a acessibilidade como veÍculo de inclusÃo social: … · vi resumo da tese apresentada à...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
A ACESSIBILIDADE COMO VEÍCULO DE INCLUSÃO SOCIAL:
PROPOSTA DE DISPOSITIVO COMPUTACIONAL PARA OS
DEFICIENTES VISUAIS DA CIDADE DE NATAL/RN
por
ZULMAR JOFLI DOS SANTOS JÚNIOR
BACHAREL EM ENGENHARIA ELÉTRICA, UFRN, 2004.
TESE SUBMETIDA AO PROGRAMA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE COMO PARTE DOS
REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO TÍTULO DE
MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
JANEIRO/ 2009
© 2009 ZULMAR JOFLI DOS SANTOS JÚNIOR
TODOS DIREITOS RESERVADOS.
O autor aqui designado concede ao Programa de Engenharia de Produção da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte permissão para reproduzir, distribuir, comunicar ao público,
em papel ou meio eletrônico, esta obra, no todo ou em parte, nos termos da Lei.
Assinatura do Autor: ___________________________________________
APROVADO POR:
___________________________________________________________
Prof. Reidson P. Gouvinhas, D.Sc. – Professor Orientador – UFRN
________________________________________________________________
Prof. Carlos Magno de Lima, D.Sc., Membro Examinador – UFRN
_______________________________________________________________
Prof. Aquiles Medeiros Filgueira Burlamaqui, D.Sc., Membro Examinador
Externo – UERN
Divisão de Serviços Técnicos
Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede
Santos Júnior, Zulmar Jofli dos.
A acessibilidade como veículo de inclusão social: proposta de dispositivo computacional para os deficientes
visuais da cidade de Natal/RN / Zulmar Jofli dos Santos Júnior. – Natal, RN, 2009.
74 f.
Orientador: Reidson P. Gouvinhas.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Tecnologia. Programa de
Pós-Graduação em Engenharia de Produção.
1. Interação homem-computador (deficientes visuais) – Dissertação. 2. Acessibilidade (deficientes visuais) –
Dissertação. 3. Deficientes visuais – Dissertação. 4. Dispositivo computacional – Dissertação. I. Gouvinhas,
Reidson P. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.
RN/UF/BCZM CDU 004.5(043.3)
II
CURRICULUM VITAE RESUMIDO
Zulmar Jofli dos Santos Júnior é formado em
Engenharia Elétrica pela UFRN, tendo concluído o
curso no ano de 2004. É também técnico em
eletromecânica com habilitação em eletrotécnica pela
ETFRN, tendo concluído o curso no ano de 1998.
Autodidata em computação gráfica sendo
especialista em desenvolvimento de imagens e animações 3D foto-realistas. Atualmente
trabalha no ramo de computação gráfica e design gráfico digital como diretor de criação do
Estúdio de Computação Gráfica Lua4.
III
Dedico este trabalho primeiramente a Deus, pela vida, pelas
oportunidades e pelas vitórias obtidas, mesmo perante as
diversas dificuldades encontradas, contribuindo para a
minha maturidade e desenvolvimento acadêmico, pessoal e
profissional.
Aos meus pais, Zulmar Jofli dos Santos e Maria Ângela
Oliveira dos Santos, pelo amor, paciência e apoio no
decorrer desta jornada.
IV
AGRADECIMENTOS
À Deus, pelos dons que me foram oferecidos, pela trajetória que me foi destinada e pelos
belos ensinamentos que obtive em cada desafio superado.
Aos meus pais, irmãos, e a minha namorada Larisse de Souza, pela compreensão e
companheirismo.
À UFRN, pela oportunidade dessa conquista, em especial, ao PEP, seus professores e
colaboradores, pelo suporte oferecido.
Ao Professor Dr. Reidson P. Gouvinhas, meu orientador, por acreditar no meu potencial e
incentivar o meu interesse pela temática da acessibilidade. Pela sua disposição, paciência e
pelas sábias orientações realizadas sempre que foi solicitado.
Ao Professor Dr. Roncali, por sempre estar presente nos momentos em que precisei de ajuda.
À minha tia e professora Maria das Graças, por ter me ajudado diversas vezes na minha
jornada acadêmica quando foi requisitada.
Aos colegas do mestrado, em especial a Márcio Rodrigues, um amigo leal e sempre pronto
para motivar e auxiliar nos desafios encontrados.
Aos amigos Márcio Valério de Araújo e Djalma Teixeira Maranhão Neto pelo apoio técnico,
respectivamente, na parte eletromecânica e na parte do software do Protótipo 02.
Ao Instituto de Educação e Reabilitação de Cegos do Rio Grande do Norte, que me
proporcionou coletar os dados da pesquisa; aos seus alunos, a diretoria e a presidência pela
atenção e disposição em participar da pesquisa.
VI
Resumo da Tese apresentada à UFRN/PEP como parte dos requisitos necessários para a
obtenção do grau de Mestre em Ciências em Engenharia de Produção.
A ACESSIBILIDADE COMO VEÍCULO DE INCLUSÃO SOCIAL:
PROPOSTA DE DISPOSITIVO COMPUTACIONAL PARA OS
DEFICIENTES VISUAIS DA CIDADE DE NATAL/RN
ZULMAR JOFLI DOS SANTOS JÚNIOR
Janeiro/2009
Orientador: Prof. D. Reidson P. Gouvinhas
Curso: Mestrado em Ciências em Engenharia de Produção
O presente trabalho teve como objetivo propor um dispositivo computacional capaz de
permitir a comunicação tátil entre indivíduos com deficiência visual (cegueira ou baixa visão)
através da Internet ou de uma rede local (LAN – Local Adress Network). O trabalho foi
desenvolvido no âmbito dos projetos de pesquisas que atualmente são realizados no LAI
(Laboratório de Acessibilidade Integrada) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Assim, realizou-se uma pesquisa, envolvendo um determinado protótipo capaz de reconhecer
geometrias, com alunos considerados cegos legais, do Instituto de Educação e Reabilitação de
Cegos do Rio Grande do Norte (IERC-RN), localizado no bairro do Alecrim, cidade de Natal.
Paralelamente, foi desenvolvido outro protótipo, testando a comunicação via rede local e
Internet. Para analisar os dados, utilizou-se a abordagem qualitativa e quantitativa, por meio
de técnicas estatísticas simples, como percentuais e médias, para apoiar interpretações
subjetivas. Os resultados oferecem uma análise de até que ponto a aplicação pode contribuir
para a socialização e aprendizado dos deficientes visuais, e por fim, são sugeridas algumas
recomendações em termos de desenvolvimento de pesquisas futuras no intuito de viabilizar o
dispositivo proposto.
Palavras-Chave: Acessibilidade, Deficientes Visuais, Dispositivo Computacional.
VII
Abstract of Master Thesis presented to UFRN/PEP as fullfilment of requirements to the
degree of Master of Science in Production Engineering
January/2009
Thesis Supervisor: Prof. D. Reidson P. Gouvinhas
Program: Master of Science in Production Engineering
This study aims to propose a computing device mechanism which is capable to permit a
tactile communication between individuals with visual impairment (blindness or low vision)
through the Internet or through a local area network (LAN - Local Network Address). The
work was developed under the research projects that currently are realized in the LAI
(Laboratory of Integrated Accessibility) of the Federal University of Rio Grande do Norte.
This way, the research was done in order to involve a prototype capable to recognize
geometries by students considered blind from the Institute of Education and Rehabilitation of
Blind of Rio Grande do Norte (IERC-RN), located in Alecrim neighborhood, Natal/RN.
Besides this research, another prototype was developed to test the communication via a local
network and Internet. To analyze the data, a qualitative and quantitative approach was used
through simple statistical techniques, such as percentages and averages, to support subjective
interpretations. The results offer an analysis of the extent to which the implementation can
contribute to the socialization and learning of the visually impaired. Finally, some
recommendations are suggested for the development of future researches in order to facilitate
the proposed mechanism.
Key Words: Accessibility, Visual Impairment, Computing Device Mechanism.
VIII
SUMÁRIO
LISTA DE ILUSTRAÇÕES............................................................................................... X
LISTA DE QUADROS....................................................................................................... XII
LISTA DE SIGLAS............................................................................................................ XIII
LISTA DE TABELAS........................................................................................................ XIV
CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO....................................................................................... 1
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO............................................................................................. 2
1.2 JUSTIFICATIVA.......................................................................................................... 3
1.3 OBJETIVOS.................................................................................................................. 5
1.3.1 Objetivo Geral..................................................................................................... 5
1.3.2 Objetivos Específicos........................................................................................... 6
1.4 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO...................................................................... 6
CAPÍTULO 2: REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................. 7
2.1 INOVAÇÃO TECNOLÓGICA.................................................................................... 7
2.2 A INTERFACE HOMEM-COMPUTADOR................................................................ 9
2.2.1 Projeto DOSVOX................................................................................................ 12
2.2.2 Sistema BRAILLE............................................................................................... 13
2.3 A ACESSIBILIDADE E OS DEFICIENTES VISUAIS.............................................. 14
2.3.1 Deficiência Visual................................................................................................ 15
2.3.1.1 Classificação Legal...................................................................................... 16
2.3.1.2 Classificação Educacional........................................................................... 16
2.3.2 Acessibilidade....................................................................................................... 17
2.4 A EDUCAÇÃO ESPECIAL......................................................................................... 19
2.5 A INCLUSÃO SOCIAL E DIGITAL........................................................................... 24
CAPÍTULO 3: METODOLOGIA DA PESQUISA....................................................... 28
3.1 TIPO DE PESQUISA.................................................................................................... 28
3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA....................................................................................... 29
3.3 CARACTERIZAÇÃO DO INSTITUTO ONDE FOI REALIZADA A PESQUISA... 30
3.4 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS.............................................................. 31
3.5 ANÁLISE DOS DADOS.............................................................................................. 35
CAPÍTULO 4: DESENVOLVIMENTO DO PROTÓTIPO......................................... 36
4.1 DISPOSITIVO PROPOSTO......................................................................................... 36
IX
4.2 FUNCIONAMENTO E APLICAÇÃO DO PROTÓTIPO 01...................................... 37
4.3 DESENVOLVIMENTO E FUNCIONAMENTO DO PROTÓTIPO 02..................... 39
4.3.1 Parte Física do Protótipo 02 (Hardware).......................................................... 41
4.3.2 Programas de Computador do Protótipo 02 (Software).................................. 43
4.3.3 Arquitetura do Sistema....................................................................................... 45
4.3.4 Protocolo de Comunicação................................................................................. 47
4.4 APLICAÇÃO FUTURA DO DISPOSITIVO COMPUTACIONAL........................... 49
4.5 DIMENSÕES E CAPACIDADE DE RESOLUÇÃO DO DISPOSITIVO.................. 52
CAPÍTULO 5: RESULTADOS DA PESQUISA............................................................ 53
5.1 PERFIL DOS ENTREVISTADOS E DA INSTITUIÇÃO........................................... 53
5.2 TESTE DO PROTÓTIPO 01........................................................................................ 57
5.3 TESTE DO PROTÓTIPO 02........................................................................................ 60
5.4 AVALIAÇÕES E IMPACTOS DOS RESULTADOS PARA O DISPOSITIVO
PROPOSTO......................................................................................................................... 61
CAPÍTULO 6: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES............................................. 62
6.1 SÍNTESE DA JUSTIFICATIVA.................................................................................. 62
6.2 SÍNTESE DA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA............................................................ 63
6.3 SÍNTESE DA METODOLOGIA DA PESQUISA....................................................... 63
6.4 SÍNTESE DOS RESULTADOS DA PESQUISA........................................................ 64
6.5 ANÁLISE CRÍTICA DO TRABALHO....................................................................... 65
6.6 LIMITAÇÕES DO TRABALHO................................................................................. 65
6.7 CONCLUSÃO............................................................................................................... 66
6.7.1 Visão de Futuro do Dispositivo.......................................................................... 66
6.7.2 Benefícios para a Sociedade................................................................................ 68
6.7.3 Investimentos para a Indústria.......................................................................... 68
6.8 DIREÇÕES E RECOMENDAÇÕES PARA PESQUISAS FUTURAS...................... 69
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................ 70
GLOSSÁRIO..................................................................................................................... 75
ANEXOS............................................................................................................................ 79
X
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Ilustração 1.1 – Censo Demográfico do IBGE.................................................................... 2
Ilustração 2.1 – Alfabeto Braille......................................................................................... 14
Ilustração 3.1 – Dimensões de Análise da Pesquisa............................................................ 32
Ilustração 3.2 – Geometrias Utilizadas no Teste de Viabilidade do Protótipo 01............... 33
Ilustração 3.3 – Reconhecimento da Geometria.................................................................. 33
Ilustração 3.4 – Posicionamento dos Pinos......................................................................... 33
Ilustração 3.5 – Exibição da Geometria.............................................................................. 34
Ilustração 3.6 – Reconhecimento da Forma........................................................................ 34
Ilustração 3.7 – Parte Eletromecânica................................................................................. 35
Ilustração 3.8 – Software do Dispositivo............................................................................ 35
Ilustração 4.1 – Funcionamento do Protótipo Computacional Proposto............................. 37
Ilustração 4.2 – Perspectiva do Topo.................................................................................. 38
Ilustração 4.3 – Perspectiva Lateral..................................................................................... 38
Ilustração 4.4 – Ferramenta Tátil e Geometrias.................................................................. 38
Ilustração 4.5 – Representação da Geometria..................................................................... 38
Ilustração 4.6 – Imagem do Protótipo 02............................................................................ 39
Ilustração 4.7 – Fonte de Alimentação................................................................................ 42
Ilustração 4.8 – Módulo Háptico......................................................................................... 42
Ilustração 4.9 – Conversor Serial / USB............................................................................. 42
Ilustração 4.10 – Perspectiva de Frente............................................................................... 42
Ilustração 4.11 – Perspectiva de Trás.................................................................................. 42
Ilustração 4.12 – Perspectiva Direita................................................................................... 42
Ilustração 4.13 – Perspectiva Esquerda............................................................................... 42
Ilustração 4.14 – Pino em Deslocamento Mínimo.............................................................. 43
Ilustração 4.15 – Pino em Deslocamento Máximo.............................................................. 43
Ilustração 4.16 – Interface de Vídeo do Programa Cliente: Estado Mestre........................ 44
Ilustração 4.17 – Interface de Vídeo do Programa Cliente: Estado Escravo....................... 44
Ilustração 4.18 – Interface de Vídeo do Programa Servidor............................................... 45
Ilustração 4.19 – Arquitetura do Sistema............................................................................ 46
Ilustração 4.20 – Diagrama de Seqüência de Eventos......................................................... 48
Ilustração 4.21 – Computador e Dispositivo de Captura e Impressão de Imagens 3D....... 49
Ilustração 4.22 – Máquina do Professor.............................................................................. 50
Ilustração 4.23 – Máquina do Aluno................................................................................... 50
XI
Ilustração 4.24 – Transmissão através da Internet ou Rede Local (LAN).......................... 50
Ilustração 4.25 – Máquina 1 (Modo de Captura)................................................................ 51
Ilustração 4.26 – Forma pronta para Captura...................................................................... 51
Ilustração 4.27 – Início da Captura...................................................................................... 51
Ilustração 4.28 – Forma Capturada..................................................................................... 51
Ilustração 4.29 – Máquina 2 (Modo de Impressão)............................................................. 51
Ilustração 4.30 – Forma Impressa....................................................................................... 51
Ilustração 5.1 – Perfil dos Entrevistados............................................................................. 54
Ilustração 5.2 – Opinião Quanto aos Recursos Utilizados pela Instituição......................... 55
Ilustração 5.3 – Sugestões para Melhor Aproveitamento da Experiência no Instituto....... 56
Ilustração 5.4 – Imagem do Sistema em Funcionamento.................................................... 60
Ilustração 6.1 – Constituição Brasileira Normal e em Braille............................................. 67
XII
LISTA DE QUADROS
Quadro 1.1 – Pesquisa Acadêmica sobre Acessibilidade aos Deficientes Visuais..........3
Quadro 2.1 – Dispositivos de Interação para Computadores Destinados aos Deficientes
Visuais encontrados no Mercado Internacional até 1994.................................................... 10
Quadro 2.2 – Teses e Dissertações de Mestrado e Doutorado............................................ 24
Quadro 2.3 – Artigos Nacionais do ENEGEP e ENANPAD.............................................. 25
Quadro 2.4 – Artigos Internacionais do Emerald Insight e do Science Direct.................... 26
XIII
LISTA DE SIGLAS
ABEPRO – Associação Brasileira de Engenharia de Produção
CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
CORDE – Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência
ENANPAD – Encontro da ANPAD
ENEGEP – Encontro Nacional de Engenharia de Produção
FEBRABAN – Federação Brasileira de Bancos
FINEP – Financiamento de Estudos e Projetos
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IERC/RN – Instituto de Educação e Reabilitação de Cegos do Rio Grande do Norte
LAI – Laboratório de Acessibilidade Integrada
MEC – Ministério da Educação e Cultura
OMS – Organização Mundial da Saúde
ONU – Organização das Nações Unidas
PEP – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção
SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte
XIV
LISTA DE TABELAS
Tabela 5.1 – Escores dos Entrevistados (Divididos por Faixa Etária)................................ 57
Tabela 5.2 – Escores dos Entrevistados (Divididos pelo Período da Perda da Visão)........ 59
1
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
A sociedade atual vive a era da informação, na qual se torna imprescindível para
cada indivíduo o acesso e utilização das tecnologias de informação e comunicação, como
requisito para obtenção de sucesso.
Porém, estas tecnologias não se encontram disponíveis para todos, e para aqueles
que se encontram disponíveis, podem não se apresentar de maneira adequada, como por
exemplo, para os deficientes visuais. Sem essa tecnologia, ou sem o acesso adequado, os
deficientes visuais ficam limitados quanto a utilização dos mais diversos canais de
conhecimento, lazer e comunicação, o que por sua vez pode gerar a sua exclusão social.
Assim, levando-se em consideração que estes indivíduos necessitam de uma
educação especial, adequada às suas necessidades, o presente trabalho teve como objetivo
propor um dispositivo computacional capaz de permitir a comunicação tátil entre indivíduos
com deficiência visual (cegueira ou baixa visão) através da Internet ou de uma rede local
(LAN – Local Adress Network). Para verificar até que ponto a aplicação do dispositivo pode
contribuir para a socialização e aprendizado dos deficientes visuais, aplicou-se um protótipo
capaz de reconhecer geometrias, tendo como objeto de estudo os alunos considerados cegos
legais do Instituto de Educação e Reabilitação de Cegos do Rio Grande do Norte (IERC/RN),
localizado no bairro do Alecrim, em Natal. Para avaliar a viabilidade de comunicação
tecnológica do dispositivo, foi desenvolvido outro protótipo, testando a comunicação via rede
local e Internet.
O trabalho foi desenvolvido no âmbito dos projetos de pesquisas que atualmente
são realizados no LAI (Laboratório de Acessibilidade Integrada) da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte.
Neste primeiro capítulo, será apresentada a contextualização do problema da
pesquisa, a justificativa do estudo, a sua relevância teórica e prática, os objetivos da pesquisa
e, por fim, a maneira como a dissertação está estruturada.
2
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO
Assumir uma deficiência seja ela física, mental, visual ou auditiva, ainda implica
em ter que transpor muitas barreiras, do preconceito, arquitetônicas e no mundo globalizado
atual, a barreira tecnológica. De acordo com o último Censo Demográfico (ver Ilustração 1.1),
realizado pelo IBGE, em 2000, foi constatado que no Brasil existem aproximadamente 24,5
milhões de pessoas deficientes, ou seja, 14,5% da população total apresentaram algum tipo de
incapacidade ou deficiência. Destas, 16,5 milhões (9,79%) são pessoas com deficiência
visual. No Estado do Rio Grande do Norte o percentual de pessoas com incapacidade ou
deficiência é de 17,6% (489.824). Desse quantitativo, 12,61% (350.447) representam a
população com deficiência visual, enquanto que os 5% restantes representam as demais
deficiências.
