a amÉrica latina e as relaÇÕes internacionais: o projeto
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A AMÉRICA LATINA E AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS: o projeto de integração de Simon Bolívar (1815-1826)
LATIN AMERICA AND INTERNATIONAL RELATIONS: the integration project of Simon Bolívar (1815-1826)
AMÉRICA LATINA Y RELACIONES INTERNACIONALES: el proyecto de integración de Simón Bolívar (1815-1826)
Vítor Rangel1
Letícia Carvalho2
Drielle da Silva Pereira 3 Resumo – O presente artigo tem por objetivo analisar o projeto integracionista de Simon Bolívar, líder máximo do processo de independências da América Espanhola. Nesse sentido, a abordagem busca compreender as motivações, ações e resultados das iniciativas empreendidas por Bolívar como forma de resistência à ameaça imperialista exercida por forças como a Europa, por meio da Santa Aliança e os Estados Unidos. Este estudo se insere no âmbito da História Política numa interlocução com a História das Relações Internacionais. Realizou-se uma pesquisa com fontes bibliográficas de cunho historiográfico e internacionalista em uma abordagem qualitativa e descritiva dos dados. O projeto idealizado por Bolívar fracassou, entretanto, percebe-se que após as conquistas da independência as ações de iniciativas para implementação do projeto bolivariano – cujo objetivo era a consolidação da liberdade e a ascensão como força política no cenário internacional – influenciaram as aproximações e digressões dos países latino-americanos ao longo dos séculos até a contemporaneidade. Palavras-chaves: integração. pan-americanisno. Imperialismo. Bolivarianismo. Simon Bolívar. Abstract - This article aims to analyze the integrationist project of Simon Bolívar, the top leader of the Spanish American independence process. In this sense, the approach seeks to understand the motivations, actions and results of the initiatives undertaken by Bolívar as a form of resistance to the imperialist threat exerted by forces such as Europe, through the Holy Alliance and the United States. This study falls within the scope of Political History in a dialogue with the History of International Relations. A research was carried out with bibliographic sources of historiographic and internationalist nature in a qualitative and descriptive approach to the data. The project idealized by Bolívar failed, however, it is clear that after the conquests of independence, the actions of initiatives to implement the Bolivarian project - whose objective was the consolidation of freedom and the rise as a political force on the international scene - influenced the approaches and digressions Latin American countries over the centuries to the present. Keywords: integration. Panamericanismo. Imperialism. Bolivarianism. Simon Bolívar. Resumen - Este artículo tiene como objetivo analizar el proyecto integracionista de Simón Bolívar, máximo líder del proceso independentista hispanoamericano. En este sentido, el enfoque busca comprender las motivaciones, acciones y resultados de las iniciativas emprendidas por Bolívar como una forma de resistencia a la amenaza imperialista que ejercen
1Graduado em História pelo Centro Universitário São José. Contato: [email protected].
2Graduada em História pelo Centro Universitário São José. Contato: [email protected]. 3Doutoranda em História (UFF). Mestra em Estudos Estratégicos da Segurança e Defesa (UFF). Docente na Rede Estadual do RJ (Seeduc-RJ). Docente no Centro Universitário São José. Contato: [email protected].
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fuerzas como Europa, a través de la Santa Alianza y Estados Unidos. Este estudio se enmarca en el ámbito de la Historia Política en diálogo con la Historia de las Relaciones Internacionales. Se realizó una investigación con fuentes bibliográficas de carácter historiográfico e internacionalista en un enfoque cualitativo y descriptivo de los datos. El proyecto idealizado por Bolívar fracasó, sin embargo, es claro que luego de las conquistas de la independencia, las acciones de iniciativas para implementar el proyecto bolivariano -cuyo objetivo era la consolidación de la libertad y el ascenso como fuerza política en el escenario internacional- influyeron en los planteamientos y digresiones. Países de América Latina a lo largo de los siglos hasta la actualidad. Palabras-clave: integración. Panamericanismo. Imperialismo. Bolivarianismo. Simón Bolívar.
INTRODUÇÃO
A presente pesquisa visa compreender as motivações, ações e resultados do
projeto de integração nos anos de 1815 a 1826, proposto por Simon Bolívar para
América espanhola. Em relação aos campos históricos, localiza-se na dimensão da
História Política em uma interlocução com a História das Relações Internacionais. Este
artigo baseia-se em fontes bibliográficas e tem como referencial teórico a integração
regional como forma de união política e econômica da América Espanhola, visando
sua inserção no cenário internacional numa articulação de interdependência. Esse
acordo de vontades busca solução uniforme numa conjuntura de imposição
imperialista, em que além das forças europeias, percebia-se o monroismo, doutrina
antagônica ao bolivarianismo dentro de uma perspectiva dicotômica do pan-
americanismo, tendo como égide os Estados Unidos para a primeira e uma entidade
supranacional vinculada ao bolivarianismo.
Este artigo se propõe a responder qual o objetivo do projeto de integração
política proposto por Simon Bolívar, para uma América Latina recém independente,
no âmbito das relações internacionais do século XIX, em que se buscava a segurança
econômica para fazer frente a um capitalismo avançado, e garantir um papel de
destaque na economia global, afastando assim as investidas de recolonização das
potências europeias, bem como da potência estadunidense. Para isso realizou-se
uma pesquisa com fontes bibliográficas de cunho historiográfico e internacionalista
em uma abordagem qualitativa e descritiva dos dados. Esse estudo se justifica pela
análise mais detalhada do projeto, como mais uma contribuição para os estudos
históricos, percebendo que o projeto de integração ajuda a entender as raízes
históricas do processo que está em voga na política externa latino-americana
contemporânea, uma influência secular de inspiração para os atuais blocos
econômicos.
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Em um primeiro momento, contextualizam-se as transformações ocorridas nas
Relações Internacionais do século XIX à luz da expansão napoleônica e seus efeitos
nas lutas de independência da América espanhola, em uma análise dos desafios do
pós-independência. Em um segundo plano observam-se as origens, influências e
experiências que moldaram as iniciativas de Simon Bolívar, fazendo um percurso
biográfico do então Libertador sem deixar de abarcar sua relevância no processo de
independência da América Espanhola, bem como os movimentos pós processo, que
buscava afastar o espectro imperialista. Como ponto precípuo, pretende-se apontar o
projeto integracionista como forma de resistência, à ameaça imperialista exercida por
distintas forças e principalmente o perigo da reconquista, em que desponta a
integração política bolivariana em observação conjunta de suas iniciativas para a
união pretendida, assim como o produto desse processo.
