz, o azeite que alegra e o pão que dá forças.
2 - Muita chuva cai sobre as árvores de Deus, sobre os cedros do Líbano, que ele plantou.
1 - Ali os pássaros fazem os seus ninhos, e as aves constróem as suas casas no seu topo.
2 - As cabras vivem no alto das montanhas, e os coelhos do mato se escondem nas grutas.
1 - Que os pecadores desapareçam da terra, e os injustos nunca mais existam.Refrão: O senhor Deus tomou o homem e a mulher
e os colocou no sertão para que o cultivassem e guardassem.
Perguntas:1 - Como está descrito o sertão neste salmo?2 - O que fala esta oração sobre a água?
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SALMO 104LOUVOR A DEUS, O CRIADOR
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Desenho: Ivomar de Sá Pereira
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quais os meses mais chuvosos e de que lado do céu vem a chuva
O que a gente está vendo?
Aqui a gente está vendo um mapa do Nordeste, com os nove Estados (Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia) mais o Norte de Minas Gerais. Ao mesmo tempo a gente vê três manchas de cores diferentes: marrom, laranja e verde. Embaixo, a gente vê uma estrela, indicando as quatro direções ou lados do céu: Norte, Poente, Sul e Nascente.
O que significa isso?
As três cores significam os três regimes diferentes de chuva que existem no Nordeste. 1. A cor verde significa a chuva de dezembro até fevereiro que vem do Sul em forma de trovoadas (ocorrendo nos estados da Bahia, Sul do Maranhão e Sul do Piauí). (Chuva das frentes frias)2. A cor laranja indica a chuva de março e abril que vem do Norte (ocorrendo em partes dos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraiba, Pernambuco e Norte da Bahia). (Chuva da convergência intertropical)3. A cor marrom significa a chuva de maio a agosto que acontece do litoral até 200 quilômetros no interior e onde há serras. Esta chuva vem do Sul-Nascente e ocorre em partes dos Estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia. (Chuva dos ventos alísios)Em algumas regiões do Nordeste, ocorre a influência de vários regimes de chuva durante o ano.
O que a gente aprende disso?
O Nordeste recebe a chuva de várias direções. Isso é uma vantagem. A dificuldade é que nenhum desses três regimes de chuva vem na época certa e na quantidade esperada. E mais, a chuva é diferente em cada região do Nordeste.Disso a gente aprende que a lavoura é sempre arriscada, porque pode faltar a chuva quando se dela precisa.Tudo isso deve ser discutido com os mais diversos segmentos da sociedade: poder público, associações, sindicatos, cooperativas, partidos políticos para traçar uma luta política que corresponda a esta realidade do Nordeste.
Observações:
1. Discutir, também, de que lado do céu vem a chuva na sua região e quais são os meses que chove e que não chove.
2. a - Frente fria: é uma massa de ar que sai do Pólo Sul e, subindo o Continente da América do Sul, causa chuva quando encontra ar mais quente.b - Ventos alísios: veja explicação no desenho anterior!c - Zona de convergência intertropical: é o encontro dos ventos alísios vindos da direção Sudeste com aqueles vindos da direção Nordeste. Onde eles se encontram causam chuva.
3. Três pessoas diferentes podem apresentar os três tipos de chuva, vindas de vários lados.
12
A DISTRIBUIÇÃO DA CHUVA NO NORDESTE:
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A DISTRIBUIÇÃO DA CHUVA
NO NORDESTE
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Desenho: Gnadlinger, segundo Antunes
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eça neste mês em
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O que a gente está vendo?Aqui a gente está vendo um desenho com quatro cores diferentes: verde, laranja, vermelho e azul.
O que significa isso?O desenho representa um mapa do Nordeste e parte do Sudeste do Brasil. O Nordeste abrange os seguintes estados: Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia. Vemos também a área do Norte de Minas Gerais, que já pertence ao Sudeste.Esta região está cortada por um grande rio: o Rio São Francisco. A cor azul indica o mar que é o Oceano Atlântico, no lado norte e leste.As cores diferentes se referem a quantidade de chuva que cai.A faixa verde significa os lugares onde chove mais do que um metro por ano. É a parte do Litoral e a parte Oeste (ou Poente) do Nordeste. A faixa cor de laranja significa que chove entre 700 milímetros e um metro por ano. Esta faixa abrange grandes partes de todos os Estados do Nordeste e o Norte de Minas Gerais, menos o Maranhão. A faixa vermelha indica os lugares onde chove menos do que 700 milímetros por ano.A faixa de cor laranja e a faixa vermelha cobrem esta parte que nós chamamos de Sertão e os cientistas chamam de Semi-Árido Brasileiro. O semi-árido brasileiro coincide mais ou menos com o Polígono da Seca. O tipo de vegetação predominante nesta região é a Caatinga.
O que a gente aprende disso?A chuva que cai não é igual. No Nordeste, há regiões onde não se conhece seca (cor verde). Há outras regiões com uma seca de pelo menos seis meses por ano (cor de laranja). Nestas regiões, a plantação de roça não é segura. Há ainda outras regiões, com seca de pelo menos oito meses por ano (cor vermelha). Aí a atividade segura para viver á a criação de cabras e ovelhas.A natureza, as plantas e os animais se adaptaram muito bem à este clima: muitas plantas armazenam água na época da chuva nas raízes ou troncos, para ter água na seca, como o umbuzeiro, o mandacaru. Nós que vivemos neste clima devemos aprender a conviver com o nosso clima, como a natureza nos mostra. Damos à esta atitude de vida o nome de Convivência com o Semi-Árido.Assim, como o Nordeste é diferente das demais regiões do Brasil, há diferenças também dentro do próprio Nordeste, o que deve ser levado em conta nos diversos planos e projetos
Observação 1: um palmo é 220 milímetros, por isso 700 milímetros são um pouco mais de 3 palmos; 1000 milímetros são mais ou menos 4 palmos e meio.
2Observação 2: A área do polígono da seca (com 936.993 km ) foi definida em 1936 através da Lei Nº 175 e revisado em 1951. Ela abrange a área da atuação do DNOCS - Departamento Nacional de Obras contra as Secas. Desde á época do Brasil Império, esta área foi mudada pelo menos 10 vezes. Ainda hoje tem tentativas de mudar o tamanho da área. Isso porque as regiões dentro do polígono da seca recebem subsídios financeiros e políticos. A definição da área é uma questão política.A extinta SUDENE - Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste - atuava numa área de 1.641.000
2, km que abrangia todos os estados do Nordeste mais a parte semi-árida do norte de Minas Gerais.
20
A QUANTIDADE DE CHUVA QUE CAI NO SEMI- ÁRIDO DURANTE O ANO
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Petrolina
21
A QUANTIDADE DE CHUVA QUE CAI NOSEMI-ÁRIDO DURANTE O ANO
cm
yk
Desenho: Gnadlinger, segundo dados da ARIDAS
O que a gente está vendo?
Este desenho tem os contornos do Brasil. O Brasil está dividido em várias manchas
com cores diferentes.
O que significa isso?
Cada mancha, neste mapa do Brasil significa uma região com um clima próprio. A mancha azul no Norte é o clima úmido da Amazônia; a mancha amarela é o clima semi-úmido do Brasil central; a mancha marrom significa o clima semi-árido; a mancha verde significa o clima úmido do Litoral do Brasil; a mancha cinza significa o clima semi-úmido de alturas no Interior de Minas Gerais e São Paulo e a mancha rosa significa o clima temperado do Sul do Brasil. No clima úmido da Amazônia, a maneira apropriada de viver é tirar a borracha e os frutos da floresta como a castanha-do-Pará como propunha Chico Mendes. A região, com o clima úmido do litoral, é chamada a Zona da Mata, onde tinha antigamente a Mata Atlântica que hoje está quase totalmente devastada. Era a região dos engenhos de açúcar. No clima semi-úmido, com uma seca de apenas 4 meses, do Brasil central, pode-se criar gado e plantar soja e milho. O clima semi-úmido das alturas serve para plantar café. O clima moderado do Sul parece com o clima da Europa que tem quatro estações. E o clima semi-árido brasileiro com somente duas estações (inverno e verão) e com 6 a 8 meses de estiagem serve melhor para criar cabras e ovelhas e plantar culturas adaptadas a um clima mais seco.
O que a gente aprende disso?
Cada clima tem uma chuva diferente. A natureza de cada região é igualmente diferente. Desta maneira, existe também uma agropecuária e atividade produtiva apropriadas para cada região. No semi-árido brasileiro, não devemos imitar outras regiões do Brasil em nosso trabalho, mas procurar um caminho próprio para a criação e a lavoura.
22
CADA REGIÃO DO BRASIL TEM UM
CLIMA DIFERENTE!
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TIPOS DE CLIMA NO BRASIL
Úmido da Amazônia
Semi-árido brasileiro
Semi-úmido do Brasil Central
Úmido da Zona da Mata
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Tipo de Clima:
Desenho: Gnadlinger, segundo Antunes
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Desenho: Gnadlinger, segundo dtv-Atlas zur Ölologie
O que a gente está vendo?
