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ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014 1708 A ANÁLISE MULTIFATORIAL COMO MÉTODO DE ANÁLISE DA SUSCETIBILIDADE À EROSÃO LAMINAR: O EXEMPLO DO TRIANGULO MINEIRO Carlos Felipe Nardin [email protected] Mestrando em geografia pela universidade federal de Uberlândia António de Sousa Pedrosa [email protected] Professor doutor da Universidade Federal de Uberlândia Área: Geografia Subárea: Geoprocessamento e aplicações RESUMO A erosão laminar é um processo morfogenético extremamente importante já que é um dos principais fatores de degradação dos solos. Deste modo torna-se fundamental determinar quais as áreas de maior susceptibilidade a este processo, no sentido de tomar medidas mitigadoras a fim de evitar uma rápida degradação dos solos. Usando a análise multifatorial que o ArcGis permite, elaboramos um mapa de susceptibilidade á erosão laminar para o Triângulo mineiro com base na análise de diversos fatores que influenciam este processo: litologia, tipo de solos, formas de relevo, declive e uso da terra. Palavras chave: Erosão laminar, susceptibilidade, análise multifatorial, degradação de solos. ABSTRACT The sheet erosion is an extremely important morphogenetic process since it is one of the main factors of land degradation. Thus it becomes essential to determine which areas of greatest susceptibility to this process in order to take mitigating measures to avoid rapid degradation. Using multifactorial analysis that allows ArcGIS, we made a map of susceptibility to sheet erosion for the “Triangulo mineiro”, based on the analysis of several factors that influence this process: lithology, soil type, landforms, slope and land use. Keywords: laminar erosion, susceptibility, multifactorial analysis, soil degradation. INTRODUÇÃO

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ISBN: 978-85-99907-05-4 I Simpósio Mineiro de Geografia – Alfenas 26 a 30 de maio de 2014

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A ANÁLISE MULTIFATORIAL COMO MÉTODO DE ANÁLISE DA SUSCETIBILIDADE À EROSÃO LAMINAR: O EXEMPLO DO

TRIANGULO MINEIRO

Carlos Felipe Nardin [email protected]

Mestrando em geografia pela universidade federal de Uberlândia

António de Sousa Pedrosa [email protected]

Professor doutor da Universidade Federal de Uberlândia

Área: Geografia Subárea: Geoprocessamento e aplicações

RESUMO

A erosão laminar é um processo morfogenético extremamente importante já que é um dos

principais fatores de degradação dos solos. Deste modo torna-se fundamental determinar quais

as áreas de maior susceptibilidade a este processo, no sentido de tomar medidas mitigadoras a

fim de evitar uma rápida degradação dos solos. Usando a análise multifatorial que o ArcGis

permite, elaboramos um mapa de susceptibilidade á erosão laminar para o Triângulo mineiro

com base na análise de diversos fatores que influenciam este processo: litologia, tipo de solos,

formas de relevo, declive e uso da terra.

Palavras chave: Erosão laminar, susceptibilidade, análise multifatorial, degradação de solos.

ABSTRACT

The sheet erosion is an extremely important morphogenetic process since it is one of the main

factors of land degradation. Thus it becomes essential to determine which areas of greatest

susceptibility to this process in order to take mitigating measures to avoid rapid degradation.

Using multifactorial analysis that allows ArcGIS, we made a map of susceptibility to sheet

erosion for the “Triangulo mineiro”, based on the analysis of several factors that influence this

process: lithology, soil type, landforms, slope and land use.

Keywords: laminar erosion, susceptibility, multifactorial analysis, soil degradation.

INTRODUÇÃO

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Um dos processos de vertente mais importante no sentido de explicar a erosão de

solos é o escoamento superficial, sua escorrência, é um dos processos

morfogenéticos mais importantes responsáveis pela evolução das formas de relevo.

Este conceito é entendido como o fluxo de água que se movimenta pela superfície do

alto para a base das vertentes e que apresenta várias fases hierarquizadas de

desenvolvimento (CLAUZON et al., 1971). Sua manifestação é dependente da

continuidade e da intensidade do episódio chuvoso e da velocidade de infiltração

(Neboit, 1991). No entanto, não podemos negligenciar a influência das condições

topográficas, litológicas, climáticas, edáficas e, ainda, e, ainda do uso da terra (WHITE,

1986; VOGT, 1989; PEDROSA, et al. 2001ª).

