50619956 a cartilha agroecologica

Upload: jose-manuel-oliveira-pereira

Post on 05-Jul-2015

128 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    1/92

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    2/92

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    3/92

    ;A CARTILHA ACiROECOLOCiICAInstituto Giramundo Mutuando

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    4/92

    Todos os direitos livres. Qualquer parte desta edicao podera ser util izada ou reproduzida em qualquer meioou forma, desde que se mantenham todos os creditos e seu usa seja exclusivamente sem fins lucrativos.

    Coordenccdo geralBeatriz StamatoCoordenccdo de projeto editorialMetalinguagem CornunlcacaoJornalista responsnvelGuto Almeida (MTB 22.460)TextoRodrigo Machado MoreiraBeatriz StamatoArte-finalistaJoel NogueirallusfrccdoLuiz RibeiroPrograma~Cio visualPeagade CornunlcacaoRevisCioGuto AlmeidaMaria Cristina B. StamatoApoio hknicoAndre BergamoEduardo Calera PedrosaGuilherme Z. GonsalesLuciana MarcolinoMarcie Gonc;alves CamposMaria Elisa Von Zuben TassiMariana Cassins GaldinoMariana Murakoshi PestelliRenata PinhoSilvia da Silva PereiraTiago A. JanelaAgradecimentos especiaisSecretaria da Agricultura Familiar doMlnisterlo do Desenvolvimento AqrarioSitio Beira Serra

    1. Cartilha - Agricultura Ecol6gica, Manejo Agroecol6gico,Agroecologia, Agricultura Familiar, Tecnicas Ecol6gicas

    Mutuando, Instituto Giramundo, 2005A Cartilha Agroecol6gica / Instituto Giramundo MutuandoBotucatu, 5P: Editora Crlacao Ltda, 2005

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    5/92

    ,INDICEApresentacao 051. Breve hlstorla da Agricultura 082. A Agroecolog iaa. Nova ciencia e novas valores 15b. Tudo esta interligado 15c. A forca esta na participacao popular e na vida rural 17d. A irnportancia dos saberes populares 18e. 0 modo de vida carnpones 18f. A Economia popular, solidaria e ecol6gica 19g. Uma agricultura de base ecol6gica 203. Entendendo os prindpios basicosa. Equilibrio ecol6gico e agroecossistema 23b. 0 solo e vivo! 24c. As plantas, pragas e doencas sao indicadoras 25d. A sucessao vegetal e a formacao dos solos 28e. 0 lema e: aumentar a massa verde e fazer circular a fertilidade 30f. Controle biol6gico e fisiol6gico 314. Para cornecar, e born planejar! 37a. Conhecendo a Metodologia de ATER 37b. 0 bom facilitador de grupos 38c. Diagn6stico Rural Participativo (DRP) 41d. Outras estrateqias participativas para 0 trabalho em grupo 47e. Analise de agroecossistemas 48f. Valor agregado e trabalho familiar 51g. Planejando as lnovacoes Agroecol6gicas 52h. Planejamento por zonas 53i. Planejamento Legal 54j. Analise de sustentabilidade 56I. Transicao agroecol6gica 585. Pratlcas aqroecoloqicasa. Prepare do solo 64b. Quebra-ventos 66c. Adubacao orqanica 67d. Sistemas agroflorestais 73e. Producao animal agroecol6gica 74f. Alguns defensivos ecol6gicos para plantas e animais 796. Bibliografia 87

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    6/92

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    7/92

    Apresenta~aoN6s somos 0 Instituto Giramundo Mutuando, uma ONG que trabalha desde1998 apoiando 0 desenvolvimento da agricultura de base familiar e ecol6gica,baseada nos prindpios daAgroecologia.Oferecemos apoio tecnico a grupos de agricultores, orientamos experienciasagroecol6gicas e realizamos atividades de formacao para tecnicos e farniliasagricultoras. Apoiamos a orqanizacao de comunidades rurais e urbanas em torno dasequranca alimentar, auxiliando a formacao de redes de producao e consumo locaisde produtos ecol6gicos. Para isso, utilizamos sempre as metodologias participativase os prindpios da Educacao Popular.Atuamos nas reqioes do centro-oeste e sudoeste paulista, apoiando diversasfarnilias agricultoras e farnilias assentadas da Reforma Aqraria. Alern disso,formamos tecnicostas) de todo Brasil em estaqios e eventos educativos.Estematerial foi elaborado para que os(as) tecnicostas) possam orientar os(as)agricultores(as) que desejam trabalhar com uma agricultura de base ecol6gica. Eleefruto do trabalho dos tecnicostas) do PROGERA- Programa de Extensao RuralAgroecol6gica de Botucatu e Reqiao, desenvolvido pelo Giramundo em conjunto cominstituicoes locais, orqanizacoes dos movimentos sociais do campo e familiasagricultoras. Essa equipe pesquisou textos e cartilhas de outros autores einstituicoes e elaborou este material de facil entendimento e aplicacao.Nesta cartilha, voce vai encontrar orientacoes basicas para a pratica de umaagricultura mais produtiva e duradoura e diversas dicas para 0 cuidado com a terra,os rios, os animais e os cultivos, de forma a ajudar as farnilias agricultoras a produzir,respeitando e conservando a natureza para as futuras qeracoes.Lendo-a, vai perceber que nao traz apenas novas tecnicas, mas estimula umnovo olhar para a natureza e para a forma como produzimos alimentos. Atraves dela,vamos poder avaliar os erros dos sistemas convencionais de producao (monocultura)e orientar as inovacoes a serem realizadas pelos(as) agricultores(as) para a conquistade sistemas produtivos mais diversificados e ecol6gicos.Inicialmente fazemos um resgate hist6rico da agricultura, analisandocriticamente a evolucao da agricultura "moderna" e convencional, para entaocompreender os conceitos e metod os fundamentais da abordagem agroecol6gica.Em seguida orientamos 0 planejamento da producao por meio da analise dosagroecossistemas, para depois apresentarmos as tecnicas para a producaoagroecol6gica. E importante assinalar que ela e apenas um apoio e que sera mais bemusada se for lida e aplicada com as outras pessoas envolvidas na producao, comoos(as) tecnlcos(as), vizinhos(as) e principalmente a familia.Com isso, pretendemos desenvolver novas posturas com relacao ao modocomo produzimos e os impactos que podem causar no ambiente e na sociedade,quem realmente se beneficia com a agricultura equal e a responsabilidade dos(as)tecnicostas) e dos agricultores(as).Acreditamos que, com 0 nosso trabalho e este material, podemos contribuirpara um mundo melhor, mais justo, fraterno e respeitoso com a sociedade e anatureza. Esperamos que esta cartilha sirva para apoiar esse trabalho e fortalecer 0ideal que todos trazemos no coracao,Boa leitura e saudacoes agroecol6gicas!Equipe Giramundo

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    8/92

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    9/92

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    10/92

    Ante s d es o orru gu ese s d esemba rc arem noB r asil, o s in dio s tin ha tn 0seujeieode viver e de produzlr. Quando esees coionzaoores vieratn, roubaram asterras des in dio s e itn planta ra tn g rand es otaneacoes de exooreacso para aEu ropa, u ti li zando tnao -de -ob ra eSCrava ind igena e negr a, t raz ida da Af rica .

    A terra que estava sob corrcrole da C oroa portuguesa passou a monarqulebresnetra. A Coroa e 0 Itnperio doavem as te rra s aos grandes latifundiarios,n a fo rtn a de sestn aria s. E ra cornurn 0 la tifu nd ia rio in vadir a s te rra s ocupadaspetos indios ou petos cabocros e depols requerer a concessao da Coroa etO tn ar p os se d a te rra .

    Assitn, com as t er ra s ocupadas,flzeratn-se os grandes c icos damonocureure no eernoo da

    08 A Cartilha Agroecol6gica

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    11/92

    Breve historla da Agricultura

    H o uve u rns gran de pre ssa o pa raredistr ibuir essas te rra s e da rcon d lcoe s p a ra qu e os ca m pon esesoudessem produzlr.

    Ern 1850, as e lites c ria ra tn a Le i da s Te rras ,pe la qu a l quem ji! tinha te rra do ada p e laCo roa p od ia lega liza r a po sse , tnas quem na otin ha , te ria de com pra r. 0 acesso lega la te rra fo i ga ra n tido a qu em ji! tinha :o la tifund i i! rio .

    com a c rise n a Eu rop ae n tre o s an os de 1800 a1900, m u r eo s e u ro p eu si tn igr an tes v ie r a tn pa r a 0Bra sil n a e sp era n

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    12/92

    POretn , muleas vezes quando oscamponeses ja navlem preparado aterra, eratn exoutsos por granoesproprietaries que que ria tn e s s a s terraspara a monocutcure ou a pecuarla.

    Assitn comeca, ao reoor das grandes fazendas, a o rooucao cemoonese , ou seja, aagricu ltura fei ta com a tn ao -d e-o bra d a p ropria fa tn ilia e voreeoe para a substscencla e 0abeseecimeoeo d o s m e rc ao o s io ca is , e n qu a nc o a o rod uca o d os la tifUndia rio s ia p ara aexooreacao.

    c o r n 0 cresc lmeneo das c ldades , a produc;ao de aurneneos p reci sava c re sce r. c o r n i s s o ,o governo asseneoucolones europeus e r n terras lmnroprlas para a agricu ltura, nrinclpatmenteno SUIdo pais, onde as coionias de imig ran te s eumeneavam ainda mais 0 peso economlco daa gricu ltu ra familiar. 'P ara o s la tifu ndiarios, 0 governo deu oumas terras para suasmonocureu ras d e exporc ac ao .

    10 A Cartilha Agroecol6gica

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    13/92

    Breve historla da Agricultura

    Ao tongo da ntseorta do Brasil a expansao da agricultura fatniliar foi lnlblda. Enquarrcoaagricultura latifundiaria foi eselmutaca.Assitn mesmo a agricultura fatniliar restseiu e cresceu, integrada a pOPUlac;aopobredo pais, produzlndo os e l tmeneos basicos quevao para anossamesa.

    Apos a SegundaGuerra Mundial acorreeceu0que se c n a mo u de "Revoluc;aoVerde". Muitas das maouinas e produces quimicos usacos durante aguerrapassaratn a ser usaoos na agricultura, lnlclando Utn processo de"moderntzacao" na agricultura bresuetre. Ele ricou conhectda COtnO"modernlzaceo conservadora'', pols conservou asterras nasmeosdos latifundiariose garantiu os recursos para 0seu desenvorvt rneneo, tnasconservou asdesigualdadessocta ls. ~

    ~ A5 StD fSiA PR AMtLtlOR:USfA0RotO)l.lCO;_-

    Os bancos e os orgaosoficiais de exeenssorural easstseencra influenciaratndlversos paises e fatniliasagricultoras a adoearemoacoces eecnotosicos.Assitn, 0 connec t rneneotradicional do agricultorfoi sendo substituido pelasm a o u t n a s eagroquitniCos.

    Instituto Giramundo Mutuando 1

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    14/92

    Ate hOje s en tim o s a s consequenclasda Revoluc;ao Verde, como 0 exodorural, producao para exporeacao,a u m e n e o da f ome , dependenc ia deImporcacao e do s i t ema bancarlo,exigencia de maiores esoeclati-zacoes e escatas de producao,coneamrnacao por agrotox icos ,a u m e n e o do c u s e o de pr oducao ,a u m e n e o de pragas e doencas ,con-ro le da s grandes e m o r e s as s o br eos agricultures etC.

