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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA PROGRAMA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A ACESSIBILIDADE COMO VEÍCULO DE INCLUSÃO SOCIAL: PROPOSTA DE DISPOSITIVO COMPUTACIONAL PARA OS DEFICIENTES VISUAIS DA CIDADE DE NATAL/RN por ZULMAR JOFLI DOS SANTOS JÚNIOR BACHAREL EM ENGENHARIA ELÉTRICA, UFRN, 2004. TESE SUBMETIDA AO PROGRAMA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO TÍTULO DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO JANEIRO/ 2009 © 2009 ZULMAR JOFLI DOS SANTOS JÚNIOR TODOS DIREITOS RESERVADOS. O autor aqui designado concede ao Programa de Engenharia de Produção da Universidade Federal do Rio Grande do Norte permissão para reproduzir, distribuir, comunicar ao público, em papel ou meio eletrônico, esta obra, no todo ou em parte, nos termos da Lei. Assinatura do Autor: ___________________________________________ APROVADO POR: ___________________________________________________________ Prof. Reidson P. Gouvinhas, D.Sc. Professor Orientador UFRN ________________________________________________________________ Prof. Carlos Magno de Lima, D.Sc., Membro Examinador UFRN _______________________________________________________________ Prof. Aquiles Medeiros Filgueira Burlamaqui, D.Sc., Membro Examinador Externo UERN

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

A ACESSIBILIDADE COMO VEÍCULO DE INCLUSÃO SOCIAL:

PROPOSTA DE DISPOSITIVO COMPUTACIONAL PARA OS

DEFICIENTES VISUAIS DA CIDADE DE NATAL/RN

por

ZULMAR JOFLI DOS SANTOS JÚNIOR

BACHAREL EM ENGENHARIA ELÉTRICA, UFRN, 2004.

TESE SUBMETIDA AO PROGRAMA DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE COMO PARTE DOS

REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO TÍTULO DE

MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

JANEIRO/ 2009

© 2009 ZULMAR JOFLI DOS SANTOS JÚNIOR

TODOS DIREITOS RESERVADOS.

O autor aqui designado concede ao Programa de Engenharia de Produção da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte permissão para reproduzir, distribuir, comunicar ao público,

em papel ou meio eletrônico, esta obra, no todo ou em parte, nos termos da Lei.

Assinatura do Autor: ___________________________________________

APROVADO POR:

___________________________________________________________

Prof. Reidson P. Gouvinhas, D.Sc. – Professor Orientador – UFRN

________________________________________________________________

Prof. Carlos Magno de Lima, D.Sc., Membro Examinador – UFRN

_______________________________________________________________

Prof. Aquiles Medeiros Filgueira Burlamaqui, D.Sc., Membro Examinador

Externo – UERN

Divisão de Serviços Técnicos

Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede

Santos Júnior, Zulmar Jofli dos.

A acessibilidade como veículo de inclusão social: proposta de dispositivo computacional para os deficientes

visuais da cidade de Natal/RN / Zulmar Jofli dos Santos Júnior. – Natal, RN, 2009.

74 f.

Orientador: Reidson P. Gouvinhas.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Tecnologia. Programa de

Pós-Graduação em Engenharia de Produção.

1. Interação homem-computador (deficientes visuais) – Dissertação. 2. Acessibilidade (deficientes visuais) –

Dissertação. 3. Deficientes visuais – Dissertação. 4. Dispositivo computacional – Dissertação. I. Gouvinhas,

Reidson P. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/BCZM CDU 004.5(043.3)

II

CURRICULUM VITAE RESUMIDO

Zulmar Jofli dos Santos Júnior é formado em

Engenharia Elétrica pela UFRN, tendo concluído o

curso no ano de 2004. É também técnico em

eletromecânica com habilitação em eletrotécnica pela

ETFRN, tendo concluído o curso no ano de 1998.

Autodidata em computação gráfica sendo

especialista em desenvolvimento de imagens e animações 3D foto-realistas. Atualmente

trabalha no ramo de computação gráfica e design gráfico digital como diretor de criação do

Estúdio de Computação Gráfica Lua4.

III

Dedico este trabalho primeiramente a Deus, pela vida, pelas

oportunidades e pelas vitórias obtidas, mesmo perante as

diversas dificuldades encontradas, contribuindo para a

minha maturidade e desenvolvimento acadêmico, pessoal e

profissional.

Aos meus pais, Zulmar Jofli dos Santos e Maria Ângela

Oliveira dos Santos, pelo amor, paciência e apoio no

decorrer desta jornada.

IV

AGRADECIMENTOS

À Deus, pelos dons que me foram oferecidos, pela trajetória que me foi destinada e pelos

belos ensinamentos que obtive em cada desafio superado.

Aos meus pais, irmãos, e a minha namorada Larisse de Souza, pela compreensão e

companheirismo.

À UFRN, pela oportunidade dessa conquista, em especial, ao PEP, seus professores e

colaboradores, pelo suporte oferecido.

Ao Professor Dr. Reidson P. Gouvinhas, meu orientador, por acreditar no meu potencial e

incentivar o meu interesse pela temática da acessibilidade. Pela sua disposição, paciência e

pelas sábias orientações realizadas sempre que foi solicitado.

Ao Professor Dr. Roncali, por sempre estar presente nos momentos em que precisei de ajuda.

À minha tia e professora Maria das Graças, por ter me ajudado diversas vezes na minha

jornada acadêmica quando foi requisitada.

Aos colegas do mestrado, em especial a Márcio Rodrigues, um amigo leal e sempre pronto

para motivar e auxiliar nos desafios encontrados.

Aos amigos Márcio Valério de Araújo e Djalma Teixeira Maranhão Neto pelo apoio técnico,

respectivamente, na parte eletromecânica e na parte do software do Protótipo 02.

Ao Instituto de Educação e Reabilitação de Cegos do Rio Grande do Norte, que me

proporcionou coletar os dados da pesquisa; aos seus alunos, a diretoria e a presidência pela

atenção e disposição em participar da pesquisa.

V

“A imaginação é mais importante que o conhecimento”

(Albert Einstein)

VI

Resumo da Tese apresentada à UFRN/PEP como parte dos requisitos necessários para a

obtenção do grau de Mestre em Ciências em Engenharia de Produção.

A ACESSIBILIDADE COMO VEÍCULO DE INCLUSÃO SOCIAL:

PROPOSTA DE DISPOSITIVO COMPUTACIONAL PARA OS

DEFICIENTES VISUAIS DA CIDADE DE NATAL/RN

ZULMAR JOFLI DOS SANTOS JÚNIOR

Janeiro/2009

Orientador: Prof. D. Reidson P. Gouvinhas

Curso: Mestrado em Ciências em Engenharia de Produção

O presente trabalho teve como objetivo propor um dispositivo computacional capaz de

permitir a comunicação tátil entre indivíduos com deficiência visual (cegueira ou baixa visão)

através da Internet ou de uma rede local (LAN – Local Adress Network). O trabalho foi

desenvolvido no âmbito dos projetos de pesquisas que atualmente são realizados no LAI

(Laboratório de Acessibilidade Integrada) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Assim, realizou-se uma pesquisa, envolvendo um determinado protótipo capaz de reconhecer

geometrias, com alunos considerados cegos legais, do Instituto de Educação e Reabilitação de

Cegos do Rio Grande do Norte (IERC-RN), localizado no bairro do Alecrim, cidade de Natal.

Paralelamente, foi desenvolvido outro protótipo, testando a comunicação via rede local e

Internet. Para analisar os dados, utilizou-se a abordagem qualitativa e quantitativa, por meio

de técnicas estatísticas simples, como percentuais e médias, para apoiar interpretações

subjetivas. Os resultados oferecem uma análise de até que ponto a aplicação pode contribuir

para a socialização e aprendizado dos deficientes visuais, e por fim, são sugeridas algumas

recomendações em termos de desenvolvimento de pesquisas futuras no intuito de viabilizar o

dispositivo proposto.

Palavras-Chave: Acessibilidade, Deficientes Visuais, Dispositivo Computacional.

VII

Abstract of Master Thesis presented to UFRN/PEP as fullfilment of requirements to the

degree of Master of Science in Production Engineering

January/2009

Thesis Supervisor: Prof. D. Reidson P. Gouvinhas

Program: Master of Science in Production Engineering

This study aims to propose a computing device mechanism which is capable to permit a

tactile communication between individuals with visual impairment (blindness or low vision)

through the Internet or through a local area network (LAN - Local Network Address). The

work was developed under the research projects that currently are realized in the LAI

(Laboratory of Integrated Accessibility) of the Federal University of Rio Grande do Norte.

This way, the research was done in order to involve a prototype capable to recognize

geometries by students considered blind from the Institute of Education and Rehabilitation of

Blind of Rio Grande do Norte (IERC-RN), located in Alecrim neighborhood, Natal/RN.

Besides this research, another prototype was developed to test the communication via a local

network and Internet. To analyze the data, a qualitative and quantitative approach was used

through simple statistical techniques, such as percentages and averages, to support subjective

interpretations. The results offer an analysis of the extent to which the implementation can

contribute to the socialization and learning of the visually impaired. Finally, some

recommendations are suggested for the development of future researches in order to facilitate

the proposed mechanism.

Key Words: Accessibility, Visual Impairment, Computing Device Mechanism.

VIII

SUMÁRIO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES............................................................................................... X

LISTA DE QUADROS....................................................................................................... XII

LISTA DE SIGLAS............................................................................................................ XIII

LISTA DE TABELAS........................................................................................................ XIV

CAPÍTULO 1: INTRODUÇÃO....................................................................................... 1

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO............................................................................................. 2

1.2 JUSTIFICATIVA.......................................................................................................... 3

1.3 OBJETIVOS.................................................................................................................. 5

1.3.1 Objetivo Geral..................................................................................................... 5

1.3.2 Objetivos Específicos........................................................................................... 6

1.4 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO...................................................................... 6

CAPÍTULO 2: REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................. 7

2.1 INOVAÇÃO TECNOLÓGICA.................................................................................... 7

2.2 A INTERFACE HOMEM-COMPUTADOR................................................................ 9

2.2.1 Projeto DOSVOX................................................................................................ 12

2.2.2 Sistema BRAILLE............................................................................................... 13

2.3 A ACESSIBILIDADE E OS DEFICIENTES VISUAIS.............................................. 14

2.3.1 Deficiência Visual................................................................................................ 15

2.3.1.1 Classificação Legal...................................................................................... 16

2.3.1.2 Classificação Educacional........................................................................... 16

2.3.2 Acessibilidade....................................................................................................... 17

2.4 A EDUCAÇÃO ESPECIAL......................................................................................... 19

2.5 A INCLUSÃO SOCIAL E DIGITAL........................................................................... 24

CAPÍTULO 3: METODOLOGIA DA PESQUISA....................................................... 28

3.1 TIPO DE PESQUISA.................................................................................................... 28

3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA....................................................................................... 29

3.3 CARACTERIZAÇÃO DO INSTITUTO ONDE FOI REALIZADA A PESQUISA... 30

3.4 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS.............................................................. 31

3.5 ANÁLISE DOS DADOS.............................................................................................. 35

CAPÍTULO 4: DESENVOLVIMENTO DO PROTÓTIPO......................................... 36

4.1 DISPOSITIVO PROPOSTO......................................................................................... 36

IX

4.2 FUNCIONAMENTO E APLICAÇÃO DO PROTÓTIPO 01...................................... 37

4.3 DESENVOLVIMENTO E FUNCIONAMENTO DO PROTÓTIPO 02..................... 39

4.3.1 Parte Física do Protótipo 02 (Hardware).......................................................... 41

4.3.2 Programas de Computador do Protótipo 02 (Software).................................. 43

4.3.3 Arquitetura do Sistema....................................................................................... 45

4.3.4 Protocolo de Comunicação................................................................................. 47

4.4 APLICAÇÃO FUTURA DO DISPOSITIVO COMPUTACIONAL........................... 49

4.5 DIMENSÕES E CAPACIDADE DE RESOLUÇÃO DO DISPOSITIVO.................. 52

CAPÍTULO 5: RESULTADOS DA PESQUISA............................................................ 53

5.1 PERFIL DOS ENTREVISTADOS E DA INSTITUIÇÃO........................................... 53

5.2 TESTE DO PROTÓTIPO 01........................................................................................ 57

5.3 TESTE DO PROTÓTIPO 02........................................................................................ 60

5.4 AVALIAÇÕES E IMPACTOS DOS RESULTADOS PARA O DISPOSITIVO

PROPOSTO......................................................................................................................... 61

CAPÍTULO 6: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES............................................. 62

6.1 SÍNTESE DA JUSTIFICATIVA.................................................................................. 62

6.2 SÍNTESE DA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA............................................................ 63

6.3 SÍNTESE DA METODOLOGIA DA PESQUISA....................................................... 63

6.4 SÍNTESE DOS RESULTADOS DA PESQUISA........................................................ 64

6.5 ANÁLISE CRÍTICA DO TRABALHO....................................................................... 65

6.6 LIMITAÇÕES DO TRABALHO................................................................................. 65

6.7 CONCLUSÃO............................................................................................................... 66

6.7.1 Visão de Futuro do Dispositivo.......................................................................... 66

6.7.2 Benefícios para a Sociedade................................................................................ 68

6.7.3 Investimentos para a Indústria.......................................................................... 68

6.8 DIREÇÕES E RECOMENDAÇÕES PARA PESQUISAS FUTURAS...................... 69

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................ 70

GLOSSÁRIO..................................................................................................................... 75

ANEXOS............................................................................................................................ 79

X

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Ilustração 1.1 – Censo Demográfico do IBGE.................................................................... 2

Ilustração 2.1 – Alfabeto Braille......................................................................................... 14

Ilustração 3.1 – Dimensões de Análise da Pesquisa............................................................ 32

Ilustração 3.2 – Geometrias Utilizadas no Teste de Viabilidade do Protótipo 01............... 33

Ilustração 3.3 – Reconhecimento da Geometria.................................................................. 33

Ilustração 3.4 – Posicionamento dos Pinos......................................................................... 33

Ilustração 3.5 – Exibição da Geometria.............................................................................. 34

Ilustração 3.6 – Reconhecimento da Forma........................................................................ 34

Ilustração 3.7 – Parte Eletromecânica................................................................................. 35

Ilustração 3.8 – Software do Dispositivo............................................................................ 35

Ilustração 4.1 – Funcionamento do Protótipo Computacional Proposto............................. 37

Ilustração 4.2 – Perspectiva do Topo.................................................................................. 38

Ilustração 4.3 – Perspectiva Lateral..................................................................................... 38

Ilustração 4.4 – Ferramenta Tátil e Geometrias.................................................................. 38

Ilustração 4.5 – Representação da Geometria..................................................................... 38

Ilustração 4.6 – Imagem do Protótipo 02............................................................................ 39

Ilustração 4.7 – Fonte de Alimentação................................................................................ 42

Ilustração 4.8 – Módulo Háptico......................................................................................... 42

Ilustração 4.9 – Conversor Serial / USB............................................................................. 42

Ilustração 4.10 – Perspectiva de Frente............................................................................... 42

Ilustração 4.11 – Perspectiva de Trás.................................................................................. 42

Ilustração 4.12 – Perspectiva Direita................................................................................... 42

Ilustração 4.13 – Perspectiva Esquerda............................................................................... 42

Ilustração 4.14 – Pino em Deslocamento Mínimo.............................................................. 43

Ilustração 4.15 – Pino em Deslocamento Máximo.............................................................. 43

Ilustração 4.16 – Interface de Vídeo do Programa Cliente: Estado Mestre........................ 44

Ilustração 4.17 – Interface de Vídeo do Programa Cliente: Estado Escravo....................... 44

Ilustração 4.18 – Interface de Vídeo do Programa Servidor............................................... 45

Ilustração 4.19 – Arquitetura do Sistema............................................................................ 46

Ilustração 4.20 – Diagrama de Seqüência de Eventos......................................................... 48

Ilustração 4.21 – Computador e Dispositivo de Captura e Impressão de Imagens 3D....... 49

Ilustração 4.22 – Máquina do Professor.............................................................................. 50

Ilustração 4.23 – Máquina do Aluno................................................................................... 50

XI

Ilustração 4.24 – Transmissão através da Internet ou Rede Local (LAN).......................... 50

Ilustração 4.25 – Máquina 1 (Modo de Captura)................................................................ 51

Ilustração 4.26 – Forma pronta para Captura...................................................................... 51

Ilustração 4.27 – Início da Captura...................................................................................... 51

Ilustração 4.28 – Forma Capturada..................................................................................... 51

Ilustração 4.29 – Máquina 2 (Modo de Impressão)............................................................. 51

Ilustração 4.30 – Forma Impressa....................................................................................... 51

Ilustração 5.1 – Perfil dos Entrevistados............................................................................. 54

Ilustração 5.2 – Opinião Quanto aos Recursos Utilizados pela Instituição......................... 55

Ilustração 5.3 – Sugestões para Melhor Aproveitamento da Experiência no Instituto....... 56

Ilustração 5.4 – Imagem do Sistema em Funcionamento.................................................... 60

Ilustração 6.1 – Constituição Brasileira Normal e em Braille............................................. 67

XII

LISTA DE QUADROS

Quadro 1.1 – Pesquisa Acadêmica sobre Acessibilidade aos Deficientes Visuais..........3

Quadro 2.1 – Dispositivos de Interação para Computadores Destinados aos Deficientes

Visuais encontrados no Mercado Internacional até 1994.................................................... 10

Quadro 2.2 – Teses e Dissertações de Mestrado e Doutorado............................................ 24

Quadro 2.3 – Artigos Nacionais do ENEGEP e ENANPAD.............................................. 25

Quadro 2.4 – Artigos Internacionais do Emerald Insight e do Science Direct.................... 26

XIII

LISTA DE SIGLAS

ABEPRO – Associação Brasileira de Engenharia de Produção

CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

CORDE – Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência

ENANPAD – Encontro da ANPAD

ENEGEP – Encontro Nacional de Engenharia de Produção

FEBRABAN – Federação Brasileira de Bancos

FINEP – Financiamento de Estudos e Projetos

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IERC/RN – Instituto de Educação e Reabilitação de Cegos do Rio Grande do Norte

LAI – Laboratório de Acessibilidade Integrada

MEC – Ministério da Educação e Cultura

OMS – Organização Mundial da Saúde

ONU – Organização das Nações Unidas

PEP – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte

XIV

LISTA DE TABELAS

Tabela 5.1 – Escores dos Entrevistados (Divididos por Faixa Etária)................................ 57

Tabela 5.2 – Escores dos Entrevistados (Divididos pelo Período da Perda da Visão)........ 59

1

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

A sociedade atual vive a era da informação, na qual se torna imprescindível para

cada indivíduo o acesso e utilização das tecnologias de informação e comunicação, como

requisito para obtenção de sucesso.

Porém, estas tecnologias não se encontram disponíveis para todos, e para aqueles

que se encontram disponíveis, podem não se apresentar de maneira adequada, como por

exemplo, para os deficientes visuais. Sem essa tecnologia, ou sem o acesso adequado, os

deficientes visuais ficam limitados quanto a utilização dos mais diversos canais de

conhecimento, lazer e comunicação, o que por sua vez pode gerar a sua exclusão social.

Assim, levando-se em consideração que estes indivíduos necessitam de uma

educação especial, adequada às suas necessidades, o presente trabalho teve como objetivo

propor um dispositivo computacional capaz de permitir a comunicação tátil entre indivíduos

com deficiência visual (cegueira ou baixa visão) através da Internet ou de uma rede local

(LAN – Local Adress Network). Para verificar até que ponto a aplicação do dispositivo pode

contribuir para a socialização e aprendizado dos deficientes visuais, aplicou-se um protótipo

capaz de reconhecer geometrias, tendo como objeto de estudo os alunos considerados cegos

legais do Instituto de Educação e Reabilitação de Cegos do Rio Grande do Norte (IERC/RN),

localizado no bairro do Alecrim, em Natal. Para avaliar a viabilidade de comunicação

tecnológica do dispositivo, foi desenvolvido outro protótipo, testando a comunicação via rede

local e Internet.

O trabalho foi desenvolvido no âmbito dos projetos de pesquisas que atualmente

são realizados no LAI (Laboratório de Acessibilidade Integrada) da Universidade Federal do

Rio Grande do Norte.