Ilustração 1.1 – Censo Demográfico do IBGE.
Fonte: IBGE, 2000.
O número de pessoas com deficiência cresce a cada ano e, infelizmente, a
velocidade com que nascem ou adquirem algum tipo de deficiência, não é acompanhado de
ações sociais e políticas para melhorar a adaptação e independência desses indivíduos na
sociedade.
Criar essas oportunidades e batalhar para oferecer uma melhor qualidade de vida a
essas pessoas não é um favor, e sim um direito deles. Na sociedade contemporânea, ter
conhecimento sobre informática, computador e Internet ainda é considerado luxo para muitas
pessoas, quanto mais para pessoas com deficiência visual que necessitam de um programa de
computador específico e determinados aparatos que sirvam de guia durante a navegação.
3
Sem o uso do computador e das demais tecnologias, os deficientes visuais podem
encontrar muitas dificuldades para se adaptarem ao dia-a-dia, efetivarem sua educação, terem
lazer e obterem emprego.
Com isso, a possibilidade de se desenvolver protótipos aplicáveis aos deficientes
visuais torna-se urgente para promover a inclusão dos mesmos na sociedade.
Diante desse contexto, a pesquisa buscou investigar: “Em que medida a
aplicação de um protótipo computacional para os deficientes visuais pode tornar-se um
meio de socialização e aprendizado para os mesmos”?
1.2 JUSTIFICATIVA
A abordagem do referido tema se justifica pela atualidade e a crescente discussão
na sociedade sobre a acessibilidade das pessoas com deficiência, seja transpondo barreiras
arquitetônicas, seja superando barreiras tecnológicas, principalmente em se tratando da rede
mundial de computadores.
Através de pesquisas realizadas no banco de teses e dissertações da CAPES
(envolvendo Mestrado Profissionalizante, Mestrado e Doutorado), nos anais do ENEGEP
(Encontro Nacional de Engenharia de Produção) e ENANPAD (Encontro da ANPAD), e em
bases de dados internacionais no site do Emerald Insight e do Science Direct, foram
encontrados vários trabalhos acadêmicos correlatos ao assunto da acessibilidade dos
deficientes visuais. Através do Quadro 1.1 pode-se observar que no período de 1997 à 2008
foram encontrados 198 trabalhos associados ao tema.
Quadro 1.1 – Pesquisa Acadêmica sobre Acessibilidade aos Deficientes Visuais.
Ano /
Portal
CAPES ENEGEP ENANPAD
EMERALD
INSIGHT
SCIENCE
DIRECT Total
Profiss. Mest. Dout.
1997 - 2 1 - - 3 2 8
1998 - 5 - - - - 1 6
1999 - 4 1 - - 1 - 6
2000 - 2 9 - - - 3 14
2001 - 9 6 - - 2 - 17
2002 1 10 3 - - 2 1 17
2003 - 17 1 1 - 3 4 26
2004 - 7 4 - - - 1 12
2005 3 21 6 - - 1 16 47
2006 1 25 6 - 2 1 1 36
2007 - - - 1 - 3 3 7
2008 - - - - - 1 1 2
Total 5 102 37 2 2 17 33 198
Fonte: Pesquisa de Mestrado, 2008.
4
Apesar das oscilações quanto às publicações, vê-se uma tendência de crescimento,
levando em consideração, principalmente, os anos entre 2005 e 2006, que só não é confirmada
em 2007 e 2008, devido à não inserção, até o momento, das teses e dissertações referentes a
esses anos no banco de teses da CAPES.
Entre teses, dissertações, artigos nacionais e internacionais pesquisados, percebe-
se, por meio de uma análise qualitativa, que bons trabalhos vem sendo desenvolvidos, dando
destaque para a parceria constante entre computação e acessibilidade, desde o uso de
metodologias novas até a construção de designs mais interativos e adaptados aos deficientes
visuais que permitam sua inserção na sociedade.
É importante salientar que a acessibilidade aqui abordada não diz respeito
somente à tecnologia e, sim no sentido amplo da palavra, acesso à educação, informação e
campo de trabalho.
Assim, a educação é outro fator de intercessão da temática acessibilidade.
Técnicas computacionais e de ensino conjugam-se a fim de propiciar aos deficientes visuais
possibilidades de aprendizado e desenvolvimento. Os assuntos abordados possuem um forte
apelo em disponibilizar uma experiência educacional aos deficientes visuais de forma mais
interessante e eficaz.
Apesar da quantidade de trabalhos encontrados, muitos deles ainda se encontram
em um estágio embrionário quanto às temáticas ligadas a acessibilidade dos deficientes
visuais. Vê-se, portanto, que os trabalhos publicados carecem de projetos mais práticos
ligados ao assunto em questão, como formulações de protótipos e/ou mecanismos de apoio
direto aos deficientes.
Assim, com o objetivo de contribuir para esta área do conhecimento, este estudo
propôs o desenvolvimento de um protótipo voltado para os deficientes visuais, cuja aplicação
se realizou em uma instituição, que trabalha com deficientes visuais, localizada na cidade de
Natal, RN.
Além dos aspectos já citados, vale ressaltar também as seguintes justificativas
para a realização desta pesquisa:
5
A) Relevância Acadêmica
Avanço do conhecimento sobre Acessibilidade, focando na temática do
desenvolvimento de protótipo computacional para os deficientes visuais.
Preenchimento de lacunas em temáticas sobre a acessibilidade dos deficientes visuais
na área educacional.
B) Relevância Prática
Estudo prático, focando na possibilidade de aplicação de um protótipo computacional
para deficientes visuais;
Benefícios para a sociedade como um todo, mais precisamente para os deficientes
visuais com potencial progresso para sua inclusão social e aprendizado.
Possibilidade de investimentos maciços pela indústria neste tipo de produto voltado
para a acessibilidade de deficientes visuais.
Com relação à vinculação acadêmica:
Na ABEPRO, vincula-se à área de Métodos e Desenvolvimento de Produto;
No CNPq, vincula-se à Engenharia de Produção – Engenharia de Produto;
No PEP/UFRN, vincula-se à área de Mercado e Produto (ver “Projetos 2006” no
site do PEP).
1.3 OBJETIVOS
1.3.1 Geral
– Propor um dispositivo computacional voltado para os deficientes visuais que
facilite a comunicação e aprendizado de formas geométricas.
6
1.3.2 Específicos
Identificar o perfil do Instituto de Educação e Reabilitação de Cegos do Rio
Grande do Norte e dos seus alunos com deficiência visual;
Identificar o avanço dos deficientes visuais no que diz respeito ao uso de
recursos (materiais, humanos, tecnológicos, entre outros) no ensino-
aprendizagem dos mesmos;
Verificar até que ponto a aplicação de protótipos computacionais para os
deficientes visuais contribui para a socialização e aprendizado dos mesmos.
1.4 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO
Para atingir os objetivos propostos, a pesquisa foi estruturada da seguinte forma:
Após essa parte introdutória, encontra-se o capítulo 2, dividido em cinco partes: a primeira
apresentando conceitos sobre inovação tecnológica; a segunda descrevendo a interface
homem-computador; a terceira explicando a relação entre acessibilidade e deficientes visuais;
a quarta mostrando um histórico sobre a educação especial, marcos históricos e normativos; e
a quinta abordando a inclusão social e digital.
Logo após, no capítulo 3, se localiza a metodologia da pesquisa, onde se apresenta
o tipo de pesquisa; o universo e amostra da pesquisa; o instrumento de coleta de dados
utilizado; e os procedimentos para análise dos dados.
Em seguida, no capítulo 4, é apresentado o desenvolvimento do protótipo
computacional voltado para deficientes visuais, a visão de futuro do mesmo, quais os
investimentos para a indústria e os benefícios para a sociedade.
Mais adiante, no capítulo 5, se encontram os resultados buscados por essa
pesquisa conforme os objetivos propostos, bem como a análise desses resultados, seguida, por
fim, do capítulo 6, com as conclusões e recomendações a respeito do tema, de acordo com os
resultados obtidos.
Nos anexos podem ser encontrados os formulários utilizados na pesquisa, bem
como detalhes dos protótipos aplicados.
7
CAPÍTULO 2
REFERENCIAL TEÓRICO
Este capítulo procura esclarecer através de uma revisão bibliográfica, alguns
conceitos que cercam a temática que está sendo trabalhada, apresentando trabalhos e
dispositivos já desenvolvidos e aplicados, revelando lacunas existentes que possam ser
abordadas para melhorar os conhecimentos sobre o tema.
Para tanto, no referencial teórico apresentado a seguir, primeiramente são
expostos os conceitos sobre inovação tecnológica e tecnologia assistiva, seguido da
apresentação dos principais dispositivos que permitem o acesso dos deficientes visuais ao
computador, dando um destaque especial ao Projeto DOSVOX e ao sistema Braille. Mais
adiante, a deficiência visual e a acessibilidade são especificamente caracterizadas, no intuito
de trazer uma compreensão de como pode ocorrer a inclusão social e digital. Logo a seguir, é
traçado um histórico sobre a educação especial no Brasil, relembrando os principais fatos,
eventos, leis e decretos envolvendo o tema. Por fim, são apresentados os principais trabalhos
encontrados em bancos de teses e dissertações, artigos apresentados e publicados em
congressos nacionais, além de publicações internacionais, enfatizando a temática da
acessibilidade voltada para os deficientes visuais.
2.1 INOVAÇÃO TECNOLÓGICA
Para Bertz (1998) inovação é a introdução de novos produtos, processos e serviços
no mercado e inovação tecnológica significa a introdução destes produtos, processos e
serviços baseados em novas tecnologias.
Segundo o SEBRAE (2008), Inovação Tecnológica significa a solução de um
problema tecnológico, utilizada pela primeira vez, descrevendo o conjunto de fases que vão
desde a pesquisa básica até o uso prático, compreendendo a introdução de um novo produto
8
no mercado em escala comercial, tendo, em geral, fortes repercussões socioeconômicas.
Assim, inovação tecnológica significa concepção de novo produto ou processo de fabricação
que inclua funcionalidades que configurem melhorias e ganho de qualidade ou produtividade.
As vantagens proporcionadas pela informática são inúmeras, desde que bem
utilizadas. Cada vez mais aumenta a ocorrência de algum tipo de inovação tecnológica, ou
seja, novos softwares e equipamentos são desenvolvidos para serem utilizados nas mais
diversas áreas, incluindo a educação. E há um segmento desta área que tem sido muito
beneficiado com isso, a educação especial.
Segundo Borges apud Rodrigues (2000), os deficientes visuais no Brasil são em
sua maioria pessoas semi-analfabetas ou possuem somente a educação básica, com extrema
dificuldade de acesso a educação. Estes indivíduos necessitam de uma educação especial
adequada às suas necessidades. Neste contexto, a tecnologia da informática dispões de
recursos que possibilitam ao deficiente visual ter melhores condições de acesso à educação e
conseqüentemente, possibilita uma melhoria na qualidade de vida, seja através do crescimento
intelectual (acesso a informações e educação), pessoal (possibilidade de se comunicar e
formas de entretenimento com outros indivíduos em condições de igualdade) e profissional
(ter meios adequados para desenvolver uma atividade profissional possibilitando a conquista
da independência financeira).
Segundo Cook e Hussey (2002, p.5), os dicionários fornecem as seguintes
definições para tecnologia:
―A ciência ou estudo de artes práticas ou industriais‖;
―Ciência aplicada‖;
―Um método, processo para lidar com um problema técnico específico‖.
Nenhuma dessas definições menciona algo sobre um ―dispositivo‖, apenas
enfatiza a aplicação do conhecimento. Conforme estes mesmos autores, este conceito é
importante e deve ser usado o termo “tecnologia assistiva” para se referir aos diversos
dispositivos, serviços, estratégias a práticas que são concebidas e aplicadas para melhorar os
problemas enfrentados por indivíduos com deficiência.
O campo das tecnologias assistivas está crescendo e evoluindo cada vez mais
rápido, e o dispositivo tecnológico proposto pelo presente trabalho se enquadra perfeitamente
nessa área. Conforme o conceito apresentado por Cook e Hussey (2002, p.5) um dispositivo
9
de tecnologia assistiva é ―qualquer item, peça de equipamento ou produto de um sistema que
pode ser adquirido comercialmente nas prateleiras, modificados ou personalizados, que é
utilizado para aumentar, manter ou melhorar as capacidades funcionais de pessoas com
deficiência‖.
2.2 A INTERFACE HOMEM – COMPUTADOR
Conforme Carvalho (1994), a interface é o nome que se dá a algo que serve de
ligação entre dois sistemas, independente da estrutura dos mesmos. No caso de sistemas que
se caracterizam pelo processamento de informações (sistemas cibernéticos), a interface serve
como elo de comunicação (um tradutor de informações), entre ambos.
Carey apud Carvalho (1994) define interface como um ponto de contato entre
duas entidades. Para ela, as interfaces entre o computador e os seres humanos podem abranger
várias características, incluindo o meio, o diálogo e as técnicas de manipulação.
Assim a expressão interface homem-computador se refere a interface que serve de
interconexão entre dois sistemas que trocam informações, sendo eles: de um lado o
computador e de outro, o ser humano, aqui designado como o homem no sentido amplo da
palavra.
A interface homem-computador, ou mesmo o acesso do mesmo a este mecanismo
de informação e ação ainda possui sérios obstáculos. Principalmente, no que se referem às
pessoas com deficiências. Os projetistas têm preocupação crescente com a possibilidade de
inserir mais eficazmente estes deficientes no mundo computacional, ou mesmo tornar a
computação um veículo que lhes facilite nas suas diversas atividades.
A seguir, no Quadro 2.1, segue uma amostra desenvolvida por Carvalho (1994),
referente a quantidade e diversidade de dispositivos que permitem o acesso dos deficientes
visuais aos computadores e que até então, só podiam ser adquiridos no mercado internacional.
Os dispositivos são apresentados, de acordo com suas funções, na seguinte
classificação: Sistemas Amplificadores de Telas, Sistemas de Saída de Voz, Sistemas de
Saída em Braille (Impressoras), Sistemas de Saída em Braille (Terminais de Acesso) e
Sistemas de Reconhecimento de Voz.
10
Quadro 2.1 – Dispositivos de Interação para Computadores Destinados aos Deficientes
Visuais encontrados no Mercado Internacional até 1994.
1. Sistemas Amplificadores de Tela
inLARGE 2.0 Amplia de 2 a 16 vezes; permite vários modos de movimentação da área ampliada.
MAGNUM GT Amplia até 8 vezes; foco circular; controle por mouse ou teclado.
Optelec LP-DOS
5.0 Amplia de 2 a 16 vezes; movimentação automática de foco.
Screen Magnifier/2 Amplia de 2 a 32 vezes; a área ampliada se movimenta juntamente com o mouse.
ZOOMTEXT Amplia até 16 vezes; oferece várias opções de foco.
ZOOMTEXT
PLUS Amplia até 16 vezes; oferece várias opções de foco.
2. Sistemas de Saída de Voz
Dolphin Speech
Synthesisers Vocalização de linha, letra, palavra, janela e cor em 7 línguas (inclusive a portuguesa).
DOSVOX Sistema de fala em língua portuguesa.
IBM Screen
Reader/DOS 1.2
Fornece um Keypad virtual accessível através de teclado comum; monitora a tela para
alertar o usuário a respeito de mensagens de comunicação de estado e de erros.
IBM Screen
Reader/2
Habilita o reconhecimento e a verbalização de objetos (ícones); monitora a tela para
alertar o usuário a respeito de mensagens de comunicação de estado e de erros.
JAWS Job Access
With Speech
Leitura de janelas pop-up, menus pull-down e outros avisos; fornece cursores para
leitura e entrada; reconhece atributos da tela como cores, negrito, itálico e etc...
outSPOKEN 1.7 Permite leitura do texto por letra, palavra ou linha.
outSPOKEN for
Windows
Permite completo acesso a janelas, menus e caixas de diálogos; fornece vozes distintas
para textos, gráficos, mensagens do sistema e outras informações.
ScreenPower Trabalha com software amplificador de tela e terminal de acesso Braille.
Vocal-Eyes Acessa processadores de textos, programas gerenciadores de banco de dados e planilhas
eletrônicas do tipo CUI; permite que o teclado possa sonorizar caracteres e palavras.
WinVision Permite acesso automático a caixas de diálogo, controla o cursor do mouse via teclado.
3. Sistemas de Saída em Braille (Impressoras)
Braillo Comet Imprime caracteres Braille de 6 e 8 pontos; até 42 caracteres por linha e até 40 linhas
por página; imprime gráficos; velocidade de 4 páginas por minuto.
Braillo 200 Imprime caracteres Braille de 6 e 8 pontos; até 42 caracteres por linha; velocidade de
200 CPS; possui sinal audível para mensagens.
Ohtsuki BT-500 Imprime caracteres Braille e caracteres em tinta, simultaneamente; imprime até 41
caracteres por linha; velocidade de 13 CPS.
VersaPoint 40 Imprime caracteres em Braille de 6 e 8 pontos; imprime gráficos; até 42 caracteres por
linha; velocidade de 40 CPS.
4. Sistemas de Saída em Braille (Terminais de Acesso)
Brailloterm KTS Conectável a mainframe, representação completa do conjunto de 256 caracteres IBM
em Braille de 8 pontos.
5. Sistemas de Reconhecimento de Voz
Dragon Dictate Possui vocabulário de palavras pré-selecionadas e vocabulário ativo; pode ser adaptado
para uma determinada voz, vocabulário e ambiente de trabalho; contém microfone.
IBM VoiceType 2 Possui um vocabulário ativo de 7.000 palavras; possui comando de voz embutido para
controlar funções; permite a criação de comandos de voz personalizados.
Kurzweil VOICE Possui um vocabulário de palavras pré-selecionadas e um vocabulário ativo.
Fonte: Carvalho, 1994.
11
De 1994 para os dias atuais, além dos aperfeiçoamentos dos dispositivos
apresentados no Quadro 2.1, várias novidades (principalmente no âmbito nacional) em termos
de dispositivos e protótipos surgiram para melhorar a vida das pessoas com deficiência visual,
como as apresentadas a seguir:
Em 2003, Alejandro Garcia, professor da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), de
Santa Catarina, começou a desenvolver uma bengala eletrônica, com sensores
semelhantes a um sonar, que avisam por meio de vibrações no próprio cabo sobre a
presença e localização de obstáculos. Para respaldar a iniciativa, o professor entrou em
contato com a ACIC - Associação Catarinense para Integração do Cego. Lá foram
realizados os testes dos protótipos, com a participação de alunos da instituição. O
projeto integra diversas áreas do conhecimento, como hardware e design, baseados na
tecnologia conhecida como "haptics" ou realimentação tátil com auxílio de sensores e
reuniu uma equipe de oito pesquisadores. A bengala eletrônica já tem protótipo pronto
para ser apresentado a empresas. Esse projeto recebeu apoio do FINEP (2008).
Rodrigues (2006) desenvolveu o vEye (Virtual Eye ou olho virtual), um dispositivo
portátil que ajuda os deficientes visuais a se locomoverem em lugares externos que não
conhecem. Por meio da tecnologia de reconhecimento de voz, via aparelho celular, o
usuário indica uma referência ou o endereço de onde quer chegar e assim que o sistema
identifica o melhor caminho emite a informação por meio de vibrações, fazendo que o
deficiente visual consiga chegar ao endereço desejado. O projeto foi o vencedor do 2°
Desafio GV-Intel-Venture Capital e Empreendedorismo realizado em 2007.
O Digipass 300 Comfort Voice, da Vasco Data Security, foi uma das novidades
apresentadas durante a 18ª edição do Ciab Febraban (2008), que aconteceu entre os
dias 11 e 13 de junho de 2008, em São Paulo. Com botões grandes e display em cristal
líquido, o dispositivo permite o acesso seguro aos recursos de Internet Banking
também as pessoas cegas e/ou com deficiências visuais graves. Segundo a fabricante, o
Digipass 300 Comfort Voice adiciona recurso de voz à ampla gama de soluções de
autenticação forte oferecidas pela companhia. Todas as teclas do dispositivo, quando
pressionadas, geram um retorno acústico e é possível aos bancos customizarem o
12
idioma, inclusive para a língua portuguesa. Os códigos são lidos para o usuário, que os
digita após ouví-los por meio das caixas de som ou pelos fones de ouvido.
