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441 441 ,k, .EMO DELOU TEMpc> CRITliRIO DE VENDA CR, ETMI, JDE E SPACO . ACro PtA ANUNCIAFK NÅ -TEMPC> TÅ 4o ALC^NcE LiýDE TODO-S. i2 N 0, 05,50 L l C i D^DE MAO SC p Up riB Lo Is- _ ENTENr>E: como um INvasTimWNTO PA RA OSTER.QRANDEs.Lucen( ýE L-A. F- A rARAAJ TIý '\p ISTRIJSUtCÅo JP05 ,-,pFODUTO.s pel-o rov A PRODucÄ0 F- -sr,^ A<=> SE R v i co jpo* Po vo 64 1), m. n40. po. IEDA Nbc Q) Alp@ 09 MVULökÄ9 Editorial .... .... .. .. .. .. . O PAIS Semana Nacional .... .... .... .... ... ... .... ... ... .... ..... 3 Conselhos de Produção são embrião da futura estrutura sindical ........ 10 Agitação e oportunismo .................................... 14 Pão: casar as novas orientações com nova organização ............. 18 Reportagem fotográfica: Cometal-Mometal .....................24 Ciclo de cinema africano em Moçambique 0 Imagens reais de uma África em luta , .cedo», <o feitiço» (xala), «a colheita dos 3 000 anos», «um homem do Senegal», «temos a morte para dormir», «omar gatlato», «crónica dos anos da brasa, ................ 28 Recursos hidráulicos .... .... .... .... .... .... .... .... ... «AMOR-, HONDA, «SUZUKI- - que significado? Estudar nos cafés ................. .......... 36 ....... 40 .... .... 41 INTERNACIONAL

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Page 1: 441 JDE E SPACO . ACro PtA ANUNCIAFK NÅ -TEMPC>psimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem19790520.pdf441 441,k,.EMO DELOU TEMpc> CRITliRIO DE VENDA CR, ETMI, JDE

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Editorial .... .... .. .. .. .. .O PAISSemana Nacional .... .... .... .... ... ... .... ... ... .... ..... 3Conselhos de Produção são embrião da futura estrutura sindical ........ 10 Agitaçãoe oportunismo .................................... 14Pão: casar as novas orientações com nova organização ............. 18Reportagem fotográfica: Cometal-Mometal .....................24Ciclo de cinema africano em Moçambique0 Imagens reais de uma Áfricaem luta, .cedo», <o feitiço» (xala), «acolheita dos 3 000 anos», «um homem do Senegal», «temos a morte para dormir»,«omar gatlato», «crónica dos anos dabrasa, ................ 28Recursos hidráulicos .... .... .... .... .... .... .... .... ...«AMOR-, HONDA, «SUZUKI- - que significado?Estudar nos cafés ................. ..........36....... 40.... .... 4 1INTERNACIONAL

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África Austral: a constelação de Botha ... ...............Portugal vende G3 a Pinochet ......... i-b.i.iot-e ca..do...Internacional IMAGENS ............. Arq. ! t: : MOç.1N.EUA: preparam forças de intervenção CotaLibéria .................. ....Líbano ..........................................Cartas dos leitores ..................Datas históricas .......... ... ......... ..........Conto ................ .........................Um espectáculo diferente nos palcos de Lichinga ............... 42.... 45.... 46.... 48.... 50.... 53.. 55... 59 .... 62... 64

edirialórgãos de imprensa dos países apitalistas, ao noticiarem os festejos do Primeiro deMaio em Moçambique, usaram, com pequenas variações, o seguinte texto:«Em Maputo, num discurso assinalando o 1. de Maio, o Presidente SamoraMachel decidiu extinguir os sindicatos dos trabalhadores».Não se explicava, propositadamente, que os sindicatos extintos eram os sindicatoscoloniais, criados para dividir e participar na opressão dos trabalhadoresmoçambicanos. Não keferiam os órgãos de informação capitalistas que um novotipo de organização operâria se forja e consolida na experiência dos Conselhos deProdução.Pretende-se fazer crer, junto da opinião pública desses países, que as liberdadessindicais foram suprimidas na RPM e que esta medida, para cúmulo do ridículo,teria sido tomada no Dia dos Trabalhadores. Evidentemente, que es. tes órgãos deinformação omitiram as medidas tomadas para liquidar definitivamente o tipo deorganização sindical fascista de base puramente profissional que dividia os trabalhdores.Não se trata aqui de lamentar as versões deturpadas da imprensa capitalista.Não se trata de esperar que os meios de comunicação reaccionários reproduzamfielmente as orientações dos nossos dirigentes. Deturpar, desinformar, escamoteara realidade dos países que constroem o socialismo, é a função deste tipo deimprensa. Trata-se de ilustrarTEMPO N.° 449- pg. 2que, tal como o dirigente máximo da ievolução moçambicana tornou explícito, oinimigo concentraria a sua acção tentando contrariar as medidas e orientaçõestraçadas no Primeiro de Maio.