    Os pequenos agricultores foram os grandes oerdedores, e 0 latifLmdio, agora "moderno",se firm ou em eodo 0 Brasil como producer de vase as m o n o cuje u ra s . As industriasv lncutadas a agricultura eseso qua s e e o d a s na m ao do capital eserange l ro . A Naturezasorreu grande devaseacao e u rn s c na sa a m ble ne al es ta eberea. Em resume. aRevoluc;aoVerde concenerou renda, patritnonlo e poder para a ctassed o m t n a n e e e de lxou problemas, so r r tm eneo e mlser te para amalorie da populacao.Atualmente, o s a va nc es e ec nico s na agricultura eomaremum rumo que coroca e m ris co a sobrevlvencta da s oroxlmasgeracoes. 0 ar es ta ficando mats poluido, a s aguas matsconearntnadas, 0 SOlo mats degradado e 0 aumeneo queconsurn im os, m u+ces vezes , c n e s a a s nossas me sa senvenenado.Sera esee 0preco do progresso, onde 0mats lrnportante e 0cresclmerrco econornrco e 0a u m e n e o do consumerSabemos que modernlzaceo nern sernore se traduz emdesenvolvlmerreo para todos. Nes ta economta desigual, osbener tc ros gerados sa o para ooucos. A agriculturaconvenclonal cern delxado muleos agricultores lndlvldacos eaterra cada vez m a t s cansada.testa a realidade que oueremosz

    12 A Cartilha Agroecol6gica

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    15/92

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    16/92

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    17/92

    A Agroecologia 2Nova Ciencia e novos valores

    A A roecolo ia e um a nova form a de abordara agricultura, onde a natureza, 0 homem e todas assuas relacoes, sao entendidos de form a integrada,convidando tecnicostas) e agriculto res(as) a tomaremnovas pos tu ra s e adquirirem novo s va lo re s.A Agroecologia e vista por muitos como uma nova ciencia, ou seja,conhecim entos e rnetodos que orientam um a agricultura de base ecol6gica,capaz de se sustentar ao longo do tem po.Surgiu em 1930 e se fortaleceu a partir da decada de 70. No seu cam inhoela vem incorporando elementos de diversas clencias, como a ecologia, asociologia, a antropologia, a geografia e a pedagogia. Por outro lado, ela temsuas rafzes na pratica tradicional de muitos agricultores e comunidades ruraisao redor do mundo. E : a cornblnacao entre os conhecimentos dessascomunidades e aqueles acumulados por esta clencia m ais aberta, que verngarantindo 0 sucesso crescente das agriculturas de base ecoloqlca,A g ro e co lo gia e u m e n fo qu e c ie n tif ic o e e st ra te gi co , q ue c o rr es po n de " it a pl ic a< ;:a od e c on c ei to s ep rinc ip io s d a Ecolog ia , d a Ag ro n o mia , d a So c io lo g ia , d a An t ro p o lo g ia , d acencia d a C or nu n ca ca o , d aEc on om ia E co l6 gic a e d e ta nta s o utra s a re as d o c on he cim en to , n o re de se nho e n o m a ne jo d ea gr oe c os sis te m a s q ue q ue re m o s q ue s e ja m m a is s us te n ta ve is a l r a v e s d o tem po . S e tra ta d e um ao r ie n ta gao cu ja s p re ten s iies e co n tr ibu i< ;: 6 esVa Gma is a le m d e a spe c to s me r a me n te te cn o l6 g ico s o ua gr on o m ic os d a p ro d u< ;: aoa o ro p ec ua n a, i nc o rp or an d o d im e n si ie s m a is a m p la s e c om p le xa s q ueinc luem tan to variave is ecororncas, so c ia is e e co l6 g ica s, co mo va riave is cu ltur a is , p o li ti ca s e e t ica s.Ass im e n te n d id a , a Ag ro e colog ia co rr e sp o nd e a o ca mp o d e co n he c ime n to s que p ro p o rc io n a a s ba se sc ien ti ficas para apo iar 0 p ro ce sso d e t ra n s iga o d o mo d e lo d e a g ricu ltur a co n ve n c io n a l p a ra e s ti lo s d eagriculturas de base eco l6 gica ou susten tave is, assim com o do m odelo convenciona l dedesenvo lv imento a processosdedesenvo lv imento rura lsusten tave l"(CAPOR ALE COSTABEBER,2002) .

    A s a gric ultu ra s d e ba se e co l6 gic a s ao o sd if er en te s e s ti lo s d e a gr ic ult ur a e c ol 6g ic aq ue s e d e se nv olve ra m a o re do rd o m u nd o, ae xe mp lo d as a gricu ltura s re ge ne ra tiva ,o rg an ic a , b io d in a m ic a , b io l6 gi ca , n a tu ra l ee co l6 gic a, c ad a u m c on te nd o p art ic ula ri-dades conce itua is , cu ltu ra is e metodo l6gicasp ro ve n ie n te s d o s g ru po s s oc ia is q ue f or amr e sp o n sa veis p e lo d e sen volvime nto d e ca d aestilo(CANUTO,1998).

    Tudo esta interligadoP ara a Agro ecologia a natureza nao e um apanhado de recursos que sepossa utilizar indiscrim inadam ente e nem uma rnaqulna a service do hom em .Ao contrario, na abordagem agroecol6gica a realidade e vista de formaintegrada, busca ndo-se a interacao entre os varlos elem entos que existem noambiente. 0 solo, as plantas, os anim ais, a aqua e tudo mais que esta a nossavolta, devem ser manejados respeitando-se os lim ites da natureza e ascaracte rfs tic as da cultu ra dos (as) agriculto res(as). Nes te sen tido 0 ser humanoe parte da natureza e depende dela.Ao entender a natureza e essas ligac;:6es, a fam ilia agricultora temcondicoes de pensar sistemas de producao m ais fortes, estaveis eequilibrados.Esta visao integral e cham ada de "enfoque slstemlco", ou seja, nela anatureza e vista como urn todo interdependente e complexo. Esta novapostura , como dissemos anteriorm ente, exige novos valores. P ara se produzirecologicamente e preciso identifica r a relacao entre os elem entos presentesna producao, observando como 0 solo, as plantas, os anim ais, 0 clima e osdema is e lemen tos, in te ragem .

    Instituto Giramundo Mutuando 1

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    18/92

    Na vlsao slsternlca e para a producao de base ecol6gica e preciso, antesde mais nada, entender a relacao entre todos os elementos que estao emnossa producao, incluindo as pragas e seus inimigos naturais. Devemosobservar 0 solo, as plantas espontaneas, 0 clima, os insetos e como tudo issointerage.Na natureza e nos sistemas produtivos todos os elementos estaointerligados e interagindo. Em uma floresta, por exemplo, existem muitasespecies de plantas, animais, insetos, fungos, bacterias, entre outros, quedependem uns dos outros para se desenvolverem. Algumas plantasnecessitam de uma bacteria ou fungo que esta no solo para obterem parte deseu alimento, ao mesmo tempo que suas folhas caem e voltam ao solo,alimentando outros seres. Folhas, flores e frutos servem de alimento paralagartas, abelhas, insetos, passaros, macacos. Esses, por sua vez, saoalimentos para outros animais. Por exemplo, a lagarta se alimenta de umafolha, uma aranha se alimenta da lagarta, uma galinha se alimenta da aranha, eassim por diante.Entao, para podermos planejar nossa producao, devemos entenderessas relacoes, ou seja, ter uma vlsao slsternlca da nossa realidade. Seisolarmos apenas a lagarta, nao entenderemos essasrelacoes e nao saberemos como equilibrar novamenteessesistema, paraque eladeixe de ser urnproblema.In im ig os N a tu ra is s ao o spossive is predadores eparasitas de um outroo rgan is mo qu e se torn oup ra ga e m u m d ad o s is te m ad e p ro d u ca o ,

    16 A Cartilha Agroecol6gica

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    19/92

    A Agroecologia

    A for ;a esta na partlcipacao popular e na vida ruralAAgroecologia e muito mais que urn sistema de producao orqanlco,pois tambern considera os aspectos ambientais, sociais, culturais, eticos epoliticos da agricultura. E importante compreender que a producao

    ecol6gica se adequa mais a pequena producao da agricultura familiar ecamponesa. Esta tende a ser mais diversificada e atrelada ao cornerclo local dealimentos basicos para a populacao,A Agroecologia ajuda a fortalecer a vida rural das comunidades deagricultores familiares pois reforca a lrnportancla da ccoperacao, do trabalhoassociativo na producao e comerclallzacao dos produtos e dos movimentossociais do campo.Ela nos ajuda a entender a lrnportancla de polfticas publicas dedesenvolvimento rural sustentavel, que criem condicoes mfnimas deviabilidade da agricultura familiar em nosso atual sistema econ6mico. Saoexemplos as polfticas de reforma aqrarla, credito, asslstencla tecnica eextensao rural agroecol6gica.Uma das bases da Agroecologia e a participacao popular, pois elanasceu das rnaos dos agricultores familiares e camponeses de todo 0mundo ese fortalece, cada vez mais, a partir dela. Esta partlcipacao e que permite auniao entre os saberes populares e os cientfficos, fundamental para 0 alcancede uma agricultura mais ecol6gica e sustentavel, E para tanto, 0 avanco dasmetodologias participativas de assistencla tecnica e extensao rural e parteimportante da estrateqia agroecol6gica. Essasmetodologias serao abordadasno capftulo 4 desta cartilha.

    ~ ~ N E J ~ ~ E N T Oi~""_~ C O l . r n ~ O

    D ~ P R O l) U c ; , ~ O

    Instituto Giramundo Mutuando 1

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    20/92

    A importancia dos saberes popularesCada pessoa carrega consigo conhecimentos fundamentais sobrea realidade. Seus diferentes pontos de vista, ideias, perguntas e respostas, nosajudam a compreender melhor a complexidade da vida. Quanto maislnforrnacoes temos sobre os sistemas naturais e produtivos, atraves do relatode agricultores(as), mais capazes seremos de junto com eles(as), resolverproblemas e desenhar sistemas mais ecol6gicos. E por esse motivo queo saber popular e tradicional e bastante valorizado e fortalecido naAgroecologia.As comunidades tradicionais sempre viveram se relacionando coma natureza e acumularam um saber valioso sobre os ciclos naturais, 0desenvolvimento das plantas e dos animais e a relacao entre os elementosque cornpoern a nossa paisagem. E baseado nesse conhecimento quea Agroecologia tem 0 seu fundamento, trazendo a clencla como aliadae validando informacoes por meio da pesquisa participativa.Esses conhecimentos tradicionais sao importantes, ainda, paraagricultores familiares assentados pela Reforma Aqrarla, Estes, apesar de naohaverem acumulado tanta experlencla na area onde sao assentados, devem seengajar em processos participativos que incentivam trocas de conhecimentose experienclas com outros agricultores do local. Naqueles locais onde muitodo conhecimento tradicional ja se perdeu, e tarefa da abordagemagroecol6gica recu pera-los e ate recrla-los.Com isso nao estamos sugerindo que e necessarlo voltar ao tempode nossos avos. Pelo contrarlo, trata-se de juntar 0 conhecimento daclencia moderna com 0saber dos agricultores, para fundar novos saberes- , - - - , - r - r f - r -mars utelse',rn:als;aprdiJnavelspea'agrlcu tura tami rar.

    +omodo de vida carnpones

    Outro aspecto que merece destaque e 0 fato de que a Agroecologia e aagricultura familiar e camponesa estao baseadas em uma filosofia profundamentediferente da agricultura de monocultivos em grande escala.Aagricultura convencional(que utiliza produtos qufmicos e rnaquinario pesado), infelizmente, preocupa-seprincipalmente com a produtividade por area e por cultivo, nao importando osimpactos sobre a natureza. A agricultura familiar, ao contrario, valoriza 0 futuro daspr6ximas qeracoes e tende, como ja dissemos, a produzir de forma mais harmoniosacom a natureza. Os(as) agricultores(as) familiares sao mais receptivos a ideia de serespeitar 0 tempo e os ciclos naturais, a capacidade da terra em dar frutos e suanecessidade de descanso.

    18 A Cartilha Agroecol6gica

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    21/92

    A Agroecologia

    De uma forma geral, a agricultura familiar e acompanhada de algumascaracterfsticas que fazem dela um agente ideal para 0 desenvolvimento deagriculturas de base ecol6gica, tais como: pequenas propriedades; producao para consumo familiar e parao mercado local e regional; producao diversificada, incluindo criacaodeanimais; rnao-de-obra familiar; tecnologias e equipamentos adaptados __ ~a sua realidade; conhecimento elevado sobre os ciclosagrfcolas e especificidades da natureza; producao da pr6pria semente e outrosinsumos; autonomia de qestao da famflia sobre aproducao e a cornercializacao.