A gente está vendo um desenho com muitas manchas de cores. Parece com um dos mapas que já vimos antes, mas as cores são diferentes.
O que significa isso?
Este é um mapa do Nordeste e uma parte de Minas Gerais. As cores são realmente diferentes dos outros mapas, elas representam aqui os vários graus de necessidade de captar água de chuva no Semi Árido Brasileiro. As cores roxo e lilás (5 e 4)representam as regiões onde o meio mais seguro para ter água, seja para o consumo humano, seja para a produção é a captação de água de chuva.Nos lugares onde encontramos a cor abóbara existe uma prioridade média (3) para a captação de água de chuva e nas regiões de cor amarela e verde (2 e 1), é muito bom captar a água da chuva, para ter a água de graça e perto da casa, mas existem outras fontes acessíveis, como água da superfície e água subterrânea.
O que a gente aprende disso?
Exitem três maneiras para abastecimento de água: através da captação água de chuva, através de água de superfície (fontes e rios permanentes) e através da água subterrânea (poços). Na maior parte do Semi-Árido Brasileiro, muitas vezes, a única solução para ter água, é a captação de água da chuva, pois não existe água de superfície permanente e embaixo do solo também não tem água. E se encontrar, é muito pouca ou tão salobra que não dá para beber.Isto é muito importante saber, quando queremos fazer uma planejamento de abastecimento de água para comunidades ou para um município inteiro. Não adianta apelar para empreses de perfuração de poços, ou comprar até uma perfuratriz própria. A solução indicada é, fazer um planejamento perfeito, como de aproveitar ao máximo a água da chuva que Deus nos manda todo ano.
26
A NECESSIDADE DE CAPTAR ÁGUA
DE CHUVA NO NORDESTE
Observação: O mapa ao lado é baseado na quantidade de chuva que cai por ano (veja página 21) e a água embaixo da terra (veja página 53).
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A NECESSIDADE DE CAPTARÁGUA DE CHUVA NO NORDESTE
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A CONVIVÊNCIA COM O SEMI-ÁRIDO
O que a gente está vendo?
A gente está vendo a fotografia de uma árvore na caatinga. A caatinga está totalmente seca, mas a árvore já está brotando folhas e flores. Estamos também vendo as raízes descobertas desta árvore, que normalmente ficam embaixo da terra.
O que significa isso?
A árvore é o umbuzeiro. Ainda antes da chuva ele bota as folhas e começa a florar. Isso porque tem raízes-batatas que depositam água e alimento na época da chuva para passar toda a época da seca. As batatas de um umbuzeiro adulto pesavam até 2500 kg. Isso quer dizer que cada umbuzeiro é um grande depósito de água de chuva. As batatas servem de cisternas. O umbuzeiro está prevenido, não lhe falta água na seca. Além disso, ele alimenta o bode, o porco e o ser humano. Dele se aproveita tudo. Sem adubar, ele produz gratuitamente 200 quilos de frutas durante 200 anos. Hoje em dia não se tira mais as raízes-batatas para fazer doce, porque isso enfraquece a árvore na resistência contra a seca.
O que a gente aprende disso?
Para poder viver bem no semi-árido, é necessário se adaptar ao clima e à seca. O umbuzeiro com suas batatas-cisternas pode ser o símbolo da convivência com o semi-árido. Euclides da Cunha chamou-o de “árvore sagrada do sertão”. Cada planta achou seu jeito de convivência. O mandacaru, o xique-xique e a coroa-de-frade depositam a água no tronco. O juazeiro e o aroeira procuram a água do subsolo nas fendas da rocha cristalina. Nós homens e mulheres que vivemos no semi-árido precisamos aprender da natureza esta convivência: providenciar água para a seca, plantar culturas apropriadas ao clima, criar animais que estão acostumados com a seca como cabras e ovelhas. A caatinga é a melhor expressão da vida do semi-árido e nós homens e mulheres podemos viver bem se a respeitamos e dela zelamos. Existem pessoas que nos ensinaram na história esta convivência como Antônio Conselheiro, Pe. Ibiapina, Padre Cícero, Lampião e Maria Bonita entre outros.
30
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A CONVIVÊNCIA COM O SEMI-ÁRIDO
31
Foto: João Gnadlinger / João Paulo Pereira dos Santos
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periódicas. A natureza aprendeu a conviver com
elas. Se nós sentim
os mais a seca do que os nossos pais, é porque as terras m
elhores do semi-
árido hoje estão nas mãos dos fazendeiros, e tam
bém porque já m
altratamos bastante as terras do sem
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orro a baixo, plantio de culturas não apropriadas, sobre-pastoreio, não captamos a água de chuva quando cai). E
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O que a gente está vendo?
A gente está vendo uma tabela com desenhos de bichos: vaca, jumento, cabra, galinha e uma família. Também se vê um bocado de números. E embaixo vem dois cálculos.
O que significa isso?
Esta tabela mostra a quantidade de água que os animais e as pessoas consomem por dia.Uma vaca bebe, por dia, 53 litros de água, isso são 12.720 litros em oito meses de seca.Cabras e ovelhas bebem menos: seis litros por dia, isso são 1.440 litros em oito meses de seca. Uma vaca precisa beber quase nove vezes mais água do que uma cabra.Uma pessoa precisa de 14 litros de água por dia (incluindo água para beber, cozinhar e lavar o rosto, menos a água para lavar roupa e tomar banho). Assim uma pessoa gasta em oito meses 3.360 litros de água.
O que a gente aprende disso?
Com esta tabela, a gente pode calcular a necessidade de água para seres humanos e animais. É muito importante fazer este cálculo em nosso clima, que passa vários meses por ano sem chover. Por exemplo, uma família de dez pessoas, quanta água precisa em oito meses?O cálculo apode ser feito assim: uma pessoa em oito meses precisa de 3.360 litros. Este valor vezes 10 dá 33.600 litros. Dez pessoas gastam em oito meses, no mínimo, 33.600 litros de água.Se esta quantidade de água cai no telhado da casa desta família em forma de chuva, pode-se colher esta água em duas cisternas com 16.800 litros cada um. Assim as dez pessoas têm a água garantida para passar uma seca de oito meses.
Observação 1: Para descobrir o consumo de água de cada família da comunidade, use o texto: De quanta água precisa uma família durante a época da seca, nas páginas seguintes.Observação 2: A tabela de consumo de água (valor mínimo) foi elaborada pela EMBRAPA Semi-Árido, Petrolina - PE.Observação 3: Se houver uma cisterna na escola da sua comunidade, precisa calcular pelo menos 2 litros de água para beber por criança por turno. Assim 50 crianças em 180 dias letivos precisam de 18 000 litros de água (ainda não contando a água para preparar a merenda).
40
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Exemplo 1: Qual é a necessidade de água para suprir durante oito meses uma casa com oito pessoas, mais um rebanho com vinte cabras, dez ovelhas, um burro e quinze galinhas?
Oito pessoas precisam, em oito meses..................... 8 x 3.360 =............26.880 litrosVinte cabras precisam, em oito meses.....................20 x 1.440 =............28.800 litrosDez ovelhas precisam, em oito meses..................... 10 x 1.440 =...........14.400 litrosUm burro precisa, em oito meses...............................1 x 9.840 =..............9.840 litrosQuinze galinhas, precisam em oito meses................... 15 x 48 =.................720 litros
___________________ A família mais o rebanho precisam em oito meses 80.640 litros ==========
Exemplo 2: Quantos litros de água uma famíilia de dez pessoas precisa, no mínimo, em oito meses? - Dez pessoas precisam de 10 x 3.360 litros, o que dá 33.600 litros de água.
41
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Antes de fazer uma cisterna, você precisa fazer os cálculos de quanta água sua família precisa.
1. Qual é a necessidade de água que uma pessoa precisa por dia? - As pesquisas dizem que são aproximadamente 14 litros por pessoa (incluindo a água de beber, de cozinhar, de lavar o rosto e as mãos).
14 litros
2. Quanto tempo dura a seca na sua região? - Na região de Juazeiro - BA, ela é de mais ou menos 8 meses (ou 8 vezes 30 = 240 dias). Assim deve multiplicar 240 vezes 14 que dá 3.360 litros de água por pessoa (Se na sua região por exemplo a seca dura mais ou menos 6 meses: 6 vezes 30 = 180 dias; você deve multiplicar 14 litros por 180 dias que dá 2.520 litros por pessoa). Agora você sabe quanta água uma pessoa precisa durante a seca.
8 x 30 = 240 240 x 14 = 3.360
3. Para saber de quanta água precisa sua família toda, você deve multiplicar o resultado anterior com o número das pessoas que vivem na sua casa. Suponhamos que na sua casa vivem 5 pessoas. Então o cálculo é: 3.360 vezes 5, que dá 16.800 litros. Uma família de cinco pessoas em Juazeiro - BA precisa de aproximadamente 16.800 litros de água por seca.