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Igualmente, os jornais da reacção acorrem a «proteger» a Igreja Católica e a«defender as liberdades religiosas ameaçadas». A Igreja, apresentada como vítimado Poder Popular, teria sido posta em causa nas celebrações do Primeiro de Maio.Essa mesma Igreja que nos festejos fascistas do Dia da Raça se exibia em lugar dehonra, nessa mesmua praça onde milhares de trabalhadores celebram hoje o DiaMundial dos Trabalhadores. Não se diz, nos jornais da ultradireita, que- se trata damanifesta atitude de antipatriotismo, da recusa sistemática em recolher eultrapassar um passado de colaboração com o poder dos exploradores. Trata-se,na sua óptica deformada, da defesa da «liberdade religiosa,, da defesa «dasliberdades sindicais,, desse conjunto de «liberdades» que o colonialismoassegurava e que, após a Independência, teriam sido postas em causa.Evidentemente, o elogio da opressão colonialista, da barbárie capitalista não podeser feito de maneira aberta e transparente.A apologia do regresso ao colonial-fascismo, que estes meios de comunicaçãosistematicamente praticam, continuará a assentar sobre a mentira, sobre adeturpação dos factos e da realidade.

semana nacionalNIGÉRIA APOIA, MOÇAMBIQUECabo Delgado: CRIADO ORGÃO DE DIRECÇÃO DE COOPERATIVASNa tarde do aia 13 do corrente més foi recebido )elo Pre. sidente da RepúblicaPopular de Moçambique, Samora Machel, o Ministro do Negócios Estrangeirosda República Federal da NigÉria Henry Adefone. Era portador de uma mensagemdo chefe de estado nigeriano para o Fresidente Samora e fez, igualmente, aentrega de um cheque no valor de 1 032 894 (ólares (cerca de 34 mil contos) paraapoio à reconstrução nacional do nosso Pais. No encontro esteve igualmenteJoaquin Chissano, Ministro dos Negócios Estr( ngeiros da RPM. A ?presençadaquele diplomata nigeriano enquadra se no âmbito das relações bilaterais entreMoçambique e Nigéria sendo a mensagem do Presidente nigeriano relativa, entreoutras, a questões, da política da África Austral.ACORDOSTÉCNICO-BANCARIOSENTRE MOÇAMBIQUEE BULGARIAForam assinados três acordo3 técnico-baneariC entre o Banco de Moçambique e oBanco Búlgaro do Comércio ExternQ, no quadro do reforço das relações deamizade e cooperação entre a RPM e a República Popular da Bulgária.O acto realizou-se no passado dia 10, na sede do Banco de Moçambique napresença do vice-governador do BM, Prakash Ratilal e do vice-minis tro doComércio Externo da Bulgária, Spas Guear guieu.A III Comissão Permanente da Assembleia Provincial de Ca, bo Delgado que serealizou recentemente, decidiu a cria ção de um órgão de direcção a nívelprovincial que irá apoiar, dirigir e controlar o movimento cooperativo daquelaprovíncia

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A criação deste órgão foi uma das principais recomen dações da comissão, cujostrabalhos se justificam por se constatar:", um engajamento resoluto da populaçãona criação de um novo estilo de vida.Esse mesmo engajamento traduz-se no au:mento crescen te das cooperativas deprodução agrícola, de consumo, de pesca e de carpintaria devendo-se este desenvolvimento ao apoio que os membros destas cooperativas recebemdo aparelão do Estado.No órgão de direcção a criar serão incluídos elementos da banca e estes, por suavez deverão, promover um curso de gestão e controlo financeiro aos elementosdas coope-rativas mais organizadas, e de verá apresentar à 4-, sessão da AssembleiaProvincial um plano de sua acção.Foi também determinação desta mesma comissão o urgente levantamento dasituação da fome que se verifica actualmente em virtude de os planos dasementeira do 2.ciclo não corresponderem aos resultados previstos.Como resultado desta anomalia verifica-se em alguns distritos que as popíulaçõesjá começaram a comprar mandio ca seca.A necessidade de rigoroso controlo de saída de produtos e estudo da melhorforma de distribuição de produtos alimentares que beneficiem os distritos maisnecessitados, foi mais uma recomendação daquela estrutura que viria a salientar anecessidade de medidas para a vinda de 1200 toneladas de arroz importado eoutros produtos de produção interna.EXPANSÃO DAS LOJAS DO POVO EM SOFALAOs estabelecinPe;..os de confecção e venda de tecidos* até agora dependentes do Gabinete de Apoio e Controlo da produção comerciale industrial da província de Sofala v,ão passar a ser controlados em breve pelaempresa Lojas doPovo.Para um futuro próximo está também previsto que esta empresa passe a dirigirsectores tais como de panificação, venda de carne e sapatarias agora supervisadosigualmente pelo Gabinete de Apoio.No âmbito das actividades da empresa Lojas do Povo foram recentemente criadosmais postos de venda em vários distritos da província de Sofala. Esta medida visamelhorar a questão de abastecimento às populações em géne ros de primeiranecessidade. Na província, grande maioria dos estabelecimentos pertencen es àsLojas do Povo está aínda concentrada na cidade da Beira.TEMPO N° 449 -pág. 3

