a armadura de deus

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1 A ARMADURA DE DEUS 1 Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo; porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes. Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis. Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade e vestindo-vos da couraça da justiça. Calçai os pés com a preparação do evangelho da paz; embraçando sempre o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do Maligno. Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus; com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos e também por mim; para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra, para, com intrepidez, fazer conhecido o mistério do evangelho, pelo qual sou embaixador em cadeias, para que, em Cristo, eu seja ousado para falar, como me cumpre fazê-lo.(Efésios 6:10-20) 1. A armadura. 1.1. Intodução A armadura era um conjunto de peças feitas de metal ou couro, com que os soldados antigos cobriam o corpo para se protegerem das armas de ataque dos inimigos (no VT dm mad ou dm med, no sentido da couraça, e no NT panoplia panoplia, armadura inteira e completa que inclue escudo, espada, lança, capacete, grevas, e peitoral). Desde as épocas mais remotas da história da humanidade (mais especificamente desde Caim e Abel Gn. 4) indivíduos ou grupos de povos, tribos, raças ou nações têm buscado meios de impôr domínio sobre outros. Por causa das guerras e o desejo insaciável do ser humano de ser e ter mais que seus oponentes, surgiu a necessidade de meios de ataque e defesa através dos quais se buscava a proteção do que já se possuía e a conquista de novos bens e territórios por meio dos despojos de guerra. Com o aperfeiçoamento das tecnologias de guerra, formou-se o que hoje se conhece como a armadura de um guerreiro, capaz de livrá-los de situações de morte iminente e de auxiliá-lo num ataque eficaz ao inimigo. Os principais componentes de uma armadura são: o cinturão (ou cinto), a couraça, o calçado (ou botas), o escudo, os dardos (ou flechas) e arcos, o capacete e a espada. Utilizaremos aqui a ordem mencionada na carta de Paulo aos Efésios para fins de estudo. Tais apetrechos se restringem ao uso manual e individual do 1 Neste estudo usa-se VT para Velho Testamento (e as referências à lingua são em hebraico quando não especificado), NT para Novo Testamento (e as referências à lingua são em grego).

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Estudo bibliográfico a respeito do texto de Efésios 6 sobre a 'armadura de Deus', realizado por Angela Natel.

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Page 1: A armadura de Deus

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A ARMADURA DE DEUS1

“Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder.

Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as

ciladas do diabo;

porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os principados

e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso, contra as forças

espirituais do mal, nas regiões celestes.

Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e,

depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis.

Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade e vestindo-vos da couraça da

justiça.

Calçai os pés com a preparação do evangelho da paz;

embraçando sempre o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos

inflamados do Maligno.

Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de

Deus;

com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto vigiando

com toda perseverança e súplica por todos os santos

e também por mim; para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra,

para, com intrepidez, fazer conhecido o mistério do evangelho,

pelo qual sou embaixador em cadeias, para que, em Cristo, eu seja ousado para

falar, como me cumpre fazê-lo.”

(Efésios 6:10-20)

1. A armadura.

1.1. Intodução

A armadura era um conjunto de peças feitas de metal ou couro, com que

os soldados antigos cobriam o corpo para se protegerem das armas de ataque dos

inimigos (no VT dm mad ou dm med, no sentido da couraça, e no NT

panoplia panoplia, armadura inteira e completa que inclue escudo, espada,

lança, capacete, grevas, e peitoral).

Desde as épocas mais remotas da história da humanidade (mais

especificamente desde Caim e Abel – Gn. 4) indivíduos ou grupos de povos,

tribos, raças ou nações têm buscado meios de impôr domínio sobre outros. Por

causa das guerras e o desejo insaciável do ser humano de ser e ter mais que seus

oponentes, surgiu a necessidade de meios de ataque e defesa através dos quais se

buscava a proteção do que já se possuía e a conquista de novos bens e territórios

por meio dos despojos de guerra.

Com o aperfeiçoamento das tecnologias de guerra, formou-se o que hoje

se conhece como a armadura de um guerreiro, capaz de livrá-los de situações de

morte iminente e de auxiliá-lo num ataque eficaz ao inimigo. Os principais

componentes de uma armadura são: o cinturão (ou cinto), a couraça, o calçado

(ou botas), o escudo, os dardos (ou flechas) e arcos, o capacete e a espada.

Utilizaremos aqui a ordem mencionada na carta de Paulo aos Efésios para fins

de estudo. Tais apetrechos se restringem ao uso manual e individual do

1 Neste estudo usa-se VT para Velho Testamento (e as referências à lingua são em hebraico quando não

especificado), NT para Novo Testamento (e as referências à lingua são em grego).

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guerreiro, sem mencionarmos outros componentes, tais como carros de guerra,

catapulta e demais instrumentos que exigiam o manejo de mais de um soldado.

A Bíblia relata inúmeras situações de guerra, sendo isso motivo para

divergências quanto ao caráter amoroso e misericordioso de Deus,

principalmente no ambiente do AT. Muitos chegam até a afirmar que a Bíblia

descreve dois deuses diferentes: um justo, santo e vingativo (“Homem de Guerra

é Yahweh” – Êx.15:3), e outro misericordioso, amoroso e compassivo, capaz de

salvar as pessoas do julgamento do primeiro derramando de seu sangue como

pagamento pela incapacidade de atingir seu elevado padrão moral (Jo.3:16).

Entretanto, ao lermos a Bíblia com o coração aberto para o ensino do Espírito

Santo e com o entendimento de que “Há um só Deus e um só mediador entre

Deus e os homens...” (1 Tm.2:5), podemos perceber o porquê de tal ênfase na

Palavra de Deus no que diz respeito à nossa guerra e todo o aparato relacionado

a ela.

Ao lermos a Palavra de Deus, fica-nos claro que certas ocorrências e

figuras no nível físico, natural (da matéria), em sua maioria, são relacionadas a

figuras e princípios espirituais. Assim, por exemplo, temos o sacrifício físico de

animais no AT, e o ensino de que o derramamento de sangue inocente faria a

“cobertura”da culpa, tipificando e apontando para o sacrifício de Jesus Cristo

que, com seu sangue, cancelou a dívida que o pecador tinha para com Deus por

causa de uma natureza pecaminosa. Também temos os profetas derramando

azeite na cabeça de reis e utensílios consagrados a Deus representando a unção,

a santificação, o enchimento e a capacitação do Espírito Santo sobre a pessoa ou

objeto ungido. Assim, entendemos que, quando encontramos na Bíblia

referências a uma armadura física, podemos estabelecer um paralelo com

realidades espirituais em sua maioria, a fim de compreendermos melhor como se

dá o processo de uso da armadura espiritual fornecida por Deus e citada na carta

aos Efésios.

Para tanto, é importante sabermos que, quando entramos para o exército

de Deus, o Senhor nos dá três coisas:

a. um manual para conhecermos essa guerra, nosso inimigo e

suas estratégias – a Bíblia;

b. Uma farda – a armadura de Deus;

c. Um rádio de longo alcance – nossa comunicação direta com

Deus por meio da oração, a fim de recebermos direção

específica do Senhor quando as situações assim o exigirem.

Estamos numa guerra, quer queiramos, quer não. Se a nossa decisão for a

de não lutar – desobedecendo às exortações bíblicas de combatermos o bom

combate (1 Tm.6:12) e não nos revestirmos de toda a armadura de Deus

(Ef.6:10-20) – acabaremos sendo atingidos. Nesses últimos dias, toda a Igreja

está na condição da Noiva que tem de provar sua devoção e fidelidade, tendo

vitória sobre o mundo maligno e devendo aprender a assumir a responsabilidade

que a capacitará a reinar juntamente com Cristo. Deus não nos põe à prova para

que caiamos, mas para que Ele possa ver em que ponto de autoridade poderá nos

colocar em Seu reino eterno.

Quando a Igreja passa a ocupar uma área pela primeira vez, ela deve

atacar, e não defender-se. A área-meta está debaixo do domínio de Satanás, que

precisa ser expulso dali. A única maneira de expulsar um inimigo entrincheirado

consiste em entrar no território e tomar as tocas onde o inimigo se abrigou. Foi

isso que a Igreja Primitiva fez em Jerusalém (cf. At.2-6), em Samaria (cf. At.8,

Page 3: A armadura de Deus

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sobre Simão, o mágico), e em Éfeso (cf. At.19), e, eventualmente, em toda nova

região onde ela penetrava. Outrossim, no sexto capítulo de Efésios, Paulo

associou a pregação do Evangelho à intercessão (cf. Ef.6:15,19,20) e à luta

contra os principados (cf. Ef.6:12,18,19). Sempre será necessário algum tipo de

poder para que a Igreja seja estabelecida pela primeira vez, porquanto a Igreja

precisa deslocar a estrutura satânica existente.

Entretanto, uma vez que um território tenha sido tomado, a Igreja deve

imediatamente passar para o modo defensivo, transformando o exército

conquistador em um exército defensor. Esse foi o arcabouço dentro do qual foi

escrita a epístola paulina aos Efésios. Deixar de fazer isso pode resultar na

posição de sermos derrotados pelo inimigo recentemente expulso. Quando a

Igreja deixa de defender a sua posição conquistada, Satanás dirige um contra-

ataque e retoma o território perdido. Assim aconteceu nas igrejas da Galácia.

Paulo repreendeu aqueles crentes e lhes perguntou: “Ó Gálatas insensatos!

Quem vos fascinou...?” (Gl.3:1). O verbo fascinar é uma referência direta às

atividades de Satanás.

Em uma guerra ativa, a informação mais crítica não é aquilo que a gente

sabe, mas aquilos que a gente não sabe. Especialmente quando o adversário sabe

que a gente não sabe. É fatal pisarmos numa zona de guerra sem estarmos

plenamente informados sobre tudo quanto está sucedendo ali. E o pior de todos

os erros, em uma guerra, é não saber onde se encontra o campo de batalha. Com

esse estudo, portanto, pretendemos rastrear na própria Bíblia as inúmeras

referências às partes de uma armadura e, por meio dessas referências, buscar a

compreensão de como, quando e onde devemos usar a armadura de Deus

descrita em Efésios 6:10-18 no nível espiritual. A partir disso, poderemos

estabelecer parâmetros para uma vida de vitória constante no Reino de Deus.

1.2. Referências à armadura

“Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder.

Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as

ciladas do diabo;

porque a nossa luta não é contra o sangue e a carne, e sim contra os

principados e potestades, contra os dominadores deste mundo tenebroso,

contra as forças espirituais do mal, nas regiões celestes.

Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia

mau e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis.”

(Efésios 6:10-13)

São em muito maior número os textos das Escrituras que nos ordenam a

amar o Senhor do que os que nos mandam lutar contra o inimigo (Dt.10:12).

Com isso fica claro que, no Reino de Deus, amar é mais importante do que

guerrear. É necessário, antes de lutar contra as trevas, que dediquemos mais

tempo para nos aproximarmos de Deus. Por isso, permancer em intimidade com

o Senhor é o primeiro princípio de batalha espiritual que encontramos na Bíblia

(Tg.4:6-8).

Ao fazer menção à armadura, a Bíblia coloca Deus como a nossa maior

arma de guerra (Jr.51:19-23), e fica bem claro que ter sabedoria é melhor do que

nos armar para a guerra (Ec.9:18). O Senhor é a fonte da vitória, dEle procede a

armadura espiritual capaz de nos fazer prevalecer sobre o mundo, a carne e o

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Diabo (cf.7.2 deste estudo). É através da união com Deus que somos revestidos

de poder (Ef.6:10).

A armadura é citada na Bíblia como acessório de guerra em diversas

partes: Jz.9:54; 1 Sm.16:21; 31:4-6; 14:1-17; 2 Sm.18:15; 23:37; 2 Rs.10:2; 1

Cr.11:39; Ez.9:1. Segundo o costume da época, não era permitido ao soldado

apoderar-se da armadura alheia a fim de lutar suas próprias batalhas (1

Sm.17:38,39), e os despojos de guerra são direito do vencedor (Dt.20:14; 1

Sm.17:54).

Em ataques surpresa e/ou emergenciais, todos os capacitados e treinados

para vestir uma armadura e empunhar armas eram convocados - não era uma

opção (2 Rs.3:21). A Bíblia deixa bem claro que o Senhor nos deu autoridade

sobre todo o poder do inimigo (Lc.10:17-19; 1 Jo.3:8), por isso estamos

perfeitamente habilitados a utilizar da armadura espiritual quando submissos à

vontade de Deus.

A armadura de um guerreiro simbolizava sua força e, se caísse nas mãos

do inimigo, era sua humilhação e símbolo de derrota e/ou morte (1 Sm.17:54;

31:9,10; 2 Sm.2:21; 2 Rs.20:13; 1 Cr.10:9,10; Is.39:2; Ez.38:4; Lc.11:22).

Armaduras dadas como presente eram símbolo de honra e apreciação (1

Rs.10:25) e os carros de guerra tinham seu valor simbólico e deviam ser

cuidados (1 Rs.22:38).

Era comum a um guerreiro usar das próprias armas para o suicídio, a fim

de não morrer na mão do inimigo ou de maneira humilhante (Jz.9:54; 1

Sm.31:4-6; 1 Cr.10:4,5). Quando em desobediência, o Senhor fazia a arma do

guerreiro voltar-se contra si mesmo (Jr.21:4,5).

Antes de imaginarmos que podemos apenas recitar uma oração na qual

declaramos que estamos nos revestindo de cada peça da armadura de Deus,

precisamos compreender o que representa cada peça dessa poderosa arma de

guerra, então ela nos capacitará a verdadeiramente resistir os ataques do inimigo,

nos assegurará a proteção necessária a cada circunstância e levará a cabo a

vontade de Deus através de nossas vidas.

As Escrituras estão cheias de exemplos de pessoas que deram lugar a

uma pequena brecha em sua vida, o que permitiu ao inimigo entrar por ela de

maneira a alagar tudo com o mal. O grande pecado do rei Davi é um exemplo

bem claro disso (2 Sm.11). No tempo em que os reis deviam ir à guerra, Davi

ficou no palácio, então caiu em adultério e cometeu assassinato para acobertar o

que fizera. O Senhor lhe perdoou, mas a espada não deixou a sua casa até que a

tragédia atingisse alguns da própria família. O Senhor perdoará os pecados do

seu povo, mas sempre haverá conseqüências – colhemos o que plantamos (cf.

Gl.6:7), e os que estiverem sob os nossos cuidados é que sofrerão com isso.

Como Davi aprendeu, quando é hora de lutar, um dos lugares mais

perigosos onde permanecemos é na retaguarda. O inimigo não tem misericórdia

nem compaixão e está determinado a nos destruir. Entretanto, ele não terá poder

algum se estivermos submissos ao Senhor, debaixo do Seu senhorio, e resistindo

ao Diabo com toda a nossa vontade e persistência. É o que devemos fazer. É

importante lembrarmos que brechas nos muros de uma cidade significavam

falhas no sistema de defesa de toda uma nação (Is.22:8,9; Ne.4).

Precisamos usar a armadura de Deus para estarmos firmes. Isso implica,

no nível natural, em não ceder, resistir, não afrouxar, suportar, da mesma

maneira que um soldado dentro de uma guarita de vigilância à frente de um

quartel.

Page 5: A armadura de Deus

5

A exortação de Paulo aos efésios, quando eles se preparavam para

batalhar contra o mal do seu tempo, foi no sentido de que se revestissem de toda

a armadura de Deus. Se deixarmos de lado parte da proteção, o inimigo muito

provavelmente encontrará nosso ponto fraco e nos atingirá bem ali. Não há

trégüas nesse conflito. Não podemos dizer: ‘Sinto-me cansado; por isso durante

algum tempo não quero lutar’. Não podemos dizer ao inimigo: ‘Não me atinja

em tal lugar’. Ele, logicamente, não vai agir segundo as nossas regras ou

interesses. Não podemos esperar do inimigo um jogo limpo!

No nível espiritual, quando recebemos Jesus como Senhor e Salvador de

nossas vidas, entramos para o exército de Deus, entramos para um quartel, e

Satanás torna-se nosso inimigo. É por esse motivo que muitos afirmam que,

após sua decisão por Cristo, suas vidas sofreram uma intensificação nas lutas e

adversidades. Muitos abandonam a fé por não serem advertidos dessa realidade

de guerra. O Diabo tentará de tudo para que desistamos, inclusive mantendo-nos

em ignorância a respeito desses fatos (2 Co.2:11).

As armas espirituais são providas por Deus (Sl.18:32) e são armas de

justiça (2 Co.6:7), armas da luz (Rm.13:12), de ataque e de defesa (2 Co.6:7) e

poderosas em Deus (2 Co.10:4). A armadura, portanto, vai tornar efetiva a nossa

luta, e teremos o poder que vem do Senhor. Ficaremos firmes, então, contra

todas as forças espirituais da maldade.

Revestir-se da armadura é um imperativo a todo cristão (Ef.6:11), para

que fiquemos firmes contra todas as estratégias e maquinações do Diabo

(Ef.6:11), estejamos conscientes de não lutarmos contra oponentes físicos, mas

contra os despotismos, os poderes, contra os espíritos mestres que são os

governantes mundiais das trevas presentes, contra as forças espirituais da

maldade na esfera celestial (espiritual), resistamos no dia mau (de perigo) e

permaneçamos inabaláveis e em posição depois de termos feito tudo que a crise

exige (Ef.6:13); tudo isso a fim de destruirmos fortalezas (2 Co.10:4), o que

mostra o caráter bélico de nossa estadia neste mundo. Nossa batalha é contra um

inimigo inteligente, o que exige de nós muito cuidado e atenção ao revestirmo-

nos com as armas dessa milícia. Um intercessor jamais deverá entrar na

intercessão sem estar revestido da armadura de Deus.

Com a expressão “Permanecer firmes” entendemos que, como herdeiros

e filhos de Deus, devemos nos manter firmes onde o Senhor nos colocou, onde é

o lugar que nos pertence, que nos foi outorgado pelo sangue de Jesus como

herança. De maneira nenhuma nos renderemos ou nos entregaremos ao inimigo

pois, quando resistimos, ele foge (Tg.4:7).