Programa Tactile Graphics Designer (TGD): é um software pedagógico criado para a
geração de figuras e/ou gráficos em Braille. Permite a conversão de imagens dos mais
variados formatos para o sistema Braille. (Rodrigues apud Araújo et. al., 2007).
2.2.1 Projeto DOSVOX
Dentre todos os dispositivos apresentados, não se pode deixar de destacar o
DOSVOX, criado pelo Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ). O DOSVOX permite que pessoas cegas utilizem um microcomputador
comum (PC) para desempenhar uma série de tarefas, adquirindo assim um nível alto de
independência no estudo e no trabalho. Trata-se de um conjunto de programa para
microcomputadores da linha PC que se comunica com o usuário através de síntese de voz em
Português, sendo que a síntese de textos pode ser configurada para outros idiomas.
O que diferencia o DOSVOX de outros programas voltados para uso por
deficientes visuais é que no DOSVOX, a comunicação homem-máquina é muito mais
simples, e leva em consideração as especificidades e limitações dessas pessoas. Ao invés de
simplesmente ler o que está escrito na tela, o DOSVOX estabelece um diálogo amigável,
através de programas específicos e interfaces adaptativas. Isso o torna insuperável em
qualidade e facilidade de uso para os usuários que vêm no computador um meio de
comunicação e acesso que deve ser o mais confortável e amigável possível.
Grande parte das mensagens sonoras emitidas pelo DOSVOX é feita em voz
humana gravada. Isso significa que ele é um sistema com baixo índice de estresse para o
usuário, mesmo com uso prolongado. Além disso, é compatível com a maior parte dos
sintetizadores de voz existentes, pois usa a interface padronizada SAPI do Windows. Isso
garante que o usuário possa adquirir no mercado os sistemas de síntese de fala mais modernos
e mais próximos à voz humana, os quais emprestarão ao DOSVOX uma excelente qualidade
de leitura.
O DOSVOX também convive bem com outros programas de acesso para
deficientes visuais (como Virtual Vision, Jaws, Window Bridge, Window-Eyes, ampliadores
13
de tela, etc) que porventura estejam instalados na máquina do usuário. O DOSVOX vem
sendo aperfeiçoado a cada nova versão.
2.2.2 Sistema Braille
O Braille é sem dúvida a tecnologia assistiva mais conhecida.
Braille é um sistema de leitura através do tato para cegos inventado pelo francês
Louis Braille, o qual perdeu a visão aos três anos. Quatro anos depois, ele ingressou no
Instituto de Cegos de Paris. Em 1827, então com dezoito anos, tornou-se professor desse
instituto. Ao ouvir falar de um sistema de pontos e buracos inventado por um oficial para ler
mensagens durante a noite em lugares onde seria perigoso acender a luz, L. Braille fez
algumas adaptações no sistema de pontos em relevo.
Em 1829, publicou o seu método. O sistema Braille é um alfabeto convencional
(Ilustração 2.1) cujos caracteres se indicam por pontos em relevo, o deficiente visual distingue
por meio do tato. A partir dos seis pontos salientes, é possível fazer 63 combinações que
podem representar letras simples e acentuadas, pontuações, algarismos, sinais algébricos e
notas musicais.
L. Braille morreu de tuberculose, em 1852, ano em que seu método foi
oficialmente adotado na Europa e América.
Assim como a escrita convencional abriu um novo mundo para o homem comum,
o Braille fez o mesmo para as pessoas com deficiência visual. E mais, o Sistema Braille
impulsionou uma revolução para os deficientes visuais, através dele as pessoas cegas podem
resgatar sua cidadania. Alfabetizando-se, elas possuem condições de estudar, e estudando tem
mais chances de conseguir emprego, e ter um emprego significa estar socialmente incluído e
ser independente.
O mercado editorial aceitou rapidamente este novo método e hoje existem
milhares de livros e material em Braille na maioria dos países. Um cego experiente pode ler
duzentas palavras por minuto.
14
Ilustração 2.1 – Alfabeto Braille
Fonte: Site do IERC/RN
Tais exemplos de dispositivos e tecnologias assistivas apresentadas nesse tópico
são fonte de motivação ainda maior para a tentativa de viabilização do dispositivo proposto
por esse presente estudo.
2.3 A ACESSIBILIDADE E OS DEFICIENTES VISUAIS
A questão da acessibilidade dos deficientes visuais é ampla e passível de
discussão em vários âmbitos do conhecimento. A evolução do conhecimento humano precisa
estar atrelada a adaptação de seus vários agentes sociais.
O desenvolvimento socioeconômico e cultural também é um direito das pessoas
com deficiências, seja ela de que natureza for.
As várias áreas do conhecimento como a computação e a educação, bem como a
área de saúde estão diretamente relacionadas às necessidades das pessoas com deficiência.
15
Em uma esfera maior, a inclusão digital destes indivíduos denota a necessidade de
níveis de acessibilidade específicos para cada tipo de patologia e/ou deficiência.
A acessibilidade, portanto, abrange possibilidades de incluir digitalmente
indivíduos com deficiências (como a visual), como também de preparar o individuo para a
vida social, em termos de oportunidade de emprego e inserção.
A seguir, nos próximos dois tópicos, a deficiência visual e a acessibilidade serão
mais especificamente caracterizadas, para oferecer uma melhor compreensão de como a
inclusão social e digital pode ser realizada.
2.3.1 Deficiência Visual
Em toda parte do mundo e em todos os níveis da sociedade há pessoas com algum
tipo de deficiência.
A deficiência é definida como: ―qualquer perda ou anomalia de uma estrutura ou
função psicológica, fisiológica ou anatômica‖ (Organização Mundial da Saúde (OMS), 1989).
São diversos os tipos de causas associadas ou que podem se associar à deficiência
visual, ou seja, as causas da deficiência visual podem ser congênitas (albinismo, anirídia,
atrofia óptica, catarata, corriorrentinite macular, estrabismo, glaucoma, hipermetropia, miopia,
retinose pigmentar, rubéola materna, sífilis, toxoplasmose) ou adquiridas (ambliopia,
ansiometropia, astigmatismo, catarata, conjuntivite, descolamento de retina, diabetes,
glaucoma, presbiopia, retinoblastoma, retinopatia da prematuridade, sarampo, subluxação do
cristalino, toxoplasmose, traumatismos diversos).
Com isso, existem várias classificações para a deficiência visual, que variam
conforme as limitações e os fins que se destinam. Para Munster e Almeida apud Crós et. al.
(2006) elas surgem para que as desvantagens decorrentes da visão funcional de cada indivíduo
sejam minimizadas, pois apesar das pessoas com deficiência visual possuírem em comum o
comprometimento do órgão da visão, as alterações estruturais e anatômicas promovem
modificações que resultam em níveis diferenciados nas funções visuais, que interferem de
forma diferenciada no desempenho de cada indivíduo.
Desta maneira as classificações são definidas sob os aspectos: Legais, Médicos,
Educacionais e Esportivos, sendo que irão ser conceituados de maneira mais detalhada os
aspectos Legais e Educacionais, pois são os que mais se aproximam do contexto do trabalho.
16
2.3.1.1 Classificação Legal
A deficiência visual é caracterizada por uma limitação no campo de visão. Pode
variar de cegueira total à visão subnormal. Neste caso, conforme a diminuição na percepção
de cores e maior dificuldade de adaptação à luz. A comprovação desta deficiência está
definida a partir do Decreto nº 5.296/04, em seu artigo 70, inciso III.
Deficiência visual / cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor
olho, com a melhor correção óptica; a baixa visão, que significa acuidade visual entre 0,3 e
0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos nos quais a somatória da medida
do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60º ou ocorrência simultânea de
qualquer das conclusões anteriores.
Esta classificação permite à pessoa o direito aos atendimentos previstos pela lei, e
obtenção dos recursos junto à previdência social, estabelecendo o exercício da cidadania,
variando de acordo com a Constituição de cada país.
Abaixo seguem as leis federais que surgiram no segmento da Constituição de
1988, a chamada Constituição Cidadã, que estabeleceu uma condição de igualdade entre as
pessoas, de acordo com as características de cada um, e como tal, as pessoas com deficiência,
o pleno exercício da cidadania e da integração social.
Lei Nº 7.853, de 24 de Outubro de 1989: Dispõe sobre o apoio às pessoas com
deficiência, sua integração social, sobre a Coordenadoria Nacional para Integração da
Pessoa Portadora de Deficiência – Corde. Institui a tutela jurisdicional de interesses
coletivos ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério Público, define
crimes, e dá outras providências.
Lei Nº 9.394, de 20 de Dezembro de 1996: Estabelece as diretrizes e bases da
Educação Nacional.
2.3.1.2 Classificação Educacional
Para Kirk e Gallagher apud Crós et. al. (2006) a classificação é baseada em um
padrão de eficiência visual, que é de certo modo abstrato. Sendo utilizado, cada vez mais, uma
definição funcional que enfatiza os efeitos da limitação visual sobre a habilidade crítica da
leitura.
17
O instrumento padrão usual é a Escala de Snellen, que consistem em fileiras de
letras de tamanhos decrescentes que devem ser lidas a uma distância de 20 pés. Os escores são
baseados na exatidão com que a pessoa com deficiência visual foi capaz de identificar as
fileiras de letras utilizando um olho de cada vez.
Assim, têm-se as seguintes denominações:
Pessoa cega: é aquela que possui perda total ou resíduo mínimo de visão, necessitando
do método Braille como meio de leitura e escrita e/ou outros métodos, recursos
didáticos e equipamentos especiais para o processo ensino-aprendizagem.
Pessoa com baixa visão: é aquela que possui resíduos visuais em grau que permitam
ler textos impressos à tinta, desde que se empreguem recursos didáticos e
equipamentos especiais, excluindo as deficiências facilmente corrigidas pelo uso
adequado de lentes.
Existem também pessoas que apesar de não enxergarem, ainda conseguem
perceber a luz, a essas pessoas é dada a classificação de Cego Legal.
2.3.2 Acessibilidade
A acessibilidade é uma palavra recente no mundo atual, principalmente quando se
fala em pessoa com deficiência, computador e Internet. Acessibilidade significa facilidade de
interação, aproximação. A acessibilidade no âmbito das tecnologias de informação está
associada a ações que tem como objetivo tornar os computadores mais acessíveis a todos os
usuários.
Segundo Godinho (1999), a Acessibilidade envolve três noções: "Usuários",
"Situação" e "Ambiente": O termo "Usuários" significa que nenhum obstáculo deverá ser
imposto ao indivíduo face às suas capacidades sensoriais e funcionais. O termo "Situação"
significa que o sistema é acessível e utilizável em diversas situações, independentemente do
software, comunicações ou equipamentos e o termo "Ambiente" significa que o acesso não é
condicionado pelo ambiente físico envolvente, exterior ou interior.
Conforme o artigo 8º do Decreto-lei 5.296 de 2 de dezembro de 2004, que
regulamenta as Leis n°s 10.048, de 8 de novembro de 2000 (que dá prioridade de atendimento
às pessoas que especifica) e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, (que estabelece normas
18
gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade), para os fins de acessibilidade,
considera-se:
Acessibilidade: condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou
assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos
serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e
informação, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida.
Barreiras: qualquer entrave ou obstáculo que limite ou impeça o acesso, a liberdade
de movimento, a circulação com segurança e a possibilidade de as pessoas se
comunicarem ou terem acesso à informação.
Ajuda Técnica: os produtos, instrumentos, equipamentos ou tecnologia adaptados ou
especialmente projetados para melhorar a funcionalidade da pessoa com deficiência ou
com mobilidade reduzida, favorecendo a autonomia pessoal, total ou assistida.
Assim, o artigo 47 do mesmo decreto-lei estabeleceu um prazo de doze meses
para a acessibilização de todos os sites da administração pública, de interesse público ou
financiado pelo governo. Com essa nova lei, muitas organizações tiveram que adaptar suas
instalações, serviços e sistemas de informações a fim de obter a certificação de acessibilidade.
Essa medida, tornando obrigatória a acessibilidade nos portais e sítios eletrônicos
da administração pública na rede mundial de computadores (Internet) para o uso das pessoas
com deficiência visual, garante aos mesmos o pleno acesso às informações disponíveis.
Além disso, o ministro da Educação, Fernando Haddad, apresentou no dia 18 de
setembro de 2008 um decreto que regulamenta o ensino para pessoas com deficiência, a
chamada educação especial. O decreto foi publicado na edição do Diário Oficial da União do
dia anterior, 17 de setembro de 2008.
Segundo o ministro, com o decreto, cada município terá que instalar salas
multifuncionais que dêem condições de aprendizado à criança com deficiência. ―Isso significa
universalizar o livro didático em braile, equipar esses locais com o sistema operacional
DOSVOX (que transforma a leitura do texto em sinal sonoro para que a pessoa com
deficiência visual possa ouvir o livro que ela precisa conhecer)‖, exemplificou.
As condições adequadas ao atendimento da educação especial também incluem a
formação de professores, especialmente em Língua Brasileira de Sinais (Libras), para que eles
19
possam dar aulas bilíngües (português e Libras). Segundo Haddad, o decreto prevê ainda a
definição dos recursos necessários para ampliação da política de educação especial.
Com isso, entende-se por fim, que a Acessibilidade é a possibilidade de qualquer
pessoa usufruir todos os benefícios da sociedade, inclusive o de usar o computador e a
Internet, seja como uma forma de diversão, de ensino-aprendizagem ou de trabalho.
2.4 A Educação Especial
A educação especial se organizou tradicionalmente como atendimento
educacional especializado substitutivo ao ensino comum, evidenciando diferentes
compreensões, terminologias e modalidades que levaram a criação de instituições
especializadas, escolas especiais e classes especiais. Essa organização, fundamentada no
conceito de normalidade/anormalidade, determina formas de atendimento clínico terapêuticos
fortemente ancorados nos testes psicométricos que definem, por meio de diagnósticos, as
práticas escolares para os alunos com deficiência.
No Brasil, o atendimento às pessoas com deficiência teve início na época do
Império com a criação de duas instituições: o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, em 1854,
atual Instituto Benjamin Constant – IBC, e o Instituto dos Surdos Mudos, em 1857, atual
Instituto Nacional da Educação dos Surdos – INES, ambos no Rio de Janeiro. No início do
século XX é fundado o Instituto Pestalozzi – 1926, instituição especializada no atendimento
às pessoas com deficiência mental; em 1954 é fundada a primeira Associação de Pais e
Amigos dos Excepcionais – APAE e; em 1945, é criado o primeiro atendimento educacional
especializado às pessoas com superdotação na Sociedade Pestalozzi, por Helena Antipoff.
Em 1961, o atendimento educacional às pessoas com deficiência passa ser
fundamentada pelas disposições da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº
4.024/61, que aponta o direito dos ―excepcionais‖ à educação, preferencialmente dentro do
sistema geral de ensino.
A Lei nº. 5.692/71, que altera a LDBEN de 1961, ao definir ‗tratamento especial‘
para os alunos com ―deficiências físicas, mentais, os que se encontrem em atraso considerável
quanto à idade regular de matrícula e os superdotados‖, não promove a organização de um
sistema de ensino capaz de atender as necessidades educacionais especiais e acaba reforçando
o encaminhamento dos alunos para as classes e escolas especiais.
Em 1973, é criado no Ministério da Educação e Cultura (MEC), o Centro
Nacional de Educação Especial – CENESP, responsável pela gerência da educação especial
20
no Brasil, que, sob a égide integracionista, impulsionou ações educacionais voltadas às
pessoas com deficiência e às pessoas com superdotação; ainda configuradas por campanhas
assistenciais e ações isoladas do Estado.
Nesse período, não se efetiva uma política pública de acesso universal à educação,
permanecendo a concepção de ―políticas especiais‖ para tratar da temática da educação de
alunos com deficiência.
A Constituição Federal de 1988 traz como um dos seus objetivos fundamentais,
―promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer
outras formas de discriminação‖ (art.3º inciso IV). Define, no artigo 205, a educação como
um direito de todos, garantindo o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania
e a qualificação para o trabalho. No seu artigo 206, inciso I, estabelece a ―igualdade de
condições de acesso e permanência na escola‖, como um dos princípios para o ensino e,
garante, como dever do Estado, a oferta do atendimento educacional especializado,
preferencialmente na rede regular de ensino (art. 208).
O Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei nº. 8.069/90, artigo 55, reforça os
dispositivos legais supracitados, ao determinar que "os pais ou responsáveis têm a obrigação
de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino‖. Também, nessa década,
documentos como a Declaração Mundial de Educação para Todos (1990) e a Declaração de
Salamanca (1994), passam a influenciar a formulação das políticas públicas da educação
inclusiva.
Em 1994, é publicada a Política Nacional de Educação Especial, orientando o
processo de ‗integração instrucional‘ que condiciona o acesso às classes comuns do ensino
regular àqueles que "[...] possuem condições de acompanhar e desenvolver as atividades
curriculares programadas do ensino comum, no mesmo ritmo que os alunos ditos normais‖
(p.19). Ao reafirmar os pressupostos construídos a partir de padrões homogêneos de
participação e aprendizagem, a Política não provoca uma reformulação das práticas
educacionais de maneira que sejam valorizados os diferentes potenciais de aprendizagem no
ensino comum, mantendo a responsabilidade da educação desses alunos exclusivamente no
âmbito da educação especial.
A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - Lei nº 9.394/96, no
artigo 59, preconiza que os sistemas de ensino devem assegurar aos alunos currículo,
métodos, recursos e organização específicos para atender às suas necessidades; assegura a
terminalidade específica àqueles que não atingiram o nível exigido para a conclusão do ensino
21
fundamental, em virtude de suas deficiências e; a aceleração de estudos aos superdotados para
conclusão do programa escolar. Também define, dentre as normas para a organização da
educação básica, a ―possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do
aprendizado‖ (art. 24, inciso V) e ―[...] oportunidades educacionais apropriadas, consideradas
as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante
cursos e exames‖ (art. 37).
Em 1999, o Decreto nº 3.298 que regulamenta a Lei nº 7.853/89, ao dispor sobre a
Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, define a educação
especial como uma modalidade transversal a todos os níveis e modalidades de ensino,
enfatizando a atuação complementar da educação especial ao ensino regular.
Acompanhando o processo de mudanças, as Diretrizes Nacionais para a Educação
Especial na Educação Básica, Resolução CNE/CEB nº 2/2001, no artigo 2º, determinam que:
Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas
organizar-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais,
assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos.
(MEC/SEESP, 2001).
As Diretrizes ampliam o caráter da educação especial para realizar o atendimento
educacional especializado complementar ou suplementar a escolarização, porém, ao admitir a
possibilidade de substituir o ensino regular, não potencializa a adoção de uma política de
educação inclusiva na rede pública de ensino prevista no seu artigo 2º.
O Plano Nacional de Educação - PNE, Lei nº 10.172/2001, destaca que ―o grande
avanço que a década da educação deveria produzir seria a construção de uma escola inclusiva
que garanta o atendimento à diversidade humana‖. Ao estabelecer objetivos e metas para que
os sistemas de ensino favoreçam o atendimento às necessidades educacionais especiais dos
alunos, aponta um déficit referente à oferta de matrículas para alunos com deficiência nas
classes comuns do ensino regular, à formação docente, à acessibilidade física e ao
atendimento educacional especializado.
A Convenção da Guatemala (1999), promulgada no Brasil pelo Decreto nº
3.956/2001, afirma que as pessoas com deficiência têm os mesmos direitos humanos e
liberdades fundamentais que as demais pessoas, definindo como discriminação com base na
deficiência, toda diferenciação ou exclusão que possa impedir ou anular o exercício dos
direitos humanos e de suas liberdades fundamentais. Esse Decreto tem importante repercussão
na educação, exigindo uma reinterpretação da educação especial, compreendida no contexto
22
da diferenciação adotada para promover a eliminação das barreiras que impedem o acesso à
escolarização.