Segundo Birot (1981), o escoamento superficial pode se manifestar de dois modos

distintos: concentrada e difuso. Lima (1989) considera ainda dois tipos de escorrência

em manto (overlandflow): o “sheetflow” cujo fluxo pode ser laminar ou turbulento e o

“sheetflood” que é caracterizado por um fluxo turbulento.

A escorrência difusa se caracteriza pelo aparecimento de múltiplos fios de água

instáveis e anastomosados que vão se modificando ao longo de um período de

atividade, assim como de um período a outro, não deixando formas vigorosas e

duráveis no terreno. Birot (1981) afirma que a sua capacidade de transporte se limita

às argilas e limos. Por isso, Neboit (1991) não tem dúvida em considerá-la como o

vírus do solo, já que o seu comportamento seletivo, para além de arrastar os

elementos mais finos e, como tal, os mais úteis ao desenvolvimento biológico das

plantas, permite, também, a evacuação de uma grande percentagem de matéria

orgânica. Este último autor considera que os materiais transportados pelo escoamento

superficial difuso possuem um teor em matéria orgânica muito superior àquele que se

encontra nos solos. Este processo leva ao empobrecimento dos mesmos e, como tal,

a uma diminuição da sua produtividade.

A escorrência concentrada se define pelo escoamento linear da água cuja principal

consequência é o surgimento de ravinas nas vertentes, inicialmente mal

hierarquizadas, podendo constituir, após certa evolução, uma rede bem ramificada,

chegando a atingir uma profundidade de ordem métrica (BIROT, 1981; PEDROSA et. al.,

2001b). Caracterizam-se por possuir uma atividade episódica diretamente relacionada

com a precipitação e, mais concretamente, com a sua intensidade e duração do

episódio chuvoso.

Os diferentes movimentos individuais de partículas terão também de ser estudados já

que possuem consequências geomorfológicas importantes. O “splash” é um processo

que atua fundamentalmente ao nível de desagregação do solo. Young (1960)

considera-o mais poderoso que o escoamento superficial, apesar de relativamente

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menos importante como agente de transporte. O impacto das gotas de chuva sobre o

solo permite a sua desagregação em pequenos fragmentos que saltam e se deslocam

em qualquer direção, apesar de, num plano inclinado, a proporção de partículas

deslocadas para jusante seja maior do que para montante (BIROT, 1981). Esta é uma

das principais consequências deste processo na geodinâmica das vertentes. Este

processo ao desagregar os solos, torna-se fundamental já que ao libertar as partículas

deixa-as vulneráveis para o seu transporte. Assim, a ação de transporte do

escoamento superficial para além de ser facilitada torna-se mais eficaz.

A destruição da cobertura vegetal tem como consequência o forte incremento do

escoamento superficial e, como tal, o aumento do processo erosivo por ação laminar

das águas sobre os solos. Assim, por exemplo, após os incêndios florestais ou após a

lavra dos campos de cultivo, o solo ao ficar completamente descoberto, passa a sofrer

diretamente o impacto das gotas de chuva, cuja ação erosiva se torna maior já que se

faz sentir de uma forma direta, no levantar das partículas e, de uma forma indireta, ao

prepará-las para sofrerem a ação da água de escorrência, no seu trabalho

fundamental de transporte. Significa, então, que o homem, na sua ação sobre o

território é um dos principais agentes que contribui para que se verifiquem altas taxas

de erosão laminar dos solos. De fato, o homem, como utilizador e explorador dos

recursos naturais da superfície da Terra ao longo da sua história e, mais

concretamente, nestes últimos séculos, é, sem dúvida, um influente fator e, ao mesmo

tempo, um agente com forte capacidade de intervenção na morfogênese (REBELO,

1977, 1991, 2001; NEBOIT, 1979, 1990; BÜCKNER, 1986; GOUDIE, 1990; PEDROSA,

1994, 1997, 2012).

A atuação do homem é cada vez mais, um dos fatores fundamentais na evolução

geomorfológica e a sua ação pode inserir-se na dinâmica dos ecossistemas, de que,

aliás, faz parte, ou pode assumir um papel de ruptura no equilíbrio ambiental existente,

alterando a atuação dos processos morfogenéticos. Em casos mais extremos, pode

provocar o surgimento de processos que não teriam razão de existir se considerasse,

apenas, sua dinâmica natural. Lamentavelmente, o homem provoca quase um efeito

de rompimento do equilíbrio dinâmico das forças da natureza. Deste modo torna-se

importante conhecer a sua atuação sobre o território de forma a determinarmos as

situações de maior gravidade em termos de suscetibilidade e de risco de erosão de

solos e, assim, podermos propor medidas de correção da sua atuação contribuindo

para uma maior sustentabilidade dos ecossistemas.