3.360 x 5 = 16.800
4. Depois de saber de quanta água precisa para sua família na seca, deve descobrir se esta quantidade de chuva cai realmente no telhado de sua casa. Para isso, você deve saber quanto chove normalmente na sua região. Em Juazeiro - BA a chuva dá uma média de 500 milímetros por ano (Em outras regiões esta média pode ser diferente). Isso quer dizer que em Juazeiro - BA em cada metro quadrado chove 500 milímetros ou 500 litros por ano.
500 mm ou 500 litros por metro quadrado
5. Agora você vai tomar as medidas de sua casa para saber a área da casa. Vamos supor que a metragem da casa são 9 metros de comprimento por 5 metros de largura, o que dá 9 vezes 5 igual 45 metros quadrados.
9 x 5 = 45
6. Para saber quanta água de chuva cai na sua casa, você deve multiplicar o tamanho da casa vezes os litros de chuva por metro quadrado. Isso, neste caso, é 45 vezes 500 que dá 22.500 litros.
45 x 500 = 22.500
7. Para saber se á água que cai na sua casa, dá realmente para a sua família, você deve tirar da quantidade de chuva na sua casa a quantidade de água que sua família precisa. Em nosso caso deve tirar de 22.500 litros que caem na sua casa como chuva os 16.800 litros que sua família precisa para beber. Nesse caso, a água de chuva enche um tanque de 16.800 litros e vão sobrar 5.700 litros, quer dizer o telhado de sua casa produz água de sobra. 22.500 - 16.800 = 5.700
42
DE QUANTA ÁGUA PRECISA UMA FAMÍLIA DURANTE A ÉPOCA
DA SECA?
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1. Já sabemos que são 14 litros de que uma pessoa precisa por dia.
2. Agora você multiplica os meses de seca na sua região vezes 30, depois multiplica com 14! O resultado indica a necessidade de água para uma pessoa durante a seca toda.
3. Para saber a necessidade de água não só de uma pessoa, mas da sua família toda, multiplique o resultado pelo número das pessoas de sua casa.
O resultado agora é a quantidade da água de que sua família precisa durante a seca
4. Para saber se o telhado de sua casa produz esta quantidade necessária para sua família passar a estação seca, você deve procurar primeiro a média da chuva que cai na sua região por ano.
5. Agora tome as medidas ou a metragem de sua casa e multiplique o comprimento com a largura para receber a área.
6. Para saber a quantidade da chuva que cai na sua casa multiplique o resultado de número 4 com o resultado de número 5.
7. Para terminar, tire do resultado de número 6 (a água que a sua casa produz) o resultado de número 3 (a água de que sua família precisa). O resultado é a água de sobra que sua família tem. Se o saldo for negativo, a sua casa não produz bastante água.
AGORA FAÇA SEU CÁLCULO:
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POÇO COM ÁGUA
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Desenho: Gnadlinger
52
A ÁGUA EMBAIXO DA TERRA
NO SEMI-ÁRIDO
O que a gente está vendo?
A gente vê novamente um mapa do Nordeste do Brasil e parte do Sudeste, dividido nos
nove estados (Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco,
Alagoas, Sergipe, Bahia), mais a parte semi-árida de Minas Gerais. O mapa está
dividido em manchas de quatro cores diferentes.
O que significa isso?
Este mapa mostra a água no subsolo do Nordeste, quer dizer a água debaixo do chão.
A cor amarelo indica um subsolo cristalino que não deixa a água passar. Nas fendas
que estão cheias de pedras e areia, pode ter água, mas que muitas vezes é salobra. O
povo chama as fendas também de veios d'água. O subsolo de rocha serve para fazer
tanques e açudes.
A cor verde oliva indica um subsolo de arenito (que é areia endurecida). O arenito
absorve a água como uma esponja. Neste terreno pode-se perfurar poços artesianos e
poços bate-estaca. Não serve para fazer açudes, tanques e caxios.
A cor laranja indica um subsolo de areia onde pode-se cavar cacimbas. Areia existe
também perto dos rios e riachos (que se chama aluvião) onde podem ser cavadas
cacimbas de areia.
A cor rosa indica subsolo de cal com grutas embaixo da terra onde circula água que
depois nasce em olhos d'água. Este terreno não serve para fazer açudes e tanques.
O que a gente aprende disso?
A gente precisa conhecer o tipo do subsolo da região onde vive. Assim sabe-se melhor
se é possível haver água debaixo do chão, de que tipo esta água é, e como pode ser
aproveitada.
Esse assunto deve ser do conhecimento também das comunidades, sindicatos,
municípios para poder lutar por uma política de água adequada para cada região.
cm
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A ÁGUA EMBAIXO DA TERRA NO SEMI-ÁRIDO
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ROCHA DE GRANITO,COM ÁGUASOMENTE EM FENDAS
53
Pernambuco
cm
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Desenho: Gnadlinger, conforme dados da SUDENE
COMO CUIDAR DE UMA CACIMBA
O que a gente está vendo?
Neste desenho a gente vê uma cacimba ou um poço raso. Um menino está tirando água com um balde num carretel de bogó. Uma menina dá água aos animais, botando num bebedouro. O poço está cercado para que os bichos fiquem fora.
O que significa isso?
A cacimba é uma fonte de água importante no Semi-Árido brasileiro para ter água de beber (se a água não for salobra) e para os animais. A cacimba precisa ser bem construída e protegida para poder fornecer sempre água limpa e saudável.
O que se aprende disso?
Veja os cuidados que precisamos ter:- Manter a distância mínima de 15 metros das fossas e construir acima destas, para que a água não seja contaminada por fezes.- Precisa estar longe de chiqueiros, galinheiros ou estábulos e em lugar que não seja atingida por enxurradas e enchentes.- Precisa ter revestimento. O revestimento protege as paredes em toda a volta do buraco e isso evita a contaminação da água por micróbios que vivem na terra. Para revestir uma cacimba podem ser usados madeira, tijolos ou manilhas (anéis feitos de cimento).- É importante que a cacimba seja coberta para evitar que caia sujeira, ratos e outros animais que podem contaminar a água. É importante também fazer um piso cimentado em torno da cacimba.- A melhor maneira de retirar a água é através de bomba manual. Assim, o poço ficará sempre coberto e não haverá necessidade de corda e balde.- Caso não haja bomba, observe sempre se o balde usado para retirar a água está limpo e não deixe que seja colocado na terra, antes de entrar na cacimba. Um balde sujo pode contaminar a água.- A área da cacimba deve ser cercada para evitar que animais cheguem perto da água e sujem ou contaminem a água com as fezes. Para que os animais possam beber água, é preciso fazer um bebedouro, fora da cerca.
O texto é tirado do livro: Maria Oberhofer, Cada gota é importante
Observação:Existem várias maneiras de tirar manualmente água de um poço raso:bogó, sonda para poço bate-estaca, bomba Volanta, bomba-flex, bomba papa-água.
54
cm
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COMO CUIDAR DE UMA CACIMBA
55
cm
yk
Desenho: Ivomar de Sá Pereira
A ÁGUA FILTRADA EVITA
DOENÇAS
O que a gente está vendo?
A gente está vendo um pote cheio de vários tipos de material.
O que significa isso?
Este pote representa um filtro de água caseiro que cada um de nós pode fazer. A
vantagem disso é que você consegue água limpa e saudável para a sua família beber.
O filtro de água caseiro pode ser feito de várias maneiras, uma é esta:
Você toma um pote de barro grande comum e fura um buraco embaixo para a água
poder sair.
Dentro, arruma cascalho, carvão pisado em pó, areia fina e areia grossa nesta ordem:
!Uma camada de dez centímetros de seixos ou cascalho (de tamanho de dois
centímetros).
!Uma camada de dois centímetros de areia grossa para segurar o carvão.
!Uma camada de carvão vegetal pisado em pó, igualmente de 10 centímetros. O
carvão retira da água os micróbios que causam doenças.
!Um camada de dez centímetros de areia fina. A areia fina tira da água os ovos dos
vermes e o barro.
!Por fim, uma camada de dez centímetros de areia grossa e umas pedrinhas em
cima.
Mantenha o filtro tampado e renove pelo menos de três em três meses as camadas.
O que a gente aprende disso?
Não basta somente ter água, é necessário tomar água de boa qualidade. Todas as
pessoas devem beber somente água fervida ou filtrada. Quem usa água de cisterna
para beber, o filtro de vela é suficiente. Quem usa água de aguadas abertas, deve usar
o filtro de carvão e de areia. A água sem filtrar traz doenças como vermes, diarréia,
infeção intestinal, cólera, tifo, febre e outras.
Se você ainda não tem filtro em casa, faça um para ter mais saúde na sua família.
O uso de filtro faz parte da Saúde Preventiva e deve ser preocupação especial de todas
as famílias, como também da Pastoral da Criança.
Leia mais sobre o assunto no livro de: Dário Nunes dos Santos, Tratamento da Água
56
Jesus disse (Mt 10,42):”Quem der um copo de água limpa a um destes pequeninos, eu garanto a vocês: não perderá sua recompensa.”