As fortalezas espirituais do inimigo basicamente são padrões de

pensamento que estão em conflito com o Senhor e seus caminhos, i.e., atitudes

mentais impregnadas pela desesperança, e que nos leva a aceitar, como

imutáveis, situações que sabemos serem contrárias à vontade de Deus. O

Evangelho do Reino foi a primeira arma que o Senhor deu aos setenta quando

os enviou ao mundo (cf. Lc.10). As trevas são ineficazes contra todas as peças

da armadura utilizadas juntas e ao mesmo tempo pelo cristão.

Assim, a guerra, para nós, cristãos, se resume a destruir argumentos e

toda pretensão que se levanta contra o conhecimento de Deus e levar todo

pensamento cativo, para torná-lo obediente a Cristo (2 Co.10:4,5). Com isso,

entendemos que o principal campo de batalha na guerra espiritual é a mente das

pessoas. Devemos, portanto, estar sempre prontos para lutar (Ne.4:17).

Page 6: A armadura de Deus

6

Paulo descreveu em Efésios 6:10-20 as armas com as quais devemos

entrar num bom combate. Ele preveniu os efésios sobre a necessidade

fundamental de se revestirem de toda a armadura de Deus. E não fez isso uma

única vez, mas duas vezes (nos versículos 10 e 13). Quando Deus repete alguma

coisa Ele está enfatizando a seriedade da questão (Gn.41:32). E o que Ele disse

visava ao fato de oferecermos resistência no dia mau – essa é a nossa vitória. Por

isso temos que considerar cada peça com extremo cuidado.

Precisamos conhecer todas as nossas armas, porque Jesus conquistou

TODAS elas na cruz do Calvário, e elas nos foram entregues em Sua

ressurreição. Assim, só usaremos bem as armas que conhecermos bem. Por isso

a necessidade tanto do estudo como da aplicação desses princípios espirituais em

nossas vidas.

2. O cinto da verdade.

“Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade”

(Efésios 6:14a)

Peça de vestuário que consiste numa faixa ou tira de tecido, couro ou outros

materiais, usada ao redor da cintura; o cinto de um guerreiro, além de fixar a parte

frontal da armadura (a couraça) assegurando que esta não se soltasse nem

afrouxasse, protegia os órgãos reprodutores e o aparelho digestivo do soldado. O

termo usado para o que entende-se hoje por “apertar o cinto” foi originalmente

traduzido para o português arcaico por “cingir os lombos” (perizwnnumi – grego -

perizonnumi). Assim, fica claro que o termo refere-se à essa importante parte da

armadura, que pode comprometer diretamente o desempenho da couraça.

Figura tão essencial nas vestes de pessoas de diferentes posições e camadas

sociais, o cinto é referido na Bíblia como símbolo de fidelidade (Is.11:5), força e

autoridade (1 Sm.2:4; 2 Sm.22:40; Sl.18:32,39; 65:6; Is.45:5; 22:21), honra e

dignidade aos filhos de Arão – sacerdotes – (Êx.28:40), verdade (Ef.6:14) e alegria

(Sl.30:11). A maldição também é citada como manto que deve ser preso a um cinto,

o que nos remete à necessidade de uma verdade, um direito legal que mantenha essa

maldição ativa na vida de alguém (Sl.109:19; Is.3:24), já que “maldição sem causa

não se cumpre” (Pv.26:2).

Soldados também usavam a espada presa ao cinturão (1 Sm.17:39; 25:13; 2

Sm.3:31; 21:16; Ne.4:18). O cinturão de um guerreiro tinha grande valor (2

Sm.18:11), e fazia parte dos trajes militares de um comandante do exército de Israel

(2 Sm.20:8) e de oficiais babilônios (Ez.23:15).

Um cinto fazia parte, também, das vestes do príncipe, e foi parte do que Jônatas

deu a Davi, em sinal de aliança e reconhecimento da unção de Deus sobre ele (1

Sm.18:4 – como o que Jesus nos fez, dando-nos de Sua verdade, Sua natureza,

justiça e santidade (Jó 12:18; Ez.16:10; Sl.18:32).

É interessante notar a referência à mulher virtuosa, em Pv.31:24, que ‘fornece

cinto aos comerciantes’.

‘Cingir-se de luto’ é uma expressão muito comum no relato bíblico, dando-nos a

entender que havia um cinto específico que segurava a roupa característica de uma

situação de humilhação, tristeza e/ou vergonha - ‘cingir-se de saco’ referia-se à

substituição do cinto comum pelo saco (1 Rs.20:32; 2 Sm.3:31; Is.15:3; 22:12;

32:11; Jr.4:8; 6:26; 49:3; Lm.2:10; Ez.7:18; 27:31; Jl.1:8,13).

Page 7: A armadura de Deus

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Um cinto podre foi utilizado pelo profeta Jeremias para representar o povo

desobediente à verdade de Deus (Jr.13:1-11). Cintos de couro faziam parte dos trajes

típicos de profetas (2 Rs.1:8; Mt.3:4; Mc.1:6).

É curioso percebermos que, na Bíblia, afrouxar o cinto é sinal de desatenção,

desleixo (Is.5:27), e apertá-lo é sinal de prontidão, vigilância, certeza (Êx.12:11;

Dt.1:41; 1 Rs.18:46; 2 Rs.4:29; 9:1; Jó 38:3; 40:7; Pv.31:17; Is.8:9; Jr.1:17;

Lc.12:35,37; 17:8; Jo.21:18; At.12:8; 1Pd.1:13). Pedro, discípulo de Jesus, usava

um cinto e uma capa (Jo.21:7, 18).

Referências específicas a cinturões são encontradas por toda a Bíblia, como

parte das vestes sagradas do sacerdote (Êx.28:4-39; 29:5,9; 39:5,20,21,29;

Lv.8:7,13; 1 Sm.2:18; 2 Sm.6:14), nas quais o cinto era feito de linho fino, fios de

ouro e fios de tecido azul, roxo e vermelho trançados. A verdade, aqui, é

relacionada às quatro cores (dourada, azul, roxo e vermelho) representantes das

quatro manifestações do Filho de Deus nos quatro Evangelhos (Filho de Deus -

João, Filho do Homem - Lucas, servo - Marcos e Rei - Mateus – Lv.8:7) e nos

quatro seres (Homem, Cordeiro, Leão e Águia – Ez.1; Ap.4:8; 5:6,8,14; 6:1,6; 7:11;

14:3). O peitoral ficava acima do cinturão e preso a ele, e o sacerdote deveria se

lavar com água antes de vestí-lo (Lv.16:4). Os levitas usavam calções de linho na

cintura (Ez.44:18).

Uma referência à relação do uso da espada com o cinto (a Palavra de Deus é a

verdade) encontramos na história de um juiz de Israel, Eúde, que por ser canhoto

conseguiu passar despercebido numa vistoria e entrar na presença do rei inimigo

com uma espada de dois gumes presa ao cinto (Jz.3:16). Um rei também levava sua

espada dessa maneira (Sl.45:3).

Fisicamente falando, o cinto dá volta ao corpo e recobre o abdômen, ficando

sobre as entranhas (lombos, rins). Antigamente, as entranhas (interior abdominal)

eram associadas ao lado emocional do ser emocional, sua força, poder, vigor,

maturidade, habilidade e flexibilidade (esta relacionada à cintura). É importante

percebermos que a gordura das entranhas era oferecida junto com os rins e sua

gordura, com o redenho (‘revestimento’) do fígado e o sangue nos sacrifícios pelo

pecado (Lv.4:8-10). Segundo a cultura da época, esses elementos eram os principais

representantes da essência da alma humana (e o pecado reside na alma). Um cinto,

representando a vida e a vontade do apóstolo Paulo, é citado em At.21:11.

Um cinto nos dá proteção e tranquilidade. O cinto sustenta a espada de um

soldado, que vai confiante para a batalha, pois está preparado para a guerra.

A figura do servo (doulov doulos: escravo, servo, homem de condição servil),

no Novo Testanento, era a pessoa mais humilde e de menos valor dentro de um

recinto. Era sua função amarrar uma toalha à cintura a fim de lavar os pés dos

convidados do dono da casa (Jo.13:4,5). Assim, a verdade dAquele que se humilha e

toma a forma de escravo limpa a sujeira dos homens (cf. Fp.2:5-11; Tg.5:16).

Podemos relacionar cinturões de ouro ao poder divino e à santidade: e.g. um

comandante do exército do Senhor usa na cintura um cinto de ouro (Dn.10:5); os

sete anjos com as sete pragas do Apocalipse vestem cinturões de ouro sobre o peito

(Ap.15:6); a Bíblia cita que o Senhor tem majestade e poder na cintura (Sl.93:1) e o

Senhor Jesus aparecerá, no fim dos tempos, com um cinturão de ouro sobre o peito

(Ap.1:13).

A verdade não é apenas uma arma ofensiva – quando a usamos como Espada do

Espírito – mas é também uma arma de proteção. O pai da mentira ficará

enfraquecido diante da verdade pura da Palavra de Deus. Se não estamos firmes,

perdemos esse cinto quando mentimos. Ao chamar-nos para representá-lO como

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Seus embaixadores, o Senhor não apenas quer que tenhamos condições de falar

sobre Ele, mas deseja que sejamos como Ele é. Uma de Suas características básicas

é que Ele é fiel à Sua Palavra. Para que sejamos iguais a Ele temos, portanto, que

aprender a sermos fiéis ao que dizemos. Nossa palavra tem de ser algo que nos

comprometa mais do que um contrato. Nós não apenas temos que conhecer e

cumprir a Palavra do Senhor, mas cumprir a nossa própria palavra.

No nível espiritual, portanto, cingir-nos com a verdade é termos a mente cingida

com a Palavra de Deus, uma mente forte, vigorosa, madura espiritualmente, que

sabe usar e usa as Escrituras de forma a dar glória a Deus. Porém a verdade, sem o

tempero da graça, é algo devastador, mas a verdade, dita dentro do contexto da

graça de divina, é capaz de libertar as pessoas (cf. Jo.8:32).

A verdade são os ensinamentos da Palavra de Deus, que são personificados em

Jesus e revelados pelo Espírito Santo, aplicados à nossa vida. Com isso em mente,

entendemos que ‘mentirinhas’ afrouxam o cinto da verdade em nós pois, como

podemos ir a uma luta contra o pai da mentira se mentimos? A Bíblia nos adverte

que quem mente é filho do Diabo (cf. Jo.8:42-47). Por isso temos sempre que dizer

a verdade. Não podemos mentir. A mentira não pode existir na boca de um cristão,

senão o cinturão de sua armadura não poderá protegê-lo em nada.

Junto com a maior liberação das trevas neste mundo, tem havido uma erosão

bem maior na honra e na integridade. Isso não é verdade apenas em relação ao

mundo, mas também com respeito à Igreja. Uma razão importante de muitas

derrotas em nosso meio no Corpo de Cristo é a tendência a quebrarmos nossos

compromissos, tanto com o Senhor como uns para com os outros.

Percebemos, então, que há uma necessidade da verdade circundar

completamente o nosso ser pela frente e pelas costas. Jesus é a verdade. Sua Palavra

é a verdade, e por essa verdade somos santificados (Jo.17:17). O contato com a

verdade de Deus tem um forte impacto sobre as nossas emoções. Contra a verdade

de Deus as emoções, muitas vezes extremamente irracionais e errôneas, não

prevalecem. A referência de um cinto e de calçados manchados de sangue eram

atos de guerra e culpa (1Rs.2:5). A racionalidade de Deus contrabalança a

irracionalidade da alma humana.

Tudo isso nos leva a refletirmos sobre a nossa consciência da realidade. O que é

mais real: o que Deus diz ou o que eu vejo? O que é a verdade? (cf. Jo.18:38).

Precisamos aprender a viver pela verdade da Palavra da Deus (cf. Mt.4:4), que gera

e cria todas as coisas, visíveis e invisíveis, e não por nossas emoções. O cinturão da

verdade é uma arma poderosa para nos auxiliar exatamente quando estamos

emocionalmente abalados. Pois a verdade do Senhor é imutável.

A promessa para nós é de que o Espírito Santo nos guiará a toda a verdade

(Jo.16:13).

3. A couraça da justiça.

“e vestindo-vos da couraça da justiça.”

(Efésios 6:14b)

A couraça, nos tempos antigos, era uma malha que cobria o corpo pela frente e

nas costas. Constava de duas partes unidas nos lados (Jr.46:4; 51:3). É aquilo a que

se referem Ap.9:9 (‘couraças de bronze’) e Ap.9:17, e a arma que serve para

proteger a parte superior do corpo (Jó 41:26) – no VT Nwyrv shiryown ou Nyrv

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9

shiryon e Nyrv shiryan também (fem.) hyrv shiryah e hnyrv shiryonah e no NT

ywrax thorax.

Os guerreiros dos tempos bíblicos vestiam couraças de diferentes materiais,

como a de Golias, que era feita de escamas de bronze e pesava 60 kg (1 Sm.17:5).

Os guerreiros de Judá também usavam couraças (2 Cr.26:14). Na reconstrução dos

muros com Neemias, metade dos homens trabalhava e a outra metade permanecia

armada e vestida com couraças (Ne.4:16), numa referência à nossa necessidade de

vigilância.

Há uma estreita relação entre a couraça – parte da armadura de um guerreiro - e

o peitoral das vestes sagradas do Sumo sacerdote, onde ficava o colete com o Urim e

o Tumim e as doze pedras representantes das doze tribos de Israel (símbolos de

autoridade e poder) – Êx.25:7; 28:4. Esse peitoral era feito de linho fino trançado de

fios de ouro com fios de tecido azul, roxo e vermelho (Êx.28:15) e correntes de ouro

puro trançadas com cordas (Êx.28:22), tendo presas nas extremidades argolas de

ouro (Êx.28:23) unindo o peitoral ao cinturão. Assim, a justiça deve estar

divinamente ligada à verdade, senão perderemos a autoridade espiritual e o

discernimento do bem e do mal para as decisões diárias (Êx.28:15-30; 29:5; 35:9,27;

39:8,9,15-21). As argolas prendiam o colete ao peitoral e estes eram presos ao

cinturão com um cordão azul (Lv.8:8).

É importante repararmos que a couraça cobre o tórax, onde encontramos

coração, fígado e pulmões, órgãos nobres, vitais, que não podem ser lesados. E

muitas vezes são símbolos de valentia. Interessante é lembrarmos que o tórax do

cordeiro imolado pertencia ao sacerdote (Êx.29:26,27; Lv.7:30,31,34; 8:29;

10:14,15; Nm.18:18) e na consagração do nazireu o peito do animal sacrificado era

santo e pertencia ao sacerdote (Nm.6:20). O coração é o símbolo da vida humana.

Em diversas partes da Bíblia encontramos referências a crianças que vivem no

‘seio’de sua mãe – citadas como fonte de vida (Jó 24:9; Is.60:16; Lm.4:3). Assim, a

justiça de Deus sobre nós traz vida, além de impedir que o Diabo tenha poder de

lesar-nos mortalmente. É como se seus ataques, por piores que sejam, não possam

ferir a vida que há em nós. Da mesma forma, a couraça cobre também braços em

parte, regiões que se movimentam. Cremos haver nisso uma menção ao fato de que,

uma vez justificados, devemos continuar andando em justiça, i.e., os braços (e,

conseqüentemente, as mãos) devem estar limpos.

No nível espiritual a couraça é símbolo de justiça (integridade, retidão moral,

honradez diante da Palavra de Deus, posição correta em Deus - Is.59:17; Ef.6:14).

Ela é também da fé (através da qual se é salvo) e do amor (que é fruto da

justificação) – 1 Ts.5:8.

Não temos justiça por nós mesmos, mas precisamos valer-nos da justiça do

Senhor Jesus (Hb.4:14-16) e não sermos injustos para com os outros, pois Deus nos

trata de acordo com o que escolhemos viver: se exigirmos justiça dos outros, é isso

que receberemos do Senhor, mas se concedermos misericórdia, é isso que o Senhor

nos concederá (cf.Mt.5:7; 6:15; 18:23-35; Mc.11:26; Lc.6:36; Tg.2:13; 1 Pd.3:8).

Sabemos que, uma vez salvos, uma das conseqüências mais imediatas é a nossa

justificação. Somos justificados pelo sangue de Jesus, e isso protege a retaguarda da

nossa alma e da nossa consciência – órgãos espirituais vitais. Não podemos entrar

numa batalha contra o acusador sem a certeza de ‘não haver acusação’ sobre nós

(Rm.8:1). Seria derrota certa, morte certa. Por outro lado é claro que, se de livre e

espontânea vontade permanecermos em pecado, nunca estaremos revestidos dessa

couraça. Mesmo que se da boca para fora estiverermos cobertos com ela! O inimigo

não tem reivindicações sobre aqueles que estão em Cristo Jesus.

Page 10: A armadura de Deus

10

A justiça é a nossa couraça (Ef.6:14) e como tal protege o coração de ser

condenado pela consciência (1 Jo.3:19-22). A justiça dá-nos confiança diante de

Deus. – ‘Não ter condenação’ significa ter uma consciência clara (1 Tm.1:3), uma

consciência sem ofensa (At.24:16). A justiça de Jesus nos livra da culpa da injustiça.

O fruto da culpa é a depressão A justiça de Deus em nós nos enche de valor, porque

já chegamos diante do Pai e fomos justificados pelo sangue do Cordeiro. Só

podemos pertencer ao exército de Deus com as vestes de justiça. A visão de João

mostra o exército de Jesus em trajes de linho branco, o que fala da justiça dos santos

(Ap.19:7-8,11,14).

A promessa para quem se achega a Deus com o coração quebrantado é que

somos feitos justiça de Deus e recebemos a plenitude (2 Co.5:21; Cl.2:10), e a fé

nos é creditada como justiça (R.4:3,5,6,9,22; Gn.15:6).