A ação do homem na área do Domínio Morfoclimático do Cerrado no Brasil tornou-se

particularmente destruidora durante os últimos trinta anos do século XX, fato que

resultou de uma exploração mais profunda dos recursos naturais (RIBEIRO, 2002). Este

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problema levou-o à utilização de técnicas cada vez mais agressivas no intuito de

retirar o maior rendimento possível do meio natural, sem qualquer preocupação com

as consequências que, eventualmente, pudessem ter na dinâmica global dos diversos

processos morfogenéticos, nomeadamente na erosão laminar dos solos e, mesmo, na

dinâmica global do ecossistema.

As condições climáticas são também fundamentais para a compreensão deste

processo, principalmente as caraterísticas de precipitação na sua maior ou menor

concentração temporal e distribuição espacial.

A região do Triângulo Mineiro possui uma precipitação anual média em torno de 1489

mm e temperatura média anual estimada em 23,7 Cº (SILVA, 2010). A dinâmica

climática do Triângulo Mineiro é influenciado por diversos tipos de massas de ar

(tropical continental, equatorial continental, tropical atlântica e polar atlântica), que

condicionam os diversos tipos de tempo e, como tal, o tipo de precipitação,

fundamental para a compreensão dos processos morfogenéticos responsáveis pela

erosão dos solos. As caraterísticas de continentalidade e morfológicas da região são

elementos importantes para explicar as variações de precipitação e da própria

temperatura.

Podemos no entanto afirmar que o clima da região possui características tipicamente

tropicais, (DEL GROSSI apud NISHYAMA & RODRIGUES, 2001) com a presença de duas

estações bem definidas: i) uma seca que compreende, normalmente, os meses de

abril a outubro , ; ii) uma outra caracterizada pela presença de precipitações, variando

de 1300 a 1700 mm, registrando as maiores médias nos municípios de Cascalho Rico

e Prata (1660 e 1618 mm respectivamente), enquanto que as menores foram

registradas nos municípios de Tupaciguara (1352 mm) e Ipiaçu (1,379 mm) (Silva,

2010). Esta última estação corresponde aos meses de novembro a março, período

onde se concentra a maior parte das chuvas na região. Segundo a classificação de

Koppen, o clima da região é denominado como tipo mesotérmico ou CWa (NYSHYAMA

& RODRIGUES,2010).

Pretende-se com este trabalho contribuir para o conhecimento das áreas de maior

vulnerabilidade á erosão laminar dos solos no Triângulo Mineiro. Este trabalho de

diagnóstico poderá servir de base para apoiar eventuais medidas de correção ou

mitigação das técnicas que o homem usa na preparação dos terrenos para as suas

práticas silvo-agro-florestais.

MATERIAIS E MÉTODOS

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No sentido de desenvolvermos o modelo, numa fase inicial foi necessário selecionar

os fatores permanentes que consideramos mais importantes para definir a

susceptibilidade do território á erosão laminar dos solos, provocada pelo escoamento

superficial. Em função de trabalhos já desenvolvidos (PEDROSA et. al, 2012; ANDRADE

et al., 2012; ALLAN-SILVA et al., 2012 ) se levou em consideração o uso da terra, a

litologia, o tipo de solos, o declive e as formas de relevo. Para além de considerarmos

estes fatores permanentes como fundamentais para explicar a dinâmica de erosão

laminar dos solos, teremos de ter em linha de conta que também são aqueles que se

encontravam disponíveis para ser usados em Sistemas de Informação Geográfica e,

como tal, permitiriam a análise multifatorial de forma a determinar o grau de

susceptibilidade à erosão.

O trabalho foi desenvolvido através de técnicas de geoprocessamento, que consistiu

basicamente nas etapas de interpolação de dados georreferenciados, reclassificação e

sobreposição de layers. O modelo desenvolvido em ArcGis 9.3 (Weighted overlay) é

uma técnica onde se aplica uma escala de valores comum a fatores diversos e

diversificados de forma a criar uma análise integrada. A análise dos problemas

geográficos exige muitas vezes a ponderação de muitos fatores diversificados e este

modelo facilita a sua apreciação e ponderação integrada, por sobreposição de mapas

em formato raster reclassificados, que geram um produto final, que no caso presente

se refere ao mapa de susceptibilidade á erosão laminar.