1. A AMÉRICA LATINA E A NOVA DINÂMICA DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS
NO SÉCULO XIX
1.1. A DINÂMICA DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS NO SÉCULO XIX:
EXPANSÃO NAPOLEÔNICA E SEUS EFEITOS NO CONTINENTE EUROPEU
No século XIX o sistema de equilíbrio, pautado em uma hegemonia de múltiplas
independências, que expressava as relações entre os Estados na Europa durante os
séculos XVII e XVIII, em substituição a hegemonia da Cristandade4, sofreu uma
ruptura que teve, por sua vez, impacto na dinâmica das relações internacionais
daquele período. A partir de então, as relações europeias teriam como base o arranjo
conhecido como hegemonia coletiva, fruto das mudanças promovidas pela chamada
Era das Revoluções (1789-1848). Segundo Eric Hobsbawm (2010), este período foi
composto por dois acontecimentos que erodiram as bases do Antigo Regime, a saber,
a Revolução Francesa e a Revolução Industrial.
4Segundo Amado Luiz Cervo na Idade Média, a Cristandade era o traço da sociedade que determinava conceitos, práticas de governo, autoridade e comportamento. Com o Renascimento e as Reformas Religiosas ocorre o enfraquecimento da Cristandade e a abertura para o estabelecimento de Estados territoriais sob mando fortalecido dos Reis que, por sua vez, vão integrar uma sociedade anti-hegemônica que tinha por objetivo maior autonomia em relação a Cristandade. Ver: CERVO, A.L. In: SARAIVA, F.F.S. (Org.). História das Relações Internacionais Contemporâneas: da sociedade internacional do século XIX à era da globalização. São Paulo: Saraiva, 2007.
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A Revolução Francesa tributária à Ilustração5 provoca efeitos significativos no
continente europeu e no resto do mundo em função da propagação dos seus ideais,
marcando juntamente com a Revolução Industrial, o que Eric Hobsbawm (2010)
identificou por Dupla Revolução6. Os insurgentes franceses defendiam que a
autoridade deveria basear-se na razão, e questionavam o caráter sagrado do poder
defendido pelos reis, pela aristocracia e pela Igreja. Pautavam ideais como liberdade
e constitucionalismo, sendo fortes defensores da separação entre Igreja e Estado.
A vitória do Terceiro Estado na França em 1789 não significou, por sua vez, o
início de tempos tranquilos, pelo contrário, a partir de então a sociedade francesa se
viu em meio aos dilemas relacionados aos rumos do processo revolucionário, bem
como, às ameaças internas e externas. O desequilíbrio causado diante desta
conjuntura acabou catapultando o Exército como um importante ator político na
França, afinal, ganhou prestígio ao enfrentar as forças externas da contrarrevolução
vindas das potências absolutistas e da Inglaterra aterrorizadas com o
desenvolvimento e alcance dos ideais iluministas em detrimento da monarquia
absolutista.
Será desse cenário que despontou Napoleão Bonaparte que, com apenas 24
anos, ascendeu ao posto de General do Exército após sucessivas vitórias contra as
forças contrarrevolucionárias. Seu prestígio chamou atenção de políticos do Diretório,
entidade que dirigia a França naquele momento da revolução, e dos girondinos que o
apoiaram em um golpe, que seria conhecido como o Golpe 18 de Brumário, fechando
a Assembleia Constituinte, dando início ao período Napoleônico. A República, a
imagem da Revolução e seus ideais na figura de Napoleão, além da urgência da
industrialização francesa, deixavam em estado de alerta os países absolutistas e a
Inglaterra, sua adversária secular, em pleno aumento e expansão econômica:
5De acordo com Salinas Fortes, expressões como Filosofia das Luzes, Iluminismo, filosofia da Ilustração são sinônimos de Ilustração. Trata-se de nomes atribuídos a um movimento cultural que domina a Europa Ocidental, especialmente a França, Inglaterra e Alemanha do final do século XVII até 1780 aproximadamente. Foi uma filosofia que combateu o regime absolutista e mercantilista, pregando liberdade econômica e jurídica, além da defesa da razão em detrimento das crenças religiosas que até então imperavam, bem como a valorização do homem. Ver: SALINAS FORTES, Luiz Roberto. O Iluminismo e os reis filósofos. Brasília: Editora Brasiliense, 1981. 6De acordo com Eric Hobsbawm o termo “Dupla Revolucao” compreende a analise da Revolucao Francesa (1789) e Industrial (1760), iniciadas na França e Inglaterra respectivamente, mas que se ampliou e alcançou grande parte do mundo. Ambas as revoluções foram responsáveis por grandes mudanças no mundo, a primeira pelo vocabulário político, e a segunda pela formação do mundo econômico. Ver: HOBSBAWM, Eric. A Era das Revoluções (1789 – 1848). São Paulo: Paz e Terra S.A, 2010.
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Mas não somente a estrutura de Estados europeus foi progressivamente desfeita. Junto aos exércitos franceses, marcharam também as instituições da França revolucionária. Elas foram desconstituindo a arquitetura das sociedades tradicionais do Antigo Regime, os três estados, suas ordens e privilégios, a servidão do mundo feudal e a estrutura política e administrativa, redesenhando e desfragmentando o mapa político europeu. (MORAIS, 2020, p. 72).
Napoleão colocava em jogo a sociedade europeia e o sistema de múltiplas
independências. Ao iniciar o seu processo expansionista, Napoleão tinha como
objetivo, além do fortalecimento do Estado francês, levar adiante os valores da
Revolução Francesa, seus ideais liberais, visando o enfraquecimento de seus
adversários, sobretudo, a Inglaterra. Obstinado a comprimir a economia inglesa,
institui o Bloqueio Continental a partir de 1806, que consistia no impedimento
comercial dos Estados da Europa Continental com a Inglaterra. Contudo, não logrou
o pleno objetivo, uma vez que os ingleses juntamente com outras entidades,
estabelecem o contrabando de mercadorias. O bloqueio napoleônico impulsionou a
Inglaterra a buscar novos mercadores consumidores.
1.2. RELAÇÕES INTERNACIONAIS NA AMÉRICA ESPANHOLA: AS LUTAS POR
INDEPENDÊNCIA
Por mais de três séculos parte do continente americano, com destaque para o
sul7, esteve sob a supremacia Espanhola. A estrutura agrária da economia castelhana
impactava diretamente no crescimento econômico da América, pois limitava seu
desenvolvimento industrial e impedia o comércio direto com outras nações. Apesar
das profundas mudanças que vinham acontecendo nos séculos XVIII e XIX, a
Espanha permanecia na inércia com uma economia atrasada, em relação aos
avanços experimentados por outros Estados europeus. Entretanto, a expansão da
Revolução industrial e os avanços políticos do mundo capitalista fomentaram na
7Conforme afirma Leslie Bethell esse destaque é estabelecido pela ampla dominação espanhola sobre o território da América Meridional, salvo o território português e as Guianas. O que não pode ser observado na América Central e do Norte dada às ocupações por uma maior variedade de potências europeias e as dinâmicas nas mudanças de dominação. Ver: BETHELL, L. M. (Org.). História da América Latina: da independência a 1870, volume III. Tradução por CESCATO, M.C. São Paulo: EDUSP, 2004.
