80561990-apostila

76
Contabilidade Agrícola e Contabilidade Pecuária

Upload: raimundo-bandeira-lima-bandeira

Post on 01-Dec-2015

183 views

Category:

Documents


3 download

TRANSCRIPT

Page 1: 80561990-Apostila

Contabilidade Agrícola

eContabilidade

Pecuária

Page 2: 80561990-Apostila

Guarantã do Norte – MT2012

INTRODUÇÃO

Com a evolução da tecnologia e a busca por adquirir produtos de melhores qualidades, o produtor rural necessita desenvolver cada vez mais técnicas tanto na área de produção como também no gerenciamento financeiro de sua propriedade. Além disso, deve buscar um acompanhamento para suas atividades e para a tomada de decisões, pois cada vez mais luta-se por mais espaço no mercado e o aprimoramento dos produtos agrícolas.

A agricultura passou por uma crise na década de 1990, muita gente ficou no meio do caminho e só sobreviveu quem adotou método de gestão profissional no campo. Através desses acontecimentos houve uma melhor exploração dos seus recursos, com a finalidade de obter de forma ágil e segura o retorno do seu investimento, e adquirir maior rentabilidade dentro da atividade desenvolvida. E associado a isso, agregou-se melhores produtos e serviços para os consumidores, pois o mercado atual requer cada dia mais qualidade em seus produtos.

Desta forma, a contabilidade pode desempenhar um importante papel como ferramenta gerencial, através de informações que permitam o planejamento, o controle e a tomada de decisão, transformando as propriedades rurais em empresas com capacidade para acompanhar a evolução do setor, principalmente no que tange aos objetivos e atribuições da administração financeira, controle dos custos, diversificação de culturas e comparação de resultados.

Atividade Rural

Antes de citarmos quais são as atividades consideradas rurais, é importante conhecermos o que é uma empresa rural.Arnodi apud Anceles (2002, p. 158), comenta “que a empresa para se enquadrar no direito, tem uma visão tripartite: o empresário, a atividade econômica organizada e o estabelecimento”. Dessa forma, vemos que a empresa rural se enquadra na definição do direito, uma vez que o empresário é o próprio produtor rural, pessoa física ou jurídica, a atividade econômica organizada é o intercambio de bens e serviços e o estabelecimento é o local onde se desenvolve essa atividade, que é a propriedade rural.

Segundo Marion (2002, p. 24), “empresas rurais são aquelas que exploram a capacidade produtiva do solo por meio do cultivo da terra, da criação de animais e da transformação de determinados produtos agrícolas”.

2

Page 3: 80561990-Apostila

Para Crepaldi (1998, p. 23), “é a unidade de produção em que são exercidas atividades que dizem respeito a culturas agrícolas, criação do gado ou culturas florestais, com a finalidade de obtenção de renda”Ambos os conceitos de empresa rural abordam a exploração da terra e da criação dos animais como fonte de renda. E partindo desses conceitos classificam as atividades rurais em três grupos distintos:

1) Produção Vegetal-Atividade Agrícola; 2) Produção Animal-Atividade Zootécnica; 3) Indústrias Rurais-Atividade Agroindustrial.Assim, a Instrução Normativa SRF nº. 83, de 11 de outubro de 2001, em seu artigo 2º considera atividade rural:a) a agricultura; b) a pecuária; c) a extração e a exploração vegetal e animal; d) a exploração de atividades zootécnicas, tais como apicultura, avicultura, cunicultura, suinocultura, sericicultura, piscicultura e outras culturas animais; e) a atividade de captura de pescado in natura, desde que a exploração se faça com apetrechos semelhantes aos da pesca artesanal (arrastões de praia, rede de cerca entre outros), inclusive a exploração em regime de parceria; f) a transformação de produtos decorrentes da atividade rural, sem que sejam alteradas as características do produto in natura, feita pelo próprio agricultor ou criador, com equipamentos e utensílios usualmente empregados nas atividades rurais, utilizando-se exclusivamente de matéria-prima produzida na área rural explorada.

Dessa forma, nem todas as atividades desenvolvidas no meio rural são consideradas pela lei como sendo atividades rurais, é o caso da fabricação de bebidas alcoólicas e o beneficiamento de arroz em máquinas industriais.

O Empresário Rural

O Novo Código Civil (NCC), que entrou em vigor em 11 de janeiro de 2003, define o termo empresário como “aquele que exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou serviços”. Essa iniciativa de produção de riqueza, realizada de forma profissional reconheceu o trabalho do produtor rural potencialmente como o de criação de bens e serviços.

No caso da Sociedade Empresária o NCC considera quando pessoas celebram contrato e reciprocamente se obrigam a contribuir com bens e serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. Dessa forma, a sociedade rural, quando houver a união de duas ou mais pessoas passa a ser vista como uma sociedade empresária.

Assim, conforme o NCC, o empresário cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode exercer esta atividade nas seguintes formas jurídicas: a) autônomo: sem registro na Junta Comercial;b) empresário individual: inscrito na Junta Comercial ( não é obrigatório);

3

Page 4: 80561990-Apostila

c) sociedade empresária: inscrita na Junta Comercial, na forma de sociedade limitada ou sociedade anônima, entre outras.

Além disso, o NCC, através do artigo 970 diz que a lei assegurará um tratamento favorecido, diferenciado e simplificado ao empresário rural e ao pequeno empresário, quanto à inscrição e aos efeitos daí decorrente. A obrigação do Registro ainda não estaria sendo cobrada pelo NCC em relação ao empresário rural e ao pequeno empresário.Conforme Silva (2004, p. 2-3), “somente com a edição da lei prevista no artigo 970, se poderá definir exatamente quando e como o produtor rural, hoje sem registro, se submeterá o regime obrigatório de escrituração”, uma vez que não tendo registro, não é considerado empresário rural, e, como tal, imune á obrigação estabelecida pelo artigo 1.179 do NCC, que regulamenta a obrigatoriedade da escrituração contábil e elaboração anual do Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultado do Exercício.

O produtor rural deve aguardar novo disciplinamento específico para alterar a forma de seus procedimentos administrativos e fiscais, de registro e de escrituração, salvo se for empresa jurídica .Então terá que ajustar os seus atos constitutivos às novas disposições vigentes no prazo de um ano. Portanto o empresário rural deve prevenir-se para o futuro, e que terá mudanças em sua forma de avaliar sua atividade. A lei já prevê que alterações deverão ocorrer mais cedo ou mais tarde, e para que o produtor rural não ser “pego de surpresa”, deve implantar a contabilidade em sua propriedade rural desde agora, antecedendo os acontecimentos que farão parte muito em breve de sua vida cotidiana.

Essa nova visão da potencialidade rural e valorização do produtor rural, através do NCC, vêm a colaborar no correto procedimento de como administrar uma propriedade rural, também colocando em suas mãos uma melhor maneira de que ele e sua família venham adquirir cada dia mais crescimento e auto-sustentação para exercer as atividades no agronegócio brasileiro.

O Atual Cenário da Contabilidade Rural

Todas as atividades rurais por menores que elas sejam, requerem um controle eficiente, uma vez que os impactos das decisões administrativas são fundamentais para uma boa gestão. Um fato real que acontece hoje na maioria das propriedades rurais é que muitos dos serviços contábeis que são importantes instrumentos gerenciais não são utilizados por seus administradores ou proprietários. Muitas vezes, o produtor rural guarda em sua memória as informações, não anota os acontecimentos que são de extrema importância para a correta contabilização, de maneira que com o passar do tempo são esquecidos, e não calculados na hora da comercialização dos produtos.

Segundo Procópio (1996, p. 24), confirmando a falta de controle e organização financeira, apenas 32,5% separa suas despesas particulares de seu negócio agropecuário. Ou seja, 67,5% não apuram o lucro adequadamente de seu negócio, já que não possuem um sistema simples de separação do que é despesa normal de sua vida cotidiana em relação a sua atividade empresarial.

4

Page 5: 80561990-Apostila

Assim, na maioria das propriedades os seus gestores não possuem condições para discernir os resultados obtidos com suas culturas, os custos de cada plantio desenvolvidos em sua propriedade, verificar quais seriam os mais rentáveis, onde poderiam minimizar os custos de produção. Muitas vezes, o produtor rural não consegue distinguir o dinheiro que obteve com a venda do milho, do recebido da venda do leite. Então o controle de caixa da propriedade fica totalmente desorganizado, envolvendo também seu capital particular, dificultando ainda mais a contabilização de seus resultados.

Mas para que haja a realização de um trabalho mais preciso e dinâmico, o profissional contábil deve estar ciente que o produtor rural vem de longa data acostumado ou “impossibilitado” de adquirir alguns conhecimentos que serão passados, de acordo Lemes (1996), “o que se percebe nas organizações que se dedicam a essa atividade é uma contabilidade insuficientemente explorada quanto a seu poder de identificar, registrar, mensurar e possibilitar a análise dos fatos ocorridos”. Desta forma, deve ser realizado um trabalho de maneira clara e objetiva, para haver aceitação e entendimento por parte do agricultor, permitir que o mesmo perceba que esses recursos, trarão para ele e sua família uma comodidade e também poderão elevar o rendimento dos seus negócios.

De acordo com Procópio (1996, p.20) muitos administradores rurais reconhecem a necessidade da Contabilidade, reivindicam um quadro de informações básicas para a tomada de decisões e utilizam alguns relatórios contábeis. Todavia, esses relatórios são analisados algumas vezes por esses administradores sem adequada consideração das informações necessárias ou adequado conhecimento de como esses relatórios deveriam ser interpretados.

A atividade rural seria mais bem gerenciada, se existisse o mesmo desenvolvimento como acontece com os outros setores, em se tratando de informações contábeis, elaboradas e aplicadas no ramo da atividade rural.

Informações Geradas pela Contabilidade

A contabilidade aplicada na atividade rural pode demonstrar toda a vida evolutiva da empresa. Por isso é imprescindível que também na agropecuária, a contabilização dos fatos e sua estruturação sejam realizadas com o perfeito conhecimento, não apenas técnico, mas também de sua atividade operacional, respeitando as peculiaridades da atividade.

Crepaldi (1998, p. 75-76), aponta a contabilidade como um dos principais sistemas de controle em formação para as empresas rurais, podendo, através de seus instrumentos, verificarem a situação da empresa sob os mais diversos enfoques, tais como, análise de estrutura, de evolução, de solvência, de garantia de capitais próprios e de terceiros, de retorno de investimentos, entre outros. Desta forma, é necessário elaborar informações contábeis que permitam ao empresário rural, conhecer melhor sua propriedade, e suas atividades desenvolvidas, destacando-se alguns pontos importantes, como: a) quais atividades produtivas ele desenvolve; b)

5

Page 6: 80561990-Apostila

planejamento e controle das atividades exploradas; c) ter as receitas e despesas evidenciadas para o desempenho do negócio; d) o potencial de crescimento da propriedade, e das atividades rurais; e) destacar o retorno dos seus investimentos, e principalmente saber qual o verdadeiro custo de produção.

Todas essas informações devem estar de forma clara e objetiva, com o intuito de abastecer o empresário rural com as instruções corretas e capazes de ajudá-lo no bom desempenho do agronegócio. Pois, assim como os demais setores, a agropecuária objetiva o retorno econômico-financeiro que satisfaça o produtor rural, e seus familiares. Assim, a contabilidade está constantemente gerando informações diretamente relacionadas com a lucratividade, liquidez e alguns riscos que podem ocorrer no agronegócio.

A Contabilidade para o Desenvolvimento do Agronegócio

Com a concorrência acirrada, e a busca por melhores produtos surge a necessidade de uma contabilidade diferenciada para a atividade rural, que desenvolva informações concretas para que o empresário rural consiga distinguir em sua propriedade o real desempenho de seu negócio.Tecnologias novas contribuem para a formação de um círculo virtuoso, no qual quem ganha mais investe mais e pesquisa mais, aumentando a produção e os lucros futuros. Do mesmo modo, a integração de atividades, criando complexos agroindustriais, também permite que se agregue valor à produção e lucro à conta bancária dos produtores (REVISTA VEJA, 2004, p. 20).

Dessa maneira, a contabilidade desenvolvida e aplicada no gerenciamento da propriedade rural será um ferramenta indispensável para todos os produtores rurais, até os que não possuem estrutura suficiente para manter um controle de seus custos, despesas e receitas em suas propriedades rurais.De acordo com Lemes (1996, p. 30)

A atividade agropecuária tem destacada importância em países de grandes extensões territoriais e condições climáticas como o Brasil. Apesar da ausência de incentivos e de uma política governamental destinada ao setor agropecuário, este tem movido milhões de reais em recursos, gerado milhares de empregos e tornando algumas regiões do país pólos econômicos de riquezas.

Segundo Massilon (2003, p. 26), “ o agronegócio brasileiro tem grande importância na balança comercial, participando com 37% da pauta de exportações e sendo altamente superavitário”, o que vem contribuindo para diminuir os déficits comerciais do Brasil. Os dados do BNDS, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, mostram que entre os dez segmentos econômicos que geram empregos a menor custo, sete são segmentos do agronegócio e que os gastos das famílias brasileiras, aproximadamente 45% deles são de produtos do agronegócio.

De acordo com a Revista Veja (2004, p. 18-22), estudos da Unetad, o órgão da Organização das Nações Unidas responsável pelo desenvolvimento do comércio internacional, calculam que o Brasil liderará a produção de alimentos no planeta em poucos anos. E que o agronegócio gira a roda de toda a nossa economia, está por

6

Page 7: 80561990-Apostila

trás do processo de desenvolvimento dos países mais avançados do mundo. A riqueza de um país vem de agricultura e da pecuária, já que nenhuma nação nasceu industrial.

Desta forma, percebe-se um vasto campo a ser explorado neste setor pela contabilidade, e que esta, proporcionará mais segurança ao empresário rural na hora de tomar suas decisões. Assim, a contabilidade aplicada de forma precisa e correta, busca seu principal objetivo, que é desempenhar um importante papel para as empresas rurais. E unindo o empresário rural com seus conhecimentos práticos, e a contabilidade bem elaborada, irão desempenhar um excelente trabalho junto a atividade rural desenvolvida pelo empresário. Tudo isso faz com que o empresário rural obtenha melhores resultados em menos tempos, adquirindo assim uma ótima rentabilidade para seus negócios.

Segundo Procópio (1996, p. 20), “numa abordagem de negócio na Administração Agropecuária, o produtor deve ter ferramentas para descrever financeiramente a atividade em andamento e evidenciar seu desempenho”. Dessa forma, a contabilidade deve ser adequada conforme as necessidades e o grau de aplicabilidade do estabelecimento rural.

O Brasil tem grandes expectativas em relação a outros países, pois suas capacidades no ramo da agricultura e da pecuária são muito animadoras, e vem destacando-se nas exportações; pois o Brasil vende 82% do suco de laranja distribuído no planeta; detém 38% do mercado mundial de soja em grão; vende 29% de todo o açúcar consumido no mundo, 28% do café em grão e 44% do café solúvel; vende 23% do tabaco consumido no mundo; é o primeiro em venda de frangos; o maior exportador de álcool. Ocupa o primeiro lugar no ranking mundial de couro curtido e calçados de couro e assumiu a liderança do mercado mundial de carne bovina em 2003 (REVISTA VEJA,2004, p. 21).

Neste contexto, o empresário rural deve possuir a correta contabilização de sua atividade, sendo indispensável recorrer ao auxílio de um profissional contábil. Assim, o mesmo terá melhores condições de elaborar relatórios específicos para sua propriedade e seu ramo de atividade, sabendo quais as tendências do mercado tanto interno, quanto externo e buscando um aprimoramento e a diversificação de seus produtos com base nessas tendências.

Através dessa assessoria o produtor rural poderá explorar melhor o seu ciclo produtivo, uma vez que terá melhores condições de acompanhar todos os procedimentos que são realizados em sua propriedade, de acordo Santos (1996), “o processo produtivo, por sua vez, é o conjunto de eventos e ações através dos quais os fatores de produção se transformam em produtos vegetais e animais”.

