7 a fraude da fundaÇom cela - novas da galizanovas.gal/wp-content/uploads/2016/10/ngz7.pdf · do...

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No dia 18 de Janeiro de 2002, dia do enterro de Camilo José Cela, o conselheiro de cultura, Xesús Pérez Varela, assegurava que a administraçom autonómica gale- ga "eventualmente viria a refor- çar ainda mais a sua colabora- çom com a Fundaçom do escritor falecido". Com esta frase, o con- selheiro evidenciou o trato de favor do executivo galego para umha das entidades culturais que mais dinheiro público recebeu de todo o Estado. Desde 1986, data da constitui- çom da entidade, até 2001, 1.138 milhons das antigas pesetas fôrom parar ao cofre da institui- çom presidida por Cela. Dessa quantida- de, 538.400.000 pesetas (mais de três milhons de euros) procediam de organismos públicos, nomea- damente da Conselharia da Educaçom, das deputaçons pro- vinciais, da Cámara municipal de Padrom, da Universidade de Santiago, do Ministério espanhol da Educaçom e Cultura, etc. novas da Número 7, Junho de 2003 Sem dúvida algumha quando falamos da história do nacio- nalismo galego e, mais concre- tamente, dos símbolos/re- ferentes positivos que o nacio- nalismo galego tem, o nome de Alexandre Bóveda, de quem celebramos no presente ano o centenário do seu nascimento, é um dos primeiros que se nos vem à cabeça. Junto a ele Roi Xordo, Maria Castanha, Rosalia, M. Murguia, Daniel Castelao, Moncho Reboiras, etc. Mas, que representou e representa Bóveda? Quem foi o Alexandre? Há quinze dias dizia-me um galego letrado que si, que sabia quem fora Bóveda; segu- ro de si mesmo aseverava que fora um grande escritor. Que este facto fosse umha realida- de alheia à grande família nacionalista poderia ser enten- dido como algo compreensível num país em processo de reconstruçom nacional, mas que nacionalistas galegos/as aseverem quando se lhes per- gunta por quem foi Bóveda: foi um galego que representa a legítima aspiraçom do povo galego pola sua liberdade, o sacrifício militante, a luita por um futuro nosso, é, quando menos, equivalente, ao meu ver, a quem diz que o nosso compatriota foi um grande escritor. Desde logo quem subscreve nom entende que todo/a nacio- nalista galego/a tenha que saber ponto por ponto o que fixo e o que deixou de fazer cada símbolo nacional da nossa História. Contodo, entendo que hai uns mínimos e que estes nom ficam atingidos reproduzindo e afortalando cli- chés, e frases feitas que, ainda longe da intençom do trasmis- sor, minimizam o objecto refe- rido. Compre avanzarmos no conhecimento da nossa História nacional, meio de grande importáncia no camin- ho cara umha Galiza nossa. 7 número O sector do automóvel representa na Galiza o 51% das exportaçons, percent- agem da que Citroën maneja o 74,5%. A a actividade da empresa de capital francês fusionada com a Peugeot no grupo PSA atinge o 20% do PIB galego. A factoria de Vigo, principal da marca, produz 2.024 carros diários a partir do trábalo directo de 10.000 pessoas e o indirecto de 7.500 contratadas em empresas auxiliares. Detrás das grandes cifras oculta-se a repressom velada ao sindicalismo de classe, a irregularidade nas contrataçons e a coacçom eleitoral, entre outras medidas patronais dirigidas a impor os criterios da multinacional sobre os trabalhadores e a impedir a sua organizaçom. As eleiçons do "nunca mais" prejudicam o nacionalismo Reivindicam o circuito galego de velocidade Iniciativa cidadá pola selecçom nacional de futebol Reclamam à UNESCO que reconheça a cultura marítma e a oralidade galego- -portuguesa Paralisam a entrada em prisom de dous membros de Nós-UP Citroën restringe as liberdades laborais na factoria de Vigo Alexandre Bóveda, umha vida por Galiza Acorda do acordo Eduardo S. Maragoto Sete meses de desastre, sete meses de incompetência Joám Evans Pim A FRAUDE DA FUNDAÇOM CELA Documentos em poder de NGZ mostram que a Fundaçom se lucra através de subsídios multimilionários de instituiçons galegas

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No dia 18 de Janeiro de 2002, diado enterro de Camilo José Cela,o conselheiro de cultura, XesúsPérez Varela, assegurava que aadministraçom autonómica gale-ga "eventualmente viria a refor-çar ainda mais a sua colabora-

çom com a Fundaçom doe s c r i t o r

falecido". Com esta frase, o con-selheiro evidenciou o trato defavor do executivo galego paraumha das entidades culturais quemais dinheiro público recebeu detodo o Estado.Desde 1986, data da constitui-çom da entidade, até 2001, 1.138milhons das antigas pesetasfôrom parar ao cofre da institui-çom presidida por Cela. Dessa quantida-

de, 538.400.000 pesetas (mais detrês milhons de euros) procediamde organismos públicos, nomea-damente da Conselharia daEducaçom, das deputaçons pro-vinciais, da Cámara municipal dePadrom, da Universidade deSantiago, do Ministério espanholda Educaçom e Cultura, etc.

novas daNúmero 7, Junho de 2003

Sem dúvida algumha quandofalamos da história do nacio-nalismo galego e, mais concre-tamente, dos símbolos/re-ferentes positivos que o nacio-nalismo galego tem, o nome deAlexandre Bóveda, de quemcelebramos no presente ano ocentenário do seu nascimento,é um dos primeiros que se nosvem à cabeça. Junto a ele RoiXordo, Maria Castanha,Rosalia, M. Murguia, DanielCastelao, Moncho Reboiras,etc. Mas, que representou erepresenta Bóveda? Quem foio Alexandre? Há quinze dias dizia-me umgalego letrado que si, quesabia quem fora Bóveda; segu-ro de si mesmo aseverava quefora um grande escritor. Queeste facto fosse umha realida-de alheia à grande famílianacionalista poderia ser enten-dido como algo compreensívelnum país em processo dereconstruçom nacional, masque nacionalistas galegos/as

aseverem quando se lhes per-gunta por quem foi Bóveda:foi um galego que representa alegítima aspiraçom do povogalego pola sua liberdade, osacrifício militante, a luita porum futuro nosso, é, quandomenos, equivalente, ao meuver, a quem diz que o nossocompatriota foi um grandeescritor. Desde logo quem subscrevenom entende que todo/a nacio-nalista galego/a tenha quesaber ponto por ponto o quefixo e o que deixou de fazercada símbolo nacional danossa História. Contodo,entendo que hai uns mínimos eque estes nom ficam atingidosreproduzindo e afortalando cli-chés, e frases feitas que, aindalonge da intençom do trasmis-sor, minimizam o objecto refe-rido. Compre avanzarmos noconhecimento da nossaHistória nacional, meio degrande importáncia no camin-ho cara umha Galiza nossa.

7número

O sector do automóvel representa naGaliza o 51% das exportaçons, percent-agem da que Citroën maneja o 74,5%.A a actividade da empresa de capitalfrancês fusionada com a Peugeot nogrupo PSA atinge o 20% do PIB galego.A factoria de Vigo, principal da marca,produz 2.024 carros diários a partir dotrábalo directo de 10.000 pessoas e o

indirecto de 7.500 contratadas emempresas auxiliares. Detrás das grandescifras oculta-se a repressom velada aosindicalismo de classe, a irregularidadenas contrataçons e a coacçom eleitoral,entre outras medidas patronais dirigidasa impor os criterios da multinacionalsobre os trabalhadores e a impedir a suaorganizaçom.

As eleiçons do"nunca mais"prejudicam onacionalismo

Reivindicam ocircuito galegode velocidade

Iniciativacidadá polaselecçomnacional defutebol

Reclamam àUNESCO quereconheça acultura marítmae a oralidadegalego--portuguesa

Paralisam a entrada em prisom de dousmembrosde Nós-UP

Citroën restringe as liberdadeslaborais na factoria de Vigo

Alexandre Bóveda,umha vida por Galiza

Acorda do acordoEduardo S. Maragoto

Sete meses de desastre, sete mesesde incompetênciaJoám Evans Pim

A FRAUDE DAFUNDAÇOM CELA

Documentos em poder de NGZ mostram que a Fundaçom se lucraatravés de subsídios multimilionários de instituiçons galegas

2 segunda Junho 2003 novas da galiza

O fracasso da convocatória d'A Mesa(MNL), CIG, CCOO e BNG do passado17 de Maio em Compostela, foi aindamais eloquente neste ano do que noutrosanteriores. Os colectivos reintegracionis-tas ficárom mais um ano excluídos, masao mesmo tempo, dos sectores convocan-tes, alimenta-se a ideia de que todas asdoenças que afectam o movimento nor-malizador teriam a ver com a falta de cer-tos consensos. Neste Dia das Letras, oPlano Geral de NormalizaçomLinguistica, promovido pola DirecçomGeral de Política Linguística, e a anuncia-da reforma normativa, fôrom os consen-sos por enquanto falidos a que constante-mente se fijo referência. O discurso dafalta de concórdia, que durante 20 anosserviu para justificar o imobilismo dedeterminados sectores, parece querer-sehabilitar agora para ocultar que o movi-mento normalizador aglutinado em tornodo nacionalismo maioritário, se mostraabsolutamente incapaz de gerar ilusompolo galego. Bem-vindo seja qualquer consenso paraaglutinar esforços ou fazer abalar, porpouco que seja, a norma no poder, mastudo parece indicar que a encenaçom deacordos como os reivindicados destesámbitos, nom conseguirá suplantar aactual apatia da base social favorável àlíngua. Os consensos devem implemen-tar-se entre quem realmente tem algo aconsensuar para além de circunstanciaisinteresses políticos alheios aos verdadei-ros debates sobre a língua. Em caso con-trário, a carência de conteúdos poderáeivar qualquer regeneraçom do movimen-to normalizador que, agora mais do quenunca, precisa de novas motivaçons paracontinuar a andar. Costuma apresentar-se o tam anunciado

acordo como resultado da pressom dosagentes normalizadores sinceros, fartosde umha histórica discordáncia que debi-litaria o trabalho normalizador, mas,como foi dito antes, nom faz muito senti-do pretender que as mínimas divergênciasortográficas que hoje afastam as normasdo ILG e da ASPG, sejam a causa dadebilidade do trabalho normalizador. Seassim fosse, nom se percebe que a camin-ho do acordo esteja ausente qualquerdebate a esclarecer as razons que levarama se manterem posiçons divergentesdurante tantos anos ou as razons polasquais estas deixam de fazer sentido agora. Em sentido contrário, aponta-se que seriafruto da premente necessidade do nacio-nalismo maioritário de apresentar as dis-putas da norma como solucionadas, assimcomo de aproveitar todos os canais dedivulgaçom política, por enquanto veta-dos ao mundo nacionalista, sem se perce-ber como umha grande renúncia. Na ver-dade, de dia para dia, torna-se mais difícilde explicar que as elites culturais do

nacionalismo, que tanto esforço tem feitopor se inserir no mapa das forças políticascandidatas à Junta, estejam ausentes decertos foros por umha questom de "acen-tos". Assim, estaríamos só perante a capi-tulaçom de umha normativa difícil deacomodar à actual lógica unicamentepara-institucional do BNG e afins, cadavez mais interessados por relaxar qual-quer conflito da língua, quer interno querexterno, que obrigue a manter umha posi-çom pública ao respeito. A própria Mesa, depois de ter sido rejei-tada a primeira proposta de acordo nor-mativo em prol de um consenso que faziadesaparecer a que já era, à partida, umhanorma "de consenso", disponibilizou-secomo "mesa" de debate para um futuroacordo, que necessariamente teria de serde tendência mais isolacionista do que oinicial, umha vez que a rejeiçom desteprimeiro tinha sido promovida polos sec-tores da RAG mais hostis ao reintegracio-nismo. Quer dizer, assim como jádemonstrou o acontecido com o semaná-rio A Nossa Terra, nom apenas se preten-de abandonar umha normativa incómoda,senom também fazê-lo o antes possível ea qualquer preço, com tal que seja perce-bido pola base social como o resultado deum acordo. Contudo, este debate, por mais eivadoque esteja, permitiu esclarecer certasquestons quanto ao estado de cousas nomovimento galeguizador:1. Nos diferentes grupos normalizadoresde 'mínimos' e 'isolacionistas' promotoresdo acordo, nom parece que tenha vincado