4. O calçado da prontidão do Evangelho da paz.

“Calçai os pés com a preparação do evangelho da paz;”

(Efésios 6:15)

Grevas ou caneleiras eram usadas para proteger as pernas e os pés de um

soldado (1 Sm.17:6). Esse tipo de calçado de guerra possuía uma proteção de metal

em forma de cravos localizados sob a sola, para que o guerreiro não escorregasse em

combate. Os calçados eram ofensivos e defensivos e faziam parte dos despojos de

guerra (2 Cr.28:15). Abraão, porém, não aceitou nem correia de sandália (len na‘al

ou -fem.- hlen na‘alah) do rei de Sodoma, a fim de não haver legalidade entre eles

- porque em tempos de guerra não podemos aceitar presentes do inimigo (Gn.14:23;

2 Rs.5:15-27; 6:8).

Golias usava caneleiras de bronze (1 Sm.17:6) e um par de sandálias comuns

não valia muito (Am.2:6; 8:6). Na bênção de Moisés dada à tribo de Aser foi-lhes

dito que o ferro e o metal lhes seriam por calçado (Dt.33:25). Cintos e sandálias

manchados de sangue fora do tempo de guerra traz maldição (1 Rs.2:5). O rei Asa,

de Judá, morreu com problema nos pés (1 Rs.15:23; 2 Cr.16:12).

Algo importante de mencionarmos é que, no tabernáculo dado a Moisés, o

sacerdote deveria lavar mãos e pés (representantes do nosso caminhar e das nossas

obras – Êx.30:19-21; 40:31) na bacia do pátio; mas com a nova aliança em Cristo

devemos apenas nos ater aos pés (pois a salvação não é por obras, e o confessar dos

pecados é o lavar a sujeira que pegamos no caminho – Jo.13:5-14; Ef.2:8,9). Assim

o Senhor “pisará aos pés as nossas iniqüidades e lançará todos os nossos pecados

nas profundezas do mar” (Mq.7:19).

É interessante notarmos que vestes de honra incluíam sandálias de couro,

possivelmente de animais marinhos (Ez.16:10; Ct.7:1; Lc.15:22), e descalçar

alguém era símbolo de humilhação e vergonha (Dt.25:9,10; Is.20:2) – por isso em

lugar santo devia-se tirar os calçados (Êx.3:5; Js.5:15; At.7:33). O ato de tirar

voluntariamente as sandálias e dar a outro também validava a transferência de uma

propriedade, era assim que se oficializava os negócios em Israel (Rt.4:7,8). De

forma semelhante se exigia justiça - deitando-se aos pés do responsável (Rt.3:7-14).

Tirar as sandálias também podia significar luto (Ez.24:17,23). Sandálias nos pés

significavam prontidão, vigilância (Êx.12:11; Is.5:27), enquanto que calçados

velhos podiam representar falta de cuidado, de fidelidade, de perseverança ou de

transparência (Js.9:5,13). O soldado não desamarra sua sandália em tempo de guerra

Page 11: A armadura de Deus

11

(Is.5:27) e não tira a farda nem para dormir, i.e., devemos estar sempre prontos a

lutar, e com alvos e objetivos claros (cf. Lc.14:26-35).

Os pés do Filho do Homem são semelhantes ao bronze polido (Ap.1:15; 2:18) e

a besta terá os pés como de um urso (Ap.13:2). João Batista não se viu digno nem de

desatar ou carregar as correias das sandálias de Jesus (Mt.3:11; Mc.1:7; Lc.3:16;

Jo.1:27; At.13:25).

Deus disse que “sobre Edom atirará sua sandália” (Sl.60:8; 108:9), em sinal de

o subjugar. Daí vem a imagem de que devemos colocar os nossos inimigo sob os

nossos pés (Js.10:22-26; 2 Sm.22:39; 1 Rs.5:3; Sl.8:6; 47:3; 110:1; Zc.10:5;

Mt.22:44; Mc.12:36; Lc.20:43; At.2:35; Rm.16:20; 1 Co.15:25-27; Ef.1:22;

Hb.1:13; 2:8; 10:13). É com os pés que andamos, e se nos revestirmos de toda a

armadura de Deus andaremos em paz. Essa paz de Deus não é apenas uma completa

proteção contra o inimigo, mas é também uma arma ofensiva, uma vez que podemos

usar os pés para esmagar a cabeça da serpente (Gn.3:15). Outra circunstância similar

é que, ao pousar os pés sobre as águas do Jordão, os sacerdotes que carregavam a

arca da aliança teriam a corrente contida até que todo o povo atravessasse a seco por

seu leito (Js.3:13; 4:18). Paulo lembrou aos cristãos de Roma que não é o ‘Senhor

das Hostes’ nem o ‘Senhor dos Exércitos’ que esmaga o inimigo, e sim o ‘Deus da

paz’ (cf. Rm.16:20). É importante termos o cuidado de não permitirmos que nada

roube a nossa paz, para que não sejamos roubados de tão grande proteção.

Os pés, no nível natural, estão ligados ao ato de caminhar, à direção, à

orientação dada ao corpo (Sl.119:101), ao ato de estarmos prontos, vestidos,

disponíveis. Isso tem a ver com a nossa intenção. Nos quarenta anos de peregrinação

no deserto, as sandálias dos israelitas não se gastaram (Dt.29:5; Ne.9:21). Ao enviar

os doze, Jesus ordenou que calçassem sandálias (Mc.6:9), mas que não levassem um

par extra (Mt.10:10; Lc.10:4; 22:35). Calçar tem a ver com unir, ajustar, atar,

amarrar, assegurar. Como isso tem acontecido em nossos relacionamentos? Temos

agido de forma a promover a paz, unir, atar, ou mais no sentido de separar,

classificar, rotular, elitizar?

Assim é que podemos estar totalmente paramentados, mas marcharmos na

direção errada, marcharmos por conta própria. Ou nem marcharmos. Desviar-nos

dos verdadeiros propósitos do General. Sacudir o pó dos pés era sinal de isenção de

responsabilidade (Mt.10:14; Mc.6:11; Lc.9:5; 10:11; At.13:51). Pés também falam

do nosso caminho com o Senhor. Por isso podemos ter paz, mesmo em meio à

guerra. É o nosso testemunho - o que falamos, pensamos, agimos - que demonstra a

paz que temos em Deus. O nosso caminhar é baseado na palavra da reconciliação,

que temos em Jesus (2 Co.5:19).

Os sapatos são o Evangelho. O Evangelho são as boas novas de Cristo –

crucificado por nossos pecados, ressurreto e vencedor. A preparação aqui fala da

necessidade de vigiarmos o tempo todo, de enfrentarmos o inimigo com

estabilidade, agilidade e a prontidão produzidas pelas boas novas. Satanás tentará

nos trazer à complacência, ao contentamento com a situação e ao amor ao conforto.

Ezequiel 16 fala dos pecados de Sodoma, que refletem o amor à vida fácil

(Ez.16:49). Com os pés calçados na preparação do Evangelho da paz não seremos

enlaçado pelos pecados de Sodoma.

As botas são da preparação do Evangelho da paz. Temos paz com o Senhor e

‘somos conservados em perfeita paz’ (Is.26:3) porque a nossa mente está firme,

pois confiamos em Deus. A ‘paz do Senhor excede todo o nosso entendimento’

(Fp.4:7) e ela guarda o nosso coração e os nossos pensamentos em Cristo.

Precisamos preservar “a unidade do Espírito no vínculo da paz” (cf. Ef.4:3). Isso é

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12

assim quando irmãos que diferem quanto a questões importantes estão em paz um

com o outro, então são capazes de crescer juntos na compreensão da verdade. Além

disso, nos é possível ter paz com todos os homens, pois somos ministros da

reconciliação ao anunciarmos as boas novas (2 Co.5:18).

Muitos de nós gostamos de ostentar que propagamos o Evangelho e levamos a

paz de Deus às pessoas mundo afora, porém esquecemos de observar e expôr a falsa

“paz” que alimentamos dentro de nossas próprias casas. Como somos dentro de

nossas casas, com aqueles que convivem diariamente conosco? Se o Evangelho da

paz não nos trouxe paz, porque queremos levá-lo aos outros lá fora? Falamos de paz,

mas dentro de nossas casas não há paz. Quem você é dentro de casa? Não podemos

calçar os calçados da paz fora e tamancos de ataque dentro de nossos lares. Dentro

de casa precisamos viver o Evangelho que pregamos. A paz é a nossa liberdade.

Somos livres de contendas, temos paz interior apesar da presença constante do

inimigo à nossa volta.

A prontidão para com o Evangelho da paz é o calçado da armadura de Deus

(Ef.6:15 - etoimasia hetoimasia – refere-se à condição de uma pessoa ou coisa de

estar pronta ou preparada, prontidão, disposição; Êx.12:11; Is.5:27) e tem que ser a

diretriz do nosso caminhar cristão, inclusive durante a guerra. É o que faz os nossos

pés “como os da corça”, capaz de andarmos por lugares altos (Hc.3:19). É um

alerta para que não entremos em luta orientados por causas erradas. Por isso é

importante sabermos quando não lutar. A guerra só é ganha quando é autorizada e

estamos submetidos ao Senhor. Qualquer outra batalha que Deus não nos ordenou

lutar é morte certa. Seria um risco demasiadamente grande, pois, afinal, o nosso

objetivo, como soldados de Cristo, é “satisfazer àquele que nos arregimentou”(2

Tm.2:4).

5. O escudo da fé.

“embraçando sempre o escudo da fé,”

(Efésios 6:16a)

Antiga arma de defesa, o escudo era feito de couro ou de metal, geralmente de

forma circular ou oval, que os soldados, por meio de braçadeiras, prendiam num dos

braços (quase sempre o esquerdo) para se protegerem dos golpes de espada ou de

lança (1Sm 17.45; Ef 6.16). Existia duas espécies principais de escudo: o tsinnah, que encobria toda a

pessoa, e o magen, para usar-se nos conflitos corpo a corpo. Ambas estas palavras

são usadas nos Salmos metaforicamente com relação ao amparo de Deus (Sl.3:3;

5:12; 7:10; 18:2,30; 28:7; 33:20; 59:11; 84:9,11; 115:9,10,11; 119:114; 144:2).

Cinco palavras hebraicas são traduzidas pela palavra escudo no VT: a primeira

refere-se àquele escudo que era de tal grandeza que podia proteger todo o corpo. Era

este o já mencionado hnu tsinnah (como em 1 Cr.12:8,24,34; 2 Cr.25:5; Sl.5:12),

grande escudo de madeira, coberto de duras peles; o segundo era o magen (Ngm

também (no pl.) fem. hngm – como na expressão “Yahweh é o meu escudo” em

Gn.15:1; Dt.33:29; 2 Sm.22:3; Sl.3:3; 28:7; 33:20; 59:11; 84:9,11; 115:9; 119:114;

144:2; Pv.30:5 e em outras situações, como em Jz.5:8; 2 Sm.1:21; 2 Sm.31,36; 1

Rs.10:17; 14:26,27,28; 2 Rs.19:32; 1 Cr.5:18; 2 Cr.9:16; 12:9,10,11; 14:8; 26:14;

32:5,27; Jó 15:26; Sl.7:10; 18:2,30,35; 35:2; 47:9; 76:3; 115:10,11; Pv.2:7; Ct.4:4;

Is.21:5; 22:6; 37:33; Jr.46:3,9; Ez.23:24; 27:10; 38:4,5; 39:9; Na.2:3), era um

pequeno escudo redondo ou octogonal, muito usado pelos judeus, babilônios,

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13

caldeus, assírios e egípcios. Este pequeno escudo era também feito de madeira,

coberto de couro para uso geral, e havia os com uma cobertura de ouro (1

Rs.10:16,17; 14:26,27). No grego, a palavra usada é yureov thureos, e refere-se a

um escudo de quatro cantos (um grande quadrilongo), citado em Ef.6:16. O escudo

de maiores proporções era empregado principalmente pela infantaria sendo, algumas

vezes, levado pelo escudeiro (1 Sm.17:7). Quanto ao pequeno escudo redondo, era

usado tanto pela cavalaria quanto pela infantaria.

A terceira palavra traduzida por escudo (Nwdyk kiydown – 1 Sm.17:45; Jó 39:23)

é propriamente um dardo ou azagaia (1 Sm.17:45). A significação da quarta palavra

(jlv shelet) – 2 Sm.8:7; 1 Cr.18:7; 2 Cr.23:9; Jr.51:11; Ez.27:11 – nos é incerta,

embora, provavelmente, se trate de qualquer espécie de escudo pequeno. Ainda há o

hrxo cocherah, que refere-se a um pequeno escudo e pode ser encontrado em

Sl.91:4.

Era desonroso perder o escudo em combate, porque aumentava a tristeza

nacional o dizer-se que “desprezivelmente tinha sido arrojado o escudo dos

valentes” (2 Sm.1:21); tal ato, entre os gregos, era castigado com a pena de morte.

Falta de escudo era sinal de despreparo e vulnerabilidade (Jz.5:8). Um soldado

nunca poderia largar seu escudo.

Várias tribos de Israel são citadas como tendo seus guerreiros habilitados para

lutar com escudo e lança, como os Gaditas (1 Cr.12:8 – escudo grande - hnu

tsinnah), os de Judá (1 Cr.12:24, 2 Cr.11:12; 14:8; 25:5; 26:14 - escudo grande -

hnu tsinnah), os de Naftali (1 Cr.12:34 - escudo grande - hnu tsinnah) e os de

Benjamim (2 Cr.17:7 - magen -Ngm também -no pl.- fem. hngm – escudo pequeno).

Israel, em determinado momento da história, usou os escudos do batalhão dos

valentes de Davi (2 Rs.11:10; 1 Cr.18:7; 2 Cr.23:9).

Os escudos guarnecidos de ouro eram muito empregados para fins de

ornamentação ou para manifestação ostentosa. Salomão fez trezentos escudos

pequenos de ouro batido e os empregava deste modo e nas procissões religiosas,

como seu pai havia anteriormente feito, com os seus troféus de batalha (1

Rs.10:16ss; 2 Sm.8:7; 2 Cr.9:16). Esses trezentos escudos foram levados por

Sisaque, rei do Egito (2 Cr.12:9), e Roboão mandou fazer outros de bronze para

substituí-los (2 Cr.12:10); Ezequias mandou fazer mais escudos (2 Cr.32:5,27).

Persas, gamaditas e Lídios penduravam seus escudos nos muros e torres para

ostentação (Ez.27:11; 38:4,5). Na linguagem poética de Cantares, Salomão compara

o colar de uma donzela a ‘mil escudos pendurados numa torre’, fazendo menção a

essa utilidade (Ct.4:4).

As mães, na Lacedemônia, costumavam excitar a ambição de seus filhos,

passando-lhes às mãos os escudos dos pais, e proferindo estas palavras: “Teu pai

sempre conservou este escudo. Agora conserva-o tu, também, ou morre.” Os

homens da Etiópia e da Líbia levavam escudos pequenos (Ez.38:5; Jr.46:9). Outros

povos também utilizavam-nos de tamanho variado (Ez.23:24; 38:4).

Era motivo de orgulho para o guerreiro guardar brilhante o seu escudo. Quando

não o usava, sempre o cobria, friccionando-o com azeite para manter sua superfície

brilhante, tornar escorregadios os dardos lançados pelo inimigo e livrá-lo dos

estragos do tempo (Is.21:5; 22:6). Além disso, o brilho servia para cegar o inimigo

com o reflexo dos raios solares em batalhas a céu aberto.

O escudo nunca deve ser largado, devemos embraçá-lo sempre, porque nos

protege das chuvas de flechas e pedras que o inimigo lança contra nós. Quanto mais

oração e intimidade com o Senhor, maior é o nosso escudo. Porém, nosso escudo

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14

pode brilhar tanto que pode cegar a nós mesmos. É necessário, portanto, que

utilizemos nossa capa de humildade a fim de proteger-nos do orgulho.

O Senhor nos protege tanto com escudo grande quanto com o pequeno

(“Embraça o escudo - Ngm magen - e o broquel - hnu tsinnah - e ergue-te em meu

auxílio.” – Sl.35:2); Ele nos dá Seu escudo de livramento (2 Sm.22:36) e o Seu

favor nos protege como escudo (Sl.5:12). O Senhor quebra o escudo (Ngm magen)

dos nossos inimigos (Sl.76:3).

No hebraico fé (hnwma ‘emuwnah ou - forma contrata - hnma ‘emunah –

Hc.2:4) é relacionada a firmeza, fidelidade, estabilidade, enquanto que no grego tem

mais a ver com convicção da verdade de algo, juntamente com as idéias de

fidelidade e lealdade (pistiv pistis - Mt.8:10; 9:2,22,29; 15:28; 17:20; 21:21; 23:23;

Mc.2:5; 4:40; 5:34; 10:52; 11:22; Lc.5:20; 7:9,50; 8:25,48; 17:5,6,19; 18:8,42;

22:32; At.3:16; 6:5,7; 11:24; 13:8; 14:9,22,27: 15:9; 16:5; 20:21; 24:24; 26:18;

Rm.1:5,8,12,17; 3:22,25,26,27,28,30,31; 4:5,9,11,12,13,14,16,19,20; 5:1,2; 9:30,32;

10:6,8,17; 11:20; 12:3,6; 14:1,22,23; 16:26; 1 Co.2:5; 12:9; 13:2,13; 15:14,17;

16:13; 2 Co.1:24; 4:13; 5:7; 8:7; 10:15; 13:5; Gl.1:23; 2:16,20;

3:2,5,7,8,9,11,12,14,22,23,24,25,26; 5:5,6,10; Ef.1:5; 2:8; 3:12,17; 4:5,13; 6:16,23;

Fp.1:25,27; 2:17; 3:9; Cl.1:4,23; 2:5,7,12; 1 Ts.1:3,8; 3:2,5,6,7,10; 5:8; 2

Ts.1:3,4,11; 2:13; 3:2; 1 Tm.1:2,4,5,14,19; 2:7,15; 3:9,13; 4:1,6,12; 5:8;

6:10,11,12,21; 2 Tm.1:5,13; 2:18,22; 3:8,10,15; 4:7; Tt.1:1,4,13; 2:2; 3:15;

Fm.1:5,6; Hb.4:2; 6:1,12; 10:22,38,39; 11:1-39; 12:2; 13:7; Tg.1:3,6;

2:1,5,14,17,18,20,22,24,26; 5:15; 1 Pd.1:5,7,9,21b; 5:9; 2 Pd.1:1,5; 5:4; Jd.1:3,20;

Ap.2:13,19; 14:12) ou ainda para ‘estar persuadido de, acreditar, depositar confiança

em’ temos pisteuw pisteuo (Mt.8:13; At.8:13; 1 Pd.1:21a).