    A economia popular, solidaria e ecoloqicaNa Agroecologia, valorizamos a solidariedade e a unlao entre as famillas do

    campo na busca de melhorias. Historicamente, as pessoas sempre utilizaramvariadas formas de cooperacao no trabalho, na producao e na cornerclallzacao.Multosja ouviram falar ou participaram de mutir6es para 0prepare da terra, plantioe colheita. Esta pratica de ajuda mutua, aliada ao trabalho familiar, fortalece aagriculturade base ecol6gica.A solidariedade esta relacionada a outros dois aspectos importantes paraa Ag roecolog ia:1) A troca de excedentes de producao - alern de trocar trabalho econhecimentos, na agricultura familiar sao trocados excedentes deproducao numa economta asvezes informal, masvaliosa;2) A cooperacao - por outro lado, a solidariedade inspira a orqanizacao depequenos grupos associativos e cooperativos. Estes grupos saofundamentais para 0 fortalecimento da partlcipacao popular. Talpartlclpacao, quando e efetiva, aumenta as chances desses grupos emacessar apoio tecnico de qualidade e mercados mais compensadores.Para criar um mercado local forte de produtos de uma agricultura de baseecol6gica, precisamos, novamente, fazer a conexao entre 0 tradicional e 0 novo.Devemos resgatar formas tradicionais de comercialtzacao, bem como criar novas

    formas de trazer 0 consumidor para comprar 0 mais diretamente posslvel do(a)agricultor(a). Sao formas tradicionais a venda em feiras semanais, quitandas esacol6es, entre outras. Sao formas novas as cestas de produtos ecol6gicosInstituto Giramundo Mutuando 1

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    22/92

    entregues em domicflios, a venda para as merendas escolares e outros tiposde compra publica de alimentos. De modo geral, trazer a venda para mais perto dequem produz melhora 0 preco para os agricultores(as) e para os consumidores(as).AIE~mdisso, quanto mais tempo e manuseio 0 alimento sofre para chegar aoconsumidor(a), pior sua qualidade e maior 0 gasto de energia e dinheiro. Nestesentido, aproximar 0consumo da producao, por meio de mercados locais, melhora aqualidade biol6gica eaaparencia dos produtos, economizando energia e recursos.Os(as) consumidores(as) tarnbern tern um importante papel na economiasolldarla e podem ser estimulados a participar ativamente neste processo.Conjuntamente, por meio de organizac;:6escooperativas ou associativas, podem criarformas de adquirir produtos e insumos que necessitam, barateando precos emelhorando ofertas. Isto cria apoio para os produtores(as), que dessa forma se tornammais independentes dos precos praticados naeconomiade mercado.

    U rna ag ricu Itu ra de base ecoloq icaA Agroecologia oferece principios, conceitos e metodologias para 0

    planejamento de uma producao de alimentos de alta qualidade, que seja capaz demanter a produtividade da terra, de respeitar a natureza, de ampliar a diversidadede produtos para 0consumo da familia e para 0mercado e de gerar mais renda paraas famflias agricultoras. Epara que a producao seja realmente de baseecoloqica,devemos utilizar tecnicas de manejo ecoloqico dos recursos naturais, taiscomo: adubacao orqanlca, defensivos alternativos, rotacao de culturas,policultivos (cultivos consorciados), quebra-ventos, adubacao verde,protetores e fertilizantes ecoloqlcos, entre outras (consultar capitulo 5 dasPraticas AgroecoI6gicas). Essas tecnicas variam de reqlao para reqiao e devem seradaptadas as caracterfsticas especiais de cada local.As c a ra c te r is t ic a s e s p e c ia is d e c a d a lo c a l, t a m b e rn c h a m a da s e s p ec if ic id a d e s lo c a is o u p o te n c ia l e n d 6g e n o , s a o a q u e la s c a ra c te r is tic a s p a r t ic u la r e s d oa m b ie n te , d a c u l t u ra e d o m o d o d e v id a d e a g ric u l t o re s (a s ) d e u m a d a d a lo c al id a de . S a o e s sa s e s pe c i f ic id a de s lo c a is q u e o r ie n ta m a e s c o lh a d a s t e c n ic a sq u e s e r ao u ti l i z a d a s n o p la n e ja m e n to d a p ro o uc s o d e b a se e c o l6 g ic a .

    20 A Cartilha Agroecol6gica

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    23/92

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    24/92

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    25/92

    ., Equilibrio ecoloqico e agroecossistemao fato de a agricultura convencional causar desequillbrios serios no ambientenos leva a buscar condicoes mais equilibradas para a producao, Para isso, 0primeiroconceito que precisamos entender e 0 de Equillbrio Ecol6gico, que dependediretamente da diversidade de plantas e animais. Sem essa diversidade, umafloresta, por exemplo, se desorganiza e se degrada. 0 mesmo acontece com aagricultura.

    C OM j;;S S A A 6 R I CU L TU R AA 6 R j;;S S IV A , R O M P j;;M O S 0j;;~UIL fB R IO j;;C OL6 6 IC O j;;

    i/j;;6 R A i/A M O S A N A TUR j;;2 A ,

    Para en tender 0 que sign if ica Equ ilib rio Eco l6g ico e importan te en tender 0que e Ecossistema.Ecossistemae 0nome dado ao nosso ambiente natural ea re lacao detudo 0que ha nele. Osecossistemas sao sistemas biol6gicos vivos que sao capazes de seauto-regular, se auto-manter e se auto-renovar. Ou seja, eles possuem mecanismosnaturais desesustentar por si56,mantendo ascond icoes devida noambiente.Instituto Giramundo Mutuando 2

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    26/92

    Quando fazem os agricultura, estam os modificando 0 nosso amb ientenatural (Ecossistema)e criando um Agroecossistema.Esseagroecossistematende a sermenos d iversoe complexo que um ecossis tema,po is0homem, ao praticaraagricultura,favorece 0 c rescimen to de a lgumas p lanta s e animais emdetrimento de outras, simplif icando0ecossistemae criandoa lguns subs is temas. Essa rnodiflcacao altera 0 equilibrioeco l6g ico do agroecossis temacomo um todo, 0 que exigeconstantemente a uti Ilzacaodo traba lho e 0uso de insumos.Este trabalho continuo e rea lizado no sen tido de a juda r 0sistemaaseauto-regular,seauto-mantereseauto-renovar.

    A sim plificacao m axim a do agroecossis te m a e am on oc ultivo . 0 m on oc ultivo , c om o a p r6 prio n om e d iz, eu m s is te ma p ro du tivo co mp os to p ar a pe na s u m c ultivo ,ge ra lm en te d es tin ad o a o m erc ad o. O s m on oc ultivo s,p or er n, te nd e m a s er e xt re m a m e nt e fr aq ei s e v ul ne ra ve isao ataque de pragas e d oencas, S em dive rs id ade, asm o no cu ltiv os e xig em m u ito m a is tra ba lh o e in su m os p aragarantir boa produtividade, a que e leva a s custos deproducao, A longo p ra zo, as m onocultivos te ndem ae xa ur ir a t er ra e a d im in u ir a c ap ac id ad e p ro d utiv a d o s olo .

    Se separamos a palavra ag ro ecossistema em pedac;:o s,vemos que:

    e relativo a producao agricolae 0 nosso ambiente naturale 0 conjunto de elem entos/com ponentes que atuamrelacionados entre si, e que sao interdependentes

    N o A groecossistem a com mais diversidade ha menor investim ento detrab alh o e in sumos. As p lantas e an imais do Agroeco ssistema d iverso in terag emauxiliando 0 equilib rio eco l6g ico necessario para man ter condicoes favoravelsde vid a no ambiente. Entao, quanto maio r fo r a d iv ers idade no Agroecoss is tema,m aior sera 0 seu equilibrio ecol6gico. Q uanto m aior for 0 equilib rio eco l6g ico ,m aior sera a capacidade do A groecossistem a de resistir a pragas e doencas e desustentar niveis adequados de produtividade ao longo do tempo. E, por fim ,quanto maior 0 Equilibrio Ecol6gico do Agroecossistema, menor sera an ecessidad e de se in vestir energia (trab alh o e in sumos) d e fo ra do sistema .

    0 solo e vivo!A planta necessita de tres elementos basicos para 0 seudesen vo lvimen to : lu z, aqua e nutrientes. D e m aneira resum ida e sim plificada

    podemos dizer que a forma mais eficiente de aproveitar esses elementos etendo um solo vivo.o que e solo vivo e por que ele e importante?No solo existem milhares de seres vivos de lnurneras especies, queinteragem e se complem entam no processo de decornposlcao das materlasorqanlca e mineral. Este conjunto de vida e rnaterlas decompostas daqualidade ao solo. Esta qualidade significa m ais fertilidade, estrutura,um idade, entre outros fa to re s. Quan to ma is v ida, mais fe rtilid ade ha no solo .

    Quan to mais fertilid ade, maio r g aran tia d e saude para as plantas e anim ais. Equanto mais saude, maio r a p rodu tiv id ade do s is tema de producao,24 A Cartilha Agroecol6gica

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    27/92

    Entendendo os prineipios baslcos

    Que tipos de seres vivos estao no solo e como elescontribuem para aumentar aqualidade do solo?A decom posicao da materiaorqanlca e mineral (rocha) e feitapor diferentes grupos de seresvivos, entre eles bacterias, fungos,protozoarlos, algas, minhocas,besouros, acaros e outros vermes

    einsetos.--------------------------~Esses seres auxiliam naquebra inicial da materia orqanlcae mineral e, em seguida, realizama decornposlcao deste material.Com a d eco mp o s lcao , osnutrientes (micro e macro-nutrientes) sao disponibilizadospara os cultivos e para 0 aumentoda vida no solo.Assim, de um lade efundamental que 0 solo tenha adiversidade suficiente dessesorganismos, para que eles facarn 0trabalho necessario de formacaode um solo rico, fertll e bemestrutu rado. Por outro lado, autllizacao de agrot6xicos eadubos qufmicos mata os seresvivos do solo, diminui a suaqualidade e impede a pratica deuma agricultura de base eco-16gica.

    A q ua n ti da d e e 0 n a m er o d e e sp ed e s q ue h ab it am 0 so lo variam u it o d e r eg ia o p ar a r eg ia o , d e a c or do c o m0 c li m a e 0 mane joe m p re ga d o. D e fo rm a g er al, e m s ol os d e c lim a q ue n te , u m id o ede boa qualidade, podem os encontrar a te 2 4.20 0 kg deo r ga n ismo svivo spo r he c ta r e ( PRIMAV ESI , 1 9 9 2 ).

    Solo pobre e sem vida do monocultivo.

    C I As plantas, pragas e doencas sao indicadoresSe aprendermos a ler os sinais da natureza, seremos capazes de analisara qualidade do solo e de todo 0 agroecossistema de forma direta, barata eacessfvel a agricultores(as).Por exemplo:algumas plantas nos indicam aqualidade do solo, sua estrutura,nutrientes, acidez, entre outras coisas;e algumas pragas e doenc;:asnos mostram quais deflclenclasminerais 0solo apresenta.