Permite, ainda, uma análise dos fatores diferenciada, facto extremamente relevante,

pois na realidade nem todos possuem a mesma importância para a compreensão do

problema.

A ferramenta Weighted Overlay permite ter em consideração os diversos fatores

analisados, assim como, as diversas relações entre eles. Reclassifica os valores nos

rasters de entrada para uma escala comum de avaliação da aptidão da preferência de

risco ou, então, em alguma escala semelhante unificadora. Os dados raster de entrada

são ponderados pela importância e somados para produzir um mapa de saída. As

etapas são as seguintes:

i) Para a finalização do modelo teremos de escolher a escala de avaliação

numérica que pode a ser as predefinidas no ArcGis ou então escolher uma

outra escala adequada aos nossos propósitos. Os valores que se obtêm

numa extremidade da escala representam um extremo de adequação (ou

outro critério); valores do outro lado representa o outro extremo.

ii) Aos valores das células de cada raster de entrada na análise são atribuídos

valores da escala de avaliação procedendo-se á reclassificação dos

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rasters. Isto torna possível a realização de operações aritméticas entre os

diferentes rasters que originalmente possuíam valores diferentes;

iii) Para cada raster de entrada pondera-se uma percentagem tendo como base a

sua importância para o modelo. A soma dos valores ponderados para todos

os mapas raster terá de ser obrigatoriamente de 100%;

iv) Os valores das células de cada quadrícula dos rasters de entrada são

multiplicados pelo valor ponderado que lhe foi atribuído;

v) Os valores das células resultantes são somados para produzir o resultado final,

ou seja o modelo neste caso de susceptibilidade.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

As rochas predominantes no Triângulo Mineiro correspondem a diversos tipos de

Arenitos que ocupam cerca de 47% da macrorregião que estamos a tratar. Destes

destacam-se os Arenitos fanglomeráticos e vulcanoclásticos (da formação de Marília)

e os Arenitos finos e argilitos pertencentes á formação de Uberaba (PACHECO &;

NISHIYAMA s/d). Dado as suas caraterísticas de rochas predominantemente arenosas

foram consideradas de susceptibilidade moderada a elevada no seu contributo para a

compreensão da erosão laminar.

Os basaltos são a segunda rocha mais representada (16,2%) e correspondem á

formação da “Serra Geral” (WHITE, 1908) inserida num grupo S. Bento (KAEFER, 1979),

cujas caraterísticas se relacionam com os derrames intrusivos que ocorreram durante

o Cretáceo inferior e que recobrem a bacia do Paraná (MELFI et al., 1988), abrangendo

toda a região centro-sul do Brasil e estendendo-se ao longo das fronteiras do

Paraguai, Uruguai e Argentina. Esta unidade está constituída dominantemente

por basaltos e basalto-andesitos de filiação toleiítica.

Foram considerados de susceptibilidade moderada no seu contributo para a erosão

laminar. Naturalmente se o afloramento de basalto não se encontrar intemperizado o

seu contributo é claramente inferior já que as águas do escoamento superficial não

poderão atuar com eficácia na remoção dos elementos constituintes da rocha. A razão

porque foram considerados moderamente susceptíveis resulta do fato de, na sua

maior parte, existe certo intemperismo pelo que se torna possível à mobilização de

elementos pelo escoamento.

O complexo de xistos e filitos de Araxá, ocupam cerca de 13,6% da área do Triângulo

Mineiro e foram considerados de média susceptibilidade para o modelo de análise da

erosão laminar. Este grupo é constituído por nappes de metassedimentos com rochas

vulcânicas associadas (SEER, et al, 2001).Ocorrem, ainda, rochas granitóides

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sincolisionais de fusão crustal (Granito Jurubatuba Granitóide do cinturão Brasilia), que

consideramos com elevada susceptibilidade no processo de erosão laminar já que

apresentam um grau de intemperismo elevado.

Simões e Navarro (1996,1997) concluíram que a evolução estrutural dos grupos

Araxá, Ibiá e Canastra, na região de Araxá, é similar à da Nappe de Passos (SIMÕES

1995, VALERIANO 1993, VALERIANO et al. 1994, 1996), e descrevem uma estrutura

sinformal regional que denominaram Sinforma de Araxá.