Para o contrário de fé temos como falta de confiança (oligopistov oligopistos –

Mt.6:30; 8:26; 14:31; 16:8) ou infidelidade, incredulidade apistia apistia

(Mt.17:20 – ‘pequenez da fé’, Mc.9:24; Lc.12:28).

A fé é descrita como escudo capaz de apagar todos os mísseis incendiários (os

dardos com pontas acesas) do maligno descritos em Efésios 6:16, bem como a

salvação no Salmo 18:35. A fé precisa ser recebida através do Logos, mas

principalmente da Rhema (Rm.10:17 – cf. 7.2 deste estudo). E precisa ser exercida.

O exercício da fé constitui-nos num item de defesa a que vamos adeqüar-nos às mais

diversas circunstâncias. Andamos por fé e não por vista (2 Co.5:7) e triunfamos

sobre o inimigo pela fé (1 Jo.5:4). O escudo da fé é a nossa confiança no Senhor. O

escudo da fé é a nossa segurança e proteção. Serve para apagar a dúvida, o medo e a

incredulidade, além de cegar o inimigo que tenta se levantar contra nós.

Uma situação específica no NT tem chamado a atenção de muitos estudiosos no

que diz respeito ao tipo de problema levantado por Jesus e as armas para sua

solução. É o fato descrito em Mateus 17:14-21, quando seus discípulos não

conseguiram expulsar o demônio que atormentava um menino:

“E, quando chegaram para junto da multidão, aproximou-se dele um homem,

que se ajoelhou e disse:

Senhor, compadece-te de meu filho, porque é lunático e sofre muito; pois muitas

vezes cai no fogo e outras muitas, na água.

Apresentei-o a teus discípulos, mas eles não puderam curá-lo.

Jesus exclamou: Ó geração (genea genea: aquele que foi gerado, homens da

mesma linhagem, família, os vários graus de descendentes naturais, os membros

sucessivos de uma genealogia, metáf. grupo de pessoas muito semelhantes uns

Page 15: A armadura de Deus

15

com os outros nos dons, ocupações, caráter) incrédula e perversa! Até quando

estarei convosco? Até quando vos sofrerei? Trazei-me aqui o menino.

E Jesus repreendeu o demônio, e este saiu do menino; e, desde aquela hora,

ficou o menino curado.

Então, os discípulos, aproximando-se de Jesus, perguntaram em particular: Por

que motivo não pudemos nós expulsá-lo?

E ele lhes respondeu: Por causa da pequenez da vossa fé. Pois em verdade vos

digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte:

Passa daqui para acolá, e ele passará. Nada vos será impossível.

Mas esta casta (genov genos: família, raça, tribo, nação, i.e. nacionalidade ou

descendência de um pessoa em particular) não se expele senão por meio de

oração e jejum.”

Nesse texto, a situação pode ser compreendida quando percebemos a ênfase de

Jesus em repreender a incredulidade de seus discípulos, que foi a verdadeira causa

do impedimento para a libertação do menino através de suas investidas. Assim,

demônios saem sob a autoridade do nome de Jesus, mas essa casta de incredulidade,

que nos impede de exercermos essa autoridade, só sai com jejum e oração. A fé em

Deus, portanto, é a nossa arma defensiva contra qualquer tipo de dúvida (Ef.6:16).

Há uma palavra profética de que um dia Israel utilizará escudos e outras armas

como combustível (Ez.39:9), assim como a fé alimenta o mover do Espírito Santo

em nós.

A fé também pode ser ofensiva, em algumas circunstâncias (2 Rs.19:32; como

no caso em que metade dos homens sob o comando de Neemias ‘permanecia

armado’ com escudos - Ne.4:16; Is.37:33; Jr.51:11). Mas tanto a nível defensivo

quanto ofensivo é preciso que estejamos dispostos a aprender a manejar o escudo,

seja ele pequeno ou grande (Jr.46:3: “Preparai o escudo - Ngm magen - e o pavês -

hnu tsinnah - e chegai-vos para a peleja.”), i.e., colocarmos em prática a fé em

toda e qualquer situação (cf. Tg.2:14-26).

5.1. Os dardos inflamados do Maligno.

“com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do Maligno.”

(Efésios 6:16b)

Arma feita com uma vara curta na qual era colocada uma ponta de ferro e que

era atirada com uma das mãos (dardo); arma de arremesso, que consistia numa longa

haste de madeira, tendo uma ponta de pedra, bronze ou ferro pontudo (lança); arma

que consiste de uma vara que tem numa das extremidades uma ponta penetrante e na

outra tem penas e que é atirada por meio de um arco (seta ou flecha). Eis o que se

enquadra na descrição de dardos, setas, lanças ou flechas utilizados mais

comumente pelos povos dos tempos bíblicos.

A lança era de diversas espécies, desde a fortíssima arma, a chaniyth (tynx – 1 Sm.13:19,22; 17:7,47; 18:10; 19:9,10; 20:33; 21:8; 22:6; 26:7,8,11,12,16,22; 2

Sm.1:6; 2:23; 21:19; 23:7,8,18,21; 2 Rs.11:10; 1 Cr.11:23; 12:34 – dos de Naftali –

20:5; 2 Cr.23:9; Jó 39:23 – lança - ; 41:26; Sl.35:3; 46:9; 57:4; Is.2:4; Mq.4:3;

Na.3:3; Hc.3:11), que pesava cerca de 25 arretéis, e foi usada por Golias e Saul, até

ao kiydown (Nwdyk – propriamente um dardo ou azagaia - Js. 8:18,26; 1 Sm.17:6,45;

Jó 39:23 – dardo - 41:29; Jr.6:23; 50:42), leve e curta haste que o guerreiro levava

às costas, entre os ombros, dardo de arremesso. Ainda havia outras, como a romach

Page 16: A armadura de Deus

16

(xmr - procedente de uma raiz não utilizada significando ‘arremessar’ – Nm.25:7;

Jz.5:8; 1 Cr.11:12; 12:8 – dos Gaditas – 12:24; 2 Cr.14:8 – dos de Judá – 2 Cr.25:5

– dos de Judá e Benjamim – 2 Cr.26:14; Ne.4:13,16,21; Jr.46:4; Ez.39:9; Jl.3:10), a

shelach (xlv - arma, projétil - Jó 36:12; Jl.2:8), a qayin (Nyq – utilizada por

gigantes – 2 Sm.21:16), a b@rowsh (vwrb - cipreste, abeto, junípero, pinheiro, uma

árvore nobre (lit.), referindo-se à majestade (fig.), material para o templo – Na.2:3),

o matteh ou (fem.) mattah (hjm e hjm - vara, ramo, tribo, bordão, cajado,

companhia liderada por um chefe com um bordão (originalmente) – Hc.3:9,14), a

macca‘ (eom - pedreira, extração, ato de quebrar pedras, míssil, dardo – Jó 41:26) e

a shebet (vara, bordão (apetrecho de um pastor), ramo, galho, clava, bastão, cetro

(sinal de autoridade), clã, tribo, cabo (referindo-se a espada, dardo). Foi com a lança

shebet (traduzida a palavra por ‘dardos’) que Joabe acabou de matar Absalão (2

Sm.18:14). No NT tem-se logche (logch - ponta de ferro ou cabeça de uma lança,

uma haste embutida numa lâmina pontiaguda de ferro – Jo.19:34) e belos (belov - míssil, dardo, flecha, seta – Ef.6:16).

As setas (ben - Nb - filho, neto, criança, membro de um grupo crianças - pl. -

masculino e feminino - mocidade, jovens (pl.), novo (referindo-se a animais), filhos

(como caracterização, i.e. filhos da injustiça [para homens injustos] ou filhos de

Deus [para anjos], povo (de uma nação) (pl.), referindo-se a coisas sem vida, i.e.

faíscas, estrelas, flechas (fig.), um membro de uma associação, ordem, classe – Jó

41:28; Lm.3:13; chets – Ux – flecha – Nm.24:8; Dt.32:23,42; 2 Rs.13:17; 19:32; 1

Sm.20:20,21,22,36,38; 2 Sm.22:15; 2 Rs.13:15,18; 1 Cr.12:2; 2 Cr.26:15; Jó 6:4;

Sl.7:13; 11:2; 18:14; 38:2; 45:5; 57:4 - flecha; 58:7; 64:3,7; 91:5; 120:4; 127:4;

144:6; Pv.7:23; 25:18; 26:18; Is.5:28; 7:24; 37:33; 49:2; 50:11; Jr.9:8; 50:9,14;

51:11; Lm.3:12; Ez.5:16; 21:21; 39:3,9; Hc.3:11; Zc.9:14; chatsats – Uux – cascalho – Sl.77:17) eram levadas numa aljava, e algumas vezes envenenadas.

Também há o termo propriamente para ‘flechas’, como chitstsiy ou chetsiy (yux ou

yux – flecha – 1 Sm.20:36,37; 2 Rs.9:24), shiryown ou shiryon e shiryan também

(fem.) shiryah e shiryonah (Nwyrv ou Nyrv e Nyrv também (fem.) hyrv e hnyrv - couraça para o corpo, uma arma, talvez uma lança, dardo – Jó 41:26), rab (br – arqueiro – Jó 16:13) e até baraq (qrb - relâmpagos, raios, referindo-se à uma

espada reluzente (fig.) – Jó 20:25).

‘Dardos inflamados’ (Ef.6:16) são setas, ou outras armas de arremesso, lançadas

quando estão em fogo ou têm em si qualquer material combustível. O escudo de

maiores proporções utilizado pela infantaria também era usado durante os cercos,

sendo muitos deles colocados juntos, de modo a formar uma gigantesca casca de

tartaruga, a fim a proteger as cabeças dos sitiadores contra os dardos (belov belos:

míssil, dardo, flecha, seta – Ef.6:16) e pedras que eram arremessados das muralhas

ou das torres. A unidade da fé é a nossa maior arma contra os ataques das trevas

contra nossas vidas e, para tanto, precisamos uns dos outros nesse processo. A

unidade também é um fator essencial para que haja um evangelismo eficaz, num

terreno sobre o qual os crentes possam caminhar e trabalhar juntos. O escudo é

móvel e pode nos proteger dos dardos inflamados do inimigo em qualquer região do

corpo (qualquer circunstância). Assim a nossa fé é capaz de ser aplicada a qualquer

circunstância onde os dardos da dúvida, do medo, da acusação, da injustiça, da

crítica, da fofoca e da violência se fizerem presentes.

Todos nós que estamos em meio à luta receberemos dardos inflamados lançados

contra nossas vidas. A questão é: será que vamos ser atingidos por esses dardos, ou

há como evitá-los ou acabar com eles? A fé não impede o inimigo de atacar, mas

Page 17: A armadura de Deus

17

atua no sentido de extinguir o que o inimigo lança sobre nós. Se ficarmos feridos, é

certo que perdemos a nossa fé.

O arco era uma arma na qual eram amestrados todos os soldados, desde o mais

humilde aos filhos do rei, assim como não há distinção entre nós, os filhos de Deus

– todos entram nesse Reino pela fé, e pela fé é que vive o justo (Hc.2:4; Rm.1:17;

Gl.3:11; Hb.10:38).

6. O capacete da salvação.

“Tomai também o capacete da salvação”

(Efésios 6:17a)

O capacete (ebwk kowba‘ – 1 Sm.17:5,38; 2 Cr.26:14; Is.59:17; Ez.23:24;

27:10; 38:5) era uma peça da armadura feita de couro ou de bronze e usada para

proteger a cabeça. Era uma peça desenhada de forma que a cabeça ficava totalmente

protegida.

O que os israelitas usavam como capacete era na forma de uma carapuça com

peças que cobriam as orelhas e o pescoço. Era de bronze ou metal amarelo. Os

capacetes que Uzias forneceu ao seu grande exército (2 Cr.26:14) eram do mesmo

metal, bem como os de Saul e Golias (1 Sm.17:5,38). Estes capacetes de bronze eram

usados somente pelos principais guerreiros, sendo o simples soldado, segundo parece,

provido de carapuças enchumaçadas, com hastes de metal, ou então de barretes de

feltro ou de couro.

Os heteus usavam capacetes mais largos para cima do que os usados

comumente, ao passo que os oficiais da Assíria os usavam altos e em pontas. Fazia

parte do exército babilônio o uso de capacetes (Ez.23:24). Os capacetes dos persas

eram usados juntamente com os escudos como ornamento nos muros da cidade

(Ez.27:10; 38:5). Os egípcios também usavam capacetes (Jr.46:4).

A grande ‘central’ de tudo é o cérebro. O capacete (perikefalaia

perikephalaia: capacete, metáf.: proteção da alma que consiste na (esperança de)

salvação – Ef.6:17; 1 Ts.5:8) protege a cabeça, a mente, as vontades, o poder de

decisão, os órgãos dos sentidos e tudo o que está relacionado ao cérebro, a porção

mais nobre do corpo, o que nos exige cuidados especiais. Essa peça é projetada de tal

forma que todo ataque do inimigo fique de fora de nossa mente. Somos salvos por

Cristo e, igualmente, esse também é o ato mais nobre que há. Fomos comprados por

sangue e selados com selo real. É o ato nobre de Jesus que tem que proteger a parte

nobre do nosso corpo. A lembrança, a certeza, a proteção conferida a nós por esse

fato tem que ser presente durante a batalha.

Era no capacete que ficava gravada a insígnia do exército a que o soldado

pertencia. Isso nos remete ao fato de que temos em nosso capacete a nossa

identificação, i.e., a qual companhia pertencemos, se somos soldados rasos, qual a

nossa posição, função e hierarquia, e se podemos enfrentar determinada hierarquia

maligna. Expulsamos demônios de pessoas, mas contra principados o que podemos

fazer é combater. Combater, que implica lutar por uma posição e pelo domínio sobre

ela, é a forma de combate mais exaustiva e mais no corpo-a-corpo. Enfrentar

demônios sobre os quais não temos autoridade pode nos deixar feridos e nus (cf.

At.19:13-16). Contudo, confrontar principados sobre os quais não temos autoridade

pode ser ainda mais perigoso. Os maiores avivamentos em toda a história da Igreja

têm sido, no entanto, decorrentes do fato de ela se engajar nesse nível de guerra

espiritual.

Page 18: A armadura de Deus

18

Antes de enfrentarmos um principado, temos que saber se é isso mesmo que o

Senhor quer que façamos. Infelizmente o Diabo nos lisonjeia, tentando nos seduzir a

ir além do nosso chamado, ou a fazer o que Deus nos chamou a fazer, só que de

forma prematura, ou na nossa própria força. Se o inimigo conseguir que

ultrapassemos a esfera de autoridade que nos foi concedida naquele momento (e que

está gravada em nosso capacete e pode ser revelada a nós se mantivermos nossa

mente guardada em Deus), ele sabe que nos faltará a graça necessária para derrotá-lo

(2 Co.10:12-16).

A certeza da salvação e o que ela significa é a nossa defesa mais poderosa contra

Satanás e seus ataques a nível da mente - que são os mais acirrados. É na mente que

ele pode nos vencer. Ele conhece muito bem a Palavra de Deus, e é conseguindo a

nossa atenção aos seus argumentos que tenta nos destituir da fé e fazer com que

caiamos. Mas, quando conhecemos a Palavra de Deus, o Senhor traz-nos à mente o

que precisamos no momento oportuno para alimentar a nossa fé (cf. Mt.4:1-11). Além

disso, devemos desenvolver a nossa salvação (Fp.2:12).

Diante de muitos ataques precisamos ver a salvação de Deus, i.e., libertação.

Is.26:1,3-4 diz que a salvação de Deus é a nossa proteção. ‘Deus lhe põe a salvação

por muros e baluartes’. O capacete da salvação protege a nossa mente em dias de

ataque, porque a nossa esperança está na salvação de Deus. Essa esperança guarda a

nossa mente em perfeita paz. Essa paz é uma grande arma de proteção.

Já se tem questionado durante muito tempo a existência de evidências no VT de

que Jesus Cristo é o Messias, o que tem levado muitos rabinos e judeus messiânicos a

inúmeras discussões. Porém as evidências estão aí, dentre elas o fato de que, em toda a

Torah (os cinco primeiros livros da Bíblia, denominados Pentateuco), se a cada 150

letras separarmos uma, temos formada a frase Yeshuah Mashiach (Jesus, o Messias).

Outra evidência da presença do nome de Jesus no VT é constatarmos a sua

ocorrência - Yeshuwah (Jesus, em hebraico) – quando a passagem refere-se a algum

tipo de salvação: Yahweh é salvação ou Yahweh salva. Tal evidência podemos

perceber na palavra ‘salvação’em hebraico, em Gn.49:18; Êx.15:2; Dt.32:15; 1

Sm.2:1; 14:45; 1 Cr.16:23; Jó 13:16; Sl.3:2,8; 9:14; 13:5; 14:7; 21:1,5; 22:1; 35:3,9;

62:1,2,6; 67:2; 68:19; 70:4; 78:22; 88:1; 89:26; 91:16; 96:2; 98:2,3; 106:4; 116:13;

118:15,21; 119:123,155,166,174; 140:7; 149:4; Is.12:2,3; 25:9; 26:1; 33:2,6; 49:6,8;

51:6,8; 52:7,10; 56:1; 59:11,17; 60:18; 62:1; Jn.2:9 (hewvy yeshuw‘ah: salvação,

libertação, bem-estar, prosperidade, salvação por Deus, vitória) bem como em 2

Sm.22:3,47; 23:5; 1 Cr.16:35; Sl.18:2,35,46; 24:5; 25:5; 27:1,9; 50:23; 51:12; 62:7;

85:4,7,9; 95:1; 132:16; Is.17:10; 45:8; 51:5; 61:10; Mq.7:7; Hc.3:18 (evy yesha‘ ou evy yesha‘: libertação, salvação, resgate, segurança, bem-estar, prosperidade, vitória)

e em Is.30:15; 43:12; 59:16; 63:5 (evy yasha‘: salvar, ser salvo, ser libertado, (Nifal),

ser salvo, ser salvo (em batalha), ser vitorioso, (Hifil) salvar, libertar, livrar de

problemas morais, dar vitória a) e pode ser melhor compreendida quando

substituimos a palavra salvação nessas referências pelo nome de Jesus, e.g. no

Sl.35:3: “Eu sou o teu Yeshuw’ah”. Ainda podemos encontrar a palavra ‘salvação’

em Jz.15:18; 2 Cr.6:41; Sl.37:39; 38:22; 40:10,16; 71:15; 119:41,81; 146:3; Is.45:17;

46:13; Jr.3:23; Lm.3:26 (hewvt teshuw‘ah ou hevt teshu‘ah: salvação, livramento

(geralmente por Deus mediante agência humana), salvação (em sentido espiritual), e

em Ml.4:2 (aprm marpe’: saúde, recuperação, cura, proveito, são (referindo-se à

mente).