    Instituto Giramundo Mutuando 2

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    28/92

    Em um ecossistemanatura l, todo serv ivo, sejae levegeta l ou animal, tem um papel adesempenhar (um service a prestar) para a comunidade da qual faz parte. Noagroecossistema nao e d ife rente . Quando manejamos um sis tema produtivo, aparecem,inev itave lmente lantas invasorasdave e ta ao es ontanea. 0 importante , nes tecaso ,n ao egastar energia para eliminaressa ve qe ta ca o e sp o nt an e a porcomple to , mas s im rnaneja- la deforma a beneficiar0agroecossistema. As plantas invasoras,alern de nos indicara qual idadedo solo ,podem sermanejadas paraque aparecarn em momen tos que nostragam mais beneficiosdo que prejufzos.'-----------i A vegetagao esponff inea e a qu ela q ue a pa re ce q ua n do 0 s olo e sta co m p ou ca

    divers idade.Ela surgecom 0 ob je t ivode reco lon izara area rumo a um amb ien tecommaisd ivers idadede p lan tase an ima is .Es te conce it o t em re lagaocom 0 de sucessaovegetal,poisa vegeta

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    29/92

    Entendendo os prineipios baslcos

    Nabisco ou nabo bravo Raphanus raphanistrum Solos carentes em bora e man ganes.PaPUa Brachiaria piantaqinea Sol o c om l aj e s up er fi ci al e f alt a d e z in co .Picao preto B idens p ilos a S olo s d e m edia fe rtilid ad e.Samambaia Pteridium aquilinum E xcesso de alum inio t6 xico.Tiririca Cype rus ro tundus S olo s a cld os , a de ns ad os , m al tra ta do s,p ossiv el d eflcie nc la d e m ag nesia.Urtiga U rtiq a u re ns E xcesso d e n ltro qe nio liv re , c are nc laem co bre.

    *Adaptado de Ana Primavesi , in Agr icu ltu ra Sustentave l, Nobel ; Sao Paulo - 1992.

    O b se rva r a s pra ga s e a s d oe nca s que a ta ca m o s c ultivo s p od e se r um a fo rm a e fic ie ntede en tend er as caren cias do solo. Isso ajuda a escolher a m elhor pra tica d e m an ejo que d eves era do ta da p ara m e lho ra r a s c on dic oe s d e e qu illbrio d o a gro ec os sis te m a e m qu es ta o,Observe, na tabela, como as pragas e doenc;:asde determinadasculturas agricolas determinam algumas deflcienclas nutricionais:Deflclencla de Cultura Doenc;:au insetoqueaparece

    Parreira, Tomate, Cochonilhas, Podridao apical,Calcic Tomateiro, Morango, Vi rose "vi ra-cabeca", Pod ridao,Mosca-branca (Bemisa tabaci),Feijoei ro Virus douradoMildio (Erysiphe qraminisi,

    Cevada, Trigo, Girassol,Ferrugem (Puccinia qraminis tritici

    Boro e Puccinia qlumarumt,Couve-flor, Milho, Batata, Mildio (Erysiphe cichoracearumi,Mildio (Botrytis sp.),Melancia, Batata-doce Podridao-seca-da-espiqa (Diploid zea),I Sarna (Streptomyces scabieh

    Cobre Arroz, Trigo Cafeeiro Brusone iPiricuiaria oryzae),Ferrugem (Puccinia qraminis triticii,Ferrugem (Hemilela vastatrix)Maqnesio Tomateiro, Acacia lnfeccoes bacterianas,Besouro serrador (Oncideres impluviata)Manqanes Aveia, Trigo lnfeccoes Bacterianas,Ferrugem (Puccinia qaminis tritichMolibdenio - Algodoeiro Lagarta rosadaF6sforo (Platyedra gossypiella)Molibdenio Alfafa Baixa resistencia

    Zinco Seringueira, Milho Oidium hevea e Phylophthora sp.Brocado colma (E/asmopalpuslignosellus)(Adaptado de MEIRELES E RUPP, 200 5)

    Instituto Giramundo Mutuando 2

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    30/92

    E importante ressaltar que nem tudo se detecta no solo por meio da observacao danatureza. Isso requer, sempre que possfvel, uma boa analise de solo em laborat6rio.As analises de solo laboratoriais ajudam a quantificar, de forma mais exata, algumasdeficiencias e a recomendar adubacoes orqanicas A A g ro e co lo g ia e n sin a q u e e p re c is o u n ir o s s a be re s d ecom melhor precisao, Mas para que a recornendacao observacao da natureza e do entendim ento donao seja meramente uma reposicao qu fmica de agroecossistemaealgunsmetodosmodernosdascienciast t ,. . dl I h . d a gra ria s (G O M ES , 1 9 99 ). A s sim , u m a a na lis e d e s olonu nen es, e rrnprescm ive que aja 0 processo e laboratorialsetomaummetodocienti f icocomplementaraanalise do agroecossistema em questao, um processo de entendi-m ento profundo do-------'..__-------___------------l agroecossistemaqueseanal isa. A sucessao vegetal e a formacao dos solosParaentender melhor afu ncao que as plantas eos organ ismos vivos do solo terna cumprir, e importante compreender 0 conceito de sucessao vegetal e como isto serelaciona com aformacao dos solos.Desde quando uma rocha corneca a se desmanchar para se tornar solo, surgeuma colonizacao de plantas que ira acompanhar todo 0processo de amadurecimento

    deste solo, ate que ele atinja 0 grau de desenvolvimento e complexidade de umaveqetacao que chamamos de clfmax, caracterfstica do ambiente de uma floresta.Durante todo esse processo de amadurecimento do conjunto solo-planta, acolonlzacao vegetal estara continuamente se modificando. As especies de plantasiraQ se sucedendo urnas as outras com urn objetivo bern definido: perrnitir que avida se instale cad a vez rnais neste arnbiente.Cada planta, ou conjunto de plantas, alern de nos informar 0 estaqio dematuridade em que este ambiente se encontra (por isso plantas indicadoras), preparaas condicoes para que esse processo tenha continuidade, permitindo 0surgimento deoutras especies que trarao suas contrlbulcoes para essa"caminhada" que a rocha faz para virar solo. Asucessao veqetal e como se fosse um plano ocultoguiado pelas leis da natureza, 0qual conduzlraa recuperacao de uma area que foirnodiflcadapelaacao humana.Num agroecossistema, aquelesolo formado pelo desenvolvimentosolo-planta, a partir da rocha pre- ~existente, da lugar a um solo que l f scontinuamente se transforma, a partirda interacao da biodiversidade com 0cldo da aqua, A aqua tem 0 poder dedesagregar elementos na superffcie ereaqrupa-los no subsolo. Ja osorganismos vivos do solo, juntamentecom as plantas, tern 0 poder dedesagregar os elementos no subsolo edeposita-los na superffcie do solo, numacontfnuaciclagem de nutrientes.

    A pe rg un ta im p a rt a nt e a qu i e : s e a n a tu re za te m u m t r a ba lh a a f az er c om a s uc es sa oe co l6 g ic a e a c ic la g e m d e n u tr i e n te s . c om o p ad em a s n o s b e ne fi c ia r d e ss e t r a b a lh ae co l6 gic o r e a l iz ad a p e la n atu re za . p ar a a bt e r d e la a q u e q u er e m a s d e m a n ei r as u ste n ta v el? A re s pa s ta e : p ra tic a nd a u m a a g ric u ltu ra d e b a se e c o l6 g ic a .

    28 A Cartilha Agroecol6gica

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    31/92

    Entendendo os prineipios baslcos

    Afinal, o(a) agricultor(a) deve ou nao capinar a terra?E imposslvel que o(a) agricultor(a) consiga atingir seu objetivo dedeixar sua lavoura limpa, pois os impulsos naturais da sucessaoecol6gica sempre estarao presentes. Assim, a medida que tentamoslimpar a terra, estamos, na verdade, impedindo que 0 solo arnadureca

    atraves do processo de sucessao vegetal e, com isto, dando as condicoesnecessarias para que aparecarn plantas cada vez mais diffceis de seremmanejadas. Sempre vem uma planta com maior capacidade de proteger 0solo, e consequenternente, mais dlflcll de ser erradicada.Portanto, 0 controle das chamadas ervas daninhas (plantasinvasoras) e feito nao por sua elirnlnacao sistematica por meiosmecanlcos ou quimicos, mas sim por meio de praticas de manejo quepromovam mudancas na qualidade do solo, de modo a propiciar 0aparecimento de especies menos agressivas e menos competidorascom as culturas plantadas.E preferlvel, por exemplo, uma rocada do que uma capina, pois 0 soloexposto e inimigo nurnero um da fertilidade da terra, visto que destr6i amateria orqanlca que esta na superffcie. Mante-Io coberto, seja comcobertura morta de uma rocada ou com veqetacao, significa aproveitar aenergia constante que nos e fornecida pelo sol e pela aqua de formagratuita. Capina-lo, de forma rnecanlca ate a terra ficar nua, significaperder a possibilidade de, constante e gratuitamente, armazenar energiae fertilidade no solo. E "capina-lo quimicamente", pormeio de herbicidas, mata avida no solo.No caso da rocada ser insuficiente para

    cobrir 0 solo ou as plantas invasoras naopermitirem 0 crescimento adequado de umacultura de interesse comercial, podemos, aospoucos, ir substituindo essas plantas invasoraspor plantas recuperadoras de solo,conhecidas como adubos verdes. Estasplantas, como veremos no capitulo dePraticas Agroecol6gicas, ajudam a fixarnitroqenlo, mobilizar substancias departes mais profundas do solo e acumularbiomassa (massa verde) no sistema. Essabiomassa sera incorporada no solo e servlracomo cobertura de solo, abafando as plantasinvasoras e equilibrando os sistemas.

    FICAI

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    32/92

    0 lema e:aumentar a massa verde e fazer circular a fertilidadeOutro fator fundamental para ter urn solo fertil e 0 que chamamosde Biomassa. A Biomassa, ou massa verde, contribui de diversas formas paraa fertilidade circular no solo. Produzir biomassa ajuda a manter 0 solo semprecoberto por veqetacao, Manter 0 solo coberto e manter umidade no solo. 0

    solo urnldo ajuda a manter uma temperatura equilibrada e e favoravel arnanutencao da vida que nele existe, entre outras coisas.Esta funcao de cobertura de solo e favorecida com 0 plantio deadubacao verde, pois, como veremos mais adiante, a adubacao verde propiciaa ciclagem de nutrientes no solo, ou seja, mobiliza nutrientes das camadasmais profundas e os deposita na superffcie do solo. Isso aumenta a quantidadede nutrientes disponlveis para as culturas de interesse comercial.

    Aumentar e fazer circular a fertilidade!NaAgroecologia trabalhamos com a ldela de que 0 importante para 0solo e criar e fazer circular 0 maximo posslvel a fertilidade dentro do

    agroecossistema. Tudo aquilo que faz circular a fertilidade (adubacaoverde, compostagem, arbustos e arvores, por exemplo), pode serchamado de mediador de fertilidade. A crlacao de animais pode ser urnexcelente mediador, tranformando massa verde em esterco rico paraas plantas. A arte de produzir esta na arte de fazer circular a fertilidade.Todo 0 excedente produzido num determinado local, mas naovendido nem consumido (subproduto), devera ser manejado e retornadopara contribuir com a fertilidade da terra. 0 esterco, as folhagens secas,os talos e frutos nao aproveitados, a cama de frango, entre outros,poderao ser compostados, para que voltem a servir de alimento ao solo(veja no capitulo 5 desta cartilha orientacoes sobre como fazercompostagem).