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Espanha a necessidade de modernização da sua economia, sociedade e
instituições.8
De acordo com Bethell (2004), além do atraso econômico, a América
Espanhola era marcada por configurações sociais próprias. Sua sociedade operava
sobre uma configuração desigual, os grupos que exerciam o poder eram formados por
uma minoria dividida entre a administração, a igreja e a elite local, em contrapartida,
os negros, mestiços e índios localizados nos setores mais baixos dessa hierarquia,
constituíam a maioria da população. As oligarquias locais no século XVIII, composta
por uma maior parcela de criollos9 e uma pequena porção de peninsulares10,
estavam muito bem estabelecidas. Com a fragilidade do governo espanhol e a
necessidade de renda em razão do seu atraso econômico, a Coroa passou a ofertar
a venda de títulos que possibilitava a elite criolla ocuparem altos cargos na
administração local, o que promovia sua ascensão política e econômica.
A formação de uma administração quase que independente da metrópole
preocupava os Bourbons, e para conter esses avanços implementaram medidas
reformistas que incluía a abolição do sistema empreendido pelos criollos, estes
suprimidos dos seus cargos em benefício dos intendentes atribuídos pela coroa a
fiscalização da administração das colônias, o que resultou em um período de agitação
contra o novo absolutismo espanhol, sabotado dentro das próprias possessões.
8Em conformidade com Xavier Guerra, acima da forte trama municipal, a única política mais ampla que se encontra em algumas regiões da América Espanhola é o reino. No lado oeste do Atlântico a palavra reino é definida pelo autor, como unidade política que engloba múltiplas comunidades locais, em um território com as mesmas instituições e governo, num sentido de unidade moral, pertencimento a um território, e que também abarca uma diferença comum com comunidades análogas, uma comunidade imaginada. Tanto os espanhóis quanto os índios lançavam mão sobre o uso do termo ao se referirem: ao México como Vice-reino da Nova Espanha; ao Vice-reino do Peru, bem como os Vice-Reinos do Rio da Prata e da Nova Granada além das capitanias gerais: Guatemala, Quito e Chile. Internamente não havia esfera secundaria transitória, a divisão era feita basicamente por cidades em que as principais se comportavam como centro de poder de uma região. Estas cidades, segundo Xavier, eram uma pequena “república” com seu territorio, instituicões e governos próprios, um centro administrativo: Cabildo. Suas instituições eram centradas em uma praça maior em que se erguem as sedes dos poderes: igreja principal, cabildo e a residência das mais altas autoridades monárquicas. Ver: Ver: XAVIER GUERRA, F. A nação na América espanhola: a questão das origens. Tradutor: Marco Morel. Rio de Janeiro: Revista Maracanan, v. 1, n.1, 1999. 9De acordo com Leslie Bethell, os criollos eram homens brancos nascidos nas colônias espanholas, recorte espacial do artigo. A expressão em questão abarca tambem os demais homens brancos, europeus, nascidos fora do território europeu. Ver: BETHELL, L.M. (Org.). História da América Latina: da independência a 1870, volume III. Tradução por CESCATO, M.C. São Paulo: EDUSP, 2004. 10Segundo Leslie Bethell os peninsulares eram homens nativos da Espanha que viviam em território americano. Ver: BETHELL, L.M. (Org.). História da América Latina: da independência a 1870, volume III. Tradução por CESCATO, M.C. São Paulo: EDUSP, 2004.
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Para Bethell (2004), os criollos sob a influência da filosofia iluminista
representavam uma consciência profunda e a concepção de que eram americanos e,
não espanhóis. Porém, segundo Anderson (2008), as ideais iluministas, por si, não
justificam o desenvolvimento de uma consciência nacional. Para essa tarefa o papel
histórico decisivo foi desempenhado pelos funcionários-peregrinos11 e impressores
locais12. Embora as forças profundas, como os fatores geográficos, que limitavam a
locomoção e em último grau contribuíram para a desintegração da Grã Colômbia de
Bolívar, os funcionários-peregrinos, bem como mais tarde a chegada da imprensa
local, antes sob a égide da Igreja e agora sob julgo do Estado, desempenhavam a
importante função de transportar informações e valores de uma colônia para outra,
estabelecendo uma ligação entre indivíduos que provavelmente jamais se
conhecerão, mas que apesar das diferenças, passariam a ser unir a partir de
elementos comuns, como a religião e a língua, formando o que Anderson denominou
como uma Comunidade política Imaginada, inerentemente limitada e, ao mesmo
tempo, soberana.
Essa união em torno dessa comunidade imagina ao que diz respeito de ser
americano, passa pelo processo de fomentação de um nacionalismo incipiente tendo
em vista o tratamento e os privilégios dos peninsulares recebidos da Coroa Espanhola
em detrimento dos criollos e das classes baixas. Essa incipiência nacional é gerada
pela crise de 1808 em que a Espanha é invadida por Napoleão, ficando assim a coroa
acéfala e sem, segundo Xavier Guerra (1999), o elo da ligação vertical da América ao
mundo hispânico, o rei. Um cenário para uma revolução se forma ao passo que, na
11Segundo Benedict Anderson os funcionários peregrinos foram criados pelas monarquias absolutistas e, mais tarde, se expandiram pelos Estados imperiais mundiais com sede na Europa, ficando sob a égide da Igreja, usada como mecanismo de controle pela Coroa. O absolutismo tinha como objetivo criar um aparato estatal unificado e controlado diretamente pelo governante, proporcionando o encontro de homens que, apesar do solo que os separavam, eram orientados pela mesma entidade, o Estado absolutista. Na América espanhola esses funcionários atuaram como um meio de comunicação extremamente importante numa época anterior à imprensa, promovendo o contato entre as regiões do vasto império Espanhol. Ver: ANDERSON, Benedict. Comunidades Imaginadas. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. 12Conforme afirma Benedict Anderson as oficinas tipógrafos chegaram à América espanhola, ainda
que de modo gradual, já na segunda metade do século XVIII. Um fenômeno essencialmente estadunidense que surgiu como elemento chave da vida intelectual comunitária dos EUA. Os jornais impressos, englobado de um caráter local, permitia o desenvolvimento da consciência de que os habitantes de determinada província compreendesse a existência de mundos paralelos aos deles, pois devido á vastidão do império hispano-americano e ao isolamento das suas partes constituintes, tornava-se difícil imaginar uma simultaneidade. Ver: ANDERSON, Benedict. Comunidades Imaginadas. São Paulo: Companhia das Letras, 2008.