Para Seer (1999) os grupos representam terrenos tectono-estratigráficos, separados

por zonas de cisalhamento, sem vínculos genéticos entre si e provenientes de regiões

geográficas distintas reunidas por colisão ocorrida entre 630 e 600 Ma (SEER, 1999) no

sector meridional da Faixa de Brasília.

Deste modo as rochas constituintes da denominada sinforma de Araxá, mostra-se

extremamente diversificada sendo de salientar que o Grupo Araxá compõe-se

essencialmente de “metamorfitos de fácies epidoto-anfibolito, consistindo

essencialmente de micaxistos e quartzitos com intercalações de anfibolitos (SEER et

al., 2001) ", estes últimos subordinados. Estas rochas estariam sotopostas por um

embasamento constituído de gnaisses e granitos. O grupo Canastra formado é

formado por rochas metassedimentares compostas fundamentalmente por quartzitos e

filitos. A Formação Ibiá é composta por uma faixa de calcoxistos. Os xistos

apresentam-se classificados em calcosericita a clorita-xistos, adentrando estruturas

dobradas (PACHECO &; NISHIYAMA s/d). Assim, em função do tipo rocha foi atribuído

um nível de susceptibilidade maior ou menor que reflete as caraterísticas

mineralógicas, de textura e de dureza das diversas litologias, constituintes deste

complexo.

Salientam-se ainda em termos de importância percentual as argilas e siltitos (7,9%) da

unidade de Paraopeba que pelas suas características foram classificadas com

moderadamente susceptíveis á erosão laminar. Os filitos (6,9%) da unidade de

Paracatu foram entendidos como moderadamente susceptíveis.

Todas as restantes rochas que assinalamos apresentam-se residuais, não ocupando

grande percentagem de território no Triangulo Mineiro, pelo que não irão ter uma

grande influência no desenvolvimento do modelo a que nos propusemos. Salientamos

apenas os quartzitos que pelas suas caraterísticas foram considerados os de menor

susceptibilidade á erosão laminar.

Nas regiões tropicais os tipos de solos que influenciam de forma muito direta o

comportamento da erosão laminar. O seu índice de contribuição para o modelo

multifatorial foi baseado em outros trabalhos já desenvolvidos para esta região

(PEDROSA et. al, 2012; ANDRADE et al., 2012; ALLAN-SILVA et al., 2012) e em Santos

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(2008) em que faz a classificação dos solos em função da sua erodibilidade para o

estado de Mato Grosso.

Os solos que consideramos possuir um maior índice de susceptibilidade a este

processo foram os cambissolos e os neossolos. Enquanto que os primeiros na região

do Triângulo Mineiro são importantes, já que ocupam uma área de cerca de 17,8%, os

Neossolos correspondem apenas a 2,9%, o que, naturalmente a sua importância no

contributo para o modelo é menor. Os Cambissolos são constituídos por material

mineral com horizonte B incipiente subjacente a qualquer tipo de horizonte superficial

(JACOMINE, 2008-2009). Devido à heterogeneidade do material de origem, das formas

de relevo e condições climáticas em que são formados, as suas características são

extremamente variáveis. É, no entanto comum o estádio incipiente de evolução do

horizonte subsuperficial, que apresenta em geral, fragmentos de rochas permeando a

massa do solo e/ou minerais primários facilmente alteráveis (reserva de nutrientes),

além de pequeno ou nulo incremento de argila entre os horizontes superficiais e

subsuperficiais (MANZATTO et al, 2002)

Os neossolos são constituídos por material mineral, não hidromórfico, ou por material

orgânico pouco espesso, que não apresentam alterações expressivas em relação ao

material originário devido à baixa intensidade de atuação dos processos

pedogenéticos (JACOMINE, 2008-2009). Relacionam-se quase sempre com depósitos

sedimentares (planícies fluviais, sedimentos arenosos marinhos ou não) ou, então,

com regiões de relevo acidentado (MANZATTO et al, 2002).

Os argissolos e os plintossolos também foram considerados como importantes para o

desenvolvimento do modelo. Os primeiros ocupam também uma área significativa

nesta área (16,2%) enquanto que os segundos tem muita pouca representatividade.

Os argissolos também formam uma classe bastante heterogênea e que, em geral, cuja

caraterística comum é um aumento substancial no teor de argila em profundidade.

