a atividade salineira no brasil se caracteriza por uma grande dependência do

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A atividade salineira no Brasil se caracteriza por uma grande dependência do fator humano, em detrimento da máquina. Um outro fator de produção é a salinidade da água, que no caso potiguar alcança 3,5%, que cinsiderado bom para as salinas mais próximas ao mar, mas cai para até 2,1% naquelas lo calizadas a montante dos rios.. Um outro fator que afeta a produção são os dois meses de chuva, pois como se sabe é através da evaporação solar que se extrai o sal. Com as chuvas, a água doce se mistura nas curiosas figuras que se formam nas sa linas, sobressaindo os triângulos, os quadrados, os retângulos e as pirâmides de sal, com seus cristalizadores e cataventos, os salineiros são obrigados a esperar mais tempo para o início da extração. Com o acentuado declínio das salineiras fluminemses, na região de Ararua ma e Cabo Frio, dando lugar a especulação imobiliária, ocorrido no final dos anos 80, o Rio Grande do Norte e o Ceará, respondem por 95% de todo o sal produzido em nosso Pais. Estima-se que esta atividade econômica gere mais de 15.000 empregos diretos. 4 anos atrás A PRODUÇÃO SALINEIRA NO RIO GRANDE DO NORTE

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A atividade salineira no Brasil se caracteriza por uma grande dependência dofator humano, em detrimento da máquina. Um outro fator de produção é asalinidade da água, que no caso potiguar alcança 3,5%, que cinsiderado bompara as salinas mais próximas ao mar, mas cai para até 2,1% naquelas localizadas a montante dos rios..Um outro fator que afeta a produção são os dois meses de chuva, poiscomo se sabe é através da evaporação solar que se extrai o sal. Com aschuvas, a água doce se mistura nas curiosas figuras que se formam nas salinas, sobressaindo os triângulos, os quadrados, os retângulos e as pirâmidesde sal, com seus cristalizadores e cataventos, os salineiros são obrigados aesperar mais tempo para o início da extração.Com o acentuado declínio das salineiras fluminemses, na região de Araruama e Cabo Frio, dando lugar a especulação imobiliária, ocorrido no final dosanos 80, o Rio Grande do Norte e o Ceará, respondem por 95% de todo osal produzido em nosso Pais. Estima-se que esta atividade econômica geremais de 15.000 empregos diretos.

4 anos atrás

A PRODUÇÃO SALINEIRA NO RIO GRANDE DO NORTE

O mineral halita (NaCl) ou sal de cozinha é um importante bem mineral e está ligado à história do homem sobre o planeta. Seu uso é bastante amplo e passa pela conservação de alimentos até a produção de cosméticos. A extração deste bem mineral é dividida em várias etapas para garantir como produto final, um material de boa qualidade, além de garantir a preservação do meio ambiente. A halita tem seu nome mineralógico originário da palavra latina sal, que deriva do grego antigo alas ou alati no idioma atual. O termo halita, refere-se às suas ocorrências naturais, como sal de rocha, sal gema ou sal fóssil. Apresenta-se em dois tipos:

Sal marinho - é extraído através da evaporação da água do mar.

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Sal de rocha - também conhecido por sal gema, é extraído de minas subterrâneas que já foram submersas pela água do mar.

Sal marinho

O evaporito é uma rocha sedimentar formada pela precipitação dos sais contidos em uma solução química inorgânica, que se depositam quando salmouras de lagos e marés interiores se evaporam. A formação de evaporitos marinhos requer condições de extrema restrição de circulação de águas marinhas, aliada a condições climáticas específicas que possibilitem que a razão de evaporação seja maior que a taxa de influxo marinho. Para a obtenção do sal, existem processos específicos de extração. Geologicamente, o sal é encontrado na natureza em forma de solução ou em estado sólido. Existem dois tipos de ocorrências:

Ocorrência em forma de solução - oceanos, lagos, aquíferos subterrâneos e fontes de salmoura natural.

Ocorrência no estado sólido - depósitos a céu aberto, depósitos subterrâneos em forma de camadas ou domos/diapiros.

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Pedra de sal gema

O sal também é encontrado em depósitos sedimentares, em forma de camadas de espessura variável. Está associado com outras rochas sedimentares, como folhelhos, calcários calcíferos e dolomíticos, gipsita, anidrita e outros sais evaporíticos. Os depósitos salinos são encontrados em todos os períodos geológicos, desde o Cambriano até o Terciário, havendo também ocorrência de depósitos no Pré-Cambriano. As salinas são áreas de produção de sal marinho pela evaporação da água do mar ou em lago de água salgada. O sal marinho formado na salina é uma rocha sedimentar química que tem origem na precipitação da água do mar, quando esta sofre evaporação, quando átomos ou moléculas no estado líquido ou sólido ganham energia suficiente para passar ao estado de vapor.

Salinas em Lançarote - Ilhas Canarias

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Os maiores produtores de sal (todos os tipos) do mundo são a China (22,4% da produção mundial), os Estados Unidos (17,5%), a Alemanha (7,2%), e a Índia (6,2%). A produção brasileira é de 2,8%, sendo que a maior parte dessa produção é de sal marinho. No Brasil, o Rio Grande do Norte é o maior produtor nacional, representando cerca de 90% da produção do país, seguido do Rio de Janeiro. Os municípios que mais produzem sal no Rio Grande do Norte são Macau, Areia Branca, Mossoró, Grossos e Galinhos.

Grossos - RN. Um dos principais produtores de sal do Brasil

As salinas de Mossoró, Areia Branca, Grossos, Macau, Guamaré e Galinhos estão presentes na história do Estado desde o século XVI, quando Pero Coelho de Souza registrou, por meio de cartas geográficas, a existência de áreas produtoras de sal. O Frei Vicente do Salvador, também registrou a ocorrência de salinas na mesma região, dizendo que o sal ali era formado espontaneamente. Quando a maré baixava, as águas ficavam retidas e sua evaporação era provocada pela ação natural do sol e dos ventos fortes. Essas reservas foram exploradas por portugueses e holandeses. Geden Morris de Jonge foi o primeiro não índio a fazer a extração do cloreto de sódio na costa potiguar.

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Galinhos - RN

Até os anos 1950/60, o sal marinho obtido no Rio Grande do Norte, era baseado no mesmo processo: mediante a exposição de água do oceano ao sol e ao vento, em tanques rasos, a solução ia atingindo um teor de centralização salina cada vez maior, até o ponto de saturação. Quando atingia esse ponto, formavam-se blocos de sal que, quebrados, davam lugar ao sal grosso que era "colhido". Esse processo era arcaico e antieconômico. Somente a privilegiada localização das salinas é que podia sustentar essa manufatura artesanal. Na zona salineira do Estado, o sol, os ventos, o solo e a água salgada se juntam para facilitar a exploração do cloreto de sódio. O sol é abrasador durante o dia todo, o solo é impermeável e os ventos constantes provocam a evaporação e a decantação das águas das marés.

Extração artesanal de sal no município de Macau - RN na década de 1950

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Na área salineira banhada pelo rio Mossoró, mesmo nos meses de chuva, quando o grau de salinidade da água diminui, ela não desaparece. Nos outros meses é superior à da água do mar em quase um terço. Apesar de alguns tímidos melhoramentos, nada se altera no processo de extração de sal marinho no Estado. Dentre esses melhoramentos estão a captação de água por meio de moinhos de vento, a cristalização por meio de canteiros (baldes) e a utilização de instrumentos de metais e carrinhos de mão na colheita de sal. Até os anos 1960, o sistema produtivo das salinas potiguares trabalhava na dependência da natureza: as marés e os ventos, estes para mover as pás dos moinhos.