Neste primeiro capítulo, será apresentada a contextualização do problema da

pesquisa, a justificativa do estudo, a sua relevância teórica e prática, os objetivos da pesquisa

e, por fim, a maneira como a dissertação está estruturada.

2

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

Assumir uma deficiência seja ela física, mental, visual ou auditiva, ainda implica

em ter que transpor muitas barreiras, do preconceito, arquitetônicas e no mundo globalizado

atual, a barreira tecnológica. De acordo com o último Censo Demográfico (ver Ilustração 1.1),

realizado pelo IBGE, em 2000, foi constatado que no Brasil existem aproximadamente 24,5

milhões de pessoas deficientes, ou seja, 14,5% da população total apresentaram algum tipo de

incapacidade ou deficiência. Destas, 16,5 milhões (9,79%) são pessoas com deficiência

visual. No Estado do Rio Grande do Norte o percentual de pessoas com incapacidade ou

deficiência é de 17,6% (489.824). Desse quantitativo, 12,61% (350.447) representam a

população com deficiência visual, enquanto que os 5% restantes representam as demais

deficiências.

Ilustração 1.1 – Censo Demográfico do IBGE.

Fonte: IBGE, 2000.

O número de pessoas com deficiência cresce a cada ano e, infelizmente, a

velocidade com que nascem ou adquirem algum tipo de deficiência, não é acompanhado de

ações sociais e políticas para melhorar a adaptação e independência desses indivíduos na

sociedade.

Criar essas oportunidades e batalhar para oferecer uma melhor qualidade de vida a

essas pessoas não é um favor, e sim um direito deles. Na sociedade contemporânea, ter

conhecimento sobre informática, computador e Internet ainda é considerado luxo para muitas

pessoas, quanto mais para pessoas com deficiência visual que necessitam de um programa de

computador específico e determinados aparatos que sirvam de guia durante a navegação.

3

Sem o uso do computador e das demais tecnologias, os deficientes visuais podem

encontrar muitas dificuldades para se adaptarem ao dia-a-dia, efetivarem sua educação, terem

lazer e obterem emprego.

Com isso, a possibilidade de se desenvolver protótipos aplicáveis aos deficientes

visuais torna-se urgente para promover a inclusão dos mesmos na sociedade.

Diante desse contexto, a pesquisa buscou investigar: “Em que medida a

aplicação de um protótipo computacional para os deficientes visuais pode tornar-se um

meio de socialização e aprendizado para os mesmos”?

1.2 JUSTIFICATIVA

A abordagem do referido tema se justifica pela atualidade e a crescente discussão

na sociedade sobre a acessibilidade das pessoas com deficiência, seja transpondo barreiras

arquitetônicas, seja superando barreiras tecnológicas, principalmente em se tratando da rede

mundial de computadores.

Através de pesquisas realizadas no banco de teses e dissertações da CAPES

(envolvendo Mestrado Profissionalizante, Mestrado e Doutorado), nos anais do ENEGEP

(Encontro Nacional de Engenharia de Produção) e ENANPAD (Encontro da ANPAD), e em

bases de dados internacionais no site do Emerald Insight e do Science Direct, foram

encontrados vários trabalhos acadêmicos correlatos ao assunto da acessibilidade dos

deficientes visuais. Através do Quadro 1.1 pode-se observar que no período de 1997 à 2008

foram encontrados 198 trabalhos associados ao tema.

Quadro 1.1 – Pesquisa Acadêmica sobre Acessibilidade aos Deficientes Visuais.

Ano /

Portal

CAPES ENEGEP ENANPAD

EMERALD

INSIGHT

SCIENCE

DIRECT Total

Profiss. Mest. Dout.

1997 - 2 1 - - 3 2 8

1998 - 5 - - - - 1 6

1999 - 4 1 - - 1 - 6

2000 - 2 9 - - - 3 14

2001 - 9 6 - - 2 - 17

2002 1 10 3 - - 2 1 17

2003 - 17 1 1 - 3 4 26

2004 - 7 4 - - - 1 12

2005 3 21 6 - - 1 16 47

2006 1 25 6 - 2 1 1 36

2007 - - - 1 - 3 3 7

2008 - - - - - 1 1 2

Total 5 102 37 2 2 17 33 198

Fonte: Pesquisa de Mestrado, 2008.

4

Apesar das oscilações quanto às publicações, vê-se uma tendência de crescimento,

levando em consideração, principalmente, os anos entre 2005 e 2006, que só não é confirmada

em 2007 e 2008, devido à não inserção, até o momento, das teses e dissertações referentes a

esses anos no banco de teses da CAPES.

Entre teses, dissertações, artigos nacionais e internacionais pesquisados, percebe-

se, por meio de uma análise qualitativa, que bons trabalhos vem sendo desenvolvidos, dando

destaque para a parceria constante entre computação e acessibilidade, desde o uso de

metodologias novas até a construção de designs mais interativos e adaptados aos deficientes

visuais que permitam sua inserção na sociedade.

É importante salientar que a acessibilidade aqui abordada não diz respeito

somente à tecnologia e, sim no sentido amplo da palavra, acesso à educação, informação e

campo de trabalho.

Assim, a educação é outro fator de intercessão da temática acessibilidade.

Técnicas computacionais e de ensino conjugam-se a fim de propiciar aos deficientes visuais

possibilidades de aprendizado e desenvolvimento. Os assuntos abordados possuem um forte

apelo em disponibilizar uma experiência educacional aos deficientes visuais de forma mais

interessante e eficaz.

Apesar da quantidade de trabalhos encontrados, muitos deles ainda se encontram

em um estágio embrionário quanto às temáticas ligadas a acessibilidade dos deficientes

visuais. Vê-se, portanto, que os trabalhos publicados carecem de projetos mais práticos

ligados ao assunto em questão, como formulações de protótipos e/ou mecanismos de apoio

direto aos deficientes.

Assim, com o objetivo de contribuir para esta área do conhecimento, este estudo

propôs o desenvolvimento de um protótipo voltado para os deficientes visuais, cuja aplicação

se realizou em uma instituição, que trabalha com deficientes visuais, localizada na cidade de

Natal, RN.

Além dos aspectos já citados, vale ressaltar também as seguintes justificativas

para a realização desta pesquisa:

5

A) Relevância Acadêmica

Avanço do conhecimento sobre Acessibilidade, focando na temática do

desenvolvimento de protótipo computacional para os deficientes visuais.

Preenchimento de lacunas em temáticas sobre a acessibilidade dos deficientes visuais

na área educacional.

B) Relevância Prática

Estudo prático, focando na possibilidade de aplicação de um protótipo computacional

para deficientes visuais;

Benefícios para a sociedade como um todo, mais precisamente para os deficientes

visuais com potencial progresso para sua inclusão social e aprendizado.

Possibilidade de investimentos maciços pela indústria neste tipo de produto voltado

para a acessibilidade de deficientes visuais.

Com relação à vinculação acadêmica:

Na ABEPRO, vincula-se à área de Métodos e Desenvolvimento de Produto;

No CNPq, vincula-se à Engenharia de Produção – Engenharia de Produto;

No PEP/UFRN, vincula-se à área de Mercado e Produto (ver “Projetos 2006” no

site do PEP).

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Geral

– Propor um dispositivo computacional voltado para os deficientes visuais que

facilite a comunicação e aprendizado de formas geométricas.

6

1.3.2 Específicos

Identificar o perfil do Instituto de Educação e Reabilitação de Cegos do Rio

Grande do Norte e dos seus alunos com deficiência visual;

Identificar o avanço dos deficientes visuais no que diz respeito ao uso de

recursos (materiais, humanos, tecnológicos, entre outros) no ensino-

aprendizagem dos mesmos;

Verificar até que ponto a aplicação de protótipos computacionais para os

deficientes visuais contribui para a socialização e aprendizado dos mesmos.

1.4 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO

Para atingir os objetivos propostos, a pesquisa foi estruturada da seguinte forma:

Após essa parte introdutória, encontra-se o capítulo 2, dividido em cinco partes: a primeira

apresentando conceitos sobre inovação tecnológica; a segunda descrevendo a interface

homem-computador; a terceira explicando a relação entre acessibilidade e deficientes visuais;

a quarta mostrando um histórico sobre a educação especial, marcos históricos e normativos; e

a quinta abordando a inclusão social e digital.

Logo após, no capítulo 3, se localiza a metodologia da pesquisa, onde se apresenta

o tipo de pesquisa; o universo e amostra da pesquisa; o instrumento de coleta de dados

utilizado; e os procedimentos para análise dos dados.

Em seguida, no capítulo 4, é apresentado o desenvolvimento do protótipo

computacional voltado para deficientes visuais, a visão de futuro do mesmo, quais os

investimentos para a indústria e os benefícios para a sociedade.

Mais adiante, no capítulo 5, se encontram os resultados buscados por essa

pesquisa conforme os objetivos propostos, bem como a análise desses resultados, seguida, por

fim, do capítulo 6, com as conclusões e recomendações a respeito do tema, de acordo com os

resultados obtidos.

Nos anexos podem ser encontrados os formulários utilizados na pesquisa, bem

como detalhes dos protótipos aplicados.

7

CAPÍTULO 2

REFERENCIAL TEÓRICO

Este capítulo procura esclarecer através de uma revisão bibliográfica, alguns

conceitos que cercam a temática que está sendo trabalhada, apresentando trabalhos e

dispositivos já desenvolvidos e aplicados, revelando lacunas existentes que possam ser

abordadas para melhorar os conhecimentos sobre o tema.

Para tanto, no referencial teórico apresentado a seguir, primeiramente são

expostos os conceitos sobre inovação tecnológica e tecnologia assistiva, seguido da

apresentação dos principais dispositivos que permitem o acesso dos deficientes visuais ao

computador, dando um destaque especial ao Projeto DOSVOX e ao sistema Braille. Mais

adiante, a deficiência visual e a acessibilidade são especificamente caracterizadas, no intuito

de trazer uma compreensão de como pode ocorrer a inclusão social e digital. Logo a seguir, é

traçado um histórico sobre a educação especial no Brasil, relembrando os principais fatos,

eventos, leis e decretos envolvendo o tema. Por fim, são apresentados os principais trabalhos

encontrados em bancos de teses e dissertações, artigos apresentados e publicados em

congressos nacionais, além de publicações internacionais, enfatizando a temática da

acessibilidade voltada para os deficientes visuais.

2.1 INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

Para Bertz (1998) inovação é a introdução de novos produtos, processos e serviços

no mercado e inovação tecnológica significa a introdução destes produtos, processos e

serviços baseados em novas tecnologias.

Segundo o SEBRAE (2008), Inovação Tecnológica significa a solução de um

problema tecnológico, utilizada pela primeira vez, descrevendo o conjunto de fases que vão

desde a pesquisa básica até o uso prático, compreendendo a introdução de um novo produto

8

no mercado em escala comercial, tendo, em geral, fortes repercussões socioeconômicas.

Assim, inovação tecnológica significa concepção de novo produto ou processo de fabricação

que inclua funcionalidades que configurem melhorias e ganho de qualidade ou produtividade.

As vantagens proporcionadas pela informática são inúmeras, desde que bem

utilizadas. Cada vez mais aumenta a ocorrência de algum tipo de inovação tecnológica, ou

seja, novos softwares e equipamentos são desenvolvidos para serem utilizados nas mais

diversas áreas, incluindo a educação. E há um segmento desta área que tem sido muito

beneficiado com isso, a educação especial.

Segundo Borges apud Rodrigues (2000), os deficientes visuais no Brasil são em

sua maioria pessoas semi-analfabetas ou possuem somente a educação básica, com extrema

dificuldade de acesso a educação. Estes indivíduos necessitam de uma educação especial

adequada às suas necessidades. Neste contexto, a tecnologia da informática dispões de

recursos que possibilitam ao deficiente visual ter melhores condições de acesso à educação e

conseqüentemente, possibilita uma melhoria na qualidade de vida, seja através do crescimento

intelectual (acesso a informações e educação), pessoal (possibilidade de se comunicar e

formas de entretenimento com outros indivíduos em condições de igualdade) e profissional

(ter meios adequados para desenvolver uma atividade profissional possibilitando a conquista

da independência financeira).

Segundo Cook e Hussey (2002, p.5), os dicionários fornecem as seguintes

definições para tecnologia:

―A ciência ou estudo de artes práticas ou industriais‖;

―Ciência aplicada‖;

―Um método, processo para lidar com um problema técnico específico‖.

Nenhuma dessas definições menciona algo sobre um ―dispositivo‖, apenas

enfatiza a aplicação do conhecimento. Conforme estes mesmos autores, este conceito é

importante e deve ser usado o termo “tecnologia assistiva” para se referir aos diversos

dispositivos, serviços, estratégias a práticas que são concebidas e aplicadas para melhorar os

problemas enfrentados por indivíduos com deficiência.

O campo das tecnologias assistivas está crescendo e evoluindo cada vez mais

rápido, e o dispositivo tecnológico proposto pelo presente trabalho se enquadra perfeitamente

nessa área. Conforme o conceito apresentado por Cook e Hussey (2002, p.5) um dispositivo

9

de tecnologia assistiva é ―qualquer item, peça de equipamento ou produto de um sistema que

pode ser adquirido comercialmente nas prateleiras, modificados ou personalizados, que é

utilizado para aumentar, manter ou melhorar as capacidades funcionais de pessoas com

deficiência‖.

2.2 A INTERFACE HOMEM – COMPUTADOR

Conforme Carvalho (1994), a interface é o nome que se dá a algo que serve de

ligação entre dois sistemas, independente da estrutura dos mesmos. No caso de sistemas que

se caracterizam pelo processamento de informações (sistemas cibernéticos), a interface serve

como elo de comunicação (um tradutor de informações), entre ambos.

Carey apud Carvalho (1994) define interface como um ponto de contato entre

duas entidades. Para ela, as interfaces entre o computador e os seres humanos podem abranger

várias características, incluindo o meio, o diálogo e as técnicas de manipulação.

Assim a expressão interface homem-computador se refere a interface que serve de

interconexão entre dois sistemas que trocam informações, sendo eles: de um lado o

computador e de outro, o ser humano, aqui designado como o homem no sentido amplo da

palavra.

A interface homem-computador, ou mesmo o acesso do mesmo a este mecanismo

de informação e ação ainda possui sérios obstáculos. Principalmente, no que se referem às

pessoas com deficiências. Os projetistas têm preocupação crescente com a possibilidade de

inserir mais eficazmente estes deficientes no mundo computacional, ou mesmo tornar a

computação um veículo que lhes facilite nas suas diversas atividades.

A seguir, no Quadro 2.1, segue uma amostra desenvolvida por Carvalho (1994),

referente a quantidade e diversidade de dispositivos que permitem o acesso dos deficientes

visuais aos computadores e que até então, só podiam ser adquiridos no mercado internacional.

Os dispositivos são apresentados, de acordo com suas funções, na seguinte

classificação: Sistemas Amplificadores de Telas, Sistemas de Saída de Voz, Sistemas de

Saída em Braille (Impressoras), Sistemas de Saída em Braille (Terminais de Acesso) e

Sistemas de Reconhecimento de Voz.

10

Quadro 2.1 – Dispositivos de Interação para Computadores Destinados aos Deficientes

Visuais encontrados no Mercado Internacional até 1994.

1. Sistemas Amplificadores de Tela

inLARGE 2.0 Amplia de 2 a 16 vezes; permite vários modos de movimentação da área ampliada.

MAGNUM GT Amplia até 8 vezes; foco circular; controle por mouse ou teclado.

Optelec LP-DOS

5.0 Amplia de 2 a 16 vezes; movimentação automática de foco.

Screen Magnifier/2 Amplia de 2 a 32 vezes; a área ampliada se movimenta juntamente com o mouse.

ZOOMTEXT Amplia até 16 vezes; oferece várias opções de foco.

ZOOMTEXT

PLUS Amplia até 16 vezes; oferece várias opções de foco.

2. Sistemas de Saída de Voz

Dolphin Speech

Synthesisers Vocalização de linha, letra, palavra, janela e cor em 7 línguas (inclusive a portuguesa).

DOSVOX Sistema de fala em língua portuguesa.

IBM Screen

Reader/DOS 1.2

Fornece um Keypad virtual accessível através de teclado comum; monitora a tela para

alertar o usuário a respeito de mensagens de comunicação de estado e de erros.

IBM Screen

Reader/2

Habilita o reconhecimento e a verbalização de objetos (ícones); monitora a tela para

alertar o usuário a respeito de mensagens de comunicação de estado e de erros.

JAWS Job Access

With Speech

Leitura de janelas pop-up, menus pull-down e outros avisos; fornece cursores para

leitura e entrada; reconhece atributos da tela como cores, negrito, itálico e etc...

outSPOKEN 1.7 Permite leitura do texto por letra, palavra ou linha.

outSPOKEN for

Windows

Permite completo acesso a janelas, menus e caixas de diálogos; fornece vozes distintas

para textos, gráficos, mensagens do sistema e outras informações.

ScreenPower Trabalha com software amplificador de tela e terminal de acesso Braille.

Vocal-Eyes Acessa processadores de textos, programas gerenciadores de banco de dados e planilhas

eletrônicas do tipo CUI; permite que o teclado possa sonorizar caracteres e palavras.

WinVision Permite acesso automático a caixas de diálogo, controla o cursor do mouse via teclado.

3. Sistemas de Saída em Braille (Impressoras)

Braillo Comet Imprime caracteres Braille de 6 e 8 pontos; até 42 caracteres por linha e até 40 linhas

por página; imprime gráficos; velocidade de 4 páginas por minuto.

Braillo 200 Imprime caracteres Braille de 6 e 8 pontos; até 42 caracteres por linha; velocidade de

200 CPS; possui sinal audível para mensagens.

Ohtsuki BT-500 Imprime caracteres Braille e caracteres em tinta, simultaneamente; imprime até 41

caracteres por linha; velocidade de 13 CPS.

VersaPoint 40 Imprime caracteres em Braille de 6 e 8 pontos; imprime gráficos; até 42 caracteres por

linha; velocidade de 40 CPS.

4. Sistemas de Saída em Braille (Terminais de Acesso)

Brailloterm KTS Conectável a mainframe, representação completa do conjunto de 256 caracteres IBM

em Braille de 8 pontos.

5. Sistemas de Reconhecimento de Voz

Dragon Dictate Possui vocabulário de palavras pré-selecionadas e vocabulário ativo; pode ser adaptado

para uma determinada voz, vocabulário e ambiente de trabalho; contém microfone.

IBM VoiceType 2 Possui um vocabulário ativo de 7.000 palavras; possui comando de voz embutido para

controlar funções; permite a criação de comandos de voz personalizados.

Kurzweil VOICE Possui um vocabulário de palavras pré-selecionadas e um vocabulário ativo.

Fonte: Carvalho, 1994.

11

De 1994 para os dias atuais, além dos aperfeiçoamentos dos dispositivos

apresentados no Quadro 2.1, várias novidades (principalmente no âmbito nacional) em termos

de dispositivos e protótipos surgiram para melhorar a vida das pessoas com deficiência visual,

como as apresentadas a seguir:

Em 2003, Alejandro Garcia, professor da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), de

Santa Catarina, começou a desenvolver uma bengala eletrônica, com sensores

semelhantes a um sonar, que avisam por meio de vibrações no próprio cabo sobre a

presença e localização de obstáculos. Para respaldar a iniciativa, o professor entrou em

contato com a ACIC - Associação Catarinense para Integração do Cego. Lá foram

realizados os testes dos protótipos, com a participação de alunos da instituição. O

projeto integra diversas áreas do conhecimento, como hardware e design, baseados na

tecnologia conhecida como "haptics" ou realimentação tátil com auxílio de sensores e

reuniu uma equipe de oito pesquisadores. A bengala eletrônica já tem protótipo pronto

para ser apresentado a empresas. Esse projeto recebeu apoio do FINEP (2008).

Rodrigues (2006) desenvolveu o vEye (Virtual Eye ou olho virtual), um dispositivo

portátil que ajuda os deficientes visuais a se locomoverem em lugares externos que não

conhecem. Por meio da tecnologia de reconhecimento de voz, via aparelho celular, o

usuário indica uma referência ou o endereço de onde quer chegar e assim que o sistema

identifica o melhor caminho emite a informação por meio de vibrações, fazendo que o

deficiente visual consiga chegar ao endereço desejado. O projeto foi o vencedor do 2°

Desafio GV-Intel-Venture Capital e Empreendedorismo realizado em 2007.