nem sequer umha primária assunçom docaminho marcado polo reintegracionis-mo. Tampouco parece que se tenha perce-bido a necessidade da mudança de rumoque aconselham os dados sócio-lingüísti-cos, a pouco que se analisem com rigor.De facto, em nenhum momento se estáma pôr em causa as autoridades normativasreaccionárias ao acordo. A RAG, de "ins-tituiçom anquilosada", pode passar a serconsiderada um "órgao com vontade derenovaçom", dependendo apenas do sen-tido de voto de algum membro, ou da ati-tude conciliadora ou nom do seu presi-dente. Segundo estes sectores, XoséRamón Barreiro representaria agora essenovo ar que precisava a RAG, ar que dan-tes já tinha representado Fernández delRiego, sem que no entanto tivesse muda-do nada. No Dia das Letras, a Mesa recla-mou um novo Plano Geral deNormalizaçom Linguística, sendo denovo a ausência de consenso a principalcrítica ao já anunciado por GonzálezMoreiras. E se o diálogo tivesse existido?Mudaria no fundamental a posiçom d'AMesa a respeito da Direcçom Geral dePolítica Linguística ou do Centro RamónPiñeiro?2. Para o reintegracionismo, qualquermudança dirigida para a confluência dalíngua com as outras normas lusófonastem umha enorme importáncia quanto aocrédito social que ganham os nossos pos-tulados e, por sua vez, descrédito das nor-mas isolacionistas, percebidas comoassentes num projecto de país enorme-mente instável. Contudo, o reintegracio-nismo mantivo-se a todo o momento afas-tado de uns debates que nom lhe dizemrespeito, porquanto o projecto regenera-cionista para o galego já possui outro tipode consensos muito mais firmes e dura-douros que nom está disposto a abando-nar: o consenso com a própria sociedadeactiva polo galego, com a unidade da lín-gua e com as enormes possibilidadescomunicativas há já muito tempo abertas.A infrutuosidade de qualquer projectonormalizador segregacionista virou muitodifícil de esconder. Com pactos ou semeles, a falta de ilusom e ideias tem causasmuito mais profundas. O reintegracionis-mo é já o único movimento que pode esti-mular um futuro movimento normaliza-dor. A inevitabilidade das nossas tesesfica patente nos referidos acordos, ouem projectos como Via Galego, emboracom eles, como já explicámos, só sepretenda disfarçar a falta de iniciativa,ou acomodar o discurso da língua àsnovas necessidades do nacionalismomaioritário. Porém, estas 'terceirasvias' estám longe de devolver a motiva-çom ao galeguismo, um movimentoque necessita de poder dizer à socieda-de que já temos umha língua extensa eútil. Bem alto e bem forte.

Acorda do acordo

segunda

Eduardo S. Maragoto

Editora: Minho Média S.L

Director: Ramom Gonçalves.

Redacçom: Marta Salgueiro, CarlosB.G., J.Manuel Lopes, Antom Álvarez,Miguel Garcia, Joám Evans, Tiago Peres.

Correspondentes: Compostela, UgioCaamanho / Vigo, Xiana González /Ponte-Vedra, Álvaro Franco / Lugo,Joám Bagaria / Corunha, ArmandoRibadulha / Ourense, Tiago Peres /Barbança, Joám Evans / Marinha,André Outeiro / Paris, J.Irazola /Madrid, José R.Rodríguez

Colaboraçons: Xurxo Souto, MaurícioCastro, Tomé Martins, Xesus Serrano,Manuel Andrade, José R.Pichel,Antom Garcia Matos, Xabier LagoMestre, A Gente da Barreira, EduardoSanches, Ignacio Ramonet, SantiagoAlba, Ramón Chao.

Fotografia: Borxa Vilas, Rosa Veiga,Miguel Garcia, Arquivo NGZ.

Humor Gráfico: Suso Sanmartim,Pestinho +1.

Publicidade: Tiago Peres.

Imagem corporativa: Paulo Rico

Maquetaçom: Carlos BG / MiguelGarcia

Correcçom lingüística:Eduardo Sanches Maragoto.

NOVAS DA GALIZAApartado dos correios 106927080 Lugo. Galiza. Tel: 639 146 [email protected]

As opinions expressas nos artigos nomrepresentam necessariamente aposiçom do jornalOs artigos som de livre reproduçomrespeitando a ortografia e citando pro-cedência. É proibida outro tipo dereproduçom sem autorizaçom expressado grupo editor.

Feche de Ediçom: 01/06/03

3editorialJunho 2003novas da galiza

Suso Sanmartim

sumárioA fraude multimilioná-ria da Fundaçom Cela

NOVAS DA GALIZA desco-bre, proporcionando provasdocumentais, a criaçom de

sociedades interpostas para aFundaçom receber subsídios

multimilionários.

Irregularidades laboraise repressom sindicalem Citroën

Entrevistámos sindicalistas etrabalhadores da fábrica deVigo para conhecermos como amultinacional impom os seusditames.

Cinema Galego a debate

Novas da Galiza oferece visonscontrapostas à volta da polémi-ca sobre a galeguidade do filme"O lápis do carpinteiro".

Centenário Bóveda

Uxio Breogám Diéguez, daFundaçom Alexandre Bóveda,

aproxima-nos da figura do míti-co nacionalista no centenário do

nascimento

Que se move naGaliza?

Revisamos as bandas de rockque componhem o actualpanorama musical galego

e ademais...

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Notícias............................................ página 4Foi dito............................................. página 6Informática.................................... página 14Agenda de concertos..................... página 23

Galiza acordou no passado vinte e seis de Maio asaber que mais umha vez a direita clientelar do PPganhara as eleiçons. A vitória nom foi rotunda, jáque os votos unidos da oposiçom superárom os"populares", mas estes últimos obtivérom ummaior número de cámaras municipais e vereadores.O grande beneficiado das eleiçons foi o PSdG-PSOE, formaçom política que governará em quatrodas cidades mais importantes do País: Vigo,Corunha, Compostela e Lugo. Mençom especialmerece o caso corunhês, já que Paco Vázquezquase perde a maioria absoluta. As declaraçonsantigalegas, as críticas a Nunca Mais ou a coque-taria deste regedor com o PP nom fôrom ignoradaspor umha grande parte do eleitorado corunhês queviu no BNG a alternativa à direita nesse concelho.O Bloco nom foi capaz de capitalizar o descon-tentamento popular derivado da crise nacional doPrestige. O BNG pagou a política de pactos com asocialdemocracia espanhola e as conseqüências degovernos carentes de personalidade diferenciada.Perdeu Vigo e Ferrol, duas das suas cámaras maisprezadas, também desceu consideravelmente emCompostela e Lugo e retrocedeu sensivelmente emdous dos seus feudos históricos, Fene eCorcubiom.Preocupa que, como no caso de Ferrol, pessoascomo Juan Fernández sejam a chave para governar.Este político já fora denunciado por corrupçom naetapa de conselheiro e, na actualidade, dirige umhaempresa de estaleiros chamada Astafersa em queos trabalhadores estám há já muitos meses semreceber o vencimento.O presumido voto de castigo ao PP pola crisenacional do Prestige mal surtiu efeito. Em amplaszonas do país, nomeadamente na Costa da Morte,o poderoso complexo caciquista que o PP tem for-mado através dos subsídios e quaisquer outros"favores" condicionou o livre exercício do voto dacidadania.

Os galegos e galegas nom podemos perdoar osque hipotecárom o futuro do país, nem esquecertodas as mentiras, a incompetência, a negligênciae as responsabilidades políticas, tanto as que cor-respondem a pessoas com nomes e apelidos quan-to as que som conseqüência de um enquadramen-to jurídico-político que impede a Galiza de prote-ger a sua costa. Aguardemos que o grau de acti-vaçom social atingido deixe por trás de si umhaboa semente que contribua para o processo deemancipaçom nacional.Só houvo um contraponto ao peso abafante do ofi-cialismo da campanha e ao intuito do regime decolocar este processo eleitoral numha "normalidadedemocrática" que nom existe na Galiza por causada usurpaçom constante dos direitos democráticosbásicos: a iniciativa contestatária do "voto negro"que NÓS-UP protagonizou, mais um sintoma deum descontentamento larvado e ainda minoritárioque, de maneira indefinida, também se agacha nal-gum abstencionismo e no crescente voto branco.Mais umha vez, e sem que seja novidade na históriarecente do nosso país, o desajustamento entre osresultados eleitorais e a potencialidade da auto-organizaçom popular e a movimentaçom socialtorna-se evidente. Talvez as e os que hipotecamtoda a sua acçom política à consecuçom de parcelasde poder institucional fiquem ofuscados e ofus-cadas polo raquitismo dos resultados aguardados enom saibam valorizar a transcendência e potencial-idade de transformaçom em consciência nacional edemocrática que protagonizou a mobilizaçom con-tra a maré negra. Do Novas da Galiza, como parteque fazemos do país auto-organizado e consciente-mente à margem da aranheira institucional, nomperdemos o impulso que nos dérom seis meses deactivaçom constante das pessoas mais críticas emtodas as cidades e vilas do País. Esquecer esta liçomsó nos levaria ao derrotismo em que alguns ealgumhas se afundam agora.

editorialClientelismo político Nunca Mais!

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Redacçom

Bem sabido é que numhas eleiçonsacostumam ganhar todos e cadaum dos partidos concorrentes, mashá derrotas políticas mais difíceisde agachar que outras. As fortesespectativas geradas no seio dabase social nacionalista por voltadas multitudinárias mobilizaçonsde Nunca Mais, a ampla marésocial contestatária consolidada naoposiçom à guerra do Iraque, difi-cilmente pudérom contentar-se nanoite do passado 25 de Maio comas cifras estatísticas que anuncia-vam a primeira perda da maioriaabsoluta do PP, ou o incremento devotos experimentado polo BNG. Oeleitorado voltou defraudar osanseios da alternativa nacionalista,fortalecendo a tendência de desci-da moderada do PP e refortaleci-mento notável do PSOE, masficando muito longe do castigo nasurnas ao partido governante que osgalegos e as galegas pudemosobservar, por exemplo, no Aragomdo Plano Hidrológico.A queda contida do PP foi rendibi-lizada politicamente nom polonacionalismo que alentou e dina-mizou as mobilizaçons ante a marénegra, mas por um PSOE quesoubo recuperar a sua imagem deforça opositora e apresentar-secomo alternativa real ao governodo PP num mercado eleitoral noque a questom nacional estivo

completamente ausente. A sucur-sal autonómica do partido deZapatero fixo-se assim com ogoverno municipal de Vigo (candi-datando um Ventura Pérez Mariñoque, já em campanha, deixoupatente o seu desprezo à cultura eao idioma do país), acrescentou asua maioria em Santiago e conque-riu a absoluta em Lugo, converten-do-se finalmente na primeira forçada oposiçom. O incremento quantitativo deapoios ao BNG materializou-senum importante ascenso (de três aseis concelheiros) na cámaramunicipal da Corunha, no reforçoda maioria em Ponte-Vedra e noaumento de representantes no rurale certas vilas, onde esta forçasoubo rendibilizar o labor de opo-siçom. À espera de se concretiza-rem os acordos post-eleitorais,semelha garantido um pacto para areediçom das coligaçons de pro-gresso na maioria dos concelhosem que o PP nom obtivo a maioriaabsoluta, concentrando-se as ten-sons mais notáveis no consensopara o governo da Deputaçom pro-vincial da Corunha, arrebatada aoPP, mas onde o vazquismo man-tém umha forte influência.

O papel do independentismoEntre as forças independentistas,Mariano Abalo revalidou com aFPG a acta de vereador que man-tém na Cámara de Cangas desde

4 notícias Junho 2003 novas da galiza

notícias

Eleiçons do "nunca mais" e guerra doIraque prejudicam nacionalismo

O PP cai menos do aguardado mas perde pola primeira vez maioria absoluta dos votos

Reivindicam a construcçom de um circuito galego de velocidade

A Junta abandona projecto que tinha anunciado em 1.991

As eleiçons da Guerra e do Prestigearrojárom resultados contraditórios paraa oposiçom ao Partido Popular. O BNGaumentou o volume de votos nuns comí-cios com um alto índice de partici-

paçom, mas tivo que se despreender dosgovernos municipais de Vigo e Ferrol,assim como passar à oposiçom em Lugo.O PSOE, pola sua banda, obtivo os mel-hores resultados em termos políticos,

fazendo-se com a cámara da principalcidade galega e rendibilizando os gover-nos de coligaçom. Enquanto o MLNGchamou ao voto em negro, a FPG revali-dou o seu representante emCangas

Congresso deEsquerdaNacionalista

NGZNo dia 12 de abril celebrou-se noPorrinho a VII Assembleia deEsquerda Nacionalista Mocidadesob a legenda <A alternativa daJuventude Galega>. EN- mocidade é umha organiza-çom integrada em Galiza Nova edefine-se como socialista, demo-crata e independentista. Nestaassembleia, onde se analisaram asconseqüências da catástrofe doPrestige e o surgimento de umhasociedade civil galega, foi eleitopara secretário geral o luguêsSaul Santim Da Branca. Emdeclaraçons a Novas da GalizaSaul Santim salientou a vontadeclara e decidida de <EN ser umhaforça que participe na sociedade eno seio da mocidade com inde-pendência do seu trabalho emGaliza Nova> e ainda a vontadede nuclear ao redor de ENMocidade umha parte da mocida-de nacionalista do século XXI.

há mais de vinte anos. Esta forçapolítica apresentava-se tambémem Arteixo onde nom conseguiunenhum representante.O MLNG, por outro lado, partici-pou no processo eleitoral com alegenda "Com Espanha nuncamais! Por dignidade, Galiza vota

em negro!", impulsionada porNÓS-UP. A campanha consistiuna boicotagem com pintura pretada propaganda eleitoral das forçasespanholistas e no chamamento ainserir, simbolicamente, um bole-tim de voto da mesma cor nasurnas eleitorais.