Como podemos observar em Is.59:17, bem como em diversas outras referências,

o verdadeiro capacete da armadura de Deus envolve salvação, libertação, bem-estar,

Page 19: A armadura de Deus

19

prosperidade, salvação por Deus, vitória e é o próprio Yeshuw‘ah, Jesus, o Messias, o

qual nos propiciou eterna salvação.

O capacete da salvação protege a nossa mente. Nossa mente é que dirige o

movimento do escudo, dirige a espada e dirige todo o nosso corpo. A mente é o

campo de batalha onde precisamos decidir entre o ser carnal e o ser espiritual. O ser

carnal não conhece a Bíblia, tem medo e vive na dúvida e na incredulidade.

Infelizmente é fácil sentirmos o impulso de nos colocar à vontade e retirarmos o

capacete, deixando que a poluição deste mundo ataque a nossa mente mediante

televisão, revistas, músicas, pessoas, e mais a confusão da vida diária. Temos que

estar sempre guardando a mente, ou então nos abriremos à possibilidade de sermos

nela atingidos com ferimentos fatais que poderão roubar-nos a salvação. O capacete é

a nossa salvação, e temos de usá-lo o tempo todo. Precisamos ser soldados eficientes.

Soldado disciplinado não dá lugar à carne, mas é forte no Espírito.

Tudo o que somos está no cérebro, e tudo isto tem que ser modificado pela

salvação. A palavra ‘salvação’, em Ef.6:17, é swthria soteria, que significa

livramento da moléstia de inimigos, preservação, segurança, salvação num sentido

ético, aquilo que confere às almas segurança ou salvação, salvação messiânica,

salvação como a nossa posse atual, salvação futura, soma de benefícios e bênçãos que

nós, redimidos de todos os males desta vida, gozaremos após a volta visível de Cristo

do céu no reino eterno e consumado de Deus. Assim, refere-se a uma salvação

quádrupla: salvos da penalidade, poder, presença e, mais importante, do prazer de

pecar.

7. A espada do Espírito.

“e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus;”

(Efésios 6:17b)

Arma usada tanto para ataque quanto para defesa que consta de uma lâmina

comprida e pontuda, geralmente afiada dos dois lados, a espada era o instrumento de

guerra mais usual. Na antigüidade era menor do que a moderna, como podemos

inferir da descrição em Jz.3:16. Mas, nas mãos (geralmente a direita) de guerreiros

experimentados, podia ser manejada com terrível efeito (2 Sm.20:8-12; 1 Rs.2:5).

Era metida numa bainha, presa a um cinturão (Sl.45:3; Ct.3:8) e podia ser usada tão

somente para ferir quanto para matar.

A espada era curta e larga, geralmente com um só gume, mas algumas vezes

com dois, quando a sua função era a de instrumento perfurante. A sua forma era

muito variável, sendo muitas vezes direita, outras curva. Era geralmente levada

sobre a coxa esquerda e empunhada com a mão direita, e por esta razão pôde Eúde

ocultar uma espada curta ou um punhal sobre a coxa direita, sem desconfiança, visto

que era canhoto (Jz.3:16).

Antes do tempo do metal, as armas contundentes e cortantes eram feitas de

pederneira, mas em parte alguma se diz que os israelitas fizeram uso delas. Somente

em tempo de guerra se usava espada; em tempo de paz nem mesmo o rei, na sua

majestade, a trazia (1 Rs.3:24). Mais tarde, com o uso do metal na fabricação de

armas, Israel chegou a sofrer a privação de ferro por parte dos filisteus a fim de que

não possuíssem espadas nem lanças (1 Sm.13:19,22). Estratégia essa usada até hoje

pelo Diabo que, ao tirar-nos a alegria e o desejo pela Palavra de Deus, deixa-nos

sem uma de nossas mais eficazes armas de guerra.

Page 20: A armadura de Deus

20

A primeira menção de uma espada na Bíblia é a espada flamejante que guardava

o caminho para a árvore da vida (Gn.3:24 - brx chereb), após o pecado ter sido

aceito pelo primeiro casal. Assim, somente ao passarmos pela purificação através da

Palavra de Deus é que temos acesso à vida, e vida em abundância, vida eterna, de

conhecimento de Deus (Jo.17:3).

A espada é a mais antiga arma ofensiva mencionada na Bíblia e é simbolo de

poder e autoridade. Foi com ela que os filhos de Jacó assassinaram os siquemitas

(Gn.34:25,26), e era muitas vezes citada como sinônimo de guerra ou ataque

inimigo, e.g., ‘Eis que enviarei contra eles a espada a fome e a peste’ (Jr.29:17

além de Gn.31:26; Êx.5:3,21; 18:4; 22:24; Lv.26:6,7,8,25,33,36,37; Nm.14:3,43;

19:16; 20:18; Dt.28:22; 32:25; Jz.7:14,20,22; 1 Sm.15:8; 2 Sm.2:26; 3:29; 11:25;

12:10; 15:14; 18:8; 2 Rs.19:37; Jó 5:20; 15:22; 19:29; 27:14; 33:18; 39:22; 41:26;

Sl.22:20; 44:3; 63:10; 78:62,64; Is.1:20; 2:4; 3:25; 13:15; 14:19; 22:2; 37:7,38;

51:19; 65:12; Jr.2:30; 4:10; 5:12,17; 9:16; 11:22; 14:12,13,15,16,18; 15:2,3,9; 16:4;

18:21; 19:7; 20:4; 21:7,9; 24:10; 25:16; 25:29,31; 27:8,13; 29:17,18; 31:2; 32:24,36;

33:4; 34:4,17; 38:2; 39:18; 41:2; 42:16,17,22; 43:11; 44:12,13,18,27,28;

46:10,14,16; 48:2; 49:37; 50:16,27,35,36,37,38; 51:50; Lm.1:20; 2:21; 4:9; 5:9;

Ez.5:2,12,17; 6:3,4,7,8,11,12,13; 7:15; 11:8,10; 12:14,16; 14:17,21; 17:21;

21:12,19,20; 23:10,25; 24:21; 25:13; 26:6,8,11; 28:7,23; 29:8; 30:4,5,6,11,17;

31:17,18; 32:11,20,21,22,23,24,25,26,28,29,30,31,32; 33:27; 35:8; 38:8,21; 39:23;

Dn.11:33; Os.1:7; 2:18; 7:16; 11:6; 13:16; Am.4:10; 7:11,17; 9:1,10; Mq.4:3; 5:6;

6:14; Na.2:13; 3:15; Ag.2:22). Os israelitas matavam os rebeldes com espada

(Êx.32:27). Muitos destruíam seus inimigos com a espada na mão (Gn.48:22;

Êx.15:9; 17:13; Nm.21:24; Dt.13:15; 20:13; Js.6:21; 8:24; 10:28,30,32,35,37,39;

11:10,11,12,14; 19:47; Jz.1:8,25; 4:15,16; 1 Cr.21:12; 2 Cr.20:9; 29:9; Ed.9:7;

Et.9:5).

Outras referências ao mesmo termo hebraico brx chereb (no sentido literal)

encontramos em Êx.15:9; 17:13; 18:4; 32:27; Jz.8:10,20; 9:54; 18:27;

20:2,15,17,25,35,37,46,48; 21:10; 1 Sm.14:20; 15:33; 17:45,47,50,51; 21:8,9;

22:10,13,19; 25:13; 31:4,5; 2 Sm.1:12,22; 2:16; 12:9; 20:8,10; 23:10; 24:9; 1

Rs.1:51; 2:8,32; 3:24; 19:17; 2 Rs.3:26; 6:22; 8:12; 11:15,20; 19:7; 1 Cr.5:18,22;

10:4,5; 2 Cr.21:4; 23:14,21; 32:21; 36:17,20; Jó 1:15,17; 40:19; Sl.37:14,15; 44:6;

76:3; 89:43; Is.21:15; Jr.6:25; 26:23; Ez.16:40; 23:47; 30:21,22; 32:12; 35:5; 38:4;

Am.1:11; Na.3:3.

A promessa de Deus é que, sempre que Ele for enviar juízo sobre a terra, se as

sentinelas estiverem em seus postos, poderão nos avisar, cabendo a elas decidir se

avisarão ou não e assumindo as conseqüências de sua decisão (Ez.33:2,3,4,6); assim

o juízo do Senhor será sempre avisado aos seus servos, os profetas (Am.3:7). O

Senhor promete converter a violência das espadas em trabalho de arado (Is.2:4;

Mq.4:3).

O Anjo do Senhor apareceu empunhando uma espada (Nm.22:23,31; 1

Cr.21:16,27,30), assim como o Comandante do Exército do Senhor (Js.5:13).

Espada desembanhada e polida era sinal de ataque iminente (Ez.21:28). O Senhor

nos orienta a não confiarmos na nossa própria espada – nossa própria palavra -

(Ez.33:26) e promete livrar-nos da espada maligna, como fez a Davi (Sl.144:10).

Soldados mortos em combate eram enterrados com sua espada sob suas cabeças

(Ez.32:27), como sinal de honra e valor – de que lutaram até o fim. É isso que o

Senhor deseja de nós, os Seus sevos: fidelidade até o fim (Mt.24:13; Ap.2:10).

A ‘bênção’dada a Esaú por Isaque incluía viver por sua espada (Gn.27:40 - brx

chereb: espada, faca, ferramentas para cortar pedra), deixando evidente que uma

Page 21: A armadura de Deus

21

mudança de postura implicaria numa mudança de destino – isso nos leva a refletir

sobre o tipo de espada de que fazemos uso (Sl.64:3), que palavras saem da fonte da

nossa boca, que são prova do tipo de destino que estamos escolhendo (Tg.3:10-12).

Jacó tomou a região dos amorreus com sua espada e seu arco (Gn.48:22). A ‘espada

da boca’ (Jó 5:15; Sl.55:21; 59:7; Pv.25:18; 30:14) é a conversa perniciosa, a falsa

acusação, a difamação, a calúnia. Trata-se daquilo que, no Novo Testamento, é

chamado de “palavra torpe”(cf. Ef.4:26-29), ou toda palavra que não traz

edificação. A tagarelice é comparada a pontas de espada em Pv.12:18. Referindo-se

à bênção a Simeão e Levi, Jacó diz que suas espadas (hrkm m@kerah:

provavelmente no sentido de punhalada: espadas, armas, planos, significado dúbio)

são instrumentos de violência.

A espada trazia consigo um tipo de maldição, a de que quem usava de espada

morria de espada (Mt.26:52; Ap.13:10). Isso nos lembra de que seremos julgados

segundo nossas palavras (cf. Mt.12: 33-37). A situação é comprovada quando o rei

Acabe mandou matar à espada todos os profetas do Senhor por influência dos

profetas e adoradores de Baal (1 Rs.19:1,10,14) depois de ter-se a prova da

supremacia do Senhor e a morte dos profetas de Baal ao fio da espada (1 Rs.18:40).

Mas, tempo depois, o sangue dos profetas do Senhor é vingado através do ataque

que Jeú organizou, quando matou todos os profetas de Baal em Israel (2 Rs.10:25).

Algo semelhante e, de certa forma, equivalente, encontra-se em Gn.12, onde Deus

promete abençoar os que abençoam e amaldiçoar os que amaldiçoam Abraão e seus

descendentes (Gn.12:1-3). É importante lembrarmos que “os da fé é que são filhos

de Abraão” (Gl.3:7).

A palavra ‘gume’, para descrever o lado cortante da lâmina de uma espada ou

faca, no VT é hypyp piyphiyah (como no Sl.149:6) ou (plural) twypyp, que

significa dente, gume, boca ou hp peh (como em Pv.5:4), que significa boca

(referindo-se ao homem), boca (como órgão da fala), boca (referindo-se aos

animais), boca, abertura (de um poço, rio, etc.). Daí sua relação com as palavras de

uma pessoa. O Senhor faz da boca do seu profeta ‘como uma espada aguda’

(Is.49:2) e lança maldição àquele que não faz uso de sua espada, bem como àquele

que faz a obra de Deus relaxadamente (Jr.48:10), o que nos orienta a usarmos o que

o Senhor nos coloca nas mãos e em nossa boca.

Uma espada fazia parte, também, das vestes do príncipe, e foi parte do que

Jônatas deu a Davi, bem como sua capa, armadura e cinto, em sinal de aliança e

reconhecimento da unção de Deus sobre ele (1 Sm.18:4 – como o que Jesus fez a

nós, dando-nos de Sua verdade, Sua natureza, justiça e santidade (Jó 12:18;

Ez.16:10; Sl.18:32).

“Havia em Israel um milhão e cem mil homens que puxavam da espada; e em

Judá eram quatrocentos e setenta mil homens que puxavam da espada” (1 Cr.21:5).

A habilidade de usar da espada é a marca registrada do povo de Deus e saber atacar

é manejá-la eficientemente. Sem a espada, o soldado não é nada.

Os edificadores dos muros de Jerusalém, sob a liderança de Neemias, traziam a

espada à cinta, prontos para a batalha (Ne.4:13,18) e os discípulos de Jesus são

orientados a fazer de tudo para ter uma espada em mãos (Lc.22:36,38), assim como

devemos exercer o nosso ministério prontos com a Palavra de Deus para eventuais

ataques.

Deus ordenou que o profeta Ezequiel passasse espada como navalha de barbeiro

em sua cabeça, raspando-a ao Senhor (Ez.5:1). Ele mesmo, o Senhor, promete pôr

Sião como a espada do valente, i.e., limpa e sempre pronta para a batalha (Zc.9:13).

Page 22: A armadura de Deus

22

Outra profecia utilizando o termo ‘espada’ (só que desta vez com a palavra

macaira machaira: faca grande, usada para matar animais e cortar carne; pequena

espada, para diferenciá-la de uma grande; espada curva, para um golpe cortante;

uma espada reta, para perfurar – usada na maior parte das referências à espada no

NT) refere-se às guerras contra Jerusalém que ocorrerão nos dias que precedem a

volta do Messias (Lc.21:24).

Tiago foi morto ao fio da espada, a mando de Herodes (At.12:1,2), além de

outros mártires (Hb.11:37), assim como muitos cristãos escaparam dela (Hb.11:34).

O carcereiro do lugar onde Paulo estava preso quis suicidar-se com espada quando

pensou que os presos tinham fugido (At.16:27). A Palavra de Deus ensina que as

autoridades fazem uso da espada para a justiça e a disciplina (Rm.13:4).

A Palavra de Deus é, na sua força penetrante, comparada à espada de dois gumes

(Hb.4:12). Isso não quer dizer conhecimento intelectual da Bíblia, mas sim a

vivência desta Palavra em nosso caminhar pelo Espírito Santo é que nos traz a

vitória. As palavras ‘da boca saía-lhe uma afiada espada de dois gumes’ (Ap.1:16)

exprimem a força da Sua Palavra, que consideremos a Sua graça ou o Seu juízo

(Dt.32:41,42; Sl.7:12; 17:13; Is.27:1; 31:8; 34:5,6; 41:2; 66:16; Jr.12:12; 25:27,38;

47:6; 50:21; Ez.21:3,4,5,9,11,14,15,16,30; 30:24,25; 32:10; Am.7:9; 9:4; Sf.2:12;

Zc.11:17; 13:7), assim como uma espada afiada é a língua do leão (Sl.57:4). No fim

dos tempos, será entregue uma espada ao cavaleiro do cavalo vermelho, na abertura

do segundo selo (Ap.6:4) para executar os juízos de Deus. Há necessidade de

tomarmos a espada voluntariamente e aprendermos a manejá-la (Jl.3:10). Isso

envolve a nossa decisão própria, e o desejo de aprendermos a manuseá-la bem, e

sabermos que não é a espada física que nos dá a vitória (Js.24:14), pois o Senhor é a

espada gloriosa de Israel (Dt.33:29).

A espada é a única arma claramente ofensiva. Esta arma é a Palavra de Deus.

Jesus fez recuar o Diabo com o manejo da Palavra (Mt.4:1-11). O próprio Senhor

Jesus afirmou que veio trazer espada (macaira machaira) ao mundo (Mt.10:34).

Quando Pedro sacou da espada (macaira machaira) e cortou a orelha do servo do

sumo sacerdote (Mt.26:51; Mc.14:47; Jo.18:10), foi chamado à atenção por Jesus

(Mt.26:52; Jo.18:11), mostrando que a espada a que o Senhor se referia era Sua

Palavra e não espada física, como seus discípulos pensavam (Lc.22:49), e que a

espada nunca pode ser impedimento para o cumprimento da vontade de Deus em

nossa vida. A promessa de Deus é que espada não pode nos separar do amor do Pai

(Rm.8:35). Os soldados vieram prender o Senhor Jesus com espadas e paus

(Mt.26:47; Mc.14:43), e Jesus mostrou-lhes a inutilidade disso (Mt.26:55;

Mc.14:48; Lc.22:52).