    30 A Cartilha Agroecol6gica

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    33/92

    Entendendo os prineipios baslcosaControle bioloqico e fisiologic_o__

    Como vimos anteriormente, num determinado agroecossistema, comboas condicoes de vida no solo, podemos encontrar uma grande diversidadede insetos, acaros, nernatoldes, fungos, bacterias, Virus, entre outrosorganismos. Muitos desses organismos dependem uns dos outros para arnanutencao da vida, estabelecendo relacoes de predador e presa entre si.Como exemplo temos:-pulqao ("praga"), que e alimento paraajoaninha (predador);-Iagarta da soja ("praga"), que e infectada pelo Baculovirus (parasita).Animais maiores tarnbern sao muitlssimo importantes comopredadores das pragas, entre eles: aves, morcegos, tatus, cobras, ras, sapos earanhas.A analise dessas relacoes entre presa e predador possibilitou a cornpreensaodo conceito de "inimigos naturais", ou seja, ha determinados organismosencontrados no proprio local que sao inimigos naturais de outros organismos.Assim, se propiciamos um ambiente adequado ao desenvolvimento de uma grandediversidade de organismos, eles se equilibram entre si, 0 que e chamado decontrole bloloqlco natural.Seguindo essaloqlca podemos afirmarque:- hamuitas especiesque sao predadoras ou parasitas das pragas edoencas queatacamoscultivos agrfcolas;- uma praga ou doenca aparece num agroecossistema quando nao hadiversidade deorganismos paraum eficiente controle bloloqlco natural;- quando 0ambiente esta desequilibrado, asplantas e animais ficam com a suacapacidade de defesa comprometida, propiciando 0 aumento demasiado de umdeterm inado organ ismo (praga);- um organismo presente em demasia no agroecossistema e tornado praga ecausadorde umadeterminadadoenc;:a, por uma falhado proprloaqroecosststema,

    Instituto Giramundo Mutuando 3

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    34/92

    Portanto, na agricultura de base ecoloqica trabalhamos para maximizaro controle bloloqlco natural e para equilibrar 0 agroecossistema como umtodo. No entanto, quando a infestacao de uma determinada praga representauma arneaca econ6mica para o(a) agricultor(a), devemos trabalhar paradiminuir sua infestacao e fortalecer a planta, pois sabemos que as plantas eanimais saudaveis sao mais resistentes. Neste caso, podemos utilizardefensivos alternativos e ate inserir inimigos naturais que sejamcomprovadamente predadores da praga. Esses inimigos naturais podem serproduzidos na propria propriedade ou adquiridos no mercado de produtospara controle bloloqlco na agricultura de base ecoloqlca.Existem outros fatores que podem determinar um aumentodescontrolado de uma populacao de praga ou de uma doenca, Um deles eoque acontece por dentro da planta, chamado controle flsloloqlco, comoveremos a segu ir.

    Como funciona 0controle fisioloqico?o assunto e bastante complexo, mas 0 seu principio e simples e defacll cornpreensao. 0 controle das pragas e doencas pode ser feito pelapropria capacidade da planta em defender-se. Isto parece obvlo, masnecessita da nossa atencao. Existe um prlnclplo utilizado por quempratica a agricultura de base ecoloqica que se chama Trofobiose. Apesardeste nome complexo, 0 conceito por tras dele e simples e importantepara avancarrnos,

    Trofo = alimentoBiose = exlstencla de vida

    Trofobiose quer dizer: todo e qualquer ser vivo so sobrevive sehouver alimento adequado disponfvel para ele.Em outras palavras: a planta sera atacada somente quando tiver nasua seiva 0 alimento que a praga precisa. 0 melhor alimento para a pragae aquele que Ihe custa menos esforcos para lncorpora-lo, Ou seja,substancias simples, como os arnlnoacldos, se estao livres na seiva daplanta, sao rapidamente identificados pelas pragas.Os arnlnoacldos, formados a partir do nltroqenlo do solo, sao oscomponentes formadores das protefnas. As protefnas formam os tecidose outras partes da planta. Se a planta esta com seu ritmo de crescimentonormal, ela estara formando as protefnas para 0 seu crescimento numritmo tarnbern normal, nao deixando amlnoacldos livres circulantes naseiva da planta.Por outro lado, quando uma planta sofre algum desequilfbrio, elapassa a diminuir sua taxa de crescimento e a quebrar suas protefnas numritmo mais acelerado do que a formacao das protefnas, sobrandoarnlnoacldos livres na seiva. Assim, as pragas e doencas, de algumaforma, "sabem" disso e se alimentam dessa planta desequilibrada.

    32 A Cartilha Agroecol6gica

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    35/92

    Entendendo os prineipios baslcos

    Para que a planta tenha uma quantidade maior de arnlnoacldosdisponfveis na seiva, basta trata-la de maneira errada. Causas comunsde desequilfbrio nas plantas sao: 0 uso de aqrotoxicos e 0 usa deadubos qufmicos. Os aqrotoxicos debilitam as plantas e diminuem 0seu ritmo de crescimento no perfodo pos-aplicacao. Ja os adubosqufmicos possuem grande quantidade de nltroqenlo que acabamcirculando em excesso na seiva da planta, 0 que as torna vulneravels aoataque das pragas.

    Outros fatores interferem negativamente no funcionamentointerno das plantas e podem diminuir ou aumentar sua resistencia. Especie ou variedade de planta nao adaptada a regiao "Velhice" ou imaturidade da planta (ou parte dela) Solo degradado, compactado e sem materia organicaIIstresse p~r poda, muito calor ou muito frio

    o que determina que uma planta tenha maior ou menorquantidade de substanclas simples circulando na seiva?

    Quanto mais rapida a formacao da planta induzida pela qufmica dos adubosmais substancias simples na seiva estarao disponfveis, fazendo com que aplanta torne-se um alimento adequado para insetos, acaros, nemat6ides,fungos, bacterias e vfrus.

    Instituto Giramundo Mutuando 3

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    36/92

    Vamos ver em mais detalhes os fatores queinfluenciam no funcionamento interno das plantas?

    A especie e variedade da plantaSe a variedade nao for bem adaptada a regiao e ao clima, 0funcionamento da planta fica prejudicado. E 0 que acontece quando secultivam especies de clima temperado em reqioes de clima tropical. Ouespecies da baixada, cultivadas em cima da serra.= Mr_ _I1I&I.t&:eIW_ ~1I!tI '" u at. . . * " " "A idade da planta ou de parte da plantaPlantas na fase de brotacao e floracao tern naturalmente reservas paraos perfodos de necessidade. Nessas fases as reservas sao decompostas para

    que possam se deslocar e formar as brotacoes e flores novas. E um perfodo emque, naturalmente, a planta estara mais sensfvel e fraqtl.Folhas velhas sao mais atacadas que as maduras. Folhas bem jovenstarnbern sao mais sensfveis que as maduras, pois a carga de nutrientes queelas recebem e muito grande, acumulando substancias soluvels que servemde alimento a pragas e doencas .. . . . _ I FJ F" a... ~:l _Z~ _ . _ L A . o clima, luminosidade e aguaA falta de sol e aqua diminui a atividade de fotossfntese, prejudicando aformacao de protefnas (proteossfntese/sfntese da protefna). Portanto, quandoha varlos dias nublados, secas ou muito quentes, podemos esperar problemasnas plantas. = AUqq _ 1J P V '9 I _ _ ~IIRI '" n n , .'. . . . .Os agrot6xicos e adubos quimicosOs aqrotoxicos diminuem a respiracao, a transpiracao e a fotossfnteseda planta, consequenternente diminuindo a formacao de protefnas edisponibilizando substancias livres na seiva. Aumentam, assim, a quebra deprotefnas no interior da planta (proteolise/quebra da protefna). Ia os adubosqufmicos aceleram, desequilibradamente, 0 crescimento da planta, afetandoseu desenvolvimento e disponibilizando, dentro das plantas, substanciassimples que servem de alimento para as pragas e doencas.Os aqrotoxicos e adubos qufmicos destroem a vida do solo, matandominhocas, besouros e outros pequenos organismos altamente beneflcos paraa fertilidade do solo. Matam, assim, os inimigos naturais das pragas e doencasque tentamos controlar.

    o soloA boa fertilidade de um solo e dada por condicoes ffsicas adequadas(solo bem estruturado), boa diversidade de nutrientes e muita atividade dosmicroorganismos. 1550 aumenta 0 poder da planta em absorver e escolher osalimentos, de forma a favorece-la, 0 contrarlo ocorre com solos maltrabalhados, compactados e pobres em materia orqanlca e nutrientes .

    7 11J.d ...... "~ ... ~PI x

    34 A Cartilha Agroecol6gica

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    37/92

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    38/92

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    39/92

    Para cornecar, e bom planejar! 4Antes de iniciar aTransicao Aqroecoloqlca,ou seja, a longa passagemda agricultura qufmica(convencional) para

    a agricultura de baseecoloqica, e importanteque o(a) tecnicota),juntamente com os(as)agricultores(as), inicie umaanalise profunda doagroecossistema do qualas familias fazem parte.Esta analise inicial efundamental para quea Transicao Aqroecoloqicaseja coerente as possibilidades reaisdos(as) agricultores(as).E fundamental, como veremos, que tal analise profunda se desdobre emplanejamento de inovacoes aqroecoloqlcas e que essas inovacoes possam sermonitoradas e acompanhadas, contribuindo, na pratica, para a translcao. Mas,para tanto, e necessario que o(a) tecnicota), que auxlllara neste processo,aprenda algumas nocoes gerais sobre Metodologia Participativas de AsslstenclaTecnlca e Extensao Rural (ATER), voltada para apoiar processos de TransicaoAqroecoloqlca,

    Conhecendo a Metodologia de ATERDe forma resumida, Metodologia de ATER e a forma de fazerasslstencia tecnlca e extensao rural, que se utiliza de prindpios e tecnicasque orientam as atividades produtivas, de cornerclallzacao e deorqanizacao cornunltarla na zona rural. Para a Agroecologia a Metodologiade ATER esta baseada nas Metodologias Participativas e nas agriculturas debase ecoloqlca,Essas Metodologias possibilitam a qeracao de solucoes sustentaveis,sejam elas tecnoloqicas ou organizacionais e permitem que os(as) tecnicostas)estabelec;:am uma relacao horizontal com os(as) agricultores(as),reconhecendo 0 conhecimento e a capacidade da familia agricultora de decidiro seu proprio desenvolvimento, fortalecendo assim sua capacidade deautoqestao, Promovem ainda elos e compromissos sociais lndispensavelspara 0exito da Transicao Aqroecoloqlca.Trabalhar com essas Metodologias no planejamento da agricultura debase ecoloqica desenvolve na familia agricultora um posicionamento crfticodiante da realidade, identificando e priorizando os problemas e formulandoestrateqias concretas para seu enfrentamento. Podemos dizer que sem asMetodologias Participativas fica lnvlavel para o(a) tecnlcota) trabalharcom Agroecologia nas comunidades rurais.

    Instituto Giramundo Mutuando 3

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    40/92

    As Metodologias Participativas estao fundamentadas no dialoqo entreos membros de um determinado grupo [agricultores(as) e tecnicosiasjl edevem respeitar alguns princfpios fundamentais:~ todos os participantes devem ser considerados como sujeitos ativos ' G .

    na construcao do conhecimento, a partir das lnforrnacoes que trazem,bem como sujeitos na analise de seus problemas, na decisao dassolucoes e na livre expressao de suas opinloes:

    a metodologia deve eleger cuidadosamente as tecnicas: estas, seutilizadas corretamente, permitem um aprendizado rapldo, progressivoe interativo, pois todos sao motivados a se envolver no processo,contribuindo com seus conhecimentos, praticas e experlenclas; as tecnicas utilizadas devem ser vistas como um apoio para aconcretizacao deste enfoque inclusivo e participativo no processo dedesenvolvimento.

    e ~

    o born facilitador de gruposPara ser um bom facilitador de processos grupais e necessanoexperlencla e dedicacao, 0 extensionista agroecol6gico deve buscar comafinco melhorar suas capacidades de trabalhar com grupos, ja que, comovimos, a Agroecologia se ap6ia nas Metodologias Participativas, e elas sedesenvolvem em grupos.Dedicar-se a aprender novas tecnicas, planejar com antecedenclaas atividades que serao realizadas, escolher materiais dldatlcos que

    auxillarao 0 grupo a compreender melhor os temas trabalhados. Tudo issoe importante.Para contribuir neste aprendizado, listamos a seguir uma serie de dicasque o(a) tecnicota) deve ler com atencao e colocar em pratica sempre queestiver trabalhando com grupos.

    38 A Cartilha Agroecol6gica

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    41/92

    Para cornecar, e born planejar!Antes de iniciar 0trabalho em grupo: prepare antecipadamente as dlnarnlcas, 0 material, 0 ambientee a pauta da reuniao; ponha 0grupo a vontade, faca cornentarlos sobre cotidianidades;estabeleca vfnculos, aproxime-se das pessoas.