Na perspectiva da educação inclusiva, a Resolução CNE/CP nº1/2002, que
estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação
Básica, define que as instituições de ensino superior devem prever em sua organização
curricular formação docente voltada para a atenção à diversidade e que contemple
conhecimentos sobre as especificidades dos alunos com necessidades educacionais especiais.
A Lei nº 10.436/02 reconhece a Língua Brasileira de Sinais como meio legal de
comunicação e expressão, determinando que sejam garantidas formas institucionalizadas de
apoiar seu uso e difusão, bem como a inclusão da disciplina de Libras como parte integrante
do currículo nos cursos de formação de professores e de fonoaudiologia.
A Portaria nº 2.678/02 aprova diretriz e normas para o uso, o ensino, a produção e
a difusão do Sistema Braille em todas as modalidades de ensino, compreendendo o projeto da
Grafia Braile para a Língua Portuguesa e a recomendação para o seu uso em todo o território
nacional.
Em 2003, o Ministério da Educação cria o Programa Educação Inclusiva: direito à
diversidade, visando transformar os sistemas de ensino em sistemas educacionais inclusivos,
que promove um amplo processo de formação de gestores e educadores nos municípios
brasileiros para a garantia do direito de acesso de todos à escolarização, a organização do
atendimento educacional especializado e a promoção da acessibilidade.
Em 2004, o Ministério Público Federal divulga o documento O Acesso de Alunos
com Deficiência às Escolas e Classes Comuns da Rede Regular, com o objetivo de disseminar
os conceitos e diretrizes mundiais para a inclusão, reafirmando o direito e os benefícios da
escolarização de alunos com e sem deficiência nas turmas comuns do ensino regular.
Impulsionando a inclusão educacional e social, o Decreto nº 5.296/04
regulamentou as leis nº 10.048/00 e nº 10.098/00, estabelecendo normas e critérios para a
promoção da acessibilidade às pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. Nesse
contexto, o Programa Brasil Acessível é implementado com o objetivo de promover e apoiar o
desenvolvimento de ações que garantam a acessibilidade.
A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, aprovada pela ONU
em 2006, da qual o Brasil é signatário, estabelece que os Estados Parte devem assegurar um
sistema de educação inclusiva em todos os níveis de ensino, em ambientes que maximizem o
23
desenvolvimento acadêmico e social compatível com a meta de inclusão plena, adotando
medidas para garantir que:
a) As pessoas com deficiência não sejam excluídas do sistema educacional geral
sob alegação de deficiência e que as crianças com deficiência não sejam excluídas do ensino
fundamental gratuito e compulsório, sob alegação de deficiência;
b) As pessoas com deficiência possam ter acesso ao ensino fundamental inclusivo,
de qualidade e gratuito, em igualdade de condições com as demais pessoas na comunidade em
que vivem (Art.24).
Em 2006, a Secretaria Especial dos Direitos Humanos, o Ministério da Educação,
o Ministério da Justiça e a UNESCO lançam o Plano Nacional de Educação em Direitos
Humanos que objetiva, dentre as suas ações, fomentar, no currículo da educação básica, as
temáticas relativas às pessoas com deficiência e desenvolver ações afirmativas que
possibilitem inclusão, acesso e permanência na educação superior.
Em 2007, no contexto com o Plano de Aceleração do Crescimento - PAC, é
lançado o Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE, reafirmado pela Agenda Social de
Inclusão das Pessoas com Deficiência, tendo como eixos a acessibilidade arquitetônica dos
prédios escolares, a implantação de salas de recursos e a formação docente para o atendimento
educacional especializado.
No documento Plano de Desenvolvimento da Educação: razões, princípios e
programas, publicado pelo Ministério da Educação, é reafirmada a visão sistêmica da
educação que busca superar a oposição entre educação regular e educação especial.
Contrariando a concepção sistêmica da transversalidade da educação especial nos
diferentes níveis, etapas e modalidades de ensino, a educação não se estruturou na perspectiva
da inclusão e do atendimento às necessidades educacionais especiais, limitando, o
cumprimento do princípio constitucional que prevê a igualdade de condições para o acesso e
permanência na escola e a continuidade nos níveis mais elevados de ensino.
O Decreto nº 6.094/2007 estabelece dentre as diretrizes do Compromisso Todos
pela Educação, a garantia do acesso e permanência no ensino regular e o atendimento às
necessidades educacionais especiais dos alunos, fortalecendo a inclusão educacional nas
escolas públicas.
24
2.5 A Inclusão Social e Digital
Proporcionar uma melhor maneira de inserção social e digital das pessoas com
deficiência visual é a principal contribuição que essa dissertação de mestrado busca oferecer.
Devido a isso, este tópico procura mapear a evolução da ocorrência do tema
―Acessibilidade dos Deficientes Visuais‖, destacando os principais enfoques que tem sido
dado ao referido tema. Isso foi possível através de pesquisas no banco de teses e dissertações
acadêmicas da CAPES (que é uma das maiores fontes de conhecimento do país), nos anais de
congressos científicos nacionais e nas bases de dados internacionais. Esse levantamento serve
de subsídio para análise de quais campos estão em ascendência e quais lacunas precisam ser
mais bem exploradas.
Quadro 2.2 – Teses e Dissertações de Mestrado e Doutorado. Massari
(2006)
Análise da relação da pessoa com deficiência física ou visual e a acessibilidade urbana da região
central da cidade de Santo André.
Boer
(2005)
Desenvolvimento de uma ferramenta de software (Quatro Estações), buscando amenizar as
dificuldades dos alunos com baixa visão no processo de interação com o computador, superando
suas necessidades especiais, e contribuindo para sua inclusão no processo educacional e social.
Negrão
(2004)
Análise comparativa entre a sensibilidade tátil de pessoas cegas, surdas e não deficientes, visando
contribuir para o desenvolvimento de ferramentas que auxiliem pessoas com alguma deficiência
(auditiva ou visual) a interagirem no âmbito social por meio de uma realimentação tátil.
Bezerra
(2003)
Apresentação do ―BR Braille‖, programa que tem por finalidade facilitar a comunicação entre
pessoas com deficiência visual alfabetizadas em Braille, e pessoas que não conheçam o sistema
Braille, como na relação educador não-alfabetizado em Braille e alunos deficientes visuais.
Hoffmann
(2002)
Estudo de caso da inserção laboral de pessoas com deficiência visual em um estúdio de gravação,
objetivando a melhoria das condições do posto de trabalho, considerando a concepção
ergonômica do ambiente e de sua própria atividade laboral.
Carvalho
(2001)
Demonstração de que a Educação a Distância no Ensino Superior é adequada e viável, com a
atual tecnologia, como uma forma de acesso para o deficiente visual.
Rodrigues
(2000)
Descreve a situação atual do acesso a Internet por pessoas com deficiência visual, apresentando
novas formas de desenvolvimento de páginas através de regras de acessibilidade e da
implementação de um protótipo de um browser adaptados aos deficientes visuais, enfatizando-se
também a importância do desenvolvimento de páginas acessíveis de boa qualidade.
Fernandez
(1999)
Estudo das possibilidades de melhoria para o acesso às páginas da Internet por usuários com
deficiência visual e cegueira.
Munster
(1998)
Estudo com o objetivo de elaborar um material pedagógico adequado às necessidades educativas
especiais de crianças com deficiência visual, bem como fornecer orientações e sugestões que
auxiliem o professor de educação física a proporcionar experiências perceptivo-motoras
significativas a estas crianças.
Veríssimo
(1997)
Verifica a correspondência entre as finalidades do Instituto Benjamin Constant (Centro de
Educação Especial na área de deficiência visual) e a visão de representantes da comunidade
escolar (alunos, pais, professores e servidores técnico-administrativos), concentrando-se na
necessidade e possibilidade de mudanças que gerem novas perspectivas para a integração social
das pessoas deficientes visuais, garantindo-lhes que alcancem a plenitude de sua cidadania.
Fonte: Banco de teses e dissertações da CAPES.
25
No Quadro 2.2, são destacadas algumas teses e dissertações de mestrado e
doutorado. Nesse banco de teses e dissertações, foram encontrados 144 trabalhos. A princípio,
observa-se nos anos iniciais, pouco interesse na abordagem empresarial no Brasil, o que de
certa forma, explica a baixa produção acadêmica, porém este quadro começa a mudar ao
longo dos anos, e apesar das oscilações quanto às publicações, observa-se claramente uma
tendência de crescimento (ver quadro 1.1), revelando o quanto a temática da acessibilidade
aos deficientes visuais está cada vez mais presente, na atualidade, no campo das pesquisas
científicas do Brasil, dando destaque, principalmente, para a área do desenvolvimento de
novas tecnologias para a inserção do deficiente visual na sociedade.
Quadro 2.3 – Artigos Nacionais do ENEGEP e ENANPAD.
Almeida et. al.
(2007)
Trata da aplicação de princípios ergonômicos para avaliar os recursos utilizados na
orientação e mobilidade de pessoas com deficiência visual, procurando apontar os
resultados obtidos quando do questionamento a usuários cegos e de baixa visão de um
centro de capacitação para pessoas com deficiência visual na cidade de Recife,
Pernambuco, sobre o conhecimento e aplicação dos recursos: guia videntes, bengalas, cão
guia, mapa tátil e ajudas eletrônicas. Para tal, foi realizada uma Intervenção
Ergonomizadora do Sistema Humano-Tarefa-Máquina, contemplando as etapas de
Apreciação e Diagnose ergonômica. Observou-se que as pessoas com deficiência visual
usam essencialmente o recurso do guia vidente e da bengala, demonstrando
desconhecimento de outros recursos que permitam maior autonomia na realização de suas
atividades, assim como a importância do enfoque ergonômico para o desenvolvimento de
um sistema informacional que melhor atenda às necessidades dessas pessoas.
Leite e Silva
(2006)
Verifica a ocorrência, na prática, do processo de inclusão escolar, em especial de alunos
com deficiência visual, no ensino de nível superior. Foram escolhidas cinco Instituições de
Educação Superior - IES do município de Belo Horizonte que contam com alunos cegos em
seu quadro discente. A coleta dos dados para a análise foi feita por meio de visitas às IES,
entrevistas com coordenadores e com os próprios alunos.
Ferreira et. al.
(2006)
Procura identificar e definir diretrizes de usabilidade alinhadas com a legislação de
acessibilidade, que possam facilitar a interação de deficientes visuais com a Internet e
garantir sites com conteúdo compreensível e navegável. Busca também quantificar os sites
da administração pública que aderiram aos padrões de acessibilidade desenvolvidos pelo
governo brasileiro. Para isso realizou um estudo exploratório, compreendendo uma
pesquisa de campo, com a realização de entrevistas em profundidade com vários
deficientes visuais do Instituto Benjamin Constant, principal centro de referência no Brasil
em matéria de educação e reeducação de deficientes visuais. Os resultados permitiram
identificar vários aspectos que poderão contribuir para a acessibilização de sites, com
ênfase na facilitação do acesso de deficientes visuais à Web.
Paula e Filho
(2003)
Apresenta o trabalho desenvolvido pela União dos Cegos D. Pedro II – UNICEP, entidade
localizada no Espírito Santo, que tem a função de reabilitar a pessoa cega e de baixa visão
para incluí-la na Sociedade na área de educação, profissionalizante e desportiva. O trabalho
é executado com atividades de vida diária, prática esportiva e educação com recursos do
Braile, leitura ampliada, materiais concretos, jogos didáticos e informática. Visando a
reabilitação ela desenvolveu uma fábrica de cabides com objetivo de dar trabalho a um
grupo de cegos e gerar renda para a instituição e para os próprios cegos.
Fonte: Anais do ENEGEP e ENANPAD.
No Quadro 2.3, encontram-se os principais artigos nacionais envolvendo o tema
da presente pesquisa, localizados no ENEGEP e no ENANPAD.
26
Nestes anais, diferentemente do banco de teses e dissertações, foram encontrados
apenas os 4 trabalhos destacados acima. Com isso, percebe-se que o tema ainda carece de
mais desenvolvimento científico, levando em consideração o montante de instituições de
ensino do país e a quantidade de trabalhos desenvolvidos em torno do tema nos últimos anos.
No entanto, deve-se salientar que em uma análise qualitativa constata-se que bons trabalhos
estão sendo desenvolvidos no âmbito nacional. Os assuntos abordados possuem um forte
apelo em disponibilizar experiências educacionais, profissionais e pessoais aos deficientes
visuais de forma mais interessante e eficaz.
Quadro 2.4 – Artigos Internacionais do Emerald Insight e do Science Direct.
Westlind
(2008)
Trata-se de um estudo de caso de uma tendência na área de biblioteconomia em
matéria de tecnologias para os deficientes visuais. Procura resolver os problemas de
catalogação e informar sobre os últimos desenvolvimentos e realizações no campo
de materiais acessíveis. Fornece algumas perspectivas sobre os desafios da prática de
catalogação nas bibliotecas para os deficientes visuais.
Boron, Bratek e Kos
(2007)
Apresenta o protótipo de uma tela gráfica táctil de sinais térmicos para os cegos. Os
módulos Peltier podem trabalhar tanto como geradores de calor e de frio. A tela
gráfica dos sinais térmicos exibe um símbolo simples ou texto Braille. Os
experimentos realizados com pessoas cegas mostram que eles são capazes de
identificar os pontos quentes e frios. O artigo demonstra que é possível a
visualização gráfica simples, utilizando micropumps Peltier.
Al-Salman et. al.
(2007)
Descreve o desenvolvimento de um novo sistema chamado Mubser para traduzir ou
converter códigos Braille (árabe e inglês) em texto normal. O sistema pode detectar
automaticamente a origem do idioma e o grau do Braille, auxiliando tanto pessoas
videntes quanto pessoas cegas a se comunicarem melhor.
Robson
(2007)
Descreve um sistema de ecolocação virtual (percepção de posição através de eco por
meio da utilização de sonar) em um modelo de computador 3D que pode ajudar as
pessoas a navegar em ambientes do mundo real que eles não podem ver.
Hunaiti et. al.
(2005)
Apresenta os resultados de uma experiência que foi realizada para determinar a
configuração visual mais "adequada" para uma câmera empregada para permitir a
detecção de obstáculos à frente do usuário do sistema de navegação para pedestres
deficientes visuais, desenvolvido na Universidade de Brunel. A determinação da
configuração visual adequada para a câmera permite uma efetiva prestação de
informação útil para a viagem de pedestres deficientes visuais.
López
(2005)
Apresenta um novo guia sobre "Acessibilidade para pessoas cegas e deficientes
visuais", com o objetivo de fornecer informações práticas e orientações claras aos
arquitetos, designers, urbanistas, entre outros, para o planejamento e organização das
cidades, dos edifícios, transportes, produtos e serviços "para todos".
Pavesic et. al.
(2003)
Apresenta o Homer II, um sistema de voz de comando texto-para-discurso
desenvolvido para pessoas cegas ou deficientes visuais para leitura de textos
eslovenos. Explica que novas versões do sistema Homer com cada vez mais
módulos de diálogo avançados e algum browser básico de funcionalidade World
Wide Web irá representar um instrumento importante para a educação à distância e
para o processo de ensino para as pessoas deficientes que utilizam redes acadêmicas.
Loo, Lu e Bloor
(2003)
Apresenta a concepção de um projeto na Web para os cegos. Tem como objetivo
desenvolver um novo modelo de interface humano-computador e um sistema de
computador associado para os deficientes visuais, para que possam navegar na
World Wide Web através da Internet.
Fonte: Base de dados do Emerald Insight e do Science Direct.
27
Por fim, o Quadro 2.4 apresenta alguns artigos internacionais, localizados no
Emerald Insight e no Science Direct.
Nestes anais internacionais, foram encontrados 50 artigos. Percebe-se nas
publicações internacionais, um maior desenvolvimento de projetos práticos, como
formulações de protótipos e/ou mecanismos de apoio direto aos deficientes, gerando ótimas
perspectivas para pesquisas futuras.
28
CAPÍTULO 3
METODOLOGIA DA PESQUISA
Neste capítulo será apresentada a metodologia adotada, sendo caracterizados os
aspectos metodológicos, tais como o tipo de pesquisa, a população estudada, os instrumentos
utilizados para a coleta de dados, e enfim, a maneira como os dados foram processados e
analisados.
3.1 TIPO DE PESQUISA
Quanto à natureza, classifica-se como aplicada. Para Ander-Egg apud Marconi e
Lakatos (p.22, 1999), a pesquisa aplicada, ―como o próprio nome indica, caracteriza-se por
seu interesse prático, isto é, que os resultados sejam aplicados ou utilizados, imediatamente,
na solução de problemas que ocorrem na realidade‖. Conforme Rummel apud Marconi e
Lakatos (p.23, 1999), a pesquisa tecnológica ou aplicada prática é utilizada ―quando objetiva
a aplicações dos tipos de pesquisa relacionados às necessidades imediatas dos diferentes
campos de atividade humana‖.
Do ponto de vista dos objetivos, classifica-se como pesquisa descritiva. Segundo
Best apud Marconi e Lakatos (p.22, 1999), a pesquisa descritiva ―delineia o que é‖,
abordando também aspectos, como: descrição, registro, análise e interpretação de fenômenos
atuais, tendo em vista o seu funcionamento no presente. Na visão de Hymann apud Marconi e
Lakatos (p.22, 1999), a pesquisa descritiva trata-se da ―simples descrição de um fenômeno‖.
Quanto à abordagem do problema é qualitativa e quantitativa. Neves (1996)
aponta que na pesquisa qualitativa busca-se obter dados descritivos mediante contato direto e
interativo do pesquisador com a situação objeto de estudo. Este mesmo autor afirma que na
pesquisa qualitativa ―é freqüente que o pesquisador procure entender os fenômenos, segundo
a perspectiva dos participantes da situação estudada e, a partir daí, situe sua interpretação dos
fenômenos estudados‖.
29
Para Richardson (1999), a abordagem quantitativa
Caracteriza-se pelo emprego da quantificação tanto nas modalidades
de coleta de informações, quanto no tratamento delas por meio de
técnicas estatísticas, desde as mais simples como percentual, média,
desvio-padrão, às mais complexas, como coeficiente de correlação,
análise de regressão, etc.
Quanto ao procedimento de coleta de dados, trata-se de uma pesquisa survey, em
um primeiro momento e de uma pesquisa experimental no segundo momento.
De acordo com Malhotra (2001, p. 179) o método survey ―se baseia no
interrogatório dos participantes, aos quais se fazem várias perguntas sobre seu
comportamento, intenções, atitudes, percepção, motivações, e características demográficas e
de estilo de vida‖. Nesse tipo de investigação, o instrumento de coleta de dados utilizado é o
questionário.
Best apud Marconi e Lakatos (p.22, 1999), explica que a pesquisa experimental
―descreve o que será‖, quando se consegue controlar determinados fatores, tendo como
importância as relações de causa e efeito. Na concepção de Hymann apud Marconi e Lakatos
(p.22, 1999), a pesquisa experimental trata-se de ―levantamentos explicativos, avaliativos e
interpretativos, que tem como objetivos a aplicação, a modificação e / ou a mudança de
alguma situação ou fenômeno‖.
3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA
De acordo com Vergara (1998, p.48), universo ―é um conjunto de elementos
(empresa, produtos, pessoas) que possuem as características que serão objetos de estudo‖,
enquanto que amostra ―é uma parte do universo (população) escolhida segundo algum critério
de representatividade‖.