O Digipass 300 Comfort Voice, da Vasco Data Security, foi uma das novidades

apresentadas durante a 18ª edição do Ciab Febraban (2008), que aconteceu entre os

dias 11 e 13 de junho de 2008, em São Paulo. Com botões grandes e display em cristal

líquido, o dispositivo permite o acesso seguro aos recursos de Internet Banking

também as pessoas cegas e/ou com deficiências visuais graves. Segundo a fabricante, o

Digipass 300 Comfort Voice adiciona recurso de voz à ampla gama de soluções de

autenticação forte oferecidas pela companhia. Todas as teclas do dispositivo, quando

pressionadas, geram um retorno acústico e é possível aos bancos customizarem o

12

idioma, inclusive para a língua portuguesa. Os códigos são lidos para o usuário, que os

digita após ouví-los por meio das caixas de som ou pelos fones de ouvido.

Programa Tactile Graphics Designer (TGD): é um software pedagógico criado para a

geração de figuras e/ou gráficos em Braille. Permite a conversão de imagens dos mais

variados formatos para o sistema Braille. (Rodrigues apud Araújo et. al., 2007).

2.2.1 Projeto DOSVOX

Dentre todos os dispositivos apresentados, não se pode deixar de destacar o

DOSVOX, criado pelo Núcleo de Computação Eletrônica da Universidade Federal do Rio de

Janeiro (UFRJ). O DOSVOX permite que pessoas cegas utilizem um microcomputador

comum (PC) para desempenhar uma série de tarefas, adquirindo assim um nível alto de

independência no estudo e no trabalho. Trata-se de um conjunto de programa para

microcomputadores da linha PC que se comunica com o usuário através de síntese de voz em

Português, sendo que a síntese de textos pode ser configurada para outros idiomas.

O que diferencia o DOSVOX de outros programas voltados para uso por

deficientes visuais é que no DOSVOX, a comunicação homem-máquina é muito mais

simples, e leva em consideração as especificidades e limitações dessas pessoas. Ao invés de

simplesmente ler o que está escrito na tela, o DOSVOX estabelece um diálogo amigável,

através de programas específicos e interfaces adaptativas. Isso o torna insuperável em

qualidade e facilidade de uso para os usuários que vêm no computador um meio de

comunicação e acesso que deve ser o mais confortável e amigável possível.

Grande parte das mensagens sonoras emitidas pelo DOSVOX é feita em voz

humana gravada. Isso significa que ele é um sistema com baixo índice de estresse para o

usuário, mesmo com uso prolongado. Além disso, é compatível com a maior parte dos

sintetizadores de voz existentes, pois usa a interface padronizada SAPI do Windows. Isso

garante que o usuário possa adquirir no mercado os sistemas de síntese de fala mais modernos

e mais próximos à voz humana, os quais emprestarão ao DOSVOX uma excelente qualidade

de leitura.

O DOSVOX também convive bem com outros programas de acesso para

deficientes visuais (como Virtual Vision, Jaws, Window Bridge, Window-Eyes, ampliadores

13

de tela, etc) que porventura estejam instalados na máquina do usuário. O DOSVOX vem

sendo aperfeiçoado a cada nova versão.

2.2.2 Sistema Braille

O Braille é sem dúvida a tecnologia assistiva mais conhecida.

Braille é um sistema de leitura através do tato para cegos inventado pelo francês

Louis Braille, o qual perdeu a visão aos três anos. Quatro anos depois, ele ingressou no

Instituto de Cegos de Paris. Em 1827, então com dezoito anos, tornou-se professor desse

instituto. Ao ouvir falar de um sistema de pontos e buracos inventado por um oficial para ler

mensagens durante a noite em lugares onde seria perigoso acender a luz, L. Braille fez

algumas adaptações no sistema de pontos em relevo.

Em 1829, publicou o seu método. O sistema Braille é um alfabeto convencional

(Ilustração 2.1) cujos caracteres se indicam por pontos em relevo, o deficiente visual distingue

por meio do tato. A partir dos seis pontos salientes, é possível fazer 63 combinações que

podem representar letras simples e acentuadas, pontuações, algarismos, sinais algébricos e

notas musicais.

L. Braille morreu de tuberculose, em 1852, ano em que seu método foi

oficialmente adotado na Europa e América.

Assim como a escrita convencional abriu um novo mundo para o homem comum,

o Braille fez o mesmo para as pessoas com deficiência visual. E mais, o Sistema Braille

impulsionou uma revolução para os deficientes visuais, através dele as pessoas cegas podem

resgatar sua cidadania. Alfabetizando-se, elas possuem condições de estudar, e estudando tem

mais chances de conseguir emprego, e ter um emprego significa estar socialmente incluído e

ser independente.

O mercado editorial aceitou rapidamente este novo método e hoje existem

milhares de livros e material em Braille na maioria dos países. Um cego experiente pode ler

duzentas palavras por minuto.

14

Ilustração 2.1 – Alfabeto Braille

Fonte: Site do IERC/RN

Tais exemplos de dispositivos e tecnologias assistivas apresentadas nesse tópico

são fonte de motivação ainda maior para a tentativa de viabilização do dispositivo proposto

por esse presente estudo.

2.3 A ACESSIBILIDADE E OS DEFICIENTES VISUAIS

A questão da acessibilidade dos deficientes visuais é ampla e passível de

discussão em vários âmbitos do conhecimento. A evolução do conhecimento humano precisa

estar atrelada a adaptação de seus vários agentes sociais.

O desenvolvimento socioeconômico e cultural também é um direito das pessoas

com deficiências, seja ela de que natureza for.

As várias áreas do conhecimento como a computação e a educação, bem como a

área de saúde estão diretamente relacionadas às necessidades das pessoas com deficiência.

15

Em uma esfera maior, a inclusão digital destes indivíduos denota a necessidade de

níveis de acessibilidade específicos para cada tipo de patologia e/ou deficiência.

A acessibilidade, portanto, abrange possibilidades de incluir digitalmente

indivíduos com deficiências (como a visual), como também de preparar o individuo para a

vida social, em termos de oportunidade de emprego e inserção.

A seguir, nos próximos dois tópicos, a deficiência visual e a acessibilidade serão

mais especificamente caracterizadas, para oferecer uma melhor compreensão de como a

inclusão social e digital pode ser realizada.

2.3.1 Deficiência Visual

Em toda parte do mundo e em todos os níveis da sociedade há pessoas com algum

tipo de deficiência.

A deficiência é definida como: ―qualquer perda ou anomalia de uma estrutura ou

função psicológica, fisiológica ou anatômica‖ (Organização Mundial da Saúde (OMS), 1989).

São diversos os tipos de causas associadas ou que podem se associar à deficiência

visual, ou seja, as causas da deficiência visual podem ser congênitas (albinismo, anirídia,

atrofia óptica, catarata, corriorrentinite macular, estrabismo, glaucoma, hipermetropia, miopia,

retinose pigmentar, rubéola materna, sífilis, toxoplasmose) ou adquiridas (ambliopia,

ansiometropia, astigmatismo, catarata, conjuntivite, descolamento de retina, diabetes,

glaucoma, presbiopia, retinoblastoma, retinopatia da prematuridade, sarampo, subluxação do

cristalino, toxoplasmose, traumatismos diversos).

Com isso, existem várias classificações para a deficiência visual, que variam

conforme as limitações e os fins que se destinam. Para Munster e Almeida apud Crós et. al.

(2006) elas surgem para que as desvantagens decorrentes da visão funcional de cada indivíduo

sejam minimizadas, pois apesar das pessoas com deficiência visual possuírem em comum o

comprometimento do órgão da visão, as alterações estruturais e anatômicas promovem

modificações que resultam em níveis diferenciados nas funções visuais, que interferem de

forma diferenciada no desempenho de cada indivíduo.

Desta maneira as classificações são definidas sob os aspectos: Legais, Médicos,

Educacionais e Esportivos, sendo que irão ser conceituados de maneira mais detalhada os

aspectos Legais e Educacionais, pois são os que mais se aproximam do contexto do trabalho.

16

2.3.1.1 Classificação Legal

A deficiência visual é caracterizada por uma limitação no campo de visão. Pode

variar de cegueira total à visão subnormal. Neste caso, conforme a diminuição na percepção

de cores e maior dificuldade de adaptação à luz. A comprovação desta deficiência está

definida a partir do Decreto nº 5.296/04, em seu artigo 70, inciso III.

Deficiência visual / cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor

olho, com a melhor correção óptica; a baixa visão, que significa acuidade visual entre 0,3 e

0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos nos quais a somatória da medida

do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60º ou ocorrência simultânea de

qualquer das conclusões anteriores.

Esta classificação permite à pessoa o direito aos atendimentos previstos pela lei, e

obtenção dos recursos junto à previdência social, estabelecendo o exercício da cidadania,

variando de acordo com a Constituição de cada país.

Abaixo seguem as leis federais que surgiram no segmento da Constituição de

1988, a chamada Constituição Cidadã, que estabeleceu uma condição de igualdade entre as

pessoas, de acordo com as características de cada um, e como tal, as pessoas com deficiência,

o pleno exercício da cidadania e da integração social.

Lei Nº 7.853, de 24 de Outubro de 1989: Dispõe sobre o apoio às pessoas com

deficiência, sua integração social, sobre a Coordenadoria Nacional para Integração da

Pessoa Portadora de Deficiência – Corde. Institui a tutela jurisdicional de interesses

coletivos ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério Público, define

crimes, e dá outras providências.

Lei Nº 9.394, de 20 de Dezembro de 1996: Estabelece as diretrizes e bases da

Educação Nacional.

2.3.1.2 Classificação Educacional

Para Kirk e Gallagher apud Crós et. al. (2006) a classificação é baseada em um

padrão de eficiência visual, que é de certo modo abstrato. Sendo utilizado, cada vez mais, uma

definição funcional que enfatiza os efeitos da limitação visual sobre a habilidade crítica da

leitura.

17

O instrumento padrão usual é a Escala de Snellen, que consistem em fileiras de

letras de tamanhos decrescentes que devem ser lidas a uma distância de 20 pés. Os escores são

baseados na exatidão com que a pessoa com deficiência visual foi capaz de identificar as

fileiras de letras utilizando um olho de cada vez.

Assim, têm-se as seguintes denominações:

Pessoa cega: é aquela que possui perda total ou resíduo mínimo de visão, necessitando

do método Braille como meio de leitura e escrita e/ou outros métodos, recursos

didáticos e equipamentos especiais para o processo ensino-aprendizagem.

Pessoa com baixa visão: é aquela que possui resíduos visuais em grau que permitam

ler textos impressos à tinta, desde que se empreguem recursos didáticos e

equipamentos especiais, excluindo as deficiências facilmente corrigidas pelo uso

adequado de lentes.

Existem também pessoas que apesar de não enxergarem, ainda conseguem

perceber a luz, a essas pessoas é dada a classificação de Cego Legal.

2.3.2 Acessibilidade

A acessibilidade é uma palavra recente no mundo atual, principalmente quando se

fala em pessoa com deficiência, computador e Internet. Acessibilidade significa facilidade de

interação, aproximação. A acessibilidade no âmbito das tecnologias de informação está

associada a ações que tem como objetivo tornar os computadores mais acessíveis a todos os

usuários.

Segundo Godinho (1999), a Acessibilidade envolve três noções: "Usuários",

"Situação" e "Ambiente": O termo "Usuários" significa que nenhum obstáculo deverá ser

imposto ao indivíduo face às suas capacidades sensoriais e funcionais. O termo "Situação"

significa que o sistema é acessível e utilizável em diversas situações, independentemente do

software, comunicações ou equipamentos e o termo "Ambiente" significa que o acesso não é

condicionado pelo ambiente físico envolvente, exterior ou interior.

Conforme o artigo 8º do Decreto-lei 5.296 de 2 de dezembro de 2004, que

regulamenta as Leis n°s 10.048, de 8 de novembro de 2000 (que dá prioridade de atendimento

às pessoas que especifica) e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, (que estabelece normas

18

gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade), para os fins de acessibilidade,

considera-se:

Acessibilidade: condição para utilização, com segurança e autonomia, total ou

assistida, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos

serviços de transporte e dos dispositivos, sistemas e meios de comunicação e

informação, por pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida.

Barreiras: qualquer entrave ou obstáculo que limite ou impeça o acesso, a liberdade

de movimento, a circulação com segurança e a possibilidade de as pessoas se

comunicarem ou terem acesso à informação.

Ajuda Técnica: os produtos, instrumentos, equipamentos ou tecnologia adaptados ou

especialmente projetados para melhorar a funcionalidade da pessoa com deficiência ou

com mobilidade reduzida, favorecendo a autonomia pessoal, total ou assistida.

Assim, o artigo 47 do mesmo decreto-lei estabeleceu um prazo de doze meses

para a acessibilização de todos os sites da administração pública, de interesse público ou

financiado pelo governo. Com essa nova lei, muitas organizações tiveram que adaptar suas

instalações, serviços e sistemas de informações a fim de obter a certificação de acessibilidade.

Essa medida, tornando obrigatória a acessibilidade nos portais e sítios eletrônicos

da administração pública na rede mundial de computadores (Internet) para o uso das pessoas

com deficiência visual, garante aos mesmos o pleno acesso às informações disponíveis.

Além disso, o ministro da Educação, Fernando Haddad, apresentou no dia 18 de

setembro de 2008 um decreto que regulamenta o ensino para pessoas com deficiência, a

chamada educação especial. O decreto foi publicado na edição do Diário Oficial da União do

dia anterior, 17 de setembro de 2008.

Segundo o ministro, com o decreto, cada município terá que instalar salas

multifuncionais que dêem condições de aprendizado à criança com deficiência. ―Isso significa

universalizar o livro didático em braile, equipar esses locais com o sistema operacional

DOSVOX (que transforma a leitura do texto em sinal sonoro para que a pessoa com

deficiência visual possa ouvir o livro que ela precisa conhecer)‖, exemplificou.

As condições adequadas ao atendimento da educação especial também incluem a

formação de professores, especialmente em Língua Brasileira de Sinais (Libras), para que eles

19

possam dar aulas bilíngües (português e Libras). Segundo Haddad, o decreto prevê ainda a

definição dos recursos necessários para ampliação da política de educação especial.

Com isso, entende-se por fim, que a Acessibilidade é a possibilidade de qualquer

pessoa usufruir todos os benefícios da sociedade, inclusive o de usar o computador e a

Internet, seja como uma forma de diversão, de ensino-aprendizagem ou de trabalho.

2.4 A Educação Especial

A educação especial se organizou tradicionalmente como atendimento

educacional especializado substitutivo ao ensino comum, evidenciando diferentes

compreensões, terminologias e modalidades que levaram a criação de instituições

especializadas, escolas especiais e classes especiais. Essa organização, fundamentada no

conceito de normalidade/anormalidade, determina formas de atendimento clínico terapêuticos

fortemente ancorados nos testes psicométricos que definem, por meio de diagnósticos, as

práticas escolares para os alunos com deficiência.

No Brasil, o atendimento às pessoas com deficiência teve início na época do

Império com a criação de duas instituições: o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, em 1854,

atual Instituto Benjamin Constant – IBC, e o Instituto dos Surdos Mudos, em 1857, atual

Instituto Nacional da Educação dos Surdos – INES, ambos no Rio de Janeiro. No início do

século XX é fundado o Instituto Pestalozzi – 1926, instituição especializada no atendimento

às pessoas com deficiência mental; em 1954 é fundada a primeira Associação de Pais e

Amigos dos Excepcionais – APAE e; em 1945, é criado o primeiro atendimento educacional

especializado às pessoas com superdotação na Sociedade Pestalozzi, por Helena Antipoff.

Em 1961, o atendimento educacional às pessoas com deficiência passa ser

fundamentada pelas disposições da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº

4.024/61, que aponta o direito dos ―excepcionais‖ à educação, preferencialmente dentro do

sistema geral de ensino.

A Lei nº. 5.692/71, que altera a LDBEN de 1961, ao definir ‗tratamento especial‘

para os alunos com ―deficiências físicas, mentais, os que se encontrem em atraso considerável

quanto à idade regular de matrícula e os superdotados‖, não promove a organização de um

sistema de ensino capaz de atender as necessidades educacionais especiais e acaba reforçando

o encaminhamento dos alunos para as classes e escolas especiais.

Em 1973, é criado no Ministério da Educação e Cultura (MEC), o Centro

Nacional de Educação Especial – CENESP, responsável pela gerência da educação especial

20

no Brasil, que, sob a égide integracionista, impulsionou ações educacionais voltadas às

pessoas com deficiência e às pessoas com superdotação; ainda configuradas por campanhas

assistenciais e ações isoladas do Estado.

Nesse período, não se efetiva uma política pública de acesso universal à educação,

permanecendo a concepção de ―políticas especiais‖ para tratar da temática da educação de

alunos com deficiência.

A Constituição Federal de 1988 traz como um dos seus objetivos fundamentais,

―promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer

outras formas de discriminação‖ (art.3º inciso IV). Define, no artigo 205, a educação como

um direito de todos, garantindo o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania

e a qualificação para o trabalho. No seu artigo 206, inciso I, estabelece a ―igualdade de

condições de acesso e permanência na escola‖, como um dos princípios para o ensino e,

garante, como dever do Estado, a oferta do atendimento educacional especializado,

preferencialmente na rede regular de ensino (art. 208).

O Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei nº. 8.069/90, artigo 55, reforça os

dispositivos legais supracitados, ao determinar que "os pais ou responsáveis têm a obrigação

de matricular seus filhos ou pupilos na rede regular de ensino‖. Também, nessa década,

documentos como a Declaração Mundial de Educação para Todos (1990) e a Declaração de

Salamanca (1994), passam a influenciar a formulação das políticas públicas da educação

inclusiva.

Em 1994, é publicada a Política Nacional de Educação Especial, orientando o

processo de ‗integração instrucional‘ que condiciona o acesso às classes comuns do ensino

regular àqueles que "[...] possuem condições de acompanhar e desenvolver as atividades

curriculares programadas do ensino comum, no mesmo ritmo que os alunos ditos normais‖

(p.19). Ao reafirmar os pressupostos construídos a partir de padrões homogêneos de

participação e aprendizagem, a Política não provoca uma reformulação das práticas

educacionais de maneira que sejam valorizados os diferentes potenciais de aprendizagem no

ensino comum, mantendo a responsabilidade da educação desses alunos exclusivamente no

âmbito da educação especial.

A atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - Lei nº 9.394/96, no

artigo 59, preconiza que os sistemas de ensino devem assegurar aos alunos currículo,

métodos, recursos e organização específicos para atender às suas necessidades; assegura a

terminalidade específica àqueles que não atingiram o nível exigido para a conclusão do ensino

21

fundamental, em virtude de suas deficiências e; a aceleração de estudos aos superdotados para

conclusão do programa escolar. Também define, dentre as normas para a organização da

educação básica, a ―possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante verificação do

aprendizado‖ (art. 24, inciso V) e ―[...] oportunidades educacionais apropriadas, consideradas

as características do alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante

cursos e exames‖ (art. 37).

Em 1999, o Decreto nº 3.298 que regulamenta a Lei nº 7.853/89, ao dispor sobre a

Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, define a educação

especial como uma modalidade transversal a todos os níveis e modalidades de ensino,

enfatizando a atuação complementar da educação especial ao ensino regular.

Acompanhando o processo de mudanças, as Diretrizes Nacionais para a Educação

Especial na Educação Básica, Resolução CNE/CEB nº 2/2001, no artigo 2º, determinam que:

Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas

organizar-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais,

assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos.

(MEC/SEESP, 2001).

As Diretrizes ampliam o caráter da educação especial para realizar o atendimento

educacional especializado complementar ou suplementar a escolarização, porém, ao admitir a

possibilidade de substituir o ensino regular, não potencializa a adoção de uma política de

educação inclusiva na rede pública de ensino prevista no seu artigo 2º.