Fotomontagem: Miguel Garcia

Paralisam entrada em prisom de dousmembros deNós-UP

NGZ

Momentaneamente, Eva ReiOuteiro e André Seoane Antelonom terám que ingressar em pri-som pola realizaçom de pintadasde Nós-UP em Santiago deCompostela. Em 3 de Junho era-lhes comunicada a congelaçomda execuçom da condena dearresto penitenciário de 36 horasditada pola juíza Leonor CastroCalvo. Indagaçons realizadaspolo organismo anti-repressivoCeivar permitírom conhecer quea suspensom temporal foi acor-dada a escasos dias de se fazerpúblico o dia do ingresso em pri-som, embora a notificaçom ofi-cial nom se realizasse até amanhá do 3 de Junho -a 72 horasda entrada no cárcere, com umhacampanha de denuncia política anível local de certa extensom-.A forma de realizar-se a comuni-caçom oficial resulta tambémchamativa, todavez que os desti-natários da mesma nom fôrom ointeressado e a interessada: eramagentes da Polícia espanholaquem se personavam no posto detrabalho da mae de Eva Rei paraentregar-lhe a esta a notificaçom,apesar de que o endereço pessoalda militante independentista apa-rece registado nas diligências nasque está encausada.

Redacçom

A Plataforma Pró-CircuitoGalego de Velocidade continua asua actividade centrada na infor-maçom e na mobilizaçom com oobjectivo de dotar o país deumha pista de velocidade para aformaçom e o treino de automo-bilistas e motociclistas. Nocolectivo consideram o circuitoumha "infra-estrutura necessáriapara o impulso e prática dos nos-sos desportos".

Em 1991 apresentava-se ofi-cialmente o projecto de circuitocom a correspondente maquete,homologado polas federaçonsinternacionais do motor. A admi-nistraçom autonómica nom exe-cutou desde entom o projecto,considerado pola plataforma"imprescindível para o futuro doautomobilismo e do motociclis-mo na Galiza". O pedido virouqueixa e tornou-se em váriasmobilizaçons, a última emCompostela, em que centos de

aficionados, pilotos, represen-tantes de clubes, escuderias efederaçons respondiam ao cha-mamento do organismo: "é omomento de fazermo-nos ouvir".

A iniciativa nasceu com oobjectivo de "fazermos algo paraacordar do sonho o ansiado cir-cuito". Conta com o apoio denumerosos clubes de motociclis-mo e automobilismo, assimcomo muitas pessoas e colecti-vos à volta, e, na teoria, até polomesmo Fraga, que incluiu a cria-

çom da pista nas suas promessasdas passadas eleiçons autonómi-cas. Em Abril de 2002 apresentá-rom as reivindicaçons perante oparlamento galego, obtendoapoio verbal para a realizaçomdo projecto. No entanto, desde adata até à ediçom do jornal, nomhouvo nenhum sinal que apon-tasse para a criaçom do circuitopor parte das instituiçons, apesardas promessas que indicavamque o projecto ia ser apresentadono mês de Maio.

Sete meses após o afundamento do Prestigenom há rastro da tragédia, ou isso nos fampensar. A guerra e ocupaçom do Iraque pri-meiro e as eleiçons municipais a seguir fizé-rom com que desaparecessem as praias e conscobertos de piche das capas de todos os jor-nais do país. Mas, que é que mudou? Setemeses após o afundamento as possibilidadesde que um novo acidentesimilar venha a acontecer som as mesmas.Sete meses depois continua sem haver umhasoluçom para as milhares de toneladas de fue-lóleo (35.000 aproximadamente) que ficamainda na nave. Sete meses depois ainda nomse assumírom as responsabilidades políticaspolo acontecido: nem demissons, nem julga-mentos. Sete meses depois, o impactoambiental, económico e social desconhece-seainda em grande medida.No entanto, o clima reinante, gerado com acaracterística subtileza dos diferentes gover-nos, é de normalidade, e, até, de vitória: vitó-ria sobre o Prestige, sobre o piche, sobre aoposiçom, sobre a cidadania... Viva o PlanGalicia, hombre! De todas as maneiras, é acidadania que acaba por pagar, além de toda apropaganda, os danos ambientais e socioeco-nómicos da maré negra. O governo central,segundo o Ministério das Finanças, avaliouem 1.000 milhons de euros o custo das opera-çons de limpeza. Isto, claro, sem levarmos emconta o quesuporia extrair o fuelóleo, se realmente algumdia se chega a fazer, que ainda está no interiordo petroleiro, a 130 milhas da nossa costa e a4.000 metros de profundidade. Isto poderiaandar em torno aos 200 milhons de euros. A possibilidade de que poda repetir-se umhamaré negra a conseqüência do fuelóleo que seencontra nos tanques é real. O lugar em queestá o buque tem-se identificado como sendoumha zona de considerável actividade sísmi-ca, o qual, unido ao mal estado do casco e àenorme pressom a que está sujeito a tal pro-fundidade, acrescenta imenso as probabilida-des de tornarmos ao pior dos cenários.E nom podemos esquecer aqueles "finos hili-llos", já que, apesar das operaçons de tapa-mento de brechas realizadas polo Nautile, háagora cinco meses, o buque continuou a per-der entre umha e duas toneladas diárias(Relatório n.º 7 do Comité científico asses-sor).O governo anuncia, no entanto, que as praiasjá estám limpas. "Gracias voluntarios", jápodedes ir-vos embora. Entretanto, os servi-ços de vigiláncia aérea estám a avistar novasmanchas de fuelóleo, ainda que finalmente a

administraçom declarasse que se tratava ape-nas de erros dos pilotos, que na realidade,como nom?, estiveram a ver camadas de águade diferentes características. Curiosamente, opiche continua a chegar às costas galegas,teletransportado polo eixo do mal, temos queentender, tal e como aconteceu durante o mêspassado em Camarinhas e outros pontos daCosta da Morte.83 praias, 33% do total atingido inicialmentepola maré negra, continuam a estar afectadas,e no Parque Nacional das Ilhas Atlânticas apercentagem aumenta a 52%. As imagens quenos vendem os meios de comunicaçom deareais resplandecentes tenhem sem dúvidaoutra face, sendo necessária umha diferencia-çom entre o impacto visual e o ambiental.Muitas praias estám aparentemente limpasmas existemcamadas de fuelóleo soterrado em sedimentosque serám difíceis de extrair.Por outro lado, som extremamente preocu-pantes as quantidades de petróleo depositadasnos fundos marinhos que ultrapassam larga-mente as 500 toneladas. Nom obstante, estasituaçom nom fijo com que a administraçomreconsiderasse a decisom de recomeçar a acti-vidade piscatória ao largo de toda a costagalega, manobra tam necessária para a suacampanha propagandística de volta à norma-lidade como para eliminar a elevada cargapara o erário do Estado que suponhem asindemnizaçons aos pescadores e mariscadorasafectadas.A incompetência política, por sua vez, con-tinua a ser tam evidente como as manchasde fuelóleo que se espalham polo atlántico,sob o olhar atento dos aviadores vesgos.Falta de meios e de planificaçom, margina-lizaçom da comunidade científica e oculta-çom de informaçom som os grandes méritosdo governo.Apesar de tudo, as autoridades implicadasnom reconhecêrom nem assumírom os errose, inacreditavelmente, sete meses após odesastre, continuam sem admitir a existên-cia deles, centrando todo o esforço emestenderem um clima de irrealidade que pre-judica toda a gente e em especial a maisafectada. O prematuro levantamento daveda nas zonas restringidas, criticado polopróprio Instituto Espanhol de Oceanografia,a censura e ocultaçom constante de todo otipo de informaçons negativas e as campan-has de propaganda pretendem apagar oPrestige do mapa e fazerem-nos crer queaqui nom se passou nada. Mas o buque con-tinua aí e nós também.

5notíciasJunho 2003novas da galiza

Sete meses de desastre, sete meses de incompetência Joám Evans Pim

A polícia ocupaBemposta após

as eleiçons

NGZA aldeia ourensana de Bempostapudo ver, no passado mês, comomesmo no dia a seguir às eleiçonsautárquicas, a Polícia autonómicavigiava a vedaçom do lote em que aJunta pretende construir um campode futebol. O padre Silva criticou aactuaçom da Junta e lembrou que seencontram <num processo judiciale isto ainda nomfinalizou>.Entende o sacerdote quea ocupaçom dos terrenos é ilegal.As obras para construir o estádiocomençárom depois de a Junta tertomado posse dos terrenos, no mêsde Dezembro. A administraçomautonómica comprara a baixo preçoem 1.985 os terrenos a Bempostamas com o compromisso de cons-truir nela 300 habitaçons sociais enom um campo de futebol.

Mulheres de Nós--UP perante o dia

24 de Maio

NGZAs mulheres filiadas a Nós-UnidadePopular reivindicárom no Dia daMulher Antimilitarista o papel activoe combativo das feministas. Numcomunicado público as filiadas cen-trárom nesta ocasiom o discurso nainvasom do Iraque. No comunicadoapresentam-se como < sujeitos acti-vos no movimento antimilitarista enom só em forma de apoio ou solida-riedade. Polo contrário, temos anossa própria análise sobre os exérci-tos e sobre o militarismo, contribuin-do com umha visom concreta, queintroduz umha perspectiva antipa-triarcal>. As mulheres de Nós-UPdestacárom que na guerra do Iraque<como em todas as que se fôromproduzindo de jeito intermitente aolongo da história foi e continua a serhabitual a violência machista comomais umha arma de extermínio> ereivindicárom o Dia da MulherAntimilitarista <como um dia decombatividade feminista, de exalta-çom da auto-organizaçom e rebeliomdas mulheres perante o belicismomachista que nos submete e do qualsomos um objectivo prioritário>.

“As autoridades implica-das nom reconhecêrom

nem assumírom os erros e,incrivelmente, sete mesesdepois do desastre, conti-nuam sem admitir a sua

existência, centrando todoo esforço em espalhar umclima de irrealidade que

prejudica todas as pessoase especialmente as mais

afectadas”

Foi dito..."Me apasiona la naturaleza.

Soy experta en céspedes"

Corina Porro, candidata do PP à presidên-cia da Cámara municipal de Vigo.

La Voz de Galicia, 9-5-2003

"Me informan de que el fueles cada vez menos líquido"

Rodolfo Martín Villa, comissariado dogoverno espanhol para o caso Prestige.

El País, 15-5-2003

"La libertad es poder tomarcafé donde uno quiera"

Antonio Muñoz Molina, escritor, num acto contra o nacionalismo basco convocado por Basta Ya.

El País, 8-5-2003

"Eu escrevo em castelám. Éumha opçom livre. O impor-

tante é viver em galego"

Luísa Castro, escritora. Umha análise do conflito lingüístico.

Galicia Hoxe, 17-5-2003.

"Se nós precisamos algo, osmilitares dam-no-lo, e se o

pedem eles, o mesmo"

Xaime Bello, ex-presidente da CámaraMunicipal de Ferrol do BNG, a explicar

as relaçons entre a antiga autarquia e aarmada espanhola.

La Voz de Galicia, 10-5-2003.

Celebra-se a Festada Independência

NGZPonte Vedra, 12 de Junho. A festatranscorreu sob a legenda<Recuperando o passado para recon-quistar o futuro>. O convívio foi noLago de Castinheiras, na cidade doLerez e para participar cada pessoacontribuiu com 15 euros. Mais infor-maçom no número de telefone 630356 823.

AMI celebraV AssembleiaNacional

NGZ

A AMI celebrou em Compostela, a24 e 25 do passado mês de Maio, aV Assembleia Nacional. O encon-tro serviu para concretizar e apro-fundar o papel da organizaçomjuvenil no seio do novoMovimento de LibertaçomNacional Galego, e ainda parareforçar a estrutura interna e osórgaos da Assembleia no planopolítico, a AMI desenvolveu umhaanálise da conjuntura política esocial da Galiza, centrando-seespecialmente nas conseqüênciasderivadas da crise nacional.Finalmente, o plenário resolveuprestar atençom prioritária ao com-bate lingüístico no seio da mocida-de, como linha de acçom centralpara os próximos anos.