O local escolhido para realização da pesquisa foi o Instituto de Educação e
Reabilitação de Cegos do Rio Grande do Norte, situado no bairro do Alecrim, em Natal, no
Rio Grande do Norte. Primeiramente, foi realizada uma entrevista com a diretora, buscando
compreender o que vem sendo feito com relação a acessibilidade voltada para os alunos
deficientes visuais. Após essa entrevista, o Protótipo 01 foi testado, tendo como objeto de
análise apenas os alunos considerados cegos legais. O instituto conta com 225 alunos, entre os
quais 112 são deficientes visuais, apresentando cegueira e/ou baixa visão, sendo que nesse
30
grupo também existem indivíduos com deficiências múltiplas (surdo-cegos, deficientes
mentais e deficientes físicos). Tendo isso em vista, foram solicitados a participar do teste
apenas os indivíduos com cegueira, totalizando 25 alunos.
Assim, essa pesquisa trata-se de um censo. Conforme Bolfarine e Bussab (2005),
o que diferencia censo de amostra é o número de unidades entrevistadas: no censo, são todas,
e na amostra, uma parte. Esses autores recomendam a utilização do censo em casos onde, por
exemplo, a população é pequena e os custos são baixos. Já a amostra é recomendada quando a
população é muito grande e/ou o custo, tanto em dinheiro quanto em tempo, para coletar as
informações é alto.
3.3 CARACTERIZAÇÃO DO INSTITUTO ONDE FOI REALIZADA A PESQUISA
O Instituto de Educação e Reabilitação de Cegos do Rio Grande do Norte, situado
na Rua Fonseca e Silva, 1113, no bairro do Alecrim, Natal, foi fundado em 16 de julho de
1952 pelo Dr. Ricardo César Paes Barreto.
Conhecido pela sigla IERC-RN, apresentando uma área total de 2.046 m2, sendo
961 m2 de área construída, é uma sociedade civil de direito privado, sem fins lucrativos,
reconhecida de utilidade pública municipal e estadual com registro no Conselho Nacional de
Assistência Social.
A finalidade principal da entidade é promover a habilitação, reabilitação e
educação das pessoas cegas ou com deficiências visuais graves, proporcionando
oportunidades para o seu pleno desenvolvimento, bem como a sua integração ou reintegração
sociedade, permitindo maior independência e autonomia.
O IERC é mantido através de convênios com o Governo do Estado e Prefeitura
Municipal, no que diz respeito a cessão de pessoal e recebe esporadicamente cooperação
financeira do Governo Federal atendendo aos projetos encaminhados. As demais
contribuições são oriundas dos associados da comunidade. Para atender a demanda, ainda
lança mão de diversos recursos como campanhas, bazares, rifas, sorteios, entre outros.
Sua administração é formada pela assembléia geral, diretoria e conselho fiscal
cujos membros são eleitos quadrienalmente dentre o quadro de associados da entidade.
Atualmente, o seu Presidente é o Sr. Marcos Antonio da Silva, que é cego desde o
nascimento.
31
A estrutura física tem capacidade para atender mais de 200 alunos. Dispõe no
momento de: auditório; refeitório; cozinha; sala de oficina pedagógica; salas de estimulação
essencial; sala de computação; sala de música; biblioteca; sala de psicologia; sala de serviço
social; sala de espera; sala de supervisão; sala da diretoria; secretaria; salas de aula; quadra de
esporte; área de lazer com piscina e parque infantil; banheiros; sala dos professores; área de
serviço; almoxarifado; sala de dança; sala de apoio a itinerância (serviços de orientação e
supervisão pedagógica ao deficiente); e lojinha de artesanato. Atualmente o IERC/RN conta
com 225 alunos (112 deficientes visuais) sendo atendidos de acordo com suas necessidades
nas áreas de educação especial, estimulação essencial e no programa de reabilitação. Para
isso, conta com professor de música, de Braille, Sorobã e informática, além de psicólogo,
assistente social e professores para atender disciplinas como artes e pintura.
O aluno do Instituto de cegos tem acesso a uma biblioteca em Braille, com livros
de literatura brasileira, livros didáticos, literatura infanto-juvenil e muitos outros títulos, além
de contar com a utilização da Internet e de recursos didáticos, dentre os quais destacam-se: a
máquina Perkins Braille, o programa Dosvox e Virtual Vision e as impressoras Braille (com
os programas Duxbury, Braille Fácil e Braivox).
Assim, percebe-se que o Instituto vem trabalhando as formas de inclusão a
tecnologia, sendo considerado um exemplo de inclusão cidadã.
3.4 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS
A pesquisa possuiu três fases:
Primeira fase: Foram aplicados 2 (dois) formulários estruturados com perguntas
abertas e fechadas. Um formulário com a intenção de se traçar o perfil da instituição
que trabalha com deficientes visuais e sua posição quanto a utilização de dispositivos
computacionais para os deficientes visuais (Anexo A). Outro formulário no intuito de
se traçar o perfil dos estudantes com deficiência visual, pertencentes a essa instituição
(Anexo B);
Segunda Fase: Uma ferramenta tátil capaz de reproduzir formas em 3D através de
diversos pinos (Protótipo 01) foi aplicada na instituição que trabalha com deficientes
visuais, como exemplo aplicativo do funcionamento do dispositivo proposto (exibição
de formas geométricas). Os resultados dessa aplicação complementaram o formulário
32
voltado para o estudante com deficiência visual, revelando a quantidade de escores de
cada estudante na tentativa de reconhecer as formas geométricas apresentadas (ver
Anexo B);
Terceira Fase: Foi desenvolvido um protótipo computacional piloto (Protótipo 02) que
trabalhou com a reprodução de apenas 1 (um) pino, para ser utilizado aos pares, com o
objetivo de testar a comunicação do dispositivo proposto. Esse teste aconteceu em um
laboratório, no qual 2 (dois) Notebooks, ambos equipados com o Protótipo 02, foram
conectados para realizar a transferência do posicionamento do pino de um notebook
para o outro via rede local (LAN) e Internet.
Na Ilustração 3.1, pode-se observar um resumo do que foi realizado em cada uma
dessas três fases.
Ilustração 3.1 – Dimensões de Análise da Pesquisa
Fonte: Pesquisa de Mestrado, 2008.
Para testar o reconhecimento das formas geométricas (2ª fase), foi aplicada uma
ferramenta tátil capaz de esculpir formas 3D (Protótipo 01) em uma instituição voltada para
os deficientes visuais (IERC/RN). Para esse teste, foram utilizadas diversas formas
Aplicação de formulários
(pesquisa de opinião,
com questões abertas e
fechadas)
Aplicação do protótipo
01 na instituição para
testar o reconhecimento
das geometrias
Planejamento e
desenvolvimento técnico do
Protótipo 02 para teste de
comunicação (LAN e WEB)
Perfil da instituição
e dos estudantes
Aplicação do
Protótipo 01
Desenvolvimento
do Protótipo 02
Dispositivo
computacional
33
geométricas (ver Ilustração 3.2), as quais foram sendo esculpidas tridimensionalmente com o
auxílio da ferramenta tátil. No Anexo C, as geometrias utilizadas podem ser observadas em
tamanho real.
Ilustração 3.2 – Geometrias Utilizadas no Teste de Viabilidade do Protótipo 01
Fonte: Pesquisa de Mestrado, 2008.
Antes de se realizar a aplicação do Protótipo 01 com os alunos, foi realizado um
pré-teste. Nessa fase, o protótipo foi testado com o presidente do instituto e com outros dois
alunos, todos cegos desde nascidos. Primeiramente, as geometrias foram apresentadas uma a
uma aos 3 (três) participantes para que as reconhecessem antes do teste com a máquina. Logo
em seguida, essas geometrias foram apresentadas novamente através de uma matriz de pinos
da ferramenta tátil. Percebeu-se que cada um dos participantes realizou o teste completo de
reconhecimento levando um tempo aproximado em torno de 5 minutos. Com base no êxito
obtido pelo pré-teste, foram agendados com a diretoria determinados dias para que os testes
oficiais com os alunos legalmente cegos acontecessem. No total, 25 alunos participaram dos
testes.
Ilustração 3.3 – Reconhecimento da Geometria Ilustração 3.4 – Posicionamento dos Pinos
Fonte: Pesquisa Experimental, 2008. Fonte: Pesquisa Experimental, 2008.
Antes de utilizar a ferramenta tátil, as geometrias a serem avaliadas foram
selecionadas e apresentadas a cada indivíduo com o objetivo de testar o nível de dificuldade
dos mesmos no reconhecimento (ver Ilustração 3.3). Para essa etapa de reconhecimento, foi
34
dado a cada indivíduo aproximadamente 5 minutos para contatos com as geometrias, tendo
como base o pré-teste. Em seguida, o Protótipo 01 foi colocado sobre cada geometria
selecionada (ver Ilustração 3.4), esculpindo-as tridimensionalmente através de uma matriz de
pinos (ver Ilustração 3.5).
Ilustração 3.5 – Exibição da Geometria Ilustração 3.6 – Reconhecimento da Forma
Fonte: Pesquisa Experimental, 2008. Fonte: Pesquisa Experimental, 2008.
Assim, essas geometrias foram sendo esculpidas e apresentadas seqüencialmente,
em ordem aleatória para cada estudante. Após a captura e exibição da forma geométrica na
ferramenta tátil, foi solicitado ao indivíduo que a tateasse (ver Ilustração 3.6) e questionado se
o mesmo reconhecia as formas. Após várias exibições, os estudantes foram avaliados com
base na quantidade de escores.
Para comprovar a viabilidade tecnológica da transferência do posicionamento dos
pinos da máquina 01 para a máquina 02 (3ª fase), foi desenvolvido um dispositivo (Protótipo
02) que trabalhou com apenas um (1) pino. Esse protótipo foi composto por uma parte
eletromecânica (Ilustração 3.7) e por um software (Ilustração 3.8). Essas duas partes serão
explicadas de maneira mais detalhada no capítulo 4.
O software teve um papel decisivo no gerenciamento do processo como um todo.
O software foi responsável por gerenciar os estados da máquina 01 e da máquina 02, de modo
a sempre manter uma máquina em estado de captura e outra em estado de impressão 3D do
pino. Em outras palavras, o software foi responsável por gerenciar os comandos de captura,
organização, transferência e impressão 3D.
35
Ilustração 3.7 – Parte Eletromecânica Ilustração 3.8 – Software do Dispositivo
Fonte: Pesquisa Experimental, 2008. Fonte: Pesquisa Experimental, 2008.
Assim, foi possível gerenciar o recebimento das informações digitais oriundas da
máquina que se encontrava em estado de captura, decodificando o posicionamento do pino de
acordo com seu deslocamento no eixo longitudinal para uma linguagem computacional,
possibilitando a transferência pela rede local. Concomitantemente, o software fez com que a
máquina 2 se posicionasse em modo de recebimento de dados.
3.5 ANÁLISE DOS DADOS
Conforme Vergara (2000, p. 59), existem duas maneiras de tratar os dados,
podendo ser de forma quantitativa, ou seja, utilizando-se de procedimentos estatísticos, que
podem ser paramétricos ou não-paramétricos; ou de forma qualitativa, codificando-os e
apresentando-os de maneira mais estruturada e finalmente, analisando-os. Conforme esta
mesma autora é possível também analisar os dados qualitativa e quantitativamente em um
mesmo estudo.
Assim, os dados coletados foram analisados qualitativa e quantitativamente,
utilizando, por exemplo, estatística descritiva para dar suporte a uma interpretação subjetiva
ou para desencadeá-la.
Assim, a análise dos dados foi realizada utilizando estatística descritiva, através de
gráficos e tabelas. Foram utilizadas técnicas estatísticas simples, como percentuais e médias.
36
CAPÍTULO 4
DESENVOLVIMENTO DO PROTÓTIPO
Este capítulo tem o propósito de abordar os aspectos conceituais relevantes do
desenvolvimento, funcionamento e aplicação dos protótipos aqui utilizados na tentativa de
viabilizar o dispositivo computacional proposto pra os deficientes visuais.
Oferece também uma idéia de como seria a aplicação futura do dispositivo, quais
seriam suas dimensões e a sua capacidade de resolução.
4.1 DISPOSITIVO PROPOSTO
Como visto no início dessa dissertação, o objetivo deste trabalho é propor uma
forma de comunicação tátil entre indivíduos com deficiência visual (cegueira ou baixa visão)
através da Internet ou de uma rede local (LAN – Local Adress Network). A proposta inicial
do equipamento é o reconhecimento de formas geométricas simples e diferenciações entre
objetos com maiores ou menores dimensões.
Para isso, o equipamento deverá ser utilizado aos pares, de modo que enquanto
um fica em modo de captura de formas 3D, o outro fica em modo de recepção, como pode ser
observado na Ilustração 4.1.
A aplicação inicial do dispositivo é direcionada para a área de ensino, podendo se
dar em laboratório ou sala de aula com computadores somados aos dispositivos de captura e
impressão de imagens 3D, onde o professor determinará que seu computador será de captura,
enquanto que os demais computadores presentes na sala, destinados aos alunos, serão de
impressão.
Essa aplicação pode acontecer também entre dois indivíduos separados
geograficamente que queiram enviar e/ou identificar imagens de determinados objetos,
bastando estabelecer qual computador será de captura e qual será de impressão.
37
Ilustração 4.1 – Funcionamento do Protótipo Computacional Proposto
Fonte: Pesquisa de Mestrado, 2008.
Com isso, o indivíduo ―A‖ insere o objeto a ser identificado, o seu equipamento
captura a imagem deste objeto e através de seu computador a imagem é transferida por meio
da Internet ou de uma rede local para o computador do indivíduo ―B‖; após a recepção da
imagem pelo computador do indivíduo ―B‖, o equipamento deste exibe a imagem para que
possa ser identificada. Caso o indivíduo ―B‖ queira enviar uma imagem para que o indivíduo
―A‖ possa identificar, o procedimento também é possível.
4.2 FUNCIONAMENTO E APLICAÇÃO DO PROTÓTIPO 01
Para testar a forma de comunicação do dispositivo proposto, determinando até que
ponto as formas geométricas simples podem ser reconhecidas, foi utilizada uma ferramenta
tátil capaz de esculpir formas tridimensionalmente através de pinos (Ilustrações 4.2 a 4.5).
Essa ferramenta é denominada ao longo dessa dissertação como Protótipo 01, cuja aplicação
foi explicada anteriormente no tópico 3.4 do Capítulo 3, discorrendo sobre a Metodologia da
Pesquisa.
Indivíduo
“A”
insere
objeto
Equipamento
―A‖ captura o
objeto
Indivíduo
“B”
identifica o
objeto
Equipamento
―B‖ exibe o
objeto
Computador
―A‖ emite o
objeto
Computador
―B‖ recebe o
objeto
Transmissão através
da Internet ou rede
local (LAN)
38
Ilustração 4.2 – Perspectiva do Topo Ilustração 4.3 – Perspectiva Lateral
Fonte: Pesquisa Experimental, 2008. Fonte: Pesquisa Experimental, 2008.
O Protótipo 01 é composto por pinos de aço cromados (1376 unidades), os quais são
móveis longitudinalmente, e se encontram acomodados em orifícios nas placas de plástico. As placas
de plástico estão montadas estrategicamente paralelas com o intuito de proporcionar o deslocamento
do pino somente no seu eixo longitudinal. Para fixação da estrutura utilizou-se: fusos (4 unidades),
porcas (12 unidades) e arruelas (16 unidades).
Ilustração 4.4 – Ferramenta Tátil e Geometrias Ilustração 4.5 – Representação da Geometria
Fonte: Pesquisa Experimental, 2008. Fonte: Pesquisa Experimental, 2008.
O funcionamento do protótipo se dá quando é colocado o dispositivo de tal forma que a
parte inferior dos pinos entra em contato com uma forma geométrica tridimensional, com isso os pinos
se deslocam de acordo com a superfície de contato, fazendo assim a captura da forma geométrica
tridimensionalmente através de pinos.
Para mais detalhes, ver no Anexo D o projeto mecânico desta ferramenta
(Protótipo 01).
39
4.3 DESENVOLVIMENTO E FUNCIONAMENTO DO POTÓTIPO 02
Com o intuito de se comprovar que tecnologicamente é possível uma experiência
de comunicação tátil entre duas pessoas separadas geograficamente foi desenvolvido o
Protótipo 02 (ver Ilustração 4.6).
Ilustração 4.6 – Imagem do Protótipo 02
Fonte: Pesquisa Experimental, 2008.
O funcionamento do sistema consiste basicamente em deslocamentos dos pinos de
captura (cliente: mestre) e impressão (cliente: escravo) com a mesma intensidade e sentidos
contrários entre os dois pinos dos clientes envolvidos no canal de comunicação: captura e
impressão. Sendo o sistema gerenciado pelo servidor.
A arquitetura do sistema parte do pressuposto que para o seu correto
funcionamento, sempre haverá um par de computadores equipados individualmente com uma
unidade do Protótipo 02, um servidor e uma rede de computadores interligando-os.
Exemplo: Se durante a fase de captura o cliente abaixar 20% do posicionamento
do seu pino (captura), o pino do cliente (impressão) vai subir 20% a partir do local de seu
40
posicionamento. É preciso salientar que a condição inicial para que estes eventos ocorram é
que anteriormente ao ato de abaixar o pino, o pino do cliente (captura) esteja em uma
porcentagem de deslocamento de 20% ou superior e do cliente (impressão) de 80% ou
inferior.
Como o objetivo do desenvolvimento do Protótipo 02 não se trata do produto
final, a questão da logística de aquisição facilitada das peças e o fator financeiro (baixo custo)
foram levados bastante em considerações na escolha dos dispositivos utilizados. Em especial
o Motor de Passo, que foi obtido gratuitamente numa loja de manutenção de impressoras.
Duas outras vantagens da escolha do Motor de Passo podem ser citadas: comparado com um
conjunto de motor DC e caixa de redução, o motor de passo tem alto torque, baixa rotação,
baixo custo e tamanho físico reduzido. Outra grande vantagem do motor de passo é o controle
de posicionamento do mesmo. Os motores de passo constituem hoje uma das formas mais
versáteis de sistemas de posicionamento, particularmente quando digitalmente controlados
como parte de um servo sistema. Os mesmos encontram-se em drives de disquete, scanners
planos, impressoras e muitos outros dispositivos.
A idéia inicial para se construir o Protótipo 02 foi utilizando Nitinol e mola,
porém, devido ao atraso na chegada do dispositivo dos Estados Unidos, o equipamento foi
substituído pelo Motor de Passo.
O acionamento do motor é feito a partir das saídas do PIC (microcontrolador PIC
16F876), como as saídas do PIC são de baixa tensão e baixa corrente, se faz necessário a
elevação das mesmas, para serem direcionadas para o motor. Isto é feito usando transistores
de média potencia (TIP122) que elevam a tensão de +5V para +12V, sendo a tensão de
acionamento do motor, além disso, eleva a corrente que sai do PIC, da ordem de dezenas de
mili amperes (mA), para uma corrente de no máximo 1A para ser entregue ao motor.
O tipo de sensor de posição escolhido foi um potenciômetro linear (potenciômetro
deslizante de 10K ohm), onde o mesmo foi utilizado como interface entre as medidas métricas
de deslocamento do pino (cm) e níveis de tensões (V).
Com base na informação dada pelo sensor em Volts o microcontrolador identifica
qual a posição do pino, esta informação é enviada para o computador através da porta USB.
Todavia para ocorrer esta comunicação se faz necessário uma conversão de níveis de sinais
transmitidos pelo PIC para a USB. Esta conversão é feita em duas etapas: primeira conversão
de sinais do PIC (níveis de sinal de 0V ou +5V) para sinais do tipo Serial (que podem variam
de -12V a +12V), para esta tarefa utilizou-se um conversor MAX 232. A segunda conversão
41
ocorre na mudança do sinal Serial para USB através de um conversor obtido comercial
(conversor Serial / USB).
A estrutura mecânica foi feita em alumínio, polímero de plástico e todos os
parafusos de fixação são de aço. Em especial a haste (pino) foi construída a partir de uma
peça cilíndrica de alumínio que foi usinada em torno mecânico para se adequar as
necessidades de diâmetros exigidos no projeto.
A cremalheira foi usinada em uma plaina mecânica industrial e seu comprimento
é 55mm. Cremalheira é uma peça mecânica que consiste numa barra ou trilho dentado que em
conjunto com uma engrenagem a ele ajustada, converte movimentos retilíneos em rotacionais
e vice –versa.