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A ÁGUA FILTRADA EVITA DOENÇAS
ÁGUA
AREIA GROSSA10 cm
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SEIXOS OU CASCALHO
CARVÃO VEGETALPISADO A PÓ
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57
cm
yk Desenho: IRPAA, seg. Almanaque do Pequeno Produtor
Como o povo devese preparar para
Conviver com a seca?
Bem, a primeira coisa a providenciar é água.Existem quatro linhas de luta pela água:Nós distinguimos a luta pela água para cada família. Cada família deve providenciar água boa para o seu consumo.Depois tem a luta pela água da comunidade; em cada comunidade deve ter barreiro, cacimba, barragem ou poço para os animais terem onde beber, para o pessoal tomar banho e lavar roupa.Tem mais a luta pela água na lavoura; devemos preparar e plantar a roça de tal maneira a assegurar a água para as plantas.E há ainda a luta pela água de emergência, que são obras maiores como um açude ou um poço artesiano para segurar a água numa seca grande.
1. Fale mais sobre aágua para cada família!
A água boa para beber deve ser orgulho de cada família.Deve-se captar a água da chuva que cai no telhado da casa.Não existe casa em que não caiam vinte mil litros de água de chuva num ano. Captando esta água por calhas e levando-a por uma bica a um tanque ou cisterna, a gente consegue bastante água para seis pessoas, ter água para beber, cozinhar, lavar o rosto e dar banho em bebés durante um ano. Em outros lugares, pode-se cavar caxios que pegam a água de chuva que corre pelo chão. Já em outros lugares, há a possibilidade de perfurar poços bate-estaca que fornecem a água para as necessidades da casa.Para melhorar a qualidade da água, devemos filtrá-la em filtros de areia e carvão, usando um pote grande. Assim melhora também a saúde das famílias. Tudo isso só tem sentido se cada casa da comunidade providencia a sua própria água. Assim a água não vai faltar para ninguém na seca e as pessoas no Nordeste vão ficar livres do carro-pipa e da exploração dos coronéis.
2. E como é a águada comunidade?
Certo, além da água para beber e cozinhar, precisa-se ainda da água para tomar banho e para lavar a louça; também para os animais.Para isso, a comunidade deve providenciar a sua água comunitária. Esta água pode ser fornecida por tanques, barreiros, cacimbas ou poços, dependendo de cada local. Este tipo de água só é conquistado numa comunidade organizada e unida, visto que precisa de cuidados coletivos: cercar para proteger dos animais, limpar os tanques uma vez por ano ou cavar barreiro novo. Isso só é possível com a participação de todas as pessoas da comunidade. Pode até ser preciso defender a água da comunidade da grilagem da água. Existem tantos açudes no Nordeste, feitos com o suor do povo nas frentes de trabalho, que agora só servem a fazendeiros
58
AS QUATRO LINHAS DE LUTA PELA ÁGUA
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Desenho: Ivomar de Sá Pereira
3. E como é a águada lavoura?
Bem, sobre isso você vai ouvir muito na apostila da roça no sequeiro. Você guarda a umidade da terra e a aumenta, quando evita queimadas, usando cobertura seca e composto. Muitas plantas da caatinga como o umbuzeiro ou o mandacaru captam a água da chuva e a retém a nas raízes-batatas ou no tronco.
Um exemplo para ter água para o plantio é a barragem subterrânea que é uma barragem enterrada que não deixa a água escoar por baixo do chão. Uma barragem subterrânea em um suave declive produz tudo que a família precisa para comer.
O barreiro de salvação armazena a água numa pequena barragem para fazer uma irrigação rápida nos dias de estiagem entre uma chuva e outra.
Barragens subterrâneas e barreiros de salvação podem ser construídos em muitas partes do Semi-Árido, onde há subsolo cristalino, mas não em cima de arenito ou calcário.
Uma outra opção é arar a terra em sulcos nivelados que seguram a água da chuva e fazem inflitrar no chão.
Outros exemplos são o uso do esterco na roça e de plantas com raízes fortes que conseguem puxar a água de maior profundidade.
4. Falta ainda falarsobre a água
de emergência!
Você tem razão. Outras secas virão pela frente. Está prevista já uma seca grande entre os anos 2005 até 2011. Hoje em dia, é possível prever estas secas e por isso temos a obrigação de nos preparar e nos defender delas com antecedência. Aqui, faz-se necessário um levantamento e a elaboração de um plano de água para o município, a partir da organização das comunidades a nível dos municípios que inclui também o sindicato, as escolas, os políticos e as igrejas, o que chamamos de sociedade civil.Assim todos e todas podem descobrir onde é necessária a construção de um açude, de uma barragem ou a perfuração de um poço artesiano ou poço tubular que seguram a água numa seca grande para o povo não passar sede. Depois devem ser envolvidas também entidades estaduais e federais e exigir do governo os meios financeiros. Quando vem por exemplo uma frente de trabalho, o povo da região já sabe onde e como fazer uma barragem porque o problema da água já foi discutido antes por ele.
Se lutarmos pela água no Nordeste nestas quatro linhas, a seca não vai mais nos assustar.
60
cm
yk
LEVANTAMENTO DOS RECURSOS DE ÁGUA
MUNICÍPIO:__________________________________________________
COMUNIDADE:_______________________________________________
1 - Pessoal:
a - A comunidade é formada de quantas famílias? ______b - Quantas pessoas moram na comunidade? ______
2 - Animais:
Quantos animais tem na sua comunidade?
Burros Vacas PorcosJumentos Cabras AvesCavalos Ovelhas
3. - Fruteiras:
Que tipo de fruteiras existem na sua comunidade? Quantas de cada espécie?______________________________________________________________________________________________________________________________________
4. Água:
a. - Que tipos de aguadas existem na sua comunidade para juntar água? Quantas?
Poço comum
Poço Amazonas
Poço bate-estaca
Poço artesiano
Cacimba comum
Cacimba de areia
Barreiro raso
Barreiro fundo
Caxio
Caldeirão
Tanque de tijolos e cal
Tanque de placas e cimento
Tanque de tijolos e cimento
Tanque de telacimento
Barragem
Outra aguada
61
cm
yk
b. - Na seca, onde é que a comunidade -consegue água para asfruteiras, para os animais e para as pessoas?____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
c. - A que distância procura água?____________________________________________________________________
d. - O que deverá ser feito na sua comunidade para que não falteágua na seca?________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
E. - A comunidade tem terreno comunitário?____________________________________________________________________
Caso não tenha, ela tem condições de conseguir um local que seja doado à comunidade para nele construir a obra comunitária (p. ex. barragem, poço, horta, etc.)?________________________________________________________________________________________________________________________________________
Observações:____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
____________________________Local e data
Assinatura dos/das representantes da comunidade:___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
Observação:Este levantamento deve ser feito em todas as comunidades de um município. O resultado ajuda a conhecer a situação da água do munícipio e elaborar um “plano de água” para o município.
62
cm
yk
Água de ChuvaRoberto Malvezzi - Gogó
Refrão:Colher a água Reter a água
Guardar a água Quando a chuva cai do céu
Guardar em casaTambém no chão
E ter a águaSe vier a precisão.
1. No pé da casa você faz sua cisternaE guarda a água que o céu lhe enviouÉ dom de Deus, é água limpa, é coisa lindaTodo idoso, o menino e a meninaPodem beber que é água pura e cristalina.
2. Você ainda vai lembrar dos passarinhosE dos bichinhos que precisam de beberSão dons de Deus, nossos irmãos, nossos vizinhosFazendo isso honrará a S. FranciscoA Ibiapina, Conselheiro e Pe. Cícero.
3. Você ainda vai lembrar que a seca voltaE vai lembrar do velho dito popular"É bem melhor se prevenir que remediar!"Zele os barreiros, os açudes e as aguadasNão desperdice nem sequer uma gota d'água!
Perguntas:1. O que lhe chamou atenção neste canto?2. O que este canto fala sobre a chuva, a cisterna e a água?3. Como contribuíram Pe. Ibiapina, Antônio Conselheiro e Pe. Cícero para uma Convivência com o Semi-Árido?4. Como resolvem as plantas e os animais da Caatinga o problema da água?
63
Observação :Ao lado estamos vendo duas marcas de entidades que se preocupam com a captação de água de chuva: A IRCSA - Associação Internacional de Sistemas de Captação de Água de Chuva - promove a captação de água de chuva no mundo inteiro.www.irsca.org ; www.irsca.org.brA ABCMAC - Associação Brasileira de Captação e Manejo de Água de chuva - reune pesquisadores, universitários, técnicos nacionais e internacionais, dirigentes, lideranças comunitárias, políticos, homens e mulheres comprometidos com o semi-árido brasileiro e a captação de água de chuva no Brasil. www.abcmac.com.br
cm
yk
64
O ABASTECIMENTO DE ÁGUA
DE UM MUNICÍPIO O que a gente está vendo?
Aqui a gente está vendo o mapa de um município. Vemos a sede do município, os nomes de todas as comunidades, as estradas e as divisas com os municípios vizinhos. As partes coloridas representam açudes, poços e cisternas que se encontram no município.