Redacçom

Nascida em finais do ano passa-do, a Iniciativa Cidadá polaSelecçom Galega está a desen-volver diferentes actividadescom o intuito de espalhar areivindicaçom entre as claquesdesportivas e a sociedade. Esteorganismo conta com a partici-paçom de representantes desociedades de amigos e amigasdo Celta, do Desportivo e doCompostela, ou de associaçonsjuvenis, sindicais, nacionalistase outros colectivos.Presentemente, estám a centraro trabalho na difusom da inicia-tiva e na angariaçom de apoios,a divulgaçom do manifesto emque exponhem as reivindi-caçons e a elaboraçom de mate-rial, como o cachecol queacabárom de lançar. Estám apreparar apresentaçons públicase festas a nível comarcal enacional. Entre as actividadesdesenvolvidas, salienta a organi-zaçom de um concerto em

Compostela no passado mês deJaneiro e a convocatória deumha concentraçom em Vigono mês de Dezembro, antes dojogo entre o Celta e o Celtic, aque aderírom simpatizantes daequipa escocesa.A iniciativa cidadá solicita aconstituiçom da selecçomnacional de futebol que repre-sente a Galiza no mundo, per-mitindo-lhe participar nas com-petiçons internacionais. Para

além disto, exigem a criaçom deoutras selecçons desportivas,mas centram hoje trabalho nocampo do futebol por ser odesporto mais espalhado.Contam com apoios de organi-zaçons como Burla Negra, derepresentantes significativos doámbito desportivo entre os quaisse encontram Nacho ouFernando Vázquez, e ainda dejornalistas como CarlosMeixide.

Iniciativa cidadá reivindicaselecçom nacional de futebol

VII JornadasIndependentistasem Compostela

NGZPrimeira Linha celebrou emCompostela mais umha ediçom dasJornadas Independentistas. Trata-sede umhas jornadas monográficas dereflexom e debate que o partido rea-liza ininterruptamente desde 1996. Abriu estas jornadas a feminista ecomunista portuguesa AnaBarradas e fechou o encontro apalestra intitulada "Diversas expe-riências de mulheres na política enos movimentos sociais".Participárom no encerramento ajornalista, militante de MNG e pre-sidenta do Comité Interempresas daCRTVG Begonha Caamanho,Isaura Barciela, da CoordenadoraAreia Negra, Rosa Garrido, daExecutiva da CIG, e a militante domovimento estudantil galego emembro da Direcçom Nacional deAGIR, Berta Lôpez.

Faixa reivindicando a Selecçom Galega no estádio de Riazor

Redacçom

A experiência radiofónicainterescolar celebrou umhanova ediçom no passado dia 9de Maio, nesta ocasiom centra-da no mar e na sua cultura. Soba legenda "O mar e nós, SÓS","Ponte nas Ondas" juntou maisde mil estudantes numha inten-sa jornada em que participárom150 rádios educativas daAmérica Latina, representantesdo Brasil e de Cuba, e aindaescolas da África lusófona. Onúcleo da emissom partiu desete estúdios de rádio nas local-idades de Tui, Vigo, Guarda,Vilanova de Cerveira, Monçãoe Melgaço, com a intençom dedifundir elementos dopatrimónio oral dos diferentespaíses de expressom galego-

portuguesa que tenham a vercom a cultura marítima.Como informávamos no ter-ceiro número das Novas daGaliza, desta iniciativa solicita-va-se no ano passado o recon-hecimento por parte daUNESCO da cultura e línguagalego-portuguesa comopatrimónio da humanidade, noenquadramento do projecto rel-ativo ao "Património ImaterialIntangível". Na presenteediçom continuam a campanha,acrescentando-se o referentemarinho como nexo de uniom"num momento em que omundo do mar está, infeliz-mente, mais presente do quenunca em todo o nosso univer-so colectivo". Na propostaenviada à UNESCO, a organi-zaçom assinala que a cultura

marítima "apresenta umhaunidade estrutural entre aGaliza e Portugal" e portantoreclamam o seu reconhecimen-to oficial.Em 24 horas de transmissomem directo, as e os estudantesconvertêrom-se em jornalistasinternacionais, mediante con-tínuas conexons entre os paísesparticipantes. “Ponte nasOndas" contou também com apresença de artistas comoFausto, Uxía Senlle, ou ManuChao, que mantivo um desafioregueifeiro com o Pinto deHerbón. Ainda, desde a meia-noite celebrou-se em Vigo ofestival "Um Mar deOralidade", em que par-ticipárom Batuko Tabanka,Alberto Mbundi, Quempallou eForró-Brasil, entre outros.

IX ediçom de "Ponte nas Ondas" exige daUNESCO reconhecimento da cultura

marítima e oralidade galego-portuguesa

Centros de ensino galego-portugueses impulsionam jornadade emissom radiofónica

6 notícias Junho 2003 novas da galiza

[email protected]@terra.es

A Deputaçom da Corunha, mem-bro do patronato da Fundaçom, éoutro dos organismos públicosque mais dinheiro destina à enti-dade. Estima-se que desde o ano1987 até 2001, a instituiçom pro-vincial realizou contributos àFundaçom na quantia de 137milhons de pesetas. A deputada do BNG, PilarGarcia Negro, mostrou em maisde umha ocasiom a sua total dis-cordáncia com os subsídios dosorganismos públicos galegos àFundaçom Cela. "Som escanda-losas as ajudas da Junta a estaentidade quando outras institui-çons da cultura, como o Museudo Povo Galego ou a FundaçomCastelao, mal recebem algumhacousa", comenta a deputadanacionalista, que também asse-gura que "é idealista considerarCela como per-tencendo à cultu-ra nacional,quando malescreveu emgalego e a visomdo País quereflecte na sualiteratura dá arre-pios".

A sede deÍria Flávia

A entidade quepresen tementepreside Marina Castaño estásediada no lugar padronês de ÍriaFlávia. A Fundaçom compom-sede um grupo de prédios do sécu-lo XVIII, em que destaca o con-junto arquitectónico das Casasdos Coengos.A Deputaçom da Corunha outor-gou à entidade presidida por Celaquinze milhons de pesetas em1994 para a compra da Casa dosCoengos número cinco. Os con-tributos da administraçom pro-vincial para a aquisiçom denovas instalaçons e para a habili-taçom das já existentes aumentá-rom consideravelmente nosseguintes anos. Desde 1998 até2001, a Deputaçom da Corunhacontribuiu com mais 78 milhons

de pesetas para reformar eampliar a sede de Íria Flávia. Por sua vez, em 1997 aConselharia de Cultura investiu86 milhons de pesetas para obrasnos edifícios da Fundaçom, justi-ficando que esta importantesoma de dinheiro "favoreceria arealizaçom de um maior númerode actos que viriam a contribuirpara a preservaçom do vastoespólio cultural e artístico doescritor". Posteriormente, aDeputaçom de Ponte Vedra desti-naria 21 milhons, as de Lugo eOurense 11 cada umha, montan-tes ainda acrescentados por 40milhons dados polo Ministérioespanhol da Educaçom e Culturae 15.5 oferecidos pola Fundaçomdos Caminhos-de-FerroEspanhóis.Dos orçamentos da Conselhariada Cultura do ano 2001 consta-vam 35 milhons de pesetas desti-

nados ao convé-nio com aFundaçom Cela.Tamanha verbafigurava sob onome de" P r o m o ç o m ,difusom e coope-raçom cultural" ededicou-se aorestauro e equi-pamento da Casados Coengosnúmero seis,onde foi constru-ído um auditório

com 178 lugares.Entretanto, a instituiçom presidi-da polo escritor acordara destinar,dentro desta obra, um milhom emeio de pesetas à compra detapetes, dezassete para a aquisi-çom de assentos, doze para umhaestátua, um outro milhom e meiopara as despesas ocasionadas aomudar outra estátua de lugar, trêspara despesas de jardinagem, etc.O próprio Tomás Cavanna,gerente da Fundaçom Cela,reconheceu que a verba destina-da à compra de tapetes e alcatifastinha atingido um milhom e meiode pesetas, pois "este preço é oque pode custar umha alcatifapara o salom de um palácio.Aliás, estamos a falar de 100

7novas da galiza

Fundaçom Cela recebe subsídiosmultimilionários de instituiçons galegas

Conselharia de Cultura e Deputaçom da Corunha som os seus principais "mecenas"

investigaçomJunho 2003

Desde a sua constituiçom, a entidade obtivo 538.400.000 pesetas -mais de três milhons de euros- de organismos públicos

Antón Álvarez Sanz

reportagem

O matrimónio foi denunciado por criar sociedades interpostas para desviar fundos públicos outorgados à fundaçom.

Imagem de assistentes ao funeral de Cela, sempre arroupado pola direita espanhola.

Estima-se quedesde o ano 1987

até 2001, aDeputaçom da

Corunha realizoucontributos àFundaçom naquantia de 137milhons de pts.

metros quadrados de alcatifasnecessárias para eliminar a humi-dade e o frio".

As particularidadesda Fundaçom

As actividades da FundaçomCela limitam-se à publicaçom darevista trimestral Extramundi,escrita maioritariamente emespanhol, à elaboraçom do catá-logo da pinacoteca do escritor ouà exibiçom da biblioteca particu-lar de Cela. Porém, na própriasede da Fundaçom podem sercontempladas excentricidadescomo umha pitoresca colecçom

de setenta penicos procedentes detodo o mundo.Ainda, na sede da entidade tam-bém houbo um lugar para omacabro. Para ambientar a saladedicada a La Familia dePascual Duarte, obra em que oprotagonista morria garrotado,Cela decidiu conseguir um garro-te autêntico para "decorar" con-venientemente o compartimento.O Tribunal Supremo espanholdoou em depósito à Fundaçom ogarrote que servira para assassi-nar em 1974 o anarquista catalámSalvador Puig Antich. As críticas por causa da exibiçomdeste sinistro aparelho nom

demorárom a chegar por parte dafamília de Puig Antich e de JoanSaura, deputado de Iniciativa perCatalunya-Verds no Congressoespanhol, solicitando a retiradado macabro instrumento por res-peito aos familiares do anarquistae à memória histórica da luitaantifranquista.Marina Castaño e DaríoVillanueva, presidenta e vicepre-sidente actuais da Fundaçom,acedêrom ao pedido da família dePuig Antich, mas asseguráromque "o faziam sem terem conhe-cimento algum de aquele ter sidoo garrote que tinha matado oanarquista catalám".

8 reportagem Junho 2003 novas da galiza

Marina Castaño controla a ima-gem de Cela e os direitos deautor da sua obra através deumha rede de sociedades mer-cantis em que ela é a administra-dora única: Letra y TintaS.L.,Palabras y Papeles S.L.,Estudios Iceberg S.L., Lengua yLiteratura AIE. O propósitosocial destas sociedades nemsempre tem relaçom com a cul-tura. Há algumha destinada àaquisiçom de quintas rústicas oucasas urbanas e à construcçom,promoçom e exploraçom dasmesmas."Lengua y Literatura" nom sededica a nenhumha actividadeque tenha a ver com o seu nome.A sua verdadeira incumbência

consiste na administaçom, posse,reabilitaçom, exploraçom earrendamento de imóveis quesejam propriedade de algum dos

sócios desta entidade. A"Lengua y Literatura", domici-liada numha moradia que MarinaCastaño possui em Madrid, estáassociada, além da própriaFundaçom Cela, a sociedade"Letra y Tinta", cuja titularidadetambém é da viúva do escritorpadronês.Segundo a revista Tiempo, foiesta última entidade que canali-zou todos os subsídios que aFundaçom Cela recebeu para orestauro das Casas dos Coengosna sua sede de Íria Flávia no con-celho corunhês de Padrom.Este ardil financeiro foi denun-ciado no Julgado de Vila Garciada Arousa e na AgênciaTributária de Madrid.

A galeguidade da figura de Cela foi sempre questionada polo nacionalismo.

Desvio de fundos atravésde sociedades interpostas

Umha das

empresas dedica-se

à administraçom,

à exploraçom e ao

arrendamento de

imóveis pentencentes

a sócios da entidade

Cela recebeu 24 milhons de pesetas da Xunta pola promoçom da pataca galega.