Cata-vento para a extração de sal em uma salina de Macau - RN na década de 1950

Sob a ótica da tecnologia atual, esse processo apresentava diversas inconveniências. A captação de água provocava o alagamento dos canteiros de captação e de cristalização e reduzindo a produtividade, uma vez que o sal se precipitava antes de alcançar os cristalizadores. Por outro lado, a salmoura, não podendo ser controlada, danificava a pureza do produto, que era obtido somente em camadas finas, com consideráveis perdas de tempo e despesas anormais da mão de obra. A esse cenário se juntavam os altos custos de carregamento dos navios, transporte e desembarque nos portos do Centro-Sul do país, o principal mercado consumidor do produto, encarecendo o preço do sal. Em fevereiro de 1967, durante uma visita à Mossoró, o então Ministro das Minas e Energia, Mário Thibau, declarou que a indústria salineira do Rio Grande do Norte poderia sofrer um grande abalo dentro de prazo médio. O principal motivo para esse pessimismo, era a

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descoberta de reservas de sal gema em Alagoas, Sergipe e Bahia, que poderia provocar o desaparecimento do parque salineiro potiguar em virtude do baixo rendimento econômico por causa dos altos custos de carregamento e transporte. Assim, o caminho encontrado para livrar a atividade salineira da falência, seria a mecanização das salinas.

Mossoró - RN. Importante cidade produtora de sal.

A primeira salina planejada dentro de técnicas modernas foi a unidade produtiva da Salinas Guanabara S/A, empresa integrante do grupo econômico liderado pela S/A Mercantil Tertuliano Fernandes, a qual também pertenciam as salinas da Sosal e, em parte, da Salmac. A Guanabara foi a primeira salina brasileira moderna, integralmente planificada para ser uma fábrica de fazer sal. Contava com oito grupos de bombas para movimentação da água dentro da salina, tratores, colheitadeiras, lavador de sal, esteiras transportadoras para movimentação na área de estocagem e embarque, além de outros equipamentos nunca usados no setor. A demanda de energia era atendida por dois grupos de geradores de 110 KWA para as fases de empilhamento, beneficiamento e embarque, além de quatro outros para a vila operária. Graças a estas novas técnicas, a empresa conseguiu se firmar como a maior produtora de sal do país.

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Salina em Areia Branca - RN

Apesar de trazer benefícios econômicos, a prática de extração do sal marinho produzido nas salinas é um dos principais agravantes para a degradação ambiental na região das salinas. A extração do sal marinho entrou em expansão e com a grande aceleração na produção no final dos anos 1960, com o crescimento e a modernização do setor tecnológico, esse avanço provocou, e ainda provoca, grandes impactos ambientais. Entre esses impactos, destacam-se:

o comprometimento do ar com o aumento das partículas quando as águas das salinas entram em evaporação;

o comprometimento da umidade do ar que também reflete na vida do ser humano através de doenças pulmonares;

alterações dos solos devido o percurso das águas onde é produzido o sal e descartadas, na maioria das vezes, sem respeito ao meio ambiente;

alterações das águas devido os desvios dos rios e o aterro das gamboas (pequeno lago artificial junto ao mar), contribuindo para a degradação do habitat marinho na região;

comprometimento da flora onde estão inseridas as salinas;

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Salinas no município de Areia Branca

Apesar desses pontos negativos, a atividade salineira é responsável por gerar milhares de empregos na região produtora. Atualmente, a Salinor (Salinas Nordeste S.A) é a maior empresa produtora de sal do país, sendo responsável por mais de 40% da produção nacional. Suas salinas no Rio Grande do Norte estão localizadas nos municípios de Macau, Areia Branca e Mossoró.

Montanha de sal na Salinor de Areia Branca

O PORTO-ILHA DE AREIA BRANCA

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O Terminal Salineiro de Areia Branca Luiz Fausto de Medeiros, mais conhecido como Porto-Ilha de Areia Branca, fica localizado a 26 quilômetros de Areia Branca e distante cerca de 14 quilômetros da costa. Sua construção resultou da necessidade de suprir a demanda de sal marinho no mercado interno brasileiro. Dentre as hipóteses analisadas prevaleceu a da execução do sistema ilha artificial, sendo o projeto elaborado pela empresa norte-americana Soros Associates Consulting Engineers. O Porto-Ilha de Areia Branca é administrado pela Companhia Docas do Rio Grande do Norte (Codern).

Canteiro de obras do Porto-Ilha de Areia Branca em 1972

Todo o sal movimentado no porto-ilha é oriundo das salinas do Rio Grande do Norte, principalmente as de Macau, Mossoró e Areia Branca. No dia 1° de março de 1974, uma ilha artificial, construída de areia e aço, em alto-mar, com aproximadamente 15 mil metros quadrados, passou a ser o porto de escoamento de todo o sal produzido no Rio Grande do Norte, realizando a sua primeira operação no dia 04 de setembro de 1974. O Porto-Ilha é retangular, mede 92 metros de largura e 166 metros de comprimento. Foi aterrado com material coralíneo tirado da região e coberto com um piso de sal para garantir a pureza do produto armazenado.

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Terminal Salineiro de Areia Branca

Fonte: Oliveira, Márcia Silva de. Rio Grande do Norte: geografia e paisagens potiguares: Márcia Silva de Oliveira, Maria Cristina Cavalcanti e Araújo. - Curitiba: Base Editora, 2008.

IMPLICAÇÕES SOCIOESPACIAIS DA INDÚSTRIA SALINEIRA NO MUNICÍPIO DE MACAU/RN

Lorena de Matos Araújo 1

Jackson Kennedy Justo Pessoa 1

Gilmário Xavier de Lima 1

Manoel Faustino de Oliveira Neto 1

Liliane de Lima Gurgel 1

Marcos Antônio Alves de Araújo 1

1. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte/IFRN

INTRODUÇÃO:

O Estado do Rio Grande do Norte se configura como um dos maiores produtores de sal marinho do Brasil, sendo os municípios de Areia Branca, Grossos, Mossoró e Macau os responsáveis pela grande produção estadual. Essa produção é viabilizada pelos seguintes condicionantes naturais: altas temperaturas, ventos secos, intensa evaporação e prolongada estação de estiagem. Tais rigorosidades climáticas, atreladas a outros fatores naturais, possibilitam ao Rio Grande do Norte a primazia de ser hoje o maior produtor nacional de sal, com uma produção que atinge, aproximadamente, os 80% do total produzido no país. Se por um lado a produção salineira gera dividendos econômicos para o Estado e para os municípios produtores, por outro, gera também passivos ambientais para tais municípios. Diante disto, tivemos como objetivo, neste trabalho, investigar as implicações socioespaciais da indústria salineira no município de Macau, localizado no litoral setentrional norte-rio-grandense. O desenvolvimento de um

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trabalho com tal proposta de pesquisa justificou-se pela escassez de abordagens científicas sobre a atividade salineira e pela necessidade de realização de estudos que venham perscrutar e problematizar as ressonâncias socioespaciais desta atividade econômica nos municípios produtores de sal.

METODOLOGIA:

Na realização deste trabalho, utilizamos, como estratégias de pesquisa, os seguintes processos metodológicos: reconhecimento da existência de impactos socioespaciais e econômicos gerados pela indústria salineira nos municípios produtores de sal; levantamento de bibliografias especializadas em temáticas, principalmente, sobre as atividades econômicas e suas implicações no espaço geográfico; leituras, discussões e reflexões teóricas realizadas em grupo; e pesquisas em sites de buscas e consultas. Além disso, o trabalho foi desenvolvido através de observaçõesin loco; registros fotográficos; fotografias aéreas; adaptação de imagens cartográficas e entrevistas realizadas com representantes da maior empresa salineira do Rio Grande do Norte, ou seja, a Salinas do Nordeste (SALINOR), localizada no município de Macau e visitada ao longo dos meses de dezembro de 2009 e de janeiro de 2010, na qual realizamos a pesquisa empírica. Ademais, utilizamos ainda, como suporte para a pesquisa, alguns equipamentos, tais como: uma câmera fotográfica de 7.2 mega-pixels, um mp4 para a realização das entrevistas, dentre outros materiais que foram, outrossim, essenciais para o desenvolvimento deste estudo científico.