    No inicio do trabalho em grupo:-Iembre os motivos que deram origem a reuniao;descreva os assuntos da reuniao e os objetivos a alcancar;-levante asexpectativas de cada participante;mencione os t6picos que serao abordados;defina e enquadre horario, local, frequencla dos encontros.Durante 0trabalho em grupo:desperte 0 interesse do grupo usando papel6grafo para anotacoes;dinamize a dlscussao com dlnamlcas ejogos de grupo; preste ou solicite lnforrnacoes sobre 0assunto;encoraje a partlclpacao:distribua atencao entre todos;seja membro do grupo com 0qual trabalha;auxilie os raciocfnios fazendo perguntas;controle a discussao, mantendo-a dentro do assunto; registre as ldeias e opinioes no papeloqrafo.x., concilie diferenc;:as; _ _._..--esclareca comentarlos que possam confundir;evite ressentimentos aclarando pontos devista;assegure-se sempre de que todos compreenderam 0que expos;trabalhe as barreiras individuais reforcando os vfnculos entreos participantes;observe 0clima do grupo e traduza-o para os participantes;faca a conexao entre comentarlos, sintetizando-os.

    Ao final do trabalho em grupo:desenvolva 0 consenso e/ou expresse as conclusoes identificadaspelogrupo; resumaeorganize nopapel6grafoaslnforrnacoesgeradaspelogrupo;defina com 0grupo as tarefas, os responsaveis e prazos;avalie os resultados das reunioes coletivamente, comparandocom asexpectativas iniciais;defina com 0grupo 0enquadre dos pr6ximos encontros.

    Instituto Giramundo Mutuando 3

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    42/92

    Podemos ressaltar tres tipos de tecnicas participativas que podemser utilizadas durante as atividades de ATER:Tecnicas de Dlnarnlcas de GrupoTecnicas de VlsuallzacaoTecnicas de Observacao de Campo

    A Dlnarnlca de Grupo proporciona a vlvencla do conteudo que se pretendetrabalhar, bem como a interacao entre os participantes, alern de ser um momentade rnoblllzacao das ernocoes e conhecimentos relativas ao tema discutido.As Tecnicas de Vlsuallzacao sao de suma lrnportancla na sistematlzacaodos conhecimentos, como auxflio na busca de consensos e na partlcipacao depessoas com diferentes nfveis de formacao (alfabetizados ou nao), Saorepresentac;:6es qraficas que podem ser reunidas em quatro grupos:

    Matrizes I I Mapas I Fluxogramas I I Diagramas Temporais IA Observacao deCampo e fundamental para que as pessoas compreendamconceitos a partir da observacao de suas proprias realidades. Essas tecnicasorientam 0 olhar dos participantes do grupo durante um determinado trajetopercorrido em uma area; em seguida e feito uma slsternatlzacao e um debate sobreos elementos encontrados.Muitas sao as Metodologias Participativas e apresentaremos nesta cartilhaapenas algumas delas, ressaltando seus elementos mais importantes e sugerindofontes de informacao complementares, por meio da bibliografia recomendada aofinal deste material.

    Algumas dicas de como eleger e usar as tecnicasparticipativas. As tecnicas devem provocar curiosidade, estimular a dlscussaoe fazer 0 grupo refletir. Devem ainda fazer emergir osconhecimentos locais e as capacidades do grupo, bern como 0 desejode entender e ajudar para que se avance na dlrecao da melhoria desuas realidades .

    . As tecnicas estao previstas para ser utilizadas de forma grupale com enfoque interdisciplinar, para produzir lnformacoes querefletem, de forma quantitativa e qualitativa, as caracteristicas darealidade das familias agricultoras.

    40 A Cartilha Agroecol6gica

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    43/92

    Para cornecar, e born planejar! Todo 0material geradoatravesdaaplicacaodas tecnicasdevesersistematizado de forma que possa ser visualizado por todos osparticipantes, a fim de que as lnforrnacoes geradas sejamcompartilhadasportodos.

    As tecnicas participativas devem ser consideradas comocomplementares: nenhuma delas e suficiente para assegurar urnprocesso participativo, seaplicada sozinha. Devem ser combinadassegundo asnecessidadese realidades das distintas comunidades.IAFAMIL1A

    A 6R ICUL lORAD f.vf. P AR l1C IP ARSf.M PR f. D f. lOD Oo PROCf.SSO!

    Diagnostico Rural Participativo (DRP)Esta metodologia exige uma serie de encontros de agricultores(as) etecnicostas), reunidos por um trabalho de rnoblllzacao feito pelo(a) tecnicota),E : uma metodologia para criar e compartilhar conhecimentos, reconhecerpontos positivos e negativos e planejar e avaliar acoes, Oeve serconduzido por um(a) tecnicota) que tenha habilidade em trabalhar com grupose saiba eleger as tecnicas que mais se adequam ao local, aos participantes e aotema que 0grupo deseja abordar.o ORP e uma metodologia indicada para 0 infcio de um trabalho demoblllzacao para um determinado tema de interesse da comunidade rural. Eletende a ser aberto e amplo e abordara os problemas da comunidade de formageral, para preparar e mobilizar as forcas sociais para 0 processo de rnudanca.o ORPpode acontecer em qualquer escala temporal, ou seja, pode levar umasemana ou tres meses, dependendo da disponibilidade do grupo e do objetivoestabelecido. Os ORPsde curta duracao tendem a somente iniciar um processo departlcipacao da comunidade, sendo que os mais longos podem, de fato, concretizaruma dlnarnlca de diaqnostico aprofundado, planejamento de acoes e avaliacoes,Mas, de forma geral, e importante que 0 ORPtenha um corneco, um meio e umaavaliacao final, para que 0 grupo possa opinar sobre a continuidade ou nao doprocesso participativo e definir quais os proxlrnos passos.

    Instituto Giramundo Mutuando 4

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    44/92

    Algumas tecnicas participativas utilizadas em DRPsm en . u . . . . . . . . . . . . . . . ~~tl!l u . n . _ _ I . AiMapa falante- xcSao mapas desenhados pela familia, pela comunidade ou peloslndlviduos participantes. Eles devem mostrar os recursos naturais, cultivos,problemas e tudo 0que estiver sendo debatido e demandar entendimento.

    00

    42 A Cartilha Agroecol6gica

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    45/92

    Para cornecar, e born planejar!. . ,Qmio,hada t ransYEl r~C!1 ,Devem ser feitos ap6s uma caminhada (observacao de campo) em uma areaque se deseja estudar. Normalmente se elege um percurso que inicie no ponto maisalto e termine no ponto mais baixo do terreno. Feito isso, 0 grupo deve fazer umdesenho em corte transversal da paisagem percorrida, demonstrando problemas,cultivos, pontos positivos, entre outros.

    SOLO

    i~~AALiA PLANO

    POS~PD~00S0 i~~AP~iAMACIA

    H . R R AR O X A ,

    M U I i A SP - E . D R A S

    F~IANAO ~itM NC+-IA~CA-S, SCOM UIiA A0UA QUANDOC+-IOV MUI iO

    A0UAiODOOANOIA6UA

    SOSQUPASiO

    MUI iA ,F~UiAS PASiO SOSQUCULlIVOS

    ANIMAlS 0~MAPA~ASOlSAVS CAVALOSCAVALOS

    - iO DA A M U l H E . R f SQU-E.M COMUNIDAD . PA~CLAS f JO V f N SlRABALHA? - MULHE .R E .S P~ IVADAS C U I D A M D fBUSCAM LE .NHA A N I M A l S

    o QU-E. -HAVIA FIJAO L-E.N-HA ""AISMA IS BOSQU -E . SAiAiA A0UA-HAVIAANl-E.S?

    Instituto Giramundo Mutuando 4

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    46/92

    Calendario sazonal " I " ' . ' . n . . UI!II'IIIIIAuxilia 0grupo a entender melhor os tempos de plantio, colheita, pod a,parto e acasalamento dos animais, melhor data de comerciallzacao e outroselementos importantes que tenham perfodos e datas especfficas, como, por

    10, a disponibilidade de forragens para animais de producao,P~ODU~AODf.FO~~A6f.NS

    PR IMA V tR A VtRAO ouro-so INVtRNOCHUVAS StCAHUVAS StCA

    Diagramahistorico_ . n . . . . . . .Auxilia a cornpreensaode processos de deqradacaode solos e rios, dadlrnlnulcaoda produtividade, entreoutros. E atravesdo relato dashist6rias de vida de cadaparticipante que se obtern oselementos para a reallzacao

    daatividade.Os fatos mais relevan-tes sao sistematizados emforma de diagramas (linha dotempo, qrafico em forma depizza, vetores, entre outros).

    Mudanc;:asno uso da terra ~e qualidade do ambiente.

    44 A Cartilha Agroecol6gica

    PAL-HADA>

    ..._Lt_6_U_M....;..IN_t_LA_S_-.J)r FOL -HASDAS ARVORtS )"

    . . . .~ t 3 fJ ; h t oO....3 f~O~~ QO ....Q f~~O....O ~ Q ft 3 f . . . .OoJ ; h t ; . . . .0 I_ r = = = = - - = - : . >CAPINtIRA .

    00~$dd

    0

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    47/92

    Para cornecar, e born planejar!

    Demonstra as relacoes entre pessoas e organizac;:6es da comunidade,ressaltando aspectos de proximidade. Auxilia na cornpreensao de quaisindivfduos e organizac;:6es podem auxiliar na resolucao dos problemas e seestao proxlrnos ou nao, em termos politicos e ffsicos, do grupo.

    -Os pontos representam os membros da comunidade.Instituto Giramundo Mutuando 4

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    48/92

    ~iW~~~~~~~~~Apresenta, em forma de tabela, as atividades, sub-atividades,responsaveis e averlflcacao do cumprimento da tarefa. E uma tecnica que auxiliana orqanlzacao das atividades e compromisso dos indivfduos do grupo.

    AlIVIDADf.

    MONtAROVIVf .IRO

    ~~ C D@ t i l l 0C DC DC DG )e

    SUB AlIVIDAD f. R f.SPONSABIL IDAD f. DAtA

    COM Itf. D OV IV f.IRO: J F M A M J J APRf .PARAR0 i f.RRf .NO lOAO , P f.DRO , B IA , ~

    f .Cf.RCARRODRI6 0, LU IZ , JO f.L

    ~PRf .PARAR COM Itf. D OV IV f.IRO ~Sf.M f.Ni f.IROS f. C LUBf. D f. JO Vf.NS 0

    f .NC -Hf.RBOLSAS COM Itf. D OV IV f.IROf. C LUBf. D f. JO Vf.NS-Sf.Mf.AR COM Itf. D OV IV f.IRO ~. C LUBf. D f. JO Vf.NS ~Rf .6AR,LIMPAR, COM Itf. D OV IV f.IRO

    ~ ~ ~ ~ ~ ~APLICARBIOFf.RlILIZANif. ~ ~

    PRf.PARA

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    49/92

    Para cornecar, e born planejar!Outras estrateqias participativas para 0trabalho em grupo

    ~MutiroesOs mutiroes sao encontros abertos, sujeitos a partlclpacao de diversaspessoas, entre as quais, agricultores, estudantes, pesquisadores, aqronornos,engenheiros florestais, extensionistas e educadores. Os participantes dosmutiroes sao envolvidos no processo de experirnentacao, aprendizado, trocae acompanhamento dos resultados. Os mutiroes podem assumir funcoesdiferenciadas de acordo com 0 contexto social em que se desenvolvem,podendo ser mais voltados para estudantes ou para agricultores.

    ~ Dias de CampoOs dias de campo sao atividades nas quais favorecemos a troca deexperienclas entre agricultores, tecnicos, pesquisadores e estudantes. Asatividades sao realizadas na propriedade rural de um dos participantesatraves de exposicoes orais, experimentos praticos, visita orientada a umaarea de plantio, debate sobre assuntos tecnicos e mostras de fotos ou videos.