Camilo José Cela Trulock nasceuem Íria Flávia, Padrom, a onze deMaio de 1916, no seio de umhafamília burguesa. Aos poucos anosde vida, transferiu-se com os seuspais para Madrid, onde terá come-çado os seus estu-dos académicos.O início da GuerraCivil apanhou Celana capital espanho-la, que na alturacontinuava a serrepublicana, masem Outubro de1937 o escritoringressou no bandofranquista, ondecombateu nas filei-ras do exército gol-pista. Um anodepois e já naCorunha, ofereceu-se como delator aoCuerpo deInvestigación yVigilancia, para "aachega de dadossobre pessoas econdutas quepudessem ser de utilidade", já que"o glorioso Movimiento Nacionalse produziu estando em Madrid osolicitador (Cela)", conhecendoportanto "a actuaçom de determi-nados indivíduos".Pouco depois de concluir aGuerra, o escritor actua de censorao serviço do regime franquista,trabalhando como funcionário nasecçom de Información y Censurada Delegación Nacional dePrensa, nos anos 1943 e 1944.Também foi chefe de propaganda

do SEU, o sindicato falangista dosestudantes universitários, emMadrid.É esta etapa que a maioria dos crí-ticos literários assinalam como amais prolífica do autor, ao publicar

em 1942 LaFamilia de PascualDuarte, Viaje a laAlcarria em 1948 eLa Colmena em1951.Posteriormente, aqualidade das suasobras decairá, ape-sar de lhe ter sidoconcedido em 1989o Prémio Nobel deliteratura.O escándalo che-gou em 2001 quan-do se soubo que aAudiência deBarcelona tramita-ra umha queixa-crime apresentadapola escritoracorunhesa CarmenFormoso contraCela e a editora

Planeta, por ter plagiado o roman-ce desta autora intituladoCarmen, Carmela, Carmiña. Aacusaçom estivo motivada polassemelhanças existentes (mesmofrases textuais) entre esta obra eLa Cruz de San Andrés, livro comque Cela ganhou o PrémioPlaneta em 1994.Cela faleceu a 17 de Janeiro de2002 em Madrid. No dia seguintefoi enterrado, quase com honrasde estado, na sua freguesia natalde Íria Flávia.

De delatora Nobel

Perfil

Em 1.938, Celaofereceu-se como

delator ao“Cuerpo de

Investigación yVigilancia”, para

"a achega dedados sobre pes-soas e condutas

que pudessem serde utilidade"

9novas da galiza reportagemJunho 2003

As provas da dilapidaçom

Orçamento completo da reforma da Casa dos Coengos número 6. No ano2000, a Deputaçom da Corunha contribuiu com 5.000.000 pts., o 14,3% dototal. No 2001, a mesma entidade aportou 30.000.000 pts., o 25,4%,enquanto a Conselharia de Cultura destinou 35.000.000 pts., o 29,6%..

Aportaçons da Deputaçom da Corunha à Fundaçom Cela desde 1987 até2001. Contabilizárom-se 137.000.000 pts.

Contribuiçom de 30.000.000 pts. que a Deputaçom corunhesa concedeuem 2001 para a reforma da Casa dos Coengos número 6.

Subsídio de 5.000.000 pts. para o co-financiamento da digitalizaçom ecatalogaçom dos fundos culturais da fundaçom.

10 sindical Junho 2002 novas da galiza

A multinacional mantém o controle sobre os trabalhadores através do sindicato amarelo

Citroën restringe liberdadeslaborais na fábrica de VigoO sector do automóvel representa na Galiza51% das exportaçons, percentagem sobre a qualCitroën atinge 74,5%. A actividade da empresade capital francês fusionada com a Peugeot nogrupo PSA alcança 20% do PIB galego. A fábri-

ca de Vigo, principal da marca, produz 2.024automóveis diários a partir do trabalho directode 10.000 pessoas e o indirecto de 7.500 contra-tadas em empresas auxiliares. Por trás dos gran-des montantes oculta-se a repressom velada ao

sindicalismo de classe, a irregularidade nas con-tratos e a coacçom eleitoral, entre outras medi-das patronais dirigidas a impor os criterios damultinacional sobre os trabalhadores e a empe-cer a sua organizaçom.

Situada na Zona Franca de Vigo,a fábrica de Citroën ocupa634.816 metros quadrados, emque fôrom fabricados 476.000carros em 2002, umha quantida-de que ultrapassou a produçomde anos anteriores. Trabalhampara a empresa mais de 17.000pessoas entre contratadas e pes-soal das empresas fornecedoras,que empregam pessoas de Vigo,arrabaldes e comarcas próximas,sendo altamente significativapara a economia da área.À sua frente, Javier Riera, direc-

tor da fábricaolívica desde1998 e mem-bro daD i r e c ç o mIndustrial deF a b r i c a ç o mdo grupo PSA.Vinculado aoP a r t i d oPopular eamigo dospoderes fácti-cos da cidade,conta entre osseus com JuanCorral, quefora candidatopolo PP emVigo, assimcomo coorde-nador deR e l a ç o n sLaborais deC i t r o ë nHispánia S.A.,coordenadorda CEOE naGaliza ePresidente da AutoridadePortuária de Vigo. Acima deRiera, Jean-Martin Folz, o presi-dente da PSA que ostenta aGrande-Cruz da Ordem de Isabela Católica, título outorgado porAznar; e Claude Satinet, directorgeral da marca Citroën. E entre adirecçom empresarial e os operá-

rios, o todo-poderoso e amareloSindicato Independente deTrabalhadores de Citroën (SITC),que arrasa nas eleiçons com maisde 60% dos votos mediante acoacçom, conseguindo, porexemplo, que nom exista nenhummando intermédio em Citroënfiliado a qualquer sindicato declasse.

A transnacional PSA Peugeot-Citroën é um dos gigantes mun-diais no campo da automoçom.Em 2002 vendeu 3.267.000 mil-hons de viaturas, elevando ovolume de facturaçom em 5,45%e conseguindo um benefício netode 1.690 milhons de euros.

Exporta carrospara os cinco con-tinentes e está acentrar a criaçomde pontos devenda e de servi-ços na Europa cen-tral e oriental, naAmérica do Sul ena China. Acaboude chegar a umacordo com a Fordpara investir con-juntamente 1.000milhons de eurosna produçom demotores diesel deinjecçom directa.

Para a sua expan-som mercantil eprodutiva naEuropa central,onde domina12,7% da quota demercado, a PSApretende construirpara o ano 2006umha grande plan-ta de ensambla-

gem na República Eslovaca,acrescentada à já existente naRepública Tcheca. Esta decisomlevantou o alerta da possível des-locaçom da produçom estatalpara países da antiga área soviéti-ca à procura de mao-de-obramais barata. Jean-Martin Folz,presidente da PSA, negou esta

possibilidade, mas os planos dereforma antecipada empreendi-das nos passados anos e os "ajus-tamentos de plantel" anunciadosagouram um futuro incerto paracentos de trabalhadores, segundofontes sindicais. O presidenteFolz apontou que entre 2003 e2006 o crescimento da actividadee dos resultados "estará apoiadona reduçom de custos".

Logo depois da análise doslucros de 2001 e de 2003, JavierRiera lançou o objectivo de redu-zir o número de trabalhadores a8.500 em vários anos (para aí1.500 operários menos do que naactualidade), seguindo a máximacom que caracterizou os últimosanos de gerência: "a flexibilidadefoi umha das nossas batalhas".Neste ano Citroën Vigo porá narua trezentos trabalhadores se aproduçom se consolidar, númerosemelhante ao de operários quecessárom de trabalhar em 2001.

A média de idade dos trabalhado-res desceu de 50 para 30 anoscom os reajustamentos e as novascontrataçons, medidas de JavierRiera, que diminuiu o número decontratos de trabalho sem termo.

Actividade sindicalOs sindicatos nacionais coincidema qualificar como insatisfatório otrabalho sindical e ainda a cons-ciência operária, assinalandocomo causas a hegemonia do sin-dicato amarelo (SITC) e o desinte-resse generalizado de boa partedos trabalhadores, resignados econformes com manterem oemprego. Os filiados do SITCcandidatam-se a sorteios de via-gens, créditos hipotecários, des-contos em carros e contam commaiores facilidades para serempromovidos, segundo fontes sindi-cais. No entanto, esta filiaçomnom assegura nada quanto aofuturo dos novos trabalhadores,

Carlos B.G.

Mais de 10.000 pessoas trabalham diariamente na fábrica de Vigo, mantendo um intenso ritmo produtivo

Entre a direcçome os operários está

o organismo amarelo SITC,que arrasa nas

eleiçons com maisde 60% dos votose consegue que

nom existam man-dos intermédios

com filiaçomsindical

O abafante poderdo sindicato

amarelo assenta no “tratamento

individualizadosobre as pessoas"

baseiado no "factormedo", sobretudonas eleiçons, nasque nom existe o

voto livre

reportagem

11reportagemJunho 2003novas da galiza

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com base no número limitado decontratos sem prazo que já fôromanunciados. Henrique Pérez, secre-tário da secçom sindical da CIG naCitroën, conside-ra que som"menos os privi-légios dos filiadosao sindicato ama-relo que os prejuí-zos dos demais" eindica que ao per-tencer ao SITC, ooperário renuncia"à liberdade deser pessoa" e estáexposto a umhasubmissom bru-tal, nom podendorecusar-se a qual-

quer ordem dos chefes.Henrique Pérez considera que aliberdade sindical está limitada naCitroën. Indica que o poder do sin-

dicato amarelo éabafante e assen-ta no "tratamentoindividualizadosobre as pessoas"baseado no "fac-tor medo", sobre-tudo nas eleiçonssindicais, origi-nando que osfiliados a sindi-catos de classe"nom participemdos direitos nasmesmas condi-çons". É objecti-

vo da CIG conseguir "igualdade deoportunidades entre os trabalhado-res, independentemente de esta-rem sindicados ou nom"."Hoje isto está adormecido, aceita-se tudo quanto nos metem", afirmaSeverino Táboas, operário queleva 29 anos a trabalhar na Citroëne filiado à CUT. Assinala que aempresa joga com os contratosprecários e com os "contratados aprazo que querem amarrar o seulugar". Questiona o papel sindicalda UGT, cujos dirigentes estámaliados com a executiva da empre-sa, segundo indica, e desvela asintensas relaçons existentes entreVentura Pérez Mariño, candidato àpresidência da Cámara de Vigo doPSOE, e a direcçom da empresa.

Denuncia que a UGT é partícipedos contratos irregulares naComissom de Contrataçom de quefai parte. Segundo informa, nomexiste mais crité-rio ao dar empre-go do que a rela-çom com pesso-as do SITC ou daUGT, sindicatoque é compradomediante a con-trataçom de pes-soas que elesr e c o m e n d a m ,em palavras dofiliado da CUT.Severino criticaa reforma laboralque abrangeu a

gestom das baixas. A obrigaçomde acudir à Mútua para as revisonsaumenta o controle sobre os tra-balhadores e motivou que em mui-

tas ocasions sec o n c e d e s s e maltas quando apessoa ainda seencontrava doen-te. Afirma que" c o n s e g u e madiantar as entre-vistas médicas"para a rápidareincorporaçomao trabalho, um"privilégio daCitroën" a respei-to da SegurançaSocial.

A utilizaçom daseleiçons sindicais edas contrataçons

"Tenhem o pessoal sob controle",afirma um jovem que trabalha naCitroën desde há uns meses.Recusa-se a que publiquemos aidentidade dele para conservar oemprego e comenta que tivo quevotar no sindicato amarelo pola"coacçom absoluta que sofre-mos". Sobre as contrataçons,comenta que os primeiros contra-tos a prazo costumam renovar-sede seis em seis meses, nos quaisavaliam o trabalhador. As pessoaseleitas acedem ao contrato nor-malmente mediante um "tráficode influências" de que beneficiamfamiliares ou achegados da direc-çom, do SITC, da UGT ouCCOO, como reconhece queaconteceu no seu caso. As cunhase recomendaçons explicam,segundo o jovem, tanto a contra-taçom e a permanência na empre-sa como a própria submissom.Assegura que se respira umambiente de medo em que nom sepode falar de qualquer tema labo-

ral na fábrica polo papel acusadorque exercem membros do SITC.No tocante às eleiçons, o operárioindica que a opçom de voto "já foiassumida" ao começar a trabalharna fábrica. Os encarregadosdizem às pessoas de que duvidam"já sabes o que há", segundo otrabalhador, que afirma que lhelembrárom em três ocasions emque havia de votar. Além disso,"nom che interessa entrar nacabine, pegas na boletim devoto, que se veja bem, e votas",fôrom palavras dirigidas aojovem antes de votar.Normalmente, entramos a par naassembleia de voto, um trabalha-dor a termo incerto e um "políciada empresa" filiado ao sindicatoamarelo, além de haver presençado SITC em todas as mesas devoto. "Polo teu próprio bem, jásabes", diziam-lhe, em referên-cia a que o facto de entrar nacabine de voto pode motivar queo contrato nom seja renovado.