O desenvolvimento gerencial contábil possibilitará um aumento dos resultados econômicos, para Crepaldi(1998),“é voltado para melhor utilização dos recursos econômicos da empresa, através de um adequado controle dos insumos efetuado por um sistema de informação gerencial” de maneira que os recursos existentes e disponíveis da propriedade rural serão melhores aproveitados e estarão em harmonia com as atividades desenvolvidas na unidade de produção, estabelecendo

7

Page 8: 80561990-Apostila

metas e objetivos definidos e direcionando a tomada de decisões em busca da rentabilidade desejada.

E assim como as demais empresas, as empresas rurais também devem ter preocupações quando se tratam de custos na produção, aumento da lucratividade, planejamento, controle e retorno do capital investido. Neste sentido, Santos (1996, p. 43), afirma que, “a agricultura será tão mais próspera quanto maior for o domínio que o homem venha a ter sobre o processo de produção, que se obterá na medida do conhecimento acerca das técnicas de execução e gerência”. De maneira geral, o gerenciamento das atividades rurais, comparando os resultados obtidos entre uma cultura e outra.

Assim, as instruções contábeis devem estar sincronizadas com os recursos disponíveis na propriedade rural, de maneira que o custo x benefício estejam em evidência, para que o empresário rural possua condições de visualizar seu desenvolvimento de hoje e do futuro.

Considerações Finais

No mundo dos negócios, as mudanças ocorrem desenfreadamente, e em algumas vezes geram certas incertezas, devido as variáveis econômicas e a concorrência acirrada parecem trabalhar juntas, podendo levar os resultados a influenciar os negócios de modo geral. No agronegócio, isso também acontece, o empresário rural deve estar atento aos acontecimentos do mercado, as inovações da tecnologia e buscar o aprimoramento de suas técnicas produtivas e financeiras. Assim, a contabilidade deve assegurar ao empresário rural condições de sobreviver e garantir a competitividade no agronegócio, direcionando na tomada de decisões, possibilitando o aumento dos resultados econômicos.

Por outro lado, deve preservar o que será deixado aos seus sucessores, para que os mesmos possam ter condições de dar continuidade ao trabalho realizado. Essas são algumas das vantagens que a contabilidade trará para a atividade rural, e para o empresário rural.

Dessa forma, os resultados dos empreendimentos devem satisfazer ao empresário rural e permitir a ele lutar por seu espaço, em um mundo cada vez mais globalizado e com tantas novidades surgindo a todo tempo. Após, o empresário rural poderá perceber que a atividade rural unida com a contabilidade vêm dando certo, e que seu correto planejamento e controle irá lhe proporcionar ótimos resultados econômicos.

*Por Patrícia Miranda

8

Page 9: 80561990-Apostila

2- EMPRESA RURAL – CONCEITOS PRELIMINARES Empresas rurais são aquelas que exploram a capacidade produtiva do solo através do cultivo da terra, da criação de animais e da transformação de determinados produtos agrícolas.

O campo de atividades das empresas rurais pode ser dividido em três grupos distintos:

Produção vegetal – atividade agrícola. Produção animal – atividade zootécnica. Indústrias rurais – atividade agroindustrial.

2.1 - Atividade AgrícolaArte de cultivar a terra. Arte esta decorrente da ação do homem sobre o

processo produtivo à procura de satisfação de suas necessidades básicas, ou seja um sistema de plantar, tratar e colher, com a finalidade de produzir alimentos para subsistência do homem e do animal.

Pode ser dividida em dois grandes grupos:

Culturas hortícola e forrageira:• Cereais (feijão, soja, arroz, milho, trigo, aveia ...);• Hortaliças (verduras, tomate, pimentão ...);• Tubérculos (batata, mandioca, cenoura ...);• Plantas oleaginosas (mamona, amendoim, menta ...);• Especiarias (cravo, canela...);• Fibras (algodão, pinho...);• Floricultura, forragens, plantas industriais...

Arboricultura• Florestamento (eucalipto, pinho...);• Pomares (manga, acerola, laranja, maçã...);• Vinhedos, olivais, seringais, outros.

2.2 - Atividade ZootécnicaAtividade relativa a criação de animais, podem ser divididas em:

Apicultura (criação de abelhas); Avicultura (criação de aves); Cunicultura (criação de coelhos); Pecuária (criação de gado); Outros

♦ Pecuária – é a arte de tratar o gado, sendo que gado são animais geralmente criados no campo, para serviços de lavoura, para consumo doméstico ou

9

Page 10: 80561990-Apostila

para fins industriais ou comerciais. Tem-se como exemplo: os bovinos, caprinos, eqüinos, suínos, ovinos, outros.

2.3 - Atividade AgroindustrialAtividade de transformar os produtos agrícolas ou zootécnicos.

Beneficiamento do produto agrícola (arroz, milho, café); Transformação de produtos zootécnicos (mel, laticínios, casulos de seda); Transformação de produtos agrícolas (cana-de-açúcar em álcool e aguardente;

soja em óleo; uvas em vinho e vinagre; moagem de trigo e milho);

♦ A atividade agroindustrial deve atender as seguintes condições:• Não alterar a composição e as características do produto in natura;• Ser feita pelo próprio produtor rural, com equipamento e utensílios usualmente empregados nas atividades rurais;

• Utilizar exclusivamente matéria-prima produzida na unidade rural explorada.

2.4 - Contabilidade Rural Aplicada

É a contabilidade aplicada especificamente a certo ramo de atividade ou setor da economia rural. Assim há :

Contabilidade Agrícola – é a Contabilidade Geral aplicada às empresas agrícolas;

Contabilidade Rural – é a Contabilidade Geral aplicada às empresas rurais; Contabilidade Zootécnica – é a Contabilidade Geral aplicada às empresas

que exploram a Zootécnica; Contabilidade da Pecuária – é a Contabilidade Geral aplicada às empresas

pecuárias; Contabilidade Agropecuária – é a Contabilidade Geral aplicada às empresas

agropecuárias; Contabilidade da Agroindústria – é a Contabilidade Geral aplicada às

empresas agroindustriais; Contabilidade das Atividades de Extrativismo – é a contabilidade Geral

aplicada às empresas que desempenham a atividade de extrativismo , seja vegetal , animal ou mineral.

10

Page 11: 80561990-Apostila

3- ANO AGRÍCOLA X EXERCÍCIO SOCIAL

O término do exercício social nas empresas rurais deveria ser igual ao das empresas comerciais, industriais, serviços, em 31/12 ?Não!!!!.

Nas empresas comerciais, industriais, serviços, pode ser escolhido qualquer mês para encerramento do exercício social, não haveria dificuldades, pois as receitas e despesas são acumuladas mês a mês. Entretanto a escolha do mês de dezembro se deve ao fato de ser o último mês do ano e também pela redução ou interrupção das atividades operacionais, proporcionando férias coletivas, condições adequadas para o inventário de mercadorias.

Para a atividade agrícola, a receita concentra-se, normalmente durante ou logo após a colheita. Portanto ao término da colheita e comercialização dessa colheita, temos o encerramento do ano agrícola. Sendo ano agrícola definido como o período em que se planta, colhe e, normalmente, comercializa a safra agrícola. Quando as empresas armazenam a safra para obter melhor preço, neste caso considera-se ano agrícola o término da colheita.

Não existe melhor momento para medir o resultado do período, senão logo após a colheita e sua respectiva comercialização. Não há lógica para se esperar 6, 8 ou mais meses até o final do ano (se a colheita for no início do ano) para mensurar o resultado (lucro ou prejuízo) da safra agrícola. Desta forma a apuração de resultado sendo realizada logo após a colheita e comercialização contribui de forma mais adequada na avaliação do desempenho da safra agrícola, na tomada de decisões com relação ao o que fazer no novo ano agrícola.

Se o ano agrícola terminar em março, o exercício social poderá ser encerrado em 31/3 ou 30/4.

Apurar o resultado antes do final da colheita se torna difícil pelo fato do produto agrícola ainda não ter agregado todos os seus custos e também por não se saber a receita que se obterá.

Há empresas que apresentam colheitas em períodos diferentes no ano devido a diversidade de seus produtos. Neste caso recomenda-se que o ano agrícola seja fixado em função da cultura que prevaleça economicamente.

Se a empresa cultiva feijão entre os pés de café, ou milho entre as ruas de uva, certamente o período de colheita do café e da uva é que determinará o ano agrícola, mesmo que no seu encerramento haja uma cultura secundária em formação, e a avaliação, ainda que não perfeita, não traria grandes distorções à contabilidade, pois o valor apurado não seria relevante em ralação à cultura principal.

Se houvessem diversas culturas, milho, feijão, cana-de-açúcar, soja, por exemplo, o ano agrícola seria fixado com base na cultura de maior representatividade.

11

Page 12: 80561990-Apostila

Exemplo:Milho (colheita em novembro/dezembro) - 20%; Feijão (colheita em março) – 30%; Cana-de-açúcar (colheita em março/abril) – 10% e Soja (colheita em julho/agosto) - 40%.O período mais apropriado para o encerramento do balanço seria 31 de julho ou 31 de agosto, quando se encerra a colheita do soja, produto com maior representatividade.

Para a atividade pecuária, o período adequado para o encerramento do exercício social, não é o ano civil. O ideal é fazê-lo logo após o nascimento dos bezerros ou do desmame.

Há empresas que planejam lotes de nascimento para determinados períodos do ano, através de inseminação artificial ou as estação de monta (período de cruzamento de touro e vaca), aceleração de “cios” ....

Havendo a ocorrência do nascimento de bezerros, a contabilidade, por intermédio de relatórios contábeis, informará os usuários sobre tal fato. Para tanto há necessidade do encerramento do exercício social e de confecção do Balanço Patrimonial.

O bezerro será o “fruto”, o produto final que valoriza o patrimônio da empresa.

A falta de um planejamento dos períodos de nascimento dos bezerros pode dificultar na fixação do mês de encerramento, porque os nascimentos se espalham pelo ano inteiro, entretanto haverá um período de concentração de nascimentos que determinará o mês do término do exercício social.

Há empresas que fixam o exercício social com base no mês seguinte em que concentram a venda das reses para o frigorífico. Esse critério é igualmente válido quanto ao nascimento dos bezerros.

Exemplo:Nascimento dos bezerros - dezembroVenda aos frigoríficos – abril Tanto pode o encerramento do balanço ser realizada em dezembro como em abril.

3.1 - Exercício social e imposto de renda

A Lei n. 7.450/85, o Imposto de renda tornou obrigatório, para todas as empresas, o exercício social coincidindo com o ano civil, ou seja, de 1/1 a 31/12. O que veio trazer sérios prejuízos para a contabilidade rural, que já não poderá utilizar o ano agrícola coincidindo com o exercício social.

Entretanto seria bastante interessante para as empresas rurais que mantivessem os períodos do ano agrícola para melhor gerenciamento de suas atividades.

12

Page 13: 80561990-Apostila

3.2 - Forma Jurídica de exploração na agropecuária

Até 2002, as sociedades eram divididas em sociedade comercial e sociedade civil. A partir do início de 2003, entra em cena o NCC (Novo Código Civil), que revoga a primeira parte do Código Comercial Brasileiro de 1850.O NCC define como empresário aquele que exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou circulação de bens e serviços. Assim, o produtor rural passa a ser chamado de empresário rural em função da definição acima, desde que se inscreva na junta comercial. Não se inscrevendo na junta comercial, ele será um produtor rural autônomo.Em relação à sociedade, o NCC considera sociedade empresária pessoas que celebram contrato e reciprocamente se obrigam a contribuir com bens e serviços para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. Assim, a expressão sociedade empresária substitui a expressão anterior sociedade comercial. Dessa forma a sociedade rural (quando houver a união de duas ou mais pessoas) passa a ser vista como uma sociedade empresária.De maneira geral, conforme o novo Código, o empresário, cuja atividade rural constitua sua principal profissão, pode exercer essa atividade nas seguintes formas jurídicas:

Autônomo, sem registro na Junta Comercial; Empresário individual, quando inscrito na Junta Comercial (é optativo); Sociedade empresária, inscrita na Junta Comercial (na forma de sociedade

limitada, ou sociedade anônima etc.).O NCC diz que a lei assegurará tratamento favorecido diferenciado e simplificado ao empresário rural quanto à inscrição e aos efeitos daí decorrentes.

No Brasil, por ser menos onerosa, a forma de exploração de Empresário Rural Autônomo prevalece, também por obter vantagens fiscais.

Os Empresários Rurais Autônomos ou Individuais tidos como pequenos e médios produtores rurais não precisam, para fins de IR, fazer escrituração regular em livros contábeis e podem utilizar apenas um livro caixa para efetuar uma escrituração simplificada.

Já os Empresários Rurais Autônomos ou Individuais tidos como grande produtor rural (o conceito de pequeno, médio e grande produtor rural é fixado conforme a Receita Bruta (vendas), cujo montante é fixado pelo Imposto de Renda) são equiparadas as Sociedades Empresárias para fins contábeis, devendo fazer escrituração regular por meio de profissional contábil qualificado.

13

Page 14: 80561990-Apostila

Associação na exploração da atividade agropecuária

Nas explorações agropecuárias, encontram-se dois tipos de investimentos:

♦ Capital Fundiário – São recursos fixos, vinculados à terra, e dela não retiráveis. Corresponde a aquilo que nas indústrias transformadoras corresponde aos edifícios e seus anexos. Exemplo: terra, edifícios e edificações rurais, benfeitorias e melhoramentos na terra, cultura permanente, pastos, etc.

♦ Capital de exercício (capital operacional ou capital de trabalho) – É o instrumental necessário para o funcionamento do negócio, podendo ser permanente (não se destina à venda, de vida útil longa), ou circulante, ou de giro (recursos financeiros e valores que serão transformados em dinheiro ou consumidos a curto prazo). Exemplo: gado para reprodução, animais de trabalho, equipamentos, trator, outros.

Nas associações dos capitais fundiários e de exercício podem existir duas personalidades economicamente distintas:

• o proprietário da terra, que participa no negócio com o capital fundiário;• o empresário, que participa com o capital de exercício, explorando o negócio agropecuário independentemente de ser ou não proprietário da terra.

Empresário agropecuário com a propriedade da terraO proprietário da terra investe capital de exercício e administra seus negócios.

ParceriaO proprietário da terra contribui no negócio com o capital fundiário e capital de exercício e o parceiro com a execução do trabalho.

ArrendamentoO proprietário da terra aluga seu capital fundiário por determinado período a um empresário.

ComodatoEmpréstimo gratuito em virtude do qual uma das partes cede por empréstimo, para uso pelo tempo e condições estabelecidas.

CondomínioÉ a propriedade em comum, ou a co-propriedade, em que os condôminos proprietários compartilham dos riscos e dos resultados, da mesma forma que a parceria, na proporção da parte que lhes cabe no condomínio.

14

Page 15: 80561990-Apostila

4 - CARACTERÍSTICAS PECULIARES DO SETOR RURAL

CLIMA:♦ Influência na escolha das variedades e espécies (vegetais e animais), que se

adaptam com mais facilidade ao cliente da região.♦ Influência no momento do plantio (nível de umidade do solo), no desenvolvimento

da planta (chuvas regulares) e colheita (estiagem).♦ O clima pode, tanto favorecer a produção, como provocar perdas parciais ou

totais (excesso de chuvas, estiagem prolongada, ventos fortes, chuvas de granizo, geadas).

CORRELAÇÃO TEMPO DE PRODUÇÃO VERSUS TEMPO DE TRABALHO♦ Na Indústria, somente o trabalho modifica a produção de determinado bem.♦ Na Área rural, além do trabalho, existe influência muito grande da natureza no

processo produtivo (crescimento natural)

DEPENDÊNCIA DE CONDIÇÕES BIOLÓGICAS♦ O ciclo de produção da agropecuária está intimamente relacionado às condições

biológicas. Não se pode alterar a seqüência da produção (interromper o desenvolvimento de uma lavoura de milho para se obter soja, por exemplo; interromper o crescimento dos leitões, para se produzir novilhos) ⇒ irreversibilidade do ciclo produtivo.

♦ Na Indústria: Pode-se adotar 3o turno para acelerar a produção.♦ Na Área Rural: A pesquisa agropecuária pode conseguir espécies animais e

variedades vegetais mais precoces e produtivas, mas ainda assim sujeitas às condições biológicas.