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busca pela representatividade e defesa diante de Napoleão, levou os habitantes a
assumirem os poderes detidos pelo rei.
Xavier Guerra (1999) aponta um problema em relacao aos “povos” que de
acordo com o autor precede a nação, no caso às cidades principais que formam juntas
de governo e assumem a soberania e as reuniões a caminho de uma unidade política
superior. Em suma, nesse processo de ruptura e transformações o nacionalismo
incipiente estava diretamente ligado à elite criolla em detrimento das classes baixas,
a margem das resoluções. Logo nação na América insurgente deriva de um pacto
entre as elites locais, sem base cultural, mas essencialmente política, pois a única
identidade existente era a de serem americanos, ainda que não fosse um sentimento
concreto. Xavier Guerra (1999) ainda aponta que as classes baixas continuavam
como referência abstrata em proveito do indivíduo-cidadão com seu destaque e
privilégios.
Bethell (2004) aponta, que o movimento iluminista introduzido no centro político
pela Revolução Francesa e a independência dos Estados Unidos, inspirou nos criollos
a adoção de condutas e ações inclinadas em uma preferência pela razão, forneceu
algumas das ideias que inspiraram os processos de independência da
Hispanoamérica e tornou-se um elemento fundamental do liberalismo latino-
americano no pós-independência. Alguns criollos se destacaram por transformarem
seus ideais em ação política, entre eles, Simon Bolívar e seu companheiro de luta San
Martín. Esses adquiriram em suas viagens à Europa e nas leituras como: Hobbes,
Locke, Montesquieu, Voltaire e Rousseau, uma devoção à razão, à liberdade e à
ordem, que os acompanharam em suas lutas pela independência de parte da América
espanhola.
A Revolução Industrial na Inglaterra promoveu um alto crescimento mercante
que exigia mais matéria-prima e mercado consumidor. Além disso, posteriormente, o
bloqueio continental imposto por Napoleão sobre os ingleses incitava ainda mais a
necessidade de novos mercados. Nessa perspectiva, o comércio com a América
espanhola significava um ótimo negócio, não só para exportação das suas
manufaturas, mas para importação de produtos primários, o que fez com que a
Inglaterra desejasse expandir sua relação comercial com as possessões espanholas
sem o intermédio da metrópole.
Para Bethell (2004), isso foi possível dada escassez de bens de consumo e de
produtos básicos na América espanhola, acentuada pela guerra Anglo-espanhola
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(1796-1805) motivada por questões econômicas, e a aproximação da Espanha com a
França. O comércio colonial ficou quase completamente entregue aos estrangeiros,
entre eles, indiretamente, os ingleses, cujas mercadorias inicialmente entravam no
país por intermédio dos Estados neutros. Posteriormente com a imposição do bloqueio
total nos portos hispano-americanos a transação comercial das colônias espanholas
com a Inglaterra tornou-se direta, e nessa conjuntura o governo espanhol temia perder
o controle da região.
Ao estabelecer linhas ativas de negócios com os estrangeiros, especialmente
com a Inglaterra e os Estados Unidos, os hispano-americanos perceberam as
vantagens que lhes havia sendo negada pela Espanha. Essas relações influenciaram
diretamente no desenvolvimento econômico da América Espanhola, e no final do
século XVIII tudo o que restava era o controle político, e mesmo esse estava sob
crescente tensão.
Conforme Bethell (2004), a investida napoleônica sobre a península ibérica no
início do século XIX submeteu a Espanha uma série de reajustes políticos que atingira
suas possessões na América. Os esforços da metrópole para manter sua
independência nacional a deixavam sem recursos necessários para resolver os
problemas de política externa. A renúncia de Carlos IV e o estabelecimento de José
Bonaparte no poder central produziram uma crise de legitimidade política na América
espanhola, pondo em questão a estrutura do poder e sua distribuição entre os
funcionários reais e a classe governante local. Por fim, o declínio do sistema político
espanhol unido a independência econômica das colônias em relação à metrópole, e
as questões sociais repercutiram no fim do domínio colonial que, em meio aos
desafios, abre caminhos para os processos de independências e o surgimento da
América Latina.
1.3. DE AMÉRICA ESPANHOLA PARA AMÉRICA LATINA: OS DESAFIOS PÓS-
INDEPENDÊNCIA
Os levantes por independência, espalhados em quase toda América espanhola,
no início do século XIX, somado às condições políticas e econômicas do
subcontinente, resultaram na separação da Espanha, e com isso a necessidade de
construir Estados novos viáveis. O sistema erigido pela elite criolla consentia na
transferência do poder por meio das eleições a fim de atestar as liberdades individuais.
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A desintegração das instituições políticas, econômicas e sociais inserida pela
antiga metrópole foi uma consequência não só das guerras de independência e dos
conflitos regionais, mas também da ideologia liberal que predominava no centro
político da América Latina. Na esfera política a transformação não ocorreu apenas de
monarquia para república, mas também nas estruturas centralizadas, pois a maioria
das elites políticas responsabilizava o atraso econômico dos países hispano-
americanos a hegemonia de instituições e políticas espanholas liberais, e procuraram
eliminar as estruturas coloniais que insultava os princípios do liberalismo.
Além das demandas internas que preocupavam a formação dos novos Estados
e de sua manutenção, a então América Latina se depara com novas forças que
ameaçava sua soberania: Quádrupla Aliança, juntamente com a Santa Aliança. Nessa
dinâmica de alinhamento e integração da região à economia internacional, três
caminhos se mostraram mais eminentes: o alinhamento à economia inglesa13, o
monroismo14 e o bolivarianismo15, sendo este nosso obejeto de análise e que por
sua vez está ligado a Simon Bolívar tido como herói da libertação e que buscava a
integração regional possibilitando, segundo ele, a relação de interdependência no
âmbito da economia mundial.
2. SIMON BOLÍVAR: DAS ORIGENS AO PÓS-INDEPENDÊNCIA
2.1. AS RAÍZES DO LIBERTADOR: BREVE PERCURSO BIOGRÁFICO
José Antonio de la Santíssima Trindad Simón Bolívar y Palácios nasceu na
cidade de Caracas, em 24 de julho de 1783, herdeiro de uma rica e tradicional família
de fazendeiros de cacau. Órfão desde muito cedo, foi criado pelo avô que lhe
proporcionou uma educação baseada nos preceitos liberais confiado ao preceptor
Simón Rodriguéz.