O autor de Hebreus diz que a Palavra de Deus ‘é mais cortante do que faca de

dois gumes’ (Hb.4:12) e em Apocalipse, o cavaleiro que vem no cavalo branco

(Jesus) tem uma espada na boca (Ap.19:11-21). A Palavra tem dois gumes que

servem para julgar os pensamentos e intenções de quem a falou. Se mentimos,

seremos julgados pelo poder da Palavra de Deus. Hebreus 4:12 é uma passagem rica

em promessas. Uma pequena lista irá abençoar-nos, equipar-nos e encorajar-nos em

nosso trabalho de montar um cerco em torno de nossa alma a fim de protegê-la. A

seguir vão algumas amplificações:

‘A Palavra de Deus é viva2’. Viva vem da palavra grega zao, que vem de zoe,

que significa a vida de Deus – ativamente viva. A Palavra de Deus também é eficaz.

Em grego, eficaz é energas – que trabalha, que molda, operante, efetiva, energizada.

2 Todas as partes em negrito ou destacadas nas referências foram assim marcadas para fins de estudo e

não estão assim ressaltadas nas passagens bíblicas.

Page 23: A armadura de Deus

23

Adicionalmente, a Palavra de Deus penetra. Penetrar vem da palavra diikneomai:

que vem de dia – o canal de um ato; e hikanos – chegar, competente, amplo, capaz

de atender o desejo, suficiente, adequado, bastante. Além disso, em ‘até o ponto de

dividir alma e espírito’, a palavra dividir vem de merismos, que significa uma

separação e distribuição, dividir ou desunir, aprovisionar. A Palavra de Deus vai

dividir ou separar a alma e o espírito, distribuindo a cada um o que ele necessita, e a

sentença ‘e julga’ vem de kritikos – julgar ou criticar.

Juntando tudo isso, temos: ‘A Palavra de Deus é viva – ativamente viva – e está

cheia da vida de Deus e cheia de sua energia. Ela molda, trabalha em nós, e é

operante e efetiva. É suficientemente afiada e completamente competente

(adequada, suficiente, ampla, tem capacidade suficiente) para canalizar-se através

das várias áreas da alma e do espírito, alcançando o que deseja e mantendo-se no

alvo desejado. Ela é totalmente adequada! Vai chegar! E vai completar seu objetivo

quando estiver ali! Vai dividir a alma e o espírito, provisionando o necessário a cada

um enquanto critica os pensamentos e intenções do nosso coração’- e com o

versículo 13, temos – ‘Quando necessário, ela coloca a faca no pescoço de qualquer

coisa encontrada dentro da alma que é contrária à sua palavra’3.

Interessante também é observarmos o uso incomum de um têrmo estrangeiro no

NT, para uma espada na passagem em que Simeão toma o bebê Jesus nos braços e

profetiza a Maria sobre ele dizendo: “Eis que este menino está destinado tanto para

ruína como para levantamento de muitos em Israel e para ser alvo de contradição

(também uma espada - romfaia rhomphaia: provavelmente de origem estrangeira:

grande espada; propriamente uma longa lança traciana, também um tipo de espada

longa que se costumava usar no ombro direito - traspassará a tua própria alma ),

para que se manifestem os pensamentos de muitos corações.” (Lc.2:34,35) Parece

ser uma menção do sofrimento destinado ao Filho de Deus e àquilo pelo que sua

família na terra teria que presenciar, mas é o mesmo têrmo utilizado em Ap.1:16, em

Ap.2:12,16 e em Ap.19:15,21, quando refere-se à espada de dois gumes que saía da

boca de Jesus, coma qual Ele fere as nações, em sua aparição gloriosa nos últimos

tempos. Na referência à espada entregue ao cavaleiro chamado Morte, do cavalo

amarelo, com a abertura do quarto selo do juízo de Deus (Ap.6:8), usa-se esse

curioso têrmo novamente.

A Palavra de Deus é a verdade. Satanás ataca com mentira, tentando distorcer a

verdade, como a besta que será ferida à espada e será curada ‘milagrosamente`a fim

de enganar a muitos nos últimos dias (Ap.13:14). A Palavra expõe a mentira. A

aplicação da Palavra nos livra de todo o jugo. Nós nos protegemos dos ataques de

Satanás, suas mentiras e enganos, defendendo-nos com a verdade da Palavra de

Deus (Ef.6:14,17).

Espiritualmente falando, a espada é a Palavra de Deus vivificada em nós pelo

Espírito Santo. Seu manejo só é eficiente se o restante da armadura estiver em seu

devido lugar.

A Palavra de Deus ‘é uma espada de dois gumes’. É tanto ofensiva quanto

defensiva. Com ela atacamos o inimigo em cheio. Para usá-la bem, precisamos

tomar tempo estudando-a e memorizando-a. Quanto maior for o conhecimento que

temos da Palavra de Deus, mais habilidosos seremos na guerra espiritual, e mais

eficazes em nossos ataques às fortalezas do inimigo. Assim será fácil de nos

defendermos na hora do ataque. Jesus usou a Palavra para derrotar Satanás na

tentação (Mt.4:1-11). A espada deve, portanto, ser usada na boca (Ap.1:16).

3 Cf. SHEETS: 2004 – referências bibliográficas.

Page 24: A armadura de Deus

24

7.1.A oração e a vigilância.

“com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito e para isto

vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos

e também por mim; para que me seja dada, no abrir da minha boca, a palavra,

para, com intrepidez, fazer conhecido o mistério do evangelho,

pelo qual sou embaixador em cadeias, para que, em Cristo, eu seja ousado para

falar, como me cumpre fazê-lo.”

(Efésios 6:18-20)

A espada como arma é tão importante que é a única para a qual Paulo dá mais

explicações sobre seu uso: ele discrimina no versículo 18 um pouco mais acerca de

como usá-la em Efésios 6. Parece estar intimamente ligada à vigilância, à oração, à

oração no Espírito e à oração perseverante. Assim é que, espiritualmente falando, a

espada do Espírito está em nossa boca, a palavra deve ser liberada pelos nossos

lábios segundo a orientação e o discernimento do Espírito Santo, e não é, claro,

qualquer palavra, como nos exemplos a seguir:

É interessante notarmos que nem sempre as referências bíblicas sobre a Palavra

de Deus são as mesmas para as palavras dos homens, como em Números 22-25,

quando a palavra de Balaão, no hebraico, em contraponto à Palavra de Deus (rbd

dabar – Nm.23:16), é citada como lvm mashal (como em Nm.23:7,18;

24:3,15,20,21,23 – ‘proferiu a sua palavra’), aparentemente procedente de outra em

algum sentido original de superioridade em ação mental, provérbio, parábola, dito

proverbial, enigma, símile, poema, sentenças de sabedoria ética, máximas éticas.

Percebemos, inclusive, o uso de expressões que denotam poder divino, mas que

promovem a figura de Balaão, como Man n@’um (Nm.24:3 e 15 – em ‘Palavra de

Balaão’ e em ’palavra do homem de olhos abertos’, Nm.24:4, 16): que significa

(Qal) oráculo, declaração (de profeta), declaração (de profeta em estado de êxtase),

declaração (nas outras ocorrências sempre precedendo um nome divino).

Balaão queria uma espada para matar sua jumenta, mas foi ela quem levantou

palavra contra ele (Nm.22:29,30) e mais tarde ele mesmo foi morto à espada

(Nm.31:8; Js.13:22).

Também como Davi tentou usar a espada de Saul, que não era a arma que Deus

tinha lhe dado – 1Sm.17:39, assim a oração eficaz é aquela que é feita sobre a

Palavra de Deus e da Palavra de Deus, e não sobre a nossa própria palavra. Essa,

sim, tem efeito de espada!

Muitos caem em pecado porque não mantêm a vigilância necessária quando sua

autoridade espiritual aumenta. Esta é uma das razões porque muitos caem de forma

trágica no final da vida. Não importa quantas almas você tenha levado à salvação,

ou quantos demônios tenha expulsado; se não persistir em se submeter a Deus, em

se aproximar dEle, e em resitir ao Diabo, estará correndo seríssimo perigo

(cf.Mt.7:15-24; Tg.4:7).

Se quisermos conquistar as nossas cidades para Cristo, a Igreja precisa enfrentar

e derrotar o exército ocupante, formado por demônios, que estão sob o comando de

Satanás, o qual tem por alvo cegar as mentes dos perdidos para a luz do Evangelho

(cf. 2 Co.4:4; Ap.10:4,5; Ef.6:1). Sim, falamos de guerra espiritual. O trecho de

Apocalipse 12:11 pinta o quadro acerca de como será ganha a vitória: “Eles, pois, o

venceram por causa do sangue do Cordeiro e por causa da palavra do testemunho

Page 25: A armadura de Deus

25

que deram, e, mesmo em face da morte, não amaram a própria vida”. Sim, onde

fica o campo de batalha onde a Igreja deve enfrentar a Satanás e aos seus demônios?

A fim de levar o Evangelho a cada criatura humana, a Igreja foi chamada para

entrar em luta contra as forças do mal. O campo de batalha são os lugares celestiais

(Ef.1:20; 2:6; 3:10). É ali que a batalha pelas nossas cidades é ganha ou perdida,

pela oração.

A expressão “nos lugares celestiais”, ou conforme diz literalmente o grego:

“nos celestes”(cf. Ef.3:10), é usada por cinco vezes pelo apóstolo Paulo, em sua

carta aos Efésios. Portanto, os lugares celestiais devem ser um importante e

fundamental componente da revelação divina acerca da guerra espiritual.

Quando os crentes de Éfeso liam, na epístola de Paulo, a expressão “lugares

celestiais”, eles sabiam que a mesma faz alusão à dimensão espiritual onde operam

os anjos, os demônios, e até mesmo nós – a Igreja. E quando ouviam a admoestação

de que a nossa luta não é contra a carne e o sangue, mas contra as potestades e os

poderes da maldade, eles sabiam que isso se referia diretamente aos poderes

espirituais que existem e operam na mesma esfera em que atua a Igreja, através da

oração. A primeira vez que a expressão lugares celestiais foi usada em Efésios diz

respeito ao Pai (cf.Ef.1:3), a segunda vez diz respeito a Jesus (cf. Ef.1:20,21), a

terceira vez diz respeito à Igreja (cf. Ef.2:6), a quarta vez diz respeito aos

principados e potestades (cf. Ef.3:10) e a quinta e última vez diz respeito ao conflito

entre a Igreja e aqueles principados e potestades (cf. Ef.6:10-12).

Se pudermos imaginar o conflito entre Deus e o diabo, pela salvação dos

homens, em termos de um jogo de xadrez, então cada uma dessas cinco referências

aos “lugares celestiais” representa um movimento feito por Deus, no tabuleiro, que,

eventualmente, levará a um ‘xeque-mate cósmico’. Xeque-mate vem de um termo

persa que significa “cercar um líder, de modo que ele não possa escapar”. Essa

palavra é empregada no jogo de xadrez quando a peça “rei”, do adversário, fica

presa, e assim seja ganha a partida.

Primeiro movimento: Deus semeou os lugares celestiais com toda forma de

bênção espiritual que ele havia preparado desde “antes da fundação do mundo”,

tendo em mira o benefício dos cativos, em antecipação à libertação deles (cf.

Ef.1:3,4). Sem que Satanás o soubesse, seu reino já havia sido invadido pelo plano

eterno e soberano de Deus.

Segundo movimento: Deus aplicou um golpe estonteante ao enviar Jesus

primeiramente às partes mais inferiores do reino de Satanás (cf. Ef.4:9) para, em

seguida, exaltar Jesus às mais elevadas posições dos lugares celestiais (cf Ef.4:8,9;

1:18-22). Falando de maneira figurada, o primeiro golpe pôs os pés de Jesus no

fundo do sepulcro e confinou o príncipe da potestade do ar, juntamente com os seus

principados, aos pés de Jesus (cf. Ef.1:2; 1 Pd.3:22). O segundo golpe colocou Jesus

no mais elevado lugar possível dos lugares celestiais – à mão direita de Deus –

tendo-O estabelecido como Cabeça da Igreja (cf. Ef.1:18-22). Além disso, a

caminho para fora do sepulcro, Jesus levou consigo as chaves do inferno (grego:

Hades) e da morte, assim eliminando a eficácia do cadeado que mantinha fechadas

as portas do inferno (cf. Ef.4:8; Hb.2:14,15; Ap.1:18). Figuradamente temos, então,

os pés de Jesus na parte mais inferior dos lugares celestiais, enquanto que a Sua

cabeça está no seu ponto mais elevado. Sua cabeça e Seus pés estão na posição

correta. E seu corpo? Então vamos ao terceiro movimento, descrito em Efésios 2:6-

10:

Terceiro movimento: Deus está movendo seres humanos (pecadores) do

Sepulcro de Satanás para os lugares celestiais, onde eles (os santos) estão sentados

Page 26: A armadura de Deus

26

juntamente com Jesus (cf. Ef.2:6). As portas do inferno, agora já vulneráveis e

inseguras, não poderiam mesmo prevalecer contra a ordem de Deus (cf. Mt.16:18).

O objetivo da Igreja é atingir a plena medida da estatura de Cristo (cf. Ef.4:11-16),

deslocando o príncipe da potestade do ar e seus subordinados para que não

controlem mais os lugares celestiais, mas fiquem confinados e em sujeição, aos pés

de Jesus (cf. Ef.1:2,22,23; 2:6).

Quarto movimento: Deus estabeleceu a Igreja nos lugares celestiais tanto como

um exemplo quanto como uma testemunha diante dos principados e potestades (cf.

Ef.3:10). A Igreja é um exemplo da graça de Deus. A graça é algo com o que

Satanás simplesmente não consegue relacionar-se, porquanto ele vive totalmente

fora do escopo da mesma. Quando Jesus estava pendurado na cruz, Satanás

dependia da letra da lei para obter uma vitória técnica. Ele sabia que lhe era

impossível atingir o próprio Senhor Jesus, por causa da Sua impecabilidade. Mas

estava pensando que poderia continuar conservando a humanidade dentro de seu

sepulcro cósmico, por causa da pecaminosidade dos seres humanos, e para isso

usava de acusações baseadas na condenação da lei. Mas o que Satanás não conhecia

era o mistério oculto em Cristo: a graça de Deus, que veio à luz quando Seu corpo

foi traspassado. A graça permite que Deus conceda favor desmerecido sem violar a

Sua santidade por causa do sacrifício expiatório de Cristo. Apanhado totalmente de

surpresa, Satanás viu Jesus abrir um novo caminho de acesso para o homem até ao

Pai, não à base de retidão pessoal, mas à base da retidão de Cristo. Foi então que

Deus exibiu homens e mulheres, salvos pela graça divina, nos lugares celestiais,

para admiração de Satanás e seus seguidores. O papel da Igreja é tornar conhecida a

multiforme sabedoria de Deus, i.e., o plano divino de salvação mediante a graça de

Cristo, aos governantes e autoridades dos lugares celestiais.

Quinto movimento: Mediante quatro movimentos, Deus privou Satanás de seu

legítimo controle sobre os lugares celestiais, expulsando suas hostes e confiando-os

debaixo dos pés de Jesus. Agora a Igreja foi posta como potencialmente no controle

dos lugares celestiais, os quais, anteriormente, eram governados pelo príncipe da

potestade do ar. Não obstante, a Igreja precisa atacar e derrotar o inimigo, a fim de

reconquistar os lugares celestiais no nome de seu Senhor, a fim de que sejam abertos

os olhos daqueles que continuam sendo mantidos cativos por Satanás.

A estratégia divina consistiu em enviar Jesus em uma missão de resgate, para

libertar os cativos e então transformá-los em soldados bem treinados a fim de

lutarem contra o seu ex-captor, para que outros seres humanos que continuassem

cativos também pudessem ser libertados. Você pode, então, tomar a Palavra de Deus

e com ela, pela confissão dos seus lábios, despedaçar as setas inimigas. Pela Palavra

de Deus (confessada e testemunhada na sua vida) e pelo sangue do Cordeiro você é

vencedor (Ap.12:11).

7.2. Os inimigos do cidadão do Reino de Deus

A luta gira em torno de três inimigos principais: o mundo, a carne e o Diabo.

Temos inúmeras promessas de proteção na Bíblia, mas que estão condicionadas a

uma postura tanto a nível físico quanto a nível espiritual. Assim, sabemos que “o

anjo do SENHOR acampa-se ao redor dos que o temem e os livra” (Sl.34:7), e que

“o Diabo (...) anda em derredor, como leão que ruge procurando alguém para

devorar” (1 Pd.5:8); portanto, estamos numa posição na qual temos os anjos de

Deus ao nosso redor, e a influência maligna mais acerca, ao nosso derredor. Além

disso, se mantivermos nosso caráter revestido com toda a armadura de Deus, o

Page 27: A armadura de Deus

27

Maligno não poderá nos tocar (1 Jo.5:18), e teremos como que um campo de

proteção que nos cobre totalmente juntamente com os anjos ministradores de Deus.

Porém, se por alguém ou alguma circunstância que nos sobrevir, decidirmos nos

irar e nos sentirmos injustiçados, isso fará com que entreguemos uma arma nas

mãos de nosso inimigo, pois a ira é a arma do Diabo (cf. Ef.4:26-27). Desse modo,

podemos dar lugar (grego: topos – ofício, jurisdição) ao Diabo através de nossa ira

e abrimos um buraco de acesso em nosso escudo protetor. A partir dessa brecha,

colocamos para fora tudo o que há em nosso ser carnal (cf. Ef.4:29) através das

palavras, e estaremos suscetíveis a todos os tipos de setas que ressuscitarão o que

havia em nosso coração carnal, assim como “um abismo chama outro abismo”

(Sl.42:7).

A Palavra de Deus oferece a cada nível de batalha uma arma, como podemos

observar no quadro abaixo:

INIMIGO4 ARMA

Carne

O termo carne representa os desejos do

homem natural sem Deus, a vontade

submetida às emoções e às

circunstâncias da vida, a alma no

controle do ser e o espírito morto em

pecado. A Bíblia descreve as obras

da carne, que são: prostituição,

impureza, lascívia, idolatria,

feitiçarias, inimizades, porfias,

ciúmes, iras, discórdias, dissensões,

facções, invejas, bebedices,

glutonarias e coisas semelhantes a

estas, a respeito das quais já

sabemos que não herdarão o Reino

de Deus os que tais coisas praticam

(Gl.5:19-21).