TERRA, como participante da produção♦ É o principal fator de produção na atividade rural. Para que não haja sua

depreciação, devem-se adotar práticas conservacionais:- Fertilização (evita a exaustão do solo – perda qualitativa do solo)- rotação de culturas (evita a exaustão do solo – perda qualitativa do solo)- reflorestamento às margens dos rios (evita a erosão – perda quantitativa

do solo)

ESTACIONALIDADE DA PRODUÇÃO ♦ Ao contrário do que acontece na Indústria, boa parte dos produtos da área rural

apresentação concentração da produção em determinadas épocas do ano.

INCIDÊNCIA DE RISCOS♦ Clima: seca, geada, granizo♦ Ataque de pragas e moléstias♦ Flutuações de preços de seus produtos

15

Page 16: 80561990-Apostila

SISTEMA DE COMPETIÇÃO ECONÔMICA A área rural apresenta uma concorrência perfeita:♦ Existência de um grande número de produtos e consumidores♦ Produtos que apresentam normalmente, pouca diferenciação entre si♦ Entrada no negócio e a saída dele pouco alteram a oferta total⇒ Conseqüência: o preço do produto é ditado pelo mercado, podendo até ser inferior aos custos de produção.

PRODUTOS NÃO UNIFORMESo Na agropecuária, ao contrário da indústria, há dificuldades em se obter produtos uniformes quanto à forma, tamanho e qualidade ⇒ decorrente da influência das condições biológicas e clima.

⇒ Conseqüência: Custos adicionais de classificação e padronização, visto que o mercado é exigente.

ALTO CUSTO DE SAÍDA E/OU ENTRADA♦ No negócio agrícola, algumas explorações exigem altos investimentos em

benfeitorias e máquinas e, conseqüentemente, condições adversas de preço e mercado devem ser suportadas a curto prazo, pois o prejuízo, ao abandonar a exploração, poderá ser maior. A cultura de café, laranja, pecuária leiteira podem ser consideradas como explorações de alto custo de entrada, enquanto culturas anuais – milho e soja, por exemplo – são explorações de menor custo de entrada.

MERCADOTendências de Mercado:

Feijão (preço regulado pelo mercado interno)Café, soja, trigo, laranja (produtos de exportação: seguem as tendência do mercado internacional, sendo cotados em dólar, e o termômetro são as Bolsas de Chicago e Nova Iorque).Desvalorização cambial, do real em relação ao dólar, ocorrida no início de 1999, influenciou positivamente nos preços dos produtos com cotação internacional. Já, os insumos foram influenciados negativamente, visto que a maior parte da matéria prima utilizada para sua produção são importadas.

Os Números da Laranja – Descompasso entre oferta e procuraProdução 1990/2000 381 milhões a 388 milhões de caixaReceitas com exportações em 98 US$ 1,315Volume processado em 98 279 milhões de caixasVolume processado em 99 280 milhões de caixasÁrea plantada 840 mil háConsumo interno 50/60 milhões de caixas

Fonte: Abecitrus/Esalq/Abracitrus/IEA

16

Page 17: 80561990-Apostila

5 - PLANIFICAÇÃO CONTÁBIL NA ATIVIDADE AGRÍCOLA

5.1 - Escrituraçăo nas Empresas Rurais

Para se alcançar um nível profissional de gerenciamento da propriedade rural, é de

fundamental importância uma escrituraçăo correta e simplificado.

Escrituraçăo é todo o trabalho de anotar dados, arquivar documentos, obter e

organizar informaçőes, como o total das despesas e receitas do męs, a lucratividade

por exploraçăo e a rentabilidade da propriedade. E a partir daí que todos os

trabalhos serăo desenvolvidos, sejam eles de controle financeiro ou da produçăo,

bem como os seus resultados.

Por isso, é necessário um método para a organizaçăo desses dados. Nas

propriedades que já possuem um escritório com esta finalidade, o trabalho é bem

simples, necessitando, na maioria das vezes, apenas de algumas adequaçőes, o

que pode ser feito de forma rápida a partir de uma consultaria especializada.

Mas no caso daquelas em que năo há controle algum, ou quando há dados

arquivados de maneira dispersa, o trabalho requer mais método: é preciso saber

como fazer os lançamentos das despesas e receitas, organizar os controles, avaliar

o patrimônio e analisar os indicadores de desempenho. E é sobre esta situaçăo que

vamos tratar agora.

5.2 - Escrituraçăo da Produçăo

Entre as açőes de gestăo da empresa rural, está a escrituraçăo da produçăo.

Aliados aos resultados da análise financeira, os dados da escrituraçăo văo permitir

uma avaliaçăo precisa do custo de produçăo e dos índices de produtividade,

gerando informaçőes úteis ao gerenciamento da propriedade. Estas informaçőes,

organizadas ano após ano, permitirăo ter uma visăo clara da evoluçăo (ou

involuçăo...) dos índices de produtividade e da eficięncia administrativa. Dois

exemplos de como estes dados poderăo ser úteis:

17

Page 18: 80561990-Apostila

5.3 -Escrituraçăo Financeira

A escrituraçăo financeira é o controle de todas as despesas e receitas que ocorrem

na empresa rural, além da avaliaçăo de todo o patrimônio envolvido na produçăo,

tais como: terras, benfeitorias, máquinas e animais.

Agora, uma sugestăo importante: normalmente nas empresas familiares,

responsável pelo gerenciamento da propriedade é quem toma todas as decisőes de

compra e venda, acompanhamento da lavoura e dos animais, além de ser o

responsável direto pelos funcionários. Nesta situaçăo fica quase impossível realizar

um trabalho tăo metódico como a escrituraçăo financeira, fato que leva muitas vezes

ao insucesso na implantaçăo de um modelo de contabilidade e custos. Assim, o que

se sugere é que esta funçăo seja repassada a alguém da família, pois além de

permitir uma maior constância no trabalho, a responsabilidade da gestăo é dividida,

coloca os negócios sob conhecimento de outras pessoas, evitando um modelo de

gestăo extremamente centralizador - e com ele todas as conseqüęncias negativas

que vęm junto.

A escrituraçăo pode ser dividida quanto ao objetivo:

a) escrituraçăo para o fluxo de caixa: neste sistema săo lançadas todas as

despesas e as receitas, gerando um saldo mensal, que pode ser positivo ou

negativo.

b) escrituraçăo para o controle de custos: a diferença dos lançamentos para

composiçăo do custo de produçăo é que as despesas e as receitas săo apropriadas

para cada atividade em específico, é o que chamamos de apropriaçăo.

c) escrituraçăo para a contabilidade: além dos lançamentos do fluxo de caixa,

também está envolvida a análise patrimonial e todos os custos relacionados – em

fixos e variáveis. Com o resultado deste é possível visualizar o desempenho da

empresa rural, levando em conta todas as atividades de produçăo.

O Balanço Patrimonial nada mais é do que um conjunto de informações sobre a situação em que se encontra uma empresa num determinado momento. Consiste

18

Page 19: 80561990-Apostila

em levantar o patrimônio da empresa rural, fazer o inventário dos seus bens, direitos e obrigações, dando valor a tudo. E servirá como balanço de abertura da atividade do produtor.

É necessário tomar conhecimento detalhado do que existe na propriedade, bem como o valor de cada coisa, com a finalidade de permitir a tomada de decisões acertadas sobre os itens que requerem tais medidas. O levantamento dos componentes que formam o patrimônio administrável da empresa deve ser tão próximo da realidade quanto possível, ou seja, determinar o valor dos mesmos.

Patrimônio

É o conjunto de bens, direitos e obrigações de um produtor rural ou empresa rural, sujeitos a uma administração, com a finalidade de auferir lucro ou criar renda.

BENS

Chamam-se bens as coisas capazes de satisfazer as necessidades das pessoas e que podem ser compradas por valor em moeda. Ex.: Terra, Gado, Maquinaria, Estoque de produtos agrícolas, etc.

DIREITOS

São direitos, para um produtor rural ou empresa rural, todos os valores que tem a receber de terceiros, sejam pessoas físicas ou jurídicas, que são clientes, ou que negociam algum produto da empresa rural.

OBRIGAÇÕES

São obrigações todos os valores que a empresa ou produtor rural estiver devendo a terceiros, sejam eles pessoas físicas ou jurídicas, que são os fornecedores que venderam a prazo ou que financiaram de alguma forma a empresa rural ou o produtor.

O período indicado para a realização do levantamento poderá variar bastante em função do tipo de atividade envolvida, do ciclo de produção e da necessidade de o produtor obter estas informações.

Salienta-se que este levantamento deverá ser realizado no mínimo uma vez por ano, sempre no mesmo período, devendo-se optar sempre pelo período entre-safra das atividades, e se a empresa for diversificada, deve-se observar a entre-safra daquelas atividades que participam com maior receita para a empresa.

Para fins de levantamento patrimonial consideram-se todos os bens móveis e imóveis existentes na propriedade, pois a propriedade rural, como um todo, representa uma empresa produtora de bens e serviços.

19

Page 20: 80561990-Apostila

O levantamento patrimonial engloba todos os itens da empresa rural em estudo e compõe-se dos seguintes itens:

a) ATIVO CIRCULANTE

1. Caixa/bancos - neste item são totalizados os valores disponíveis em caixa (em dinheiro) ou em depósito na(s) conta(s) corrente(s) de instituições financeiras, no momento do levantamento.

2. Aplicações financeiras - considera-se aqui a soma de valores aplicativos no mercado financeiro com liquidez imediata.

3. Caderneta de poupança - são totalizados neste item os depósitos em cadernetas de poupança, existentes no momento.

4. Contas a receber - aqui são descritos valores que o produtor tem a receber por produtos já comercializados ou serviços prestados a terceiros, sendo identificados os devedores, data para receber e valores.

5. Produtos para venda - neste item são descritos todos os produtos estocados e que se destinam à venda, citando a descrição do produto, quantidades estocadas, valor unitário e valor total.

6. Animais para venda - de acordo com os objetivos do produtor, existem animais que são destinados à venda ou à produção. Neste item citam-se os animais destinados à venda, mesmo que não se encontrem prontos para comercialização.

7. Culturas anuais - neste quadro são relatados todos os tipos de lavouras anuais, bem como a área utilizada. Existem duas maneiras para avaliar as lavouras. Se a lavoura se encontra em período inicial, devemos avaliá-la pelo desembolso realizado e corrigido. Porém, se a lavoura está em fase final, deve avaliar-se pela previsão de colheita, com base no histórico da lavoura e no conhecimento do produtor. O valor unitário considerado deve basear-se no preço mínimo ou preço médio do mercado, no período.

8. Insumos estocados para custeio - neste quadro são relatados todos os insumos estocados, quer de produção própria ou comprados no mercado, destinados a custear as lavouras, criações e outras atividades realizadas dentro da empresa rural. Os insumos devem ser avaliados pelo preço de mercado, no momento do levantamento.

b) REALIZÁVEL A LONGO PRAZO

1. Contas a receber - devem ser lançados os valores a receber com vencimentos superiores a 360 dias da data do levantamento patrimonial.

20

Page 21: 80561990-Apostila

c) ATIVO FIXO E/OU PERMANENTE

1. Máquinas, motores, veículos, equipamentos - são descritos aqui todos estes itens, desde que estejam relacionados à produção. Os mesmos serão discriminados individualmente e avaliados conforme o valor de mercado.

2. Benfeitorias e construções - relacionam-se todas as obras que fazem parte do processo produtivo da empresa, avaliado segundo o tipo de construção, conforme valor do mercado, ou depreciado o valor do investimento de acordo com os anos de uso.

3. Terra - deve ser citado o total da área própria da empresa ou propriedade rural, bem como avaliar o valor do hectare de terra nua, de acordo com o padrão local. Após multiplica-se a área pelo valor unitário e obtém-se o valor total da terra própria - este total é que deve ser considerado para o balanço patrimonial.

4. Animais produtores - relacionam-se os animais que não se destinam à venda, no período do próximo ciclo de produção.

5. Outros investimentos - citam-se neste quadro aqueles investimentos que, embora não fazendo parte da propriedade, estão relacionados com ela, em alguma parte do processo de produção, comercialização ou industrialização.

6. Insumos estocados para investimentos - relacionam-se neste item todos os insumos estocados que se destinam à realização de melhorias na estrutura de produção da empresa rural ou propriedade rural.

7. Animais de serviço - discriminam-se aqui aqueles animais que têm a finalidade de colaborar como força de trabalho na propriedade, quer como tração, quer na lida de rebanhos.

8. Culturas e pastagens perenes - descrevem-se aqui aquelas culturas e pastagens que não precisam ser semeadas ou plantadas anualmente, ou seja, têm um ciclo de produção que dura dois ou mais anos. Avaliam-se pelo valor do investimento depreciado conforme os anos de vida ou pela produção de massa verde. Considera-se como cultura perene apenas o valor do investimento atual na cultura.

d) PASSIVO CIRCULANTE

1. Empréstimo de custeio - são dívidas contraídas junto a instituições financeiras com finalidade de adquirir os insumos básicos para implementar a atividade-fim. Apresentam um prazo curto para pagamento da dívida, geralmente ao fim da safra. Relacionam-se os credores, a data de vencimento do contrato, o valor contratado junto à instituição e os encargos financeiros (juros, correção monetária e taxas).

2. Empréstimo de investimento - são dívidas contraídas junto à instituição financeira com objetivo de ampliar, manter ou iniciar um investimento na empresa

21

Page 22: 80561990-Apostila

rural, tais como comprar trator, construir galpão, implantar uma cultura perene, etc. Geralmente, o pagamento a longo prazo e em parcelas, apresentando um período de carência. Citam-se, os valores que deverão ser pagos dentro do período (parcela-ano) e o saldo da dívida.

3. Contas a pagar - nesse item consideram-se todas aquelas dívidas referentes ao sistema de produção.

e) PATRIMÔNIO LÍQUIDO

1. Capital próprio - pode-se calcular a partir do Ativo Total, descontando-se os valores do total das dívidas.

Capital Próprio = Ativo Total - Passivo Exigível

Assim classificados e ordenados esses componentes, temos o Balanço Patrimonial, que, em termos práticos, é o retrato da propriedade, naquele momento.

22

Page 23: 80561990-Apostila

Planificação

Não se observa variações em relação as contas do Disponível, Duplicatas a Receber, Despesas do Exercício Seguinte; as contas do Passivo e Patrimônio Líquido.

Alterações observam-se na conta:

“Estoque” - que recebem roupagem especial por meio de culturas temporárias; colheitas, etc.

“Imobilizado” - culturas permanentes; benfeitorias no imóvel rural; animais de trabalho, etc.

Empresa IndustrialBalanço Patrimonial

ATIVO PASSIVO Circulante Circulante . Disponível . Fornecedores . Valores a receber . Instituições Financeiras . Estoques . Salários a pagar

- Matéria prima . Encargos Sociais- Produtos em Elaboração . Impostos a Pagar- Produtos Acabados . Contas a pagar- Almoxarifado . Outros

. Despesas do Exercício SeguinteRealizável a Longo Prazo Exigível a Longo PrazoPermanente . Investimentos Patrimônio Líquido . Imobilizado . Capital . Diferido . Reservas . Lucros ou Prejuízos Acumulados

Comparação: Indústria x empresa agrícola

“Estoques”

Matéria prima I – material empregado na fabricação de um produto A – produtos que compõem a cultura (adubos, sementes, herbicidas...)

Produto em Elaboração I – produção em andamento A – cultura temporária em formação (soja, trigo, milho...) ou colheita em andamento (café, laranja, cana-de-açucar...)

23

Page 24: 80561990-Apostila

Produto Acabado I – produto terminado e pronto para venda A – produção colhida, produtos agrícolas prontos para venda (soja, milho, café...)

Almoxarifado I ou A – estoque de materiais para consumo que não compõe o produto ou a cultura, mas é utilizado para outras finalidades (combustível, lubrificantes, material escritório, ferramentas...)

“Imobilizado”

Cultura Permanente em Formação (café, maçã, pêssego ...) Pode ser realizado um controle por cultura. Ex. Café (adubação, formicidas, sementes/mudas, mão de obra ...)

Cultura Permanente Formada (pastos naturais, pastos artificiais, café, goiaba ...) Terras ( Area de exploração, area florestal ...)

Benfeitorias na propriedade (terreiro cimentado, canais de irrigação, poços, estradas, açudes, cercas ...)

Edifícios e Construções (casas para administração, casas para colonos, escolas ...)