O que significa isso?
O desenho mostra o mapa do Município Coronel José Dias, no Piauí, e o abastecimento dos recursos hídricos do município, em 2001. Foi possível elaborar este mapa porque foi feito um levantamento de água nas comunidades do município: a identificação, a localização e potencial de barragens, poços e cisternas e a população humana e os animais a serem atendidos. Depois disso, foi elaborado um plano de abastecimento de água de todo o município (área rural e cidade) com a participação das lideranças comunitárias e do poder público. Muitas ações concretas já foram realizadas para a melhorar o abastecimento de água: 400 cisternas foram construídas pelo poder público e 60 pela Cáritas, além de outras obras, barragens foram limpadas e poços instalados.O plano inclui entre outras coisas o seguinte:!Realizar um diagnóstico antes das ações, envolvendo toda a população!Dar prioridade à construção de cisternas familiares - Cáritas e Prefeitura!Perfurar e instalar dois poços tubulares - Prefeitura!Capacitar professores(as) para fazer tratamento de água nas escolas -
Comunidade e Secretaria de Educação!Cercar, limpar e cuidar das aguadas - Comunidade!Cuidar do lixo - Comunidade, Escolas e Prefeitura!Limpar e ampliar seis açudes e barragens - Prefeitura e Comunidade!A Prefeitura se compromete ainda mais: para captar recursos para
construir duas adutoras, perfurar poços, fazer estação de tratamento, construir chafariz em comunidade rural, construir 150 cisternas, estudar a viabilidade de barragens.
O que a gente aprende disso?
Cada município do Semi-Árido Brasileiro pode e deve fazer primeiro um levantamento da situação de abastecimento de água e a partir desta realidade elaborar um plano de água do município, com a participação das comunidades, do sindicato, das escolas, dos políticos, as igrejas, das organizações não-governamentais, toda a sociedade civil. Assim vamos resolver o problema da água nas quatro linhas de luta pela água para toda a população e não só para um grupo privilegiado. O abastecimento de água é uma parte integrante dentro de um programa permanente de convivência com o semi-árido para conseguir um desenvolvimento sustentável do município.
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MUNICÍPIO DE CORONEL JOSÉ DIAS - PI
LEGENDA
ÁÇUDES PÚBLICOS - Água Permanente
ÁÇUDES PÚBLICOS - Água Temporária
ÁÇUDES PARTICULARES - Água Permanente
ÁÇUDES PARTICULARES - Água Temporária
POÇOS TUBULARES PÚBLICOS
POÇOS TUBULARES PARTICULARES
POÇO CACIMBÃO
CISTERNAS/PREFEITURA-PCPR-OUTROS
CISTERNAS/CÁRITAS BRASILEIRA
CISTERNAS/BNB
BAHIA
DIRCEU ARCOVERDECARNAÍBA
BARRO VERMELHO
CURRAL DE RAMOS
FRADEMAXIXEIRO
MINADOR
SALININHASALITRE
UMBURANACARAÍBA
LAJEDÃO
RIACHO DA JUREMALAJESLAJES DE PEDRA
LAGOA DO BENEDITO
BAIXÃO DO EFIGÊNIO
CARNAUBEIRA
SANTA BARBARA
BARRA DO CAMPESTREMOURA
VOLTA DO BOISOBRADO
VEREDA
SANTA TEREZA
MORRO IISÃO JOSÉ
CACIMBA DE BARRO
SÃO L
OUREN
ÇO
CAMPESTRE
ESTREITO
GARRANCHO
RI O PIAUÍRI O PIAUÍ
SÃO RAIMUNDO NONATO
MDO
INOCÊN
CIO
LETREIROPOÇO DANTEGOIABEIRA
MELOSACOROATÁ
LAGOINHA
CASA NOVA SANTA LUZIA ALMAS
MALHADINHASOBRADOSÃO MIGUEL
LAGOA DO CANTORIO PIAUÍ
GROTA FUNDAPOÇO DO ANGICO
BARREIRINHOSANTO ANTONIO
BARRA DO ANTONHÃOBORDA
BAIXÃO DA QUEDA
MAQUINE
MARAVILHASACO
MANDACARU
TRAPIARVENEZA
CAIXA D`ÁGUAFIÁPOS
ZABELÊ
LIMOEIRO
BAIRRO SÃO PEDRO
BARREIRO GRANDEBARREIRINHO
SÍTIO DOMOCÓ
SEDE DO MUNICÍPIO
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0
B -
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BR -020
BR - 020
JOÃO COSTA
POPULAÇÃO: 4.416 habitantes
ÁREA: 1.789 km²
BAIXÃO DA UMBURANA
O ABASTECIMENTO DE ÁGUADE UM MUNICÍPIO
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Fonte: Prefeitura de Cel. José Dias - PI
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O que a gente esta vendo?
A gente vê um desenho com uns nomes conhecidos da Bíblia como Rio Jordão, Lago de Genezaré, Mar Morto, Jerusalém, Nazaré.
O que significa isso?
O desenho é um mapa da terra do povo de Deus e de Jesus que se chama Israel.Esta terra é cortada do Norte ao Sul pelo Vale do Rio Jordão onde se destacam o Lago de Genezaré e o Mar Morto.No Norte (no alto) há as Montanhas da Galiléia com a cidade de Nazaré e no Sul (embaixo) as Montanhas de Judá com a cidade de Jerusalém. O tempo de chuva é de novembro a março. O resto do ano é seco. No Norte chove mais do que no Sul. Em Jerusalém chove na média 630 milímetros por ano. Perto do Mar Morto, há até lugares em que só chove uma vez em dez anos. Nas montanhas, existem olhos d'água; em outros lugares há água no subsolo: por exemplo, o poço de Jacó tem 32 metros de profundidade; na cidade de Jerusalém havia centenas de cisternas de tijolo e cal que abasteciam a cidade com a água de chuva.
O que a gente aprende disso?
A terra do povo de Deus, em muitos aspectos, é como o Nordeste: Quando a gente coloca um mapa do Nordeste ao lado de um mapa de Israel, a gente descobre o seguinte: os dois são cortados por um rio grande, as duas regiões têm uma estação de chuva e outra de seca. Até o regime das chuvas é semelhante.Nas duas regiões, deve ser providenciada água para os períodos de estiagem (poços e cisternas).Nos dois lugares, há criação de cabras e plantam-se fruteiras.Por isso, quando a gente escuta uma história da Bíblia, a gente entende, porque a nossa vida é como a vida do povo de Deus.
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A TERRA DO POVO DE DEUS
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Montanhasda Galiléia
Nazaré
Monte Carmelo
Lago deGenezaré
Poço de Jacó
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Brejo de Jericó
Belém
Montanhasde Judá
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A TERRA DO POVO DE DEUS
“Eu lhes darei uma terra onde corre leite e mel” (Ex 3,8)
Aqui chove mais que800 milímetros por ano
Aqui chove entre 800 e600 milímetros por ano
Aqui chove entre 600 e150 milímetros por ano
Aqui chove menos que150 milímetros por ano (deserto)
Montanhas com fontes (olhos d’água),poços (cacimbas) e cisternas (caldeirões)
Chuvas de inverno (de novembroa março), vindas do poente
Ventos secos do verão,vindos do sudeste
Ma
r M
ort
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Jerusalém
Deserto Árabe
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Desenho: Gnadlinger
Os patriarcas Abraão, Isaac e Jacó viveram num país com um clima semelhante
ao Nordeste. Por isso tinham que providenciar água para a seca. Eles achavam água,
cavando poços manuais. Assim Jacó cavou um poço com trinta e dois metros de
profundidade na região de Samaria, de onde muitos séculos depois Jesus tomou água
ainda.
Os patriarcas com suas famílias também cavaram cacimbas de areia nos riachos
secos. As aguadas eram poucas e assim houve brigas entre a vizinhança como
acontece ainda hoje em dia. Quantos fazendeiros já roubaram a água das mãos do
povo?
Isaac resolveu o problema da água para a sua comunidade, defendendo-a, e
assim ele é exemplo para todos nós.
Observação:Depois de ler e refletir sobre este texto, podemos fazer uma dramatização e responder às perguntas. Onde tiver muita gente, pode-se dividir o pessoal em vários grupos.
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A LUTA PELA ÁGUA
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A LUTA PELA ÁGUA(Gênesis 26,15-22)
Os filisteus haviam entulhado e coberto de terra todos os poços que os servidores de
Abraão, pai de Isaac, haviam cavado no tempo de Abraão. Abimelec disse a Isaac:
“Vá embora daqui, porque você ficou mais poderoso do que nós."
Isaac foi embora dali, acampou no Vale de Gerara, e aí se estabeleceu. Cavou de novo
os poços que os servos de seu pai Abraão haviam cavado e que os filisteus tinham
entulhado depois da morte de Abraão, e lhes deu os mesmos nomes que seu pai lhes
havia dado.
Os servos de Isaac cavaram no vale e encontraram aí uma fonte. Mas os pastores de
Gerara brigaram com os pastores de Isaac, dizendo:
"Essa água é nossa!"