O sindicato amarelo exerce como polícia da empresa. A sua filiaçom troca submissom por privilégios.

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Ventura PérezMariño (PSOE)mantém aliançascom a direcçomempresarial deCitroën Vigo

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A filiaçom doSITC opta a

sorteios, hipotecas,descontos em

carros e facilidadepara ascender

umha vida de entrega à Galiza

12 centenário bóveda Junho 2003 novas da galiza

Alexandre Bóveda,umha vida de entrega à Galiza

Alexandre Bóveda Igrejas nasceuàs 2:00 da madrugada de 4 de Junhode 1903 no número 16 da ourensanarua da Barreira. Filho de JoámBóveda Valcárcel, carpinteiro e deMaria Loisa Igrejas Sánchez, costu-reira, -portanto, filho de classespopulares-, estudou na EscolaNormal de Ourense e na escola dosirmaos Vilhar, onde com dez anosrecebe aulas de francês. Aí polosquinze anos Bóveda começa adecantar-se por duas inclinaçons cla-ras: o desporto e o canto. Quanto aodesporto inicia-se no futebol partici-pando ao longo da sua mocidade emdiferentes equipas: RemédiosFutebol Clube, de que seria capitám,

Royal Futebol Clube,e o

Galicia clube de futebol. No que direspeito à música Bóveda passará afazer parte, na etapa ourensana, daCoral de Ruada e o Orfeom UniomOurensana.O estudo académico, o desporto e a

o canto alternava-o o Alexandre,segundo o seu sogro, Gerardo Álva-rez Limeses, com a leitura atenta doCatecismo d'o Labrego e as páginasdo semanário O Tío Marcos daPortela (Parrafeos c'o PoboGallego). Na publicitaçom que nestemeio se fazia do Catecismo d'oLabrego, podia-se ler o seguinteparágrafo:"Tod'o o que n-el se di está resumi-

do n-o dibuxo d'a portada (...). O coi-tadiño paisano gallego marcha,camiño do calvario, levando sobredo lombo a pesada cruz d'as suascalamidás e disgracias. Atado pol-opescozo c'unha corda, d'a que turraun ministro, vai escoltado por unxeneral e un señor".

Com certeza a ideologia anticaci-quista e galeguista em que fica-

vam imersas as páginas doCatecismo d'o Labrego e d'OTio Marcos d'a Portela tivoque ter grande importáncia

quanto à conformaçom dopensamento do moço Bóveda.Umha ideologia que atendia àpolarizada realidade económicaexistente numha sociedade finis-secular onde as classes popula-res, nomeadamente os/as marin-heiros/as e labregos/as, ficavamno degrau mais baixo. Além das páginas do Catecismo

d'o Labrego, O Tio Marcos daPortela e de múltiplos livros,

Bóveda será leitor de Nós, Revistamensal de cultura galega e d'A NosaTerra, órgao de expressom do gale-guismo organizado representado na

altura polas Irmandades da Fala,avançando na sua auto-

identificaçom

com a problemática nacional. Semdúvida, como complemento e ilus-traçom prática das denúncias formu-ladas nestas leituras, que o jovemourensano teria ido assumindo gra-dualmente, Bóveda sofre no seuámbito familiar a emigraçom. Comefeito, o pai, Joám Bóveda, emigra aEuskal Herria e à Argentina à procu-ra de umha melhoria na situaçomeconómica familiar.

A par disto Bóveda prepara em1920 um concurso em Madrid parafuncionários da Fazenda e, logodepois de um inten-to falhado, conse-gue ocupar umhavaga de auxiliar dec o n t a b i l i d a d e .Depois de exercerem Ourense logracom apenas vinte equatro anos a chefiado departamento decontabilidade dadelegaçom daFazenda da cidadedo Lêrez.

Com efeito, em1927 Bóveda chegaa Ponte Vedra, ondea partir da sua integraçom naSociedade Coral Polifónica da cida-de do Lêrez, dirigida por BlancoPorto, conhece a que será a sua com-panheira Amália Álvarez Gallego,filha de Gerardo Álvarez Limeses, ecom a qual terá cinco filhos. NaPolifónica Bóveda entrará em con-tacto com Antom Lousada Diégueze Daniel R. Castelao, membros tam-bém da entidade coral e, lembremos,activos das Irmandades da Fala. Amorte de Lousada em começos de1929 fará com que acabe por sercom Castelao que Bóveda mantenhaumha relaçom que durará até àmorte do ourensano. A partir daépoca pontevedresa Castelao eBóveda tornam-se inseparáveis

companheiros e amigos de militán-cia nacionalista.

Com a queda da ditadura de M.Primo de Rivera em 1929, o gale-guismo aproveita para se reorgani-zar. Na altura eram diferentes asagrupaçons locais com que conta-vam os galeguistas, a maioria dasvezes sem relaçom estável entreelas. No período 1929-1930, mani-festos e leituras de inspiraçom gale-guista e republicana sucedem-seapontando para a necessidade destareorganizaçom e de novos tempos

para o País: Pactode Lestrove,Compromiso deB a r r a n t e s ,E z q u e r d aGaleguista fálalleo país, O proble-ma político deGalicia de VicenteRisco, etc. Assim,entre os dias 5 e 6de Dezembro de1931, no enqua-dramento da VIIA s a m b l e i aN a z o n a l i s t a ,constitui-se o

Partido Galeguista (PG). Para esta assembleia um duro tra-

balho ficava por fazer, para lograr aassistência do maior número deagrupaçons locais que conformarama base de militantes fundadores doPG. Quem levou o maior peso foi ojá criado Partido Galeguista dePonte Vedra e, mais concretamente,Alexandre Bóveda, secretário geraldesta agrupaçom. Bóveda logrouunir, salvando certas diferenças, osmembros de 32 agrupaçons locaisno grande partido galeguista queseria o PG; facto demonstrado nasactas que Bóveda levantou das reu-nions prévias à VII Assembleia e nasquais havia galeguistas que enten-diam mais adequada a existência de

diferentes partidos.Desde a constituiçom do PG, do

qual Bóveda será secretário geral ePedro Basanta presidente, até aoassassinato do ourensano, seráBóveda a peça chave do Partido,sem esquecermos, entre outros,Víctor Casas, Ánxel Casal, LoisTobio e Daniel Castelao. Bóvedarepresentava o quadro militante quedava coesom ao Partido, o secretáriogeral que esclarecia posiçons e o teó-rico que ajudava à formaçom deoutros companheiros e companhei-ras de organizaçom e sonhos. Quanto ao PG pode-se afirmar que

se umha constante houvo no Partidodesde a fundaçom foi, com certeza,o Estatuto de Autonomia. A necessi-dade de um enquadramento jurídi-co-político que pautasse o dia-a-diada nossa naçom, dando cobertura àscaracterísticas nacionais da Galizafoi entendida como prioritária poloPG desde a sua fundaçom. Bóvedaestaria a todo o momento à frente daquestom. Foi quem se encarregou demostrar com números, através denumerosas operaçons matemáticas ea partir da sua formaçom como eco-nomista, que o Estado espanhol arre-cadava mais dinheiro na Galiza doque investia nela. Foi Bóveda alograr em 1932 o consenso dotexto/projecto de Estatuto, em quemuito trabalhara no quadro do queseria o limiar da Assembleia deConcelhos da Galiza Pró-Estatutocelebrada entre o dia 17 e o dia 19 deDezembro desse ano, da que saiu otexto estatutário que teria de ser sub-metido a plebiscito popular. Aindaque se tivesse proposto a celebra-çom do plebiscito para o ano 1933, achegada das direitas ao governoespanhol após as eleiçons deNovembro desse ano fijo com que seadiasse. Pola mesma razom, DanielCastelao e Alexandre Bóveda, fun-cionários do Estado espanhol, som

Sem dúvida algumha, quando falamos da história donacionalismo galego e, mais concretamente, dos sím-bolos/referentes positivos que o nacionalismo galegotem, o nome de Alexandre Bóveda, de quem celebra-mos no presente ano o centenário do seu nascimen-to, é um dos primeiros que lembramos. Junto a ele,Roi Xordo, Maria Castanha, Rosalia, M. Murguia,Daniel Castelao, Moncho Reboiras, etc. Mas, que éque representou e representa Bóveda? Quem foi oAlexandre? De certeza, grande número de nacionalistas respon-

deriam à primeira questom praticamente o mesmoque se, em vez de perguntarmos por Bóveda, pergun-tássemos, por exemplo, por Reboiras, a saber: repre-senta a legítima aspiraçom do povo galego pola sua

liberdade, o sacrifício militante, a luita por um futu-ro nosso...

Mas o problema, decerto, surgiria a partir dasegunda questom. Quem foi o Alexandre? Bem, há quinze dias dizia-me um galego letrado que

sim, que sabia quem fora Bóveda; seguro de si pró-prio asseverava que Alexandre Bóveda fora umgrande escritor. Nom foi a primeira vez que me acon-teceu tal cousa e acho que tampouco será a derradei-ra. Que este facto fosse umha realidade alheia àgrande família nacionalista poderia ser entendidocomo algo compreensível num país em processo dereconstruçom nacional, mas que nacionalistas gale-gos e galegas asseverem quando som perguntadospor quem foi Bóveda: foi um galego que representa

a legítima aspiraçom do povo galego pola sua liber-dade, o sacrifício militante, a luita por um futuronosso, é, polo menos, equivalente, ao meu ver, a dizerque o nosso compatriota foi um grande escritor.

Evidentemente, quem subscreve nom entende quetodo/a o nacionalista galego/a tenha que saber pontopor ponto, vírgula por vírgula o que fijo ou (mesmo)deixou de fazer cada patriota/símbolo nacional danossa História. Ora, contudo, entendo que há unsmínimos e que estes nom som atingidos a reproduzirou fortalecer estereótipos e frases feitas que, mesmolonge do propósito do transmissor, minimizam oobjecto referido. Cumpre avançarmos no conheci-mento da nossa História nacional, meio de grandeimportáncia a caminho de umha Galiza nossa.

"A minha pátria natural é a Galiza. Amo-a fervorosamente. Jamais a atraiçoaria (...) figem quanto pudem pola Galiza e faria mais se pudesse..." 13 de agosto 1936

Uxio-Breogám DiéguezFundaçom Alexandre Bóveda

Bóveda foi quemse encarregou de

mostrar comnúmeros que o

Estado espanholarrecadava mais

dinheiro naGaliza do queinvestia nela

13cinemaJunho 2003novas da galiza

desterrados, respectivamente, aBadajoz e Cádiz, como represáliado Estado aos dous militantes maisrepresentativos do nacionalismogalego no momento. Mesmo assim,ambos, com algumha autorizaçom eaproveitando as férias, voltarámnalgumha ocasiom ao país para par-ticiparem em actos do Partido.

Em Fevereiro de 1936, tomando oPG a decisom de concorrer na can-didatura Frente Popular (FP) às elei-çons a Cámara baixa do Estado,umha vez assumido pola FP o com-promisso de se plebiscitar o Estatutogalego, a Frente ganha as eleiçons e,como nom podia ser doutra forma,marca-se para o dia 28 de Junho de1936 o referendo. De Fevereiro aJunho o PG realiza um grandenúmero de comícios para mostrar aimportáncia e a necessidade doEstatuto. Alexandre Bóveda, junto aVictor Casas, Lois Tobio, Castelao,Ánxel Casal, Osorio-Tafall, ÁlvarezLimeses, Avelino Pousa Antelo eCamilo Díaz Baliño, entre outros,trabalham sem descanso nesta cam-panha de propaganda do Estatuto deAutonomia. No dia 28 de Junhochega o grande dia e os resultados(A Nosa Terra nº420, 4/07/1936)som os que se seguem: 991.476votos favoráveis, 6.085 votos con-trários e 1.378 votos brancos.

A alegria que para o galeguismorepresentárom estes resultados,como o/a leitor/a saberá, duroupouco. A 17 de Julho de 1936 astropas espanholas destacadas nascolónias do continente africanosublevam-se contra a legalidaderepublicana. Dias mais tarde aGaliza na sua maior parte fica ocu-pada.

Desde o início da sublevaçomAlexandre Bóveda, junto a VíctorCasas e José Ádrio Barreiro, entreoutros, fica em Ponte Vedra a defen-der a legalidade republicana até aodia da sua detençom, a 20 de Julho.Umha detençom que nom se realizaexclusivamente pola defesa que rea-liza Bóveda da ordem republicanamas também pola sua trajectória decompromisso com o processo deautodeterminaçom da Galiza e adefesa das liberdades no nosso país. Depois de passar por diferentes pri-sons e de se lhe ter tentado aplicar,antes de ser julgado, a lei de fugas,Bóveda é assassinado na madruga-da do dia 17 de Agosto de 1936 naCaeira, sendo soterrado, apesar danegativa das autoridades subversi-vas, com a bandeira galega junto doseu coraçom.