Animais de Trabalho (cavalo, burros, jumentos ...)

(-) Depreciação, exaustão

“Diferido”

Gastos pré operacionais

Melhorias (destocamento, desmatamento, terraplenagem ...)

(-) amortização

Operacionalização do Plano de Contas

Inventário – processo de verificação de existências na empresa: mercadorias, materiais, produtos, bens do imobilizado, contas a receber e a pagar. O mais comum é nos estoques. Existindo os métodos: Permanente e Periódico.

Permanente – qualquer alteração no estoque é registrado pela Contabilidade (os grandes supermercados e hipermercados utilizam este processo diretamente na registradora)

24

Page 25: 80561990-Apostila

Periódico – é o inventário ao fim de cada período contábil. Aquelas empresas que fazem contagem física dos estoques).

No inventário periódico o Custo dos Produtos Vendidos é assim determinado:EI + Compras do exercício + Mão-de-obra + outros custos agrícolas – EF

Entre os dois métodos, o melhor para a atividade agrícola, é o permanente, pois a qualquer momento pode-se saber o custo da Cultura Temporária ou da Colheita em andamento.

Sistema Auxiliar de Contas

Cultura ou Colheita em Andamento (controla por cultura) Cultura Temporária – Soja Insumos

SementesAdubos ...

Material Consumido (sementes, fungicidas ...)

Mão-de-obra (salários, 13., férias ...)

Outros Custos Agrícolas (depreciação, exaustão, seguros ...)

Produtos Agrícolas – Soja Beneficiamento

Acondicionamento

25

Page 26: 80561990-Apostila

6 - FLUXO CONTÁBIL NA ATIVIDADE AGRÍCOLA

6.1 - Culturas Temporárias

sujeitas ao replantio após a colheita

período de vida curto

após a colheita são arrancadas dando espaço para novo plantio

são conhecidas como cultura anual

exemplos: soja, milho, feijão, arroz, batata, legumes.

São contabilizadas no Ativo Circulante, onde os custos são acumulados numa

subconta com o título específico da cultura em formação (arros, feijão, milho,

trigo, cebola... ) da conta “Culturas Temporárias em Formação”.

Consideram-se custo de cultura todos os gastos identificáveis direta ou

indiretamente com a cultura (ou produto), como sementes, adubos, mão-de-obra

(direta ou indireta), combustível, depreciação de máquinas e equipamentos

utilizados na cultura, serviços agronômicos e topográficos, outros.

Entendem-se como despesa do período todos os gastos não identificáveis

com a cultura, não sendo acumulados no estoque, mas apropriados como

despesa do período. Cita-se despesas de vendas (propaganda, comissão de

vendedores...), despesas administrativas (honorários dos diretores, pessoal de

escritório ...) e despesas financeiras (juros, correção monetária...).

Quando se tratar de uma única cultura os custos são apropriados

diretamente, entretanto quando da existência de várias culturas é necessário o

rateio dos custos às culturas.

Todos os custos são acumulados até a colheita na conta “Culturas

Temporárias em Formação” e após o término da colheita, essa conta será

baixada pelo seu valor de custo e transferida para uma nova conta, “Produtos

Agrícolas”, sendo especificado como sub-conta, o tipo de produto (soja, milho,

batata...)

À conta de “Produtos Agrícolas” serão somados todos os custos posteriores à

colheita (para acabamento do produto ou para deixá-lo em condições de ser

vendido, consumido ou reaplicado, como beneficiamentos, acondicionamentos) e

todos os custos para manutenção desse estoque: silagem, congelamento.

26

Page 27: 80561990-Apostila

À medida que a produção agrícola for vendida, proporcionalmente baixa-se da

conta “Produtos Agrícolas” transferindo o valor do custo para a conta “Custo do

Produto Vendido” (resultado), especificando o tipo de produto agrícola vendido

(trigo, tomate, abóbora...)

Os gastos de armazenagem do produto agrícola totalmente acabado até a

sua efetiva venda são tratados como despesa de vendas e não custo do produto.

27

Page 28: 80561990-Apostila

FASE DA CULTURA TEMPORÁRIA REGISTROS CONTÁBEIS

FORMAÇÃO Plantio, adubação, sementes, calcá- ATIVO CIRCULANTE rio, mão-de-obra, irrigação, herbici- CULTURA TEMPORÁRIA das, produtos químicos... Tipo de Plantação

XXXX A contrapartida desses lançamentos

será normalmente Disponível, Contas a Pagar, Depreciação

COLHEITA Acumulada... Mão-de-obra, combustível da XXX colheitadeira...

YYYY YYYY

ATIVO CIRCULANTE PRODUTOS AGRÍCOLAS Tipo de Produto

PRODUTOS COLHIDOS YYYY Beneficiamento, acondicionamento... VVVV XXXX XXXX

VENDA DO PRODUTO DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO Transferem-se Produtos Agrícolas para DO EXERCÍCIO o Custo do Produto Vendido Receita LLLL (-) CPV (XXXX)

Lucro Bruto SSSS

(-) Desp. Operacional DESPESAS DO PERÍODO Vendas (aaaa) De Vendas, Administrativas e Administrativas (bbbb) Financeiras Financeiras (cccc)

Lucro Operacional TTTT

Page 29: 80561990-Apostila

Lançamentos Contábeis

Pela formação até a colheita

D – Cultura Temporária em FormaçãoC – Disponível, Contas a Pagar, Depreciação

No encerramento da colheita

D – Produtos AgrícolasC – Cultura Temporária em Formação

Pela Venda

D – Disponível, Contas a ReceberC – Venda dos Produtos Agrícolas

Pela apuração do resultado

D – Custo dos Produtos VendidosC – Produtos Agrícolas

Perdas Extraordinárias

D – Despesas não OperacionaisC – Culturas Temporárias

29

Page 30: 80561990-Apostila

6.2 - Culturas Permanentes

permanecem vinculadas ao solo e proporcionam mais de uma colheita ou

produção.

duração mínima de quatro anos.

Exemplos: cana-de-açúcar, citriculturas, cafeicultura, frutíferas...

São contabilizados no Ativo Permanente – Imobilizado na conta “Cultura

Permanente em Formação”, especificando o tipo de cultura (pêssego, café,

pastagem...)

Os custos diretamente identificáveis a cultura (custos de cultura) como:

adubação, formicidas, forragem, fungicidas, herbicidas, mão-de-obra, encargos

sociais, manutenção, arrendamento de equipamentos e terras, seguro da cultura,

preparo do solo, serviços de terceiros, sementes, mudas, irrigação, produtos

químicos, depreciação de equipamentos utilizados na cultura, outros.

As despesas administrativas, de vendas e financeiras são consideradas despesas

do período.

Após a formação da cultura, que pode levar vários anos (antes da primeira florada

ou produção, do primeiro ciclo de produção ou maturidade) transfere-se o valor

acumulados da conta “Cultura Permanente em Formação” para “Cultura Permanente

Formada” .

Lançamentos Contábeis

Formação da Cultura

D – Cultura Permanente em Formação

C – Disponível, Contas a Pagar

Término da Formação

D – Cultura Permanente Formada

C – Cultura Permanente em Formação

30

Page 31: 80561990-Apostila

ATIVO PERMANENTE

PREPARO DO SOLO Destoca, limpeza, roçada, gradeação, drenagem ... ADUBAÇÃO E PREPARO DO PLANTIO Sulcagem, coveamento, alinhamento, café, ou seringueira, ou marcação, estaqueamento, adubação laranja, ou maçã, ou

básica e outros produtos. Banana, ou cana, ou ............... ou

PLANTIO

Canteiros, sementes, mudas, plantio, CULTURA EM FORMAÇÃOreplantio, enxertia, transplante, embala- Tipo de plantaçãogem de mudas, transplante de mudas...

XXXXXX A contrapartida XXXXXX desses

IRRIGAÇÃO XXXXXX lançamentosRega, transporte de água, consumo de XXXXXX será Disponívelenergia elétrica ... XXXXXX ou Contas a

XXXXXX Pagar

TRATAMENTO FITOSSANITÁRIO YYYYYY YYYYYYServiço de agrônomo e de terceiros, tratamento do solo, capina, combate

à formiga, herbicida, fungicida ...

MANUTENÇÃO NO PERÍODO DE

CRESCIMENTOPoda, raleação, desbroto e outros ...

CULTURA PERMANENTE FORMADA O saldo da cultura em formação é transferido para “Cultura Formada”.

Neste estágio, a plantação atingiu sua maturidade CULTURA FORMADA e está em condições de produzir. Esboça-se a Tipo de plantação primeira colheita, a primeira produção.

YYYYY

Page 32: 80561990-Apostila

Com a formação da cultura, a preocupação passa a ser a primeira colheita.

Todos os custos necessários para a realização da colheita: mão-de-obra e

respectivos encargos sociais (poda, capina, aplicação de herbicida, desbrota,

raleação), produtos químicos (para manutenção da árvore, das flores, dos frutos...),

custo com irrigação (energia elétrica, transporte de água, depreciação de

motores...), custo do combate a formigas e outros insetos, seguro da safra, secagem

da colheita, serviços de terceiros, outros, são lançados em conta denominada

“Colheita em Andamento”.

Também ao custo da colheita é adicionado a depreciação (ou exaustão) da

“Cultura Permanente Formada”, sendo consideradas as quotas anuais compatíveis

com o tempo de vida útil de cada cultura. A Depreciação podendo ser iniciada por

ocasião da primeira colheita.

Os custos indiretos rateados e apropriados à “Cultura Permanente em

Formação”, conforme sua atribução para essa cultura. Podendo ser utilizado o

número de horas que o trator da fazenda destinou especificamente à cultura em

análise; o número de horas que determinados funcionários estiverem à disposição

da cultura em formação, e assim sucessivamente.

As perdas extraordinárias a que estão sujeitas as culturas, como as decorrentes

de incêndios, geadas, inundação, granizo, tempestades, secas e outros eventos

desta natureza, provocam perdam de capacidade parcial e, em alguns casos, até

total e devem ser baixadas do Ativo Permanente e ser considerada como perda do

período, indo diretamente para o Resultado do Exercício, mesmo que tal perda

esteja coberta por seguro, não importando se culturas formadas ou em formação.

Essas perdas serão classificadas como Despesas não Operacionais. Existindo

perdas que não caracterizem perdas extraordinárias, que sejam perdas normais,

inerentes à própria plantação, sendo previsíveis, fazendo parte da expectativa da

empresa, farão parte do custo dos produtos agrícolas (não sendo baixado como

perda extraordinária).

Gastos que aumentem a vida útil da plantação, incrementando sua capacidade

produtiva, devem ser adicionados ao valor da cultura formada para serem

depreciados até o final da vida útil da cultura.

As despesas financeiras decorrentes de um financiamento para capital de giro

devem ser lançadas atendendo o princípio da Realização da Receita em Confronto

32

Page 33: 80561990-Apostila

da Despesa, assim são registradas quando forem regsitradas a colheita e venda da

safra para a qual foi efetuado o financiamento.

Somente pode falar em depreciação em caso de empreendimento próprio da

empresa e do qual serão extraídos os frutos. Exemplos: maçã, pêssego, café...

Exaustão não tem a extração de frutos mas a própria árvore é ceifada ou

extraída do solo. Exemplo: cana-de-açúcar, pastagem...

A amortização é reservado para os casos de aquisição de direitos sobre

empreendimentos de propriedade de terceiros, apropriando-se o custo desses

direitos ao longo do período determinado, contratado para a exploração.

Gastos com desmatamento, destocamento, terraplenagem, desvios de leitos de

rios e córregos, irrigação, nivelamento, outros; São lançados como melhorias em

Ativo Diferido.

Amortização no período máximo de 10 anos e mínimo de 5 anos.

Receita resultante de desmatamento é lançada como recuperação do custo,

abatendo o gasto de melhorias.

Se as culturas existentes são todas permanentes, havendo mais de 5 colheitas,

os gastos com melhorias podem agregar a “Cultura Permanente em Formação”.

Lançamento Contábeis

Período de Formação do Produto D – Colheita em AndamentoC – Disponível, Contas a Pagar, Depreciação

Término da ColheitaD – Produtos AgrícolasC – Colheita em Andamento

Pela VendaD – Disponível, Contas a ReceberC – Venda de Produtos Agrícolas

Pela Apuração do ResultadoD – CPVC – Produtos Agrícolas

33

Page 34: 80561990-Apostila

Perdas ExtraordináriasD – Despesas não OperacionaisC – Culturas Permanentes Formadas

34

Page 35: 80561990-Apostila

CULTURA PERMANENTE – COLHEITA ATÉ A VENDA REGISTROS CONTÁBEIS

PERÍODO DE FORMAÇÃO DO PRODUTO(e não da planta que é o Ativo Permanente) ATIVO CIRCULANTE COLHEITA EM FORMAÇÃO

Tipo de Plantação PODA/ HERBICIDA/ FLORAÇÃO INSETICIDA XXXXX A contrapartida

XXXXX desses lançamentos + XXXXX será normalmente

XXXXX Disponível, Contas RALEAÇÃO/ XXXXX a Pagar, Depreciação DESBASTES XXXXX Acumulada.

+ XXXXX YYYYY

CUIDADOSCOLHEITA AGRÔNOMICOS/

+ IRRIGAÇÃO

ATIVO CIRCULANTE PRODUTOS AGRÍCOLAS

PRODUTOS COLHIDOS Tipo de Produto Beneficiamento, acondicionamento ...

YYYYVVVV

XXXX XXXX

VENDA DO PRODUTO DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO Transferem-se Produtos Agrícolas DO EXERCÍCIO Para o Custo do Produto Vendido

Receita LLLL (-) CPV (XXXX)

Lucro Bruto SSSS (-) Desp. Operacional DESPESAS DO PERÍODO Vendas (aaaa)

De Vendas, Administrativas Administrativas (bbbb)Financeiras Financeiras (cccc)

Page 36: 80561990-Apostila

Lucro Operacional TTTT6.3 - Depreciação - Cultura

depreciação significa desgaste do bem.

As culturas permanentes são passíveis de depreciação em caso de empreendimento

próprio da empresa e do qual serão extraídos os frutos. Os custos de aquisição ou

formação da cultura é depreciado em tantos anos quantos forem os de produção de

frutos.

Somente pode falar em depreciação em caso de empreendimento próprio da empresa

e do qual serão extraídos os frutos. Exemplos: maçã, pêssego, laranja, café...

Um cafeeiro produz grãos de café (frutos), mantendo-se a árvore intacta, incidirá a

depreciação.

Na cultura do chá, o desbastamento das folhas é considerado depreciação pois a folha

é o produto final e não a árvore, o caule. O mesmo ocorre com a bananeira, que, após

produzir o cacho de bananas, tem seu tronco cortado, daí a depreciação.

Qual a taxa de depreciação a ser utilizada ?

Pode ser respondida por agrônomos, técnicos em agronomia ou pelos próprios

agricultores que conhecem a vida útil ou o número de anos de produção da árvore, que

varia não só em função do tipo de solo, clima, manutenção, mas também em virtude da

qualidade ou tipo de árvore. O próprio I.R., possivelmente considerando estas variáveis,

não define taxas. Ressalta-se, todavia, que o IR assegura à empresa o direito de

computar a quota efetivamente adequada às condições de depreciação de seus bens,

desde que faça a prova da vida útil do bem determinado.

Exemplo: Se uma videira na região de Valinhos-SP, produzir frutos, em média, durante

15 anos, a taxa de depreciação média anual será de 6,67% (100 / 15 anos) – Método de

depreciação linear.

Método da soma dos dígitos dos anos – depreciação acelerada que leva em

consideração não apenas a obsolescência, mas também o incremento de utilização de

um ativo no início. No início da vida de um ativo, o consumo é provavelmente maior do

que em qualquer outra época.

SA = N (N+1)

2

Onde: SA = soma dos anos N = Número de anos

36

Page 37: 80561990-Apostila

SA = 4 (5) = 10

2

1. ano = 4/10 = 40% X 100.000 = 40.0002. ano = 3/10 = 30% X 100.000 = 30.0003. ano = 2/10 = 20% X 100.000 = 20.0004. ano = 1/10 = 10% X 100.000 = 10.000

Método das taxas decrescentes – depreciação do bem em cotas decrescentes e que

leva, também, em consideração o aumento do uso nos primeiros anos de vida útil. A

forma mais comum de depreciação pelo saldo decrescente é a taxa dobrada sobre o

saldo do valor do bem, isso significa dobrar a taxa do método de linha reta.