O Plano Nacional de Educação - PNE, Lei nº 10.172/2001, destaca que ―o grande

avanço que a década da educação deveria produzir seria a construção de uma escola inclusiva

que garanta o atendimento à diversidade humana‖. Ao estabelecer objetivos e metas para que

os sistemas de ensino favoreçam o atendimento às necessidades educacionais especiais dos

alunos, aponta um déficit referente à oferta de matrículas para alunos com deficiência nas

classes comuns do ensino regular, à formação docente, à acessibilidade física e ao

atendimento educacional especializado.

A Convenção da Guatemala (1999), promulgada no Brasil pelo Decreto nº

3.956/2001, afirma que as pessoas com deficiência têm os mesmos direitos humanos e

liberdades fundamentais que as demais pessoas, definindo como discriminação com base na

deficiência, toda diferenciação ou exclusão que possa impedir ou anular o exercício dos

direitos humanos e de suas liberdades fundamentais. Esse Decreto tem importante repercussão

na educação, exigindo uma reinterpretação da educação especial, compreendida no contexto

22

da diferenciação adotada para promover a eliminação das barreiras que impedem o acesso à

escolarização.

Na perspectiva da educação inclusiva, a Resolução CNE/CP nº1/2002, que

estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação

Básica, define que as instituições de ensino superior devem prever em sua organização

curricular formação docente voltada para a atenção à diversidade e que contemple

conhecimentos sobre as especificidades dos alunos com necessidades educacionais especiais.

A Lei nº 10.436/02 reconhece a Língua Brasileira de Sinais como meio legal de

comunicação e expressão, determinando que sejam garantidas formas institucionalizadas de

apoiar seu uso e difusão, bem como a inclusão da disciplina de Libras como parte integrante

do currículo nos cursos de formação de professores e de fonoaudiologia.

A Portaria nº 2.678/02 aprova diretriz e normas para o uso, o ensino, a produção e

a difusão do Sistema Braille em todas as modalidades de ensino, compreendendo o projeto da

Grafia Braile para a Língua Portuguesa e a recomendação para o seu uso em todo o território

nacional.

Em 2003, o Ministério da Educação cria o Programa Educação Inclusiva: direito à

diversidade, visando transformar os sistemas de ensino em sistemas educacionais inclusivos,

que promove um amplo processo de formação de gestores e educadores nos municípios

brasileiros para a garantia do direito de acesso de todos à escolarização, a organização do

atendimento educacional especializado e a promoção da acessibilidade.

Em 2004, o Ministério Público Federal divulga o documento O Acesso de Alunos

com Deficiência às Escolas e Classes Comuns da Rede Regular, com o objetivo de disseminar

os conceitos e diretrizes mundiais para a inclusão, reafirmando o direito e os benefícios da

escolarização de alunos com e sem deficiência nas turmas comuns do ensino regular.

Impulsionando a inclusão educacional e social, o Decreto nº 5.296/04

regulamentou as leis nº 10.048/00 e nº 10.098/00, estabelecendo normas e critérios para a

promoção da acessibilidade às pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida. Nesse

contexto, o Programa Brasil Acessível é implementado com o objetivo de promover e apoiar o

desenvolvimento de ações que garantam a acessibilidade.

A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, aprovada pela ONU

em 2006, da qual o Brasil é signatário, estabelece que os Estados Parte devem assegurar um

sistema de educação inclusiva em todos os níveis de ensino, em ambientes que maximizem o

23

desenvolvimento acadêmico e social compatível com a meta de inclusão plena, adotando

medidas para garantir que:

a) As pessoas com deficiência não sejam excluídas do sistema educacional geral

sob alegação de deficiência e que as crianças com deficiência não sejam excluídas do ensino

fundamental gratuito e compulsório, sob alegação de deficiência;

b) As pessoas com deficiência possam ter acesso ao ensino fundamental inclusivo,

de qualidade e gratuito, em igualdade de condições com as demais pessoas na comunidade em

que vivem (Art.24).

Em 2006, a Secretaria Especial dos Direitos Humanos, o Ministério da Educação,

o Ministério da Justiça e a UNESCO lançam o Plano Nacional de Educação em Direitos

Humanos que objetiva, dentre as suas ações, fomentar, no currículo da educação básica, as

temáticas relativas às pessoas com deficiência e desenvolver ações afirmativas que

possibilitem inclusão, acesso e permanência na educação superior.

Em 2007, no contexto com o Plano de Aceleração do Crescimento - PAC, é

lançado o Plano de Desenvolvimento da Educação – PDE, reafirmado pela Agenda Social de

Inclusão das Pessoas com Deficiência, tendo como eixos a acessibilidade arquitetônica dos

prédios escolares, a implantação de salas de recursos e a formação docente para o atendimento

educacional especializado.

No documento Plano de Desenvolvimento da Educação: razões, princípios e

programas, publicado pelo Ministério da Educação, é reafirmada a visão sistêmica da

educação que busca superar a oposição entre educação regular e educação especial.

Contrariando a concepção sistêmica da transversalidade da educação especial nos

diferentes níveis, etapas e modalidades de ensino, a educação não se estruturou na perspectiva

da inclusão e do atendimento às necessidades educacionais especiais, limitando, o

cumprimento do princípio constitucional que prevê a igualdade de condições para o acesso e

permanência na escola e a continuidade nos níveis mais elevados de ensino.

O Decreto nº 6.094/2007 estabelece dentre as diretrizes do Compromisso Todos

pela Educação, a garantia do acesso e permanência no ensino regular e o atendimento às

necessidades educacionais especiais dos alunos, fortalecendo a inclusão educacional nas

escolas públicas.

24

2.5 A Inclusão Social e Digital

Proporcionar uma melhor maneira de inserção social e digital das pessoas com

deficiência visual é a principal contribuição que essa dissertação de mestrado busca oferecer.

Devido a isso, este tópico procura mapear a evolução da ocorrência do tema

―Acessibilidade dos Deficientes Visuais‖, destacando os principais enfoques que tem sido

dado ao referido tema. Isso foi possível através de pesquisas no banco de teses e dissertações

acadêmicas da CAPES (que é uma das maiores fontes de conhecimento do país), nos anais de

congressos científicos nacionais e nas bases de dados internacionais. Esse levantamento serve

de subsídio para análise de quais campos estão em ascendência e quais lacunas precisam ser

mais bem exploradas.

Quadro 2.2 – Teses e Dissertações de Mestrado e Doutorado. Massari

(2006)

Análise da relação da pessoa com deficiência física ou visual e a acessibilidade urbana da região

central da cidade de Santo André.

Boer

(2005)

Desenvolvimento de uma ferramenta de software (Quatro Estações), buscando amenizar as

dificuldades dos alunos com baixa visão no processo de interação com o computador, superando

suas necessidades especiais, e contribuindo para sua inclusão no processo educacional e social.

Negrão

(2004)

Análise comparativa entre a sensibilidade tátil de pessoas cegas, surdas e não deficientes, visando

contribuir para o desenvolvimento de ferramentas que auxiliem pessoas com alguma deficiência

(auditiva ou visual) a interagirem no âmbito social por meio de uma realimentação tátil.

Bezerra

(2003)

Apresentação do ―BR Braille‖, programa que tem por finalidade facilitar a comunicação entre

pessoas com deficiência visual alfabetizadas em Braille, e pessoas que não conheçam o sistema

Braille, como na relação educador não-alfabetizado em Braille e alunos deficientes visuais.

Hoffmann

(2002)

Estudo de caso da inserção laboral de pessoas com deficiência visual em um estúdio de gravação,

objetivando a melhoria das condições do posto de trabalho, considerando a concepção

ergonômica do ambiente e de sua própria atividade laboral.

Carvalho

(2001)

Demonstração de que a Educação a Distância no Ensino Superior é adequada e viável, com a

atual tecnologia, como uma forma de acesso para o deficiente visual.

Rodrigues

(2000)

Descreve a situação atual do acesso a Internet por pessoas com deficiência visual, apresentando

novas formas de desenvolvimento de páginas através de regras de acessibilidade e da

implementação de um protótipo de um browser adaptados aos deficientes visuais, enfatizando-se

também a importância do desenvolvimento de páginas acessíveis de boa qualidade.

Fernandez

(1999)

Estudo das possibilidades de melhoria para o acesso às páginas da Internet por usuários com

deficiência visual e cegueira.

Munster

(1998)

Estudo com o objetivo de elaborar um material pedagógico adequado às necessidades educativas

especiais de crianças com deficiência visual, bem como fornecer orientações e sugestões que

auxiliem o professor de educação física a proporcionar experiências perceptivo-motoras

significativas a estas crianças.

Veríssimo

(1997)

Verifica a correspondência entre as finalidades do Instituto Benjamin Constant (Centro de

Educação Especial na área de deficiência visual) e a visão de representantes da comunidade

escolar (alunos, pais, professores e servidores técnico-administrativos), concentrando-se na

necessidade e possibilidade de mudanças que gerem novas perspectivas para a integração social

das pessoas deficientes visuais, garantindo-lhes que alcancem a plenitude de sua cidadania.

Fonte: Banco de teses e dissertações da CAPES.

25

No Quadro 2.2, são destacadas algumas teses e dissertações de mestrado e

doutorado. Nesse banco de teses e dissertações, foram encontrados 144 trabalhos. A princípio,

observa-se nos anos iniciais, pouco interesse na abordagem empresarial no Brasil, o que de

certa forma, explica a baixa produção acadêmica, porém este quadro começa a mudar ao

longo dos anos, e apesar das oscilações quanto às publicações, observa-se claramente uma

tendência de crescimento (ver quadro 1.1), revelando o quanto a temática da acessibilidade

aos deficientes visuais está cada vez mais presente, na atualidade, no campo das pesquisas

científicas do Brasil, dando destaque, principalmente, para a área do desenvolvimento de

novas tecnologias para a inserção do deficiente visual na sociedade.

Quadro 2.3 – Artigos Nacionais do ENEGEP e ENANPAD.

Almeida et. al.

(2007)

Trata da aplicação de princípios ergonômicos para avaliar os recursos utilizados na

orientação e mobilidade de pessoas com deficiência visual, procurando apontar os

resultados obtidos quando do questionamento a usuários cegos e de baixa visão de um

centro de capacitação para pessoas com deficiência visual na cidade de Recife,

Pernambuco, sobre o conhecimento e aplicação dos recursos: guia videntes, bengalas, cão

guia, mapa tátil e ajudas eletrônicas. Para tal, foi realizada uma Intervenção

Ergonomizadora do Sistema Humano-Tarefa-Máquina, contemplando as etapas de

Apreciação e Diagnose ergonômica. Observou-se que as pessoas com deficiência visual

usam essencialmente o recurso do guia vidente e da bengala, demonstrando

desconhecimento de outros recursos que permitam maior autonomia na realização de suas

atividades, assim como a importância do enfoque ergonômico para o desenvolvimento de

um sistema informacional que melhor atenda às necessidades dessas pessoas.

Leite e Silva

(2006)

Verifica a ocorrência, na prática, do processo de inclusão escolar, em especial de alunos

com deficiência visual, no ensino de nível superior. Foram escolhidas cinco Instituições de

Educação Superior - IES do município de Belo Horizonte que contam com alunos cegos em

seu quadro discente. A coleta dos dados para a análise foi feita por meio de visitas às IES,

entrevistas com coordenadores e com os próprios alunos.

Ferreira et. al.

(2006)

Procura identificar e definir diretrizes de usabilidade alinhadas com a legislação de

acessibilidade, que possam facilitar a interação de deficientes visuais com a Internet e

garantir sites com conteúdo compreensível e navegável. Busca também quantificar os sites

da administração pública que aderiram aos padrões de acessibilidade desenvolvidos pelo

governo brasileiro. Para isso realizou um estudo exploratório, compreendendo uma

pesquisa de campo, com a realização de entrevistas em profundidade com vários

deficientes visuais do Instituto Benjamin Constant, principal centro de referência no Brasil

em matéria de educação e reeducação de deficientes visuais. Os resultados permitiram

identificar vários aspectos que poderão contribuir para a acessibilização de sites, com

ênfase na facilitação do acesso de deficientes visuais à Web.

Paula e Filho

(2003)

Apresenta o trabalho desenvolvido pela União dos Cegos D. Pedro II – UNICEP, entidade

localizada no Espírito Santo, que tem a função de reabilitar a pessoa cega e de baixa visão

para incluí-la na Sociedade na área de educação, profissionalizante e desportiva. O trabalho

é executado com atividades de vida diária, prática esportiva e educação com recursos do

Braile, leitura ampliada, materiais concretos, jogos didáticos e informática. Visando a

reabilitação ela desenvolveu uma fábrica de cabides com objetivo de dar trabalho a um

grupo de cegos e gerar renda para a instituição e para os próprios cegos.

Fonte: Anais do ENEGEP e ENANPAD.

No Quadro 2.3, encontram-se os principais artigos nacionais envolvendo o tema

da presente pesquisa, localizados no ENEGEP e no ENANPAD.

26

Nestes anais, diferentemente do banco de teses e dissertações, foram encontrados

apenas os 4 trabalhos destacados acima. Com isso, percebe-se que o tema ainda carece de

mais desenvolvimento científico, levando em consideração o montante de instituições de

ensino do país e a quantidade de trabalhos desenvolvidos em torno do tema nos últimos anos.

No entanto, deve-se salientar que em uma análise qualitativa constata-se que bons trabalhos

estão sendo desenvolvidos no âmbito nacional. Os assuntos abordados possuem um forte

apelo em disponibilizar experiências educacionais, profissionais e pessoais aos deficientes

visuais de forma mais interessante e eficaz.

Quadro 2.4 – Artigos Internacionais do Emerald Insight e do Science Direct.

Westlind

(2008)

Trata-se de um estudo de caso de uma tendência na área de biblioteconomia em

matéria de tecnologias para os deficientes visuais. Procura resolver os problemas de

catalogação e informar sobre os últimos desenvolvimentos e realizações no campo

de materiais acessíveis. Fornece algumas perspectivas sobre os desafios da prática de

catalogação nas bibliotecas para os deficientes visuais.

Boron, Bratek e Kos

(2007)

Apresenta o protótipo de uma tela gráfica táctil de sinais térmicos para os cegos. Os

módulos Peltier podem trabalhar tanto como geradores de calor e de frio. A tela

gráfica dos sinais térmicos exibe um símbolo simples ou texto Braille. Os

experimentos realizados com pessoas cegas mostram que eles são capazes de

identificar os pontos quentes e frios. O artigo demonstra que é possível a

visualização gráfica simples, utilizando micropumps Peltier.

Al-Salman et. al.

(2007)

Descreve o desenvolvimento de um novo sistema chamado Mubser para traduzir ou

converter códigos Braille (árabe e inglês) em texto normal. O sistema pode detectar

automaticamente a origem do idioma e o grau do Braille, auxiliando tanto pessoas

videntes quanto pessoas cegas a se comunicarem melhor.

Robson

(2007)

Descreve um sistema de ecolocação virtual (percepção de posição através de eco por

meio da utilização de sonar) em um modelo de computador 3D que pode ajudar as

pessoas a navegar em ambientes do mundo real que eles não podem ver.

Hunaiti et. al.

(2005)

Apresenta os resultados de uma experiência que foi realizada para determinar a

configuração visual mais "adequada" para uma câmera empregada para permitir a

detecção de obstáculos à frente do usuário do sistema de navegação para pedestres

deficientes visuais, desenvolvido na Universidade de Brunel. A determinação da

configuração visual adequada para a câmera permite uma efetiva prestação de

informação útil para a viagem de pedestres deficientes visuais.

López

(2005)

Apresenta um novo guia sobre "Acessibilidade para pessoas cegas e deficientes

visuais", com o objetivo de fornecer informações práticas e orientações claras aos

arquitetos, designers, urbanistas, entre outros, para o planejamento e organização das

cidades, dos edifícios, transportes, produtos e serviços "para todos".

Pavesic et. al.

(2003)

Apresenta o Homer II, um sistema de voz de comando texto-para-discurso

desenvolvido para pessoas cegas ou deficientes visuais para leitura de textos

eslovenos. Explica que novas versões do sistema Homer com cada vez mais

módulos de diálogo avançados e algum browser básico de funcionalidade World

Wide Web irá representar um instrumento importante para a educação à distância e

para o processo de ensino para as pessoas deficientes que utilizam redes acadêmicas.

Loo, Lu e Bloor

(2003)

Apresenta a concepção de um projeto na Web para os cegos. Tem como objetivo

desenvolver um novo modelo de interface humano-computador e um sistema de

computador associado para os deficientes visuais, para que possam navegar na

World Wide Web através da Internet.

Fonte: Base de dados do Emerald Insight e do Science Direct.

27

Por fim, o Quadro 2.4 apresenta alguns artigos internacionais, localizados no

Emerald Insight e no Science Direct.

Nestes anais internacionais, foram encontrados 50 artigos. Percebe-se nas

publicações internacionais, um maior desenvolvimento de projetos práticos, como

formulações de protótipos e/ou mecanismos de apoio direto aos deficientes, gerando ótimas

perspectivas para pesquisas futuras.

28

CAPÍTULO 3

METODOLOGIA DA PESQUISA

Neste capítulo será apresentada a metodologia adotada, sendo caracterizados os

aspectos metodológicos, tais como o tipo de pesquisa, a população estudada, os instrumentos

utilizados para a coleta de dados, e enfim, a maneira como os dados foram processados e

analisados.

3.1 TIPO DE PESQUISA

Quanto à natureza, classifica-se como aplicada. Para Ander-Egg apud Marconi e

Lakatos (p.22, 1999), a pesquisa aplicada, ―como o próprio nome indica, caracteriza-se por

seu interesse prático, isto é, que os resultados sejam aplicados ou utilizados, imediatamente,

na solução de problemas que ocorrem na realidade‖. Conforme Rummel apud Marconi e

Lakatos (p.23, 1999), a pesquisa tecnológica ou aplicada prática é utilizada ―quando objetiva

a aplicações dos tipos de pesquisa relacionados às necessidades imediatas dos diferentes

campos de atividade humana‖.

Do ponto de vista dos objetivos, classifica-se como pesquisa descritiva. Segundo

Best apud Marconi e Lakatos (p.22, 1999), a pesquisa descritiva ―delineia o que é‖,

abordando também aspectos, como: descrição, registro, análise e interpretação de fenômenos

atuais, tendo em vista o seu funcionamento no presente. Na visão de Hymann apud Marconi e

Lakatos (p.22, 1999), a pesquisa descritiva trata-se da ―simples descrição de um fenômeno‖.

Quanto à abordagem do problema é qualitativa e quantitativa. Neves (1996)

aponta que na pesquisa qualitativa busca-se obter dados descritivos mediante contato direto e

interativo do pesquisador com a situação objeto de estudo. Este mesmo autor afirma que na

pesquisa qualitativa ―é freqüente que o pesquisador procure entender os fenômenos, segundo

a perspectiva dos participantes da situação estudada e, a partir daí, situe sua interpretação dos

fenômenos estudados‖.

29

Para Richardson (1999), a abordagem quantitativa

Caracteriza-se pelo emprego da quantificação tanto nas modalidades

de coleta de informações, quanto no tratamento delas por meio de

técnicas estatísticas, desde as mais simples como percentual, média,

desvio-padrão, às mais complexas, como coeficiente de correlação,

análise de regressão, etc.

Quanto ao procedimento de coleta de dados, trata-se de uma pesquisa survey, em

um primeiro momento e de uma pesquisa experimental no segundo momento.

De acordo com Malhotra (2001, p. 179) o método survey ―se baseia no

interrogatório dos participantes, aos quais se fazem várias perguntas sobre seu

comportamento, intenções, atitudes, percepção, motivações, e características demográficas e

de estilo de vida‖. Nesse tipo de investigação, o instrumento de coleta de dados utilizado é o

questionário.

Best apud Marconi e Lakatos (p.22, 1999), explica que a pesquisa experimental

―descreve o que será‖, quando se consegue controlar determinados fatores, tendo como

importância as relações de causa e efeito. Na concepção de Hymann apud Marconi e Lakatos

(p.22, 1999), a pesquisa experimental trata-se de ―levantamentos explicativos, avaliativos e

interpretativos, que tem como objetivos a aplicação, a modificação e / ou a mudança de

alguma situação ou fenômeno‖.