Isaac então chamou esse poço de Desafio, pois brigavam por causa dele. Cavaram
outro poço, e também acabaram brigando por causa dele. A este Isaac deu o nome de
Rivalidade. Então partiu daí e cavou outro poço; e, como não havia briga por causa
deste, deu-lhe o nome de Campo Livre, dizendo:
"Agora Javé nos deu o campo livre para que prosperemos na terra.”
Perguntas:
1. O que foi que Isaac fez para ter água na seca?
2. Por que surgiram as brigas pela água?
3. O que é que nós fazemos para ter água?
4. Em nosso caso, quem fica com inveja quando lavradores e lavradoras c
onseguem algo que melhora suas vidas?
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DEUS DÁ ÁGUA ATÉ NO
DESERTO
Este trecho da Bíblia fala de um tempo em que o povo de Deus ainda estava
caminhando no deserto. Deus tinha libertado seu povo da escravidão no Egito,mas
ainda estava no deserto, esperando a entrada na terra prometida. Um dia faltou água e
o povo começou a se rebelar contra Deus, Moisés e Aarão. Deus mandou tirar água da
rocha com uma vara. Ainda hoje em dia, pessoas sensíveis à água conseguem
detectar água no subsolo. Se falta água no Nordeste, nós não devemos culpar a Deus,
mas usar a nossa inteligência e nossos instrumentos para descobrir e captar esta
água.
Observação:Depois de ler e refletir sobre este texto, podemos fazer uma dramatização e responder às perguntas. Onde tiver muita gente, pode-se dividir o pessoal em vários grupos.
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DEUS DÁ ÁGUA ATÉ NO DESERTO(Números 20,1-13)
A comunidade inteira dos filhos de Israel chegou no primeiro mês no deserto do
Sin. E o povo acampou em Cades. Faltava água para a comunidade e as pessoas se
amotinaram contra Moisés e Aarão. O povo brigava com Moisés, dizendo:"Quem dera tivéssemos morrido quando nossos irmãos morreram diante
de Javé! Porque você trouxe a comunidade de Javé a este deserto, para
morrermos aqui junto com nossos animais? Porque você nos fez sair do Egito,
para nos trazer a este lugar deserto, onde não se pode semear, sem figueiras,
vinhas e romãzeiras, e até sem água para beber?"Moisés e Aarão se afastaram da comunidade, foram para a entrada da tenda da
reunião e se prostraram diante dela, com o rosto por terra. Então a glória de Javé
apareceu a eles. E Javé disse a Moisés:"Pegue a vara, junto com seu irmão Aarão, e reúna a comunidade. Em
seguida, na presença deles, ordene que a rocha dê água. Você tirará água da
rocha para dar de beber à comunidade e aos animais."Moisés pegou a vara que estava na presença de Javé, conforme este lhe tinha
ordenado. Moisés e Aarão reuniram a comunidade diante da rocha. Então Moisés lhes
falou:"Ouçam rebeldes! Vocês acreditam que poderemos tirar água desta
rocha?"Moisés levantou a mão e bateu na rocha duas vezes com a vara: a água jorrou
em abundância, e a comunidade e os animais puderam beber.Então Javé disse a Moisés e Aarão:"Já que vocês não acreditaram em mim e não reconheceram a minha
santidade na presença dos filhos de Israel, vocês não farão esta comunidade
entrar na terra que eu vou dar a eles."Essa é a Fonte da Discussão, onde os filhos de Israel discutiram com Javé. E ele
manifestou a sua santidade para eles.
Perguntas:
1. Existem problemas ou brigas a respeito da água em nossa comunidade
também?
2. Como devemo-nos organizar para ter água no lugar onde nós vivemos?
3. Será que embaixo da terra, onde moramos, tem água?
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ELIAS E A VIUVA ENSINAM A CONVIVER COM A SECA
Elias é um dos grandes profetas do Antigo Testamento. Ele viveu no tempo
do rei Acab. Este rei queria ser como os grandes reis daquela época. Por
isso imitava os costumes dos povos estrangeiros, vivia no luxo e esqueceu-
se de Deus e do povo. O povo estava sofrendo uma seca grande e o rei
nem estava aí.
Elias ao contrário, sofre com o povo e procura uma saída da seca. Mas
quem tem uma saída é a viuva de Sarepta que partilha o que ela tem.
No Brasil, se o governo realmente se interessasse pelo semi-árido,
encontraria saídas para o problema da seca. E nós podemos achar saídas
também, se seguirmos o exemplo do profeta Elias e da viúva de Sarepta.
Observação:Depois de ler e refletir sobre este texto, podemos fazer uma dramatização e responder às perguntas. Onde tiver muita gente, pode-se dividir o pessoal em vários grupos.
PROCISSÃO Gilberto Gil
Meu divino São José aqui estou aos vossos pés Dai-nos chuva com abundância Meu Jesus de Nazaré
Olha lá vai passando a procissão Se arrastando que nem cobra pelo chão As pessoas que nela vão passando Acreditam nas coisas lá do céu As mulheres cantando tiram versos Os homens escutando tiram o chapéu Eles vivem penando aqui na terra Esperando o que Jesus prometeu E Jesus prometeu vida melhor Pra quem vive nesse mundo sem amor Só depois de entregar o corpo ao chão Só depois de morrer neste sertão Eu também tô do lado de Jesus Só que acho que ele se esqueceu De dizer que na terra a gente tem De arranjar um jeitinho pra viver Muita gente se arvora a ser Deus E promete tanta coisa pro sertão Que vai dar um vestido pra Maria E promete um roçado pro João Entra ano, sai ano, e nada vem Meu sertão continua ao deus-dará Mas se existe Jesus no firmamento Cá na terra isto tem que se acabar
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ELIAS E A VIUVA ENSINAM A CONVIVER COM A SECA
(1 Reis 17,1-16)
Elias, o tesbita de Tesbi de Galaad, disse ao rei Acab:"Pela vida de Javé, o Deus de Israel, a quem sirvo: Nestes anos não haverá
orvalho nem chuva, a não ser quando eu mandar."Javé dirigiu a palavra a Elias:"Saia daqui, dirija-se para o Oriente e esconda-se junto ao córrego Carit,
que fica a Leste do Jordão. Você poderá beber água do córrego. Eu ordenei aos corvos que levem comida para você."
Então Elias partiu e fez como Javé tinha mandado: foi morar junto ao córrego Carit, a Leste do Jordão. Os corvos lhe levavam pão de manhã e carne à tarde. E ele bebia água do córrego.
Algum tempo depois, o córrego secou, porque não tinha chovido na região. Então Javé dirigiu a palavra a Elias:
"Levante-se, vá para Sarepta, que pertence à região da Sidônia, e fique morando aí. Porque eu ordenei a uma viúva que dê comida para você."
Elias se levantou e foi para Sarepta. Chegando à porta da cidade, encontrou uma viúva que estava recolhendo lenha.
Elias a chamou e disse:"Por favor, traga-me um pouco de água no seu balde para beber."Quando a mulher já estava indo buscar água, Elias gritou para ela:"Traga-me também um pedaço de pão."Ela respondeu:"Pela vida de Javé, o seu Deus, não tenho nenhum pão feito; tenho apenas
um pouco de farinha numa vasilha e um pouco de azeite na jarra. Estou ajuntando uns gravetos para preparar esse resto para mim e meu filho. Depois, vamos comer e ficar esperando a morte."
Mas Elias disse:"Não tenha medo! Vá e faça o que está dizendo. Mas primeiro prepare um
pãozinho com o que você tem e traga para mim. Só depois você prepara um pão para você e seu filho. Pois assim diz Javé, Deus de Israel: A Vasilha de farinha não ficará vazia e a jarra de azeite não se esgotará até o dia em que Javé mandar chuva sobre a terra."
A mulher foi fazer o que Elias tinha mandado. E comeram, tanto ele como também ela e o filho, durante muito tempo. A vasilha de farinha não se esvaziou e a jarra de azeite não se esgotou, como Javé tinha anunciado por meio de Elias.
Perguntas:
1. O que sabemos sobre o clima em Israel?2. Como foi a vida dos homens e das mulheres no tempo do profeta Elias?3. A leitura nos mostra que os homens e as mulheres se comportam de
maneira diferente diante de uma seca. - A mesma coisa acontece também hoje?
4. Para enfrentar uma situação difícil, Elias e a viúva ensinavam a partilhar. - O que fazemos nós para conviver com o clima semi-árido?
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JEREMIAS ORIENTA O POVO NUM TEMPO DIFÍCIL
O profeta Jeremias viveu numa época difícil do povo de Deus.
O exército do rei da Babilônia ameaçava de destruir a cidade de Jerusalém. O rei
dos israelitas, Sedecias, estava desnorteado; ele não sabia, se era bom resistir aos
babilônios ou não.
Jeremias disse que era melhor o povo se entregar aos babilônios do que morrer
pela espada, pela fome ou pela peste. Por causa disso, várias pessoas denunciaram
Jeremias como inimigo da pátria e o rei mandou jogá-lo na cisterna da cadeia.