Aplicação do método para um bem com vida útil de cinco anos, taxa de depreciação de

linha reta de 20% ao ano e com um custo original de $ 5.000.

C = F X SVB

Onde: C = Cota F = Fator SVB = Saldo Valor Bem

ANO FATOR SVB COTA

1 40% 5.000 2.0002 40% 3.000 1.2003 40% 1.800 7204 40% 1.080 4325 40% 648 259

Pode-se calcular a taxa de depreciação de acordo com a produção estimada da cultura

permanente (método das taxas variáveis). Admitindo-se colher 1.000.000 de caixas de

uva de determinada videira, cuja produção do primeiro ano foi de 70.000 caixas, a

depreciação, será de 7% (70.000 / 1.000.000) e variará anualmente. O uso deste método

tem as seguintes características:

- tem menos custo de depreciação nos anos de safras ruins;

- de não haver redução excessiva no lucro (prejuízo) evitando grandes oscilações nos

resultados no decorrer de vários anos.

- a depreciação no ano de maior produção será maior.

6.4 - Depreciação – Implementos Agrícolas

37

Page 38: 80561990-Apostila

umas das grandes dificuldades é determinar o custo dos equipamentos agrícolas

utilizados na cultura agrícola.

atribuir o custo de reposição de peças (que aumenta a vida útil do trator – imobilizado)

ou custo dos dias parados por defeito ou quebra, à cultura que na ocasião era beneficiada

pelo equipamento.

Dias parados deve ser lançado com tempo improdutivo (custo indireto) e rateado entre

as diversas culturas e criação do período. Quando o tempo de paralisação é grande dever

ser registrado como perdas.

No cálculo da depreciação, pela legislação fiscal, são apropriados entre as diversas

culturas, o valor encontrado pelo percentual em relação aos anos de vida útil e o custo do

equipamento.

analisando verifica-se que esta forma de apropriação não considera as paralisações

em virtude de entre-safra, chuvas, geadas, ociosidade. Para tanto o ideal seria a

apropriação da depreciação em decorrência do uso efetivo dos equipamentos às culturas,

através da estimativa de número de horas de trabalho do equipamento, em vez da

quantidade de anos de vida útil.

6.5 - Exaustão

relaciona-se com a perda de valor dos bens ao longo do tempo, decorrentes de sua

exploração. Representa a perda de valor, pela utilização, de uma lavra (lavoura), jazida pu

reserva florestal.

Toda cultura, da qual é extraído o caule, permanecendo a razi para formação de novas

árvores, sofrerá exaustão.

Exaustão não tem a extração de frutos mas a própria árvore é ceifada ou extraída do

solo. Exemplo: cana-de-açúcar, reflorestamento, pastagem...

No caso de cana-de-açúcar – a quota de exaustão anual será admitindo-se 4 cortes,

de 25% ou 3 cortes, 33,33%. Supondo-se que toda a extração ocorra dentro do exercício

social, basta multiplicar o percentual de 25% pelo custo de formação da cana-de-açúcar.

Se o exercício social terminar antes do término do ano agrícola, ou seja, a colheita não

está terminada por ocasião do final do exercício social, há necessidade de calcular o

percentual do volume ou a quantidade extraída em relação à cultura total. Para tanto

existe a necessidade de termos os seguintes dados:

1. quantidade de cortes

38

Page 39: 80561990-Apostila

2. produção por corte (unidade, área plantada, peso ...)

3. produção no período

4. valor de aquisição ou formação (custo de recomposição natural para pastagens).

Critérios/Cultura Reflorestamento cana-de-açúcar Pastagem

1. 4 - 25% 4 - 25% 18 - 5,56% 2. 12.500 un 2.800 hectares 50.000 t 3. 6.000 un 1.400 hectares 150.000 t 4. 125.000 50.000 20.000

Resultarão os seguintes cálculos:

Exaustão por Corte 125.000 * 25% 50.000 * 25% 20.000 * 5,56% 31.250 12.500 1.112

Extração do período 6.000/12.500 1.400/2.800 150.000/50.000 48% 50% 300%

Exaustão do período 31.250 * 48% 12.500 * 50% 1.112 * 300%

Resultado 15.000 6.250 3.336

6.6 - Amortização

A amortização é reservado para os casos de aquisição de direitos sobre

empreendimentos de propriedade de terceiros, apropriando-se o custo desses direitos ao

longo do período determinado, contratado para a exploração.

Gastos com desmatamento, destocamento, terraplenagem, desvios de leitos de rios e

córregos, irrigação, nivelamento, outros; São lançados como melhorias em Ativo Diferido.

Amortização no período máximo de 10 anos e mínimo de 5 anos.

Receita resultante de desmatamento é lançada como recuperação do custo, abatendo

o gasto de melhorias.

Se as culturas existentes são todas permanentes, havendo mais de 5 colheitas, os

gastos com melhorias podem agregar a “Cultura Permanente em Formação”.

São exemplos:

1. os gastos pré-operacionais referentes à implantação de novas fazendas. São os

gastos não acumuláveis no Ativo Imobilizado, tais como os administrativos

financeiros;

39

Page 40: 80561990-Apostila

2. gastos com pesquisas científicas ou tecnológicas referentes à parte genética,

biológicas e experimentações concernentes a plantações e animais;

3. gastos com melhorias no solo que propiciam incremento na capacidade produtiva,

tais como desmatamento, corretivos, destocamento, nivelamento ...

suponha-se que determinada empresa de exportação de suco de laranja, adquira o

direito de colheita de um pomar, durante três anos. A empresa adquirente registrará o

custo de aquisição no Ativo Imobilizado e fará a amortização de 1/3 por colheita,

distribuindo o custo desses direitos ao longo do período de três anos, contratados para

a exploração.

40

Page 41: 80561990-Apostila

8 - PECUÁRIA – CONCEITOS PRELIMINARES

Pecuária é a “arte de criar e tratar gado”.

Gados “são animais geralmente criados no campo, para”:

• serviços de lavoura• consumo doméstico• fins industriais ou comerciais

Exemplos de gado: bovinos, suínos, caprinos, eqüinos, ovinos, muares etc.

Os bovinos, também chamados Gado Vacum, vão servir às seguintes finalidades:

o trabalhoo reproduçãoo corte e leite.

A atividade escolhida (bovina de corte) poderá conter as outras finalidades (trabalho, reprodução e leite), que serão abordadas como acessórias.

8.1 - Sistemas de Produção

Os sistemas de produção (manejo) do bovino podem ser divididos basicamente em extensivo e intensivo.

Sistema Extensivo

Animais mantidos em pastos nativos, na dependência quase exclusiva dos recursos naturais;

Normalmente sem alimentação suplementar (ração, sal, etc.);

Sem cuidados veterinários constantes;

Ocorre em grandes glebas de terras;

Produtividade é baixa.

Sistema Intensivo

Formação de pastagens artificiais, com forrageiras adequadas à região.

Divisão dos pastos em piquetes propiciando rodízio do gado (permite repouso e recuperação das pastagens).

Melhoria das condições de alimentação (arraçoamento, sal, minerais etc.), associando pasto + suplementação, ou pasto + confinamento.

41

Page 42: 80561990-Apostila

Melhoria das condições higiênico-sanitária.

Introdução de novas raças produtivas, adequadas à região, em substituição aos gados nativos.

Em síntese, tecnologia e assistência técnica estão mais presentes, proporcionando diminuição da área útil necessária com conseqüente aumento da produtividade, elevação da rentabilidade e redução do prazo de retorno do capital investido.

8.2 - Especialização das Empresas Pecuárias

Existem três fases distintas, na atividade pecuária de corte, pelas quais passam o animal que se destina ao abate:

a)Cria. A atividade básica é a produção e a venda de bezerros, que só serão vendidos após o desmame. Normalmente, a matriz (em época de boa fertilidade) produz um bezerro por ano.

b)Recria. A atividade básica é, a partir do bezerro adquirido, a produção e a venda do novilho magro para engorda.

c)Engorda. A atividade básica é, a partir do novilho magro adquirido, a produção e a venda do novilho gordo.

Há empresas que, pelo processo de combinação das várias fases, obtêm até seis alternativas de produção (especializações):

Cria. Cria-recria. Cria-recria-engorda. Recria. Recria-engorda. Engorda.

8.3 - Pastagem

Lugar onde pasta (come erva não ceifada) ou pode pastar o gado. É uma das partes mais importantes do planejamento agropecuária, uma vez que a boa pastagem contribuirá, em conjunto, para a melhoria da qualidade do gado, para o alto rendimento do projeto. Basicamente, há dois tipos de pastagem: a natural e a artificial.

Pastagem natural

É o pasto nativo (áreas não cultivadas) do qual se aproveita o potencial natural (campos, cerrados, capins naturais etc.). Geralmente são áreas de boa cobertura vegetal e que não apresentam grandes problemas de erosão. Este tipo de pasto sofre melhoramentos esporádicos (criação extensiva).

42

Page 43: 80561990-Apostila

Pastagem artificial

É aquela formada por pastos cultivados. Considerada uma cultura como qualquer outra; portanto, recebendo todos os cuidados que a uma cultura são dispensados

, como: preparo do solo, terraceamento, drenagem, adubação, plantio, corretivos etc.

As principais forrageiras utilizadas nos pastos artificiais são:

-Gramíneas: capim colonião, capim gordura, capim jaraguá, capim pangola, outros capins e cereais.

-Leguminosas: alfafa, soja perene, siratro, carrapicho, beiço de boi etc.

-Cactáceas: palma, mandacaru, xiquexique etc.

-Outras: mandioca, batata-doce etc. (Nesses casos, como alimentação suplementar).

8.4 - Tipos de Pastoreio (Pastejo)

Basicamente, há dois tipos de pastoreio: em rodízio e contínuo.

Pastoreio em rodízio (Método Voisin)

●Em determinado momento interrompe-se o pastoreio para manter o pasto em repouso por certo tempo. Esta técnica moderna torna-se possível dividindo-se uma grande área em piquetes (que são identificados por um número), em seguida, introduz-se o pastoreio rotativo.

Pastoreio contínuo

●Ao contrário do pastoreio em rodízio, o contínuo é aquele em que o gado é mantido permanente e ininterruptamente num mesmo pasto (com lotação durante o ano todo).

Tanto no pastejo em rodízio como no contínuo é usual separar os animais em lotes distintos, conforme as categorias do rebanho. Assim, teremos um lote de vacas em cria, outro de animais de engorda, outro de vacas grávidas etc.

Um dos aspectos fundamentais no pastejo (em rodízio ou contínuo) é o planejamento do número de cabeças por hectare, para que não haja excesso de animal para a pastagem disponível, ou vice-versa, visando dessa forma a uma maior

43

Page 44: 80561990-Apostila

produtividade. Daí a preocupação dos pecuaristas em calcular a densidade média das pastagens, em termos de unidade animal e de cabeça por hectare, determinando a lotação ideal do pasto.

Com o objetivo de transformar animais de diferentes categorias em uma unidade-padrão – e para isso determinar a lotação de animais por hectare – utilizam-se certos pesos com base no consumo de alimento. Os pesos são, conforme a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral da Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo:

Touro: 1,20

Vaca: 1,00

Novilho (1 a 2 anos): 0,60

Novilho (2 a 3 anos): 0,80

Novilho (+ de 3 anos): 1,00

Novilha (1 a 2 anos): 0,60

Novilha (+ de 2 anos): 0,80

Bezerro (até 1 ano): 0,20

8.5 - Instalações

●Curral: Lugar onde se junta e recolher o gado para trabalhos de rotina, tais como castração, vacina, aplicação de vermífugos, desmama, marcação, separação de acordo com idade, sexo e utilização funcional (reprodutores, matrizes, garrotes etc.).

●Curraletes: Divisão interna do curral em secções. No curral ainda se encontra o brete, que é um corredor por onde os animais passam, um a um, permitindo o exame individual ou os trabalhos de vacinação e marcação, além da apartação, no momento da saída, para o curralete determinado.

●Galpão para ordenha: Embora nossa abordagem se restrinja ao gado de corte, é comum nessa atividade, o aproveitamento de certa quantidade de leite das vacas de cria (matrizes). Para isso existe o galpão para ordenha, que é um corredor, elevado (+ 70 cm) do nível do solo, com divisões internas, que permitem a ordenha de diversas vacas ao mesmo tempo. Ressalte-se que há outras formas de galpão para ordenha. Este galpão pode, em alguns casos, ser substituído pelo próprio curral ou pelo estábulo.

●Estábulo: Lugar coberto onde se recolhe o gado. Mais utilizado para ordenha, embora sem as mesmas condições higiênicas apresentadas pelo galpão.

44

Page 45: 80561990-Apostila

●Galpões: Além de abrigarem os animais, são utilizados para o arraçoamento em regime de engorda confinada; para guarda e preparo da ração; para guarda de equipamentos diversos, tais como: máquinas agrícolas, tratores, arados, roçadeiras, ferramentas, motores, bombas hidráulicas etc.

●Cerca: As cercas devem ser funcionais e econômicas. Os tipos mais comuns são: cercas de arame liso e de arame farpado.

●Cocho de sal: Composto geralmente de duas repartições, para facilitar a distribuição de sal mineral.

45

Page 46: 80561990-Apostila

8.6 - Alimentação

Alimentação no pasto (pastejo direto), através do pastoreio contínuo ou rotativo.

Através do corte e distribuição das forrageiras no estábulo ou curral.

Colhendo a forragem em capineiras evitam-se inconvenientes tais como pisoteios, com a vantagem de poder enriquecê-la e fazê-la render mais mediante emprego de adubações químicas e orgânicas

As capineiras representam uma forma de reserva para os períodos de seca e para o inverno. O excesso de capim de pastos e capineiras, bem como outras forrageiras, podem ser utilizados em silagem e em fenação.

Silagem

Constitui o método clássico de armazenamento e conservação do excesso de forragens obtido no período das águas e em culturas apropriadas.

Os silos são de alvenaria (mais dispendiosos) ou tipo trincheira (escavações no sentido do declive do terreno com bordos rampados). Neste último, a forragem é bem comprimida, para a eliminação do ar, utilizando-se técnica adequada.

Fenação

Consiste no dessecamento (desidratação) da planta; a perda do excesso de água dá-se naturalmente, pela exposição da planta cortada ao sol, ou mecanicamente.

Além das forrageiras, o gado, sobretudo aquele que depende de pastagem artificial (na pastagem natural a diversificação de forrageiras atende geralmente às exigências do organismo), necessita de aditivos à alimentação (nutrientes), tais como sal e minerais, vitaminas, hormônios, tranqüilizantes, farinha de osso etc.

Um dos problemas relativos à alimentação do gado é o fornecimento de proteína, que é suprido a baixo custo, pela uréia (complementação com proteína bruta; concentrado de nitrogênio, com base em resíduo de petróleo), no arraçoamento do gado.

8.7 - Reprodução

É um fenômeno biológico cuja finalidade é dar continuidade à multiplicação da espécie.

O estudo da genética é de suma importância para os criadores de gado em geral, pois propicia o conhecimento do mecanismo de transmissão de fatores de aprimoramento hereditário; dessa forma, consegue-se que gerações vindouras sejam de mais alta qualidade e, ainda, de melhor rendimento.

Portanto, o acasalamento de reprodutores não deve ser ao acaso, mas manipulado, planejado.

46

Page 47: 80561990-Apostila

Os métodos de reprodução, geralmente encontrados são:

a)Seleção. Efetua-se o acasalamento de bovinos previamente escolhidos dentro do plantel, tendo em vista suas características raciais, sua produtividade, as qualidades a serem perpetuadas etc. Enfim, visa à e elevação do nível qualitativo nas sucessivas gerações.

b)Consangüinidade. Consiste no acasalamento de animais de grau de parentesco muito próximo como pai-filha ou pai-neta, ou filho-mãe etc., com o objetivo de apressar o aperfeiçoamento de uma raça.

c)Cruzamento. É o método de reprodução em que intervêm animais da mesma espécie, mas de raças diferentes.

d)Outros métodos: mestiçagem, cruzamento contínuo etc.