3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA

De acordo com Vergara (1998, p.48), universo ―é um conjunto de elementos

(empresa, produtos, pessoas) que possuem as características que serão objetos de estudo‖,

enquanto que amostra ―é uma parte do universo (população) escolhida segundo algum critério

de representatividade‖.

O local escolhido para realização da pesquisa foi o Instituto de Educação e

Reabilitação de Cegos do Rio Grande do Norte, situado no bairro do Alecrim, em Natal, no

Rio Grande do Norte. Primeiramente, foi realizada uma entrevista com a diretora, buscando

compreender o que vem sendo feito com relação a acessibilidade voltada para os alunos

deficientes visuais. Após essa entrevista, o Protótipo 01 foi testado, tendo como objeto de

análise apenas os alunos considerados cegos legais. O instituto conta com 225 alunos, entre os

quais 112 são deficientes visuais, apresentando cegueira e/ou baixa visão, sendo que nesse

30

grupo também existem indivíduos com deficiências múltiplas (surdo-cegos, deficientes

mentais e deficientes físicos). Tendo isso em vista, foram solicitados a participar do teste

apenas os indivíduos com cegueira, totalizando 25 alunos.

Assim, essa pesquisa trata-se de um censo. Conforme Bolfarine e Bussab (2005),

o que diferencia censo de amostra é o número de unidades entrevistadas: no censo, são todas,

e na amostra, uma parte. Esses autores recomendam a utilização do censo em casos onde, por

exemplo, a população é pequena e os custos são baixos. Já a amostra é recomendada quando a

população é muito grande e/ou o custo, tanto em dinheiro quanto em tempo, para coletar as

informações é alto.

3.3 CARACTERIZAÇÃO DO INSTITUTO ONDE FOI REALIZADA A PESQUISA

O Instituto de Educação e Reabilitação de Cegos do Rio Grande do Norte, situado

na Rua Fonseca e Silva, 1113, no bairro do Alecrim, Natal, foi fundado em 16 de julho de

1952 pelo Dr. Ricardo César Paes Barreto.

Conhecido pela sigla IERC-RN, apresentando uma área total de 2.046 m2, sendo

961 m2 de área construída, é uma sociedade civil de direito privado, sem fins lucrativos,

reconhecida de utilidade pública municipal e estadual com registro no Conselho Nacional de

Assistência Social.

A finalidade principal da entidade é promover a habilitação, reabilitação e

educação das pessoas cegas ou com deficiências visuais graves, proporcionando

oportunidades para o seu pleno desenvolvimento, bem como a sua integração ou reintegração

sociedade, permitindo maior independência e autonomia.

O IERC é mantido através de convênios com o Governo do Estado e Prefeitura

Municipal, no que diz respeito a cessão de pessoal e recebe esporadicamente cooperação

financeira do Governo Federal atendendo aos projetos encaminhados. As demais

contribuições são oriundas dos associados da comunidade. Para atender a demanda, ainda

lança mão de diversos recursos como campanhas, bazares, rifas, sorteios, entre outros.

Sua administração é formada pela assembléia geral, diretoria e conselho fiscal

cujos membros são eleitos quadrienalmente dentre o quadro de associados da entidade.

Atualmente, o seu Presidente é o Sr. Marcos Antonio da Silva, que é cego desde o

nascimento.

31

A estrutura física tem capacidade para atender mais de 200 alunos. Dispõe no

momento de: auditório; refeitório; cozinha; sala de oficina pedagógica; salas de estimulação

essencial; sala de computação; sala de música; biblioteca; sala de psicologia; sala de serviço

social; sala de espera; sala de supervisão; sala da diretoria; secretaria; salas de aula; quadra de

esporte; área de lazer com piscina e parque infantil; banheiros; sala dos professores; área de

serviço; almoxarifado; sala de dança; sala de apoio a itinerância (serviços de orientação e

supervisão pedagógica ao deficiente); e lojinha de artesanato. Atualmente o IERC/RN conta

com 225 alunos (112 deficientes visuais) sendo atendidos de acordo com suas necessidades

nas áreas de educação especial, estimulação essencial e no programa de reabilitação. Para

isso, conta com professor de música, de Braille, Sorobã e informática, além de psicólogo,

assistente social e professores para atender disciplinas como artes e pintura.

O aluno do Instituto de cegos tem acesso a uma biblioteca em Braille, com livros

de literatura brasileira, livros didáticos, literatura infanto-juvenil e muitos outros títulos, além

de contar com a utilização da Internet e de recursos didáticos, dentre os quais destacam-se: a

máquina Perkins Braille, o programa Dosvox e Virtual Vision e as impressoras Braille (com

os programas Duxbury, Braille Fácil e Braivox).

Assim, percebe-se que o Instituto vem trabalhando as formas de inclusão a

tecnologia, sendo considerado um exemplo de inclusão cidadã.

3.4 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

A pesquisa possuiu três fases:

Primeira fase: Foram aplicados 2 (dois) formulários estruturados com perguntas

abertas e fechadas. Um formulário com a intenção de se traçar o perfil da instituição

que trabalha com deficientes visuais e sua posição quanto a utilização de dispositivos

computacionais para os deficientes visuais (Anexo A). Outro formulário no intuito de

se traçar o perfil dos estudantes com deficiência visual, pertencentes a essa instituição

(Anexo B);

Segunda Fase: Uma ferramenta tátil capaz de reproduzir formas em 3D através de

diversos pinos (Protótipo 01) foi aplicada na instituição que trabalha com deficientes

visuais, como exemplo aplicativo do funcionamento do dispositivo proposto (exibição

de formas geométricas). Os resultados dessa aplicação complementaram o formulário

32

voltado para o estudante com deficiência visual, revelando a quantidade de escores de

cada estudante na tentativa de reconhecer as formas geométricas apresentadas (ver

Anexo B);

Terceira Fase: Foi desenvolvido um protótipo computacional piloto (Protótipo 02) que

trabalhou com a reprodução de apenas 1 (um) pino, para ser utilizado aos pares, com o

objetivo de testar a comunicação do dispositivo proposto. Esse teste aconteceu em um

laboratório, no qual 2 (dois) Notebooks, ambos equipados com o Protótipo 02, foram

conectados para realizar a transferência do posicionamento do pino de um notebook

para o outro via rede local (LAN) e Internet.

Na Ilustração 3.1, pode-se observar um resumo do que foi realizado em cada uma

dessas três fases.

Ilustração 3.1 – Dimensões de Análise da Pesquisa

Fonte: Pesquisa de Mestrado, 2008.

Para testar o reconhecimento das formas geométricas (2ª fase), foi aplicada uma

ferramenta tátil capaz de esculpir formas 3D (Protótipo 01) em uma instituição voltada para

os deficientes visuais (IERC/RN). Para esse teste, foram utilizadas diversas formas

Aplicação de formulários

(pesquisa de opinião,

com questões abertas e

fechadas)

Aplicação do protótipo

01 na instituição para

testar o reconhecimento

das geometrias

Planejamento e

desenvolvimento técnico do

Protótipo 02 para teste de

comunicação (LAN e WEB)

Perfil da instituição

e dos estudantes

Aplicação do

Protótipo 01

Desenvolvimento

do Protótipo 02

Dispositivo

computacional

33

geométricas (ver Ilustração 3.2), as quais foram sendo esculpidas tridimensionalmente com o

auxílio da ferramenta tátil. No Anexo C, as geometrias utilizadas podem ser observadas em

tamanho real.

Ilustração 3.2 – Geometrias Utilizadas no Teste de Viabilidade do Protótipo 01

Fonte: Pesquisa de Mestrado, 2008.

Antes de se realizar a aplicação do Protótipo 01 com os alunos, foi realizado um

pré-teste. Nessa fase, o protótipo foi testado com o presidente do instituto e com outros dois

alunos, todos cegos desde nascidos. Primeiramente, as geometrias foram apresentadas uma a

uma aos 3 (três) participantes para que as reconhecessem antes do teste com a máquina. Logo

em seguida, essas geometrias foram apresentadas novamente através de uma matriz de pinos

da ferramenta tátil. Percebeu-se que cada um dos participantes realizou o teste completo de

reconhecimento levando um tempo aproximado em torno de 5 minutos. Com base no êxito

obtido pelo pré-teste, foram agendados com a diretoria determinados dias para que os testes

oficiais com os alunos legalmente cegos acontecessem. No total, 25 alunos participaram dos

testes.

Ilustração 3.3 – Reconhecimento da Geometria Ilustração 3.4 – Posicionamento dos Pinos

Fonte: Pesquisa Experimental, 2008. Fonte: Pesquisa Experimental, 2008.

Antes de utilizar a ferramenta tátil, as geometrias a serem avaliadas foram

selecionadas e apresentadas a cada indivíduo com o objetivo de testar o nível de dificuldade

dos mesmos no reconhecimento (ver Ilustração 3.3). Para essa etapa de reconhecimento, foi

34

dado a cada indivíduo aproximadamente 5 minutos para contatos com as geometrias, tendo

como base o pré-teste. Em seguida, o Protótipo 01 foi colocado sobre cada geometria

selecionada (ver Ilustração 3.4), esculpindo-as tridimensionalmente através de uma matriz de

pinos (ver Ilustração 3.5).

Ilustração 3.5 – Exibição da Geometria Ilustração 3.6 – Reconhecimento da Forma

Fonte: Pesquisa Experimental, 2008. Fonte: Pesquisa Experimental, 2008.

Assim, essas geometrias foram sendo esculpidas e apresentadas seqüencialmente,

em ordem aleatória para cada estudante. Após a captura e exibição da forma geométrica na

ferramenta tátil, foi solicitado ao indivíduo que a tateasse (ver Ilustração 3.6) e questionado se

o mesmo reconhecia as formas. Após várias exibições, os estudantes foram avaliados com

base na quantidade de escores.

Para comprovar a viabilidade tecnológica da transferência do posicionamento dos

pinos da máquina 01 para a máquina 02 (3ª fase), foi desenvolvido um dispositivo (Protótipo

02) que trabalhou com apenas um (1) pino. Esse protótipo foi composto por uma parte

eletromecânica (Ilustração 3.7) e por um software (Ilustração 3.8). Essas duas partes serão

explicadas de maneira mais detalhada no capítulo 4.

O software teve um papel decisivo no gerenciamento do processo como um todo.

O software foi responsável por gerenciar os estados da máquina 01 e da máquina 02, de modo

a sempre manter uma máquina em estado de captura e outra em estado de impressão 3D do

pino. Em outras palavras, o software foi responsável por gerenciar os comandos de captura,

organização, transferência e impressão 3D.

35

Ilustração 3.7 – Parte Eletromecânica Ilustração 3.8 – Software do Dispositivo

Fonte: Pesquisa Experimental, 2008. Fonte: Pesquisa Experimental, 2008.

Assim, foi possível gerenciar o recebimento das informações digitais oriundas da

máquina que se encontrava em estado de captura, decodificando o posicionamento do pino de

acordo com seu deslocamento no eixo longitudinal para uma linguagem computacional,

possibilitando a transferência pela rede local. Concomitantemente, o software fez com que a

máquina 2 se posicionasse em modo de recebimento de dados.

3.5 ANÁLISE DOS DADOS

Conforme Vergara (2000, p. 59), existem duas maneiras de tratar os dados,

podendo ser de forma quantitativa, ou seja, utilizando-se de procedimentos estatísticos, que

podem ser paramétricos ou não-paramétricos; ou de forma qualitativa, codificando-os e

apresentando-os de maneira mais estruturada e finalmente, analisando-os. Conforme esta

mesma autora é possível também analisar os dados qualitativa e quantitativamente em um

mesmo estudo.

Assim, os dados coletados foram analisados qualitativa e quantitativamente,

utilizando, por exemplo, estatística descritiva para dar suporte a uma interpretação subjetiva

ou para desencadeá-la.

Assim, a análise dos dados foi realizada utilizando estatística descritiva, através de

gráficos e tabelas. Foram utilizadas técnicas estatísticas simples, como percentuais e médias.

36

CAPÍTULO 4

DESENVOLVIMENTO DO PROTÓTIPO

Este capítulo tem o propósito de abordar os aspectos conceituais relevantes do

desenvolvimento, funcionamento e aplicação dos protótipos aqui utilizados na tentativa de

viabilizar o dispositivo computacional proposto pra os deficientes visuais.

Oferece também uma idéia de como seria a aplicação futura do dispositivo, quais

seriam suas dimensões e a sua capacidade de resolução.

4.1 DISPOSITIVO PROPOSTO

Como visto no início dessa dissertação, o objetivo deste trabalho é propor uma

forma de comunicação tátil entre indivíduos com deficiência visual (cegueira ou baixa visão)

através da Internet ou de uma rede local (LAN – Local Adress Network). A proposta inicial

do equipamento é o reconhecimento de formas geométricas simples e diferenciações entre

objetos com maiores ou menores dimensões.

Para isso, o equipamento deverá ser utilizado aos pares, de modo que enquanto

um fica em modo de captura de formas 3D, o outro fica em modo de recepção, como pode ser

observado na Ilustração 4.1.

A aplicação inicial do dispositivo é direcionada para a área de ensino, podendo se

dar em laboratório ou sala de aula com computadores somados aos dispositivos de captura e

impressão de imagens 3D, onde o professor determinará que seu computador será de captura,

enquanto que os demais computadores presentes na sala, destinados aos alunos, serão de

impressão.

Essa aplicação pode acontecer também entre dois indivíduos separados

geograficamente que queiram enviar e/ou identificar imagens de determinados objetos,

bastando estabelecer qual computador será de captura e qual será de impressão.

37

Ilustração 4.1 – Funcionamento do Protótipo Computacional Proposto

Fonte: Pesquisa de Mestrado, 2008.

Com isso, o indivíduo ―A‖ insere o objeto a ser identificado, o seu equipamento

captura a imagem deste objeto e através de seu computador a imagem é transferida por meio

da Internet ou de uma rede local para o computador do indivíduo ―B‖; após a recepção da

imagem pelo computador do indivíduo ―B‖, o equipamento deste exibe a imagem para que

possa ser identificada. Caso o indivíduo ―B‖ queira enviar uma imagem para que o indivíduo

―A‖ possa identificar, o procedimento também é possível.

4.2 FUNCIONAMENTO E APLICAÇÃO DO PROTÓTIPO 01

Para testar a forma de comunicação do dispositivo proposto, determinando até que

ponto as formas geométricas simples podem ser reconhecidas, foi utilizada uma ferramenta

tátil capaz de esculpir formas tridimensionalmente através de pinos (Ilustrações 4.2 a 4.5).

Essa ferramenta é denominada ao longo dessa dissertação como Protótipo 01, cuja aplicação

foi explicada anteriormente no tópico 3.4 do Capítulo 3, discorrendo sobre a Metodologia da

Pesquisa.

Indivíduo

“A”

insere

objeto

Equipamento

―A‖ captura o

objeto

Indivíduo

“B”

identifica o

objeto

Equipamento

―B‖ exibe o

objeto

Computador

―A‖ emite o

objeto

Computador

―B‖ recebe o

objeto

Transmissão através

da Internet ou rede

local (LAN)

38

Ilustração 4.2 – Perspectiva do Topo Ilustração 4.3 – Perspectiva Lateral

Fonte: Pesquisa Experimental, 2008. Fonte: Pesquisa Experimental, 2008.

O Protótipo 01 é composto por pinos de aço cromados (1376 unidades), os quais são

móveis longitudinalmente, e se encontram acomodados em orifícios nas placas de plástico. As placas

de plástico estão montadas estrategicamente paralelas com o intuito de proporcionar o deslocamento

do pino somente no seu eixo longitudinal. Para fixação da estrutura utilizou-se: fusos (4 unidades),

porcas (12 unidades) e arruelas (16 unidades).

Ilustração 4.4 – Ferramenta Tátil e Geometrias Ilustração 4.5 – Representação da Geometria

Fonte: Pesquisa Experimental, 2008. Fonte: Pesquisa Experimental, 2008.

O funcionamento do protótipo se dá quando é colocado o dispositivo de tal forma que a

parte inferior dos pinos entra em contato com uma forma geométrica tridimensional, com isso os pinos

se deslocam de acordo com a superfície de contato, fazendo assim a captura da forma geométrica

tridimensionalmente através de pinos.

Para mais detalhes, ver no Anexo D o projeto mecânico desta ferramenta

(Protótipo 01).

39

4.3 DESENVOLVIMENTO E FUNCIONAMENTO DO POTÓTIPO 02

Com o intuito de se comprovar que tecnologicamente é possível uma experiência

de comunicação tátil entre duas pessoas separadas geograficamente foi desenvolvido o

Protótipo 02 (ver Ilustração 4.6).

Ilustração 4.6 – Imagem do Protótipo 02

Fonte: Pesquisa Experimental, 2008.

O funcionamento do sistema consiste basicamente em deslocamentos dos pinos de

captura (cliente: mestre) e impressão (cliente: escravo) com a mesma intensidade e sentidos

contrários entre os dois pinos dos clientes envolvidos no canal de comunicação: captura e

impressão. Sendo o sistema gerenciado pelo servidor.

A arquitetura do sistema parte do pressuposto que para o seu correto

funcionamento, sempre haverá um par de computadores equipados individualmente com uma

unidade do Protótipo 02, um servidor e uma rede de computadores interligando-os.

Exemplo: Se durante a fase de captura o cliente abaixar 20% do posicionamento

do seu pino (captura), o pino do cliente (impressão) vai subir 20% a partir do local de seu

40

posicionamento. É preciso salientar que a condição inicial para que estes eventos ocorram é

que anteriormente ao ato de abaixar o pino, o pino do cliente (captura) esteja em uma

porcentagem de deslocamento de 20% ou superior e do cliente (impressão) de 80% ou

inferior.

Como o objetivo do desenvolvimento do Protótipo 02 não se trata do produto

final, a questão da logística de aquisição facilitada das peças e o fator financeiro (baixo custo)

foram levados bastante em considerações na escolha dos dispositivos utilizados. Em especial

o Motor de Passo, que foi obtido gratuitamente numa loja de manutenção de impressoras.

Duas outras vantagens da escolha do Motor de Passo podem ser citadas: comparado com um

conjunto de motor DC e caixa de redução, o motor de passo tem alto torque, baixa rotação,

baixo custo e tamanho físico reduzido. Outra grande vantagem do motor de passo é o controle

de posicionamento do mesmo. Os motores de passo constituem hoje uma das formas mais

versáteis de sistemas de posicionamento, particularmente quando digitalmente controlados

como parte de um servo sistema. Os mesmos encontram-se em drives de disquete, scanners

planos, impressoras e muitos outros dispositivos.

A idéia inicial para se construir o Protótipo 02 foi utilizando Nitinol e mola,

porém, devido ao atraso na chegada do dispositivo dos Estados Unidos, o equipamento foi

substituído pelo Motor de Passo.

O acionamento do motor é feito a partir das saídas do PIC (microcontrolador PIC

16F876), como as saídas do PIC são de baixa tensão e baixa corrente, se faz necessário a

elevação das mesmas, para serem direcionadas para o motor. Isto é feito usando transistores

de média potencia (TIP122) que elevam a tensão de +5V para +12V, sendo a tensão de

acionamento do motor, além disso, eleva a corrente que sai do PIC, da ordem de dezenas de

mili amperes (mA), para uma corrente de no máximo 1A para ser entregue ao motor.

O tipo de sensor de posição escolhido foi um potenciômetro linear (potenciômetro

deslizante de 10K ohm), onde o mesmo foi utilizado como interface entre as medidas métricas

de deslocamento do pino (cm) e níveis de tensões (V).

Com base na informação dada pelo sensor em Volts o microcontrolador identifica

qual a posição do pino, esta informação é enviada para o computador através da porta USB.

Todavia para ocorrer esta comunicação se faz necessário uma conversão de níveis de sinais

transmitidos pelo PIC para a USB. Esta conversão é feita em duas etapas: primeira conversão

de sinais do PIC (níveis de sinal de 0V ou +5V) para sinais do tipo Serial (que podem variam

de -12V a +12V), para esta tarefa utilizou-se um conversor MAX 232. A segunda conversão

41

ocorre na mudança do sinal Serial para USB através de um conversor obtido comercial

(conversor Serial / USB).