NT

sarx sarx 1) carne (substância terna do corpo vivo,

que cobre os ossos e é permeada com

sangue) tanto de seres humanos como

de animais;

2) corpo

2a) corpo de uma pessoa, usado da

origem natural ou física, geração

ou afinidade, nascido por geração

natural, natureza sensual do

homem, "a natureza animal", sem

nenhuma sugestão de depravação,

Jejum

Jejuar é abster-se de algo que nos é

lícito (nos é permitido, como comer,

beber, falar, caminhar, cantar, etc) a fim

de, por um período determinado,

consagrar-se para um fim específico ou

buscar direção de Deus. Jejum sem

propósito não existe. Jejuar é

enfraquecer e submeter a carne à

decisão do Espírito ressurreto e assim

fortalecê-lo a fim de obter mais

sensibilidade espiritual e receber

direção, vitória, discernimento e

consagração para cumprir somente a

vontade de Deus e não a nossa. A Bíblia

deixa bem claro que um jejum apenas

expresso pela abstinência de algo mas

sem o cumprimento da vontade de Deus

não passa de obra morta (cf. Is.58;

Et.4:4-16).

VT

Mwu tsowm ou Mu tsom

Jejum, abstinência.

(1Rs.21:9,12; 2 Cr.20:3; Ed.8:21;

Ne.9:1; Et.4:3; 9:31; Sl.35:13; 69:10;

Is.58; Jr.36:6,9; Dn.9:3; Jl.1:14; 2:12-

17; Jn.3:5; Zc.8:19)

Mwu tsuwm (Qal) Abster-se de alimento, jejuar.

(Ne.1:4; Is.58:4)

4 Este quadro não apresenta todas as possibilidades de referências, servindo apenas para uma introdução

ao assunto para fins didáticos.

Page 28: A armadura de Deus

28

natureza animal com desejo

ardente que incita a pecar,

natureza física das pessoas,

sujeita ao sofrimento;

3) criatura viva (por possuir um corpo

de carne), seja ser humano ou animal;

4) a carne, denotando simplesmente a

natureza humana, a natureza terrena dos

seres humanos separada da influência

divina, e por esta razão inclinada ao

pecado e oposta a Deus.

Mt.26:41; Rm.8:6,12; 13:14;

Gl.5:13,24; 1 Jo.2:16.

twj t@vath (aramaico)

Em jejum, fazendo jejum, com fome.

(Dn.6:18)

rzn nazar 1) dedicar, consagrar, separar, devotar-

se, manter separado para fins sacros;

2) (Hifil) ser um nazireu, viver como um

nazireu.

(Zc.7:3)

NT

nhsteia nesteia jejum, abstinência voluntária, como

exercício religioso, de jejum

particular, o jejum público prescrito

pela lei mosaica e observado

anualmente no grande dia da

expiação, no décimo dia do mês de

Tisri (o mês Tisri compreende uma

parte de Setembro e Outubro no nosso

calendário); o jejum portanto, ocorria

no outono quando navegar era

geralmente perigoso por causa das

tempestades; abstinência provocada

por necessidade ou pobreza.

(Mt.17:21; Mc.9:29; At.27:9)

nhsteuw nesteuo abster-se de comida e bebida como

exercício religioso: inteiramente, se o

jejum é de apenas um dia, ou por

costume e opção alimentar, se por

vários dias.

(Mt.6:16; Mc.2:18; At.13:2,3)

Mundo

O mundo como nosso inimigo é mais no

sentido de sistema de valores submetido

à escravidão do pecado e ao pai da

mentira que é o Diabo (Ef.6:12). A

palavra de ordem é não tomarmos a

forma deste mundo, não moldar-nos de

acordo com os padrões deste século,

deste mundo (Rm.12:2), mas precisamos

nos transformar e renovarmos a nossa

mente de acordo com nossa vivência

com o Senhor. Os padrões malignos

Oração

A oração como arma é o resultado de

uma vida de intimidade com Deus, e não

pode ser vista como uma “lista de

supermercados” que apresentamos ao

Senhor em tempos de necessidade, mas

sim um relacionamento alimentado pelo

amor, pela gratidão e pelo compartilhar

de sonhos e conquistas segundo a

vontade de Deus.

O termo ‘intercessão’ (que vem de

Page 29: A armadura de Deus

29

estão distribuídos na forma com que as

culturas humanas encaram o mundo à

sua volta. Por isso o Evangelho do

Reino é um fator supracultural, i.e., está

acima de qualquer cultura humana

(Mt.15:3). Precisamos estar atentos aos

nossos aspectos culturais, valores e

padrões de pensamento, fala e atitudes

que contrariam a Palavra e a vontade de

Deus para nós, pois fazem parte de um

sistema o qual denominamos ‘mundo’ e

que é um de nossos mais perigosos e

astutos inimigos.

NT

kosmov kosmos 1) uma organização ou constituição apta

e harmoniosa, ordem, governo;

2) ornamento, decoração, adorno, i.e., o

arranjo das estrelas, ‘as hostes

celestiais’ como o ornamento dos

céus; 1Pe 3.3

3) mundo, universo;

4) o círculo da terra, a terra;

5) os habitantes da terra, homens, a

família humana;

6) a multidão incrédula; a massa inteira

de homens alienados de Deus, e por

isso hostil a causa de Cristo;

7) afazeres mundanos, conjunto das

coisas terrenas, totalidade dos bens

terrestres, dotes, riquezas, vantagens,

prazeres, etc, que apesar de vazios,

frágeis e passageiros, provocam

desejos, desencaminham de Deus e

são obstáculos para a causa de Cristo;

8) qualquer conjunto ou coleção geral de

particulares de qualquer tipo, os

gentios em contraste com os judeus

(Rm 11.12 etc), dos crentes

unicamente, Jo 1.29; 3.16; 3.17; 6.33;

12.47 1Co 4.9; 2Co 5.19.

intercecção – termo matemático que

descreve a união entre componentes de

dois ou mais conjuntos) é utilizado no

sentido de ‘encontro’ duplo: com Deus a

fim de recebermos favor para nós

mesmos ou para outros, e com as trevas,

para que conquistemos territórios mais

amplos e trabalhemos no sentido de

resgatar vidas que lhes estejam

submetidas.

VT

hlpt t@phillah (na maior parte das

vezes em que a palavra ‘oração’ é

citada no VT.)

llp palal intervir, interpor-se, orar, (Piel) mediar,

julgar, (Hitpael) interceder, orar.

Gn.20:17; Nm.11:2; 1 Sm.1:12,26;

12:23; 1 Rs.8:33,35,42,44; 1 Cr.7:25;

2Cr.6:24,26; 33:13; Ne.1:4; Sl.72:15;

Is.44:17 etc.

web ba‘uw (aramaico)

petição, pedido, oração (sempre na

liturgia judia).

Dn.6:7,11,13

hlav sh@’elah ou hlv shelah (na

maior parte das vezes em que a palavra

‘petição’ é citada no VT.)

demanda, solicitação, pedido.

1Sm 1.17 etc

lwq qowl ou lq qol (traduzido por

‘petição’)

procedente de uma raiz não utilizada

significando chamar em voz alta;

voz, som, ruído, som (de instrumento),

leveza, frivolidade.

hvqb baqqashah pedido, súplica, petição.

(Et.5:3)

hnxt t@chinnah favor, súplica de favor.

(Sl.119:170)

Page 30: A armadura de Deus

30

Jo.17:15,16; 14:27; 15:19; 16:33;

Gl.6:14; 1 Tm.6:7; Tg.4:1-4; 1 Jo.2:15-

17; 4:4, 5; 5:19.

Nwnxt tachanuwn ou (fem.) hnwnxt

tachanuwnah súplica, súplica de favor ao homem ou a

Deus.

2 Cr.6:21

hnr rinnah grito retumbante, referindo-se a rogo,

súplica, em proclamação, júbilo,

louvor.

Sl.61:1; 119:169

NT

proseuch proseuche (na maior parte

das vezes em que a palavra ‘oração’ é

citada no NT)

1) oração dirigida a Deus;

2) lugar separado ou apropriado para

oração, sinagoga, lugar ao ar livre

onde os judeus costumavam orar, fora

das cidades, nos lugares onde não

tinham sinagoga, tais lugares estavam

situados às margens de um rio ou no

litoral de um mar, onde havia um

suprimento de água para lavar as

mãos antes da oração.

proseucomai proseuchomai oferecer orações, orar.

(Mt.6:5,7,9; 26:39; Mc.11:24,25;

Lc.1:10; 9:18; 11:1,2; At.1:24; 6:6;

9:11; 10:30; 11:5; 13:3; 28:8;

Ef.6:18 – “orando em todo o

tempo’-Fp.1:9; Tg.5:13,14; Jd.1:20)

dehsiv deesis (às vezes traduzido por

‘súplica’)

necessidade, indigência, falta, privação

penúria, o ato de pedir, petição,

súplica, pedido a Deus ou a um ser

humano.

Lc.1:13; Ef.6:18 (‘súplica’); Fp.4:6;

Tg.5:16

deomai deomai

carecer, necessitar, desejar, ansiar por,

pedir, suplicar, aquilo que se pede,

orar, fazer súplicas.

Lc.21:36; 1 Ts.3:10

Page 31: A armadura de Deus

31

euch euche oração a Deus, voto.

Tg.5:15

eucomai euchomai orar a Deus, desejar, orar, pedir por.

2 Co.13:7

aithma aitema (Fp.4:6 – ‘petições’)

pedido, requisição, exigência

Sl.102:17; 122:6; Mt.5:44; Lc.6:12;

18:1; At.1:14; 12:5; 16:25; 1 Co.14:15;

Ef.6:18; Fp.4:6; Cl.4:2,12; 1 Ts.5:17; 1

Tm.2:1,8; Tg.5:15,16; 1 Pd.4:7.

Satanás

Antigo querubim da guarda ungido (cf.

Ez.28:13-19 e Is.14:12-15), pelo

orgulho e desejo de ser igual a Deus e

receber a glória que só a Ele é devida foi

lançado à terra e com ele a terça parte

dos anjos seus aliados em rebeldia

(Ap.12:4). É pai da mentira e exerce seu

domínio mediante uma hierarquia

demoníaca descrita em Ef.6:12

(principados, potestades, governos e

poderes5). Assim, o Senhor preparou

para eles o inferno (Mt.25:41), lugar de

tormento e fogo eterno onde serão

lançados no dia preparado para o seu

juízo, e com eles todos os que não

tiverem suas vestes lavadas pelo sangue

de Jesus.

Njs satan 1) adversário, alguém que se opõe

1a) adversário (em geral-pessoal ou

nacional).

2) adversário sobre-humano, Satã (como

nome próprio).

(1 Cr.21:1; Jó 1:6,7,8,9,12;

2:1,2,3,4,6,7; Zc.3:1,2)

satanav Satanas satan - grego de

origem aramaica

Palavra de Deus

Vale lembrar que somente a Palavra que

sai da boca de Deus e aplicada à nossa

vida (não apenas recitada) é que tem

efeito de espada contra as artimanhas e

os ataques do Diabo.

VT

rbd dabar (a maior parte das

referências a ‘palavra’, no VT)

discurso, palavra, fala, coisa, dito,

declaração, palavras, negócio,

ocupação, atos, assunto, caso, algo,

maneira ( por extensão).

Gn.15:1; 24:51; 41:28; Êx.9:20,21;

16:32; 35:4; Nm.11:23; 15:31; 22:38;

23:5; 30:1,2; 36:6; Dt.4:2; 5:5; 9:5;

30:14; 32:47; Js.8:8,27,35; 14:10;

Jz.3:20; 13:17; 1 Sm.1:23; 3:1,7,21;

9:27; 15:10; 1 Sm.15:23; 2 Sm.7:4,25;

12:9; 24:11; 1 Rs.2:4,27; 6:11,12;

8:20,26; 12:22; 13:9; 21:17; Sl.33:6;

119:9; Is.1:10; Ez.20:2 etc

hwu tsavah mandar, ordenar, dar as ordens,

encarregar, incumbir, decretar, (Piel)

designar, nomear, comissionar,

ordenar (referindo-se a atos divinos)

Êx.35:4; Dt.4:2; Js.8:8; 11:15; 2

Sm.24:19

5 Cf. ANNACONDIA: 2000 – Referências bibliográficas complementares sobre batalha espiritual.

Page 32: A armadura de Deus

32

1) adversário (alguém que se opõe a

outro em propósito ou ação), nome

dado

1a) ao príncipe dos espíritos maus, o

adversário inveterado de Deus e

Cristo;

1a1) incita à apostasia de Deus e

ao pecado;

1a2) engana os homens pela sua

astúcia;

1a3) diz-se que os adoradores de

ídolos estão sob seu controle;

1a4) pelos seus demônios, é

capaz de possuir pessoas e

infligi-las com enfermidades;

1a5) é derrotado com a ajuda de

Deus;

1a6) na volta de Cristo do céu, ele

será preso com cadeias por

mil anos, mas quando os mil

anos terminarem, ele andará

sobre a terra ainda com mais

poder, mas logo após será

entregue à condenação

eterna;

1b) pessoa semelhante a Satanás ou

que pratica suas obras (cf.

At.12:21-24).

(Mt.4:10; 12:26; 16:23; Mc.1:13;

3:23,26; 4:15; 8:33; Lc.10:18; 11:18;

13:16; 22:3,31; Jo.13:27; At.5:3; 26:18;

Rm.16:20; 1 Co.5:5; 7:5; 2 Co.2:11;

11:14; 12:7; 1Ts.2:18; 2 Ts.2:9; 1

Tm.1:20; 5:15; Ap.2:9,13,24; 3:9; 12:9;

20:2,7)

Diabo

diabolov diabolos 1) dado à calúnia, difamador, que acusa

com falsidade, caluniador, que faz

falsas acusações, que faz comentários

maliciosos;

2) metaph. aplicado à pessoas que, por

opor-se à causa de Deus, podem ser

descritas como agindo da parte do

demônio ou tomando o seu partido

Satanás, o príncipe dos demônios, o

hp peh boca (referindo-se ao homem), boca

(como órgão da fala), boca (referindo-se

aos animais), boca, abertura (de um

poço, rio, etc.), extremidade, fim pim,

um peso equivalente a um terço de um

siclo, ocorre somente em 1Sm 13.21.

Nm.20:24; 27:21; Dt.34:5; 1 Cr.12:23;

Lm.1:18

hps saphah ou (no dual e no plural)

tps sepheth lábio, idioma, fala, costa, margem,

canto, borda, beira, extremidade,

beirada, faixa, lábio (como órgão do

corpo)

Jó12:20

lwq qowl ou lq qol

procedente de uma raiz não utilizada

significando chamar em voz alta;

voz, som, ruído, som (de instrumento),

leveza, frivolidade

Gn.26:5; 1 Sm.15:22; Jr.38:20

rma ‘emer rma ‘omer 1) declaração, discurso, palavra, dito,

promessa, ordem

Nm.24:16; Sl.68:11; 107:11; Os.6:5

hrma ‘imrah ou hrma ‘emrah

declaração, discurso, palavra, palavra de

Deus, a Torah

Dt.32:2; 2 Sm.22:31; Sl.18:30; 105:19;

119:11,50,58,67,76,133,140,158,170;

138:2; Pv.30:5; Is.5:24

hlm millah pl. masc. como se fosse

procedente de hlm milleh hlm millah

(aramaico)

palavra, discurso, declaração.

2 Sm.23:2; Dn.4:33

NT

entolh entole 1) ordem, comando, dever, preceito,

injunção, aquilo que é prescrito para

alguém em razão de seu ofício;

Page 33: A armadura de Deus

33

autor de toda a maldade, que persegue

os servos de Deus, e escraviza as

pessoas, criando inimizade entre a

humanidade e Deus, instigando ao

pecado, afligindo os seres humanos com

enfermidades por meio de demônios que

tomam possessão dos seus corpos,

obedecendo às suas ordens.

Nosso verdadeiro inimigo é Satanás. Ele

usa a carne e o mundo a fim de seduzir-

nos; mas ele mesmo é a fonte que dá

origem a essa sedução (cf. Ef.2:1-3). Ele

é o grande mestre da mentira (cf.

Jo.8:44). Ele é o inventor da guerra e de

guerrilhas espirituais (cf. 2 Co.2:10,11).

Faltando-lhe autoridade verdadeira para

derrotar-nos, ele tem compensado esse

ponto de fraqueza mediante o

aperfeiçoamento da arte da subversão e

dos truques (cf. 2 Tm.2:25,26). Assim

sendo, ele tem mais que

contrabalançado as suas limitações ao

desenvolver esquemas enganadores de

toda sorte (cf. Ef.6:11). E o sucesso

desses esquemas diabólicos sempre

dependerá de uma coisa: a ignorância

dos santos, que ele promove de forma

ativa (cf. 2 Co.2:11; 11:3).

Lc.8:12; Ef.4:27; 6:11; 2 Tm.2:26;

Tg.4:7; 1 Jo.3:8; Ap.2:10; 12:10-12.