De acordo com os métodos de reprodução têm-se:

-Gado puro: gado de raça, controlado genealogicamente por certificado de origem; há o puro de origem (PO) e o puro por cruzamento (PC).

-Gado mestiço: gado de raças misturadas (raças não definidas).

No Brasil, há diversos grupamentos raciais, tais como: Zebuína (Nelore, Gir etc.), Indubrasil, Guzerá.

8.8 - Formas de Reprodução

Através do reprodutor

A seleção de um reprodutor (touro) exige o máximo cuidado, além de um estudo acurado da parte do criador, cujo objetivo deve ser sempre adequar uma raça com bons índices de produtividade e que se assimile à região.

Na criação extensiva exige-se uma quantidade maior de touros para atender a certo número de vacas (matrizes), o que não acontece na criação intensiva, graças à inexistência de grandes distâncias a serem percorridas. Isto impede a dispersão do rebanho e facilita, assim, a procriação.

Através da inseminação artificial

Consiste na introdução mecânica do sêmen no trato genital da fêmea, durante o período do cio (período do apetite sexual e da fertilidade da fêmea).

a) Algumas vantagens da inseminação artificial

Torna acessível aos criadores a utilização de machos de elite, cuja aquisição seria inviável, em virtude dos altos preços alcançados pelos méritos genéticos, dos riscos

47

Page 48: 80561990-Apostila

que possam correr em certas regiões inóspitas, das condições climatológicas pouco favoráveis.

Permite fecundar um número de fêmeas muitas vezes maiores do que o seria pela cobertura (monta) natural.

Permite restringir os riscos da disseminação de moléstias infecciosas, especialmente as do aparelho reprodutor.

Facilita o acasalamento de animais, cuja diferença de tamanho é muito acentuada, e a utilização de touros que se tornaram incapazes de realizar a cobertura.

A fertilidade do rebanho (para macho e fêmea) constitui um dos pontos que devem merecer a atenção do criador. Dele depende o desfrute do rebanho e, conseqüentemente, a rentabilidade da exploração.

A constatação de uma fertilidade imperfeita levará o criador a descartar o animal do seu rebanho permanente, destinando-o à comercialização ou a consumo na própria fazenda.

b) Limitações da inseminação artificial

Escassez de pessoal especializado na supervisão (veterinário), elaboração, análise de dados e orientação de inseminação.

Visualização eficiente do “cio”, principalmente em grandes rebanhos.

Abastecimento periódico dos botijões com nitrogênio líquido, notadamente em propriedades mais distantes dos grandes centros possuidores de tal estrutura.

c) Anotações no ato da inseminação

É muito importante que haja um sistema de controle no ato da inseminação, cujas anotações deverão ser feitas em fichas individuais, ou por lotes de manejo, ou por dia de serviço. Deverão constar de tais fichas:

Identificação da matriz (número do animal, ou brinco, ou data)

Identificação do reprodutor, data e hora da cobertura, idade aproximada da matriz, raça, data para o primeiro diagnóstico de gestação, época provável do parto, número de piquete onde se localiza etc.

Registro genealógico de produtos de inseminação artificial.

É necessário que os criadores interessados no registro genealógico, que possuem rebanho P.O. (puro de origem) e P.C. (puro por cruzamento) e que adotam o processo de inseminação artificial, obtenham o certificado de compra de sêmen, emitido pela associação específica.

48

Page 49: 80561990-Apostila

Tal certificado permite não só o controle do sêmen de determinado touro, utilizado em inseminação artificial, como também o controle do serviço de inseminação de cada produtor associado.

8.9 Divisão do Rebanho em Categorias

A divisão dos bovinos em grupos obedece aos seguintes critérios: finalidade, sexo, idade e peso.

A separação dos bovinos de acordo com a sua categoria constitui um bom indicador do nível de manejo do gado (registro de cobertura, nascimento, vacinação etc.), permitindo um eficiente controle da pastagem.

Classificação por Idade

a) Bezerro

Ao recém-nascido da vaca denomina-se bezerro (a), que pertencerá a esta classificação normalmente até o desmame.

Etapas de manejo do bezerro

O desmame é uma operação de manejo que tem a finalidade de beneficiar a matriz; procura-se, contudo, não prejudicar o bezerro (desmamar precocemente).

A descorna geralmente é efetuada com a idade de 10 a 15 dias, usando-se ferro quente ou produtos químicos.

A pesagem é recomendável assim que os animais nascem e por ocasião da desmama. É uma informação útil para certos sistemas de avaliação contábil e para controle.

A marcação dos animais obedece às seguintes finalidades: marca da fazenda, identificação do animal e vacinação. Outras marcações poderão ser feitas relativamente ao número de ordem ou registro do animal, correspondente ao controle da fazenda, para efeito de seleção, controle de fertilidade ou para registro genealógico.

Castração. Recomenda-se que a castração seja feita “a faca”, no final da estação de nascimento, englobando animais desde poucos dias até quatro meses de idade. Se houver algum interesse na manutenção do bezerro para touro, não deverão ser cortados os seus órgãos reprodutores.

Para fins contábeis, considera-se bezerro de zero a 12 meses de idade, mesmo que o desmame não ocorra no 12o mês. Pode-se, para aperfeiçoar o processo de avaliação, dividir esta categoria em bezerro de zero a 6 meses e bezerro de 7 a 12 meses.

49

Page 50: 80561990-Apostila

Por ocasião do desmame, geralmente o até então bezerro passa a ser denominado novilho, e a bezerra, novilha.

b) Novilha

Para fins contábeis, faz-se uma distinção entre as novilhas de 13 a 24 meses e as novilhas de 25 a 36 meses, sendo que nesta última divisão se encontram também novilhas em experimentação para matriz. Pode-se, de acordo com a necessidade, estabelecer uma terceira de divisão de 37 a 48 meses e assim por diante. Como na categoria de bezerros, para uma avaliação do rebanho mais perfeita, poder-se-ia também distribuí-las em faixas etárias semestrais.

c) Vaca (Matriz)

Após a primeira parição, a novilha passa para a categoria de vaca (fêmea adulta já parida) ou matriz. Assim, a novilha em experimentação, se apresentar bom desempenho, passará a categoria de matriz.

d) Novilho

Estágio do desmame ao abate.

O abate deve ocorrer quando o ganho de peso não for mais compensatório em relação ao custo da manutenção do novilho. Este ponto ótimo de venda varia consideravelmente em relação à região, à raça, à tecnologia empregada etc. geralmente, a idade de abate varia entre dois e cinco anos, tendo como principal variável a suplementação alimentar, sobretudo no período de escassez.

A obtenção de altos ganhos no período de escassez pressupõe a necessidade de altos investimentos em pastagens cultivadas, em silos, em capineiras e, neste caso, muitos produtores não dispõem de recursos e/ou não estão dispostos a realizar grandes investimentos numa atividade que, para alguns, apresenta perspectivas pouco definidas.

A falta de controle e de um planejamento mais acurado por parte do pecuarista, de maneira geral, é fator preponderante, no sentido de que dificulta o investimento em suplementação alimentar. Por exemplo, poucos pecuaristas sabem responder qual é o ganho médio diário de peso do novilho, na escassez, decorrente da suplementação. Dessa forma, torna-se difícil observar a viabilidade do investimento.

A falta de investimento básico, aliada às condições de clima e solo, estado sanitário e nível zootécnico do rebanho, propiciam ao Brasil uma baixa “taxa de desfrute do rebanho” (evidencia a produtividade do rebanho, exprimindo sua capacidade de gerar excedente para o rebanho).

Há países que, com rebanhos menores que o do Brasil, conseguem abater elevado número de bovinos, beneficiando-se de alto desfrute, graças ao sistema intensivo de exploração e à tecnologia aplicada.

50

Page 51: 80561990-Apostila

O novilho, manso, não utilizado para corte, que se presta para serviços agrícolas, denomina-se boi.

Para fins contábeis, faremos uma distinção entre novilhos de 13 a 24 meses de novilhos de 25 a 36 meses, sendo que nesta última divisão se encontra também o gado não castrado, em experimentação para touro. Pode-se, de acordo com a necessidade, estabelecer uma terceira divisão, de 37 a 48 meses e assim por diante. A divisão por idade semestral também poderia ocorrer com vantagens para esta categoria.

e) Boi

Bovino adulto, castrado e manso; pode ser empregado nos serviços agrícolas. A emasculação impede o desenvolvimento das características do touro.

f) Garrote (ou Tourinho)

Macho inteiro (não castrado) desde a desmama até a entrada na reprodução.

Para fins contábeis, deixa-se o garrote no grupo de novilhos até mais ou menos 24 meses, para daí classificá-lo no grupo garrotes (tourinhos) em “experimentação”. Nada impede, todavia, distribuições semestrais de idade ou a distinção de garrote imediatamente a categoria de bezerro.

g) Touro

A idade para início do trabalho (garrote passa para a categoria de touro) deve ser em torno de dois a três anos e recomenda-se que a permanência no rebanho não ultrapasse a faixa de três a quatro anos. Um reprodutor, trabalhando a campo, começa a declinar no seu desempenho a partir de cinco a seis anos de idade; portanto, neste ponto, deve ser substituído, para não prejudicar o desempenho reprodutivo do rebanho. Acrescenta-se que a permanência por tempo superior pode acarretar problemas de consangüinidade, já que um reprodutor utilizado por mais de três anos no rebanho já terá filhas em idade de reprodução.

O touro descartado do rebanho pode servir a duas finalidades:

Se seu sêmen tiver elevado grau de fertilidade (desconsiderando-se o problema de consangüinidade), poder-se-á utilizá-lo para inseminação artificial.

Ser castrado e engordado, para ser aproveitado para consumo. Neste caso, são denominados marruco ou touruno.

Para fins contábeis, considera-se que o Garrote, de 25 a 36 meses, em experimentação, apresentando bom desempenho, passará para a categoria de Touro.

51

Page 52: 80561990-Apostila

8.10 - Seleção para Gado de Corte

A seleção para gado de corte consiste em decidir sobre os animais (reprodutores e fêmeas) que serão incorporados ao plantel reprodutivo, por quanto tempo permanecerão no rebanho e quantas são as oportunidades que terão de deixar descendentes.

Os caracteres que devem ser levados em conta nos programas de seleção para gado de corte são os seguintes:

Fertilidade Habilidade materna Taxa de crescimento até o ponto de abate Eficiência alimentar Rendimento de carcaça

A taxa de crescimento é medida pelos ganhos de peso em confinamento ou no pasto (é o caráter que deve receber maior ênfase em qualquer programa de seleção). Tanto reprodutores como matrizes devem ser bons ganhadores de peso; primeiro, porque ganho de peso apresenta alta correlação com eficiência alimentar; segundo, porque a comercialização é por peso. A taxa de crescimento é uma característica altamente herdável; por isso pode ser rapidamente melhorada pela seleção.

Sanidade

Um dos fatores mais importantes para o sucesso da exploração pecuária é a assistência higiênico-sanitária, que progrediu sensivelmente nos últimos tempos com a vacinação sistemática contra diversas moléstias, tais como: febre aftosa, brucelose, raiva, carbúnculo sintomático etc.

Comercialização do Bovino de Corte

Basicamente, a pecuária tem por finalidade a produção de carne, leite e de subprodutos. Atualmente, vem-se desenvolvendo a largos passos no Brasil a criação de gado, para atender ao mercado de reprodutores, uma vez que, do ponto de vista econômico, é igualmente interessante às finalidades citadas.

O mercado de reprodutores visa a selecionar o puro-sangue, ou mesmo o puro-cruzado, no sentido de melhorar a qualidade dos rebanhos nativos. Dessa forma, o reprodutor terá valor superior ao que teria no corte.

Transporte de gado

Dada a distância dos rebanhos dos grandes centros de consumo, os meios de transporte têm sido preocupação constante para o escoamento e a comercialização da produção pecuária.

A locomoção do gado bovino, inicialmente, na maioria das vezes era feita através de longas caminhadas do próprio rebanho, que percorria quilômetros e quilômetros de

52

Page 53: 80561990-Apostila

distância; dentro dos sistemas de transportes existentes, tal locomoção pode ser por via ferroviária (mais econômico), rodoviária e fluvial, cada uma com vantagens e desvantagens peculiares.

Em qualquer meio de transporte, o gado de corte sofre depreciação, ao ser deslocado, tais como: perda de peso, perda por lesões ou mesmo perda por morte.

Encontra-se ainda a necessidade de evolução no transporte de bovinos, bem como de uma estrutura mais adequada do sistema securitário com o objetivo de cobrir toda e qualquer perda.

Entrepostos

Muito comuns nos países mais adiantados na produção de bovinos, sobretudo nos Estados Unidos, praticamente inexistem no Brasil.

São mercados públicos para o comércio de animais de corte, localizados em pontos estratégicos, onde há extraordinária facilidade de comercialização do gado vivo, o que propicia maiorias oportunidades, principalmente para os pequenos criadores, que dificilmente são visitados pelos grandes compradores.

Os entrepostos servem, portanto, como ponto de parada para descanso e alimentação do gado, além de desempenhar o papel do mercado ou bolsa, facilitando e estimulando sobremaneira o pequeno pecuarista.

Safra e Entressafra

No período de julho a dezembro (seca), há uma tendência de aumento de preço da carne, quando o rebanho deixa de ganhar peso dada a forte escassez de forragem, onerando-se com isso os custos de produção do gado (entressafra).

Nos meses de maior comercialização do produto, de janeiro a julho, os preços tendem a baixar (período das águas), atingindo geralmente o mínimo em junho, mês em que há maior disponibilidade de novilho gordo (safra).

O período da safra e da entressafra pode variar de acordo com as chuvas.

8.11 - Avaliação da carne

Os fatores determinantes que orientam o preço oferecido aos produtores são:

o Classe e padrão dos animaiso Qualidade da carcaçao Peso vivoo Conteúdo da carneo Rendimento após limpezao Custo de operação o Valor corrente da carne dos subprodutos

53

Page 54: 80561990-Apostila

Resumindo, o objetivo do pecuarista não se restringe simplesmente a atingir o crescimento e o ganho de peso rápido de um animal, ou a determinar a qualidade, o padrão desejável para comercializá-lo, mas deve também ser objetivo seu – e aqui dá-se total ênfase – detectar o momento certo da venda, conciliando as variáveis preço, peso e custo no sentido de maximizar seu lucro.

8.12 - Alguns Índices de Desempenho do Rebanho

Taxa de natalidade :

produçãoemMatrizes

nascidosBezerros=

⇒ Relaciona-se o número de bezerros nascidos num período por matrizes em produção.

⇒ O bom manejo do rebanho pode melhorar esta taxa, atingindo 70 a 75%.

Taxa de mortalidade:

rebanhodoAnimais

animaldePerdas=

⇒ Relaciona-se o número de animais mortos por acidentes e doenças com o número de cabeças do plantel.

Taxa de desfrute :

rebanhodoanimaisdeNúmero

abatidascabeçasdeNúmero=

⇒ Evidencia a produtividade do rebanho, exprimindo sua capacidade de gerar excedente para o abate. >25% para países situados no hemisfério sul.

Produtividade das pastagens :

pastodeHectares

pastonocabeçasdeNúmero=

⇒ Expressa a qualidade da pastagem. Por volta de 1,249 cabeça por hectare.

Idade e peso médio dos animais vendidos

⇒ Evidentemente, quanto maior o peso e quanto menor a idade do animal vendido para abate, maior será a produtividade da empresa.

54

Page 55: 80561990-Apostila

Relação vaca/touro:

rebanhonotourosdeNúmero

rebanhonovacasdeNúmero=

⇒ É importante relacionar o número de reprodutores às matrizes.

Relação quantidade de alimento/ganho peso

⇒ Para rebanhos confinados, podem-se calcular quantos kg de alimento são necessários para que o gado engorde 1 kg.

Relação Produção de carne/área ocupada pelo rebanho

)(

)(Pr

harebanhopeloocupadaÁrea

adacomecializkganonocarnedeodução=

⇒ Este índice está em função do ganho de peso obtido no ano referente ao animal comercializado em relação à disponibilidade e qualidade da alimentação além do manejo exercido pela fazenda.

Taxa de crescimento do rebanho:

anodoinícionocabeçasden

anodofinalnocabeçasn

.

.=

Identifica o aumento anual do rebanho.