    ~ Visitas Tecnicas de Monitoramento ParticipativoAs visitas tecnicas de monitoramento participativo servem paraacompanhar e avaliar as inovacoes agroecol6gicas realizadas por um ou maisagricultores(as). Elas podem ser realizadas individual ou coletivamente, porum(a) ou mais tecnicostas) e agricultores(as), devendo-se privilegiar as visitasem grupo. Durante a visita tecnica de monitoramento participativo devemos: fazer uma recuperacao dos objetivos das inovacoes realizadas, visitaro local, fazer esquemas visuais que ajudem a compreender as lnovacoese abrir 0debate geral sobre 0andamento da experlencla;estabelecer, junto com os(as) agricultores(as), indicadores que ajudaraoa avaliar a eficacla das lnovacoes agroecol6gicas realizadas; planejar os passos segu intes da Transicao Ag roecol6g ica.~CursosOs cursos devem ser programados de acordo com as demandas geradasdurante os diagn6sticos, analises e planejamentos realizados. Devem,

    todavia, estar baseados em metodologias participativas de ensino.~ Oficinas GeradorasA oficina e uma atividade de formacao de carater pratico e de curtaduracao, E atraves da acao que se desenvolvem os conceitos te6ricos.~ Visitas de lntercarnbloAs visitas de lntercarnblo servem para aproximar os(as) agricultores(as) dasrealidades das quais se possam obter lnforrnacoes e experlenclas que contribuampara 0processo de Transicao Agroecol6gica. 0 objetivo dessas visitas e despertar a

    rnotivacao dos(as) agricultores(as) para as praticas realizadas em condicoes s6cio-ambientais semelhantes e que podem ser adaptadas e usadas poreles.

    Instituto Giramundo Mutuando 4

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    50/92

    Analise de Agroecossistemas

    A Analise de Agroecossistemas oferece diversas tecnicas para queos(as) agricultores(as) e tecnicostas) possam, conjuntamente, iniciar a analiseslstemlca (conforme capitulo 2) das propriedades envolvidas no processo departrcipacao. Sao tecnicas visuais de facll apllcacao enos auxiliam noentendimento dos agroecossistemas como um todo.Como vimos anteriormente no capitulo 3, 0 agroecossistema ecomposto por um conjunto de subsistemas de producao que se relacionam dealguma maneira. Os subsistemas sao, por exemplo, a roca, a capineira, 0pasto, 0 galinheiro, 0 engenho e tudo aquilo que gera produtos, sejam elespara a familia e para 0 mercado ou produtos que servem de insumos paraoutros subsistemas.Alguns desses subsistemas sao os chamados mediadores defertilidade. Como vimos, os mediadores sao componentes vitais dosagroecossistemas que fazem circular a fertilidade nos subsistemas, como apalhada, 0 composto e a adubacao verde. Os mediadorestarnbern transportam ou armazenam insumos e produtos, aexemplo do qalpao, da cisterna, do biodigestor e dachorumeira.o modelo slsternlco de analise do agroecossistemadeve representar a estrutura e 0 funcionamento do agroecossistema, com arepresentacao dos seus componentes (subsistemas) e os diferentes fluxos elntercarnblos entre eles (insumos, produtos, trabalho e renda).

    Q uan ta m ais diversificada ap ro du ca o e m a is m e dia da re shauver, m aior a chance desucessa na a t iv idade produt iva .

    48 A Cartilha Agroecol6gica

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    51/92

    Para cornecar, e born planejar!

    o MAPA DOS SISTEMAS PRODUTIVOSDevemos desenhar os subsistemas (cada pr o ducao) doagroecossistema em questao: a casa da familia (no centro), parcelascultivadas, pasto, roca, horta, galinheiros, qalpao, curral, etc. Uma

    vez terminado 0desenho, teremos a estrutura doagroecossistema.A partir desta repre-sentacao esquernatlca doagroecossistema, e precisogerar com 0 grupo algunsfluxogramas (diagramas defluxo) que nos permitamentender 0 funcionamentodo agroecossistema, para, apartir disso, propor asinovacoes.

    gallnheiro~ < J \ 7 1 'J

    o d UbOc ta O ve rd e

    ~famil ia

    IBolsa-famil ia II M erc ado I

    FLUXOGRAMA DE INSUMOS E PRODUTOSA partir do esquema desenhado anteriormente, cornecarnos a analisaros subsistemas, indicando todos os produtos e insumos que entram e saem eanalisando de onde vern e para onde vao, dentro e fora do agroecossistema.Como no exemplo ao lado, do "pasto" saem

    os produtos leite e carne, que T r : = : : ; ; : ~ = = = : : : = : = = = : = ~ ~ ~ r 7ao vendidos no mercado econsumidos pela famflia. Domesmo subsistema "pasto" saio insumo "esterco", que vaipara 0 "composto" (subsistemae mediador). 0 subsistema"pasto", por sua vez, recebenutrientes (insumos) dosubsistema "adubacao verde".LegendaProdutos _....Insumos .....~

    Instituto Giramundo Mutuando 4

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    52/92

    FlUXOGRAMA DE RENDAAinda com base na estrutura do agroecossistema, devemos indicar,com flechas, todas as rendas geradas no agroecossistema, sejam elasmonetarlas, nao-rnonetartas e nao-aqricolas. E importante levar em contavir doue a flecha que representa a renda rnonetarla sempre devemercado para a familia, assinalando, atraves de nurneracao,

    qual 0 su bs iste ma que 0rig i"n~a~a~re;n~d~a~;::=====:::=~~7representada. A flecha que l'representa a origem da renda ~nao-monetarta parte sempre omposto ~09a 2dos subsistemas em direcao a .. . .familia (casa), pois representamos produtos que sao produzidos _---~ paraoautoconsumo. 1 f . w . .Finalmente, para representar - rde

    a d ub ac ;:a o v e r r : . . . .a renda nao-aqrkola, utilizamos ~ flechas que saem de outros ~ -. - 'h / ~ services realizados pela '-----~.. 3familia, dentro ou fora do Yagroecossistema. Devem ser Bolsa-familiarepresentadas, tarnbern, asrendas provenientes detodas asoutras fontes.

    LegendaMonetaria :tao-monetarla .. ...Nao-aqrlccla _ ..

    FlUXOGRAMA DE TRABAlHO

    Este fluxogramarepresenta 0 trabalhoque cada membro dafamilia emprega emcada subsistema.Deve-se diferenciaro trabalho familiare 0 trabalho contratado.o trabalho realizadopelos homens, mulheresejovens. r-----_~ l egendaBolsa-familia ~~rcado I H o m e n s :i M ulhe re s .....J ove ns _ ..

    50 A Cartilha Agroecol6gica

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    53/92

    Para cornecar, e born planejar!

    Uma vez que realizamos a analise do agroecossistema, e posslvel iniciar 0planejamento de algumas lnovacoes aqroecoloqicas apontadas pelo grupo deagricultores(as) e tecnicostas). Essas lnovacoes visam trazer maior sustentabilidadeao agroecossistema e iniciar experlenclas aqroecoloqlcas, as quais rnostrarao, napratica, os caminhos posslveis para a Transicao Aqroecoloqica naqueleagroecossistema. Desenvolveremos isso no item "I" deste capitulo.

    Valor agregado e trabalho familiarApos a realizacao dos fluxogramas, podemos cornecar a estabelecer algumasanalises importantes no que diz respeito ao quanto a producao no sistema e rentaveleconomicamente.Sabemos que, para realizar a translcao aqroecoloqlca com dlminulcao de

    custos com insumos, e preciso aumentar 0 trabalho empregado. Este trabalhopodera ser realizado pela familia e pela ajuda cornunltarla, em conjunto com 0 quepode ser feito pela propria natu reza. Quando falamos de trabalho da natu reza estamosnos referindo, por exemplo, a compostagem, a adubacao verde, ao controle bloloqlcode pragas em funcao da dlverslflcacao de especles, sombreamento, etc. Este serviceprestado pela natureza pode ser definido como service ambiental. Nosso trabalhodeve ser realizado para maxlrnlza-lo, fazendo com que a natureza trabalhe sempre anossofavor.Se a rnao-de-obra familiar nao esta disponlvel, a transicao aqroecoloqlca poderepresentar um aumento inicial de custos com a contratacao de rnao-de-obra, 0 quedeve ser analisado caso acaso.

    Euqueimei a palhadada minha roc o, nd o recicleia ferti lidade no meu sistemae contratei mdo-de-obra

    Eu fortoleco asrelocoes entre cada cultivoproduzindo insumos no meuproprio sitio. Eminhafamilia trabalha comigo.

    Instituto Giramundo Mutuando 5

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    54/92

    De qualquer forma, por meio da rnaxlmlzacao dos services ambientais eda reorqanizacao do trabalho familiar e cornunltarlo, podemos diminuircustos de producao, gerando como con sequencia a producao de insumosdentro do agroecossistema. A medida que diversificamos a producao ediminuimos a dependencla dos insumos externos, gastamos menos paraproduzir, ou seja, agregamos valor ao produto dentro do agroecossistema.Assim, aumentamos a rentabilidade do agroecossistema .

    Planejando as Inova;oes Ag roecoloq icaso planejamento de um agrocossistema sustentavel deve, necessariamente,seguir um processo participativo de diagn6stico e analise do agroecossistema, demodo que haja um grupo de agricultores(as) e tecnicotas) mobilizados(as) e umacurnulo de conhecimentos sobre a realidade. A seguir, algumas metodologias deplanejamento da Transicao Agroecol6gica, que podem ser utilizadas de formaisoladaou simultaneamente.E MC!E.adas Inpva.~~~~r~o!~a!~.C!.~o mapa das inovacoes agroecol6gicas deve ser construfdo sobre osmapas da estrutura e do funcionamento do agroecossistema, realizadosdurante as analises anteriores. Nesses novas desenhos poderemos sugerir asinovacoes redirecionando os fluxos de insumos, produtos, trabalho e renda,sendo que cada redirecionamento de seta deve representar 0 planejamento de

    uma lnovacao agroecol6gica a ser realizada. Deve-se tarnbern desenhar novasbenfeitorias quando necessarlo,Ap6s a realizacao do desenho e de um debate sobre quais inovacoes saopossfveis de se fazer inicialmente, e necessario criar uma dlnarnlca deplanejamento dessas inovacoes, contemplando objetivos, forma de realizar,atividades, responsavels, cronograma e indicadores para acompanhamento.As matrizes de planejamento sao tecnicas uteis neste momento.Desenv

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    55/92

    Para cornecar, e born planejar!Com 0 D T P , b us ca rn o s: a u xilia r n o p la n eja m e n to d a s in o va c oe s a gro e co l6 g ic a s; va lid ar o u re orie nta r a s s olu co es d os (a s) a gric ulto re s(a s) e te cn ic os ta s) re la tiva sa os p ro ble m a s e nfre nta do s n o p ro ce ss o d e tra ns lc ao .

    U rn p ro ce sso d e D TP co rn pre en de a s se gu in te s a tivid ad es : con tra to in ic ia l - E a cons trucao das re lacoes pa ra a coope racao que auxilia ad efin ir qu em p od eria a ju da r, qu al s eria 0a po io e po r qua nto te m po . R e aliza m os,n esse m o m e nto , a s a na lise s p re lim in are s e a co ns den tiza ca o d a n ece ss ida de d op ro c es so e m questao: Ievan tam en to de aspec tos a se re rn pesqu isados - H a a lden tlflcacao dasp rio ridades e dos conhec im en tos (c ien tfficos e loca is ) d ispon fve is sobre osp roblem as da pesqu isa . N es te m om e n ta se e legem os crlte rlos de se lecao e aso p co e s d is po n fv eis p a ra s ere m e xp e rim e n ta d as ; d e se n ho d ee xp e rirn e nto s - E a re vis a od a sp ra tic a se xp e rim e n ta is , 0p lane jamento ,o d es en ho e xp eri m e n ta l e 0e s ta b ele c im e n to d o s p ro to c o lo s d e aval iacao,Experimentacao - E a lrn ple rn en ta ca o, rn en su ra ca o, o bs erva ca o e a va lia ca o d osexper imentos ; soc ia liza~ o dos resu ltados - E a co rnun lcacao das ide ias , p rinc fp ios bas icos eresu ltados e da abo rdagem de D TP bem com o 0 tre in am e n to e m te cn olo gia sap rovadas ; co ntin uid ad e d o p ro ce ss o - E a c na ca o d as c on dic oe s fa vo ra ve ls a c o ntin u id a de d aexper irnen tacao e da Trans ic ;:aoAgroeco I6g ica.