A estrutura mecânica foi feita em alumínio, polímero de plástico e todos os

parafusos de fixação são de aço. Em especial a haste (pino) foi construída a partir de uma

peça cilíndrica de alumínio que foi usinada em torno mecânico para se adequar as

necessidades de diâmetros exigidos no projeto.

A cremalheira foi usinada em uma plaina mecânica industrial e seu comprimento

é 55mm. Cremalheira é uma peça mecânica que consiste numa barra ou trilho dentado que em

conjunto com uma engrenagem a ele ajustada, converte movimentos retilíneos em rotacionais

e vice –versa.

Nos Anexos encontram-se:

Projeto Mecânico para auxiliar a construção do Protótipo 02 (Anexo E);

Projeto do circuito eletrônico utilizado no Protótipo 02 (Anexo F);

Layout das trilhas de circuito impresso da placa do circuito utilizado no Protótipo 02

(Anexo G);

Memorial descritivo com as peças utilizadas e seus respectivos valores comerciais

(Anexo H);

O Protótipo 02 pode ser dividido em duas partes básicas: Parte física (Hardware) e

Programas de computador (Software).

4.3.1 Parte Física do Protótipo 02 (Hardware)

A parte física pode ser dividida em três módulos: fonte de alimentação do sistema

(Ilustração 4.7), Módulo Háptico (Ilustração 4.8) e conversor Serial / USB (Ilustração 4.9).

A Fonte de alimentação (12Vcc – 2A) a entrada da fonte são 220V alternada e

sua saída 12V contínua. Basicamente a mesma faz transformações de tensões e correntes

alternadas em tensões e corrente contínua para serem entregues ao Módulo háptico. Se faz

presente na mesma o botão de liga e desliga do protótipo. O Módulo Háptico é composto

basicamente por um conjunto de componentes eletromecânicos e eletrônicos. O Conversor

Serial / USB se faz necessário para viabilizar a comunicação do Protótipo 02 com o

computador através de uma porta USB.

42

Ilustração 4.7 – Fonte de Alimentação Ilustração 4.8 – Módulo Háptico Ilustração 4.9 – Conversor Serial / USB

Fonte: Pesquisa Experimental, 2008. Fonte: Pesquisa Experimental, 2008. Fonte: Pesquisa Experimental, 2008.

Nas Ilustrações 4.10 a 4.15, a seguir, são apresentadas algumas perspectivas do

módulo háptico.

Ilustração 4.10 – Perspectiva de Frente Ilustração 4.11 – Perspectiva de Trás

Fonte: Pesquisa Experimental, 2008. Fonte: Pesquisa Experimental, 2008.

Ilustração 4.12 – Perspectiva Direita Ilustração 4.13 – Perspectiva Esquerda

Fonte: Pesquisa Experimental, 2008. Fonte: Pesquisa Experimental, 2008.

43

Ilustração 4.14 – Pino em Deslocamento Mínimo Ilustração 4.15 – Pino em Deslocamento Máximo

Fonte: Pesquisa Experimental, 2008. Fonte: Pesquisa Experimental, 2008.

4.3.2 Programas de Computador do Protótipo 02 (Software)

O Programa Servidor serve para gerenciar o sistema como um todo,

comunicando-se com os clientes. O Programa Cliente serve para comunicar-se com o

servidor e protótipo. São dois os estados de funcionamento dos clientes: Estado Mestre ou

Estado Escravo.

O Programa Cliente em Estado Mestre (Ilustração 4.16): Com o protótipo, ele

verifica qual o posicionamento do pino e recolhe esta informação. Com o servidor, ele

passa a informação a respeito do posicionamento do pino e pode requisitar para trocar

de estado ou reiniciar o sistema.

O Programa Cliente em Estado Escravo (Ilustração 4.17): Com o protótipo, ele

comunica-se fazendo com que aconteça a movimentação do pino requisitada pelo

servidor. Com o servidor, ele recebe informação e pode enviar pedido para troca de

estado ou reiniciar o sistema como Mestre.

As interfaces de vídeo foram desenvolvidas com o intuito do acompanhamento

visual dos processos e eventos que estão acontecendo. As mesmas foram de grande

importância durante as etapas de testes da parte física do equipamento (hardware) e ajustes

finais da programação (software), já que as mesmas passavam um feedback dos eventos que

estavam se processando no servidor, nas demais máquinas e protótipos dos clientes.

44

Ilustração 4.16 – Interface de Vídeo do Programa Cliente: Estado Mestre

Fonte: Pesquisa Experimental, 2008.

Ilustração 4.17 – Interface de Vídeo do Programa Cliente: Estado Escravo

Fonte: Pesquisa Experimental, 2008.

45

Ilustração 4.18 – Interface de Vídeo do Programa Servidor

Fonte: Pesquisa Experimental, 2008.

A interface do Programa Servidor (Ilustração 4.18) mostra na tela, em tempo

real, os eventos que estão sendo processados no mesmo.

Na interface do Programa Cliente o botão Iniciar tem a função de enviar o pedido

para o servidor para ser mestre. O botão Trocar tem a função de enviar uma mensagem para

o servidor pedindo para trocar de estado entre mestre e escravo. Os botões de Apertar e

Puxar simulam os atos de apertar o pino manualmente e puxar o pino manualmente

respectivamente. A informação visual graficamente representada como barras na cor preta

simulam o deslocamento do pino. A barra que se encontra no lado esquerdo na interface do

programa cliente faz alusão ao deslocamento do pino da máquina que esta sendo usada pelo

cliente que esta observando a interface e a outra barra, a da direita, passa a informação visual

aonde se encontra o posicionamento do pino na outra máquina envolvida no sistema e seu

respectivo deslocamento.

4.3.3 Arquitetura do Sistema

Na implementação do sistema foi utilizada a arquitetura cliente-servidor (ver

Ilustração 4.19), onde neste primeiro momento, somente haverá dois clientes e um servidor.

Um cliente sempre será o mestre (estado captura) e o outro sempre cliente será o escravo

(estado impressão).

A comunicação entre o cliente e protótipo é feita através de uma interface Serial /

USB, o protótipo (Módulo Háptico) tem conexão de saída serial. Para comunicação com o

cliente (computador) pela porta USB é utilizado um conversor Serial para USB. A

comunicação entre cliente e servidor é feita através de uma rede local ou através da rede

46

mundial de computadores (Internet) utilizando-se de uma conexão direta entre IP‘s dos

clientes envolvidos na operação.

Ilustração 4.19 – Arquitetura do Sistema

Fonte: Pesquisa Experimental, 2008.

No desenvolvimento dos programas (softwares) dos clientes e servidor foi

utilizada a linguagem de programação Java. A escolha da mesma deu-se devido a sua

portabilidade: pode ser interpretada em diversas plataformas como computadores, celulares,

PDA, receptores de TV Digital, desktop, web. O Java pode ser interpretado em vários

sistemas operacionais como Linux, Windows, Unix, Mac OS e sistemas embarcados. A

linguagem de programação C foi utilizada na programação do PIC contido no circuito

eletrônico do Protótipo 02, a sua escolha foi devido a referências de fabricante direcionando

para o uso da mesma.

47

4.3.4 Protocolo de Comunicação

O protocolo de comunicação consiste em um conjunto de mensagens que define a

conexão do sistema.

Entre as mensagens que foram utilizadas, encontram-se:

Mensagem (1): Pede Conexão

Mensagem (2): Estabelece Conexão

Mensagem (3): Pede para ser Mestre

Mensagem (4): Define como Mestre

Mensagem (5): Define como Escravo

Mensagem (6): Coloca pino na posição Mínima

Mensagem (7): Coloca pino na posição Máxima

Mensagem (8): Mensagem Apertar

Mensagem (9): Executa Puxar

Mensagem (10): Mensagem Puxar

Mensagem (11): Executa Apertar

Mensagem (12): Pede para trocar de Estado

A seguir, na Ilustração 4.20, é apresentado um Diagrama de Seqüência de

Eventos, que descreve um diálogo entre os clientes e o servidor através de trocas de

mensagens entre os elementos do sistema: Programa Clientes e Programa Servidor.

Antes de tudo inicia-se o Programa Servidor, neste momento o mesmo fica em

modo de espera, aguardando a entrada de algum cliente no sistema.

O primeiro cliente que entrar no sistema pedindo autorização de conexão com o

servidor (Mensagem 1) será o cliente 0 (Mensagem 2) e o próximo cliente que pedir conexão

(Mensagem 1) com o servidor será o cliente 1 (Mensagem 2). Após estabelecida a conexão do

servidor com cliente 0 e o cliente 1, aquele que primeiro pedir para ser Mestre, clicando no

botão Iniciar, será o Mestre e o outro será o Escravo obrigatoriamente. Como o cliente 1

enviou a mensagem para o servidor ―pedindo para ser Mestre‖ (Mensagem 3) o servidor

define que o mesmo será Mestre (Mensagem 4) e define que o cliente 0 será Escravo

(Mensagem 5).

48

Ilustração 4.20 – Diagrama de Seqüência de Eventos

Fonte: Pesquisa Experimental, 2008.

O sistema será resetado pelo servidor. Uma mensagem de ―coloca pino na posição

mínima‖ (Mensagem 6) é enviada ao cliente 0 e outra mensagem ―coloca pino na posição

máxima‖ (Mensagem 7) é enviada ao cliente 1. Neste momento o usuário do cliente 1

empurra o pino com a mão. O Cliente 1 envia uma ―mensagem apertar‖ (Mensagem 8) para o

servidor, o servidor recebe a mensagem e envia a mensagem ―executa puxar‖ (Mensagem 9)

para o cliente 0. O usuário do cliente 1 resolve agora puxar o pino com a mão. O cliente 1

envia para o servidor a ―mensagem puxar‖ (Mensagem 10), o servidor recebe a mensagem e

envia mensagem ―executa apertar‖ (Mensagem 11) para o cliente 0. Por algum motivo o

49

usuário do cliente 0 resolve trocar de estado, apertando no botão Trocar. Sendo assim, o

cliente 0 envia a mensagem ―pede para trocar de estado‖ (Mensagem 12), o servidor recebe a

mensagem e envia mensagem ―define como Mestre‖ (Mensagem 4) para o cliente 0 e também

envia a mensagem ―define como Escravo‖ (Mensagem 5) para o cliente 1. Logo em seguida o

usuário do cliente 0 empurra o pino com a mão, o cliente 0 envia a ―mensagem apertar‖

(Mensagem 8) para o servidor e o servidor envia a mensagem ―executa puxar‖ (Mensagem 9)

para o cliente 1. Assim, conclui-se a seqüência de eventos.

O pedido para troca é possível por qualquer um dos usuários clientes do sistema.

Para efetuar a troca de estado a qualquer momento, basta apertar o botão ―Trocar‖, a troca de

estados será realizada e o sistema não será resetado.

O pedido para iniciar como mestre é possível por qualquer um dos usuários

clientes do sistema a qualquer momento. Bastando para isso apenas apertar o botão Iniciar. O

usuário que apertou o botão iniciar será o novo mestre e o sistema será resetado.

Para finalizar o canal de comunicação basta fechar as caixas de diálogos das

interfaces de vídeo dos clientes e a caixa de diálogo da interface de vídeo do programa

provedor.

4.4 APLICAÇÃO FUTURA DO DISPOSITIVO COMPUTACIONAL

Tendo como exemplo, um grupo de crianças aprendendo a reconhecer formas

geométricas, na seqüência de Ilustrações adiante será possível entender como uma forma

geométrica passada pelo professor será impressa em todos os dispositivos da sala ao mesmo

tempo.

Ilustração 4.21 – Computador e Dispositivo de Captura e Impressão de Imagens 3D

Fonte: Pesquisa de Mestrado, 2008.

50

No laboratório ou sala de aula serão utilizados computadores somados aos

dispositivos de captura e impressão de imagens 3D (Ilustração 4.21).

Ilustração 4.22 – Máquina do Professor Ilustração 4.23 – Máquina do Aluno

Fonte: Pesquisa de Mestrado, 2008. Fonte: Pesquisa de Mestrado, 2008.

O professor determinará que seu computador fique em estado de captura

(Ilustração 4.22), enquanto que os demais computadores presentes na sala, destinados aos

alunos, fiquem em estado de impressão (Ilustração 4.23).

Ilustração 4.24 – Transmissão através da Internet ou Rede Local (LAN)

Fonte: Pesquisa de Mestrado, 2008.

Com isso, o sistema fica pronto para iniciar a transferência de imagens de

determinados objetos através do deslocamento dos pinos de captura (cliente: mestre) para os

pinos de impressão (cliente: escravo) por meio da Internet ou de uma rede local (Ilustração

4.24).

51

Ilustração 4.25 – Máquina 1 (Modo de Captura) Ilustração 4.26 – Forma pronta para Captura

Fonte: Pesquisa de Mestrado, 2008. Fonte: Pesquisa de Mestrado, 2008.

Assim, estando com a máquina em estado de captura (Ilustração 4.25) o professor

seleciona a forma geométrica que irá utilizar para que os alunos possam identificar, como por

exemplo, um triângulo (Ilustração 4.26).

Ilustração 4.27 – Início da Captura Ilustração 4.28 – Forma Capturada

Fonte: Pesquisa de Mestrado, 2008. Fonte: Pesquisa de Mestrado, 2008.

O professor leva o triângulo até o dispositivo (Ilustração 4.27), e após inseri-lo, o

dispositivo captura a forma da geometria (Ilustração 4.28).

Ilustração 4.29 – Máquina 2 (Modo de Impressão) Ilustração 4.30 – Forma Impressa

Fonte: Pesquisa de Mestrado, 2008. Fonte: Pesquisa de Mestrado, 2008.

52

A imagem é transferida por meio da Internet ou de uma rede local para o

computador do aluno, que se encontra em estado de impressão (Ilustração 4.29), após a

recepção da imagem pelo computador do aluno, o equipamento deste exibe a imagem

(Ilustração 4.30) para que possa ser identificada.

4.5 DIMENSÕES E CAPACIDADE DE RESOLUÇÃO DO DISPOSITIVO

As dimensões do dispositivo de captura e impressão 3D dependerão de uma série

de fatores e finalidades para o qual o dispositivo poderá ser utilizado. Dentre estes fatores,

pode-se citar:

Dimensões dos pinos (comprimento e espessura);

Material com que será feito o pino: metal, polipropileno, madeira e etc.;

Dispositivos de acionamento do posicionamento dos pinos;

Resolução da matriz dos pinos, quantidade e distância entre os mesmos;

Formas de disposição dos pinos na matriz (por exemplo, disposição de tal forma que

possibilite a formação de letra Braille);

Forma transversal dos pinos (circular, quadrado, etc.).

Quanto mais próximos os pinos estiverem uns dos outros, mais rica será a

impressão e captura de detalhes. Um objeto em 3D formado por um dispositivo com uma

resolução maior proporciona uma maior quantidade de informações hápticas, possibilitando

assim a exploração de objetos mais complexos.

53

CAPÍTULO 5

RESULTADOS DA PESQUISA

Neste capítulo será apresentada a análise dos dados obtidos através da pesquisa

realizada junto aos alunos do IERC/RN através de formulários, assim como a interpretação de

seus resultados. Após uma caracterização da instituição e de seus alunos, serão apresentados

os resultados dos testes envolvendo o Protótipo 01 (teste prático na instituição de ensino) e

Protótipo 02 (teste experimental em laboratório), além das avaliações e impactos destes

resultados para o dispositivo proposto.

5.1 PERFIL DOS ENTREVISTADOS E DA INSTITUIÇÃO

Este tópico mostra a caracterização do IERC/RN e de seus alunos, sendo feita de

acordo com algumas variáveis, entre elas: sexo, faixa etária, curso, período da perda da visão

e motivo da perda da visão.

Entre os entrevistados, 25 alunos no total, foram identificados (ver Ilustração 5.1)

que 64% (16 alunos) são homens e 36% (09 alunos) são mulheres; com relação a faixa etária,

48% (12 alunos) dos entrevistados se encontram entre o período da infância e da adolescência,

44% (11 alunos) na fase adulta e 8% (02 alunos) no período da terceira idade; com relação ao

grau de instrução, 12% (03 alunos) estão cursando o período de alfabetização, 52% (13

alunos) se encontram entre o 1º e o 5º ano, e 36% (09 alunos) estão participando do curso de

reabilitação, desenvolvendo atividades como: artes, educação física e música.

Com relação ao período da perda da visão, 60% (15 alunos) afirmaram terem

nascido cegos e 40% (10 alunos) afirmaram terem-na perdido no decorrer da vida. Entre os

motivos apontados para a perda da visão, 60% (15 alunos) foi decorrente do nascimento

prematuro (no qual não se formaram todos os órgãos), de alguma hereditariedade ou doença

apresentada pela mãe durante a gravidez; 12% (03 alunos) devido ao deslocamento de retina;

16% (04 alunos) ocasionado por glaucoma; 4% (01 aluno) por algum tipo de câncer; e 8% (02

54

alunos) causado por acidentes (acidente com lápis seguido de erro médico e cotovelada

jogando futebol).

Ilustração 5.1 – Perfil dos Entrevistados

Fonte: Dados da Pesquisa, 2008.

Através da Ilustração 5.2, observa-se que com relação aos recursos utilizados pelo

IERC/RN, 20% (05 alunos) dos alunos avaliaram estes recursos como sendo ótimo,

enfatizando a utilização do recurso Braille, as aulas de música, a informática e as técnicas de

orientação e mobilidade, auxiliando no desenvolvimento e na perda da timidez; 56% (14

alunos) avaliaram como apropriados e suficientes; 16% (04 alunos) como apropriados, porém,

não suficientes, pois existem áreas que nem todos podem participar, como por exemplo, a sala

de informática; 4% (01 aluno) como apropriados em comparação a outras instituições, se

55

diferenciando em relação aos professores e instalações; e outros 4% (01 aluno) disseram que

não era o ideal, necessitando de melhorias e de apoio do governo.

Ilustração 5.2 – Opinião quanto aos Recursos Utilizados pela Instituição

Fonte: Dados da Pesquisa, 2008.

A presidência e a diretoria concordam que os recursos são insuficientes para

suprir as necessidades de todos os alunos, manter os serviços, contratar pessoal (psicólogos,

assistentes sociais, pessoal de apoio e professores) e adquirir equipamentos (máquina de

datilografia Braille, reglete, punção, papel).

Quando perguntado sobre a freqüência de estímulos que cada aluno recebe para

manter a assiduidade e não desistir do curso, 100% (25 alunos) dos alunos afirmaram receber

tais estímulos praticamente todos os dias, seja dos professores, dos amigos, da diretoria e da

própria presidência. Muitos afirmaram que já quiseram desistir, mas os conselhos dos

professores e amigos os mantiveram firmes. Alguns alunos relataram que os estudantes mais

velhos auxiliam os professores a lidar com atividades voltadas para crianças. Entre os idosos,

um deles afirmou que ingressou no instituto totalmente desmotivado, sem vontade de viver,

porém, o convívio com as crianças cegas do IERC/RN resgatou sua auto-estima e o levou a

aceitar e explorar o novo mundo no qual estava inserido.

Segundo a diretoria e a presidência, os alunos encontram na instituição e no

convívio entre os alunos cegos, estímulos para continuar a vida escolar e pessoal, oferecendo

maior segurança e evitando a depressão. Quando os alunos chegam ao instituto, passam pelo

serviço social (psicólogo) e são encaminhados às salas de aula onde são realizados os

trabalhos.

Assim, ficou compreendido que as relações entre os alunos, (independentemente

da idade), suas histórias de vida e troca de experiências são fatores importantes para fazê-los

entender como se incluem na sociedade, e os protótipos, bem como o dispositivo proposto

56

pelo trabalho podem colaborar para que esses relacionamentos aconteçam em uma maior

escala.

Ilustração 5.3 – Sugestões para Melhor Aproveitamento da Experiência no Instituto.

Fonte: Dados da Pesquisa, 2008.