55

Page 56: 80561990-Apostila

9 - CONTABILIDADE DA PECUÁRIA

Basicamente, no Brasil, em termos de Contabilidade da Pecuária, há dois tipos de

avaliaçăo do estoque vivo (plantel): valores de custo e valores de mercado.

O objetivo básico é a interpretaçăo e a análise desses dois tipos de avaliaçăo que

podem até ser tratado como duas modalidades contábeis. daremos a qualidade dos

Relatórios Contábeis quando elaborados segundo metodologia ou outra, os efeitos

na política de dividendos e no Imposto de Renda. Enfim, com base na Teoria

Contábil e na legislaçăo brasileira, serăo tratados dois métodos e apresentados,

através de exemplos, seus efeitos fiscais e gerenciais.

Existem tręs fases distintas, na atividade pecuária de corte, pelas quais o animal que

se destina ao abate:

a) Cria: a atividade básica é a produçăo de bezerros que só serăo vendidos após o

desmame. Normalmente, a matriz (de boa fertilidade) produz um bezerro por ano.

b) Recria: a atividade básica é, a partir do bezerro adquirido, a produçăo venda do

novilho magro para a engorda.

c) Engorda: a atividade básica é, a partir do novilho magro produçăo e a venda do

novilho gordo.

A partir da identificaçăo dessas fases, faz-se a classificaçăo patrimonial desses bens

conforme abaixo:

O gado que será comercializado pela empresa, em forma de bezerro, novilho magro

ou novilho gordo, deverá ser classificado no estoque. Os gados destinados ŕ

procriaçăo ou ao trabalho, que năo será vendido (reprodutor-touro ou matriz-vaca),

será classificado no Ativo Permanente Imobilizado.

O Fisco, através do Parecer Normativo nş 57/76, indica a seguinte classificaçăo,

segunda a sua destinaçăo:

9.1 - Ativo Permanente

Imobilizado

• Gado reprodutor: representado por touros puros de origem, touros

puros de cruza, vacas puras de cruza, vacas puras de origem e plantel destinado ŕ

inseminaçăo artificial.

56

Page 57: 80561990-Apostila

• Gado de renda: representado por bovinos, suínos, ovinos e eqüinos que a

empresa explora para a reproduçăo de bens que constituem objeto de suas

atividades.

• Animais de trabalho: compreendem eqüinos, bovinos, muares, asininos

destinados a trabalho agrícola, sela e transporte.

9.2 - Ativo Circulante:

compreende aves, gado bovinos, suínos, ovinos, caprinos, coelhos, peixes e

pequenos animais destinados ŕ revenda, ou a serem consumidos.

Comumente, muitas fazendas destinam parte do rebanho em formaçăo para a

reproduçăo. Normalmente, numa atividade bovina de corte, as fęmeas e, ŕs vezes,

alguns machos săo separados para a reproduçăo.

Todavia, a decisăo de incorporar ao plantel permanente parcela do rebanho nascida

na própria fazenda (ou mesmo adquirida), com a finalidade de reproduçăo, só é

possível quando o gado demonstrar qualidade para tal: fertilidade, ardor sexual,

carcaça, peso etc.

Dessa forma, recomenda-se classificar todo o nascido na fazenda como Estoque

(Ativo Circulante). Somente quando houver certeza de que o animal tem habilidade

para a procriaçăo ele será transferido para o Ativo Permanente — Imobilizado.

Caso contrário, em termos contábeis, é complexo contabilizar o recém-nascido como

Permanente, pois muitos năo atenderiam aos requisitos necessários a reproduçăo,

só identificáveis no estado adulto, sendo reclassificados, portanto no Ativo Circulante

para serem vendidos.

Além dos problemas normais, como depreciaçăo, baixas de Ativo Imobilizado săo

encontrados problemas com o Fisco em relaçăo á transferęncia do Permanente para

o Circulante, uma vez que é vedada tal reclassificaçăo (Parecer Normativo CST nş

3/80).

Para evitar o trânsito constante entre Permanente e Circulante, portanto aconselha-

se manter no Ativo Circulante, até o período da experimentaçăo, o plantel destinado

á reproduçăo. Constando-se habilidade reprodutiva, aí sim classifica-se,

definitivamente, no Permanente — subgrupo Imobilizado. Caso contrário deve

permanecer em estoque até o momento da venda.

57

Page 58: 80561990-Apostila

O próprio Fisco corrobora com este argumento quando no Parecer Normativo nºş

57/76, já citado, diz que “no Ativo Imobilizado serăo classificados o Gado Reprodutor

representado por touros, vacas, e plantel destinado á inseminaçăo artificial”, năo

obrigando contabilizar no Imobilizado os bezerros.

Na transferęncia do Circulante para o Permanente, se o plantel estiver avaliado a

preço de custo, as vezes é necessário fazer reavaliaçăo desde o nascimento do

bezerro até o momento da transferęncia.

9.3 - Definiçăo de Curto e Longo Prazos na Pecuária

Uma pergunta pode surgir neste momento: por que os estoques em formaçăo, com

ciclo operacional elevado, normalmente ultrapassando tręs anos, năo săo

classificados no Realizável a Longo Prazo?

Conforme a Lei das Sociedades por Açőes, classificam-se no Ativo Circulante as

disponibilidades, os direitos realizáveis no curso do exercício social subseqüente as

aplicaçőes de recursos em despesas do exercício seguinte. Entende-se, dessa

forma que todos os bens e direitos realizáveis a curto prazo serăo classificados no

Ativo Circulante.

Todavia, a mesma lei dispőe que, na empresa em que o ciclo operacional tiver

duraçăo maior que o exercício social (um ano), a classificaçăo no Circulante ou

Realizável a Longo Prazo terá por base o prazo desse ciclo.

Portanto, o curto prazo para a pecuária será igual ao seu ciclo operacional, média

tręs a quatro anos. Dessa forma, os estoques constarăo no Ativo Circulante e năo no

Realizável a Longo Prazo. Ressalte-se que a regra é a mesma para o Passivo

Exigível.

9.4 - Variaçăo Patrimonial Líquida

A expressăo variaçăo patrimonial significa mudança de valor no patrimônio da

empresa pela alteraçăo de um ou mais itens patrimoniais.

Essa variaçăo decorre em virtude da mudança de valores de itens patrimoniais da

empresa, que representam uma variaçăo econômica e năo financeira, por quanto

năo houve entrada ou saída de dinheiro.

58

Page 59: 80561990-Apostila

Na verdade, todas as empresas evidenciam a variaçăo de valores: năo há dúvida de

que o estoque de uma empresa industrial e comercial constantemente aumenta de

valor.

Ressalte-se, todavia, que os acréscimos de valor nos estoques das empresas

industriais e comerciais, com raras exceçőes, variam proporcionalmente á inflaçăo,

năo representando propriamente um ganho real. Além disso, mesmo que variassem

acima da inflaçăo, deve-se considerar que a rotaçăo média (giro) do estoque é

bastante rápida, evitando que o ganho econômico permaneça oculto no Ativo por

muito tempo.

9.5 - Na Pecuária

Nas empresas pecuárias essas variaçőes săo intensas. Normalmente, o plantel em

estoque varia de preço acima da inflaçăo, uma vez que o gado, pelo seu

crescimento natural, ganha peso e envergadura com o passar do tempo. Dessa

forma, o Ativo é acrescido de valor econômico real.

Se isso năo bastasse, observa-se que o giro do estoque na pecuária é bastante em

alguns casos, espera-se até quatro anos para se vender o estoque. Dessa maneira,

para melhor informar os usuários da contabilidade, é fundamental o reconhecimento

da variaçăo patrimonial.

A variaçăo patrimonial, no entanto, năo representa exclusivamente ganho

econômico; podem ocorrer também, para se apurar a Variaçăo Patrimonial Líquida,

reduçőes ou perdas que serăo subtraídas daquele ganho.

Por um lado, um nascimento de um bezerro representará acréscimo patrimonial,

ganho econômico; por outro lado, a morte de um bezerro, ou novilho, ou qualquer

outro animal significa reduçăo (perda) do patrimônio, devendo ser subtraída dos

ganhos para se apurar o valor líquido.

9.6 - Superveniências Ativas X Insubsistęncias Ativas

Supervenięncias Ativas: significam acréscimos, ganhos em relaçăo ao Ativo da

empresa. Săo os acréscimos que ocorrem em virtude de nascimento de animais e

ganhos que ocorrem do crescimento natural do gado. Săo as variaçőes patrimoniais

positivas.

59

Page 60: 80561990-Apostila

Insubsistęncias Ativas: significam reduçőes do Ativo da empresa causadas por

perdas, fatos anormais, fortuitos e imprevistos. E o caso típico de mortes,

desaparecimentos de animais do rebanho etc. Săo as variaçőes patrimoniais

negativas, ou seja, as diminuiçőes reais do ativo.

9.7- Cálculo do Custo do Bezerro

1) Custo Médio do Rebanho

A técnica utilizada é a divisão do “Custo do Rebanho” pelo plantel em estoque mais os bezerros nascidos no mês. A partir desse valor, apropriam-se os Custos Médios pelo rebanho destinado ao corte.

Exemplo:A Fazenda Nacionalista Ltda., recém constituída, adquire, no início do ano X1, 100 matrize4s por $ 1.000 cada uma e cinco touros por $ 2.000 cada um, para desenvolver atividade bovina de corte (cria-recria-engorda); as fêmeas produzidas na fazenda seriam, no terceiro ano, incorporadas ao permanente, após um período de experimentação.

BALANÇO PATRIMONIAL (INICIAL) 01.01.x1 Depreciação

Gado Reprodutor.... 8 anos Ativo Gado Matriz ........... 10 anos Circulante Permanente Imobilizado Reprodutores ................... 10.000 Matrizes ........................... 100.000 Total ............................. .. 110.000

Diversos aspectos devem ser levados em conta na previsão de vida útil de gado reprodutor, como por exemplo, a raça, as condições de vida do animal (clima, distância a percorrer, etc) e outros. Em cada caso, deve prevalecer o parecer técnico do veterinário.

Durante o ano de X1:

nasceram 80 bezerros, sendo 40 machos e 40 fêmeas; o custo com o rebanho do período foi de $ 36.000, incluindo manutenção do rebanho de reprodução e depreciação, exaustão da pastagem e conservação de salários de pessoal da fazenda, com veterinários, medicamentos, sal e rações (custo do rebanho em formação e outros custos da fazenda). Nesse caso, o leite produzido pela matriz foi tratada como recuperação do custo, reduzindo o total do custo do rebanho;

60

Page 61: 80561990-Apostila

Rateio do custo do rebanho em formação

36.000 = $ 450 (custo unitário) 80Assim:

40 bezerros de 0 a 12 meses * $ 450 cada um = $ 18.00040 bezerras de 0 a 12 meses * $ 450 cada uma = $ 18.000

Total $ 36.000

Balanço Patrimonial

Ativo 01.01.x1 31.12.x1

Circulante Estoques

Bezerros de 0 a 12 meses 18.000 Bezerras de 0 a 12 meses 18.000

36.000

Permanente Imobilizado Reprodutores 10.000 10.000 (-) Depreciação (1.250) Matrizes 100.000 100.000 (-) Depreciação (10.000)

110.000 98.750

TOTAL (Estoque + Reprodutores) 110.000 134.750

Durante o ano X2:

nasceram novamente 80 bezerros: 40 machos e 40 fêmeas (taxa de natalidade de 80%). o custo do rebanho em formação foi de $ 120.000.

Rateio do custo do rebanho em formação:

120.000 = $ 750 (custo unitário) 160

61

Page 62: 80561990-Apostila

Assim:

80 cabeças de X1 36.000 + (80 * 750) = $ 96.00080 cabeças de X2 [bezerros(as)] (80 * 750) = $ 60.000

Total $ 156.000

Em 19x2 passam para a categoria de novilho(as)

A adequação de atribuição de certos custos, como depreciação e manutenção dos reprodutores, a todo o rebanho (inclusive aos novilhos), em vez de somente aos bezerros nascidos no ano.

Porque não separar os custos de manutenção dos touros e matrizes para os bezerros e os custos de manutenção do rebanho em crescimento para os novilhos?

Balanço Patrimonial

Ativo 01.01.x1 31.12.x1 31.12.x2

Circulante Estoques

Bezerros de 0 a 12 meses 18.000 30.000 Bezerras de 0 a 12 meses 18.000 30.000 Novilhos de 13 a 24 meses 48.000 Novilhas de 13 a 24 meses 48.000

36.000 156.000

Permanente Imobilizado Reprodutores 10.000 10.000 10.000 (-) Depreciação (1.250) (2.500) Matrizes 100.000 100.000 100.000 (-) Depreciação (10.000) (20.000)

110.000 98.750 87.500

TOTAL (Estoque + Reprodutores) 110.000 134.750 243.500

Durante o ano X3:

nasceram 80 bezerros: 40 machos e 40 fêmeas. morreram 10 bezerros, no início de 19x3, referentes ao lote de bezerros de 0 a 12 meses. o custo do rebanho em formação foi de $ 276.000.

62

Page 63: 80561990-Apostila

Rateio do custo do rebanho em formação:

Custo anual $ 276.000 N. de cabeças que receberão custos: 80 cabeças nascidas em X1------------------------------------------------- 80 cabeças nascidas em X2(10) mortes em 19x3 (bezerros do rebanho de 19X2, portanto tem um custo de $ 750 cada um) 70--------------------------------------------------- 80 cabeças nascidas em X3230 cabeças – Total

276.000 = $ 1.200 por cabeça 230

Assim:

80 nascidos * $ 1.200 = 96.00070 (19X2) * $ 1.200 = 84.00080 (19X1) * $ 1.200 = 96.000 Total 276.000

BALANÇO PATRIMONIAL

ATIVO 01-01-X1 31-12-X1 31-12-X2 31-12-X3

Circulante

Estoques

Bezerros de 0 a 12 meses 18.000 30.000 48.000

Bezerras de 0 a 12 meses 18.000 30.000 48.000

Novilhos de 13 a 24 meses 48.000 58.500

Novilhas de 13 a 24 meses 48.000 78.000

Novilhos de 25 a 36 meses 96.000

Novilhas em experimentação 96.000

- 36.000 156.000 424.500

Permanente

Imobilizado

Reprodutores 10.000 10.000 10.000 10.000

(-) Depreciação Acumulada (1.250) (2.500) (3.750)

Matrizes 100.000 100.000 100.000 100.000

(-) Depreciação Acumulada (10.000) (20.000) (30.000)

110.000 98.750 87.500 76.250

TOTAL DO PLANTEL 110.000 134.750 243.500 500.750

63

Page 64: 80561990-Apostila

CONTABILIZAÇÃO

ITENS DE CUSTOS CONTAS DE ESTOQUES

Salários de Vaqueiros xxxxx

Sal, Rações etc. xxxxx

Exaustão de Pastagens Bezerros de 0 a 12 meses xxxx 18.000

Depreciação de Reprod./ Custo do Rebanho / Matrizes em Formação xxxxx 36.000

Manutenção: Cerca/ Bezerras de 0 a 12 meses / Inst./Pastos xxxxx 18.000

Assistência Veterinária xxxxx

Outros gastos – fazenda etc. Xxxx

64

Page 65: 80561990-Apostila

CONTABILIZAÇÃO

ITENS DE CUSTOS CONTAS DE ESTOQUES

Salários xxxxx

Encargos Novilhos de 13 a 24 meses Xxxxx 18.000

30.000

48.000

Exaustão de Pastagens Bezerros de 0 a 12 meses xxxx 18.000 18.000

30.000

Depreciação de Reprod./ Custo do Rebanho / Matrizes em Formação xxxxx 120.000

Depreciação Inst. Bezerras de 0 a 12 meses Pecuários xxxxx 18.000 18.000

30.000

xxxxxxxxxxxxxxxxx Novilhas de 13 a 24 meses xxxxx 18.000

30.000

48.000

Outros gastos – fazenda etc. Xxxx

65

Page 66: 80561990-Apostila

CONTABILIZAÇÃO

ITENS DE CUSTOS CONTAS DE ESTOQUES

Salários Novilhos de 25 a 36 meses Xxxxx 48.000

48.000

96.000

Encargos Novilhos de 13 a 24 meses Xxxxx 48.000 48.000

22.500 36.000

58.500

Exaustão de Pastagens Bezerros de 0 a 12 meses xxxx 30.000 30.000

48.000

Depreciação de Reprod./ Custo do Rebanho Perdas p/ Morte / Matrizes em Formação xxxxx 276.000 7.500

Depreciação Inst. Bezerras de 0 a 12 meses Pecuários xxxxx 30.000 30.000

48.000

xxxxxxxxxxxxxxxxx Novilhas de 13 a 24 meses xxxxx 48.000 48.000

30.00048.000

78.000

Outros gastos – fazenda etc. Novilhas em experimentação

Xxxx 48.00048.000

96.000

66

Page 67: 80561990-Apostila

Novilhos de 25 a 36 meses

96.000 96.000

58.500 90.000

148.500

Novilhos de 13 a 24 meses

58.500 58.500

48.000 120.000

168.000

Bezerros de 0 a 12 meses Custo do rebanho Demonstração dos Resultados em formação 48.000 48.000 do Exercício750.000

150.000 Custo do gado vendido 96.000

24.000 Bezerras de 0 a 12 meses

120.000 48.000 48.000

150.000

Novilhas de 13 a 24 meses ATIVO

78.000 78.000 (Permanente)

48.000 Matrizes 120.000

xxxxx 168.000

72.000 Novilhas em experimentação

96.000 96.000

78.000 120.000

198.000

67

Page 68: 80561990-Apostila

9.8 - Custo Médio dos Reprodutores

Divide-se o “Custo do Rebanho” por todo o plantel (Estoque mais Imobilizado) menos os bezerros nascidos no período. O resultado obtido (custo de manutenção por cabeça) é multiplicado pelas cabeças do Imobilizado e esse valor é atribuído aos bezerros nascidos. Dessa forma, acha-se o custo por bezerro nascido. O custo de manutenção por cabeça também é distribuído pelo rebanho em rebanho em estoque.