RESULTADOS:

A atividade salineira ainda se constitui como uma importante fonte geradora de emprego e de renda para o município de Macau, embora, nos últimos tempos, ela tenha passado por um processo de modernização tecnológica, com a inserção de novas tecnologias na produção e no beneficiamento do sal. As empresas salineiras instaladas em Macau absorvem, direta e indiretamente, uma parte da mão-de-obra do município. No entanto, a atividade salineira não gera apenas dividendos econômicos e sociais, mas também provoca impactos ambientais de amplitude alarmante e preocupante, a saber: destruição da mata nativa de mangues para a construção dos reservatórios de evaporação e cristalização do sal bruto; eliminação dos efluentes industriais no ecossistema marinho e estuarino; dentre outros. A população também está exposta a vários tipos de doenças causadas pelo excesso de poeira e de luminosidade das pirâmides de sal, tais como: doenças respiratórias, problemas oftalmológicos e patologias dermatológicas. Assim, diante dessas implicações reverberadas pelo desenvolvimento da atividade salineira no município de Macau, faz-se necessário que as empresas instaladas no âmbito de sua circunscrição territorial, intensifiquem ações corretivas de mitigação dos seus impactos socioambientais negativos.

CONCLUSÃO:

A guisa de conclusão, notamos que a atividade salineira desenvolvida pela racionalidade da reprodução do capital privado tem um papel muito importante para o desempenho econômico favorável do município de Macau e para a empregabilidade de uma pequena parcela de sua população. Contudo, a ausência de investimentos em políticas sociais e ambientais que poderiam ser pensadas e materializadas pelas empresas salineiras ainda está longe de ser superada. Muitos dos problemas sociais e ambientais originados pelas próprias empresas salineiras ainda permanecem no território macauense, ganhando a cada dia intensidade e amplitude socioespacial. Tais problemas vêm causando tanto a desestruturação da dinâmica ambiental dos ecossistemas locais, como a interferência negativa na saúde, no bem-estar e, consequentemente, na qualidade de vida da população local. Nesse sentido, faz-se mister que as empresas salineiras, como importantes agentes de promoção do crescimento econômico do

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município de Macau e do estado do Rio Grande do Norte, adotem urgentemente um modelo de desenvolvimento pautado nas relações equânimes das dimensões econômicas, socioambientais, político-institucionais e culturais, promovendo uma sustentabilidade do desenvolvimento.

Indústria salineira avança no estadoPublicação: 29 de Novembro de 2009 às 00:00Comentários0

Enviar por emailImprimirAumentar FonteDiminuir FonteKarla Larissa - Repórter

Nos anos 1970, o governo estadual do Rio Grande do Norte criou o “Projeto Camarão”. A ideia era substituir a extração de sal, atividade tradicional no estado e que se encontrava em franca crise, pela carcinicultura. A alternativa deu tão certo que o estado se tornou o maior produtor de camarão do país. A atividade ficou por algum tempo na ponta da pauta de exportação do estado e  chegou a exportar 50 milhões de dólares em seus melhores anos. Hoje, com a desvalorização do  dólar e após enfrentar enchentes consecutivas, as empresas de carcinicultura enfrentam uma nova crise, a quarta somente no século 21. Um marco do mau momento foi a venda da fazenda Peixe Boi,  pertencente à Camanor, maior produtora e exportadora nacional de camarão. A ironia desse cenário  está no fato da fazenda ter sido vendida para uma empresa da indústria salineira, a Maranata. O que pode ser indício de uma nova inversão de papéis. O fato é que enquanto o camarão sofreu uma queda nas exportações de 28,80% entre janeiro a outubro de 2009, em comparação com o mesmo período de 2008, o sal marinho deu um salto de 200%. O Rio Grande do Norte é o maior produtor tanto de sal quanto de camarão, em todo o Brasil.   

Rodrigo Sena

Nessa época, as salinas do Rio Grande do Norte, líder em produção no país, enfrentavam

turbulências

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Os dados são Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e sinalizam o que pode ser um momento de recuperação do setor salineiro. O balanço do Ministério mostra ainda que duas empresas da indústria salineira figuram entre as principais empresas exportadoras, a Salinor, que apresentou uma variação positiva de 358,19% no período, e a Salina Diamante Branco, que apesar de ter tido uma redução de 35,81% nas exportações está entre as 40 empresas com maior volume de exportações no estado.

Mas não é só nas exportações que os salineiros têm o que comemorar, no mercado interno, os empresários conseguiram aumentar o preço da tonelada do sal de R$ 60 para R$ 180, reflexo da redução dos estoques do produto em razão das chuvas.

Mas mesmo com os números a favoráveis, o vice-presidente do Sindicato da Indústria Salineira do Rio Grande do Norte e diretor da Salinor, maior produtora e exportadora de sal do estado, Airton Torres não considera que o setor vivencia um crescimento. 

De acordo com ele, os números do Ministério do Desenvolvimento não condizem com a realidade. No entanto, admite que o ano de 2009 tem sido melhor para o setor salineiro do que o ano anterior. “O aumento no preço do sal permitiu que as empresas recuperassem os danos causados pelas chuvas aos parques salineiros”, afirma.

Airton Torres lembra ainda que o continua enfrentando velhos problemas, como a concorrência do sal do chile.

Por outro lado, ele acredita que  a situação da carcinicultura é bem pior que a vivida pela indústria salineira e que isso pode ter levado à venda da Fazenda Peixe Boi. “Mas para mim essa negociação é um fato isolado e não representa uma tendência”, opina.

Já a superintendente da Camanor, Marisa Sonehara, acredita que agora “é a vez do sal”. 

Ela explica que a Camanor resolveu optar pela venda da  fazenda, que até 2001 era uma salina pertencente a empresa Henrique Lage, por causa da taxa cambial e a concorrência com produtores informais que acabou tornando inviável as exportações. “Não tínhamos continuar produzindo nessa escala e não ganhar nada porque as exportações estão inviáveis”, declara.

Agora no mês de dezembro será entregue 40% da área da Peixe Boi para a Maranata, com isso haverá uma redução de 40% da produção da fazenda que é de 300 toneladas mensais. A entrega total da área e o encerramento das atividades acontecerá em junho de 2010.

Além da redução de 60% da produção da maior empresa de carcinicultura do estado, a venda da Fazenda implicará na perda de 500 empregos. “O impacto social é muito grande.   Enquanto, uma fazenda de camarão emprega 400 a 500 pessoas, uma salina emprega apenas 50”, lamenta.

A superintendente da Camanor esclarece que apesar de em escala reduzida, a empresa continuará produzindo no estado, nas fazendas de Guamaré e de Barra de Cunhaú. E além da produção de camarão, está diversificando as atividades, investindo no pescado. A Camanor também está investindo em tecnologia para reduzir o custo da produção de camarão.

Crise atinge outras fazendas no RN

A fazenda da Camanor pode não ser a única a se transformar em uma salina no estado. O grupo mossoroense Maranata também estaria negociando uma fazenda de outro grande grupo do estado. Além disso, outra empresa estaria com a fazenda arrendada.

Segundo Marisa Sonehara, isso mostra que todo o setor está sofrendo com a desvalorização do dólar, concorrência e prejuízos causados pelas enchentes. “Outros empresários estão na mesma situação, querendo vender suas fazendas”, disse.

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O diretor técnico da Associação Brasileira dos Criadores de Camarão (ABCC), Carlos Bezerra, evita falar em mau momento para a carcinicultura. 

Para ele, a venda da fazenda Peixe Boi representa uma decisão estratégica do grupo Camanor e uma saída parcial da linha de fazenda de engorda, já que o grupo continua com as suas outras empresas no setor da carcinicultura. “Até o presente momento só temos informações da Camanor. O cenário atual do dólar tem trazido desafios para todos os setores exportadores do país e é essa a linha de negócio que a Camanor tem dominado”.

O diretor da ABCC é otimista e acredita que a tendência do setor é de crescimento. “O aumento da renda familiar em todas as classes sociais no Brasil, apesar da crise financeira internacional, seria indicador do bom momento da  economia brasileira. Estaria permitindo a inclusão do camarão no prato do consumidor. Outros produtores de camarão continuam povoando as suas fazendas e vendendo o produto”, justifica.

Bezerra acredita que a atividade precisa continuar procurando oportunidades para melhorar a comercialização através de novas redes de distribuição, assim como continuar a desenvolver novos produtos com valor agregado. 

Carlos Bezerra defende que o setor pode se recuperar com a contenção de custos, boas práticas de manejo e inclusão de inovação tecnológica por parte das empresas. “Já por parte do governo é preciso ter agilidade na reconstrução das estruturas e na redução de impostos, por exemplo.