Durante sua estadia na Europa para conclusão de seus estudos, Bolívar terá
contato com as ideias iluministas. Na Espanha conheceu e casou-se com María
Teresa Del Toro que veio a falecer após oito meses de casados, já em solo
venezuelano fruto de enfermidade contraída em terras americanas. Após a morte de
13 O tema será aprofundado posteriormente na seção III 14 O tema será aprofundado posteriormente na seção III 15 O tema será aprofundado posteriormente na seção III
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sua esposa retorna ao continente europeu, passando pela França onde participou da
coroação de Napoleão, Itália em que fez o famoso juramento do Monte Sacro16. Por
fim foi aos Estados Unidos, cujo processo contribuiu para a formação do pensamento
e inspiração bolivariana em conformidade com os ideais da Ilustração.
Um dos nomes mais conhecidos da história sul-americana, Simón Bolívar, foi
um líder político e militar, tendo chefiado as lutas de libertação da Venezuela, Equador,
Panamá, Peru e Bolívia do domínio espanhol. Entre idas e vindas da Europa, instalou-
se por definitivo na Venezuela, em 1807, onde é considerado um herói nacional até o
presente momento, por seu intenso envolvimento com o processo independentista do
país.
2.2. O PAPEL DE BOLÍVAR NOS PROCESSOS DE INDEPENDÊNCIA DA
AMERICA ESPANHOLA
Segundo Prado e Pellegrino (2020), para se compreender o processo de
independência das colônias espanholas, é preciso computar fatores tanto de ordem
econômica, social, como cultural, religiosa, jurídica e política. Esses fatores somados
as vontades individuais e coletivas de homens e mulheres que fizeram suas escolhas
e decidiram envolver-se em uma longa guerra que terminaria na sua separação da
Espanha, contribuíram para a autonomia da America hispânica frente ao jugo dos
espanhóis.
Embora algumas lideranças locais opunham-se ao processo de independência,
Prado e Pellegrino (2020), apontam que a insatisfação dos mais diversos setores
coloniais com relação à má administração espanhola era evidente, e as elites
gradualmente expressavam suas inquietações através do estabelecimento das Juntas
autônomas. Um movimento que se apresentou, inicialmente, didático, aos poucos
sofreu alterações, até chegar à radicalização e atingir a luta armada, separando o
império colonial entre rebeldes e defensores da coroa real. Os exércitos insurgentes
conquistaram muitas vitórias sobre as forças realistas, e as lideranças militares que o
comandaram desempenharam um papel extremamente importante. Os dois grandes
16Local na Itália, nos arredores de Roma para onde a peble se retirava em suas rebeliões. Bolívar na companhia de seu antigo mestre Simón Rodrigues, profere o juramento de libertar toda a América Espanhola do jugo ibérico percebido ai como uma incipiência do Bolívar revolucionário. Ver: FIGUEIREDO, A.G.B. Simon Bolívar: uma persistência latino-americana. Dissertação (Doutorado em História) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2015.
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generais que se destacaram na América do Sul foram o argentino José de San Martín
e o venezuelano Simon Bolívar conhecido como “Libertador”.
Bolívar participou, desde o início, dos movimentos pela independência da
Venezuela, alcançada em 1811, sendo o primeiro território da América Hispânica a
declarar emancipação frente a Coroa17. Em 1819 foi declarada a independência do
Vice-reinado de Nova Granada e a união das principais províncias do norte:
Venezuela, Equador e Colômbia, constituindo a república da Grã-Colômbia, onde
Bolívar tornou-se o primeiro presidente.
As batalhas finais pela libertação da América do Sul sob o domínio dos
espanhóis aconteceram na serra peruana, local que servia de baluarte para as forças
realistas. As lutas pela independência do Vice-reinado do Peru, anteriormente
chefiada por San Martín, terminaram após a intervenção do exército bolivariano, com
a vitória da batalha de Ayacucho liderada pelo general José Antônio de Sucre, em
1824. Sucre por ser muito próximo de Bolívar, propôs que a região do Alto Peru
passasse a ser chamada de Bolívia. Após a derrota definitiva dos espanhóis em um
dos vice-reinados mais importantes do Império, quase todo continente rompera com
a metrópole, apenas as ilhas de Cuba e Porto Rico permaneciam sob o controle da
Espanha.
Nesse processo de independência da América Espanhola, Prado e Pellegrino
(2020), afirmam que diferentemente de San Martin que, apesar do talento para as
demandas militares, não dispunha de habilidades políticas para gerenciar os
problemas da então América Latina, Simon Bolívar lançou mão de articulações e
manifestações políticas na busca pela implementação de seu projeto integracionista.
Ocupou cargos executivos, trabalhou na elaboração de textos constitucionais, deixou
cartas, a exemplo a Carta da Jamaica, entre outros escritos, expressando suas ideias
e propostas para uma união latina americana que nasceu a partir do projeto de uma
constituição da liga que se formaria no Congresso do Panamá em 1826.
2.3. A TRAJETÓRIA DE BOLÍVAR NO PÓS-INDEPENDÊNCIA
17De acordo com Prado e Pellegrino, a república proclamada em 1811 não se manteve, e foi somente em 1821, após a batalha de Carabobo que a Venezuela conquistou sua independência. Ver: História da América Latina, 2020.
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De acordo com Figueiredo (2015) aos que pretendem observar o pensamento
de Simon Bolívar devem perceber que além um teórico da política, buscou arquitetar
uma nova ordem institucional diferente da América Colonial, em que se debruçou na
formulação e construção de um projeto que buscava um caminho próprio diante da
ameaça do espectro da reconquista, haja vista que a luz da invasão napoleônica ao
território peninsular, fora possível enxergar a liberdade à luz de um pensamento latino-
americano inerente, para o território cujo sentimento incipiente de nação como aponta
Xavier (1999) surgia entre os americanos. Algo que muitos já não aceitariam abrir
mão.
A obra do Libertador, assim consagrado, dividi-se em cartas, discursos,
constituições, entre outras produções, cuja produção é identificada num intervalo de
vinte anos: 1810 a 1830 em uma atuação pela formulação e aplicação política que
julgou necessária para a América já independente, objetivando a inserção econômica
da América Espanhola no âmbito internacional, com destaque para a região norte da
América Meridional.
O Juramento do Monte Sacro realizado na Itália, em 1805, pode ser
entendido conforme Figueiredo (2015), como ponto de partida importante para a
trajetória de Bolívar como revolucionário e seu projeto de integração. De volta a
Venezuela, presenciou uma convulsão social, que além das demandas do lado oeste
do Atlântico, teve relação direta com a invasão da Península Ibérica por Napoleão
Bonaparte, logo o enfraquecimento espanhol, que somado aos eventos locais como a
independência dos Estados Unidos, a Revolução Haitiana e a difusão do pensamento
ilustrado, conduz o que era agitação à um processo de independência.