Exemplo:Suponha que a empresa Agropecuária ABC S/A efetue a apropriação dos custos do rebanho em 31-12-19x6 e disponha naquela data dos seguintes dados:- Custo total com o rebanho: $ 1.900.000.- Rebanho:

Ativo CirculanteBezerros ...................................... 50Bezerras ...................................... 48Novilhos........................................ 412Novilhas ....................................... 390

900 cabeçasNascidos no exercício anterior:Ativo Permanente (Imobilizado)Reprodutores ................................ 50Matrizes ....................................... 950

1.000 cabeçasNascimentos:Bezerros ...................................... 200Bezerras ...................................... 200Total do Rebanho .......................... 2.300 cabeças

Determinar o CUMR (Custo Unitário de Manutenção do Rebanho)

CUMR = Custo total do rebanho Rebanho – Nascimentos

CUMR = 1.900.000 = 1.000 / cabeça 2.300 - 400

Determinar o custo total com as matrizes e reprodutores ou custo total dos nascimentos:

Custo total dos nascimentos = CUMR X (Nº de matrizes + reprodutores)

Custo total dos nascimentos = 1.000 x 1.000 = 1.000.000

Determinar o custo unitário dos nascimentos:

Custo unitário dos nascimentos = Custo total dos nascimentos nº de nascimentos

Custo unitário dos nascimentos = 1.000.000 = 2.500 / cabeça 400

68

Page 69: 80561990-Apostila

Ativo Circulantecabeças unitário total

Novilhos........................................ 412 1.000 412.000 Novilhas ....................................... 390 1.000 390.000 Bezerros – existentes .................... 50 1.000 50.000 Bezerras – existentes .................... 48 1.000 48.000 Bezerros – nascidos ...................... 200 2.500 500.000 Bezerras – nascidos ....................... 200 2.500 500.000 Total dos custos apropriados ..................................................... 1.900.000

Custo Específico

Apuram-se todos os custos referentes ao Imobilizado e apropriam-se aos bezerros. Os demais custos seriam distribuídos proporcionalmente ao rebanho em estoque.

Seria a forma mais específica de custos, segundo a qual transferir-se-ia para o bezerro nascido todo o custo da matriz: depreciação, alimentação (incluindo a exaustão da pastagem), cuidados veterinários, mão-de-obra etc.

Da mesma forma far-se-ia com o touro. Neste caso, haveria necessidade de estimar quantos bezerros o touro pode gerar no ano (relação vaca/touro), para distribuir os custos proporcionais por bezerro.

O único problema é determinar o custo específico.

69

Page 70: 80561990-Apostila

9.9 - Custo Corrigido Considerando os Bezerros ao Nascer

Mensalmente apurar-se todos os custos diretor ao rebanho, tais como: alimentação do gado, suplementação, mão de obra, encargos sociais, depreciação do rebanho permanente, exaustão das pastagens, manutenção das pastagens, despesas com veterinários, transportes e fretes, etc.Em seguida, faz-se um levantamento do número de cabeças existentes no rebanho, seja gado de corte ou gado de reprodução (Ativo Circulante + Ativo Permanente).Divide-se o custo do mês pelo número de animais, apurando-se o custo médio mensal por cabeça. A seguir, dá-se um tratamento diferenciado ao gado Circulante e do Permanente.

Ativo Circulante – corrige-se monetariamente o estoque até essa data: acumula-se o custo, corrigindo-se o custo médio mensal por cabeça e atualizando-se o valor do rebanho ao preço do custo histórico corrigido.

Ativo Permanente: evidentemente, os animais de reprodução não receberão custos. Observe que, por se tratar de itens do Permanente, pela contabilidade no Brasil, esse rebanho estava corrigido monetariamente. Sugere-se a continuidade da correção para fins gerenciais.

O custo médio mensal do rebanho de reprodução será transferido ao seu produto final, ou seja, aos bezerros, os quais equivalem ao estoque numa empresa industrial.

Na verdade, assim como na indústria, há dois tipos de estoques: acabado e em formação. (Na pecuária, pode-se denominar o estoque acabado como o bezerro nascido, que se desenvolverá de forma independente dos seus pais; como estoque em formação, tem-se o bezerro no ventre de sua mãe )observe que ele já absorve custo: manutenção das vacas grávidas).

Desta forma, no rateio do custo médio mensal dos bezerros, devem-se considerar os nascidos no mês e aqueles a nascer. Os nascidos receberiam custos proporcionais e passariam a fazer parte do Ativo Circulante com avaliação. Os a nascer receberiam “custos a ratear” ou a apropriar. Esse custo, a ser distribuído, comporia uma conta também no Ativo Circulante.

Page 71: 80561990-Apostila

Exemplo:Admita que uma fazenda apresente o seguinte rebanho em 31-12-X4:

ATIVO CIRCULANTE N. DE CABEÇAS EM $ 1.000

Novilhos (as) de 2 a 3 anos 500 30.000 Novilhos (as) de 1 a 2 anos 900 35.100 Bezerros (as) de 0 a 1 ano 1.500 49.000 Bezerros (as) a nascer (custo a apropriar) -- 25.640

2.900 139.740

ATIVO PERMANENTE Imobilizado Touro 600 34.600 Matrizes 6.000 219.800

6.600 254.400 Total Geral 9.500 394.140

Admita-se que os nascimentos sejam distribuídos durante o ano, o que prejudica sensivelmente este exemplo. O ideal seria que houvesse estação de monta planejada e, consequentemente, os nascimentos se concentrassem em determinado período do ano.

Em janeiro de 19X5 foram constatados os seguintes dados:

Inflação do mês (variação do IGPM) : 5% Custo de manutenção do rebanho no mês de janeiro: $ 10.260.000 Bezerros nascidos no mês: 404 Custo médio mensal por cabeça: 10.260.000 = $ 1.080 9.500 cabeças

Custo relativo a estoque: 2.900 x $ 1.080 = 3.132.000

Custo relativo ao permanente: 6.600 x 1.080 = 7.128.0009.500 10.260.000

Distribuição do custo para o estoque: cabeças unitário Total

Novilhos 2/3 ................................... 500 1.080 540.000 Novilhos 1/2 ................................... 900 1.080 972.000 Bezerros 0/1................................... 1.500 1.080 1.620.000

3.240 3.132.000

71

Page 72: 80561990-Apostila

INVENTÁRIO DAS VACAS GRÁVIDAS EQUIVALENTE DE PRODUÇÃOTempo de gravidez N. de matrizes Multiplicador Unidade Equivalente

1 mês incompleto 420 x 1/9 46,67 2 meses incompletos 395 x 2/9 87,78 3 meses incompletos 390 x 3/9 130,00 4 meses incompletos 420 x 4/9 186,67 5 meses incompletos 400 x 5/9 222,22 6 meses incompletos 380 x 6/9 253,33 7 meses incompletos 410 x 7/9 318,89 8 meses incompletos 405 x 8/9 360,00 9 meses incompletos 380 x 9/9 380,00

Total 3.600 1.985,56

Vacas não grávidas 2.400

Bezerros a nascer = 3.600 (que correspondem a 1.986 unidades inteiras)

Unidades inteiras nascidas = 404Unidades a nascer = 1.986Unidades inteiras = 2.390

Custo do bezerro = Custo médio mensal + custo a apropriar corrigido Unidades inteiras

Custo do bezerro = 7.128.000 + 25.640.000 X 1,05 = 14.246,862.390

Bezerros nascidos = 404 X 14.246,86 = 5.755.731

Bezerros a nascer = 1.986 X 14.246,86 = 28.294.269 34.050.000

Assim, os 7.128.000 tiveram uma distribuição algébrica de $ 5.755.731 para os nascidos e de $ 1.372.269 ($ 7.128.000 - 5.755.731) para os nascer. Note que esta é uma distribuição meramente algébrica, para efeito de preenchimento do mapa a seguir. Na verdade, os $ 5.755.731 referentes aos bezerros nascidos originam-se de parte dos custos a apropriar (bezerros a nascer do saldo de 31-12-x4).

72

Page 73: 80561990-Apostila

Mês Anterior Mês Atual Total Geral

Ativo Circulante Unidades Valor Inflação Valores Unidades Custo Unidades Valores

Histórico Corrigidos Mensal Corrigidos

Novilhos(as) de 2 a 3 anos 500 30.000 1,05 31.500 - 540 500 32.040

Novilhos(as) de 1 a 2 anos 900 35.100 1,05 36.855 - 972 900 37.827

Bezerros(as) de 0 a 1 ano 1.500 49.000 1,05 51.450 - 1.620 1.500 53.070

Bezerros(as) de 1 mês - - - 404 5.756 404 5.756

Bezerros(as) a nascer 25.640 1,05 26.922 - 1.372 - 28.294

Total 2.900 139.740 146.727 404 10.260 3.304 156.987

Observações:

1) Abre-se uma linha para bezerros(as) recém-nascidos. Doravante tem-se de proceder dessa forma, pois os nascimentos são distribuídos no ano (só assim pode-se controlar o custo por lote), Veja que, se o período de nascimento fosse planejado, seria muito mais simples, podendo-se operar com categorias anuais, sem prejuízo. Ainda na hipótese de estação de monta controlada, pode-se encerrar o balanço após os nascimentos, não aparecendo no Ativo Circulante a conta Bezerros a Nascer. Nesse processo do exemplo, sempre haverá vacas grávidas; portanto, sempre haverá a conta Bezerros a Nascer.

2) Por este mapa, sempre se tem o custo unitário. Por exemplo, se quisesse vender novilhos de 2-3 anos, saber-se-ia que o seu custo atualizado é de $ 64.080 ($ 32.040.000/500). Um bezerro nascido no mês custa, em média, $ 14.246. E assim sucessivamente.

3) Não se fizeram mapas para o permanente, pois, neste exemplo, este tipo de rebanho não recebe custo.

4) Para fazer a equivalência de produção, utilizam-se coeficientes médios. A rigor, não se pode trabalhar com o coeficiente 9, pois ele só se adequa aos bezerros nascidos. Todavia, a defasagem é irrelevante para o coeficiente médio 8,5.

5) Pode ocorrer, em certas circunstâncias, que o valor de “Bezerros a Nascer” seja reduzido em virtude do elevado índice de nascimento em relação a vacas grávidas. Nesse caso, na coluna “Custo Mensal”, do mapa, tem-se valor negativo na linha “Bezerros a Nascer”, que se transfere para “Bezerros do Mês”. Note que nesta coluna, para os itens “Bezerros(as)”, tem-se meramente operações algébricas, e não uma distribuição real do custo mensal.

6) As mortes deverão ser baixadas do map de custos por serem consideradas perdas, não onerando, portanto, o rebanho.

7) Havendo possibilidade de separar custos referentes à manutenção do rebanho permanente, tem-se valores mais reais para os bezerros recém-nascidos e a

73

Page 74: 80561990-Apostila

nascer. Dessa maneira, seria distribuído o custo do rebanho em estoque (para corte) entre as cabeças do Circulante e o custo do rebanho de reprodução entre os bezerros (nascidos no mês e a nascer).

8) Neste caso, não há preocupação com as mudanças de categorias. Como já foi visto, para a atividade sem planejamento de nascimentos, há necessidade de se distribuir o rebanho em categorias de períodos curtos. Principalmente quando há inflação alta, em alguns casos, há necessidade de se dividir o rebanho em idade mensal.

74

Page 75: 80561990-Apostila

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

ALOE, Armando & VALLE, Francisco. CONTABILIDADE AGRÍCOLA. 7. ed.- Atlas. 1979.

_____, Armando & VALLE, Francisco. CONTABILIDADE INDUSTRIAL E AGRÍCOLA. 1. ed. - Atlas. 1963

ANCELES, Pedro Einstein dos Santos. Manual de Tributos da Atividade Rural. – 2.ed.- São Paulo: Atlas, 2002.

BONACCINI, Luciano Alfredo. A Nova Empresa Rural: como implantar um sistema simples e eficiente de gestão. – Cuiabá : Sebrae/MT, 2000.

CREPALDI, Silvio Aparecido. Contabilidade gerencial: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 1998.

__________, Sílvio Aparecido. Contabilidade Rural: uma abordagem decisorial.- 2.ed. - São Paulo: Atlas, 1998.

FIPECAFI.Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras. Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações.- 5. ed.- São Paulo: Atlas, 2000.

FIUZA, Ricardo et al. Novo código civil comentado. 1º ed. 8º tiragem São Paulo: Saraiva, 2003.

FRANCO, Hilário. Contabilidade Agrícola. - São Paulo: Atlas S/A, 1994.

GEPAI, Grupo de Estudos e Pesquisas Agroindustriais. Gestão Agroindustrial. – 2.ed.- São Paulo: Atlas, 2001.

GUIMARÃES, Sebastião e PILETTI, Balduíno. Contabilidade Básica. - São Paulo: Ática,1986.

HOFFMANN, Rodolfo. Administração Empresa Agrícola. - São Paulo: Pioneira,1984.

MARION, José Carlos - Coordenador. Contabilidade e Controladoria em Agribusiness. – São Paulo: Atlas, 1996.

_______, José Carlos. Contabilidade Pecuária.-6.ed.- São Paulo: Atlas, 2001.

______, José Carlos. Contabilidade Rural.- 7 ed.- São Paulo: Atlas , 2002.

75

Page 76: 80561990-Apostila

MASSILON, Araújo Júnior. Fundamentos do agronegócio. São Paulo: Atlas, 2003.

ORRU, Mussolini. Contabilidade Geral, Fundamentos. - São Paulo: Scipione Ltda, 1990.

SANTOS, Gilberto José dos. Administração de Custos na Agropecuária. 3. ed. - São Paulo: Atlas, 2002.

SEBRAE/RS. Capacitação Rural.

VALLE, Francisco. Manual de Contabilidade Agrária. São Paulo: Atlas , 1987.

RECEITA FEDERAL. Atividade rural. [SI]:Atividade Rural, 2004. Disponível em: http://www.receita.fazenda.gov.br/PrepararImpressao/printIE.asp?Endereco=PessoaJuridic... Acesso em: 09 mar. 2004, 09:25:50.

REVISTA VEJA. Agronegócio: retratos de um Brasil que dá lucros. Edição Especial, v.37, n.30, abril, 2004.

SILVA, Marcos de Abreu e. O produtor rural e o novo código civil. [SI]:Artigos, 2004. Disponível em: http://www.faemg.org.br/artigos01.asp?codart=62. Acesso em: 02 mar. 2004, 09:05:25.

76