Apresentam-se bem estruturados com uma textura que varia de arenosa a argilosa

nos horizontes superficiais e de média a muito argilosa nos subsuperficiais (MANZATTO

et al, 2002), daí possuírem uma erodibilidade alta (SANTOS, 2008). Os plintossolos

apresentam uma diversificação morfológica e analítica muito grande, formados sob

condições de restrição à percolação da água, sujeitos ao efeito temporário de excesso

de umidade, de um modo geral, e apresentam sinais de má drenagem (JACOMINE,

2008-2009).

Os latossolos são a classe dominante no Triângulo Mineiro, ocupando cerca de 56,7%

da região. Apesar da distinção que fizemos no quadro os latossolos foram

considerados de baixa a média erodibilidade. São de textura variável, de média a

muito argilosa, geralmente muito profundos, porosos, macios e permeáveis, o que

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implica uma boa drenagem, apresentando pequena diferença no teor de argila em

profundidade. Apresentam-se em avançado estágio de intemperização, muito

evoluídos, como resultado de enérgicas transformações do material constitutivo. São

virtualmente desprovidos de minerais primários ou secundários menos resistentes ao

intemperismo (JACOMINE, 2008-2009, MANZATTO et al, 2002.)

Os restantes solos ocupam uma área pouco significativa nesta área já que não

atingem 4% do território possuindo, deste modo, pouco significado para a execução do

modelo, tendo sido a sua classificação baseada em função das suas caraterísticas

principais apresentadas por Santos (2008).

Os declives são um fator importante como condicionante da susceptibilidade á Erosão

laminar, como tem sido demonstrado em diversos trabalhos que procuram aplicar o

modelo multifatorial de análise (PEDROSA, et al. 2012; ALLAN-SILVA et al. 2012;

ANDRADE et al, 2012). Os declives que se mostram com maior importância para

explicar o desencadeamento deste processo são aqueles que se apresentam

compreendidos entre 12º e os 45º. Naturalmente que quanto menos for o declive

menor será a importância para o desencadeamento do processo em questão. No

Triângulo Mineiro os declives predominantes são os de baixo valor o que reflete de

uma forma muito clara o tipo de relevo predominante nesta área, ou seja, as

Chapadas e áreas planálticas, as colinas e as depressões a que denominamos de

fluvio-tectônicas. Os declives com valor superior a 12º correspondem a uma área

menor coincidindo com o domínio serrano de baixa altitude, dos morros, mas

fundamentalmente com os vales encaixados e vertentes escarpadas. Considerando a

distribuição dos declives no Triangulo Mineiro e a predominância de declives baixos,

certamente que não será um fator de grande influência no resultado final do modelo.

O mapa das formas de relevo que foram consideradas baseou-se nas categorias de

geodiversidade definidas para Minas Gerais elaborado pelo CPRM (MACHADO & SILVA,

2010) com algumas adaptações á área do Triângulo Mineiro que apresenta algumas

características especificas relacionadas com a sua estrutura litológica e, com o fato de

se encontrar inserida em dois grandes domínios geológicos: i) Bacia do Paraná na

parte mais ocidental; ii) Faixa Brasilia na área mais oriental desta região.

No domínio das “Chapadas e áreas planálticas” foram englobados todas as áreas que

constituem superfícies “tabulares alçadas” ou relevos soerguidos. São formas que se

apresentam com baixo declives ou então incipientemente dissecadas e representam

no Triângulo Mineiro cerca de 22,6% da sua área. Apresentam amplitude de relevo

que varia de 0 a 20 m e topos planos. Nessas formas de relevo, há franco predomínio

de processos de pedogênese, com frequente atuação de processos de laterização e

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ocorrências muito esporádicas de processos relacionados com a erosão laminar, pelo

que foram classificadas com baixo índice de suscetibilidade (MACHADO & SILVA, 2010).

Ainda de entre os baixos índices de susceptibilidade consideramos as planícies fluvio-

lacusrtres que no Triângulo Mineiro ocupam uma área muito pouco significativa.

Correspondem fundamentalmente a terraços fluviais de fundo de vale e constituem

zonas de acumulação atual ou subatual. Situam-se num nível mais elevado que o das

várzeas atuais e acima do nível das cheias sazonais, pelo que são pouco susceptíveis

á erosão laminar, facto que se acentua dado o predomínio de baixos declives (0-3º)

(MACHADO & SILVA, 2010).