Laboratórios

A redução na produção e exportações das empresas de carcinicultura ainda não tiveram um reflexo nos laboratórios. Pelo menos é o que Ana Carolina Guerrelhas, sócia-diretora da Aquatec, maior laboratório de pós-larva do país, que em 2009 terá um aumento de 20% nas vendas.

Porém a venda da fazenda da Camanor e de outras grandes empresas, que podem estar sendo negociadas, pode representar uma   queda de 15% na demanda de pós-larvas atual, que está sendo atendida por cerca de quatro laboratórios.

Segundo Guerrelhas, a queda poderá ser sentida já em maio do próximo ano.

Caso da Maranata seria isolado 

O interesse nas fazendas de camarão, por enquanto, parece ser apenas do grupo Maranata. O diretor de operações da Henrique Lage, segunda maior produtora de sal do Brasil, Duílo Pessoa de Oliveira, garante que a empresa não está realizando nenhuma negociação com empresas do setor da carcinicultura. 

Duílo Pessoa também acredita que a aquisição tenha sido um fato isolado e que não deve ser considerada uma tendência do setor. O diretor da empresa, que produz 800 mil toneladas por ano, explica que a Henrique Lage não está exportando por causa da taxa de câmbio, mas que tem se dedicado ao mercado interno. “Estamos trabalhando para aumentar a nossa participação no mercado terrestre”.

Duílo pessoa acrescenta que nos últimos dois anos a produção de sal no estado reduziu em 30% por causa das chuvas e que isso influenciou no aumento do produto no mercado interno. No entanto, para exportação o preço continua o mesmo, em torno de 25 dólares, a tonelada, cerca de R$ 43.

A reportagem da TRIBUNA DO NORTE entrou em contato durante toda a semana com a empresa Maranata, mas nenhum dos diretores atendeu as ligações nem retornou os pedidos de entrevista.

Camarão firme

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As sucessivas quedas nas exportações do camarão não devem ser suficientes para retirar o produto da lista dos principais exportados pelo Rio Grande do Norte.

O coordenador de desenvolvimento comercial da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do estado, Otomar Lopes Junior,  acredita que o camarão deve continuar entre os dez produtos mais exportados pelo estado. Ele explica que se o dólar não voltar a ser favorável em breve, as empresas continuaram com o foco no mercado interno, que hoje consome 80% da produção das empresas no estado.

Mas acredita que se a taxa cambial voltar a casa dos R$ 2, as exportações voltam a crescer.

Por outro lado, Otomar Lopes, afirma que 2009 foi o ano que apresentou um maior crescimento nas exportações do sal. “Historicamente nunca se exportou tanto sal”, salienta, acrescentando que o crescimento foi obtido em função de contratos pontuais, principalmente com o mercado nigeriano. Lopes comenta que o sal é um produto de consumo inelástico e que a variação de preços não interfere no consumo.

Ibama fiscaliza salinas e aplica mais de R$ 80 milhões em multas no Rio Grande do NortePDF Imprimir E-mail

Natal (05/03/13) – O Ibama finalizou, na tarde de quinta-feira (28/02), a Operação Ouro Branco, que fiscalizou as áreas de proteção permanente (APPs) de manguezais e de cursos d'água ocupadas pela atividade salineira no litoral norte do Rio Grande do Norte. No total, 35 empresas, entre elas, as principais produtoras de sal nos município de Galinhos, Guamaré, Macau, Porto do Mangue, Grossos, Mossoró e Areia Branca, foram visitadas.

A ação resultou em 112 multas, que ultrapassaram os R$ 80 milhões, 19 áreas embargadas e 45 notificações para apresentação de documentos. As empresas têm 20 dias para apresentar sua defesa.

A operação, que ocorreu entre os dias 18 e 27 de fevereiro, estava sendo planejada desde o ano de 2010. Durante três anos, analistas ambientais do Ibama se debruçaram sobre imagens de satélite e tomadas aéreas para definir com segurança as áreas de manguezais que foram afetadas pela atividade salineira. Com o auxílio de modernas técnicas de geoprocessamento, obteve-se uma série temporal da ocupação das APPs por empresa salineira, identificando-se e mensurando-se todas as áreas impactadas. A área total coberta pela fiscalização foi superior a 40 mil hectares, dos quais 2,5 mil apresentavam altos estágios de degradação.

Uma das principais atividades econômicas do Rio Grande do Norte, a extração de sal vem, historicamente, avançando sobre áreas naturais, muitas vezes, sem qualquer tipo de licença ou autorização. Ao ampliar seus tanques para aumentar a produção, as empresas salineiras fecham rios e gamboas; desmatam, afogam ou soterram manguezais e também lançam efluentes tóxicos. Além dos inevitáveis problemas ambientais, como mortandade de fauna (aves, peixes, crustáceos e moluscos), o aumento desordenado dos tanques ocasiona também conflitos sociais, pois impede a circulação de pescadores e marisqueiras, que obtêm o seu sustento nas mesmas áreas.

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Outra constatação da Operação Ouro Branco foi que 100% das empresas visitadas apresentaram falhas documentais ou prestaram informações incorretas ao Cadastro Técnico Federal. Alguns empreendimentos nem sequer tinham qualquer tipo de licença ambiental. Outros deixaram de apresentar relatórios sobre a atividade, omitindo ou declararando informações falsas.

Atuaram na Operação Ouro Branco 21 agentes federais do Ibama – da Diretoria de Proteção Ambiental (da sede, em Brasília) e dos estados do Rio Grande do Norte, do Ceará, de Alagoas, de Pernambuco e do Espírito Santo.

Airton de Grande

Ascom Ibama/RN

Diógenes Félix da Silva CostaI; Anderson Adailson da SilvaII; David Hélio Miranda MedeirosIII; Milton Araújo Lucena FilhoIV; Renato De Medeiros RochaV; Ana Isabel LilleboVI; Amadeu M.V.M. SoaresVII

IGeógrafo, doutorando em Ecologia, Biodiversidade e Gestão de Ecossistemas, ; Universidade de Aveiro, [email protected] IIGeógrafo pela UFRN, Campus de Caicó IIIGraduando em Geografia, UFRN, Campus de Caicó IVGeógrafo pela UFRN, Campus de Caicó VProf. Associado, Depto. de Geografia, UFRN, Campus de Caicó VIDepto. de Biologia, Universidade de Aveiro, Portugal VIIDepto. de Biologia, Universidade de Aveiro, Portugal

 

 

RESUMO

A presente pesquisa se trata de uma tentativa de elencar alguns dos principais eventos históricos que marcaram a evolução da atividade salineira a partir da colonização da América portuguesa, com enfoque direcionado ao espaço que hoje corresponde ao Estado do Rio Grande do Norte. Essa atividade teve início com a descoberta e exploração das reservas naturais e a posterior produção de sal marinho nas salinas artesanais. Ao longo do tempo, a atividade salineira passou a impulsionar o desenvolvimento de outras atividades a ela relacionadas, configurando-se como uma das principais atividades econômicas desenvolvidas nas margens das desembocaduras dos principais rios da Capitania do Rio Grande (do Norte). Com o aumento da demanda nacional (séc. XVIII), várias salinas de pequeno porte passaram a ser construídas ao longo do litoral nordeste do Brasil. Todavia, o advento, no Brasil, da política desenvolvimentista baseada na industrialização (segunda metade do século XX) refletiu profundamente nesta atividade, com a implementação de uma indústria salineira de grande porte, com processos de produção e de engenharia baseados no modelo dos Estados Unidos, com a modernização e dinamização de setores industriais para atender às elevadas demandas da indústria química em expansão no país.

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Palavras-chave: Histórico. Extração mineral. Salinas. Rio Grande do Norte.

ABSTRACT

This research show some of the main relevant historical facts of the salt production evolution's since Portuguese colonization in South America, with focus in the space that today correspond to the Rio Grande do Norte State's. This activity did begin with the discovery and exploration of the natural accumulation and post productions of sea salt in artisanal salinas. Around of the 16th and 17th centuries, the salt production promoted the development of other related activities, been a major economic activities realized in the estuarine zones of the main rivers of the Capitania do Rio Grande. With the increase of the domestic demand (18th century), many artisanal salinas were constructed in the Northeast coast of Brazil. However, the rise of the Brazilian development policies by industrialization (mid 20th century), caused a strong impact in the salt activity, with the implementation of a salt industry, where the production and engineering processes are similar at the United States, with the modernization of the industry sectors for to supply the high domestic and exterior demand of the chemical industry, in expansion in the country.