Nos Anexos encontram-se:
Projeto Mecânico para auxiliar a construção do Protótipo 02 (Anexo E);
Projeto do circuito eletrônico utilizado no Protótipo 02 (Anexo F);
Layout das trilhas de circuito impresso da placa do circuito utilizado no Protótipo 02
(Anexo G);
Memorial descritivo com as peças utilizadas e seus respectivos valores comerciais
(Anexo H);
O Protótipo 02 pode ser dividido em duas partes básicas: Parte física (Hardware) e
Programas de computador (Software).
4.3.1 Parte Física do Protótipo 02 (Hardware)
A parte física pode ser dividida em três módulos: fonte de alimentação do sistema
(Ilustração 4.7), Módulo Háptico (Ilustração 4.8) e conversor Serial / USB (Ilustração 4.9).
A Fonte de alimentação (12Vcc – 2A) a entrada da fonte são 220V alternada e
sua saída 12V contínua. Basicamente a mesma faz transformações de tensões e correntes
alternadas em tensões e corrente contínua para serem entregues ao Módulo háptico. Se faz
presente na mesma o botão de liga e desliga do protótipo. O Módulo Háptico é composto
basicamente por um conjunto de componentes eletromecânicos e eletrônicos. O Conversor
Serial / USB se faz necessário para viabilizar a comunicação do Protótipo 02 com o
computador através de uma porta USB.
42
Ilustração 4.7 – Fonte de Alimentação Ilustração 4.8 – Módulo Háptico Ilustração 4.9 – Conversor Serial / USB
Fonte: Pesquisa Experimental, 2008. Fonte: Pesquisa Experimental, 2008. Fonte: Pesquisa Experimental, 2008.
Nas Ilustrações 4.10 a 4.15, a seguir, são apresentadas algumas perspectivas do
módulo háptico.
Ilustração 4.10 – Perspectiva de Frente Ilustração 4.11 – Perspectiva de Trás
Fonte: Pesquisa Experimental, 2008. Fonte: Pesquisa Experimental, 2008.
Ilustração 4.12 – Perspectiva Direita Ilustração 4.13 – Perspectiva Esquerda
Fonte: Pesquisa Experimental, 2008. Fonte: Pesquisa Experimental, 2008.
43
Ilustração 4.14 – Pino em Deslocamento Mínimo Ilustração 4.15 – Pino em Deslocamento Máximo
Fonte: Pesquisa Experimental, 2008. Fonte: Pesquisa Experimental, 2008.
4.3.2 Programas de Computador do Protótipo 02 (Software)
O Programa Servidor serve para gerenciar o sistema como um todo,
comunicando-se com os clientes. O Programa Cliente serve para comunicar-se com o
servidor e protótipo. São dois os estados de funcionamento dos clientes: Estado Mestre ou
Estado Escravo.
O Programa Cliente em Estado Mestre (Ilustração 4.16): Com o protótipo, ele
verifica qual o posicionamento do pino e recolhe esta informação. Com o servidor, ele
passa a informação a respeito do posicionamento do pino e pode requisitar para trocar
de estado ou reiniciar o sistema.
O Programa Cliente em Estado Escravo (Ilustração 4.17): Com o protótipo, ele
comunica-se fazendo com que aconteça a movimentação do pino requisitada pelo
servidor. Com o servidor, ele recebe informação e pode enviar pedido para troca de
estado ou reiniciar o sistema como Mestre.
As interfaces de vídeo foram desenvolvidas com o intuito do acompanhamento
visual dos processos e eventos que estão acontecendo. As mesmas foram de grande
importância durante as etapas de testes da parte física do equipamento (hardware) e ajustes
finais da programação (software), já que as mesmas passavam um feedback dos eventos que
estavam se processando no servidor, nas demais máquinas e protótipos dos clientes.
44
Ilustração 4.16 – Interface de Vídeo do Programa Cliente: Estado Mestre
Fonte: Pesquisa Experimental, 2008.
Ilustração 4.17 – Interface de Vídeo do Programa Cliente: Estado Escravo
Fonte: Pesquisa Experimental, 2008.
45
Ilustração 4.18 – Interface de Vídeo do Programa Servidor
Fonte: Pesquisa Experimental, 2008.
A interface do Programa Servidor (Ilustração 4.18) mostra na tela, em tempo
real, os eventos que estão sendo processados no mesmo.
Na interface do Programa Cliente o botão Iniciar tem a função de enviar o pedido
para o servidor para ser mestre. O botão Trocar tem a função de enviar uma mensagem para
o servidor pedindo para trocar de estado entre mestre e escravo. Os botões de Apertar e
Puxar simulam os atos de apertar o pino manualmente e puxar o pino manualmente
respectivamente. A informação visual graficamente representada como barras na cor preta
simulam o deslocamento do pino. A barra que se encontra no lado esquerdo na interface do
programa cliente faz alusão ao deslocamento do pino da máquina que esta sendo usada pelo
cliente que esta observando a interface e a outra barra, a da direita, passa a informação visual
aonde se encontra o posicionamento do pino na outra máquina envolvida no sistema e seu
respectivo deslocamento.
4.3.3 Arquitetura do Sistema
Na implementação do sistema foi utilizada a arquitetura cliente-servidor (ver
Ilustração 4.19), onde neste primeiro momento, somente haverá dois clientes e um servidor.
Um cliente sempre será o mestre (estado captura) e o outro sempre cliente será o escravo
(estado impressão).
A comunicação entre o cliente e protótipo é feita através de uma interface Serial /
USB, o protótipo (Módulo Háptico) tem conexão de saída serial. Para comunicação com o
cliente (computador) pela porta USB é utilizado um conversor Serial para USB. A
comunicação entre cliente e servidor é feita através de uma rede local ou através da rede
46
mundial de computadores (Internet) utilizando-se de uma conexão direta entre IP‘s dos
clientes envolvidos na operação.
Ilustração 4.19 – Arquitetura do Sistema
Fonte: Pesquisa Experimental, 2008.
No desenvolvimento dos programas (softwares) dos clientes e servidor foi
utilizada a linguagem de programação Java. A escolha da mesma deu-se devido a sua
portabilidade: pode ser interpretada em diversas plataformas como computadores, celulares,
PDA, receptores de TV Digital, desktop, web. O Java pode ser interpretado em vários
sistemas operacionais como Linux, Windows, Unix, Mac OS e sistemas embarcados. A
linguagem de programação C foi utilizada na programação do PIC contido no circuito
eletrônico do Protótipo 02, a sua escolha foi devido a referências de fabricante direcionando
para o uso da mesma.
47
4.3.4 Protocolo de Comunicação
O protocolo de comunicação consiste em um conjunto de mensagens que define a
conexão do sistema.
Entre as mensagens que foram utilizadas, encontram-se:
Mensagem (1): Pede Conexão
Mensagem (2): Estabelece Conexão
Mensagem (3): Pede para ser Mestre
Mensagem (4): Define como Mestre
Mensagem (5): Define como Escravo
Mensagem (6): Coloca pino na posição Mínima
Mensagem (7): Coloca pino na posição Máxima
Mensagem (8): Mensagem Apertar
Mensagem (9): Executa Puxar
Mensagem (10): Mensagem Puxar
Mensagem (11): Executa Apertar
Mensagem (12): Pede para trocar de Estado
A seguir, na Ilustração 4.20, é apresentado um Diagrama de Seqüência de
Eventos, que descreve um diálogo entre os clientes e o servidor através de trocas de
mensagens entre os elementos do sistema: Programa Clientes e Programa Servidor.
Antes de tudo inicia-se o Programa Servidor, neste momento o mesmo fica em
modo de espera, aguardando a entrada de algum cliente no sistema.
O primeiro cliente que entrar no sistema pedindo autorização de conexão com o
servidor (Mensagem 1) será o cliente 0 (Mensagem 2) e o próximo cliente que pedir conexão
(Mensagem 1) com o servidor será o cliente 1 (Mensagem 2). Após estabelecida a conexão do
servidor com cliente 0 e o cliente 1, aquele que primeiro pedir para ser Mestre, clicando no
botão Iniciar, será o Mestre e o outro será o Escravo obrigatoriamente. Como o cliente 1
enviou a mensagem para o servidor ―pedindo para ser Mestre‖ (Mensagem 3) o servidor
define que o mesmo será Mestre (Mensagem 4) e define que o cliente 0 será Escravo
(Mensagem 5).
48
Ilustração 4.20 – Diagrama de Seqüência de Eventos
Fonte: Pesquisa Experimental, 2008.
O sistema será resetado pelo servidor. Uma mensagem de ―coloca pino na posição
mínima‖ (Mensagem 6) é enviada ao cliente 0 e outra mensagem ―coloca pino na posição
máxima‖ (Mensagem 7) é enviada ao cliente 1. Neste momento o usuário do cliente 1
empurra o pino com a mão. O Cliente 1 envia uma ―mensagem apertar‖ (Mensagem 8) para o
servidor, o servidor recebe a mensagem e envia a mensagem ―executa puxar‖ (Mensagem 9)
para o cliente 0. O usuário do cliente 1 resolve agora puxar o pino com a mão. O cliente 1
envia para o servidor a ―mensagem puxar‖ (Mensagem 10), o servidor recebe a mensagem e
envia mensagem ―executa apertar‖ (Mensagem 11) para o cliente 0. Por algum motivo o
49
usuário do cliente 0 resolve trocar de estado, apertando no botão Trocar. Sendo assim, o
cliente 0 envia a mensagem ―pede para trocar de estado‖ (Mensagem 12), o servidor recebe a
mensagem e envia mensagem ―define como Mestre‖ (Mensagem 4) para o cliente 0 e também
envia a mensagem ―define como Escravo‖ (Mensagem 5) para o cliente 1. Logo em seguida o
usuário do cliente 0 empurra o pino com a mão, o cliente 0 envia a ―mensagem apertar‖
(Mensagem 8) para o servidor e o servidor envia a mensagem ―executa puxar‖ (Mensagem 9)
para o cliente 1. Assim, conclui-se a seqüência de eventos.
O pedido para troca é possível por qualquer um dos usuários clientes do sistema.
Para efetuar a troca de estado a qualquer momento, basta apertar o botão ―Trocar‖, a troca de
estados será realizada e o sistema não será resetado.
O pedido para iniciar como mestre é possível por qualquer um dos usuários
clientes do sistema a qualquer momento. Bastando para isso apenas apertar o botão Iniciar. O
usuário que apertou o botão iniciar será o novo mestre e o sistema será resetado.
Para finalizar o canal de comunicação basta fechar as caixas de diálogos das
interfaces de vídeo dos clientes e a caixa de diálogo da interface de vídeo do programa
provedor.
4.4 APLICAÇÃO FUTURA DO DISPOSITIVO COMPUTACIONAL
Tendo como exemplo, um grupo de crianças aprendendo a reconhecer formas
geométricas, na seqüência de Ilustrações adiante será possível entender como uma forma
geométrica passada pelo professor será impressa em todos os dispositivos da sala ao mesmo
tempo.
Ilustração 4.21 – Computador e Dispositivo de Captura e Impressão de Imagens 3D
Fonte: Pesquisa de Mestrado, 2008.
50
No laboratório ou sala de aula serão utilizados computadores somados aos
dispositivos de captura e impressão de imagens 3D (Ilustração 4.21).
Ilustração 4.22 – Máquina do Professor Ilustração 4.23 – Máquina do Aluno
Fonte: Pesquisa de Mestrado, 2008. Fonte: Pesquisa de Mestrado, 2008.
O professor determinará que seu computador fique em estado de captura
(Ilustração 4.22), enquanto que os demais computadores presentes na sala, destinados aos
alunos, fiquem em estado de impressão (Ilustração 4.23).
Ilustração 4.24 – Transmissão através da Internet ou Rede Local (LAN)
Fonte: Pesquisa de Mestrado, 2008.
Com isso, o sistema fica pronto para iniciar a transferência de imagens de
determinados objetos através do deslocamento dos pinos de captura (cliente: mestre) para os
pinos de impressão (cliente: escravo) por meio da Internet ou de uma rede local (Ilustração
4.24).
51
Ilustração 4.25 – Máquina 1 (Modo de Captura) Ilustração 4.26 – Forma pronta para Captura
Fonte: Pesquisa de Mestrado, 2008. Fonte: Pesquisa de Mestrado, 2008.
Assim, estando com a máquina em estado de captura (Ilustração 4.25) o professor
seleciona a forma geométrica que irá utilizar para que os alunos possam identificar, como por
exemplo, um triângulo (Ilustração 4.26).
Ilustração 4.27 – Início da Captura Ilustração 4.28 – Forma Capturada
Fonte: Pesquisa de Mestrado, 2008. Fonte: Pesquisa de Mestrado, 2008.
O professor leva o triângulo até o dispositivo (Ilustração 4.27), e após inseri-lo, o
dispositivo captura a forma da geometria (Ilustração 4.28).
Ilustração 4.29 – Máquina 2 (Modo de Impressão) Ilustração 4.30 – Forma Impressa
Fonte: Pesquisa de Mestrado, 2008. Fonte: Pesquisa de Mestrado, 2008.
52
A imagem é transferida por meio da Internet ou de uma rede local para o
computador do aluno, que se encontra em estado de impressão (Ilustração 4.29), após a
recepção da imagem pelo computador do aluno, o equipamento deste exibe a imagem
(Ilustração 4.30) para que possa ser identificada.
4.5 DIMENSÕES E CAPACIDADE DE RESOLUÇÃO DO DISPOSITIVO
As dimensões do dispositivo de captura e impressão 3D dependerão de uma série
de fatores e finalidades para o qual o dispositivo poderá ser utilizado. Dentre estes fatores,
pode-se citar:
Dimensões dos pinos (comprimento e espessura);
Material com que será feito o pino: metal, polipropileno, madeira e etc.;
Dispositivos de acionamento do posicionamento dos pinos;
Resolução da matriz dos pinos, quantidade e distância entre os mesmos;
Formas de disposição dos pinos na matriz (por exemplo, disposição de tal forma que
possibilite a formação de letra Braille);
Forma transversal dos pinos (circular, quadrado, etc.).
Quanto mais próximos os pinos estiverem uns dos outros, mais rica será a
impressão e captura de detalhes. Um objeto em 3D formado por um dispositivo com uma
resolução maior proporciona uma maior quantidade de informações hápticas, possibilitando
assim a exploração de objetos mais complexos.
53
CAPÍTULO 5
RESULTADOS DA PESQUISA
Neste capítulo será apresentada a análise dos dados obtidos através da pesquisa
realizada junto aos alunos do IERC/RN através de formulários, assim como a interpretação de
seus resultados. Após uma caracterização da instituição e de seus alunos, serão apresentados
os resultados dos testes envolvendo o Protótipo 01 (teste prático na instituição de ensino) e
Protótipo 02 (teste experimental em laboratório), além das avaliações e impactos destes
resultados para o dispositivo proposto.
5.1 PERFIL DOS ENTREVISTADOS E DA INSTITUIÇÃO
Este tópico mostra a caracterização do IERC/RN e de seus alunos, sendo feita de
acordo com algumas variáveis, entre elas: sexo, faixa etária, curso, período da perda da visão
e motivo da perda da visão.
Entre os entrevistados, 25 alunos no total, foram identificados (ver Ilustração 5.1)
que 64% (16 alunos) são homens e 36% (09 alunos) são mulheres; com relação a faixa etária,
48% (12 alunos) dos entrevistados se encontram entre o período da infância e da adolescência,
44% (11 alunos) na fase adulta e 8% (02 alunos) no período da terceira idade; com relação ao
grau de instrução, 12% (03 alunos) estão cursando o período de alfabetização, 52% (13
alunos) se encontram entre o 1º e o 5º ano, e 36% (09 alunos) estão participando do curso de
reabilitação, desenvolvendo atividades como: artes, educação física e música.
Com relação ao período da perda da visão, 60% (15 alunos) afirmaram terem
nascido cegos e 40% (10 alunos) afirmaram terem-na perdido no decorrer da vida. Entre os
motivos apontados para a perda da visão, 60% (15 alunos) foi decorrente do nascimento
prematuro (no qual não se formaram todos os órgãos), de alguma hereditariedade ou doença
apresentada pela mãe durante a gravidez; 12% (03 alunos) devido ao deslocamento de retina;
16% (04 alunos) ocasionado por glaucoma; 4% (01 aluno) por algum tipo de câncer; e 8% (02
54
alunos) causado por acidentes (acidente com lápis seguido de erro médico e cotovelada
jogando futebol).
Ilustração 5.1 – Perfil dos Entrevistados
Fonte: Dados da Pesquisa, 2008.
Através da Ilustração 5.2, observa-se que com relação aos recursos utilizados pelo
IERC/RN, 20% (05 alunos) dos alunos avaliaram estes recursos como sendo ótimo,
enfatizando a utilização do recurso Braille, as aulas de música, a informática e as técnicas de
orientação e mobilidade, auxiliando no desenvolvimento e na perda da timidez; 56% (14
alunos) avaliaram como apropriados e suficientes; 16% (04 alunos) como apropriados, porém,
não suficientes, pois existem áreas que nem todos podem participar, como por exemplo, a sala
de informática; 4% (01 aluno) como apropriados em comparação a outras instituições, se
55
diferenciando em relação aos professores e instalações; e outros 4% (01 aluno) disseram que
não era o ideal, necessitando de melhorias e de apoio do governo.
Ilustração 5.2 – Opinião quanto aos Recursos Utilizados pela Instituição
Fonte: Dados da Pesquisa, 2008.
A presidência e a diretoria concordam que os recursos são insuficientes para
suprir as necessidades de todos os alunos, manter os serviços, contratar pessoal (psicólogos,
assistentes sociais, pessoal de apoio e professores) e adquirir equipamentos (máquina de
datilografia Braille, reglete, punção, papel).
Quando perguntado sobre a freqüência de estímulos que cada aluno recebe para
manter a assiduidade e não desistir do curso, 100% (25 alunos) dos alunos afirmaram receber
tais estímulos praticamente todos os dias, seja dos professores, dos amigos, da diretoria e da
própria presidência. Muitos afirmaram que já quiseram desistir, mas os conselhos dos
professores e amigos os mantiveram firmes. Alguns alunos relataram que os estudantes mais
velhos auxiliam os professores a lidar com atividades voltadas para crianças. Entre os idosos,
um deles afirmou que ingressou no instituto totalmente desmotivado, sem vontade de viver,
porém, o convívio com as crianças cegas do IERC/RN resgatou sua auto-estima e o levou a
aceitar e explorar o novo mundo no qual estava inserido.
Segundo a diretoria e a presidência, os alunos encontram na instituição e no
convívio entre os alunos cegos, estímulos para continuar a vida escolar e pessoal, oferecendo
maior segurança e evitando a depressão. Quando os alunos chegam ao instituto, passam pelo
serviço social (psicólogo) e são encaminhados às salas de aula onde são realizados os
trabalhos.
Assim, ficou compreendido que as relações entre os alunos, (independentemente
da idade), suas histórias de vida e troca de experiências são fatores importantes para fazê-los
entender como se incluem na sociedade, e os protótipos, bem como o dispositivo proposto
56
pelo trabalho podem colaborar para que esses relacionamentos aconteçam em uma maior
escala.
Ilustração 5.3 – Sugestões para Melhor Aproveitamento da Experiência no Instituto.
Fonte: Dados da Pesquisa, 2008.
Entre as sugestões oferecidas pelos alunos para melhor aproveitamento da
experiência escolar no IERC/RN (ver Ilustração 5.3), 48% (12 alunos) dos alunos afirmaram
não sentir falta de nada, acreditando que a instituição já corresponde às expectativas; 28% (07
alunos) sugeriram maiores investimentos em esportes, citando como exemplo, melhorias na
quadra, a prática do ―Goal Ball‖ e a participação em competições; 8% (02 alunos) sugeriram
aulas de música (teclado e violão); 12% (03 alunos) sugeriram a busca por maiores recursos
(professores, materiais, financeiro, estrutura física do instituto), tendo como explicação a falta
de professores em algumas turmas e de uma melhor estrutura financeira, já que por ser uma
instituição sem fins lucrativos, depende muito dos esforços do presidente; 4% (01 aluno) dos
estudantes sugeriram a própria ferramenta tátil (Protótipo 01), por considerarem-na como
excelente para o desenvolvimento do tato e da imaginação.