O que consideramos de depressões fluvio-tectónicas representam apenas 6,9% da

área do Triângulo Mineiro tendo sido consideradas de média susceptibilidade.

Constituem superfícies planas a levemente onduladas em cuja génese se encontram

processos relacionados com a erosão fluvial, fortemente condicionados pela ação da

tectónica, algumas das quais poderão corresponder a grabens. Segundo Machado e

Silva, (2010) caracterizam-se por “um relevo suave ondulado extenso e monótono”,

mas não correspondem a relevos de colinas ou morros devido ás amplitudes de relevo

muito baixas e ao aparecimento de rampas de baixo declive. Verifica-se assim, na

atualidade, um equilíbrio entre os processos de pedogênese e morfogênese.

O domínio das colinas que representa cerca de 28,9% do território do Triângulo

Mineiro foram consideradas de média susceptibilidade, já que se constituem como

formas pouco dissecadas com vertentes convexas e topos amplos, de morfologia

tabular ou alongada (MACHADO & SILVA, 2010). Segundo os mesmos autores

predominam processos de pedôgenese “com ocorrência restrita de processos de

erosão laminar ou linear acelerada”.

Quanto ao domínio dos morros, também fortemente representados na área de estudo

(26,7%) pelas suas caraterísticas de vertentes convexas-côncavas e topos

arredondados ou aguçados foram considerados já com uma elevada susceptibilidade.

Apesar de existir um equilíbrio entre os processos de pedogênese e morfogênese

(MACHADO & SILVA, 2010) ocorrem frequentemente processos erosivos associados á

erosão laminar formando-se com frequência sulcos e ravinas.

O domínio serrano de baixa altitude também foi considerado de elevada

susceptibilidade a estes processos erosivos. Representa apenas uma área de 8,1% do

território do Triângulo Mineiro, localizando-se fundamentalmente na sua parte SE.

Corresponde a alinhamentos morfo-estruturais, maciços montanhosos, de tipo front de

cuestas e hogback. São formas acidentadas, com vertentes predominantemente

retilíneas a côncavas, escarpadas e topos de cristas alinhadas, aguçados ou

levemente arredondados, com sedimentação coluvial e depósitos de talude (MACHADO

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& SILVA, 2010). Nesse padrão de relevo há franco predomínio de processos erosivos

relacionados com o escoamento superficial.

Os vales encaixados e as vertentes escarpadas pelas suas caraterísticas de declives

elevados foram considerados de forte susceptibilidade á erosão laminar. Não são, no

entanto muito significativas na área do Triângulo Mineiro já que representam apenas

2,8% e 3,7% respetivamente, do seu território. Os vales encaixados correspondem

quase na sua totalidade ao vale do rio Aguari fortemente encaixado sobre as

chapadas e áreas planálticas. Pode significar uma retomada erosiva recente em

processo de reajuste ao nível de base regional. Há predomínio de processos de

morfogênese (formação de solos rasos), com atuação frequente de processos de

erosão laminar (MACHADO & SILVA, 2010). As vertentes escarpadas localizam-se em

ambiente serrano ou em áreas de degraus estruturais e rebordos erosivos associados

ás chapadas ou planaltos, são vertentes muitas vezes retilíneas onde predominam os

processos erosivos associados ao escoamento superficial, naturalmente relacionado

com os fortes declives que apresentam.

No que se refere ao uso da Terra, regra geral, todos os espaços se encontram

fortemente antropizados tendo desaparecido quase completamente a vegetação

natural que se relacionava com o cerrado (RIBEIRO, 2002). Assim atendendo ás

caraterísticas de cada uso consideramos as Lavouras temporárias como a classe mais

susceptível á erosão laminar. Ainda dentro de uma forte susceptibilidade foram

considerados as Lavouras, Lavouras e outros usos e os denominados usos

diversificados. Naturalmente deve-se ao fato de nestes terrenos serem exercidos

diversas atividades de revolvimento dos solos que facilitam a atividade erosiva,

principalmente durante a estação das chuvas. Representam cerca de 15% da região

do Triangulo Mineiro.