Keywords: Historic. Mineral exploration. Salinas. Rio Grande do Norte.

 

 

INTRODUÇÃO

As salinas têm sido utilizadas pelo homem há milênios, onde as primeiras referências sobre a extração de sal a partir da água do mar foram da China, durante a dinastia do Imperador Huang, há 2.500 a.C. O procedimento usado era o mesmo utilizado nas salinas tradicionais de algumas partes da África, América do Sul e Oceania, consistindo em represar a água do mar em diques de argila e aguardar a precipitação de sal, com uma predominância de NaCl e alto conteúdo de sais de cálcio, magnésio, etc. (BAAS-BECKING, 1931). Atualmente, as salinas solares brasileiras constituem ecossistemas artificiais de supramaré explorados para a extração de sal marinho. Este sistema é composto por uma série de tanques rasos (20 – 200 cm) e interconectados, nos quais a água do mar/estuário é captada e transferida de um tanque para outro por gravidade ou por bombeamento. Ao longo desse circuito, esta água vai evaporando gradativamente, o que aumenta a saturação de sais até se atingir uma salmoura com saturação de 240 gL-1 de sais, já no estágio final de cristalização do cloreto de sódio (DE MEDEIROS ROCHA, 2011).

As salinas solares têm sido estudadas extensivamente ao longo do globo, com ênfase na Austrália, França, Grécia, Índia, Itália, Israel, México, Espanha e outros países (OREN, 2009). Todavia, as salinas brasileiras são muito pouco estudadas em nível de dinâmica dos processos ecológicos e mesmo as características hidrogeoquímicas das salmouras ainda não foram suficientemente caracterizadas (DE MEDEIROS ROCHA e CÂMARA, 1993; BARBOSA et al., 2000; COSTA et al., 2011; DE MEDEIROS ROCHA, 2011).

Ao longo da linha de costa brasileira (aproximadamente 9.198 km de extensão), apenas no litoral setentrional do Estado do Rio Grande do Norte estão situadas as

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maiores empresas salineiras do país, principalmente nas margens dos seus estuários. Estas salinas produzem a 97% parte do sal marinho consumido e exportado no país, influenciando diretamente nas economias locais e regionais, principalmente através da geração de empregos e pagamento de impostos (DE MEDEIROS ROCHA et al., 2009).

Embora a atividade salineira represente um item estratégico na pauta mineral-industrial do país, evidencia-se a necessidade de se destacar quais os fatos históricos que proporcionaram esta relevância, os quais foram responsáveis por toda uma dinâmica sócioeconômica dessa atividade ao longo do tempo, desde a colonização da América portuguesa até o presente momento. Nesse sentido, esta pesquisa não se trata de uma revisão pormenorizada da atividade salineira ao longo da história do Brasil, mas, sim, de uma tentativa de elencar alguns dos principais eventos históricos que marcaram a evolução dessa atividade durante o período em que o território hoje correspondente ao Brasil fazia parte do Império colonial português (1500-1815), além da época em que constituiu um Império baseado no sistema monárquico (1822-1889) e, posteriormente, nação independente com sistema político assentado no regime republicano (de 1889 até os dias de hoje), com enfoque direcionado ao principal produtor nacional da contemporaneidade, o Estado do Rio Grande do Norte.

 

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA EXTRAÇÃO DE SAL MARINHO NO BRASIL

O Brasil sempre foi estudado por naturalistas viajantes (e.g. Alexander von Humboldt, 1769-1989; Augustin François César Prouvençal de Saint-Hilaire, 1779-1853; Carl Friedrich Philipp von Martius, 1794 – 1868; Johann Baptiste von Spix, 1781-1826) com diferentes formações e visões de mundo, que cruzavam o Atlântico para estudar in loco o Novo Mundo, os quais, no decurso de suas viagens, escreveram longos relatos sobre os lugares que visitavam, cuja leitura crítica nos permite inferir em muitos campos, como o da ciência e o da etnografia (VITA et al., 2007). Nas crônicas de viagens, os naturalistas registravam a descrição geográfica das regiões que percorriam, incluindo a localização precisa e o tipo de terreno, descrevendo, também, os tipos humanos que encontravam, as populações, os plantios e as explorações que empreendiam onde quer que estivessem (FILGUEIRAS, 1995).

A história do sal no Brasil está entrelaçada diretamente com o período da colonização portuguesa (CASCUDO, 1955; CARVALHO JÚNIOR e FELIPE, 1982; ANDRADE, 1995; KATINSKY, 1995; TRINDADE e ALBUQUERQUE, 2005; VITA et al., 2007; SANTOS, 2010). Quando da chegada dos primeiros exploradores em terras brasileiras, estes não faziam a mínima ideia da ocorrência natural de sal marinho; assim, todo o sal que utilizavam teria que ser trazido de suas terras de origem, da mesma forma como qualquer outra mercadoria que eles precisassem e não a tivessem disponível (ANDRADE, 1995).

Ao contrário da prática atual, em que o maior uso do cloreto de sódio se destina à indústria química, com mais de 14.000 usos conhecidos (MELO et al., 2008), na época da colonização este mineral servia principalmente para alimentação humana e dos bois e cavalos, além da preparação do charque pelo salgamento da carne bovina e seca sob o sol. Não se pode esquecer da importância do sal como matéria prima na Europa, especialmente para a expressiva produção de bacalhau, arenque e outros peixes que eram importantes nas economias de Portugal, Holanda e dos países escandinavos (FEINBERG, 1989; ALMEIDA, 2005).

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Trindade e Albuquerque (2005, p. 46), em suas "Notas Econômicas do Século XX", mencionam que "durante os períodos de colônia e império, a economia do Rio Grande do Norte era impulsionada pelos setores agro-pecuário e extrativo, com destaque para o sal, o algodão, o açúcar, a mandioca, a criação de bovinos, ovinos, caprinos e muares, a cera de carnaúba, etc". Especificamente no caso do sal marinho, Andrade (1995) comenta que, na metade final do século XVI, começaram a ser descobertas grandes salinas naturais que se formaram sem qualquer intervenção do homem. Estas salinas estavam situadas ao longo da costa da capitania do Rio Grande (atual Estado do Rio Grande do Norte e parte do atual Estado do Ceará), formando-se em grandes várzeas onde a água do mar naturalmente era represada e cristalizava-se naturalmente.

Em 1603, Pero Coelho de Souza, o primeiro Capitão-Mor designado para a capitania do Ceará, junto com sua mulher dona Tomazia, seus cinco filhos, um índio chamado Gonçalo e 18 'soldados mancos', viajando a pé, abandonando a tentativa de colonizar o Ceará, atravessaram as salinas do Rio Grande (do Norte), passando inclusive pelas áreas que chamou de 'Água-amargosa' e 'Água-maré', respectivamente Macau e Guamaré. Com ajuda dos índios potiguares, ele "fez uma cartografia identificando as fozes dos rios de Pernambuco ao Maranhão, descrevendo todos os seus portos, barras, serras e rios, com suas nascenças." Ao chegar no Forte dos Reis Magos, Pero Coelho fez relatos precisos das salinas ali existentes". [...] Entre o Rio Ceará Mirim e o Rio Açu, era um deserto e cheio de areias [...] que não há outra coisa de proveito mais que as salinas de Guamaré ou Carauratama, que são de importância, a respeito de muito sal que podem nela carregar-se como nas raias das índias de Castela...". (MOURA, 2003, p. 82).

O autor ressalta que "em 20 de agosto de 1605, Jerônimo de Albuquerque (Capitão-mor da Capitania do Rio Grande) concedeu um pedaço de terra aos seus filhos Antônio e Matias, no qual incluíam as terras onde estavam as salinas da região entre Caiçara (atual zona salineira de Guamaré) e Macau, principalmente duas salinas em Guamaré, as primeiras a serem exploradas:

'Jerônimo de Albuquerque deu a Antônio e Mathias d' Albuquerque, seus filhos, em trinta de agosto de seiscentos e cinco, duas salinas que estão há quarenta léguas daqui para a banda do norte, não cultivadas nem feitas benfeitorias, nem a terra serve para coisa nenhuma, a não ser o sal que por si próprio se cria. [...] Nessas salinas, se coalha o sal em tanta quantidade que podem carregar grandes embarcações todos os anos, porque assim como se tira um, se coalha e cresce continuamente outro'. [...]. Até aquele momento, as salinas naturais se encontravam inexploradas' [...] 'Faz-se no Brasil sal em salinas naturais, como em Cabo Frio (RJ) e Rio Grande, onde se acha coalhado em grandes pedras e mui alvo'. (MOURA, 2003, p. 183).