Forças locais se organizam em uma junta autônoma de governo diante da coroa
acéfala, em que num primeiro momento não tem a participação de Simon, que
posteriormente se junta ao movimento. Entre vitórias e batalhas e a busca por ajuda,
o processo logra resultado positivo, embora temporário em 1811 constituindo assim a
Primeira República da Venezuela, o que de acordo com Prado e Pellegrino (2020) não
se sustenta, ao passo que as forças realistas assumem o controle do território,
obrigando Bolívar a fugir.
Ele se refugia em Cartagena onde escreve um manifesto, uma reflexão sobre
os caminhos que levou a ruína da primeira república. Posteriormente inicia nova
marcha levando-o e seu exército à vitória, iniciando-se assim o período da segunda
república da Venezuela iniciada em 1813, derrubada em 1814. Em nova fuga por não
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conseguir apoio, vai para Jamaica em que escreve a famosa carta objetivando aclarar
as ideias pretendidas e a importância da união das nações da América Meridional
como forma de proteger a soberania local, além de pretender apoio externo para o
processo, o que só acontece quando já no Haiti, recebendo apoio dos revolucionários
caribenhos, tendo como contrapartida a abolição da escravidão.
Bolívar retorna a Venezuela em 1816, já com o apoio do exército haitiano. Após
vitória, ele liberta os escravos cumprindo o que prometera a Alexandre Pétion, então
presidente do Haiti. Conquistou Angostura e estabeleceu a Terceira República. Em
1819 partiu para libertar a Nova Granada em que logrou vitória, estabelecendo assim
a República da Grã-Colômbia. De 1819 a 1830, Bolívar ocupou a presidência da Grã-
Colômbia em uma busca constante pela implementação de seu projeto de integração
da América Espanhola.
O projeto integracionista proposto por Bolívar, muito embora não tenha sido o
primeiro idealizado pelas lideranças americanas, visava a manutenção da
independência do continente, numa tentativa de afastar as forças que pudessem
comprometer o plano de união hispano-americano. Desse modo o programa pode ser
entendido como forma de resistência a essas frentes.
3. INTEGRAR PARA RESISTIR: A PROPOSTA BOLIVARIANA DE INTEGRAÇÃO
PARA AMÉRICA LATINA
3.1. RESISTÊNCIA VIA INTEGRAÇÃO POLÍTICA
O espectro da reconquista e as forças externas pairavam sobre a América
independente. Era preciso estabelecer formas de resistência à pressão extrínseca.
Umas das tentativas de resistir a esse ímpeto, seja das forças europeias ou próprias
da América, foi o projeto integracionista de Simon Bolívar. Contudo Bolívar não fora o
primeiro a estabelecer esse ideário. Segundo Figueiredo (2015) o projeto de forjar a
união dos estados, que surgiram após a independência da América Espanhola, é tão
antigo quanto os processos de independência.
Antes do Libertador, Francisco Miranda (1750 – 1816), uns dos precursores do
processo emancipacionista, já pensava a unificação da América espanhola em um
único grande estado que seria chamado de Colômbia e defendia um governo único
para todo o continente. Outro expoente dessa ideia foi José Cecílio Del Valle (1780 –
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1834), sendo este um dos principais líderes da República Centro-Americana. Este
desejava um congresso com deputados de todas as províncias da América espanhola,
fundando assim uma federação. Contudo não se concluiu, tendo em vista que a
própria região de que era líder, fundada em 1823 se fragmenta em 1838.
Apesar dos esforços das proposições antes elencadas, Figueiredo (2015)
afirma que o mais importante formulador desse primeiro integracionismo foi Simon
Bolívar, que sob influência de suas ideias e esforços políticos, realizou-se em 1826 o
Congresso Anfictiónico do Panamá.
O congresso entre as repúblicas hispano-americanas tinha como objetivo a
criação de uma autoridade supranacional, cujos elementos ideológicos principais
seriam o republicanismo e o anti-escravismo, o que colocava de lado o Brasil e os
Estados Unidos, isso sem levar em consideração a divergência cultural em relação à
herança da colonização. A palavra pátria pode ser entendida como lugar em que se
nasce ou se pertence como cidadão, no pensamento bolivariano seu sentido ganha
amplitude e passa a compreender toda a América Espanhola, objetivando uma
coletividade. Nesse sentido o projeto integracionista estaria amparado em uma nova
identidade: a americana.
O primeiro passo para o programa de Bolívar foram os tratados bilaterais entre
a Grã-Colômbia e os demais estados que surgiram na fragmentação do império
espanhol. Esses tratados prepararam o terreno para um acordo multilateral e a criação
de instituições integracionistas. Inicialmente limitou-se a um pacto militar em
decorrência da guerra que estava em curso, caminhando para ampliação em que, no
âmbito comercial facilitasse o trânsito de mercadorias entre os países parte, bem
como a taxação igualitária de importação e exportação. Em suma o tratado serviria
para sedimentar as bases para a constituição de um organismo de governo e
cooperação: uma permanente Assembleia de Plenipotenciários, que será discutida no
Congresso do Panamá.
Apenas a vitória sobre os espanhóis, não era garantia para a independência.
Derrota-los não era o bastante, tendo em vista o passado colonial. Então qual o
caminho a ser percorrido para garantir o projeto de liberdade? Dois ambitos se
apresentavam: local e mais amplo, em que o primeiro se trata da formação de
governos republicanos, mas central, indo ao encontro do Bolívar pragmático que
adequava às experiências e influências recebidas à realidade do continente. Sobre o
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âmbito macro, Bolívar tinha como meta, conforme Figueiredo (2015), uma “nacao de
repúblicas”, constituida de uma associação de governos livres:
A integração é apresentada como a solução necessária para a preservação da independência e da opção republicana em um mundo no qual essa opção era minoria e em que era seriamente considerada a hipótese de uma intervenção disciplinadora das forças da Santa Aliança na América. (FIGUEIREDO, 2015, p. 94).
Entende-se que a integração fortalecia os estados americanos, pois permitiria
uma atuação conjunta frente a essa ameaça, paralelamente em uma busca do
preenchimento do vácuo deixado por uma coroa acéfala. Desse modo destaca-se que:
Em 7 de dezembro de 1824, dois dias antes da vitória definitiva contra as forças realistas na Batalha de Ayacucho, Bolívar remete o convite à realização do Congresso Anfictiónico do Panamá, resultado de seu esforço político e diplomático realizado desde as negociações pelos tratados bilaterais. (FIGUEIREDO, 2015, p. 98).