TRABALHADORES DA EMOCIÃ emIUBRAM AVRUSRIOUma grandiosa festa foi organizada pelos trabalhadores da empresa estatalEMOCHA, sediada no Guru6, província da Zambézia, para assinalar o primeiroaniversário da criaçãote ano 15 800 toneladas. Durante os festejos realizados nos dias 12 e 13 docorrente mês foram apresentados os dez melhores trabalhadores dis tinguidoscom um prémio es-

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No âmbito desta visita ficou estudada a possibilidade de cooperação político-sindical entre os Conselhos de Produção e a Confederação dos Sindicatos daFinlândia.De referir que antes de ter visitado o nosso pais aquela delegação estivera emAngola onde manteve contactos com a UNTA e com o Secretário-Geral dosSindicatos da Na-mibia, e na Zâmbia onde trabalhou com os sindicatos deste pais amigo. NaZâmbia a delegação finlandesa teve 'ocasião de contactar com a estruturaorganizativa dos trabalhadores do Zimbabwe que lutam neste momento para selibertarem da exploração capitalista.NOVO BAIRRO RESIDENrIM PARA S SUA"ýg DA "SENA SUGAR"desta unidade estatal de produção.Com um total de cerca de 30 mil trabalhadores e uma área de 14 mil hectares, aEMOCHA espera produzir es-'Uma delegação sindical filandesa que junto dos trabalhadores moçambi4anosrecolhec informações sobre a futura organização da nossa estrutura sindical,deixou recentemente Maputo, rumo à Tanzania, após uma visita que durou quatrodiasChefiava esta delegação, Teuvo Homppi, membro. do Sector Internacional daConfederação dos Sindicatos daquele pais nórdico. Além de visitas a locais deimportância histórica e unidades económicas, onta-se a entrega de uma some novalor de 15 mil dóares que aquela delegação entregou aos Conselhos de Pro-pecial, nomeadamente a visita, a um centro de produção e turismo na cidade deQuelimane.dução para a organização dos trabalhadores moçambicanos.Ao longo dos contactos que manteve com os trabalhadores moçambicanos dediversos sec tores, os visitantes ficaram informados sobre o orocasso da LutaArmada de Ubertação Nacional, das transformações que se vêm observandodesde a Independência do nosso Pais, do desenvolvimento das Lutas deUbertação dos Povos da Africa Austral e, ao mesmo tempo, do nossoIncondicional apoio à sua justa causa, bem ainda da nossa posição face àsagressões do regime ilegal de Saisbúria.Com trabalhos de levantamento da situação política, económica e social, emlocais onde vivem os seus tra.balhadores, iniciou-se a primeira fase do plano paraconstrução de um novo bairro residencial que irá beneficiar os trabalhadores daempresa açucareira «Sena Si:gar Estates». Foi a nova administração destaempresa quem projectou a construção destas casas. Terão água e electricidade. Amesma administração também projecta, neste momento, a construção de crechespara os filhos dos trabalhadores da empresa e ainda o plantio'de árvores nosbairros embrionánios.Enquanto isso, foram selecçionados alguns trabalhadores que irão frequentar oprimeiroORMADOS MONIDE OPDORESn - aem a a f6

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curso de aperfeiçoamento técnico para o ramo na Escola Nacional do SectorAçucareiro, que se vai inaugurar em 25 de Junho próximo.Para resolver e questão dos transportes, espera-se para breve a chegada de cincocamiões que irão transportar os trabalhadores. de casa para as fábricas e vice-versa, ao mesmo tempo qu7e decorrem trabalhos de-reparação dos troços de viaférrea utilizados para escoamento da cana do campo para as fábricasEstas acçõessó se toma ram possíveis após esta empresa ter sido intervenciona da pelo Estado,na sequência de graves actos de sabotagem levados a cabo pela anterioradministração capitalista.ITORESDE Á AQUAL ALWAIA5 AUBMULAMCatorze trabalhadores de to- colas que tinha sido iniciado das as. provncias dopaís, à em Fevereiro último. excepção da de Inhambane, Ao longo do cursoforamterminaram em Teta, nos prin- ministradas disciplinas têcracipios do mês, oprimeiro cas sobre alfaias agrícolas, condução e código, noções de curso nacionalde formação segurança no trabalho e técnide Monitores de Operadores cas decultivo. de Máquinas e Alfaias Agrd-TEMPO N- 449- pág, 4MOÇAMBIQUE-FNLÃ1DIA CONTACTOS INTERSINDICAIS