Mas este tanque estava vazio e por isso o profeta não morreu. Como cada casa
em Jerusalém, até a cadeia tinha uma cisterna, para pegar a água de chuva.
Jeremias fala em outro lugar de reservatórios para a água da chuva, quando ele
compara o povo no caminho errado com "cisternas rachadas" (veja capítulo 2,
versículo 13).
Observação 1:A cisterna de que se fala na leitura é um tanque de pedra e cal. A maioria das casas de Jerusalém tinha cisternas que captavam a água ou do telhado ou do pátio.
Observação 2:Depois de ler e refletir sobre este texto, podemos fazer uma dramatização e responder às perguntas. Onde tiver muita gente, pode-se dividir o pessoal em vários grupos.
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JEREMIAS ORIENTA O POVO NUM TEMPO DIFÍCIL
(Jeremias 38,1-13)
Safatias, Gedalias, Jucal e Fassur ouviram o que Jeremias disse a todo o povo:"Assim diz Javé: Quem ficar nesta cidade morrerá pela espada, pela fome e
pela peste; quem passar para os caldeus, será tomado como despojo, mas conservará a vida. Assim diz Javé: Esta cidade será entregue nas mãos do exército do rei da Babilônia, para que a conquiste."
Então os altos funcionários disseram ao rei:"Mande matar esse homem, pois ele, falando assim, está desencorajando
os soldados que ainda restam nesta cidade e também todo o povo. Este homem não busca o bem do povo e sim a desgraça!"
O rei Sedecias respondeu:"Ele está nas mãos de vocês, pois o rei não tem força nenhuma contra
vocês."Então eles pegaram Jeremias e, com uma corda, o puseram dentro da cisterna
do príncipe real Melquias, no pátio da prisão. Como na cisterna não havia água, mas só barro, Jeremias ficou atolado no barro.
O etíope Ebed-Melec, que era eunuco e servia no palácio do rei, ouviu falar que eles tinham colocado Jeremias na cisterna. Enquanto o rei estava sentado junto à porta de Benjamim, Ebed-Melec saiu do palácio e disse ao rei:
"Majestade, esses homens agiram mal contra o profeta Jeremias, jogando-o na cisterna: Ali ele vai morrer de fome, pois não existe mais pão na cidade."
Então o rei ordenou a Ebed-Melec, o etíope:"Leve com você três homens e tirem o profeta Jeremias da cisterna, antes
que ele morra."Ebed-Melec levou os homens, entraram no palácio, foram até o porão, onde
pegaram uns trapos e uns panos velhos. Depois, jogaram esses trapos na ponta de uma corda para Jeremias.
Ebed-Melec, o etíope, disse a Jeremias:"Coloque esses panos velhos debaixo do braço, onde vai passar a corda."Assim fez Jeremias. Então puxaram Jeremias pela corda, tirando-o da cisterna.
E Jeremias ficou no pátio da prisão.
Perguntas:
1. Como se resolveu o problema da água em Jerusalém?
2. Existem cisternas ou tanques vazios em nossa comunidade também. Porque estão vazios?
3. Os profetas e as profetas em nosso meio são aceitos ou rejeitados?
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JESUS E A SAMARITANA
Quando Jesus viajou com seus discípulos da Judéia para a Galiléia, ele tinha que
passar pela Samaria. Samaritanos e judeus não falavam entre si. Um homem também
não conversava com uma mulher em público. Mas, apesar disso, Jesus pediu a uma
mulher samaritana para dar-lhe de beber.
Nesta história, a água é um meio para criar entendimento e compreensão entre
as pessoas.
O poço cavado pelo patriarca Jacó serviu séculos depois a Jesus e serve ainda
hoje ao povo de Samaria. E para combater a relação de opressão da mulher pelo
homem.
Para nós resolvermos o problema da água em nossas comunidades, a gente
deve fazer primeiro um esforço grande (cavando um poço ou construindo cisterna),
depois a vida melhora, não só para a gente, mas também para gerações futuras.
Observação 1: Depois de ler e refletir sobre este texto, podemos fazer uma dramatização e responder às perguntas. Onde tiver muita gente, pode-se dividir o pessoal em vários grupos.
Observação 2: Na época da Bíblia eram também as mulheres que carregavam água. Mas no final do encontro entre Jesus e a samaritana (no versículo 29) a mulher deixou o balde de lado e foi para a cidade falando do encontro libertador que teve com Jesus. Se as mulheres do semi-árido não precisam mais carregar água, terão mais tempo livre ou a disposição para fazer outras coisas.
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JESUS E A SAMARITANA(João 4,1-15)
Os fariseus ficaram sabendo que Jesus atraía discípulos e batizava mais do que João. Ao saber disso, Jesus deixou a Judéia e foi para a Galiléia. Jesus tinha que atravessar a Samaria. Chegou então a uma cidade da Samaria chamada Sicar, perto do campo que Jacó tinha dado ao seu filho José. Aí ficava o poço de Jacó. Cansado da viagem, Jesus sentou-se junto ao poço. Era quase meio-dia.
Então chegou uma mulher da Samaria para tirar água. Jesus lhe pediu:"Dê-me de beber!"(Os discípulos tinham ida à cidade para comprar mantimentos). A samaritana
perguntou:"Como é que tu, sendo judeu, pedes de beber a mim, que sou samaritana?"(De fato os judeus não se dão bem com os samaritanos). Jesus respondeu:"Se você conhecesse o dom de Deus, e quem lhe está pedindo de beber,
você é que lhe pediria. E ele daria a você água viva."A mulher disse a Jesus:"Senhor, não tens um balde, e o poço é fundo. De onde vais tirar a água
viva? Certamente não pretendes ser maior do que o nosso pai Jacó, que nos deu este poço, e do qual ele bebeu junto com seus filhos e seus animais!"
Jesus respondeu:"Quem bebe desta água vai ter sede de novo. Mas aquele que beber a água
que eu vou dar, este nunca mais terá sede. E a água que eu lhe darei, vai se tornar dentro dele uma fonte da água viva que jorra para a vida eterna."
A mulher disse a Jesus:"Senhor dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede, nem precise
vir aqui para tirar."
Perguntas:
1. O que fez Jacó para resolver o problema da água para sua família?
2. Será que em nossa comunidade tem também esta água, da qual bebemos juntos com nossos filhos/as e animais?
3. A situação da água em nossa comunidade é sinal de vida ou sinal de morte?
4. Quem carrega água em nossas comunidades para abastecer nossas casas? Por que?
5. Como é o relacionamento entre Jesus e a samaritana nesta historia? Existe um relacionamento de respeito e de libertação entre homens e mulheres em nossas comunidades?
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CORAGEM PARA TOMAR POSSE DE
UMA TERRA RICA E GRANDIOSA
Deus prometeu a seu povo uma terra boa, uma terra onde corre leite e mel. Mas
ele não quis entregar esta terra a seu povo como esmola, de mão beijada. Os israelitas
deviam conquistar e lutar por esta terra. Moisés mandou doze representantes das
comunidades para conhecer esta terra. De volta, dez deles falam das dificuldades: dos
inimigos que moram lá. Somente dois representantes: Josué e Caleb acreditam que é
uma terra boa, que dá cachos de uvas tão grandes que precisava de dois homens para
carregá-los. "Temos que tomar posse desta terra; nós podemos fazer isso.”
Também a nós, nordestinos e nordestinas, Deus deu uma terra boa e fértil, mas
muitas pessoas não acreditam nisso. Por isso fazem tão pouco para conquistar ou
melhorar esta terra.
Perguntas:1. a. Que tipo de terra Deus deu ao povo de Israel? b. Que tipo de terra Deus deu a nós no Nordeste do Brasil?2. a. Para conseguir esta terra, quais as dificuldades que as pessoas representantes das comunidades do Povo de Deus levantaram? b. Quais as dificuldades que levantamos em nossas comunidades sobre a vida no Nordeste?3. a. Qual é o comportamento de Caleb e de Josué? b. Como deve ser o nosso comportamento como representantes de
nossas comunidades?
Observação:Este texto é bom para encerrar um encontro maior e deve renovar ou acender nossa fé na terra que temos. Pode-se fazer uma dramatização de doze pessoas que falam de vários exemplos de fé ou descrença no Nordeste. Somente pessoas que lutam, que têm coragem, vão conquistar uma terra onde corre leite e mel.