A presidência e a diretoria reconhecem as necessidades de melhorias na educação
e nas instalações, sugerindo atenção maior por parte da família e mais apoio por parte dos
órgãos públicos. O ideal, segundo eles, é que a instituição tivesse mais condições de
contratação de pessoal, de aumentar o acervo de livros em Braille e garantir que todo
estudante tivesse seu material didático para uso próprio e locomoção (reglete, bengala e
notebook).
57
5.2 TESTE DO PROTÓTIPO 01
Este tópico revela o percentual de escores atingidos pelos alunos no
reconhecimento das formas geométricas apresentadas por meio do Protótipo 01. Na Tabela
5.1 é possível observar a quantidade de acertos por parte dos alunos em relação a cada uma
das formas geométricas. Os escores são apresentados de acordo com a faixa etária,
classificando os indivíduos em quatro grandes grupos: crianças (10), adolescentes (02),
adultos (11) e idosos (02). Na última coluna é possível observar a quantidade de acertos geral.
Tabela 5.1 – Escores dos Entrevistados (Divididos por Faixa Etária)
Formas
Geométricas
Acertos
(Crianças)
Acertos
(Adolescentes)
Acertos
(Adultos)
Acertos (Idosos)
Total de
Acertos
80% (08
alunos) 100% (02 alunos)
100% (11
alunos) 100% (02 alunos)
92% (23
alunos)
80% (08
alunos) 100% (02 alunos)
100% (11
alunos) 100% (02 alunos)
92% (23
alunos)
80% (08
alunos) 100% (02)
100% (11
alunos) 100% (02 alunos)
92% (23
alunos)
80% (08
alunos) 100% (02 alunos)
90,9% (10
alunos 100% (02 alunos)
88% (22
alunos)
80% (08
alunos) 0% (0 aluno)
81,81% (09
alunos) 50% (01 aluno)
72% (18
alunos)
Fonte: Dados da Pesquisa, 2008.
Primeiramente, os indivíduos tiveram aproximadamente 5 (cinco) minutos para
tatear e reconhecer as diversas formas geométricas que lhes foram apresentadas (observar
Tabela 5.1). Nesse momento, os adolescentes, e em especial, as crianças foram extremamente
rápidas para reconhecê-las, sem precisar utilizar o tempo integral que foi dado, finalizando o
58
teste em no máximo 3 minutos. Alguns adultos e idosos demandaram além do tempo
estabelecido, e um dos adultos, com mais dificuldade de aprendizado, chegou a utilizar 10
minutos para poder reconhecer todas as geometrias.
Acredita-se que a explicação para esse fato é que as crianças foram estimuladas
desde cedo através da educação especial, se diferenciando dos alunos que ingressaram já
adultos no instituto, onde muitos ainda não eram nem alfabetizados.
Logo após essa etapa, essas geometrias foram colocadas fora do alcance de cada
um dos estudantes e apresentadas seqüencialmente, em ordem aleatória, através de uma
ferramenta tátil (Protótipo 01) capaz de esculpi-las tridimensionalmente por meio de uma
matriz de pinos.
Após a captura e exibição da forma geométrica na ferramenta tátil, foi
questionado ao indivíduo se o mesmo reconhecia as formas. Após várias exibições, os
estudantes foram avaliados com base na quantidade de escores.
Nessa etapa, apesar de não terem sido tão rápidos quanto as crianças, os adultos e
os idosos se deram um pouco melhor que as crianças e os adolescentes, pressupõe-se que esse
fato se deve ao entendimento do funcionamento do protótipo e a capacidade de abstração de
cada um.
As crianças que demoraram mais tempo para reconhecer ou que erraram nessa
etapa, encontram explicação na capacidade de aprendizado e de abstração, que varia de pessoa
para pessoa. Outra razão foi o desconhecimento de algumas das formas testadas, como no
caso do pentágono, que foi o que menos índice de acertos teve no geral.
Um fato interessante ocorreu na fase de pré-teste, ou seja, antes de se realizar a
aplicação do Protótipo 01 com os alunos. Nessa fase, o protótipo foi testado com o presidente
do instituto que é cego desde que nasceu. Quando o pentágono foi gerado pelo protótipo, o
presidente tateou e comentou que se assemelhava a uma casa, identificando até mesmo a
comunheira. Esse fato demonstra o poder de abstração do indivíduo e até que ponto o
protótipo pode chegar com relação a exibição de imagens 3D, principalmente se for
transformado no dispositivo proposto.
Na Tabela 5.2, a seguir também é possível observar a quantidade de acertos por
parte dos alunos em relação a cada uma das formas geométricas apresentadas, sendo que
nesse caso são exibidos os escores separando-os em outros dois diferentes grupos: os
indivíduos que já nasceram cegos (15) e os indivíduos que perderam a visão no decorrer da
vida (10).
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Tabela 5.2 – Escores dos Entrevistados (Divididos pelo Período da Perda Visão)
Formas
Geométricas
Nascença Decorrer da Vida Total de Acertos
93,33% (14 alunos) 90% (09 alunos) 92% (23 alunos)
86,66% (13 alunos) 100% (10 alunos) 92% (23 alunos)
86,66% (13 alunos) 100% (10 alunos) 92% (23 alunos)
80% (12 alunos) 100% (10 alunos) 88% (22 alunos)
60% (09 alunos) 90% (09 alunos) 72% (18 alunos)
Fonte: Dados da Pesquisa, 2008.
Os indivíduos que perderam a visão no decorrer da vida obtiveram uma margem
de acerto maior do que aqueles que nunca enxergaram; pressupõe-se que um dos fatores pode
estar relacionado a familiaridade ou a memória visual que os indivíduos possuem dos objetos
apresentados.
No geral, entende-se que o Protótipo 01 cumpriu satisfatoriamente o seu
propósito, tendo pouca responsabilidade no índice de erros, porém, necessitando de algumas
pequenas melhorias para a representação mais exata das formas geométricas.
60
5.3 TESTE DO PROTÓTIPO 02
O teste do Protótipo 02 foi desenvolvido com a utilização de um ambiente de rede
de computadores local e da Internet interligando dois notebooks e dois protótipos (ver
Ilustração 5.4).
Ilustração 5.4 – Imagem do Sistema em Funcionamento
Fonte: Pesquisa Experimental, 2008.
Antes de ligar cada protótipo em suas respectivas chaves de alimentação contidas
na fonte dos mesmos, foram realizados alguns testes para garantir que a conexão havia sido
estabelecida entre os notebooks. O Programa Servidor foi colocado para rodar em um dos
notebooks juntamente com o Programa Cliente, sendo assim, um dos notebooks passou a ser
Cliente e Servidor ao mesmo tempo e o outro somente Cliente. Após a conexão dos Clientes
estabelecida com o Servidor foram realizados alguns testes utilizando somente a interface
gráfica dos Programas Cliente e Servidor. Após a obtenção do sucesso com os programas,
foram acoplados ao sistema duas unidades do Protótipo 02 para verificação da comunicação
tátil entre os mesmos. Em um primeiro momento a conexão foi estabelecida normalmente: ao
empurrar o pino do cliente mestre, houve uma reação de deslocamento oposto no pino do
cliente escravo. Tudo ocorria bem, porém, com certo tempo de uso, aproximadamente 3
minutos, os transistores responsáveis pela elevação de potência para os motores foram
aquecidos excessivamente. Sendo assim, o sistema foi desligado, analisado e logo em seguida
61
foi verificada a causa do problema, concluindo-se que os mesmos estavam com suas conexões
ligadas de forma incorreta, não obedecendo ao projeto do circuito eletrônico. Os testes foram
paralisados, as soldas dos componentes em questão foram retiradas, e a partir de então, foram
efetuadas as correções das conexões de acordo com o projeto, para que a seguir o sistema
fosse religado. Desde então, o circuito passou a não ter mais problemas com a utilização do
mesmo durante o período do teste que se estendeu ainda por 15 minutos.
Diante disso, concluiu-se que o sistema funcionou como esperado, tendo um
desempenho satisfatório.
5.4 AVALIAÇÕES E IMPACTOS DOS RESULTADOS PARA O DISPOSITIVO
PROPOSTO
Após todos os testes realizados, foi possível formar as seguintes avaliações:
Alunos: Ficaram muito entretidos com o Protótipo 01, principalmente as crianças. No
caso dos adultos, a partir do momento em que perceberam como era o seu
funcionamento, o adotaram como uma espécie de terapia. No geral, consideraram-no
como excelente para o desenvolvimento do tato e da imaginação.
Diretoria: Acredita que o dispositivo proposto é uma forma de melhorar a
desenvoltura dos deficientes visuais, uma nova maneira de se comunicar, ensinar e
aprender. Acredita que existem muitas possibilidades para o instrumento.
Presidência: Considera o dispositivo proposto um facilitador didático para que os
professores nas séries iniciais (alfabetização) possam utilizar como recurso para
demonstrar formas, como também para estimular o tato, levando o aluno a uma leitura
perceptiva de formas, gráficos, desenhos e demais possibilidades.
Assim, os resultados dos testes realizados através do Protótipo 01 e do Protótipo
02, e o feedback recebido pelos alunos, diretoria e presidência, revelam o quanto a proposta
do dispositivo final é interessante, apontando muitas possibilidades de aplicações futuras.
62
CAPÍTULO 6
CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Este capítulo traz uma síntese da dissertação, apresentando um resumo da
justificativa, da pesquisa bibliográfica, da metodologia da pesquisa e dos resultados obtidos.
O capítulo traz também uma análise crítica sobre o trabalho, uma avaliação de suas limitações
e as considerações finais, apresentando outras possíveis aplicações do dispositivo que podem
ser exploradas e desenvolvidas no futuro, quais os benefícios para a sociedade e os
investimentos para a indústria. Por fim, aponta direções e faz recomendações para o
desenvolvimento de novos trabalhos.
A estrutura está disposta em tópicos da seguinte forma: justificativa, pesquisa
bibliográfica, metodologia da pesquisa, resultados da pesquisa, análise crítica do trabalho,
limitações do trabalho, conclusões, direções e recomendações da pesquisa.
6.1 SÍNTESE DA JUSTIFICATIV A
A abordagem do referido tema justificou-se pela atualidade e a crescente
discussão na sociedade sobre a acessibilidade das pessoas com deficiência, seja transpondo
barreiras arquitetônicas, seja superando barreiras tecnológicas, principalmente em se tratando
da rede mundial de computadores. Verificou-se uma tendência de crescimento nas
publicações sobre o tema em bancos de teses e dissertações, congressos e revistas nacionais e
internacionais.
Assim, com o intuito de contribuir para o conhecimento sobre Acessibilidade,
preenchendo lacunas na temática, nesse caso específico, focou-se na proposta de um
dispositivo computacional capaz de reconhecer geometrias, cuja viabilização e
desenvolvimento podem acarretar em sérios benefícios para a sociedade (em especial, os
deficientes visuais), além de investimentos maciços pela indústria neste tipo de produto.
63
6.2 SÍNTESE DA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA
Na pesquisa bibliográfica, foram expostos os conceitos sobre inovação
tecnológica e tecnologia assistiva, seguido da apresentação dos principais dispositivos que
permitem o acesso dos deficientes visuais ao computador, dando uma ênfase maior aos
consagrados Projeto DOSVOX e sistema Braille. Buscou-se caracterizar bem a deficiência
visual e a acessibilidade, no intuito de trazer um melhor entendimento de como a inclusão
social e digital pode ser realizada. Procurou-se traçar um histórico sobre a educação especial
no Brasil, relembrando os principais fatos, eventos, leis e decretos envolvendo o tema. Por
fim, foram apresentados os principais trabalhos encontrados em bancos de teses e
dissertações, artigos apresentados e publicados em congressos e revistas nacionais e
internacionais, enfatizando a temática da acessibilidade voltada para os deficientes visuais.
6.3 SÍNTESE DA METODOLOGIA DA PESQUISA
Quanto à natureza, classificou-se como aplicada. Do ponto de vista dos objetivos,
classificou-se como pesquisa descritiva. Quanto à abordagem do problema foi qualitativa e
quantitativa. Quanto ao procedimento de coleta de dados, tratou-se de uma pesquisa survey,
em um primeiro momento e de uma pesquisa experimental no segundo momento.
O local escolhido para dar suporte a pesquisa foi o Instituto de Educação e
Reabilitação de Cegos do Rio Grande do Norte, situado no bairro do Alecrim, em Natal, no
Rio Grande do Norte. No instituto, o Protótipo 01 foi testado, tendo como objeto de análise
apenas os alunos considerados cegos legais, no intuito de verificar até que ponto as
geometrias apresentadas pelo instrumento seriam reconhecidas. Foram aplicados também,
dois formulários, um direcionado a diretoria e a presidência e outro aos alunos, ambos
contendo questões abertas e fechadas, capazes de revelar o perfil da instituição e dos próprios
alunos. Ao final, foi solicitado que cada membro do instituto que participou e acompanhou
todo o processo de investigação e coleta de dados emitisse uma opinião sobre o Protótipo 01,
sua aplicação e possibilidades.
Paralelamente, foi desenvolvido o Protótipo 02, com o objetivo de testar, em
laboratório, a comunicação via rede local.
64
A análise dos dados foi realizada utilizando estatística descritiva, através de
gráficos e tabelas. Foram utilizadas técnicas estatísticas simples, como percentuais e médias,
para apoiar interpretações subjetivas.
6.4 SÍNTESE DOS RESULTADOS DA PESQUISA
Entre os alunos do IERC/RN entrevistados, identificou-se que 64% são homens e
36% são mulheres; 48% se encontram entre o período da infância e da adolescência, 44% na
fase adulta e 8% no período da terceira idade; 12% estão cursando o período de alfabetização,
52% se encontram entre o 1º e o 5º ano, e 36% estão participando do curso de reabilitação,
desenvolvendo atividades como: artes, educação física e música; 60% afirmaram terem
nascido cegos e 40% afirmaram terem perdido a visão no decorrer da vida. Entre os motivos
apontados para a perda da visão, 60% foi decorrente do nascimento prematuro, de alguma
hereditariedade ou doença apresentada pela mãe durante a gravidez; 12% devido ao
deslocamento de retina; 16% ocasionado por glaucoma; 4% por algum tipo de câncer; e 8%
causado por acidentes.
Apesar do IERC/RN ter recebido boas avaliações por parte dos alunos quanto aos
recursos utilizados, aos estímulos que recebem dos professores e demais membros da
instituição e de acreditaram que lhes são oferecidos o necessário, a presidência e a diretoria
reconhecem as necessidades de melhorias tanto na educação quanto nas instalações.
Assim, ficou compreendido, pela experiência no instituto, que as relações entre os
alunos (independentemente da idade), suas histórias de vida e troca de experiências são os
fatores mais importantes para fazê-los entender como se incluem na sociedade. Diante disso, a
proposta do dispositivo, e os testes realizados através do Protótipo 01 e do Protótipo 02,
visaram colaborar para que esses relacionamentos aconteçam em uma maior escala.
No teste do Protótipo 01, formas geométricas foram apresentadas aos alunos
seqüencialmente, em ordem aleatória, sendo esculpidas tridimensionalmente por meio de uma
matriz de pinos do instrumento.
Os adultos e os idosos se deram um pouco melhor que as crianças e os
adolescentes, devido ao entendimento do funcionamento do protótipo e a capacidade de
abstração de cada um.
Os indivíduos que perderam a visão no decorrer da vida obtiveram uma margem
de acerto maior do que aqueles que nunca enxergaram; pressupõe-se que um dos fatores pode
65
estar relacionado a familiaridade ou a memória visual que os indivíduos possuem dos objetos
apresentados.
No geral, entende-se que o Protótipo 01 cumpriu satisfatoriamente o seu
propósito, tendo pouca responsabilidade no índice de erros, porém, necessitando de algumas
pequenas melhorias para a representação mais exata das formas geométricas.
O teste do Protótipo 02 foi desenvolvido com a utilização de um ambiente de rede
local e da Internet interligando dois notebooks e dois protótipos. No primeiro teste, foi
detectada uma falha na montagem dos transistores do circuito, esse erro foi corrigido e o
circuito passou a funcionar normalmente. Assim, concluiu-se que o sistema funcionou como
esperado, tendo um desempenho satisfatório.
Após o êxito obtido na fase de testes dos protótipos, o dispositivo proposto
recebeu ótimas avaliações dos alunos, da diretoria e da presidência, revelando muitas
possibilidades para aplicações futuras.
6.5 ANÁLISE CRÍTICA DO TRABALHO
O presente trabalho contribuiu para o enriquecimento do tema ―Acessibilidade e
Deficiência Visual‖, propondo um dispositivo computacional para facilitar a inclusão social e
digital.
Através da pesquisa realizada no IERC/RN, pode-se observar que,
independentemente da insuficiência de recursos (tecnológicos, pessoal, financeiro, materiais),
as relações entre os alunos deficientes visuais (independentemente da idade), suas histórias de
vida e troca de experiências são os fatores mais essenciais para a inserção na sociedade. Os
testes realizados através do Protótipo 01 e do Protótipo 02 se revelaram como facilitadores
para que esses relacionamentos aconteçam, tornando a proposta do dispositivo ainda mais
interessante, envolvendo a comunicação entre muito mais indivíduos.
6.6 LIMITAÇÕES DO TRABALHO
A limitação do dispositivo (Protótipo 01) consiste em não representar informações
que os pinos não podem tocar. Exemplo: se o protótipo for colocado em contato com o rosto
de uma pessoa que esteja usando óculos, os óculos iram sensibilizar os pinos, mas a região
66
que estiver abaixo dos óculos, neste caso os olhos, não será exibida na representação do
dispositivo.
6.7 CONCLUSÃO
O presente trabalho teve como objetivo propor um dispositivo computacional
capaz de permitir a comunicação tátil entre indivíduos com deficiência visual (cegueira ou
baixa visão) através da Internet ou de uma rede local (LAN – Local Adress Network).
O trabalho foi desenvolvido no âmbito dos projetos de pesquisas que atualmente
são realizados no LAI (Laboratório de Acessibilidade Integrada) da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte.
O Protótipo 01 comprovou a possibilidade do reconhecimento de formas
geométricas simples por deficientes visuais. Já o Protótipo 02 comprovou a viabilidade
tecnológica de comunicação tátil entre dois indivíduos, separados geograficamente, através de
um ambiente de rede computacional.
Assim, os resultados foram considerados satisfatórios, oferecendo uma
perspectiva de até que ponto a aplicação pode contribuir para a socialização e aprendizado dos
deficientes visuais.
A percepção de detalhamento da superfície capturada e impressa tem forte relação
com o poder de abstração e entendimento de formas geométricas tridimensionais pelo ser
humano, variando de um indivíduo para o outro.
Muito provavelmente, a matriz de pontos mais afastados possibilita o
reconhecimento de formas geométricas simples, enquanto que uma matriz de pontos mais
próximos possibilita o reconhecimento de formas geométricas mais complexas.
Faz-se necessário ainda, desenvolver novas pesquisas com o intuito de viabilizar a
fabricação do dispositivo proposto.
6.7.1 Visão de Futuro do Dispositivo
Além da reprodução de imagens 3D, o dispositivo poderá ser adaptado para
possibilitar a leitura não-linear (desde que a diagramação dos pinos da máquina esteja
organizada seguindo as normas Braille), algo que os leitores de tela não possibilitam, já que
os mesmos são lineares.
67
Ilustração 6.1 – Constituição Brasileira Normal e em Braille
Fonte: Pesquisa de Campo, 2008.