VALIDO Nt EZONA VEVão-se iniciar bIevemente os trabalhos para a transformação do bairro ZonaVerde numa futura zona verde que irá abastecer a capital do país em produtoshortícolas. Esta foi uma recomendação dada pelo Primeiro Secretário Provincialdo Partido e Governador da Provincia do Maputo, quando recentemente teve umencontro com os moradores daquele bairro:Conforme sublinhou Jçsé Moiane, esta medida surge para materializar asorientações da Primeira Reunião Nacional das Cidades e Bairros Comunais, quetraçou orienta-ções para organização destes sectores de vida colectiva.Foi também recomendado que as populações daquele bairro deveriamorgariizar-se em cooperativas de criação de pequenos animais.O bairro Zona Verde é habitado aproximadamente por dezassete mil pessoas, efica situado na Ic.;alidade de Benfica. Possui já uma Cooperativa de Consumo,uma Loja do Povo e um mercado em organização, para além de uma escolasecundária frequentadapor 650 alunos da quinta cl se.IaseNECESSRIA A CRIAÇÃO DE NOVAS EMPRESAS NO SLIMIR DACONSIRUCÃO CIVILDurante o encerramento da o cumprimen; , correcto do seu 1.1 Reunião Nacionaldas Obras papel, que é o de planificar, Públicas, que ocorreu no pas- dirigir econtrolar o sector prosado dia 12 do corrente mês, dutivo da construção». após

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três dias de trabalhos o Para evitar uma sobrecarga Ministro iJoão BaptistaCosme do Orçamento do Estado, o recomendou que «devemos titular da pastadas Obras Púcriar novas empresas de cons- blicas e Habitação recomendoutrução, quer a partir das já que estas novas empresas deexistentes, quer retirandoao verão nascer economicamente Aparelho de Estado a função sólidas de modo apoderem-xe--tiva, que tem Perturbado cobrir as si-as desDesas a nar-tir das suas próprias receitas. «Devemos lutar para quebrar o mito de que asempresas estatais dão sempre prejuízo e só podem viver à custa do subsídio doEstado» - sublinhou a propósito Baptista Cosme.A questão da falta de materiais de construção foi também locado pelo MinistroCosme, tendo explicado que o mesmo se deve, não só aos problemas decomercialização e distribuição dos materiais, mas fundamentalmente à baixa deprodutividade que se verificou nas empresas subsidiárias da construção civil. Foiigualmente recomendado que, em conjunto com as direcções nacionais eprovinciais, o Centro de Formação Técnica deverá procurar formas de realizaçãode trabalhos para formação de quadros do sector.Os participantes à Primeira Reunião das Obras Públicas entregaram uma quantiade 6120$00 para reforço da nossa capacidade defensiva, e ainda aprovaram umamoção de apoio ao discurso do Presidente Samora Machel, proferido no dia 1.° deMaio, Dia Internacional dos Trabalhadores.ELEMENTO DA EX.PIDE/DGS DENUNCIADO POR C&MPONESWEUm elemento que pertenceu à PIDE/DGS, foi denunciado pelos camponeses daAldeia Comunal de Napala, no distrito de Muecate, em Nampula, eposteriormente- entregue às estruturas competentes.A denúncia deste elemento foi feita no decorrer de uma reunião orientada peloAdmi nistrador do Distrito de Muecate, no decorrer da qual foi analisada asituação pQlítica e sócio-económica daquela AIdela Comunal. Na mesma ocasião,foram também denunciados outros elementos cujo comportamento sedemonstrava incompatível com a vida da Aldeia.No qt;e se refere ao elemen to que pertenceu á PIDE/ /DGS, demonstrou-se quepro curou sempre ocultar o seu passado aquando da denúncia dos elementoscomprometidos com as estruturas coloniais i'epressivas.O «Notícias da Beira» que divulgou esta notícia, informa também que de acordocom noticias provenientes de Muecate, foram formadas quatro brigadas naqueledistrito, que irão intensificar a- mobilização dos camponeses para a suaorganização em Aldeias Conunais..DETIDO PERMIGOSO ASSASSINOEncontra-se já detido pelo SNASP, depois de ter sido detectado pela vigilânciapopular, João Kleva, autor de um crime de assassinato do cidadão daRFA,,Joachin Nipold, que possuia uma fazenda em Mácate, perto de Chimoio.Este crime, cometido em 8 de De. sembro de 1978, insere-se nas tentativas doimperialismo para comprometer as conquistasdo Povo moçambicano, desestabilizar a nova sociedade em construção, e criarinsegurança entre a população,

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A captura do perigoso assassino é, pois, mais uma vitória da vigilância popular enquadrada e orientada pelo Serviço Nacional de Segurança Popular.