Os diversos tipos de pastagens ocupam 39% desta área, o que significa que é a

classe de uso mais bem representativa. Distinguem-se, no entanto diversas categorias

que consideramos já que, entendemos que podem ter comportamentos distintos, face

á susceptibilidade da erosão laminar. Assim, a categoria pastagens e outros usos

foram classificados como de elevada susceptibilidade já que os “outros usos” podem

influenciar o comportamento do escoamento superficial facilitando a erosão laminar

dos solos. No que se refere ás “pastagens” e “pastagens plantadas” dado que existe

uma cobertura permanente das herbáceas foram entendidas como de média

susceptibilidade á erosão laminar. As “pastagens naturais”, pelo fato de não se ter

remexido o solo, e existir também a cobertura herbácea foram entendidas como de

baixa susceptibilidade.

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Ainda dentro dos usos que consideramos de baixa ou muito baixa susceptibilidade,

englobamos as atividades de agropecuária de média densidade (25% a 50% de

ocupação por estabelecimentos agropecuários) e a agropecuária de baixa densidade

(inferior a 25% de ocupação por estabelecimentos agropecuários), pelo fato de

entendermos que são atividades que não remexem os solos e preservam, ainda, áreas

de vegetação natural do tipo cerrado, que acaba por ser um bom protetor natural dos

solos contra a erosão laminar, dada a sua elevada cobertura do solo seja por

herbáceas, seja por formações vegetais subarbustivas, arbustivas e, mesmo arbórea.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O mapa de susceptibilidade (Figura 1) que resultou da aplicação deste modelo ou

matriz de interpretação/previsão classifica em cinco graus distintos de intensidade

relativamente á erosão laminar: Muito Baixa, Baixa, Moderada, Elevada e Muito

Elevada. Os extremos apresentam uma pouca representatividade, dominando

claramente as classes Moderada e Elevada mostrando uma forte susceptibilidade no

Triangulo Mineiro de ocorrência do processo erosão laminar. Esta última é

fundamentalmente importante na parte montante da Bacia do rio Araguari, coincidindo

com o domínio geológico da Faixa Brasília e já também do cráton de S. Francisco.

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Figura 1: Mapa de susceptibilidade a partir de análise multifatorial Autor: Pedrosa, 2014

Relaciona-se com o tipo de solos que aí predomina (cambissolos e argissolos) e com

as formas de relevo dominantes nesta área, nomeadamente o domínio serrano de

baixa altitude, ás áreas onde predominam os morros, as vertentes escarpadas e os

vales encaixados.

A importância de um mapa de susceptibilidade á erosão laminar relaciona-se

prioritariamente com as estratégias de prevenção que os trabalhos sobre riscos e,

nomeadamente sobre riscos naturais, devem possuir.

Assim ao dar conhecimento das áreas com maior susceptibilidade para a ocorrência

deste tipo de fenómeno, onde pode estar associado o surgimento de sulcos e ravinas,

permite o desenvolvimento de estratégias de mitigação, associadas ao uso da terra,

que permitam controlar e minimizar os efeitos da erosão laminar. Em áreas onde a

prática agrícola é fundamental, como no Triangulo Mineiro, estas medidas terão de se

relacionar com as técnicas agrícolas utilizadas, principalmente quando o maquinário é

muito utilizado, com o tipo de produtos que se cultiva e a sua adequação ás condições

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edafo-climáticas da área e, ainda, á sobre exploração dos solos. Deve-se procurar,

assim formas de evitar o agravamento de erosão, procurando técnicas agrícolas

menos agressivas como por exemplo, utilizar um sistema de rotação de culturas e

formas de plantação/semeação que impliquem pouco remeximento dos solos

agrícolas. Se atenuação na utilização deste tipo de práticas não for suficiente, porque

a erosão, continua intensa, então deve-se introduzir medidas mais extremas de

conservação dos solos que passam pela construção de terraços em curvas de nível,

ou mesmo a introdução de controles ecológico-estruturais para prevenir e controlar o

escoamento concentrado e impedir o desenvolvimento de formas de ravinamentos

profundos.

Independentemente do grau de susceptibilidade á erosão laminar existem sempre

algumas medidas que se deverão ter em atenção: i) a existência permanente de

plantas no solo que facilita a infiltração em detrimento do escoamento superficial; ii)

evitar o sobre-pastoreio e o pisoteio do gado em vertentes de forte declive ou em solos

menos desenvolvidos; iii) utilizar o plantio direto, para evitar o remeximento profundo

dos solos e acelerar o processo de erosão; iv) manter áreas de plantas endógenas

quer ao longo dos rios quer em áreas de declive mais elevado de forma a facilitar a

infiltração do escoamento superficial e evitar o aparecimento de formas erosivas de

rápida expansão que levam á degradação dos solos.

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