Pretendia com essa convocação, constituir uma autoridade política superior aos
estados, oriundos do processo de independência, constituída em uma assembleia
composta por representantes de todos os Estados membros, pois como demonstra na
Carta da Jamaica, não acreditava na possibilidade de um governo central único, ainda
que monárquico, a julgar pela própria Espanha.
Uma vez que fosse estabelecido o acordo, o novo passo de Simon era o caráter
permanente da assembleia que seria composta por plenipotenciários, diplomatas que
deveriam se reunir periodicamente com o mesmo peso de representatividade, sob a
égide política-ideológica, que além da independência, tinha em comum a república
como forma de governo, ainda que não federalista, governo impessoal, submisso às
leis, isonomia, isto é, igualdade perante a lei, bem como difusão da educação
idealizando uma sociedade virtuosa.
Tais aspectos se configuravam nas experiências e influências recebidas
filtradas e adaptadas a realidade da América Espanhola. Outro ponto importante era
a abolição da escravidão, tanto a legal e ilegal. Essa inclinação era fruto, além da
influência da Ilustração, a promessa que fizera ao presidente haitiano que o apoio no
terceiro embate contra as forças realistas que lograra vitória, um reconhecimento pela
contribuição não só pela liberdade alcançada, bem com a construção do continente
americano. A abolição iria refletir diretamente na ascensão na pirâmide social dos
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mestiços, modificando assim parte das amarras que configurava a sociedade hispano-
americana em casta, uma verdadeira revolução para o contexto vivido.
Uma aliança econômica com a Inglaterra fora lançada como reforço para a
segurança necessária, a fim de que o conglomerado de novos países sedimentassem
e estabilizassem suas instituições políticas, fazendo frente a uma possível ameaça da
Santa Aliança as pretensões do Libertador. A ideia era de uma aliança com prazo de
validade. Outro ponto dessa aliança, era a garantia de reconhecimento da
independência, em que a contrapartida de Bolívar seria dar aos ingleses, acesso aos
mercados internos da comunidade hispano-americana.
Figueiredo (2015) estabelece que o projeto de Simon Bolívar, não fora utópico,
fruto exclusivo de sua razão, algo apenas imaginado, mas sim possível, lançando mão
da já estrutura deixada como herança pelo Império espanhol, uma federação de
reinos, substituídas por uma federação de repúblicas, em que a liberdade não abriria
espaço para a escravidão e desigualdade jurídica.
3.2. AS INICIATIVAS DE BOLÍVAR PARA A INTEGRAÇÃO
O Congresso Anfictiónico do Panamá realizado no Convento de São Francisco,
em 1826, foi o primeiro ensaio integracionista da América Latina, reunindo
representantes das quatro repúblicas hispano-americanas: Peru, Colômbia, México e
Centro-América. Os brasileiros, assim como, estadunidenses e ingleses foram
convidados a observar a reunião, porém, apenas o enviado inglês Edward James
Dawkins chegou ao destino pretendido. Essa iniciativa de união da América hispânica,
proposta por Simón Bolívar, é saudada como um ato político de impacto universal,
seus ideais transpassaram as fronteiras do continente americano.
A datar o início das negociações foram realizadas nove conferências formais
entre os delegados representantes dos aliados. Seguindo os princípios de Bolívar, a
representação de cada estado na Assembleia era equitativa, não havia qualquer
distinção entre eles por qualquer critério que fosse. As repúblicas compareceram ao
Panamá com demandas diferentes, mostrando a liberdade com que se abriram os
debates. E apesar das desconfianças entre os estados membros, começaram as
negociações dos tratados.
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O principal Tratado18 do Congresso manteve o desejo de Bolívar em contribuir
para a manutenção da paz e da amizade entre os poderes confederados, servindo de
conselho nos grandes conflitos e de conciliador nas discordâncias e diferenças, mas
alterou a natureza do poder que caberia a Assembleia, e ficou estabelecido que ela
tivesse apenas caráter temporário. A periodicidade das reuniões, a cada dois anos, e
em caso de guerra aconteceria uma reunião anual, determinada pelos
plenipotenciários acabou por enfraquecer o poder da liga. E embora o Tratado
celebrasse uma união perpétua, os poderes conferidos ao órgão, que representaria
os interesses maiores dos estados, não foram concedidos.
A necessidade de afastar definitivamente a possibilidade de uma nova
intervenção deu destaque às questões relacionadas a uma aliança militar, em que se
determinou que a obrigação de defesa fosse mútua contra qualquer ataque que
ameaçasse a existência política dos aliados. Quanto ao plano de defesa do território
formaram uma Convenção de Contingentes na qual foram definidas as estratégias
militares e os números de homens que cada membro cederia.
Outra discussão foi a despeito a nova sede da Assembleia, tendo em vista que
o Panamá não apresentava condições para sediar uma reunião daquele porte, devido
ao clima e a carência de estrutura física, decidiu-se que o estado a sediar as próximas
reuniões seria o México. Embora Bolívar, assim como, os colombianos, fossem contra
essa decisão, ela predominou.
Os estados americanos que não participaram do Congresso poderiam
incorporar-se transcorrido o prazo de um ano após as ratificações, sem o direito de
exigir qualquer alteração. Contudo, por pressão dos delegados mexicanos, foi
introduzido ao final do texto um Artigo Adicional abrindo ainda mais o leque para que
os países neutros e amigos também pudessem se juntar a Liga, dando lugar para uma
possível organização incorporando o Novo e o Velho mundo.
Em termos políticos, só a possibilidade de uma aliança com os estadunidenses
dirigia-se em sentido contrário a opção de Bolívar por um pacto exclusivamente
hispano-americano. De acordo com Figueiredo (2015) a estratégia de vincular um
18Em relação às clausulas do Tratado foram discutidas questões pertinentes as relações entre os estados membros e destes com terceiros, assim como, deveres de respeito à integridade territorial e a soberania de cada país. Quanto aos ideais políticos, caberia aos aliados intervir em um dos estados caso fosse alterada sua forma de governo, visando defender o modelo republicano e manter a ordem interna. Condenou-se também o tráfico de escravos, mas não acabou com a escravidão ainda existente. Além de estabelecerem normas facilitando o trânsito de cidadãos entre os territórios aliados. Ver: FIGUEIREDO, Alexandre. Simon Bolívar: uma persistência latino-americana, 2015.
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maior número possível de estados assegurava a independência conquistada e
afastava qualquer ação contra a soberania dos países americanos. Porém, esse
arranjo descaracterizaria a natureza da organização criada no Panamá e pensada por
Bolívar.