CAMPAUIA NiACiONAL DE VACmAÇES ITIA INDI(Z n POPA ÇONAIOELO Gabinete de Estudos do Ministério da Saúde acaba de difundir um comunicadoonde dá a conhecer o número de cidadãos abrangidos pela Campanha Nacional deVacinações levada a cabo em todo o pais durante o último semestre do anopassado.Tendo em conta o número de pessoas abrangidas pelo recenseamento resultanteda Campanha de Vacinações, oMinistério da Saúde prevê que em Dezembro de 1978 a população moçambicanaatingia o número total de 11 756100 habitantes- Tal número estaria distribuídopelas 10 províncias do país segundo as seguintes proporções: Cabo Delgado -929700, Gaza 937 900, Inhambane - 978 200, Manica - 596 200, Maputo - 1 144500, Nampula 2 351 400, Niassa - 466 500, Sofala _1 076 200, Teta 78 500,Zambézia - 2 489 000.O Gabinete de Estudos do Ministério da Saúde aptesenta também no comunicadorb. ferido, a taxa de:crescimento anual da população moçambicana como sendo-de2,6 por cento. Num censo realizado na província de Maputo estimava-se paraDezembro 'de 1978 que a população total da cidade de Maputo seria de 508 500habitantes. O recenseamento realizadoatravés das recentes campanhas nacionais de vacinações revelam bem desde jáaineficácia e irregularidade dos últimos censos nacionais realizados pelo governocolonial português que em 1973 estimavam ainda a população de Moçambiqueem apenas 8 milhões de habitantes. A diferença numérica entre o recenseamentoactual e os últimos censos realizados pelo governo colonial português pro vambem a situação de isola-mento a que o poder colonial se submetia em Moçambique, que, impedido depenetrar nas zonas libertadas e zonas operacionais da FRELIMO desconheciampor completo a existência de mais de 1/4 da população nacional.O número total da população nacional estimado pelo Gabinete de Estudos doMinistério da Saúde para Dezembro de 1978 não deve no entanto ser consideradocomo um dado absoluto pois quecontinua ainda a processar-se o fluxo de moçambicanos que na altura da lutaarmada de libertação nacional se encontravam exilados em países vizinhos comoa Zâmbia e a Tanzania, esperando-s que com o seu continuo regresso a populaçãonacional aumente gradual e substancialmente até a estabilização do fluxo nasprovíncias de Niassa. Cabo Delegado e Tete-TRIBUNAIS POPULARE NA CIDADE DE PEMBAVão ser criados Tribunais Populares nos liversos bairros da cidade de Pemba,durante o mês corrente no -âmbit(, da implementação da nova organizaçãojudiciária na RPM - revelou o delegado do Procurador da República na Província:de Cabo Delgado.O primeiro Tribunal Popular, instituído no bairro Cariacó, tem uma composiçãode cinco juizes eleitos.

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SDA RLIGIÃOESTA A PATRIA0 Salientado numa reunião realizadino Búzi«Antes de ser religioso, tem- religiososdo Búzi visava a su;-se um país onde devemos sensibilização sobre a posiçãi ser patriotas; antes derezar do Governo moçambicano faci tem de haver liberdade, paz.» à questãoreligiosa e denunci Estas palavras foram ditas por. ar o carácter reaccionário d,Zacarias Jacacra Tivane, mem- determinadas acções empree bro do ComissariadoPolítico didas por certas seitas. É bor Nacional das Forças de Defe- sabermosinterpretar, o qu sa e Segurança e chefe do de- dissemos - disse aquele rômpartamento de Organização do ponsável. - Desde que um Partido Frelimo a níveldas FP religião não interfira nos as LM, durante ium encontro reali, suntospolíticos, nós nuno .zado há alguns dias com diri- interferiremos nas vossas quegentes religiosos do distrito do tões. Recordou que, segund Búzi, na província deSofala. diz a Constituição, a RPM A reunião enquadrava-se na um estado laico,a FRELIM» ofensiva política, económica e não está contra nenhuma reiorganizacional recentemente le- gião, mas tomará medida vada a cabo peloPartido Fre- quando for necessário defer liio na província do centro do der aRevolução. país. Entre as várias acções corEm particular o encontro rea- tra-revolucionárias ali salient lizado com osrepresentantes das, refira-sq a propositadaTEMPO N. 49- pág. 6

o~ m rAo êo 10 M Su 59provocadora imitação de criação de agrupamentos paralelos às organizaçõesdemocráticas de massas a mobilização de jovens menores de 18 anos paramembros desses agrupamentos, o lançamento de panfletos com conteúdoreaccionário. Também a realização de cerimónias ao ar livre com o objectivo deganhar psicologicamente as pessoas foi depunciada como uma das suas actuações.Ao desmascarar de uma forma geral essa prática, Zacarias Tivane recordou ocompromisso histórico das igrejas, nomeadamente a igreja católica emMoçambique com o regime colonial português, e asmanobras neocolonialistas empreendidas pelos seus dirigentes logo após aproclamação da independência nacional. Neste aspecto referiu-se à contradiçãoflagrante que surge entre as próprias normas religiosas e a actuação prática dosseus dirigentes.Mesmo nas vossas bíblias vêm cláusulas que recomendam o respeito pelosgovernos. O próprio Jesus Cristo pagava impostos ao governo e aconselhava osreligiosos a seguir o seu exemplo. Agora vocês que se dizem seus seguidores fiéisporque é que não respeitam o nosso Governo, porque é que não respeitam aFRELIMO que, inclusive, vos deu a liberdade total?Nas vossas bíblias, também,o tribalismo é condenado, o racismo, a exploração, a humilhação, os massacres;porque será que vocês os apoiam? Nas vossas igrejas há elementos que tentamcriar discórdia entre o Partido Frelimo, o Governo e a Religião. Nós pedimos que