O Lápis do Carpinteiro a debateA polémica está servida. Após a estreiado filme que interpreta a novela deManolo Rivas, boa parte da intelectual-idade galega, do campo da cultura edas artes questionárom a galeguidadeda produçom. Entidades como as Redes

Escarlata ou representantes do mundoteatral criticárom com dureza umhaproduçom que se mostra representandoa Galiza enquanto reserva o galegopara umha versom dobrada. Outraspessoas e grupos apoiárom decidida-

mente Reixa como aposta do chamadocinema galego. No fundo do debate, ainexistência de umha indústria cine-matográfica galega e a falta de vontadepor parte de muitos sectores de con-tribuírem para a sua construçom.

"Ajudas institucionais estám afazer prosperar cinema nom galegona Galiza"

"Umha obra que contribuipara recuperar a nossa memóriahistórica mais recente"

Denís Fernández Méndez

A fama do livro de Manolo Rivasfazia com que a estreia do filme deAntón Reixa jogasse com vanta-gem. Muitos dos espectadorespotenciais conheciam a obra doescritor corunhês, que já fora umêxito de vendas. Assim, asseguradoum mínimo sucesso de público, oque dirá a crítica? Depois de"engendros" como Ilegal, do valde-orrês Ignacio Vilar -interessantecomo possível iniciadora de umhasérie Z castiça, em dura concorrên-cia com os filmes dogma de JuanPinzás- o medo a um fracasso artís-tico estava bastante justificado, masAntón Reixa, com bastante expe-riência no audiovisual conseguiuumha obra bastante aceitável.A descriçom dos últimos dias daGaliza republicana é umha das mel-hores partes, conseguindo transmitirumha sensaçom de inquietaçompolo que virá depois. A descriçomdo golpe de Estado nom se debruçasobre a brutalidade fascista -a dife-rença de outros filmes sobre aGuerra Civil, como Libertarias deVicente Aranda, próxima do génerogore no seu sanguinário final-, masna descriçom dos personagensencadeados. Podemos ver o pintorCamilo Díaz Baliño -CarlosBlanco- ou o presidente da cámaragaleguista de Santiago e dono daeditora Nós, Anxel Casal, ambosfuzilados polos falangistas. Atingeumha grande plausibilidade históri-ca reflectindo pormenores como asvisitas de familiares para levarcomida aos presos, documentadashistoricamente. Talvez também oponto de vista da verosimilhança,seja criticável o aspecto limpo easséptico das prisons. Ainda acerca

disto, alguns críticoscomentam que a ver-som original -em cas-telhano- resulta poucocrível ao usar umhafonética neutra, semsotaque galego.A narraçom está centra-da ao redor de dous per-sonagens, o indeciso eacanhado guarda civilHerbal, interpretado porum brilhante Luis Tosar -que eclipsa o resto de acto-res e actrizes- e o carismá-tico doutor Daniel DaBarca -Tristán Ulloa-.Como terceiro pilar está amoça de Da Barca, MarisaMallo. O "lapis" é muito fielao livro original de ManoloRivas: umha singela históriade amor em tempos de morte,com um animador final feliz ebaseada em factos reais -a vidade um médico viguês, que con-seguiu exilar-se depois de sal-var a vida várias vezes, paravoltar depois e morrer na suaterra-. Mas é também umha obraque contribui para recuperar anossa memória histórica maisrecente, às vezes também esque-cida pola cultura galega.Por último, referenciar o debatesuscitado sobre a "galeguidade" daobra. Como sempre, a pequenezmental e o sectarismo de alguns faifraco favor à consolidaçom dumsector que dá trabalho a centos depessoas. Simplesmente, dizer que aversom em galego conta com quali-dade aceitável, já que a maioria deactores e actrizes -galegos e gale-gas- se dobram a si próprios. Talvezesteja a mais a traduçom da habane-ra "Fue como un sueño".

Nós-UP Corunha, Lueiro

Antón Reixa leva umha carreirameteórica para o olimpo dos con-versos de luxo. Por todos e todas éconhecida a involuçom ideológicadeste homem, noutrora militante deGaliza Ceive e hoje incardinado noautonomismo. O ex-cantor d'OsResentidos, hoje empresário do"pojante" sector audiovisual galego,já deu várias mostras de refractaris-mo face a algumhas reivindicaçonshistóricas do nacionalismo e deódio patológico ao independentis-mo. Está cómodo demais exercen-do de artista multimédia comáurea de rebelde, umha posiçomque só se alcança no sistema,adaptando-se a ele ainda queseja criticando-o às vezes, masnunca enfrentando-o.(...) Reixa di numha entrevistapublicada no semanário "ANosa Terra" que é impossívelaplicar ao cinema os mesmoscritérios que à literatura, paradeterminar o que é cinemagalego. Havemos de nos per-guntar que critério aplicamosentom, se temos de partir dabase de que cinema galegonom é exactamente o feitona Galiza e em galego. Ocinema galego é o feito porgalegos ou galegas? É ofeito com capital deempresas galegas?Poderia ser, mas entomcumpriria redefinir o queé cultura galega, e admitirque pode haver cultura

galega noutros idiomas quenom sejam o galego. O cinema éumha arte em que a língua é impor-tante, igual que na música e na lite-ratura, umha ferramenta de trabalho.

De um posicionamento nacionalistaé bastante discutível que para queum filme seja considerado galegochegue com que seja de produçomgalega.(...) Claro que para inverter a reali-dade de umha produçom galegacastrada da sua identidade, seriapreciso atacarmos o problema poronde nom querem isolacionistascomo o senhor Reixa. Antón Reixaexpom a posiçom da língua galegaperante o mundo como se fossehomologável à situaçom da línguabretá, do basco ou do gaélico irlan-dês. De maneira nenhumha é assim.Estamos inseridos e inseridas numsistema lingüístico que abrangeduzentos milhons de pessoas.Resulta incompreensível que, deumha óptica nacionalista, nom seintente explorar esse factor, procuraro caminho das co-produçons gale-go-portuguesas.(...) As ajudas institucionais estám afazer prosperar um cinema naGaliza que nom é cinema galego;que está feito em espanhol parasatisfazer o mercado espanhol eque, quando ultrapassa as fronteirasdo Estado espanhol vai como cine-ma espanhol. Isto nom pode serdefendido de umha perspectivanacionalista.(...) Nom é concebível a defesa dacultura galega sem a defesa daindústria cultural galega, mas nadefesa da cultura galega inevitavel-mente também se insere a defesa dalíngua.Dos poderes públicos deve-sefomentar a colaboraçom e a trocaentre as televisons públicas galega eportuguesa e o impulsionamento deprojectos que impliquem a colabo-raçom de produtoras galegas e por-tuguesas.

14 ideias Junho 2003 novas da galiza

Que é o hipertexto?J. R. Pichel

O hipertexto é um tipo de texto queliga páginas Web (HTML) oumesmo outro tipo de documentos.O hipertexto é, num texto electró-nico, quem liga um documento aoutro. Mas o hipertexto já vivianoutros lugares. Na altura em queAndré Breton jogava a fazer cadá-veres esquisitos e na nossa línguaninguém queria jogar com ele, umjovem Mário Cesariano (1923-)auto-proclamado surrealista, tam-bém pintor, não se atreveu a fazercadáver esquisito mas Antologia, edepois do experimento, o hipertex-to descobriu em Lisboa, lá mesmo,no coração da metrópole portugue-sa onde se fala galego deEstremadura, que achara um sítiolindo onde viver: um cadáveresquisito. Neste, as ligações entreos versos era uma ligação ambí-gua, imaginada polo leitor, que àsvezes matava o/a autor/a do textocom os entre-versos criados. EMário Cesariny dizia: "É precisodizer rosa em vez de dizer ideia/ épreciso dizer azul em vez de dizerpantera/ é preciso dizer febre emvez de dizer inocência/ é precisodizer o mundo em vez de dizer umhomem..." E o/a leitor/a dizia nosocos entre-versos [É preciso dizermerda em vez de prestígio, É pre-ciso ser violento em vez de aquece-dor, É preciso preciso] e o hiper-

texto era isso.Mas ele mesmo precisava novosrumos e novos lugares onde emo-cionar-se, e mais tarde, na décadade 60, entre revoluções quenunca mais, e literaturacachimbo barbuda, ohipertexto em procurapermanente, encon-trou em Paris terramítica um novolugar onde viver.Lugar onde viviauma "Maga", um"Oliveira", per-sonagens do livroRayuela de

Cortázarrodeados todo o dia de jazz. Achoumagnífico o novo lugar e o hiper-texto caminhou por ruas da capitalfrancesa cheias de actrizes e filóso-fos (o autor do artigo precisa dealguém encontrar uma actriz fran-cesa de que não goste) e descobriuque em Rayuela respirava muitobem. O hipertexto decidiu meter-seentão no romance, e tornou umromance em dous: O romance 1

que era sequencial e terminava nocapítulo 56 ao chegar a um fimasteriscoso de três ***Fim. O

s e g u n d oromance (com

hipertexto) que come-çava no número 73(72+1 é um bomnúmero para nas-cer) e seguia aordem que a Maga e oOliveira acharam funda-mentais para que tu ou eu ou ele ouela ou nós, compreendêssemos assuas vidas: "Toco tu boca, con undedo toco el borde de tu boca, voydibujándola como si saliera de mi

mano, como si por primera vez tuboca se entre-abriera, y me bastacerrar los ojos para deshacerlo todoy recomenzar... (-8)" [este é onúmero onde o hipertexto decidiu

viver levando-nos à página 8].O Hipertexto estava tão con-

tente vivendo na ponteaérea "Rayuela" e

"Antologia do cadáveresquisito", entre surre-alistas e pata físicos,entre Lisboa e Paris,que não imaginavaque 40 anos maistarde num laboratório

do acelerador de partí-culas do CERN naSuíça, dir-se-ia que foi

descoberto por unsmembros desseCentro. E foiapanhado dosseus livros-lare posto numnovo, esta vezem formato

HTML -semliteratura- paraser utilizado

polos primeirosnavegantes da Net,

que acharam magnífico oseu descobrimento. Mas nós sabe-mos que a Maga, o Oliveira e oCadáver esquisito ainda acham afaltar a sua companhia. Mas issoseria outra história.

agenda musicalJá está perto o verao, e com ele, os festivais musicais econcertos organizados ao longo do território. Dos clássi-cos referentes de Ortigueira, Zás ou Moeche até às tenta-tivas actuais de consolidar novos festivais, sem esquecer-mos a interessante oferta que se nos oferece no norte de

Portugal, com grandes citas como Paredes de Coura ouVilar de Mouros. Apresentamos-vos um pequeno guia dosconcertos folque que se realizarám nas próximas dataspara estardes pendentes do que bule no panorama musi-cal do País.

XXV Festival deOrtigueira

O reconhecido festival damúsica celta de Ortigueiracelebra o vigésimo quinto ani-versário entre os dias 11 e 13de Julho. Na primeira jornadacontará com Son de Seu,grupo de música tradicional daviguesa Escola de Artes; ogrupo de folque húngaroMuzsikás e a vocalista MartaSebesttyén, o gaiteiro electró-nico Hevia e os irlandesesAltan. No sábado dia 12 será ahora de Bal Tribal, banda for-mada polos irmaos Molard; ossuecos Hedningarna, os mesti-ços escoceses Shooglenifty e ogaiteiro Xosé Manuel Budiño.O último dia, Domingo, terácomo prato forte a banda esco-cesa Wolfstone.

Na Lúa 15 de JunhoPonte-Caldelas

Treixadura15 de Junho Cortejo polas ruas deAlhariz na Festa do Boi.

Gaiteiros de Lisboa 18 de JunhoOurense.

Treixadura19 de JunhoSala NasaCompostela.

X.M. Budiño27 de JunhoPoio.

Na Lúa5 de JulhoIlha de Arousa.

Berrogüetto9 de JulhoNoia.