Entre as sugestões oferecidas pelos alunos para melhor aproveitamento da

experiência escolar no IERC/RN (ver Ilustração 5.3), 48% (12 alunos) dos alunos afirmaram

não sentir falta de nada, acreditando que a instituição já corresponde às expectativas; 28% (07

alunos) sugeriram maiores investimentos em esportes, citando como exemplo, melhorias na

quadra, a prática do ―Goal Ball‖ e a participação em competições; 8% (02 alunos) sugeriram

aulas de música (teclado e violão); 12% (03 alunos) sugeriram a busca por maiores recursos

(professores, materiais, financeiro, estrutura física do instituto), tendo como explicação a falta

de professores em algumas turmas e de uma melhor estrutura financeira, já que por ser uma

instituição sem fins lucrativos, depende muito dos esforços do presidente; 4% (01 aluno) dos

estudantes sugeriram a própria ferramenta tátil (Protótipo 01), por considerarem-na como

excelente para o desenvolvimento do tato e da imaginação.

A presidência e a diretoria reconhecem as necessidades de melhorias na educação

e nas instalações, sugerindo atenção maior por parte da família e mais apoio por parte dos

órgãos públicos. O ideal, segundo eles, é que a instituição tivesse mais condições de

contratação de pessoal, de aumentar o acervo de livros em Braille e garantir que todo

estudante tivesse seu material didático para uso próprio e locomoção (reglete, bengala e

notebook).

57

5.2 TESTE DO PROTÓTIPO 01

Este tópico revela o percentual de escores atingidos pelos alunos no

reconhecimento das formas geométricas apresentadas por meio do Protótipo 01. Na Tabela

5.1 é possível observar a quantidade de acertos por parte dos alunos em relação a cada uma

das formas geométricas. Os escores são apresentados de acordo com a faixa etária,

classificando os indivíduos em quatro grandes grupos: crianças (10), adolescentes (02),

adultos (11) e idosos (02). Na última coluna é possível observar a quantidade de acertos geral.

Tabela 5.1 – Escores dos Entrevistados (Divididos por Faixa Etária)

Formas

Geométricas

Acertos

(Crianças)

Acertos

(Adolescentes)

Acertos

(Adultos)

Acertos (Idosos)

Total de

Acertos

80% (08

alunos) 100% (02 alunos)

100% (11

alunos) 100% (02 alunos)

92% (23

alunos)

80% (08

alunos) 100% (02 alunos)

100% (11

alunos) 100% (02 alunos)

92% (23

alunos)

80% (08

alunos) 100% (02)

100% (11

alunos) 100% (02 alunos)

92% (23

alunos)

80% (08

alunos) 100% (02 alunos)

90,9% (10

alunos 100% (02 alunos)

88% (22

alunos)

80% (08

alunos) 0% (0 aluno)

81,81% (09

alunos) 50% (01 aluno)

72% (18

alunos)

Fonte: Dados da Pesquisa, 2008.

Primeiramente, os indivíduos tiveram aproximadamente 5 (cinco) minutos para

tatear e reconhecer as diversas formas geométricas que lhes foram apresentadas (observar

Tabela 5.1). Nesse momento, os adolescentes, e em especial, as crianças foram extremamente

rápidas para reconhecê-las, sem precisar utilizar o tempo integral que foi dado, finalizando o

58

teste em no máximo 3 minutos. Alguns adultos e idosos demandaram além do tempo

estabelecido, e um dos adultos, com mais dificuldade de aprendizado, chegou a utilizar 10

minutos para poder reconhecer todas as geometrias.

Acredita-se que a explicação para esse fato é que as crianças foram estimuladas

desde cedo através da educação especial, se diferenciando dos alunos que ingressaram já

adultos no instituto, onde muitos ainda não eram nem alfabetizados.

Logo após essa etapa, essas geometrias foram colocadas fora do alcance de cada

um dos estudantes e apresentadas seqüencialmente, em ordem aleatória, através de uma

ferramenta tátil (Protótipo 01) capaz de esculpi-las tridimensionalmente por meio de uma

matriz de pinos.

Após a captura e exibição da forma geométrica na ferramenta tátil, foi

questionado ao indivíduo se o mesmo reconhecia as formas. Após várias exibições, os

estudantes foram avaliados com base na quantidade de escores.

Nessa etapa, apesar de não terem sido tão rápidos quanto as crianças, os adultos e

os idosos se deram um pouco melhor que as crianças e os adolescentes, pressupõe-se que esse

fato se deve ao entendimento do funcionamento do protótipo e a capacidade de abstração de

cada um.

As crianças que demoraram mais tempo para reconhecer ou que erraram nessa

etapa, encontram explicação na capacidade de aprendizado e de abstração, que varia de pessoa

para pessoa. Outra razão foi o desconhecimento de algumas das formas testadas, como no

caso do pentágono, que foi o que menos índice de acertos teve no geral.

Um fato interessante ocorreu na fase de pré-teste, ou seja, antes de se realizar a

aplicação do Protótipo 01 com os alunos. Nessa fase, o protótipo foi testado com o presidente

do instituto que é cego desde que nasceu. Quando o pentágono foi gerado pelo protótipo, o

presidente tateou e comentou que se assemelhava a uma casa, identificando até mesmo a

comunheira. Esse fato demonstra o poder de abstração do indivíduo e até que ponto o

protótipo pode chegar com relação a exibição de imagens 3D, principalmente se for

transformado no dispositivo proposto.

Na Tabela 5.2, a seguir também é possível observar a quantidade de acertos por

parte dos alunos em relação a cada uma das formas geométricas apresentadas, sendo que

nesse caso são exibidos os escores separando-os em outros dois diferentes grupos: os

indivíduos que já nasceram cegos (15) e os indivíduos que perderam a visão no decorrer da

vida (10).

59

Tabela 5.2 – Escores dos Entrevistados (Divididos pelo Período da Perda Visão)

Formas

Geométricas

Nascença Decorrer da Vida Total de Acertos

93,33% (14 alunos) 90% (09 alunos) 92% (23 alunos)

86,66% (13 alunos) 100% (10 alunos) 92% (23 alunos)

86,66% (13 alunos) 100% (10 alunos) 92% (23 alunos)

80% (12 alunos) 100% (10 alunos) 88% (22 alunos)

60% (09 alunos) 90% (09 alunos) 72% (18 alunos)

Fonte: Dados da Pesquisa, 2008.

Os indivíduos que perderam a visão no decorrer da vida obtiveram uma margem

de acerto maior do que aqueles que nunca enxergaram; pressupõe-se que um dos fatores pode

estar relacionado a familiaridade ou a memória visual que os indivíduos possuem dos objetos

apresentados.

No geral, entende-se que o Protótipo 01 cumpriu satisfatoriamente o seu

propósito, tendo pouca responsabilidade no índice de erros, porém, necessitando de algumas

pequenas melhorias para a representação mais exata das formas geométricas.

60

5.3 TESTE DO PROTÓTIPO 02

O teste do Protótipo 02 foi desenvolvido com a utilização de um ambiente de rede

de computadores local e da Internet interligando dois notebooks e dois protótipos (ver

Ilustração 5.4).

Ilustração 5.4 – Imagem do Sistema em Funcionamento

Fonte: Pesquisa Experimental, 2008.

Antes de ligar cada protótipo em suas respectivas chaves de alimentação contidas

na fonte dos mesmos, foram realizados alguns testes para garantir que a conexão havia sido

estabelecida entre os notebooks. O Programa Servidor foi colocado para rodar em um dos

notebooks juntamente com o Programa Cliente, sendo assim, um dos notebooks passou a ser

Cliente e Servidor ao mesmo tempo e o outro somente Cliente. Após a conexão dos Clientes

estabelecida com o Servidor foram realizados alguns testes utilizando somente a interface

gráfica dos Programas Cliente e Servidor. Após a obtenção do sucesso com os programas,

foram acoplados ao sistema duas unidades do Protótipo 02 para verificação da comunicação

tátil entre os mesmos. Em um primeiro momento a conexão foi estabelecida normalmente: ao

empurrar o pino do cliente mestre, houve uma reação de deslocamento oposto no pino do

cliente escravo. Tudo ocorria bem, porém, com certo tempo de uso, aproximadamente 3

minutos, os transistores responsáveis pela elevação de potência para os motores foram

aquecidos excessivamente. Sendo assim, o sistema foi desligado, analisado e logo em seguida

61

foi verificada a causa do problema, concluindo-se que os mesmos estavam com suas conexões

ligadas de forma incorreta, não obedecendo ao projeto do circuito eletrônico. Os testes foram

paralisados, as soldas dos componentes em questão foram retiradas, e a partir de então, foram

efetuadas as correções das conexões de acordo com o projeto, para que a seguir o sistema

fosse religado. Desde então, o circuito passou a não ter mais problemas com a utilização do

mesmo durante o período do teste que se estendeu ainda por 15 minutos.

Diante disso, concluiu-se que o sistema funcionou como esperado, tendo um

desempenho satisfatório.

5.4 AVALIAÇÕES E IMPACTOS DOS RESULTADOS PARA O DISPOSITIVO

PROPOSTO

Após todos os testes realizados, foi possível formar as seguintes avaliações:

Alunos: Ficaram muito entretidos com o Protótipo 01, principalmente as crianças. No

caso dos adultos, a partir do momento em que perceberam como era o seu

funcionamento, o adotaram como uma espécie de terapia. No geral, consideraram-no

como excelente para o desenvolvimento do tato e da imaginação.

Diretoria: Acredita que o dispositivo proposto é uma forma de melhorar a

desenvoltura dos deficientes visuais, uma nova maneira de se comunicar, ensinar e

aprender. Acredita que existem muitas possibilidades para o instrumento.

Presidência: Considera o dispositivo proposto um facilitador didático para que os

professores nas séries iniciais (alfabetização) possam utilizar como recurso para

demonstrar formas, como também para estimular o tato, levando o aluno a uma leitura

perceptiva de formas, gráficos, desenhos e demais possibilidades.

Assim, os resultados dos testes realizados através do Protótipo 01 e do Protótipo

02, e o feedback recebido pelos alunos, diretoria e presidência, revelam o quanto a proposta

do dispositivo final é interessante, apontando muitas possibilidades de aplicações futuras.

62

CAPÍTULO 6

CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Este capítulo traz uma síntese da dissertação, apresentando um resumo da

justificativa, da pesquisa bibliográfica, da metodologia da pesquisa e dos resultados obtidos.

O capítulo traz também uma análise crítica sobre o trabalho, uma avaliação de suas limitações

e as considerações finais, apresentando outras possíveis aplicações do dispositivo que podem

ser exploradas e desenvolvidas no futuro, quais os benefícios para a sociedade e os

investimentos para a indústria. Por fim, aponta direções e faz recomendações para o

desenvolvimento de novos trabalhos.

A estrutura está disposta em tópicos da seguinte forma: justificativa, pesquisa

bibliográfica, metodologia da pesquisa, resultados da pesquisa, análise crítica do trabalho,

limitações do trabalho, conclusões, direções e recomendações da pesquisa.

6.1 SÍNTESE DA JUSTIFICATIV A

A abordagem do referido tema justificou-se pela atualidade e a crescente

discussão na sociedade sobre a acessibilidade das pessoas com deficiência, seja transpondo

barreiras arquitetônicas, seja superando barreiras tecnológicas, principalmente em se tratando

da rede mundial de computadores. Verificou-se uma tendência de crescimento nas

publicações sobre o tema em bancos de teses e dissertações, congressos e revistas nacionais e

internacionais.

Assim, com o intuito de contribuir para o conhecimento sobre Acessibilidade,

preenchendo lacunas na temática, nesse caso específico, focou-se na proposta de um

dispositivo computacional capaz de reconhecer geometrias, cuja viabilização e

desenvolvimento podem acarretar em sérios benefícios para a sociedade (em especial, os

deficientes visuais), além de investimentos maciços pela indústria neste tipo de produto.

63

6.2 SÍNTESE DA PESQUISA BIBLIOGRÁFICA

Na pesquisa bibliográfica, foram expostos os conceitos sobre inovação

tecnológica e tecnologia assistiva, seguido da apresentação dos principais dispositivos que

permitem o acesso dos deficientes visuais ao computador, dando uma ênfase maior aos

consagrados Projeto DOSVOX e sistema Braille. Buscou-se caracterizar bem a deficiência

visual e a acessibilidade, no intuito de trazer um melhor entendimento de como a inclusão

social e digital pode ser realizada. Procurou-se traçar um histórico sobre a educação especial

no Brasil, relembrando os principais fatos, eventos, leis e decretos envolvendo o tema. Por

fim, foram apresentados os principais trabalhos encontrados em bancos de teses e

dissertações, artigos apresentados e publicados em congressos e revistas nacionais e

internacionais, enfatizando a temática da acessibilidade voltada para os deficientes visuais.

6.3 SÍNTESE DA METODOLOGIA DA PESQUISA

Quanto à natureza, classificou-se como aplicada. Do ponto de vista dos objetivos,

classificou-se como pesquisa descritiva. Quanto à abordagem do problema foi qualitativa e

quantitativa. Quanto ao procedimento de coleta de dados, tratou-se de uma pesquisa survey,

em um primeiro momento e de uma pesquisa experimental no segundo momento.

O local escolhido para dar suporte a pesquisa foi o Instituto de Educação e

Reabilitação de Cegos do Rio Grande do Norte, situado no bairro do Alecrim, em Natal, no

Rio Grande do Norte. No instituto, o Protótipo 01 foi testado, tendo como objeto de análise

apenas os alunos considerados cegos legais, no intuito de verificar até que ponto as

geometrias apresentadas pelo instrumento seriam reconhecidas. Foram aplicados também,

dois formulários, um direcionado a diretoria e a presidência e outro aos alunos, ambos

contendo questões abertas e fechadas, capazes de revelar o perfil da instituição e dos próprios

alunos. Ao final, foi solicitado que cada membro do instituto que participou e acompanhou

todo o processo de investigação e coleta de dados emitisse uma opinião sobre o Protótipo 01,

sua aplicação e possibilidades.

Paralelamente, foi desenvolvido o Protótipo 02, com o objetivo de testar, em

laboratório, a comunicação via rede local.

64

A análise dos dados foi realizada utilizando estatística descritiva, através de

gráficos e tabelas. Foram utilizadas técnicas estatísticas simples, como percentuais e médias,

para apoiar interpretações subjetivas.

6.4 SÍNTESE DOS RESULTADOS DA PESQUISA

Entre os alunos do IERC/RN entrevistados, identificou-se que 64% são homens e

36% são mulheres; 48% se encontram entre o período da infância e da adolescência, 44% na

fase adulta e 8% no período da terceira idade; 12% estão cursando o período de alfabetização,

52% se encontram entre o 1º e o 5º ano, e 36% estão participando do curso de reabilitação,

desenvolvendo atividades como: artes, educação física e música; 60% afirmaram terem

nascido cegos e 40% afirmaram terem perdido a visão no decorrer da vida. Entre os motivos

apontados para a perda da visão, 60% foi decorrente do nascimento prematuro, de alguma

hereditariedade ou doença apresentada pela mãe durante a gravidez; 12% devido ao

deslocamento de retina; 16% ocasionado por glaucoma; 4% por algum tipo de câncer; e 8%

causado por acidentes.

Apesar do IERC/RN ter recebido boas avaliações por parte dos alunos quanto aos

recursos utilizados, aos estímulos que recebem dos professores e demais membros da

instituição e de acreditaram que lhes são oferecidos o necessário, a presidência e a diretoria

reconhecem as necessidades de melhorias tanto na educação quanto nas instalações.

Assim, ficou compreendido, pela experiência no instituto, que as relações entre os

alunos (independentemente da idade), suas histórias de vida e troca de experiências são os

fatores mais importantes para fazê-los entender como se incluem na sociedade. Diante disso, a

proposta do dispositivo, e os testes realizados através do Protótipo 01 e do Protótipo 02,

visaram colaborar para que esses relacionamentos aconteçam em uma maior escala.

No teste do Protótipo 01, formas geométricas foram apresentadas aos alunos

seqüencialmente, em ordem aleatória, sendo esculpidas tridimensionalmente por meio de uma

matriz de pinos do instrumento.

Os adultos e os idosos se deram um pouco melhor que as crianças e os

adolescentes, devido ao entendimento do funcionamento do protótipo e a capacidade de

abstração de cada um.

Os indivíduos que perderam a visão no decorrer da vida obtiveram uma margem

de acerto maior do que aqueles que nunca enxergaram; pressupõe-se que um dos fatores pode

65

estar relacionado a familiaridade ou a memória visual que os indivíduos possuem dos objetos

apresentados.

No geral, entende-se que o Protótipo 01 cumpriu satisfatoriamente o seu

propósito, tendo pouca responsabilidade no índice de erros, porém, necessitando de algumas

pequenas melhorias para a representação mais exata das formas geométricas.

O teste do Protótipo 02 foi desenvolvido com a utilização de um ambiente de rede

local e da Internet interligando dois notebooks e dois protótipos. No primeiro teste, foi

detectada uma falha na montagem dos transistores do circuito, esse erro foi corrigido e o

circuito passou a funcionar normalmente. Assim, concluiu-se que o sistema funcionou como

esperado, tendo um desempenho satisfatório.

Após o êxito obtido na fase de testes dos protótipos, o dispositivo proposto

recebeu ótimas avaliações dos alunos, da diretoria e da presidência, revelando muitas

possibilidades para aplicações futuras.

6.5 ANÁLISE CRÍTICA DO TRABALHO

O presente trabalho contribuiu para o enriquecimento do tema ―Acessibilidade e

Deficiência Visual‖, propondo um dispositivo computacional para facilitar a inclusão social e

digital.

Através da pesquisa realizada no IERC/RN, pode-se observar que,

independentemente da insuficiência de recursos (tecnológicos, pessoal, financeiro, materiais),

as relações entre os alunos deficientes visuais (independentemente da idade), suas histórias de

vida e troca de experiências são os fatores mais essenciais para a inserção na sociedade. Os

testes realizados através do Protótipo 01 e do Protótipo 02 se revelaram como facilitadores

para que esses relacionamentos aconteçam, tornando a proposta do dispositivo ainda mais

interessante, envolvendo a comunicação entre muito mais indivíduos.

6.6 LIMITAÇÕES DO TRABALHO

A limitação do dispositivo (Protótipo 01) consiste em não representar informações

que os pinos não podem tocar. Exemplo: se o protótipo for colocado em contato com o rosto

de uma pessoa que esteja usando óculos, os óculos iram sensibilizar os pinos, mas a região

66

que estiver abaixo dos óculos, neste caso os olhos, não será exibida na representação do

dispositivo.

6.7 CONCLUSÃO

O presente trabalho teve como objetivo propor um dispositivo computacional

capaz de permitir a comunicação tátil entre indivíduos com deficiência visual (cegueira ou

baixa visão) através da Internet ou de uma rede local (LAN – Local Adress Network).

O trabalho foi desenvolvido no âmbito dos projetos de pesquisas que atualmente

são realizados no LAI (Laboratório de Acessibilidade Integrada) da Universidade Federal do

Rio Grande do Norte.

O Protótipo 01 comprovou a possibilidade do reconhecimento de formas

geométricas simples por deficientes visuais. Já o Protótipo 02 comprovou a viabilidade

tecnológica de comunicação tátil entre dois indivíduos, separados geograficamente, através de

um ambiente de rede computacional.

Assim, os resultados foram considerados satisfatórios, oferecendo uma

perspectiva de até que ponto a aplicação pode contribuir para a socialização e aprendizado dos

deficientes visuais.

A percepção de detalhamento da superfície capturada e impressa tem forte relação

com o poder de abstração e entendimento de formas geométricas tridimensionais pelo ser

humano, variando de um indivíduo para o outro.

Muito provavelmente, a matriz de pontos mais afastados possibilita o

reconhecimento de formas geométricas simples, enquanto que uma matriz de pontos mais

próximos possibilita o reconhecimento de formas geométricas mais complexas.

Faz-se necessário ainda, desenvolver novas pesquisas com o intuito de viabilizar a

fabricação do dispositivo proposto.

6.7.1 Visão de Futuro do Dispositivo

Além da reprodução de imagens 3D, o dispositivo poderá ser adaptado para

possibilitar a leitura não-linear (desde que a diagramação dos pinos da máquina esteja

organizada seguindo as normas Braille), algo que os leitores de tela não possibilitam, já que

os mesmos são lineares.

67

Ilustração 6.1 – Constituição Brasileira Normal e em Braille

Fonte: Pesquisa de Campo, 2008.