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sejam vigilantes contra os nossos inimigos comuns - disse aquele responsável, aterminar.Também na localidade-sede do distrito de Búzi, o chefe da brigada provincialorientou uma reunião com milicias populares, durante a qual foram detectadasdiversas anomalias que entravam o seu trabalho originando a descoordenação edesplanificação das'actividades daquelas forças paramili.ares.O milícia popular é o elemento que, treinado política e militarmente actua no seulocal de trabalho para melhor defender a sua produção; ele protege as populaçõesdos ataques do inimigo, disse Zacarias Tivane, a dado passo. Mais adiante,explicou a diferença que existe entre um milícia popular e um elemento dosgrupos de vigilância: Enquanto este último apenas exerce a vigilância no sentidogenérico, o primeiro tem a possibilidade de, quando o inimigo nos ataca,responder militarmente porque foi treinado e possui arma».0 Saudação daA administração da empresa armadora sueca «Transatlantic», enviou umtelegrama de agradecimento às autoridades e trabalhadores portuários do nossoPais, felicitando pelo sucesso alcançado na primeira operação de manuseamentode carga segundo o pro cesso «Ro-Ro», realizada nos portos da Beira e deMaputo.Esta operação teve lugar recentemente, quando o navio «Elgaren», da referidacompanhia escalou os dois principais portos moçambicanos Maputo e Beira, ondeem cada um foi manuseado em 24 horas um volume de carga que pelos pro cessosnormais corresponde a7 e 10 dias.Afirma a mensagem enviada à Direcção Nacional dos Portos e Caminhos de Ferrodeempresa armadoraMoçambique que a operação «constituiu um sucesso ultra, passando todas asnossas expectativas> e que foram alcançados «índices de produtividade naoperação «¿Ro-Ro» perfeitamente comparáveis aos de qualquer outro porto domundo».Noutro passo, a mensagem diz que «desejamos expressar a nossa gratidão a todosos trabalhadores e responsáves que nos apoiaram de tal forma que fizeram destaprimeira operação «Ro-Ro» na República Popular de Moçambique um sucesso»,e termina por exprimir a esperança de que «se mantenha esta boa cooperação nofuturo, em benefício dos portos de Moçambique e das linhas de serviço «Ro-Ro».DESBUROCRATIZAR A BANCAReunião provincial do BPD em NampulaDecorreu durante dois dias, em Nampula, uma reunião provincial do BPD (BancoPopular de Desenvolvimento) em que entre os objectivos apontados se situa o dedesburocratizar a banca para servir melhor as massas poptlaresAlém de umlevantamento geral dos problenmas que o Banco Popular de Desenvolvimentoenfrenta para um cabal desenvolvimento das suas actividades, resultantesessencialmente da insuficiência do quadro de pessoal e de meios materais, oencontro debruçou-se sobre o estudo da implementação de novos métodos de

Page 11: 441 JDE E SPACO . ACro PtA ANUNCIAFK NÅ -TEMPC>psimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem19790520.pdf441 441,k,.EMO DELOU TEMpc> CRITliRIO DE VENDA CR, ETMI, JDE

trabalho que visam a descentralização e a desburocratiza ção dos respectivosserviços.Aspectos relacionados com a penetração do Banco Popular de Desenvolvimentonas zonas rurais, nomeadamente ai-deias comunais, foram também profundamente analisados.A reunião foi orientada por Cerqueira Braga, representante do ConselhoAdministrativo da qi;ela instituição bancária, que na reunião de encerramentorealçou a maneira aberta e pro funda com que foram debatidos os múltiplosproblemas apresentados, observando que tal iria contribuir para o fortalecimentoda unidade entre, os trabalhadores da Banca naquela província e para um melhorrelacionamento com as estruturas do Partido e do Estado.«Só assim - afirmou aquele responsável - estaremos efectivamente em condiçõesde colocar a Banca ao serviço do povo, de acordo com as oríeiitações emanadasdo III Congresso da Frelimo.»TEMPO N-' 449T pág. 7