    Planejamento por Zonaso p la ne ja m e n to p or zo na s e u m a m e to do lo gia u tiliza da p ela P e rm a c ultu ra p ara 0p lane jam e nto das zonas de m o rad ia e cu ltivo agrfco la . D o pon to de vis ta da Trans icaoA g r oe c o l6 g ic a , e s ta m e to d o lo g ia p o d e s e ru til e m d o is c a s os , p rin c ip a lm e n te : o s (a s ) a g ric u lto re s (a s ) e s ta o d is p o sto s (a s ) a re d e s en h ar 0 seu ag roecoss is tem ac om o u m to do ; e m a ss en ta m e n to s d a R e fo rm a A g ra ria , n os qu ais o s(a s) a gric ulto re s(a s) e sta o

    n a fa s e in ic ia l d e o c u pa c a o d o s o lo e d e fin ic a o d o s s u bs is te m a s d o a g ro e c o ss is te m a .A s zo na s qu e p re cis am d e m a io r m a n ejo , c om o a ho rta , d e ve m fic ar m a is p r6 xim a s ac as a d a fa m ilia a gric ulto ra e a s qu e p re cis am d e m e n os m a n ejo , c om o 0 p o m a r, d e ve m fic a rm a is d is ta nte s. E bom lem bra r que quando fazem os c ircu la r a fe rtilidade em nossoa gro ec os sis te m a , a pro ve ita nd o e ste rc os e o utro s s ubp ro du to s e e xc ed en te s d a p ro du ca opa ra adubacao , devem os leva r em con ta as d is tanc ias en tre es tes e os cu ltivos que sebenef ic ia rao . Encu r -ta r d is tanc ias eim p o rta nte , p ois 0

    tra ba lho re aliza dop e la fa m Ilia d e v e s e rsem p re o tim izado .

    A p a la v ra " p e rm a c u l tu r a " e f o rm a d a d a u n ia o d e d u a s p a la v ra s : p e rm a n e n te e a g ric u ltu ra , F o i in v e n t a d a p e lo b i6 1 0 g oeg e 6 1 0 go a us tr a lia n o , B il l M o ll i s on , q ue ju n t a m en te c o m D a v id H o lm g r e n , a a p l ic a r a m a o e s t u do q ue e s t a va md e se n vo lv e n d o n o s a n os 70 , " u m a cencia i n te r d is c ip lin a r d a t e r ra " , M o l li s o n d e f in e a a t iv id a d e c h a m a d a p e r m a c u lt u rac o m o " P la n e ja m e n t o e m a n u t e n < ;:a oc o n s c ie n te s d e s is te m a s a g r ic o la s p r o d u tiv o s q u e t en h a m d iv e r s id a d e , e s ta b il id a d ee a c a p ac id a d e d e r e g e n e ra g a o d o s e c o ss is te m a s n a tu ra is " , P e rm a c u lt u ra n a o s e l im i ta a o c u lt iv o d e a lr re n to s , E n g l o b a ," u m a in te g r a < ; :a o h ar m o n io s a d o a m b ie n te e d a s p e s s o a s q u e p ro d u z e m a lim e n t o , e n e rg ia , h a b it a < ; : a o e o u t r a sn e c e s s id a d e s m a t e r ia is e n a o m a t e ria is , d e u m m o d o s u s te n ta v e l" ,

    Instituto Giramundo Mutuando 5

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    56/92

    Vamos observar a ilustracao abaixo:

    ZONA 1e a a r e a ao reelordo centro,controlada e

    atividades usada comusual mente e intensidade.Inclui hortas,oficinas, tanques,m ln ho ca rio e

    ZONAOo centro de

    a casa.

    Planejamento Legalo planejamento da area de agricultura familiar deve respeitar algumasregras. Estas regras sao muito importantes e ajudam o(a) agricultor(a) apreservar a natureza, garantindo assim a continuidade dos recursos naturais,fundamentais na producao, Cuidando das nascentes de aqua, das florestas deencostas, das margens dos rios, a familia agricultora garante 0 seu futuro e 0

    das proxlrnas gerac;:6es.Veja nesta ilustr acao quais os elementos que devem sercuidadosamente observados quando fazemos 0 planejamento de uma area.54 A Cartilha Agroecol6gica

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    57/92

    Para cornecar, e born planejar!A propriedade legal em regiao montanhosa

    C orre do re s e co lo qic os : fa ixa s d e flo re sta qu e s erve md e A reas de P res erva cao P erm an ente e d e R es ervas Le gais ,d en tro d a m esm a p ro prie dad e e tarnbe m co m o utra sp ro pr ie da de s. O s c or re do re s p erm it em a livr e c irc ula ca od e a nim a is s ilve st re s e d is pe rs ao d e s em e nt es .

    Ca sas e ra nc hos : de vem se r con stru idosfo ra d as a re as d e P re se rv ac ao P e rm a ne nt e(A P P s), a fa sta da s d os rio s, p ara e vita rp re ju izo s c om e nc he nte s, e d as e nc os ta s,p ara e vita r p re ju izo s c om d es liza m en to s.

    A picultura: po de se rd es en vo lvid a n as a re as d ePrp"Prl/::lr.iin Permanente,enos

    P ec ua ria: deve s erp ra tic ad a fo ra d as A P P se d e R eservas is.

    Encosta com m ais de 4 5: e A rea de P reservacaoP errn an en te (A P P ). N a o e p erm itid a a e xp lo ra ca o d e m ad eira s.E id ea l p ara fo rm ac ao d e c orre do re s e co l6 gic os d es tin ad osa a nim a is s ilve st re s e p la nta s n at iv as .

    R eserva Legal: na regiao da M ata A tlantica todas asp ro pr ie da de s d eve m t er u m a r es er va le ga l d e 2 0 % , a re a q uep o de s e r u tiliz ad a p ar a m a n ejo f lo re s ta l s u st en ta d o e a pic u lt ur a.

    E importante planejar a paisagem da propriedade levando em conta a microbaciao d es m ata me nto d a R es erva Le ga ldeixa 0 p ro p rie ta rio s em p ro d ut osflo re st ais , a ca ba c om o s c orr ed or ese co l6 gic os e p re ju dic a o s a nim a is .

    S e to do s c um prire m a lei,t od os s a ir ao g an ha n do .E 0 m e io a mb ie nte ta rn be m,N e nhu m a p ro prie da de e sta is ola da n o m u nd o.To do s te m vizin ho s e ju nto s fo rm am c om un id ad es .

    o m e io a m bie nte n ao t em fr on te ira s e n aoo bs erva o s lim ite s e c on fro nta cc es d aspropriedades. 0 a r, o s rio s, o s a nim aise ate as s em en te s d as arvo re su lt ra pa ss am a s fro nt eir as d asp ro p rie d ad e s, s e m p e dir lic e ny a .o de sm ata mento das A re asd e P r es er va c ao P e rm a n en teprejudica 0 cicio da agua ed im i nui a b iod ive rs idaded e p la nt as e a nim a is .

    o e co tu ris m o d ever es pe it ar a s A P P s .A d e s tr u lc a od a m atac ili ar acabacom oscorredoresecol6gicos.

    A s qu eim ad as prejud icam o s an im ais e as p la ntas ,empobrecem 0 s olo e p olu em 0 ar .Instituto Giramundo Mutuando 5

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    58/92

    Analise de SustentabilidadeA medida que vamos planejando e executando a TransicaoAgroecol6gica, vamos:

    Familiarizando-nos com as anallses da estruturae do funcionamento dos agroecossistemas.compreendendo melhor os fluxos de materiae energia no agroecossistema.encontrando as possibilidades para a reallzacaode inovacoes aqroecoloqlcas,

    As inovacoes agroecol6gicas devem objetivar, sempre,trazer mais equilibrio ecol6gico e maior sustentabilidade aoagroecossistema.Como 0 conceito de sustentabilidade e muito amplo eabstrato, devemos buscar formas de melhor traduzir 0 que e sersustentavel, Um agroecossistema, para ser sustentavel, deve buscaras seguintes caracteristicas por meio de lnovacoes agroecol6gicas: L- ____J

    Susten tabil idade d iz respe i to itc apa cid ad e d e u m s is te m a d ep ro c uc a o (a gr oe co ss is te m a )e m su ste nta r n ive is a d e qu a d osd e p ro dutivid ad e a o lo ngo d otem po e m elhora r as suascondi

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    59/92

    Para cornecar, e born planejar!AdaptabilidadeE a capacidade do sistema de manter ou encontrar novas niveis deequilibrio e continuar sendo produtivo, mesmo diante de rnudancas delongo prazo nas condicoes econornlcas, biofisicas, sociais, tecnicas e etc.EquidadeE a capacidade do sistema de gerir de formajusta a sua forca produtiva,distribuindo equilibradamente os custos e beneffcios da produtividadeem todos os campos das relacoes sociais em que se insere.AutonomiaE a capacidade do sistema de regular e controlar suas relacoes comagentes externos (bancos, aqrolndustrla, atravessadores etc). Levam-seem conta os processos de orqanizacao, de tomada de decisao e acapacidade do sistema para definir internamente suas pr6priasestrateqias de reproducao econornlca e tecnica, seus objetivos, suasprioridades, sua identidade e seus valores.

    Saber estas caracteristicas que dao sustentabilidade a urnagroecossisterna e irnportante pelos seguintes aspectos: as inovacoes agroecol6gicas sao as rnudancas propostas nofuncionamento e na estrutura do agroecossistema, as quais devem serconstantemente avaliadas; para que possamos avaliar a sustentabilidade do agroecossistema, amedida que incorporamos as inovacoes agroecol6gicas, devemosestabelecer, juntamente com os(as) agricultores(as), os indicadores desustentabilidade;os indicadores deverao mostrar como as inovacoes agroecol6gicascontribuem para valorizar uma ou mais dessas caracteristicas e, assim,trazer niveis mais elevados de sustentabilidade ao agroecossistema;devemos definir os parametres do que e ruim e bom nosagroecossistemas, para podermos avaliar se as inovacoes realizadascontribuiram de fato para a sustentabilidade.

    Devemos definir as inovacoes agroecol6gicas, os indicadores e osparametres por meios de tecnicas participativas, de modo a envolver os(as)agricultores(as) e tecnicostas) em um processo de aprendizado dlnarnlco econtinuo. Com esse conjunto de metodologias e possivel dar continuidade aTransicao Agroecol6gica, analisar a sustentabilidade do agroecossistema eauxiliar no planejamento das inovacoes no sentido da sustentabilidade.

    Instituto Giramundo Mutuando 5

  • 5/6/2018 50619956 a Cartilha Agroecologica

    60/92

    A Transicao Agroecol6gicaA medida que vamos nos familiarizando com os princfpios e conceitosbasicos da Agroecologia, vamos percebendo que realizar a passagem daagricultura convencional (qufmica) para a agricultura de base ecoloqica nao euma tarefa simples e raplda, Como veremos, a Transicao Aqroecoloqica

    envolve diversas dlmensoes relativas ao funcionamento do agroecossistemacomo um todo. Para ilustrar essas dimensoes, podemos responder asseguintes perguntas:Como manejamos 0 nosso agroecossistema atualmente e comopodemos maneja-lo no futuro?Quais as tecnicas que usamos hoje?Que dificuldades e problemas elas nos trazem?Quais tecnicas podemos lancar mao para realizar as inovacoes desejadas epossfveis no agroecossistema?Como organizamos 0 trabalho interno da propriedade?Quantas pessoas trabalham na propriedade?A famflia esta envolvida na producao e quem faz 0que?Como administramos a producao, que tipos de controles administrativosutilizamos e quais precisamos utilizar?Como podemos agregar mais valor aos produtos?

    . Em termos tecnol6gicos: qual tecnologia utilizamos, quem produzessa tecnologia, a que preco nos vendem e que vantagens edesvantagens nos trazem? Que tecnologias mais apropriadasexistem nomercado ou como podemos produzir nossapropriatecnologia?. Em termos de me rcad 0: como e 0 mercado que compranossa mercadoria? Quanto pagam? Como podemosaproximar a produca