Cascudo (1955, p. 57) e Santos (2010, p. 295) comentam que, já em 1607 havia exportação do sal para o Sul. "[...] As salinas de Mossoró, litoral de Areia Branca, Açu e Macau, começavam sua exploração ora a partir de 1802, marco inicial da exploração ordenada das salinas". "O próprio D. João VI não recebeu mais carregamento de sal de Portugal e assinou a carta régia em 1801, que aboliu o monopólio lusitano sobre o sal brasileiro e determinava o carregamento de sal do Rio Grande do Norte para o Rio de Janeiro, Ilha de Santa Catarina e Rio grande do Sul. [...] Este fato resultou no aumento da produção e na expansão das salinas".

A assinatura da Carta Régia foi uma decisão fundamental para o incremento da produção salineira, outrora sujeita ao exclusivismo metropolitano, como afirma Sousa (1988, p. 45),

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[...] com a liberação da exploração das salinas [...], Capitanias dotadas de jazidas naturais de sal marinho, dispuseram de alternativa para sair da estagnação [...] e dedicaram-se à produção e distribuição desse produto (SOUSA, 1988, p. 45).

No decurso desse período, surgiu um grande interesse por parte dos holandeses que não eram produtores de sal como os portugueses e os espanhóis. Segundo Medeiros Filho (1998, 47), em 1630 "Adriano Verdonk, um espião holandês, num relatório dirigido ao Conselho Político do Brasil Holandês, afirmou que havia depósitos extensos e naturais de sal, "mais forte do que o espanhol e alvo como a neve" [...] "Estas salinas estão rentes com a praia e completamente cheias de sal" [...] "Eram carregados barcos de sal de 45 a 50 toneladas, num lugar de 60 milhas para o norte onde as salinas eram abarrotadas de sal à beira-mar, e que era sal para encher mais de mil navios".

Conforme comenta Moura (op. cit.), "em 2 de outubro de 1631, um índio chamado Marcial (ou Marciliano) apresentou-se na sede dos holandeses, em Recife, dizendo-se enviado do Rei Janduí (talvez se chamasse Drarug, o rei da tribo Janduí, do vale do Açu), propondo uma aliança e convidando-os para conhecerem aquelas terras, 'em nome das tribos inimigas dos portugueses'. Passados apenas 10 dias da visita do tapuia Marcial, foi mandada uma expedição ao Rio Grande (do Norte), para reconhecer o apoio dos índios e descobrir os recursos da região. Esta expedição foi capitaneada por Albert Smient, o homem que fundou a huys der Woestyne (Casa do Deserto), na salina pequena, à distância de apenas 1 quilômetro do mar...', no antigo Rio Guamaré".

Passados dez anos do comentado no parágrafo anterior, "em 1641, os holandeses já estavam estabelecidos em Guamaré/Galinhos, quando foram descobertas várias outras salinas, inclusive as de Macau, que até então permaneciam intactas, conforme relatório de Gedeon Morris, feito em 14 de fevereiro daquele ano" (MOURA, op. cit.). De forma enfática, o autor comenta que "além da preferência pelos engenhos de açúcar, os holandeses se dedicaram à exploração das salinas de Guamaré, Macau e Areia Branca".

Somente após a retomada da Capitania do Rio Grande (1654), Andrade (op. cit), relata que, com a expulsão dos holandeses, os portugueses novamente passaram a dominar a produção de sal na região. Nesse período, houve um interesse maior por parte dos colonizadores, sesmeiros, pela exploração das salinas devido ao desenvolvimento da indústria da carne de charque, também chamada de carne seca ou carne do Ceará a qual seria abalada seriamente no final do século XVIII pela concorrência com a carne gaúcha e a grande seca de 1790, que praticamente dizimou o rebanho nordestino.

Dominada a região, os sesmeiros se apossaram das terras produtoras de sal, e pouco a pouco foram compreendendo que poderiam auferir maiores lucros, vendendo o gado abatido, sob a forma de charque, do que vendendo o gado vivo, transportado a pé [...] (ANDRADE, 1995, p.26).

Porém, por vários anos, o sal continuou a ser extraído de reservas naturais. Somente a partir da segunda metade do século XIX é que cresceram as demandas pelo produto para o curtimento de couros, a salga de peixes, carnes, produtos de consumo e comércio em geral entre vilas e povoados que surgiam (CARVALHO JÚNIOR; FELIPE, 1982; SANTOS, 2010). Essas demandas em vários pontos da colônia leveram os primeiros colonizadores a construir pequenas salinas em alguns locais da costa do que hoje corresponde ao Nordeste de modo que esta demanda pudesse ser suprida, mas a produção salineira continuou a ser insuficiente para suprir uma demanda vertiginosamente crescente.

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Em Guamaré e Galinhos, também duas salinas, as quais já eram 'conhecidas desde o tempo antigo', foram descritas como Salina Pequena ou Guamaré e Salina Grande ou Canwaretama. A Salina Pequena ficava no final do Rio Guamaré, atual Cabilinho ou galinhos, que banha a cidade de Galinhos. Nessa salina se experimentou fazer sal com a manipulação das águas [...] introduziu por meio de um rego d'água na altura de 1,5 pé, e fez sal no espaço de três meses', escreveu Albert Smient. Ali se fazia sal através do Braço do Aguamara, também conhecido de Riacho do cabelo, que atravessava aquela salina. Dali fizeram 'regos' e escoaram a água para os baixios, tendo o cuidado de fechá-los, pois 'se não houver aí constantemente alguém que isto faça, nada se pode esperar com segurança desta salina, porque o sal já feito transvaza com a próxima maré e se reduz a nada' (MOURA, 2003, p. 184).

Eram salinas de pequeno porte, cuja produção somente era suficiente para o consumo das regiões em que se instalavam (VITA et al., 2007), mas segundo Andrade (1995), a construção de salinas se disseminou rapidamente no espaço que hoje corresponde à região Nordeste. Com o desenvolvimento desse processo de construção, passou-se a utilizar faixas de terras mais altas em relação ao nível da maré, surgindo os primeiros adventos tecnológicos, como por exemplo, os cata-ventos (processo rústico para bombear a água da maré para dentro dos cercos das salinas), que serviam para bombeamento e elevação da água. A importância da utilização de faixas mais altas do relevo é devida a eliminação de uma série de problemas que interferiam na produção (e.g. inundações acidentais pelas águas do mar nas mares de sizígia e/ou astronômicas), permitindo ainda, um controle direto do homem sobre as quantidades de água a serem utilizadas na produção (CARVALHO JÚNIOR; FELIPE, 1982, p. 34).

De acordo com Katinsky (1995), Gabriel Soares de Souza, em sua obra Tratado Descriptivo do Brazil (1587), já registrava a facilidade com que se poderia produzir sal abundantemente nas costas brasileiras, seguindo o mesmo processo usado em Portugal. Na metrópole, a extração do sal marinho remonta aos tempos da dominação romana (ALMEIDA, 2005) e os portugueses encontraram duas grandes áreas propícias à exploração do sal marinho no Brasil. A primeira, que abrange o litoral nordestino compreendido desde o Rio Grande do Norte até o Maranhão. A segunda, localizada na região Sudeste, engloba Araruama e Cabo Frio, no Rio de Janeiro, com nítidas desvantagens naturais em relação à primeira (ANDRADE, 1995). Inserido nesse quadro propício, o Rio Grande do Norte possui particularidades naturais que o dotaram para a produção do sal marinho frente as demnais zonas produtivas do país, "como num processo coordenado da natureza em função desse tipo de indústria" (FERNANDES, 1995, p.50), onde a combinação de diversos fatores naturais como relevo, clima, solo, ventos e elevada salinidade da água marinha nos estuários proporciona a obtenção do processo produtivo do sal via evaporação (PAIVA FILHO, 1987; COSTA et al., 2010).