Assim, o dispositivo pode possibilitar uma experiência única de leitura de texto
não-linear, aproximando-se ainda mais da forma de leitura de um vidente (pessoa com visão
normal). Sendo assim, será possível reduzir o tamanho dos livros em Braille (que contém
muito mais páginas que um livro normal, como mostra a Ilustração 6.1), desde que
digitalizados e utilizados com o auxílio do dispositivo para a leitura dos mesmos.
A exploração e o desenvolvimento desta tecnologia pode levar a promoção de
uma experiência háptica a distância muito próxima como se dois indivíduos separados
fisicamente por quilômetros estivessem no mesmo local.
Através de sensores de temperatura e pressão equipados em ambas as máquinas
será possível sentir, por exemplo, a rigidez da forma geométrica que está sendo apalpada e
identificar facilmente se a superfície é quente ou fria. Isso significa que a temperatura
presente em um pino específico do dispositivo que captura a forma geométrica seria
reproduzida no pino equivalente do dispositivo responsável por emitir essa mesma forma
geométrica.
Ao se colocar em cima do dispositivo uma superfície maleável, como o látex, por
exemplo, será possível fazer com que a resolução chegue a dimensões moleculares, formando
assim superfícies perfeitamente lisas.
68
6.7.2 Benefícios para a Sociedade
O protótipo pode oferecer benefícios para a sociedade como um todo, mais
precisamente para os deficientes visuais com potencial progresso para sua inclusão social e
aprendizado.
Têm-se como exemplo, o já citado decreto no tópico 2.3.2, no qual o ministro da
Educação, Fernando Haddad explica que cada município terá que instalar salas
multifuncionais que dêem condições de aprendizado à criança com deficiência, através da
universalização do livro didático em braile e da instalação nesses locais do sistema
operacional DOSVOX.
Assim, entre os benefícios almejados, têm-se:
Utilização do equipamento abrangendo um número cada vez maior de usuários,
voltado para diversas áreas.
Estímulo do mercado de ensino a distância para os deficientes visuais.
6.7.3 Investimentos para a Indústria
Existem possibilidades de investimentos maciços pela indústria neste tipo de
produto voltado para a acessibilidade de deficientes visuais.
Conforme o parágrafo único do artigo 60, contido no decreto-lei 5.296 de 2 de
dezembro de 2004, será estimulada a criação de linhas de crédito para a indústria que produza
componentes e equipamentos relacionados à tecnologia da informação acessível para pessoas
com deficiência.
Assim, entre as possibilidades que se busca criar, têm-se:
Estímulo da indústria de desenvolvimento de softwares com intuito de manipular o
dispositivo de captura / impressão de imagem 3D.
Utilização para interação simultânea entre os modos de captura/impressão de imagens
3D, possibilitando uma experiência de contato a distância.
Utilização para o desenvolvimento de jogos educativos.
69
6.8 DIREÇÕES E RECOMENDAÇÕES PARA PESQUISAS FUTURAS
Entre as direções e recomendações para pesquisas futuras, pode-se realizar:
Estudo mais detalhado quanto ao melhor dispositivo para acionamento dos pinos:
motores de diferentes tipos, Nitinol, êmbolos hidráulicos, êmbolos pneumáticos;
Estudo mais detalhado sobre a melhor diagramação do posicionamento dos pinos;
Estudo mais detalhado com relação a melhor secção transversal dos pinos;
Estudo mais detalhado sobre o melhor dimensionamento dos pinos;
Estudo mais detalhado sobre qual o melhor material para a confecção dos pinos (PVC,
silicone, aço, entre outros materiais);
Estudo para percepção da maleabilidade da superfície capturada (madeira, borracha,
silicone, entre outros) através do dispositivo de impressão;
Estudo voltado para desenvolvimento de uma máquina com características de captura
e impressão ao mesmo tempo (interação tátil simultânea entre dois indivíduos);
Estudo voltado para uma comunicação tátil de transferência de temperatura entre os
pinos da máquina de captura e impressão;
Estudo para estabelecer o melhor tipo de sensor de posicionamento dos pinos;
Estudo analisando a viabilidade de se transportar imagens, estáticas ou animadas,
exibidas no monitor do computador para o dispositivo de pinos, e vice-versa (imagem
capturada nos pinos sendo exibidas na tela do monitor, e imagens exibidas no monitor
sendo impressa nos pinos);
Desenvolvimento de aplicações para a TV Digital;
Aplicação do dispositivo proposto no ensino a distância e em instituições, faculdades e
universidades voltadas para a Educação Especial;
Aplicação do dispositivo proposto para treinamento de funcionários cegos na
empresas;
Recobrimento dos pinos com uma superfície de látex ou algo parecido no intuito de
formar uma superfície lisa para o toque da pessoa com deficiência visual;
Utilização de novas formas e materiais para reconhecimento, que possibilitem ao
máximo a formação de uma superfície – conjunto de pontos mais densos;
Utilização do Nitinol como dispositivo para acionamento do posicionamento dos
pinos.
70
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75
GLOSSÁRIO
Captura: Neste trabalho significa capturar (scanear) a forma geométrica tridimensionalmente
através de um dispositivo utilizando pinos. Seu sinônimo pode ser ―Scanear‖.
Cego Legal: Deficiente visual com acuidade visual até 20/200. Uma pessoa sem deficiência
visual classifica-se de acordo com a escala de Snellen em 20/20, acuidade visual de 100%.
Conversor Serial /USB: Trata-se de um dispositivo que serve de interface de comunicação
entre os protocolos de comunicação Serial e USB, convertendo sinais do tipo Serial para
USB.
Escrita Braille: A escrita inversa do código é composto de seis pontos em relevo que,
combinados, formam os 63 caracteres utilizados para a produção textual. Para a leitura do
texto em Braile, a pessoa com deficiência visual utiliza a sensibilidade dos dedos das mãos
(Tato), que percorre os pontos impressos no sentido da escrita ocidental, ou seja, da esquerda
para a direita. Os seis pontos formam o que se convencionou chamar "sela Braille". Para
facilitar sua identificação, os pontos são numerados da seguinte forma: do alto para baixo,
coluna da esquerda: pontos 123; do alto para baixo, coluna da direita: pontos 456.
Goal Ball: Goal Ball é um jogo praticado por atletas cegos ou de baixa visão, cujo objetivo é
arremessar a bola sonora com as mãos no gol do adversário. Cada time joga com três
jogadores e todos os atletas usam vendas nos olhos.
Háptico: O adjetivo háptico significa "relativo ao tato", "sinônimo de tátil". É proveniente do
grego haptikós,ê,ón "próprio para tocar, sensível ao tato". É o correlato tátil da óptica (para o
visual) e da acústica (para o auditivo).
Impressão: Neste trabalho significa formar uma geométrica tridimensionalmente através de
um dispositivo utilizando pinos. Seu sinônimo pode ser entendido como ―Display‖.
Impressora Braille: Tratam de impressoras elétricas ligadas ao computador que possibilitam
a escrita no método Braille. Sendo semelhantes às máquinas de escrever Braile, porem todos
os seus dispositivos de acionamentos são eletrônicos e ou eletromecânicos. As imprensas em
Braille produzem livros, essa escrita é feita dos dois lados da matriz, papel padrão (40 quilos),
permitindo a impressão do Braille nas duas faces do papel. Esse é o Braille interpontado: os
pontos são dispostos de tal forma que impressos de um lado não coincidam com os pontos da
outra face, permitindo uma leitura corrente, um aproveitamento melhor do papel e reduzindo
o volume dos livros transcritos no sistema Braille.
Leitura não linear: Chama-se neste trabalho de leitura não-linear a modalidade descontínua
ou fragmentada de leitura, que não obedece a uma seqüência linear de leitura do texto.
Espécie de leitura aonde o leitor tem liberdade de ler qualquer parte do texto sem a
obrigatoriedade de ter que ler o texto linha a linha seqüencialmente.
Máquina de Datilografia Braille: A máquina de escrever Braile é constituída de 8 teclas,
sendo uma tecla de espaço, uma tecla de retrocesso e 6 teclas correspondentes aos 6 pontos
necessários para a escrita em Braile.Tem a capacidade de escrever 40 linhas e 40 colunas,
utilizando o papel padrão (40 quilos). A mais tradicional e mais usada no mundo, a Perkins
76
Braille atender as necessidades da maioria das pessoas. Robusta e portátil, permite imprimir
25 linhas com 42 células numa folha. Medidas: Comprimento: 31,5 cm Largura: 23,5 cm
Altura: 14,5 cm Peso: 4,850 kg.
Máquina Perkins Braille: É um equipamento semelhante a uma máquina de escrever,
utilizada para produção de textos em Braille.
MAX232: chip para conversor de nível TTL para RS232 em DIP 16 pinos.
Microcontrolador: Um microcontrolador (também denominado MCU ou µC) é um
computador em um chip, contendo um processador, memória e funções de entrada/saída.
Motor de Passo: Um motor de passo é um tipo de motor elétrico que é usado quando algo
tem que ser posicionado muito precisamente ou rotacionado em um ângulo exato. Em um
motor de passo, um ímã permanente, muito forte, é controlado por uma série de campos
eletromagnéticos que são ativados e desativados eletronicamente. Desse modo, é uma mistura
entre um motor de corrente contínua e um solenóide. Motores de passo não usam escovas ou
comutadores e possuem um número fixo de pólos magnéticos que determinam o número de
passos por revolução.
Nitinol: Trata-se um conjunto de ligas de Ni (Níquel) e Ti (Titânio) que apresentam a
propriedade de ―efeito de memória de forma‖. Aplicado na robótica, em formato de fios de
Nitinol, pode-se construir ―músculos artificiais‖ destinados à movimentação de robôs ou
similares. Nesta aplicação, uma corrente elétrica atravessando o dispositivo causa seu
aquecimento e a conseqüente mudança de forma.
PC: A expressão "computador pessoal" (ou sua abreviação em inglês PC, de "Personal
Computer") é utilizada para denominar computadores de mesa (desktops), laptops ou Tablet
PCs.
PIC: Os PIC (PICmicro) são uma família de microcontroladores fabricados pela Microchip
Technology, que processam dados de 8 bits e de 16 bits, mais recentemente 32, com extensa
variedade de modelos e periféricos internos, com arquitetura Harvard e conjunto de instruções
RISC (conjuntos de 35 instruções e de 76 instruções), com recursos de programação por
Memória flash, EEPROM e OTP. Os microcontroladores PIC têm famílias com núcleos de
processamento de 12 bits, 14 bits e 16 bits e trabalham em velocidades de 0kHz (ou DC) a
48MHz, usando ciclo de instrução mínimo de 4 períodos de clock, o que permite uma
velocidade de no máximo 10 MIPS. Há o reconhecimento de interrupções tanto externas
como de periféricos internos. Funcionam com tensões de alimentação de 2 a 6V e os modelos
possuem encapsulamento de 6 a 100 pinos em diversos formatos (SOT23, DIP, SOIC, TQFP,
etc.). O PIC 16F877 é um microcontrolador da família de 8 bits e núcleo de 14 bits fabricado
pela Microchip Technology. Possui memória flash de programa com 8192 palavras de 14 bits,
memória RAM com 368 bytes e memória eeprom com 256 bytes. Sua freqüência de operação
(clock) vai até 20MHz, resultando em uma velocidade de processamento de 5 MIPS. Seu
conjunto de instruções RISC se compõe de 35 instruções. Pode funcionar com alimentação de
2V a 5,5V. Sua pinagem DIP tem 40 pinos.
Potenciômetro linear: Um potenciômetro é um componente eletrônico que possui resistência
elétrica ajustável. Geralmente, é um resistor de três terminais onde a conexão central é
deslizante e manipulável. Se todos os três terminais são usados, ele atua como um divisor de
77
tensão. Chama-se potenciômetro linear aquele que sua variação de resistência obedece a uma
equação linear.
Programa Braille Fácil: Permite editar textos através da notação Braille. O texto pode ser
digitado diretamente no Braille Fácil ou importado a partir de um editor de textos
convencional. O editor de textos utiliza os mesmos comandos do Bloco de Notas do
Windows, com algumas facilidades adicionais.
Programa Braivox: criada como ferramenta de impressão Braille do DOSVOX.
Programa Duxbury: Com o tradutor Braille é possível criar textos-livros, documentos, cartas
e outros, sem preocupar-se com regras complexas de formatação Braille. Para isto é possível
utilizar a maioria das impressoras Braille. O tradutor é compatível com sintetizadores de voz e
displays Braille. Também é possível criar textos em tinta e Braille na mesma página,
perfeitamente alinhados.
Programa Virtual Vision: Permite que os deficientes visuais façam publicações, leituras de
textos inseridos no computador, e navegar na Internet.
Punção: Punções são produtos desenvolvidos para marcação por "batida", marcando a
superfície ou produto em profundidade, fazendo com que esta marca seja permanente.
Reglete: Instrumento necessário a escrita manual do sistema Braille. Reglete é um
instrumento utilizado para se escrever em Braille no papel juntamente com o Punção. Sendo o
punção o instrumento que serve como um lápis e faz as letras em relevo, o mesmo necessita
de um direcionamento de como proceder em relação aos relevos, obedecendo as Normas
Braille. A Reglete serve como guia para o punção. A mesma consiste em uma régua com duas
partes: uma parte fica em cima da folha de papel e outra fica em baixo da folha. A parte
superior possue "celas guias", formadas pelos seis pontos do sistema Braille, em cada cela
cabe somente uma letra. A parte inferior serve para segurar a folha que deverá ficar no meio
das duas partes da Reglete. Na Reglete, escreve-se o Braille da direita para a esquerda, na
seqüência normal de letras ou símbolos, já a leitura é feita normalmente da esquerda para a
direita. Conhecendo-se a numeração dos pontos correspondentes a cada símbolo, torna-se
fácil tanto a leitura quanto a escrita feita através de reglete.
Serial: A porta serial, também conhecida como RS-232 é uma porta de comunicação utilizada
para conectar modems, mouses, algumas impressoras, scanners e outros equipamentos de
hardware. Na interface serial, os bits são transferidos em fila, ou seja, um bit de dados de cada
vez. O padrão RS-232 foi originalmente definido para uma comunicação por meio de 25 fios
diferentes. O RS-232 trata-se de um protocolo de comunicação utilizado nas portas Seriais
dos computadores.
Snellen: A Escala de Snellen, também conhecida como Escala Optométrica de Snellen é
utilizada para fazer pré-diagnóstico da condição acuidade visual de pessoas em todo o mundo.
Sendo a mesma bastante conhecida no Brasil por ser utilizada nos exames de carteira de
habilitação.
Sorobã: Foi introduzido em 1908, pelos imigrantes japoneses, que o consideravam
indispensável na resolução de cálculos matemáticos. Constitui-se de um conjunto de contas
móveis, formando agrupamentos por classes e ordens. É um material de apoio pedagógico, de
78
forma retangular, contendo 21 eixos, divididos em duas partes, no sentido longitudinal, por
uma régua, na qual há seis pontos em relevo, separando-o em sete classes, cada uma com três
ordens. Em cada eixo, há cinco contas. Na parte superior e mais estreita, há uma que, quando
se junta à régua, possui valor cinco; na parte inferior, a mais larga do eixo, há quatro contas
que, quando colocadas juntas à régua, apresentam o valor da ordem correspondente, ou seja,
se estiverem no eixo ou ordem das unidades simples, cada conta representa o valor um.
Transistor (TIP122): O transistor é um componente eletrônico que começou a se popularizar
na década de 1950 tendo sido o principal responsável pela revolução da eletrônica na década
de 1960, e cujas funções principais são amplificar e chavear sinais elétricos. O termo vem de
―transfer resistor‖ (resistor de transferência), como era conhecido pelos seus inventores.
USB: Universal Serial Bus (USB) é um tipo de conexão Plug and Play que permite a conexão
de periféricos sem a necessidade de desligar o computador.
3
ANEXO A
FORMULÁRIO DE PESQUISA A Acessibilidade como Veículo de Inclusão Social:
Proposta de Protótipo Computacional para os Deficientes Visuais da Cidade de Natal/ RN
I – PERFIL DA INSTITUIÇÃO 1. Tempo de atuação no mercado:______________________________________
2. Tempo de atuação em Natal:________________________________________
3. Tipo de Razão Social da Instituição:
( ) Ltda ( ) S.A. ( ) Firma Individual ( ) Outro
4. É uma empresa com administração familiar?
( ) Sim ( ) Não
5. Número de funcionários:___________________________________________
6. Capacidade de acomodação:________________________________________
7. A instituição faz parte de uma rede?
( ) Sim ( ) Não
Se sim, que tipo?
( ) Local ( ) Regional ( ) Nacional ( ) Internacional
8. Os recursos existentes são apropriados e suficientes para a pessoa com deficiência
visual realizar o curso escolar?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
9. O aluno com deficiência visual encontra, no meio escolar, pessoas que estimulam a sua
permanência em seu curso?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
10. Se pudesse sugerir algo para o melhor aproveitamento da experiência escolar do
deficiente visual, o que teria a dizer?
________________________________________________________________
________________________________________________________________
4
ANEXO B
FORMULÁRIO DE PESQUISA A Acessibilidade como Veículo de Inclusão Social:
Proposta de Protótipo Computacional para os Deficientes Visuais da Cidade de Natal/ RN
II – PERFIL DO ENTREVISTADO 1. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino
2. Faixa Etária:______ anos
3. Série que está cursando:____________________________________________________
4. Motivo da perda da visão:___________________________________________________
5. Idade em que perdeu a visão:________anos
6. Os recursos existentes são apropriados e suficientes para a pessoa com deficiência
visual realizar o curso escolar?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
7. O aluno com deficiência visual encontra, no meio escolar, pessoas que estimulam a sua
permanência em seu curso?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
8. Se, como deficiente visual, pudesse sugerir algo para o melhor aproveitamento de sua
experiência escolar, o que teria a dizer?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
5
FORMULÁRIO DE PESQUISA A Acessibilidade como Veículo de Inclusão Social:
Proposta de Protótipo Computacional para os Deficientes Visuais da Cidade de Natal/ RN
III – APLICAÇÃO DO PROTÓTIPO 01
GEOMETRIAS EM TAMANHO REAL UTILIZADAS NO TESTE DO PROTÓTIPO 01Espessura 1.5cm - Peças confeccionadas em madeira do tipo MDF.
MEMORIAL DESCRITIVO DOS PRINCIPAIS COMPONENTES DO PROTÓTIPO 02 E SEUS RESPECTIVOS PREÇOS DATADOS EM 26/12/2008:
Material Quant. Preço unit (R$) Preço Total (R$)
Motor de passo 12V 2 - - Sensores de Posição (potenciômetro deslizante 10k ohm)
4 6,82 27,28
Microcontrolador pic 16F876 4 25, 24, 23 e 17 89,00 Cabos de dados 2 - - Cabos de energia (12V) 2m 1,5 3,00 Cabos de energia (220V) 2 - - Caixa p/ montagem pb 204 2 6,00 12,00 Diodos retificador 5N 4 - - Capacitor p/ filtro da fonte 1000 micro F 2 - - Placa de Fenolite 4 - - Adaptador Serial/ USB 2 45,60 91,2 Fontes de Alimentação 12V/2A 2 22,00 44,00 Conversor Serial TTL (max 232) 2 2,40 4,80 Diodos 1N4937 16 0,10 1,6 TIP122 (transistor de potência) 8 1,26 10,08 Capacitor cerâmico 100nF 2 0,20 0,4 Capacitor cerâmico 33nF 4 0,15 0,6 Resistor 1/8 W: 100K ohm, 47ohm e 1Kohm
12 0,12 1,44
Leds 5mm amarelo 2 0,1 0,2 Chave Liga desliga 2 2,00 4,00 Regulador de tensão 5V Lm7805 2 - - Peças Mecânicas( parafusos, porcas, etc) - 10,00 10,00 Cristais 20 MHz 2 0,97 1,94 Soquete para CI 4 0,24 0,96 Haste de aluminio 1m 15,00 15,00 Capacitor eletrolítico 1micro 8 - - Fretes 2 15,00 30,00 Total 347,5 Obs: Qualquer material utilizado no protótipo 02 que não constar no memorial ou que não tiver preço, foi obtido gratuitamente.