Os acordos definidos no Congresso do Panamá foram em direção oposta às
propostas de Bolívar e nada o agradou. Nesse mesmo ano de 1826, ele lançou um
novo projeto: uma integração dos estados sul-americanos sob sua influência, na qual
Colômbia, Peru e Bolívia formariam uma federação aos moldes do projeto que não
prosperou no Panamá. Contudo, assim como a primeira iniciativa essa também não
progrediu.
Ao fim do Congresso, o processo de ratificação enviado aos legislativos dos
estados membros não obteve êxito, e o ideal de união não se concretizou, terminando
no esfalecimento dos países. Porém, vale ressaltar que, apesar do resultado, os
protocolos do Istmo foram e ainda são a base dos projetos de unidade continental da
América Latina.
3.3. O SALDO DO PROCESSO
O projeto integracionista bolivariano, que na concepção idearia do Libertador,
serviria como escudo frente as forças extrínsecas e intrínsecas. Em relação a primeira
destaca-se a Santa Aliança temida por uma possibilidade de intervenção, lançando
mão do Concerto Europeu, muito embora essa desconfiança não tivesse base
concreta, uma vez que as ações eram estabelecidas pelos membros da entidade
composta pela Inglaterra que objetivando a implementação do liberalismo econômico,
teria mais vantagens com uma América livre e fragmentada, facilitando a prática
imperialista. Desse modo, tanto a Doutrina Monroe quanto a projetada liga anfictiônica
de Bolívar foram desnecessárias para defender a independência (CERVO: 2007), pois
era percebido como vantajoso para as potencias em que já não mais configurava a
Espanha.
No que diz respeito a segunda aponta-se as elites locais e seus planos
divergentes, contrárias a independência e afirmação como força política e econômica
da América espanhola, em sua busca pela inserção no cenário internacional como
ator ativo: fracassou. Figueiredo (2015) levanta hipóteses que levaram a esse
fracasso em que se aponta uma não disposição para uma associação estreita entre
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os signatários, assim como a não ratificação dos acordos formulados pelo congresso.
Contudo a resposta a esses questionamentos é mais complexa.
Várias frentes são apontadas como veículos condutores para a não integração,
denominado por Gonçalves (2007) como forças profundas, como uma nova elite
forjada no processo revolucionário, um novo ator político: o exército libertador, dotada
de um sentimento de pertencimento a uma comunidade mais ampla do que suas
localidades de origem. Diante desse novo ator, se mostra também um antagonismo
exercido pelas elites locais, fortalecidas pela acefalia da coroa e desagregação do
Império espanhol, possuidoras de projetos distintos de seus vizinhos e que não
coadunava com o projeto bolivariano.
Com base em explicação de cunho estrutural, Figueiredo (2015) aponta a
política, principalmente no que diz respeito a força das elites locais. Para o autor tais
grupos mantiveram-se fortes e capazes de impor seus próprios projetos, motivado
talvez por uma identidade de localidade, em que nascera um embrioneirismo de um
nacionalismo denominado por Xavier Guerra (1999) como Nacionalismo incipiente.
A geografia também é apontada como fator determinante, tendo em vista o
imenso território, população escassa e esparsa associada a uma dificuldade de
comunicação e de deslocamento, contribuindo para a antipatia mútua, fortalecendo as
elites locais. Tal aspecto influenciou na organização econômica, que desde o período
colonial, não se vinculavam, mas diretamente com a metrópole, substituída pela
Inglaterra após o processo de independência.
Todos esses elementos contribuíram para a nutrição de desconfianças entre os
membros do congresso que temiam perder a soberania conquistada, tendo em vista
um suposto poder concentrado na Grã-Colômbia e Bolívar, tido como tirano nessa
perspectiva. O autor afirma que foi suposta, pois pouco tempo depois o território se
fragmentaria dadas as suas contradições internas.
Essa desconfiança das partes para com a Colômbia e Bolívar influenciou
diretamente no processo decisório do congresso, que foi pautado pela insuficiência ou
inadequação das informações que detinham os estadistas mergulhados em seus egos
localistas em associação com mal-entendidos, impedindo a percepção do custo-
benefício do projeto. Essa não percepção foi também provocada pela ação externa
tanto da Inglaterra como dos Estados Unidos, cujos interesses eram contrários ao
projeto.
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Essas potências preferiam a América fragmentada e fragilizada, tornando-se
alvo de uma disputa como área de influência entre esses atores, num contexto da
primeira onda integracionista da América Latina, apontada por Araujo de Souza
(2012). À Inglaterra coube a América do Sul e aos Estados Unidos as Américas do
Norte e Central.
Em vista das observações feitas, acerca do projeto de integração de Simon
Bolívar, embora tenha fracassado dadas as circunstâncias e conjunturas, entende-se
que é valida a análise do empreendimento que ainda hoje influencia os processos de
aproximação e digressão política e econômica dos países da América Latina,
abarcado aí tanto a espanhola quanto a luso.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo se propôs a examinar o projeto integracionista para a América Latina
idealizado por Simón Bolívar no século XIX, em um contexto de ameaça à
consolidação da emancipação e autonomia político-econômica dos países hispano-
americanos, em que se objetivava sua inserção no cenário internacional oitocentista.
A análise dialoga com o campo da História Política em uma interlocução com a História
das Relações Internacionais.
A pesquisa é relevante por possibilitar o entendimento dos esforços
enfrentados pelo continente americano recém independente na afirmação da sua
liberdade. Contribui para uma melhor compreensão histórica das inspirações e
desdobramentos do processo integracionista latino-americano. Para os estudos
históricos, perceber esse projeto de integração ajuda a entender as raízes do processo
que está em voga na política externa latino-americana contemporânea, servindo de
inspiração para as formações dos atuais blocos econômicos, em uma fuga dos limites
geográficos até então estabelecidos.
Diante das mudanças políticas e econômicas nas relações internacionais do
século XIX, sob um prisma de ameaças constantes de forças internas e externas,
perspectiva imperialista do processo, percebe-se um olhar próprio da América na
pretensão de criar as próprias reflexões num constructo de sociedade. Observa-se
que as iniciativas como as cartas, os discursos, as constituições e os acordos
bilaterais e o Anfictiónico Congresso do Panamá, de Simon Bolívar não lograram êxito,
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contudo seguiu como inspiração para os processos integracionistas e os acordos
estabelecidos ao longo dos séculos que se seguiram.
No desenvolver do artigo, não se pretendeu esgotar a problemática levantada,
uma vez que o projeto de integração bolivariano continua provocando influências na
sociedade contemporânea em meio aos processos de união e ruptura entre os países
latino-americanos. Observa-se em um contexto atual uma ampliação no arcabouço do
que é ser latino-americano, tendo em vista que as aproximações não ficam mais
restritas ao âmbito político e econômico, numa ampliação da interação sociocultural
entre outros aspectos.
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