Como em Portugal, o sal marinho era produzido no Brasil pelo armazenamento de uma parte da água do mar em sucessivos compartimentos de diferentes dimensões. "Barragem" era chamado o primeiro compartimento, com área entre 1.000 e 3.000 m2, onde entrava diretamente a água do mar. Com a ação do vento e do sol, na barragem a água começava a evaporar e daí era distribuída para os cercos, que eram espaços menores (600-1000 m2) com uma profundidade entre 80 cm e 100 cm. Depois dos cercos, a salmoura ainda passava pelo compartimento chamado "chocador", que media entre 400 e 800 m2. No último compartimento, o cristalizador, de 50 a 400 m2, ocorria a precipitação do cloreto de sódio, que era recolhido com o uso de instrumentos rudimentares, castigando duramente o trabalhador (KATINSKY, 1995; NEVES, 2005).

É preciso lembrar que a coroa portuguesa ao contrário dos que aqui estavam, não queria o desenvolvimento das atividades de exploração do sal (CARMO JÚNIOR,

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2006). Tal afirmativa ficou nítida em 1665, com a primeira proibição do comércio do sal no Brasil.

O sal marinho constituía monopólio da coroa, tendo  sido um dos mais pesados e onerosos que a colônia teve de suportar, pois afetava um gênero de primeira necessidade, encarecendo-o consideravelmente. Para defender o monopólio e proteger a produção similar portuguesa, dificultava-se o mais possível a produção brasileira. Esta só se fazia contra obstáculos enormes e perseguições tenazes, se se manteve apesar disto, é que a falta de sal e seu preço bem como o abuso e desleixo das contratadores eram tais que a repressão ao contrabando se tornava difícil e de uma forma completa impossível (PRADO JÚNIOR, 1976 apud FERNANDES, 1995, p.30).

Contudo, com as ameaças que pairavam no ar feitas por Napoleão Bonaparte, em 24 de abril de 1801 – ano que é decretado o bloqueio continental a Portugal –, é expedido um alvará ampliado pelos os de 07 e 27 de abril de 1802 e pelo de 30 de setembro de 1803, extinguindo o monopólio da metrópole sobre a colônia (SIMONSEN, 1977 apud FERNANDES, 1995).

Com a chegada da família real portuguesa ao Brasil, em 1808, D. João VI passou a dar maiores incentivos à produção do sal, porém, limitando-se apenas ao consumo humano e animal. Novo impulso para a exploração comercial do sal viria em 1886, com a tributação do sal estrangeiro. O protecionismo deu ânimo à incipiente indústria salineira contribuindo para a sua expansão, "estendendo-se as salinas de Macau sobre vinte quilômetros de comprimento por quatro de largura" (A'RBOCZ, 1986, p. 6; SOUSA, 2007).

Essa situação se estende até 1889, quando da instalação da República, estabelecendo-se um novo tipo de monopólio que viria a mudar o panorama político para a indústria de extração do sal no Rio Grande do Norte. Pelo decreto nº 10.413, de 26 de Outubro de 1889, a União concedeu em favor do Sr. Antônio Coelho Ribeiro Roma, pela empresa com sede no Rio de Janeiro, Companhia Nacional de Salinas Mossoró-Açu (CNS), o direito exclusivo à exploração dos terrenos devolutos compreendidos entre Areia Branca e Macau, por um prazo de 30 anos, fato que ficou conhecido como Concessão Roma (CARMO JÚNIOR, 2006).

Esta empresa, valendo-se do seu direito adquirido com a Concessão Roma e dispondo de muito capital e embarcações, adquiriu por valores irrisórios as pequenas salinas existentes, não permitindo a existência de qualquer concorrência em sua área de exploração (FERNANDES, 1995). Em sua instalação em Macau, nenhum imposto foi cobrado sobre o sal e, ainda, foi pedida ao Governo Federal, uma espécie de taxa que valorizasse o produto no mercado (CENTENÁRIO, 1922 apud MOURA, 2003; CARMO JÚNIOR, 2006).

Esse monopólio adquirido trouxe, ao longo do tempo, uma série de conflitos de ordem política já que, com a República, houve uma consolidação do poder estadual frente ao poder federal (CARMO JÚNIOR, 2006). Segundo Andrade (1995), esse poder federal era constituído por uma oligarquia, que, sob o comando de chefes políticos formados no período imperial, controlavam as eleições estaduais, elegendo governadores, deputados e senadores. Essas lideranças políticas, naturalmente, almejavam o domínio de todas as atividades econômicas importantes, dentre elas o sal.

Em 1915, a Concessão Roma já não conseguia se sustentar no descumprimento de suas cláusulas, sendo anulada em 1920 (CARMO JÚNIOR, 2006). Sua queda significou:

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[...] a ascensão de produtores potiguares como também  possibilitou a entrada de outros grupos vindos do Rio de Janeiro e São Paulo [...]. A história desses grupos é caracterizada pela absorção de uns pelos outros, até a década de 1960, quando foram absorvidos em sua grande parte por grupos internacionais. (FERNANDES, 1995, p.35).

De fato, a consolidação da indústria salineira potiguar só ocorreu no período que vai de 1930 ao final dos anos de 1950. A partir de então, o Rio Grande do Norte apresentou produção sempre superior a 50% da nacional, onde o município de Macau tornou-se o verdadeiro coração da indústria salineira brasileira (ANDRADE, 1995; SOUSA, 2007).

Antes da chegada dos grupos estrangeiros – ocasionando o processo de desnacionalização das salinas do Rio Grande do Norte, ocorrido no período de 1969 a 1975 (COSTA, 1993), é preciso compreender o ambiente político que propiciou tal fato (CARMO JÚNIOR, 2006). Na década de 1950, o governo de Juscelino Kubitschek com sua política desenvolvimentista baseada na industrialização como forma de promover o crescimento econômico e atenuar as enormes diferenças sociais nas regiões Sudeste – que se desenvolvia avassaladoramente –, e o Nordeste – que despontava como uma das áreas mais pobres do mundo –, criou o Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste (GTDN) (SOUSA, 1988; COSTA, 1993). O documento elaborado por este grupo resultou na criação de um organismo para executar a política proposta que se chamou Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE) (CARMO JÚNIOR, op. cit.).

Em seu II Plano Diretor, que vingou de 1963 a 1965, a SUDENE enfatizou a implementação de indústria de grande porte, assim como, a modernização e dinamização de setores industriais já existentes, mas que operavam seguindo moldes artesanais, como era o caso das nossas salinas as quais, por motivos de ordem natural, davam sinais de dificuldades para abastecer o mercado consumidor interno (CARMO JÚNIOR, op. cit.). Tal dificuldade era causada principalmente pelo fato da década de 1960 ser marcada pelo aumento do consumo de sal no País, notadamente graças ao desenvolvimento da indústria química, grande utilizadora deste produto como matéria-prima (COSTA, 1993; MELO et al., 2008). De fato, como preconizava o Plano Diretor da SUDENE, assim ocorreu, porém com uma ressalva: os mecanismos de incentivos fiscais exclusivos às empresas nacionais foram estendidos aos investimentos de grupos estrangeiros, resultando, assim, num processo que culminou na desnacionalização, monopolização e extinção das pequenas salinas do Rio Grande do Norte, as quais foram incorporadas ao capital de grupos estrangeiros, financiados pelo próprio dinheiro nacional (CARMO JÚNIOR, 2006).

Todas as empresas citadas, para atender às exigências da modernização, tiveram que utilizar os incentivos fiscais da SUDENE, [...]. A própria SUDENE facilitou a penetração das empresas multinacionais no Nordeste e as incentivou quando retirou do seu II Plano Diretor 'a restrição de utilização pelas empresas de capital estrangeiro do mecanismo de dedução fiscal, antes somente permitida a empresas de capital cem por cento nacional'. Assim, os incentivos fiscais induziram os investimentos internacionais para a região Nordeste, facilitando, dessa forma, a penetração no parque salineiro potiguar (SOUSA, 1988 apud COSTA, 1993, p.29).