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Terra Prometida
Miroval Ribeiro Marques
Doce lar, meu aconchego,ó, belo sertãoNatureza que inspirao poema e a cançãoNa bravura e resistência,teu povo fielGrata Terra Prometidaonde correm o leite e o mel
A pobreza e a indigênciacortam o coração da genteAções preconceituosasque degradam o ambienteFaltam abrigo e comida,saúde e educaçãoFalta água pra bebere molhar a plantação
Povo humilde e abandonadoFruto da escravidãoA elite é atrasada,de um poder sem compaixãoSertanejo nordestinoquer viver e ter direitoDe poder fazer históriae quebrar o preconceito
E assim poder sentirAo som de um violãoA quixabeira, o reisado,São Gonçalo e São JoãoDo sertão ao pé da serra,do serrado à beira marSer parte da mesa fartado almoço ao jantar
A seca não é problemaIsso ouvi de um viajanteÉ da cerca e o sistemaque fazem os retirantesHastear nossa bandeirae expor sem desatinoO Nordeste é a TerraPrometida aos nordestinos
CORAGEM PARA TOMAR POSSE DE
UMA TERRA RICA E GRANDIOSA
(Números 13,1-33)
Javé falou a Moisés:"Mande gente para conhecer o país de Canaã, que vou dar aos filhos de
Israel. Mande um de cada tribo, e que todos sejam chefes."Segundo a ordem de Javé, Moisés os enviou do deserto de Farã. Todos eram
chefes dos filhos de Israel, e seus nomes são os seguintes: Samua, da tribo de Rúben,
Safat, da tribo de Simeão,Caleb, da tribo de Judá,Igal, da tribo de Issacar,Oséias, da tribo de Efraim,Falti, da tribo de Benjamim,Gedil, da tribo de Zabulon,Gadi, da tribo de Manassés,Amiel, da tribo de Dã,Setur, da tribo de Aser,Naabi, da tribo de Neftali,Güel, da tribo de Gad.
Moisés mandou que eles fossem conhecer o país de Canaã, e lhes falou:"Subam pelo deserto de Negueb até chegar à montanha. Observem como é
o país e seus habitantes, se são fortes ou fracos, poucos ou numerosos. Vejam se a terra é boa ou ruim, se tem árvores ou não, sejam corajosos e tragam frutos da terra."
Era o tempo em que a uva começava a amadurecer. Eles subiram e chegaram a conhecer o país de norte a sul. Chegando ao Vale do Cacho, cortaram um ramo de videira com um cacho de uvas, e o penduraram numa vara transportada por dois homens; colheram também romãs e figos.
Quarenta dias depois, voltaram e se apresentaram diante de Moisés, Aarão e toda a comunidade de Israel, no Deserto de Farã, em Cades. Diante deles e da comunidade fizeram seu relatório e mostraram os frutos da terra. O relatório deles foi o seguinte:
"Entramos na terra aonde você nos enviou. É uma terra onde corre leite e mel e aqui vocês podem ver os frutos dela. Mas o povo que mora no país é poderoso, e as cidades são grandes e fortificadas."
Então Caleb fez o povo ficar em silêncio diante de Moisés, e falou:"Temos que subir e tomar posse desta terra; nós podemos fazer isso."Mas os homens que haviam acompanhado Caleb replicaram:"Não podemos atacar esse povo, porque ele é mais forte do que nós."
E diante dos filhos de Israel começaram a pôr defeitos na terra que haviam conhecido.
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CONVIVER COM O SEMI-ÁRIDO -A VIDA NO SERTÃO É VIÁVEL!
1- Toda a água no semi-árido brasileiro vem da chuva.
2- A quantidade da chuva vai diminuindo do Litoral para o Interior do Nordeste.
3- O comportamento da chuva é diferente em cada ano, seja na quantidade, seja na distribuição.
4-A maior parte da chuva que cai, evapora.
5- As secas grandes voltam de tempo em tempo previsto e por isso as esperamos sem medo e preparados.
6- Nem por isso o semi-árido brasileiro fica sem solução, ele é viável!
7- Devemos colher e armazenar a água da chuva em caxios, caldeirões, cisternas, tanques, barragens e açudes, para garantir a água para as famílias e as comunidades.
8- Devemos lutar por obras maiores como açudes ou poços para providenciar água para as secas grandes.
9- Sobretudo nas áreas de arenito do Nordeste existe água embaixo da terra, que pode ser aproveitada através de poços rasos ou profundos.
10- Por pessoas sensíveis, podem ser detectados pela hidroestesia os lugares para poços, onde a água é bastante e de boa qualidade.
11- O comportamento irregular da chuva nos leva a confiar mais na criação de animais do que na lavoura.
12- A lavoura sempre fica arriscada, a não ser que escolhamos culturas adaptadas a um clima seco como sorgo, guandu, mamona, capim búfalo, leucena, etc.
13- Devemos rejeitar a "politicagem da seca" com que os grandes enganam o povo, distribuindo esmolas ou construindo obras inviáveis.
14. Vamos fazer um levantamento de água e elaborar um “plano de água” para um abastecimento completo do município, mesmo em anos de seca.
15- Em nossas comunidades, escolas, sindicatos e municípios vamos nos engajar por uma "política da água" que busca conviver com o clima do Semi-Árido e resolver as necessidades do povo.
16- Em tudo isso, o povo nordestino recebe uma grande força pela experiência do povo de Deus na Bíblia, que conseguiu resolver o problema da água num país com uma natureza, clima, criação, lavoura e problemas semelhantes ao Nordeste.
17- Assim não precisamos ver o sertão como inimigo do povo que obriga a gente sair da terra natal, mas um lugar onde homens e mulheres, crianças, jovens e velhos(as), constróem uma vida feliz, porque aprendem a conviver com o semi-árido.
18- Acreditamos que o Nordeste é uma "terra prometida onde corre leite e mel" que nós nordestinos e nordestinas até agora nem conquistamos.
É mesmo, compadre, se a gente faz tudo isso e vive assim prevenido, o nordestino pode agüentar até três secas, uma seguindo a outra, como disse o nosso Padim Cícero.
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Livros e artigos que ajudam a conhecer melhor o semi-árido brasileiro (*) ou que foram usados na elaboração desta apostila:
Amorim Neto, M. da S., Boletim Agrometeorológico, 1980-82,1983,1984, Embrapa Semi-Árido, Petrolina-PE.
* Andrade, M. C. de, A Terra e o Homem no Nordeste, Ed. Brasiliense, São Paulo, 1973.a.Antunes, C., Geografia do Brasil, Ed. Scipione, São Paulo-SP, 1991, 3 ed.
Betz, H.-D., Unconventional Water Detection, Fieldtest of the Dowsing Technique in Dry Zones, GTZ-a. Eschborn, Alemanha, 1993, 2 ed.
Bernat, C., Courcier, R. e Sabourin, E., A Cisterna de Placas, Técnicas de Construção, Ed. Massangana, Recife-PE, 1993.
Bloch, D., Água Direito à Vida, Recife-PE, 2001 (www.ircsa.org.br).Born, A. van den, Dicionário Enciclopédico da Bíblia, Ed. Vozes, Petrópolis-RJ, 1973.Caritas, Água de Chuva, O segredo da convivência com o Semi-árido brasileiro,Ed. Paulinas, São Paulo-SP,
2001* CNBB, Nordeste, Desafio à Missão da Igreja no Brasil, Doc. da CNBB 31, Ed. Paulinas, São Paulo-SP,
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Coelho, J., As Secas do Nordeste e a Indústria das Secas, Ed. Vozes, Petrópolis-RJ, 1985.Daker, Alberto, Captação, elevação e melhoramento da água, Liv. Freitas Bastos, Rio de Janeiro-RJ, 1987,
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Brasileiro, Anais do 1º Simpósio sobre Sistemas de Captação de Água de Chuva, Petrolina-PE, 1999 (www.ircsa.org.br).
Gnadlinger, J. (Editor), A Captação de Água de Chuva: uma Resposta à Escassez de Água no próximo Milênio, Anais da 9ª Conferência Internacional sobre Sistemas de Captação de Água de Chuva, Petrolina-PE, 1999 (www.ircsa.org.br).
Gnadlinger, J. (Editor), Captação de Água de Chuva e Cultivos Apropriados ao Semi-Árido, Anais do 3º Simpósio sobre Sistemas de Captação de Água de Chuva, Campina Grande-PB, 2001 (www.abcmac.com.br).
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Oberhofer, M., Cada gota é importante, Juazeiro-BA, 2000.PATAC, Almanaque do Pequeno Produtor , ano 1987, pg. 62s, e ano 1991, pg. 64s, Aparecida-SP.*Rebouças, Aldo (Editor): Águas Doces no Brasil, São Paulo-SP, 1999. * Santos, D. N. dos, Tratamento da Água na Área Rural, Juazeiro-BA, em prelo.Schistek, H., A Construção de Cisternas de Tela e Arame, Paulo Afonso-BA, 1998* Schistek, H., A Água no Semi-Árido, e-book (www.irpaa.org.br).* Silva, A. de S., Brito, L. T. de L. & Rocha, H. M., Captação e Conservação de Água de Chuva no Semi-árido
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* Silva, Fernando Barreto Rodrigues e outros, Zoneamento Agroecológico do Nordeste. Diagnóstico do quadro natural e agrosocioeconômico, 2 volumes e 1 mapa, Embrapa Semi-Árido, Petrolina-PE, 1993.
Stamford, W. J. P. e outros, Potencial dos Recursos Hídricos, em: Projeto Radam Brasil, vol. 30, pgs. 252-351, Rio de Janeiro-RJ, 1983.
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World Water Forum, Final Report, Haia, Holanda, 2000.
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