Assim, o dispositivo pode possibilitar uma experiência única de leitura de texto

não-linear, aproximando-se ainda mais da forma de leitura de um vidente (pessoa com visão

normal). Sendo assim, será possível reduzir o tamanho dos livros em Braille (que contém

muito mais páginas que um livro normal, como mostra a Ilustração 6.1), desde que

digitalizados e utilizados com o auxílio do dispositivo para a leitura dos mesmos.

A exploração e o desenvolvimento desta tecnologia pode levar a promoção de

uma experiência háptica a distância muito próxima como se dois indivíduos separados

fisicamente por quilômetros estivessem no mesmo local.

Através de sensores de temperatura e pressão equipados em ambas as máquinas

será possível sentir, por exemplo, a rigidez da forma geométrica que está sendo apalpada e

identificar facilmente se a superfície é quente ou fria. Isso significa que a temperatura

presente em um pino específico do dispositivo que captura a forma geométrica seria

reproduzida no pino equivalente do dispositivo responsável por emitir essa mesma forma

geométrica.

Ao se colocar em cima do dispositivo uma superfície maleável, como o látex, por

exemplo, será possível fazer com que a resolução chegue a dimensões moleculares, formando

assim superfícies perfeitamente lisas.

68

6.7.2 Benefícios para a Sociedade

O protótipo pode oferecer benefícios para a sociedade como um todo, mais

precisamente para os deficientes visuais com potencial progresso para sua inclusão social e

aprendizado.

Têm-se como exemplo, o já citado decreto no tópico 2.3.2, no qual o ministro da

Educação, Fernando Haddad explica que cada município terá que instalar salas

multifuncionais que dêem condições de aprendizado à criança com deficiência, através da

universalização do livro didático em braile e da instalação nesses locais do sistema

operacional DOSVOX.

Assim, entre os benefícios almejados, têm-se:

Utilização do equipamento abrangendo um número cada vez maior de usuários,

voltado para diversas áreas.

Estímulo do mercado de ensino a distância para os deficientes visuais.

6.7.3 Investimentos para a Indústria

Existem possibilidades de investimentos maciços pela indústria neste tipo de

produto voltado para a acessibilidade de deficientes visuais.

Conforme o parágrafo único do artigo 60, contido no decreto-lei 5.296 de 2 de

dezembro de 2004, será estimulada a criação de linhas de crédito para a indústria que produza

componentes e equipamentos relacionados à tecnologia da informação acessível para pessoas

com deficiência.

Assim, entre as possibilidades que se busca criar, têm-se:

Estímulo da indústria de desenvolvimento de softwares com intuito de manipular o

dispositivo de captura / impressão de imagem 3D.

Utilização para interação simultânea entre os modos de captura/impressão de imagens

3D, possibilitando uma experiência de contato a distância.

Utilização para o desenvolvimento de jogos educativos.

69

6.8 DIREÇÕES E RECOMENDAÇÕES PARA PESQUISAS FUTURAS

Entre as direções e recomendações para pesquisas futuras, pode-se realizar:

Estudo mais detalhado quanto ao melhor dispositivo para acionamento dos pinos:

motores de diferentes tipos, Nitinol, êmbolos hidráulicos, êmbolos pneumáticos;

Estudo mais detalhado sobre a melhor diagramação do posicionamento dos pinos;

Estudo mais detalhado com relação a melhor secção transversal dos pinos;

Estudo mais detalhado sobre o melhor dimensionamento dos pinos;

Estudo mais detalhado sobre qual o melhor material para a confecção dos pinos (PVC,

silicone, aço, entre outros materiais);

Estudo para percepção da maleabilidade da superfície capturada (madeira, borracha,

silicone, entre outros) através do dispositivo de impressão;

Estudo voltado para desenvolvimento de uma máquina com características de captura

e impressão ao mesmo tempo (interação tátil simultânea entre dois indivíduos);

Estudo voltado para uma comunicação tátil de transferência de temperatura entre os

pinos da máquina de captura e impressão;

Estudo para estabelecer o melhor tipo de sensor de posicionamento dos pinos;

Estudo analisando a viabilidade de se transportar imagens, estáticas ou animadas,

exibidas no monitor do computador para o dispositivo de pinos, e vice-versa (imagem

capturada nos pinos sendo exibidas na tela do monitor, e imagens exibidas no monitor

sendo impressa nos pinos);

Desenvolvimento de aplicações para a TV Digital;

Aplicação do dispositivo proposto no ensino a distância e em instituições, faculdades e

universidades voltadas para a Educação Especial;

Aplicação do dispositivo proposto para treinamento de funcionários cegos na

empresas;

Recobrimento dos pinos com uma superfície de látex ou algo parecido no intuito de

formar uma superfície lisa para o toque da pessoa com deficiência visual;

Utilização de novas formas e materiais para reconhecimento, que possibilitem ao

máximo a formação de uma superfície – conjunto de pontos mais densos;

Utilização do Nitinol como dispositivo para acionamento do posicionamento dos

pinos.

70

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75

GLOSSÁRIO

Captura: Neste trabalho significa capturar (scanear) a forma geométrica tridimensionalmente

através de um dispositivo utilizando pinos. Seu sinônimo pode ser ―Scanear‖.

Cego Legal: Deficiente visual com acuidade visual até 20/200. Uma pessoa sem deficiência

visual classifica-se de acordo com a escala de Snellen em 20/20, acuidade visual de 100%.

Conversor Serial /USB: Trata-se de um dispositivo que serve de interface de comunicação

entre os protocolos de comunicação Serial e USB, convertendo sinais do tipo Serial para

USB.

Escrita Braille: A escrita inversa do código é composto de seis pontos em relevo que,

combinados, formam os 63 caracteres utilizados para a produção textual. Para a leitura do

texto em Braile, a pessoa com deficiência visual utiliza a sensibilidade dos dedos das mãos

(Tato), que percorre os pontos impressos no sentido da escrita ocidental, ou seja, da esquerda

para a direita. Os seis pontos formam o que se convencionou chamar "sela Braille". Para

facilitar sua identificação, os pontos são numerados da seguinte forma: do alto para baixo,

coluna da esquerda: pontos 123; do alto para baixo, coluna da direita: pontos 456.

Goal Ball: Goal Ball é um jogo praticado por atletas cegos ou de baixa visão, cujo objetivo é

arremessar a bola sonora com as mãos no gol do adversário. Cada time joga com três

jogadores e todos os atletas usam vendas nos olhos.

Háptico: O adjetivo háptico significa "relativo ao tato", "sinônimo de tátil". É proveniente do

grego haptikós,ê,ón "próprio para tocar, sensível ao tato". É o correlato tátil da óptica (para o

visual) e da acústica (para o auditivo).

Impressão: Neste trabalho significa formar uma geométrica tridimensionalmente através de

um dispositivo utilizando pinos. Seu sinônimo pode ser entendido como ―Display‖.

Impressora Braille: Tratam de impressoras elétricas ligadas ao computador que possibilitam

a escrita no método Braille. Sendo semelhantes às máquinas de escrever Braile, porem todos

os seus dispositivos de acionamentos são eletrônicos e ou eletromecânicos. As imprensas em

Braille produzem livros, essa escrita é feita dos dois lados da matriz, papel padrão (40 quilos),

permitindo a impressão do Braille nas duas faces do papel. Esse é o Braille interpontado: os

pontos são dispostos de tal forma que impressos de um lado não coincidam com os pontos da

outra face, permitindo uma leitura corrente, um aproveitamento melhor do papel e reduzindo

o volume dos livros transcritos no sistema Braille.

Leitura não linear: Chama-se neste trabalho de leitura não-linear a modalidade descontínua

ou fragmentada de leitura, que não obedece a uma seqüência linear de leitura do texto.

Espécie de leitura aonde o leitor tem liberdade de ler qualquer parte do texto sem a

obrigatoriedade de ter que ler o texto linha a linha seqüencialmente.

Máquina de Datilografia Braille: A máquina de escrever Braile é constituída de 8 teclas,

sendo uma tecla de espaço, uma tecla de retrocesso e 6 teclas correspondentes aos 6 pontos

necessários para a escrita em Braile.Tem a capacidade de escrever 40 linhas e 40 colunas,

utilizando o papel padrão (40 quilos). A mais tradicional e mais usada no mundo, a Perkins

76

Braille atender as necessidades da maioria das pessoas. Robusta e portátil, permite imprimir

25 linhas com 42 células numa folha. Medidas: Comprimento: 31,5 cm Largura: 23,5 cm

Altura: 14,5 cm Peso: 4,850 kg.

Máquina Perkins Braille: É um equipamento semelhante a uma máquina de escrever,

utilizada para produção de textos em Braille.

MAX232: chip para conversor de nível TTL para RS232 em DIP 16 pinos.

Microcontrolador: Um microcontrolador (também denominado MCU ou µC) é um

computador em um chip, contendo um processador, memória e funções de entrada/saída.

Motor de Passo: Um motor de passo é um tipo de motor elétrico que é usado quando algo

tem que ser posicionado muito precisamente ou rotacionado em um ângulo exato. Em um

motor de passo, um ímã permanente, muito forte, é controlado por uma série de campos

eletromagnéticos que são ativados e desativados eletronicamente. Desse modo, é uma mistura

entre um motor de corrente contínua e um solenóide. Motores de passo não usam escovas ou

comutadores e possuem um número fixo de pólos magnéticos que determinam o número de

passos por revolução.

Nitinol: Trata-se um conjunto de ligas de Ni (Níquel) e Ti (Titânio) que apresentam a

propriedade de ―efeito de memória de forma‖. Aplicado na robótica, em formato de fios de

Nitinol, pode-se construir ―músculos artificiais‖ destinados à movimentação de robôs ou

similares. Nesta aplicação, uma corrente elétrica atravessando o dispositivo causa seu

aquecimento e a conseqüente mudança de forma.

PC: A expressão "computador pessoal" (ou sua abreviação em inglês PC, de "Personal

Computer") é utilizada para denominar computadores de mesa (desktops), laptops ou Tablet

PCs.

PIC: Os PIC (PICmicro) são uma família de microcontroladores fabricados pela Microchip

Technology, que processam dados de 8 bits e de 16 bits, mais recentemente 32, com extensa

variedade de modelos e periféricos internos, com arquitetura Harvard e conjunto de instruções

RISC (conjuntos de 35 instruções e de 76 instruções), com recursos de programação por

Memória flash, EEPROM e OTP. Os microcontroladores PIC têm famílias com núcleos de

processamento de 12 bits, 14 bits e 16 bits e trabalham em velocidades de 0kHz (ou DC) a

48MHz, usando ciclo de instrução mínimo de 4 períodos de clock, o que permite uma

velocidade de no máximo 10 MIPS. Há o reconhecimento de interrupções tanto externas

como de periféricos internos. Funcionam com tensões de alimentação de 2 a 6V e os modelos

possuem encapsulamento de 6 a 100 pinos em diversos formatos (SOT23, DIP, SOIC, TQFP,

etc.). O PIC 16F877 é um microcontrolador da família de 8 bits e núcleo de 14 bits fabricado

pela Microchip Technology. Possui memória flash de programa com 8192 palavras de 14 bits,

memória RAM com 368 bytes e memória eeprom com 256 bytes. Sua freqüência de operação

(clock) vai até 20MHz, resultando em uma velocidade de processamento de 5 MIPS. Seu

conjunto de instruções RISC se compõe de 35 instruções. Pode funcionar com alimentação de

2V a 5,5V. Sua pinagem DIP tem 40 pinos.

Potenciômetro linear: Um potenciômetro é um componente eletrônico que possui resistência

elétrica ajustável. Geralmente, é um resistor de três terminais onde a conexão central é

deslizante e manipulável. Se todos os três terminais são usados, ele atua como um divisor de

77

tensão. Chama-se potenciômetro linear aquele que sua variação de resistência obedece a uma

equação linear.

Programa Braille Fácil: Permite editar textos através da notação Braille. O texto pode ser

digitado diretamente no Braille Fácil ou importado a partir de um editor de textos

convencional. O editor de textos utiliza os mesmos comandos do Bloco de Notas do

Windows, com algumas facilidades adicionais.

Programa Braivox: criada como ferramenta de impressão Braille do DOSVOX.

Programa Duxbury: Com o tradutor Braille é possível criar textos-livros, documentos, cartas

e outros, sem preocupar-se com regras complexas de formatação Braille. Para isto é possível

utilizar a maioria das impressoras Braille. O tradutor é compatível com sintetizadores de voz e

displays Braille. Também é possível criar textos em tinta e Braille na mesma página,

perfeitamente alinhados.

Programa Virtual Vision: Permite que os deficientes visuais façam publicações, leituras de

textos inseridos no computador, e navegar na Internet.

Punção: Punções são produtos desenvolvidos para marcação por "batida", marcando a

superfície ou produto em profundidade, fazendo com que esta marca seja permanente.

Reglete: Instrumento necessário a escrita manual do sistema Braille. Reglete é um

instrumento utilizado para se escrever em Braille no papel juntamente com o Punção. Sendo o

punção o instrumento que serve como um lápis e faz as letras em relevo, o mesmo necessita

de um direcionamento de como proceder em relação aos relevos, obedecendo as Normas

Braille. A Reglete serve como guia para o punção. A mesma consiste em uma régua com duas

partes: uma parte fica em cima da folha de papel e outra fica em baixo da folha. A parte

superior possue "celas guias", formadas pelos seis pontos do sistema Braille, em cada cela

cabe somente uma letra. A parte inferior serve para segurar a folha que deverá ficar no meio

das duas partes da Reglete. Na Reglete, escreve-se o Braille da direita para a esquerda, na

seqüência normal de letras ou símbolos, já a leitura é feita normalmente da esquerda para a

direita. Conhecendo-se a numeração dos pontos correspondentes a cada símbolo, torna-se

fácil tanto a leitura quanto a escrita feita através de reglete.

Serial: A porta serial, também conhecida como RS-232 é uma porta de comunicação utilizada

para conectar modems, mouses, algumas impressoras, scanners e outros equipamentos de

hardware. Na interface serial, os bits são transferidos em fila, ou seja, um bit de dados de cada

vez. O padrão RS-232 foi originalmente definido para uma comunicação por meio de 25 fios

diferentes. O RS-232 trata-se de um protocolo de comunicação utilizado nas portas Seriais

dos computadores.

Snellen: A Escala de Snellen, também conhecida como Escala Optométrica de Snellen é

utilizada para fazer pré-diagnóstico da condição acuidade visual de pessoas em todo o mundo.

Sendo a mesma bastante conhecida no Brasil por ser utilizada nos exames de carteira de

habilitação.

Sorobã: Foi introduzido em 1908, pelos imigrantes japoneses, que o consideravam

indispensável na resolução de cálculos matemáticos. Constitui-se de um conjunto de contas

móveis, formando agrupamentos por classes e ordens. É um material de apoio pedagógico, de

78

forma retangular, contendo 21 eixos, divididos em duas partes, no sentido longitudinal, por

uma régua, na qual há seis pontos em relevo, separando-o em sete classes, cada uma com três

ordens. Em cada eixo, há cinco contas. Na parte superior e mais estreita, há uma que, quando

se junta à régua, possui valor cinco; na parte inferior, a mais larga do eixo, há quatro contas

que, quando colocadas juntas à régua, apresentam o valor da ordem correspondente, ou seja,

se estiverem no eixo ou ordem das unidades simples, cada conta representa o valor um.

Transistor (TIP122): O transistor é um componente eletrônico que começou a se popularizar

na década de 1950 tendo sido o principal responsável pela revolução da eletrônica na década

de 1960, e cujas funções principais são amplificar e chavear sinais elétricos. O termo vem de

―transfer resistor‖ (resistor de transferência), como era conhecido pelos seus inventores.

USB: Universal Serial Bus (USB) é um tipo de conexão Plug and Play que permite a conexão

de periféricos sem a necessidade de desligar o computador.

75

ANEXOS

3

ANEXO A

FORMULÁRIO DE PESQUISA A Acessibilidade como Veículo de Inclusão Social:

Proposta de Protótipo Computacional para os Deficientes Visuais da Cidade de Natal/ RN

I – PERFIL DA INSTITUIÇÃO 1. Tempo de atuação no mercado:______________________________________

2. Tempo de atuação em Natal:________________________________________

3. Tipo de Razão Social da Instituição:

( ) Ltda ( ) S.A. ( ) Firma Individual ( ) Outro

4. É uma empresa com administração familiar?

( ) Sim ( ) Não

5. Número de funcionários:___________________________________________

6. Capacidade de acomodação:________________________________________

7. A instituição faz parte de uma rede?

( ) Sim ( ) Não

Se sim, que tipo?

( ) Local ( ) Regional ( ) Nacional ( ) Internacional

8. Os recursos existentes são apropriados e suficientes para a pessoa com deficiência

visual realizar o curso escolar?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

9. O aluno com deficiência visual encontra, no meio escolar, pessoas que estimulam a sua

permanência em seu curso?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

10. Se pudesse sugerir algo para o melhor aproveitamento da experiência escolar do

deficiente visual, o que teria a dizer?

________________________________________________________________

________________________________________________________________

4

ANEXO B

FORMULÁRIO DE PESQUISA A Acessibilidade como Veículo de Inclusão Social:

Proposta de Protótipo Computacional para os Deficientes Visuais da Cidade de Natal/ RN

II – PERFIL DO ENTREVISTADO 1. Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino

2. Faixa Etária:______ anos

3. Série que está cursando:____________________________________________________

4. Motivo da perda da visão:___________________________________________________

5. Idade em que perdeu a visão:________anos

6. Os recursos existentes são apropriados e suficientes para a pessoa com deficiência

visual realizar o curso escolar?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

7. O aluno com deficiência visual encontra, no meio escolar, pessoas que estimulam a sua

permanência em seu curso?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

8. Se, como deficiente visual, pudesse sugerir algo para o melhor aproveitamento de sua

experiência escolar, o que teria a dizer?

___________________________________________________________________________

___________________________________________________________________________

5

FORMULÁRIO DE PESQUISA A Acessibilidade como Veículo de Inclusão Social:

Proposta de Protótipo Computacional para os Deficientes Visuais da Cidade de Natal/ RN

III – APLICAÇÃO DO PROTÓTIPO 01

6

ANEXO C

GEOMETRIAS EM TAMANHO REAL UTILIZADAS NO TESTE DO PROTÓTIPO 01Espessura 1.5cm - Peças confeccionadas em madeira do tipo MDF.

7

ANEXO D

8

ANEXO E

9

ANEXO F

10

ANEXO G

11

ANEXO H

MEMORIAL DESCRITIVO DOS PRINCIPAIS COMPONENTES DO PROTÓTIPO 02 E SEUS RESPECTIVOS PREÇOS DATADOS EM 26/12/2008:

Material Quant. Preço unit (R$) Preço Total (R$)

Motor de passo 12V 2 - - Sensores de Posição (potenciômetro deslizante 10k ohm)

4 6,82 27,28

Microcontrolador pic 16F876 4 25, 24, 23 e 17 89,00 Cabos de dados 2 - - Cabos de energia (12V) 2m 1,5 3,00 Cabos de energia (220V) 2 - - Caixa p/ montagem pb 204 2 6,00 12,00 Diodos retificador 5N 4 - - Capacitor p/ filtro da fonte 1000 micro F 2 - - Placa de Fenolite 4 - - Adaptador Serial/ USB 2 45,60 91,2 Fontes de Alimentação 12V/2A 2 22,00 44,00 Conversor Serial TTL (max 232) 2 2,40 4,80 Diodos 1N4937 16 0,10 1,6 TIP122 (transistor de potência) 8 1,26 10,08 Capacitor cerâmico 100nF 2 0,20 0,4 Capacitor cerâmico 33nF 4 0,15 0,6 Resistor 1/8 W: 100K ohm, 47ohm e 1Kohm

12 0,12 1,44

Leds 5mm amarelo 2 0,1 0,2 Chave Liga desliga 2 2,00 4,00 Regulador de tensão 5V Lm7805 2 - - Peças Mecânicas( parafusos, porcas, etc) - 10,00 10,00 Cristais 20 MHz 2 0,97 1,94 Soquete para CI 4 0,24 0,96 Haste de aluminio 1m 15,00 15,00 Capacitor eletrolítico 1micro 8 - - Fretes 2 15,00 30,00 Total 347,5 Obs: Qualquer material utilizado no protótipo 02 que não constar no memorial ou que não tiver preço, foi obtido gratuitamente.