Segundo Carmo Júnior (2006), com a incorporação das pequenas empresas iniciada em 1968, a obtenção das melhores áreas salineiras e com a introdução da tecnologia ao processo, já no início da década de 1970, a maior parte da produção de sal do Rio Grande do Norte estava sob o controle de 03 grandes grupos: o grupo Morton Norwich Products INC., americano, que passou a comandar as salinas Sosal e Guanabara; o grupo Akzo Zoult Chemie, holandês, que passou a comandar as salinas da Companhia Industrial do Rio Grande do Norte (CIRNE); e o grupo Nora Lage, italiano, que assumiu o controle das salinas da Henrique Lage (COSTA, 1993).

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[...] o grande capital conseguiu, aproveitando-se da vulnerabilidade financeira de alguns pequenos e médios produtores, incorporar, através da compra de suas salinas, um maior número de área para cristalizadores, aumentando daí a sua produção e conseguindo em muitos casos a proletarização dos pequenos produtores que se viram despossuídos dos seus  meios de produção. (CARVALHO JÚNIOR, 1983, apud COSTA, 1993, p.64).

Em resumo, Fernandes (1995) e Santos (2010) comentam que os primeiros anos da década de 1970 foram marcados pelo processo de modernização do parque salineiro do Estado, caracterizando-se sobretudo pela formação de grandes unidades produtoras, que vinham paralisando e abandonando as pequenas e médias salinas, com graves consequências sociais. Segundo Santos (2010, p. 294), "o desemprego era um dos grandes problemas da região. As terras salinas desativadas constituíam uma área de milhares de hectares que, depois, descobriram a possibilidade de sua utilização para a criação de camarão, a exemplo do que se fazia no Japão e em outros países".

Nos dias atuais, pouco resta da produção salineira artesanal no RN, apenas algumas pequenas salinas que ainda se utilizam de pás e de carros-de-mão para realizar a colheita do sal, restritas apenas a pequenos núcleos nos municípios de Grossos (Fig. 1), Mossoró, Areia Branca e Guamaré. Além da importância para a economia local, estas áreas representam um patrimônio histórico, natural e arquitetônico ainda pouco reconhecido no país. Essa importância se traduz pelo fato que nelas ainda são replicadas as técnicas de construção e gestão típica dos primórdios dessa atividade.

 

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Em termos quantitavos, realizou-se o levantamento da área atual ocupada pelas salinas artesanais no Estado do Rio Grande do Norte por meio de imagens do satélite de alta resolução espacial e inventário de campo entre de 2008, 2009 e 2010, ao longo de todo litoral setentrional. Para tal, foram coletados dados em campo com aparelho receptor de sinais GPS (Geko Garmin de 12 canais – código CA), os quais serviram de base para a análise e georreferenciamento das imagens do CBERS 2B, sensor HRC, com 2,5 metros de resolução espacial das seguintes áreas: a) Zona Estuarina do Rio Apodi-Mossoró - órbita 149 E, ponto 106-1, de 30/10/2009; b) Sistema Estuarino Piranhas-Açu - órbitas 148 B, C e D, pontos 106-1, de 24/02/2010, 23/02/2008 e 31/12/2008, respectivamente; c) Zona Estuarina Galinhos-Guamaré - órbita 148 E, ponto 106-1, de 26/01/2009. Todo esse material foi analisado em ambiente de Sistema de Informação Geográfica, no software Spring 5.1.7 (CÂMARA et al., 1996).

De acordo com esse levantamento, veficou-se que atualmente estas salinas ocupam áreas situadas próximo da transição entre as planícies hipersalinas (ocupadas pelas grandes indústrias salineiras com áreas acima de 500 ha cada – Fig. 2 e 3) e o tabuleiro costeiro, captando água apenas através de canais de maré (gamboas) do estuário. Em termos de área, veficou-se que o maior núcleo de salinas artesanais encontra-se no município de Grossos-RN (782,0 ha), seguido do município de Mossoró-RN (55,2 ha), Areia Branca-RN (54,3 ha) e Guamaré (< 1 ha), respectivamente (Tabela 1).

 

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Com relação às grandes indústrias salineiras, desde a última década do século XX a maioria dessas salinas voltaram a ser adquiridas por empresas de capital nacional, sendo atualmente a extração de sal marinho uma das principais atividades econômicas de todo o litoral setentrional do Rio Grande do Norte. O parque salineiro do Estado é responsável por 97% da produção brasileira de sal marinho, sendo comercializado com vários Estados brasileiros e exportado principalmente para os Estados Unidos, África e Europa (RIO GRANDE DO NORTE, 2003; SIESAL, 2010).

Em termos de matéria prima, atualmente no Brasil, a água do mar e/ou dos estuários é a principal fonte de produção de sal em pontos situados na área litorânea e que tenham condições climáticas e topográficas favoráveis, e economicamente rentáveis. Este é o caso das terras situadas no litoral setentrional potiguar (Fig. 4), mais especificamente na zona estuarina do Rio Apodi-Mossoró, sistema estuarino Piranhas-Açu (Rio das Conchas, Rio dos Cavalos, Rio Piranhas-Açu

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e Rio da Conceição) e sistema estuarino Guamaré-Galinhos (Rio Aratuá, Rio Miaçaba, Rio Camurupim, Rio Guamaré, Rio Pisa Sal e Rio do Tomás).

 

CONCLUSÃO

De acordo com as referências históricas, verifica-se que os primeiros relatos da atividade salineira se deram já no início da colonização com a extração do sal das reservas naturais que se acumulavam junto nas zonas de supramaré. Este procedimento foi aperfeiçoado com a construção das pequenas salinas artesanais pelos portugueses, conforme técnicas usadas em outros pontos do Império Colonial Português (e.g. África, China, Índia). A evolução dessa atividade está entrelaçada diretamente com esse período da colonização, onde a sua descoberta das reservas naturais e posterior produção de sal nas salinas passou a impulsionar o desenvolvimento de outras atividades a ela relacionadas, configurando-se nesse período como uma das principais atividades econômicas desenvolvidas nas margens das desembocaduras dos principais rios do Rio Grande do Norte.

Com o aumento da demanda pelos mercados consumidores, as salinas de pequeno porte passaram a ser construídas ao longo de várias áreas da atual região Nordeste, já com o uso das primeiras tecnologias e métodos de produção (e.g. cata-ventos e diques para produção de sal em zonas mais elevadas topograficamente). Com o advento no Brasil da política desenvolvimentista baseada na industrialização (século XIX), veio a implementação de uma indústria salineira de grande porte, com a modernização e dinamização de setores industriais para atender às elevadas demandas geradas pelo crescimento da indústria química, grande utilizadora deste produto como matéria-prima.

É necessário frisar que a maior parte das salinas foram implantadas efetivamente nas áreas onde ocorria naturalmente o processo de formação natural do cloreto de sódio, através da evaporação solar nas planícies hipersalinas onde as águas das marés ficavam acumuladas. Em termos econômicos e de reduzido impacto ambiental, as salinas podem ser consideradas a única alternativa para a ocupação dessas planícies, uma vez que evaporação natural da água do mar implica na constante precipitação de sais (CaCO4, NaCl, MgCl2, NaBr, entre outros) na superfície do solo (OREN, 2002), acarretando em um processo de salinização natural. Estes sais, em virtude do longo período de evaporação, ficam retidos no solo em forma de diversas camadas (de acordo com os ciclos de precipitação), onde a inundação destas áreas apenas veio a proporcionar o controle/manejo da evaporação da salmoura, possibilitando a extração de uma maior quantidade de sais cristalizados na superfície.

Entre as várias vulnerabilidades econômicas, a atividade salineira é fortemente sensível as variações climáticas, onde uma longa estiagem (que nessa região do Brasil pode durar até 5 anos), pode ocasionar uma superprodução. Esse processo tem como resultado imediato a geração de preços incompatíveis com os custos realizados, em virtude de uma maior oferta do produto. Todavia, a indústria salineira do Rio Grande do Norte vem passando por um processo gradativo de modernização, que exige um produto cada vez mais competitivo no mercado nacional e internacional. Esse processo de modernização é principalmente voltado para a obtenção de um maior grau de pureza e qualidade do sal marinho produzido, aliada com a preocupação em se obter um produto que seja fruto de um manejo biológico adequado e em respeito às normas ambientais vigentes no país.

 

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