TRIBUNAL MILITAR REVOLUCIONARIOJULGA E CONDENATRAIDORES E SABOTADORESo Pena de morte para os traidoreso Penas de prisão para os sabotadoresO Tribunal Militar Revolucionário, em Sessões de Julgamento realizadas nos dias10 e 11 do corrente, julgou e condenou seis réus. Após os iulaamentos foi emitidoo seguinte comunicado que identifica primeiro os condenados, cujos nomes são osseguintes:CALISTO JULIASSE, natural :e Milange, de 47 anos de idale: EUGÉNIO BATAFILIPE, na:ural de Morrumbene, de 29 anos de idade; PONTES JOSSIASSEQUEIRA, natural de nhambane, de 24 anos de idade: ESTANISLAUARMINDO PASSE MACHAVA. natural de Maputo, de 27 anos de idade;SALVADOR MACUACUA, natu .ai de Maputo, de 37 anos de dade, todos danacionalidade moçambic-ana; INACIO BENEDITO FALEIRO, natural de Goa,de 46 anos de idade, de najionalidade portuguesa.Terminada a audiência de jul gamento e em face das provas produzidas, decidiu oTribunal Militar Revolucionário incriminar:- CALISTO JULIASSE, como autor dos crimes de alta traição e espionagem, pelaprática dos seguintes factos:__ Juntou-se ao inimigo em 1977, tendo recebido preparação militar emterritório estrangeiro por especialistas rodesianos. Após ter terminado apreparação militar infiltrou-se em território da República Popular de Moçambiquechefiando um bando de elementos contra-revolucionários. E s t e grupo tinhacomo missão exercer actividades de espionagem, verificando quais os locaisfrequentados pelas FPLM e reconhecer os seus efectivos nos distritos, ouvir o queera dito nas reuniões do Partido Frelimo, reconhecer bancos para posterioresassaltoscujo produto seria utilizado para o financiamento das suas ac tividades- O Réu e oseu bando assaltaram cantinas roubando dinheiro e mercadorias que utilizavam

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para o seu auto-abastecimento e para as suas bases no estrangeiro. Deitaram fogoà casa de um responsável do Grupo Dinamizador na zona de Milange e destruirammachambas colectivas. Assassinaram um soldado das FPLM roubando a sua fardae armamento. Para melhor levar a cabo a sua actividade de espionagem o Réuinfiltrou-se no Grupo Dinamizador do seu local de residência e nessa qualidadetomava conhecimento dos assuntos das reuniões e das orientações do PartidoFrelimo. transmitindo-as emseguida aos seus cabecil trabalho que desenvolveu à altura da sua detençãoEUGÉNIO BATA FILIP PONTES JOSSIAS SEQUE como autores dos crime,terrorismo e sabotagem forma frustrada e de a preparatórios do crime de traiçãopela prática dos guintes factos: - Aliment pela ambição e embalados las promessasna Rádio zumba de que eram ouvi habituais, os Réus comi ram entre si fugir paraa désia através da Africa do a fim de se juntarem ao d, minado grupo «Africa LiýA fim de melhor se credei rem junto dos inimigos d<

volução moçambicana, os Réu acordaram realizar um acto di terrorismo esabotagem, cujt aparato e destruições provo cadas seriam o seu título d( ingressonaquele grupo contra -revolucionário. Para esse efei to como era do conhecimen.to dos Réus que a mistura dc oxigénio com óleo é altamen.te explosiva, decidiram intro.duzir óleo numa botija de oxi.gênio vazia, existente no seu local de trabalho, a Companhia Industrial dePlásticos, e enviá-la para a Mogás, única empresa no Pais habilitada aoenchimento de botijas. Com este acto pretendiam os réus que, uma vez entregue abotija na Mogás, quando se fosse proceder ao seu enchimento com oxigénio, daíresultasse uma explosão que provocaria outras explosões em cadeia- Comoconsequência desta série de explosões as instalações da Mogás ficariamcompletamente destruídas, perder-se-iam inúmeras vidas humanas, interromper-se-ia o fornecimento de gás e oxigénio ao País e a situação seria catastrófica nasáreas círcunvizinhas. Era firme determinação dos réus que quanto mais mortes edestruições provocassem com este acto criminoso, melhor seriam recebidos nogrupo «Africa Livre» e maiores benefícios materiais obteriam,ESTANISLAU ARMINDO PASSE MACHAVA, como autor do crime desabotagem por negligência, com a prática dos seguintes factos: Como condutor delocomotivas nos Caminhos de Ferro de Moçambique em, Maputo, no dia 8 deMarço de 1978, con-s duzindo o comboio n.o 1 04C D ao chegar ao apeadeiro d, o Rossas, o Réuestacionou- seu comboio na linha secundária, a fim de deixar passa- pela linha principal o comboií- que vinha em sentido contrário. Sendo o seu dever veri ficar se a agulha das linha,- estava convenientemente colocada, o Réu negligentement( não o fez, tendo inclusive da do.sinal de autorizaçãode pas sagem a outro comboio. Sc mais tarde, quando o outrc comboio se desviou