2) mandamento, regra prescrita de

acordo com o que um coisa é feita,

preceito relacionado com a linhagem,

do preceito mosaico a respeito do

sacerdócio, eticamente usado dos

mandamentos da lei mosaica ou da

tradição judaica

Mt.15:6

logov logos 1) do ato de falar, palavra, proferida a

viva voz, que expressa uma

concepção ou idéia, o que alguém

disse, os ditos de Deus, decreto,

mandato ou ordem, dos preceitos

morais dados por Deus, profecia do

Antigo Testamento dado pelos

profetas, o que é declarado,

pensamento, declaração, aforismo,

dito significativo, sentença, máxima,

discurso, fala, a faculdade da fala,

habilidade e prática na fala, tipo ou

estilo de fala, discurso oral contínuo-

instrução, doutrina, ensino, algo

relatado pela fala; narração, narrativa,

assunto em discussão, aquilo do qual

se fala, questão, assunto em disputa,

caso, processo jurídico, algo a

respeito do qual se fala; evento, obra;

2) seu uso com respeito a MENTE em

si, razão, a faculdade mental do

pensamento, meditação, raciocínio,

cálculo, conta, i.e., estima,

consideração, conta, i.e., cômputo,

cálculo, conta, i.e., resposta ou

explanação em referência a

julgamento, relação, i.e., com quem,

como juiz, estamos em relação, razão,

causa, motivo;

3) Em João, denota a essencial Palavra

de Deus, Jesus Cristo, a sabedoria e

poder pessoais em união com Deus.

Denota seu ministro na criação e

governo do universo, a causa de toda

a vida do mundo, tanto física quanto

ética, que para a obtenção da salvação

do ser humano, revestiu-se da

natureza humana na pessoa de Jesus,

Page 34: A armadura de Deus

34

o Messias, a segunda pessoa na

Trindade, anunciado visivelmente

através suas palavras e obras.

Este termo era familiar para os judeus e

na sua literatura muito antes que um

filósofo grego chamado Heráclito

fizesse uso do termo Logos, por volta de

600 a.C., para designar a razão ou plano

divino que coordena um universo em

constante mudança. Era a palavra

apropriada para o objetivo de João no

capítulo 1 do seu Evangelho.

Mt.8:8,16; 13:19,20,21,22,23; 15:12,23;

19:22; Mc.2:2; 4:14-20,33; 7:13,29;

10:22; 16:20; Lc.1:2; 4:32,36; 5:1; 7:7;

8:11, 13-15,21; 11:28; 22:61; Jo.2:22;

4:41,50; 5:24,38; 8:31,37,43,51,52,55;

10:35; 12:48; 14:23,24; 15:3,20,25;

17:6,14,17,20; Jo.1:1; 17:17; 18:9,32;

At.2:41; 4:4,29,31; 6:2,4,7; 8:4,14,25;

10:36,44; 11:1,19; 12:24;

13:5,7,26,44,46,48,49; 14:3,25;

15:35,36; 16:6,32; 17:11,13; 18:5,11;

19:10,20; 20:32; Rm.9:6,9; 13:7,22; 1

Co.14:36; 2 Co.2:17; 4:2; Fp.1:14;

Cl.1:25; 1 Ts.2:13; 1 Tm.4:5; 2Tm.2:9;

Tt.2:5; Hb.4:12; Tg.1:18,21,22,23; 1

Pd.1:23; 2:8; 3:1; 2 Pd.1:19; 3:5,7; 1

Jo.1:10; 2:5,7,14; 5:7; Ap.1:2,9; 3:8,10;

6:9; 12:11; 20:4

rhma rhema 1) aquilo que é ou foi proferido por viva

voz, algo falado, palavra, qualquer

som produzido pela voz e que tem

sentido definido, fala, discurso, o que

alguém falou, uma série de palavras

reunidas em uma sentença (uma

declaração da mente de alguém feita

em palavras), expressão vocal,

qualquer dito em forma de

mensagem, narrativa, de acordo com

alguma ocorrência;

2) assunto do discurso, objeto sobre o

qual se fala, na medida em que é um

assunto de narração, na medida em

que é um assunto de comando,

Page 35: A armadura de Deus

35

assunto em disputa, caso em lei.

Mt.4:4; 12:36; 26:75; 27:14; Mc.14:72;

Lc.1:38; 2:29; 3:2; 5:5; Jo.6:63;

At.10:37; 11:16; Rm.10:17; Ef.6:17;

Hb.6:5; 11:3; 1 Pd.1:25;

A armadura de Deus não foi preparada para um museu, mas para ser usada no

campo de batalha. Armaduras polidas, penduradas no corredor das nossas crenças

pessoais, não servirão no dia da batalha. Todos nós que pertencemos ao Reino do

amado Filho de Deus temos contra nós as forças do reino de Satanás, por isso

precisamos revestir-nos de toda a armadura de Deus.

Estaremos, com isso, firmados na verdade, pela justiça conquistada pelo Senhor

Jesus na cruz do Calvário, tendo paz com todos os que nos rodeiam, na fé que é

firmada na Palavra de Deus e que é a expressão de uma inteira confiança no Senhor

Jesus (pois só teremos êxito por meio dele) para todas as coisas. Com todas as peças

da armadura em seu devido lugar estaremos habilitados para andar em triunfo.

Somos Templo do Espírito Santo (1 Co.3:16; 6:19,20; 2 Co.6:16), o tabernáculo de

Deus na terra, e o Senhor mesmo, pela cruz de Cristo, nos abriu o caminho para a

santidade e o completo êxito nessa batalha.

Nós podemos ser fortes! Devemos ser fortes! Mas devemos ser fortes no Senhor,

e na força de Seu poder! O nosso andar é uma batalha. É necessário conhecermos,

então, os ardis armados pelo inimigo. Precisamos, portanto, manter a honra da nossa

chamada e a riqueza da nossa elevada posição. Como bons soldados,

permanecermos firmes e defendermos os interesses do Reino.

Mas, se temos furos em nossa armadura, se por alguma razão abrimos uma

brecha para que o inimigo tenha acesso ao nosso campo de proteção, precisamos

considerar seriamente e acatar com algumas atitudes:

a. Precisamos pedir humildade. Se queremos ter a armadura protegida e sem

furos, precisamos de humildade, e abrirmos mão de nossos direitos, como o direito

de nos defendermos (lembremo-nos que Jesus é a nossa defesa), o direito de nos

justificarmos (Jesus é o nosso Juiz Justo) e o direito de usarmos de nossa autoridade

para ferir outros.

Precisamos entender que o orgulho produz furos em nossa armadura. Precisamos

refletir e, se estivermos errados, precisamos voltar atrás em nossas opiniões.

Precisamos nos arrepender do orgulho de nossa linhagem, nossa família, nossa

formação. Precisamos nos arrepender do orgulho de nossa unção (e lembrarmos que

a unção não permanece, e que somos apenas mordomos do que Deus nos dá).

Precisamos nos arrepender do orgulho de nossa posição, do dinheiro, porque fere os

outros e abre brechas na armadura. Precisamos nos arrepender do orgulho de

nossa experiência, de não aceitarmos ser ensinados pelos outros, muito menos

quando são mais jovens que nós. Precisamos nos arrepender do orgulho de nossa

santidade e espiritualidade (farisaísmo). Precisamos nos arrepender do orgulho de

nossos dons e ministério. Precisamos nos arrepender do orgulho de sermos

sinceros, pois por causa dessa desculpa temos ferido a muitos dizendo o que

pensamos sem submetermo-nos a Deus em primeiro lugar.

O mundo precisa, nesses dias, de homens fortes. A fim de possuirmos cada peça

dessa maravilhosa armadura, é necessário irmos ao Calvário e lá buscarmos a capa

de humildade que devemos usar sobre a armadura, para que não fiquemos ofuscados

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com o brilho que dela emana e não sejamos cegados pelo orgulho. Quando a

vestimos, vemos que o nosso corpo fica todo coberto. Devemos estar, então, em

condições de enfrentar o inimigo. Isso implica em reconhecermos a nossa própria

ignorância, que nunca venceremos uma guerra baseados em nossa própria

inteligência, perspicácia, força, bondade ou determinação (cf. Dt.20 e Lc.14:26-35).

‘Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes’ (cf. Tg.4:6-8). A

humildade, portanto, nos capacita a receber a graça de Deus.

b. Precisamos pedir uma armadura grossa, e vivê-la. Se você pedir, o Senhor vai

dá-la a você (Mt.7:7).

c. Ore ao Senhor, e peça-lhe força e perdão por viver uma coisa e falar outra.

Outra coisa que provoca furos em nossa armadura é a reclamação e a

murmuração, pois são sinais de falta de fé e são pecados terríveis. Murmuração

derruba todas as fortalezas que o Senhor ergueu à nossa volta.

Além disso, quando desejamos justiça, também abrimos brecha em nossas

armas de proteção. Isso é resultado de confiarmos somente em nós mesmos, em

mais ninguém, nem na justiça de Deus que é expressa pela misericórdia.

Identificamos isso no perfeccionismo e no racionalismo.

O Senhor tem permitido que soframos por Ele como uma forma de guerrearmos

na batalha espiritual. O maior ato de guerra espiritual, que venceu por completo o

inimigo e que o saqueou foi a cruz (Cl.2:13-15). O sofrimento em retidão desarma

Satanás (2 Tm.3:12; 1 Pd.2:18-25). No mesmo lugar em que o Senhor foi ferido Ele

recebeu autoridade para curar (Fp.2:5-11). O mesmo é verdade para nós, os

cristãos. No lugar em que o inimigo nos ferir, é ali que receberemos autoridade para

curar.

Para ser restituído naquilo que você deixou ser roubado e aprender a viver

revestido com essa poderosa armadura espiritual, ore assim6:

“Senhor, faça com que eu tenha um coração inabalável. Passa agora, Senhor,

uma vistoria em minha armadura, perdoa-me porque não permaneci pequeno e não

deixei o Senhor crescer e aparecer em minha vida.

Eu me fortaleço em Ti, Senhor e sou revestido de poder através da minha união

contigo. Extraio minha força de Ti (aquela força que o Teu ilimitado poder provê).

Ajuda-me a ficar firme, a não dar lugar aos planos e maquinações do Diabo.

Revisto-me agora de toda a armadura que Tu me deste – aquela armadura de um

soldado fortemente armado, que Tu supres – para que eu possa com êxito

permanecer firme contra todas as estratégias do Diabo.

Reconheço que não estou lutando contra a carne e o sangue – contendendo

apenas com oponentes físicos – mas contra os despotismos, contra os poderes,

contra os espíritos mestres que são os governantes mundiais das trevas presentes,

contra as forças espirituais da maldade na esfera celestial (espiritual).

Portanto, revisto-me da Tua completa armadura, ó Deus, para que eu possa

resistir e permanecer firme em minha posição no dia mau (de perigo) e, havendo

feito tudo – que a crise exige – permanecer firmemente em meu lugar.

Estou, pois, firme – defendendo minha posição – tendo ajustado o cinto da

verdade em volta dos meus lombos. Perdoa-me quando menti e não vivi na verdade.

Tu me santificas na verdade; a Tua Palavra é a verdade. O Senhor me tem feito

6 Referências bíblicas sobre as quais foi baseada esta oração: Ef.6:10-18; Jo.8:32; 17:17; 2 Co.10:3,4;

Rm.8:1; 2 Co.5:21; Is.26:3; Fp.4:7; 2 Co.5:18,7; 1 Jo.5:4; Ap.19:15; 12:11; 2 Co.3:5,6.

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conhecer a verdade que me liberta. Nela tenho todas as armas da minha luta (que

não é carnal), poderosas em Ti para derrubar as fortalezas inimigas.

Ponho a couraça da justiça – integridade e da retidão moral e posição correta

em Deus. Perdoa-me quando quis que Tu fostes justo para comigo enquanto eu agia

com injustiça para com outros. Tu, Jesus, és a minha justiça. Eu hoje me visto com

a tua justiça. O inimigo não tem reivindicações sobre mim, pois estou em Cristo e

nenhuma condenação há para mim. Protege o meu coração. Ajuda-me a fazer o que

é justo aos Teus olhos, diante de Ti. Sou justiça de Deus, em Cristo Jesus.

Calço os meus pés na preparação – para enfrentar o inimigo com firme

estabilidade, e agilidade, e a prontidão produzida pelas boas novas – do Evangelho

da paz. Perdoa-me quando não promovi a paz. Tenho paz contigo, Senhor, e sou

conservado em perfeita paz porque a minha mente está firme em Ti, porque confio

em Ti. A Tua paz, que excede todo o entendimento, guarda o meu coração e

pensamentos em Cristo, meu Senhor, e tenho paz com todos os homens. Sou

ministro de reconciliação, para que a Tua paz santifique todo o meu ser e eu leve a

Tua paz a todos, anunciando as boas novas aos homens.

Levanto, sobretudo – cobrindo-me – o escudo da fé salvadora, com o qual

poderei apagar todos os mísseis incendiários do Maligno. Tu, Senhor, és o meu

escudo. Ponho toda a minha confiança em Ti. Caminho pela fé, pela Tua Palavra,

não pelo que vejo ou sinto, e triunfo sobre o inimigo pela fé.

Tomo também o capacete da salvação, firmando-me nos pensamentos,

sentimentos e propósitos do Teu coração. Perdoa-me quando deixei Satanás usar a

minha mente e o que há dentro de mim para machucar outros. Tu és a minha

salvação, por isso sou livre em minha mente.

E tomo a espada do Espírito, que é a Tua Palavra, e com ela, pela confissão dos

meus lábios, despedaço as setas inimigas. Tenho em minha boca a Palavra que é

vivificada em minha vida pelo Espírito Santo, por isso obtenho êxito nessa batalha.

Pela Tua Palavra e pelo Sangue do Cordeiro sou vencedor.

Oro em todo o tempo – em toda ocasião, em cada época – no Espírito, com toda

maneira de oração e súplica. Para o mesmo fim, conservo-me alerta e vigilante com

firme propósito e perseverança, intercedendo a favor de todos os santos – o povo

consagrado de Deus.

Graças Te dou, meu Deus, pela Tua armadura que me protege e me equipa para

a luta. Meu poder, habilidade e suficiência vêm de Ti. Tu mesmo me tens

qualificado como ministro e despenseiro de uma nova aliança (da salvação por

meio de Cristo), não da letra, mas do Espírito que vivifica.

Jesus, és o meu poder, a minha verdade, o meu calçado, o meu escudo, a minha

salvação, a minha espada. Tu, Jesus, és a minha armadura!”7

A luta espiritual é um fato inevitável na vida de todo cristão. Alguns têm mais

consciência disso do que outros, mas ninguém pode escapar dessa realidade. Deus

não apenas nos chamou para entrarmos em combate, mas também para sermos

vitoriosos, recuperando o terreno do inimigo. Jesus já assegurou nossa vitória final

na cruz, e Ele nos chama cada vez mais, para que façamos com que essa vitória seja

hoje uma realidade em nossa vida.

E, finalmente, que todos nós possamos, nesses dias que precedem o retorno do

Senhor Jesus, alcançar o nível de discipulado chamado ‘Gálatas 2:20’: ‘logo, já não

7 Cf. MILHOMENS: Orando a Palavra. 1993. – Referências Bibliográficas.

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sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim’ e sermos, assim, ‘mais do que

vencedores por meio daquele que nos amou’ (Rm.8:37). 8

8. Referências Bibliográficas:

BUCKLAND, Rev. A. R.. Dicionário Bíblico Universal. São Paulo, Vida, 1981.

JOYNER, Rick. A batalha final. Rio de Janeiro: Danprewan, 1999.

JOYNER, Rick. A chamada final. Rio de Janeiro: Danprewan, 1999.

JOYNER, Rick. A visão profética para o século XXI. Rio de Janeiro: Danprewan,

2000.

MASTRAL, Eduardo Daniel e Isabela. Táticas de Guerra. Naós. São Paulo, outubro

de 2001.

MEARS, Henrietta C.. Estudo Panorâmico da Bíblia. São Paulo, Vida, 1982.

MILHOMENS, Valnice. Batalha espiritual. Apostila de estudo. Ministério Palavra

da Fé. São Paulo, 1993.

MILHOMENS, Valnice. Orando a Palavra. São Paulo, Palavra da Fé Produções,

1993.

SHEETS, Dutch. Sentinela de oração. Belo Horizonte: Editora Atos, 2004.

SILVOSO, Ed. Que nenhum pereça. São Paulo: Unilit, 1995.

STRONG, James. Strong´s Exhaustive Concordance of the Bible. EUA, 1980.

VIDA. Concordância Bíblica Abreviada. São Paulo, Vida, 1992.

8.1. Multimídia:

LA TORRACA, Liliam. Armadura de Deus. DVD produzido pelo Ministério Ágape

Reconciliação.9

SBB. Bíblia Online – Módulo Avançado. CD-Rom da Sociedade Bíblica do Brasil.

8.2. Referências complementares sobre Batalha Espiritual10

:

8.2.1. Livros:

8 Esse estudo é um apanhado do que o material acima citado relata a respeito da armadura de Deus, mais

uma extensa pesquisa nos textos bíblicos, realizado por Angela Natel, em fevereiro e março de 2006. 9 Pedidos (11) 6096-5106.

10 Existe um livro de que não me recordo o autor, mas o título é ‘A serpente do (ou no) paraíso’, e que é

muito importante no estudo de nosso inimigo e suas táticas de Guerra. Outro livro muito bom na área de

libertação intitula-se ‘Porcos na sala’.

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ANDERSON, Neil T. Vitória sobre a escuridão. Bompastor, 2000.

ANNACONDIA, Carlos. Escute aqui, Satanás. São Paulo: Ed. Vida, 2000.

BEVERE, John. Debaixo de suas asas.

BEVERE, John. O temor do Senhor.

BROWN, Rebecca. Cavando trincheiras.

BROWN, Rebecca. Prepare-se para a guerra.

BROWN, Rebecca. Vaso para honra. Rio de Janeiro: Danprevan, 1998.

HINN, Benny. O sangue. Ed. Betânia, 1994.

JACKSON, John Paul. Desmascarando o espírito de Jezabel.

MASTRAL, Eduardo Daniel e Isabela. Rastros do Oculto. São Paulo, Naós, 2004.

MASTRAL, Eduardo Daniel e Isabela. Satanismo. São Paulo, Naós, 2004.

SUBIRÁ, Luciano. Voz de muitas águas.

8.2.2. Multimídia:

MASTRAL, Eduardo Daniel e Isabela. Seminário de Batalha Espiritual – Nível 1 –

A reconstrução dos muros. São Paulo, Naós, 2005.

MASTRAL, Eduardo Daniel e Isabela. Seminário de Batalha Espiritual – Nível 2 –

A restauração do altar.. São Paulo, Naós, 2005.