Informaçom extraída

dos sítios de rede:

http://www.nordesia.com

http://www.ravachol.org Muzsikás actuará o 11 de Julho

?15músicaJunho 2002novas da galiza

Que se movena Galiza

Davide Loimil e Inácio Gomes

Muitas vezes se tem falado das mil e umha eivas que temo panorama musical galego, tam-só temos de dar umhaolhada a qualquer programa de televisom ou de rádio,repararmos nas propostas musicais das numerosasfestas que tenhem lugar na Galiza ao longo do anoou pôr-nos a procurar um local de ensaio. No entan-to, nem tudo é assim tam negativo. Ficam as nossasbandas... grupos de hard-core, hip-hop, reggae, skaou música tradicional que polo simples facto deserem componentes essenciais da actual cena musi-cal galega, e portanto da nossa cultura, deveriam dis-por de todo o nosso apoio. A cena musical galega precisa do apoio de todos os gale-gos e galegas e de todo o agente interessado pola sobrevi-vência deste Povo. Temos de tomar consciência da importáncia

que na construçom do País tem a existência de umha indústriamusical nossa, própria, peculiar. A música é um elemento

cultural que nos há-de diferenciar, e um contributo queda Galiza oferecemos ao resto do mundo. Dandy

Fever, Skacha, Keltoi!, Skárnio, Meninh@s da Rua,Non Residentz, 5Talegos, Ghamberros, Marful...som só alguns exemplos, cada um no seu estilo, quefam com que se poda pensar em dias melhorespara os nossos músicos e portanto para a nossamúsica.Com efeito, algo se está a mover na Galiza em

todos os níveis, também no musical. Após a desapa-riçom de bandas tam importantes para a nossa

indústria musical como Xenreira e Nen@s da Revoltae ainda após a miragem que supujo o rock bravu, que

nom encontrou continuidade, a música galega ressurgecom novas propostas. Eis umha pequena amostra.

Dandy FeverCorunhaGrupo formado por ex-compo-nentes da mítica banda de skacorunhesa Diskatocam e novosmúsicos que dedicam o seutempo a recolher e expor, da suaperspectiva, a música feita emJamaica na década de 60.Influências? Hepcat, Intensified,Skatalites, Maytals...Há pouco tempo estivérom a gra-var alguns temas, um dos quais jáse pode ouvir através da secçomde descargas de umha das melho-res páginas web dedicadas àmúsica negra. Graças a gruposcomo este, que por desgraça nomabundam, a Galiza semelha estarum pouquinho mais perto daJamaica.

SamesugasCompostelaSamesugas som outra das bandasgalegas que estám em plena acti-vidade. Depois da ediçom de ummini-CD com quatro composi-çons e a participaçom em diver-sos compilatórios, a destacar aversom em galego de "I fuckedBatty page" num tributo à bandanorueguesa Turbonegro, acabá-rom de editar dous trabalhos.Machine in your head (H-Records 2003) em formato CD evinil recolhe sete temas própriose mais duas versons, umha deMotörhead e outra de GeneVincent adaptadas brilhantemen-te e transferidas para os seusparámetros musicais. Quase

simultaneamente o selo finlandêsBad Attitude Records editou-lhesum 7" compartilhado com abanda Garage 13. Além disso,em todo este tempo nom paráromde tocar ao vivo: r'n'r em estadopuro!!! Podes seguir a sua activi-dade em www.samesugas.com.

Meninh@s da RuaCorunhaLogo depois da ediçom daqueleimpressionante disco intitulado"Negativo" esta banda corunhesaestivo parada durante algumtempo devido ao abandono dealgum dos seus componentes.Agora, após as lógicas mudançasna formaçom, anunciam o seuregresso aos palcos. Preparai-vosentom para voltar a desfrutar da

sua contundência e qualidade aovivo. Por se ainda nom conhecesesta banda, assim definem a suamúsica: "As pessoas costumamclassificar-nos como novo-metalmas nós tentamos fugir da identi-ficaçom com outros gruposcarentes de conteúdo e assimila-dos pola indústria, nom damosatençom a essa estética pré-fabri-cada e abraçamos outras influên-cias como o techno".

SkárnioVigoNom necessitam de apresenta-çons. Depois de terem percorridoo País de concerto em concerto,viu a luz o primeiro trabalho,"Filosofia de acçom da guerrilhaurbana", onde os ritmos jamaica-

nos do reggae e o ska se mistura-vam com o hip-hop e o rock, ade-reçando este coquetel sonorocom umha lírica crítica contra osistema e comprometida com aTerra. Agora apresentam o novodisco, "Arredista", com um sommais consolidado e maduro ecolaboraçons excepcionais,nacionais e internacionais."Arredista" fai ao mesmo tempoum exercício de recuperaçom damemória histórica ao redor doarredismo. O CD oferece textosonde se dam a conhecer as ori-gens do arredismo (e portanto donosso movimento), além deinterpretar o "Deus FratesqueGallaecia", poema do AlfredoBranhas musicado no seu dia porSuso Vaamonde.

As potencialidades do novodisco da banda ficárom sobeja-mente demonstradas com aactuaçom a 17 de Maio emCompostela, num concerto orga-nizado pola AMI.

A Matraca PerversaEstradaDo viveiro musical da Estradachega esta banda inclassificável.Umha proposta imaginativa queabrange do ska até ao funk, pas-sando pola pachanga, o soul ou orap. Os seus membros som vel-hos conhecidos para o público(Nen@s da Revolta, Xenreira,MDR...). Ao vivo tendes garanti-da a diversom sem parar de dan-çar, além de umha secçom deventos contundente e impecável.

Agora apresentam o seu novo disco, "Arredista", com um som mais consolidado e maduro e colaboraçons de excepçom

música

O bicoemporcalhado

Joám Carlos Ánsia

O galo Pinto encontrou nocaminho umha bosta com trêsgraos de milho. E fijo-se a gran-de pergunta: Bico ou nom bico?Se bico sujo o peteiro, e se nombico é-che muita a perda. O galoPinto bicou. Com o bico jáemporcalhado, nenhum "ele-mento" quijo limpar-lho. Aorgulhosa altanaria do amo docurral ficou estragada e a suaparticipaçom na festa de casa-mento para onde ia a caminho,foi umha quimera impossívelcom a merda pingando-lhe dobico. Os e as nacionalistas compresença institucional, temosresolvida a incógnita. Por sealguém tinha dúvidas.Governaremos. Contra os doPrestige e os da Guerra. Ao ladodas forças progressistas. Com aesquerda, pola Galiza e para aautodeterminaçom, a libertaçomsocial, e mais vinte pontos quepodem ser consultados nacorrespondente página web. Depassagem, poremos os candeei-ros que os vizinhos pedirem,faremos uns orçamentos partici-pativos e potenciaremos a redeassociativa, os grupos corais eos roteiros gratuitos e bem sina-lizados para caminheiros ecaminheiras, isto tudo em proldo lazer da cidadania. Ao con-trário do que acontece ao galoPinto, aqui, os que se fartamcom as migalhas emporcalha-das, sempre tenhem quem lhelimpa o bico. Ou quem lhe dáumha medalha Castelao. Ouquem os premia com umha vice-presidência. Ou os fai assalaria-dos do aparelho. Ou os pom de"conta-contos" por sedes elocais comarcais. Se alguémpassar dos três graos de milho evai directo para o desmantela-mento de burros, cavalos, tourose eles de ornamento floral, tal-vez nom recunque no poder,mas olhando bem para eles, ficaum entusiasmado, com a colori-da plumagem, com a preciosacrista vermelha e com os robus-tos esporons com que, como ogalo Pinto quando era alguém,podem ainda passear-se orgul-hosos por assembleias, consel-hos e congressos nacionais.

novas da

NGZ

Vigo conhece já um novo refe-rente cultural que pretendedinamizar a vida social da cida-de com propostas alternativasque partem da autogestom. AAssociaçom Cultural Revoltaconta com um cento de pessoasassociadas e acabou de inaugu-rar o seu local social na RuaReal, que conta com bar, lugarpara reunions e trabalho, biblio-teca e diversos recursos parafomentar a actividade social debase. Desde que abriu as suasportas nas festas do entrudo,está a manter umha actividadeconstante até ao dia de hoje.Falámos com Ándi, Teto e Ester,participantes do projecto, quenos explicárom alguns porme-nores quanto à sua experiência.

Como nasce em Vigo a ideia decriar um centro social?Há já tempo que andávamos àsvoltas com a ideia de abrir um localna cidade mas a falta de iniciativaprovocou que a posta em anda-mento deste projecto se demorasseaté à actualidade. A principalrazom para levar a cabo este pro-jecto foi a necessidade de um espa-ço na nossa cidade onde se juntas-se pessoal de diferentes ideias,organizaçons, grupos... e cominquietaçons semelhantes para tra-balhar polo nosso povo.

Que dificuldades encontrastespara pôr a andar o projecto?As principais dificuldades com quetopámos na altura de pôr em mar-cha o nosso projecto fôrom admi-nistrativas, principalmente à horade conseguir a licença municipalde abertura (hoje em dia em trámi-te) já que nom há nenhumha figuralegal que se ajuste à nossa nature-za. No que di respeito às dificulda-des económicas, cumpre comentarque estas nom fôrom de grandedimensom já que começamos compoucos fundos mas o esforço daspessoas implicadas, tanto econó-mico como de força de trabalho,facilitou a posta em andamento.

Como vos organizades? Em quevos centrades?O nosso funcionamento alicerça-sena assembleia, e numha políticaparticipativa e de autogestom, demaneira que todas as decisons som

tomadas através de umha assem-bleia mensal em que podem parti-cipar todas as pessoas associadas.Além disto, contamos com diferen-tes comissons (boletim porta-voz,biblioteca, cursos, associaçom,...) eumha responsabilidade polo localsocial e outra polas finanças. Asactividades que estamos a realizarsom de três géneros: o primeirosom as actividades permanentes,como projecçom de filmes às quin-tas, curso de malabares aberto àsterças, colóquios às sextas e ciclosde cinema em versom originallegendado em galego; por outrolado contamos com actividadespontuais organizadas quer ao redorde umha data quer de forma aleató-ria como concertos, contadores dehistórias, exposiçons, festas, audi-çons musicais... E ainda temos acti-vidades que nom organiza propria-mente A Revolta mas pessoas oucolectivos que as preparam e pon-hem a andar nas nossas instala-çons.

Quais os vossos objectivos bási-cos?Como já comentei, o principalobjectivo deste projecto é ser a casacomum de gente de um mesmoentorno, aliás, a associaçom é umnovo espaço em que pessoas ecolectivos podem exprimir as suasideias e realizar actividades. O seuobjectivo será enfrentar os valorese interesses que nos oprimemcomo pessoas e como povo, a tra-

balhar activamente pola defesa epromoçom dos direitos históricosda Galiza, a língua e a cultura gale-ga, os valores solidários e interna-cionalistas ou a resistência activacontra o sistema económico actual.

Porque escasseiam projectosdeste género no nosso país?Existe a imposiçom de um esque-ma tradicional de carácter espanho-lista que evidentemente deixa departe os nossos interesses culturais.Ainda, a obsessom por participarno enquadramento jurídico-políti-co actual do nacionalismo continuaa contribuir para o desaparecimen-to do nosso património cultural. Detodo o modo, continua a crescer oassociacionismo e o trabalho colec-tivo autogestionário como alterna-tiva à ausência de umha políticasocial. Exemplos claros som aSociedade Cultural e Desportivado Condado, Alto Minho, Artábria,A Casa Encantada... e isto conti-nuará a crescer aos poucos. O povotrabalhador galego está à procurade espaços abertos à expressom.

Que fai falta para levantar pro-jectos como A Revolta?A condiçom fundamental é a von-tade. Com vontade de criar qual-quer cousa, e trabalho, trabalhodesinteressado, pode conseguir-sepraticamente tudo o que qualquercolectivo se propuger. De subsídiosnada sabemos. Quanto ao podermediático estamos igual que o

resto do Povo, silenciado, masgeramos nós próprios a maneira dechegarmos às pessoas, de nospublicitarmos, e estamos a tentarcriar o nosso próprio boletim porta-voz.

Que fazedes pola normalizaçomlingüística?Criamos um espaço monolíngüe.Todos os actos, conferências, coló-quios, bilhetes, filmes (legendadosem galego), comunicados, carta-zes, ... som feitos em galego. NaRevolta vive-se exclusivamenteem galego. O local está aberto hápouco tempo mas estamos a trabal-har para conseguirmos ofereceraulas, obradoiros de leitura, biblio-teca... e tudo quanto pudermosfazer na defesa e promoçom danossa língua.

Que diríades às pessoas que,noutros lugares, quigessemlevantar projectos como este?Daqui animamos todos os colecti-vos e pessoas com consciêncianacional a trabalharem e criaremespaços como o nosso. Com vonta-de é possível. Trabalho é o que faifalta, nom exclusivamente pola lín-gua mas para defendermos o quesomos como pessoas, como povo ecomo trabalhadores e trabalhado-ras. Animamos entom todas as pes-soas do País, e dizemos-lhes que osresultados logo se vem. Polomenos em Vigo, já nem parece quesejamos quatro de sempre.

"Animamos a todos os colectivos e pessoas com consciência nacional acriar espaços como o nosso"

a entrevista Associaçom Cultural Revolta de Vigo

Membros da Associaçom Cultural à frente do local social no 1º de Maio