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para a linha secundária em que se encontrava o comboio que o Réu conduzia, éque este se aperce beu do seu erro, sendo contudo demasiado tarde para repará-lo.Seguiu-se o embate frontal entre as duas composições, de que resultaram elevadosprejuízos materiais e cerca de dezasseis Pessoas feridas, tendo uma delas ficadocom ambas as pernas amputadasSALVADOR MACUACUA eINACIO BENEDITO FALEIRO, como autores de crime de sabotagem pornegligência com a prática dos seguintes factos: O primeiro, na qualidade deguarda da empresa Ginwala, em Maputo, tinha por tarefa fazer a ronda pelafábrica de meia em meia hora e observar o bagaço de girassol, para evitar que omesmo ardesse, na medida em que facilmente er, tra em combustão espontânea.Porém, na noite de 26 de Março-de 1978, o Réu, estando de serviço, só passoutrês rondas durante o seu período de trabalho, ficando depois sentado a porta dafábrica. Chegada a hora de mudança de turno, oI, Réu limitou-se a entregar a, e chaves da fábrica ao seu substituto, tendo em seguida idc embora, sem transmitir àqueli r as informações quereceberanteriormente de que nessE dia o bagaço estava muitc quente « o que exigia orefor.ço da sua vigilância». Após a recepção das chaves o nove guarda de serviçoiniciou a sua ronda e constatou 4ue o bagaço de girassol que se encontrava nointerior da fábrica entrara em combustão espontânea, deflagrando-se em segui daum incêndio que destruiu diversa matéria-prima e parte das instalações eequipamento da fábrica, de que resultaram prejuízos orçados emmais de mil contos.O segundo Réu (INÁCIOFALEIRO), na qualidade de res ponsável pelos armazéns da referida empresa,recebera ori entações na sexta-feira anterior ao incêndio, de que deveria retirar dointerior da fábrica o bagaço de girassol ali existente, a fim de evitar qualqueracidente. Porém, apenas retirou parte do bagaço na manhã de sábado, deixando oresto para segunda-feira da semana seguinte, alegando que já estava na hora deabandonar o serviço e não tinha pessoal para terminar o trabalho, sem disso darconhec-mento ao responsável da fábrica. É este bagaço de girassol que na noite dodomingo seguinte, viria a entrar em combustão, causando o incêndio atrásreýerido.Perante este facto, o Tribu. nal Militar Revolucionário deliberou:1.' Condenar CALISTO JULIASSE na pena de morte porfuzilamento;2." ' Condenar EUGÉNIO BATA FILIPE e PONTES JOSSIAS SEQUEIRA àpena de morte por fuzilamento, tendo em con" a:a) Que a lei pune de igualforma os crimes consumados e os crimes frustrados ou tentados;b) que os actos praticadospelos Réus reuniam todas as condições para produzirem elevado número demortes e incapacidades permanentes,

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c) que os actos praticados pelos Réus não produziram as mortes ou incapacidadespermanentes pretendidas, por circunstâncias inteiramente estranhas à vontade dosRéus.d) a elevada gravidade dos crimes praticados pelos Réus.e) a sinistra frieza assassina dos Réus assente na completa desvalorização davida humana:3- Condenar ESTANISLAU ARMINDO PASSE MACHAVA na pena de 4 anosde prisão:4.1 Condenar SALVADOR MACUACUA na pena de 2 anos de prisão5. Condenar INACIO BENEDITO FALEIRO na pena de4 anos de prisão.A LUTA CONTINUA O Tribunal Militar RevolucionárioMaputo, aos 14 de Maio de 979e

CONSELHOS DE PRODUÇÃO SÃO EMBRIÃODA FUTURA ESTRUTURA SINDICALo entrevista com e Secretariado Nacional dos C.P.Vários aspectos ligados ao funcionamento dos Conselhos de Produção, desde asua criação até à actualidade, que estão intimamente ligados à Luta de Classes quese desenvolve no nosso País, assim como a evolução para Sindicatosverdadeiramente representativos dos trabalhadores moçambicanos, são aspectosabordados na entrevista concedida pelo Secretariado Nacional dos Conselhos deProdução.No encontro, participatam Augusto Macamo, membro do Comité Central daFrelimo, membro da Comissão Nacional de Implementação dos Conselhos deProdução e Responsável do Secretariado Nacional dos Conselhos de Produção,Eugénio Simão e Ventura Leite, ambos mem bros do Secretariado Nacional dosC.P.TEMPO - O que é e como funciona a Comissão Nacional de Implementao dosConselhos de Pro dução? Quais as tarefas que lhe foram atribuídasprioritariamente e, destas, quais as que já foram concretizadas?SECRETARIADO NACIONAL DOS C. P. - A Comissão Nacional deImplementação dos Conselhos de Produção, surge na sequên cia da agudização daluta de classes na República Popular de Moçambique.O Partido criou a Comissão N a c i o n a l de Implementação tação dosConselhos de Produção, com as tarefas específicas de: implementar os Conselhosde Pro dução nas Unidades de Produção, tendo estas como tarefas levar todos ostrabalhadores a exercerem o papel dirigente da sociedade através da elevaçãoconsequente da consciência política e de classe, participando activamente nadiscussão de todos os problemas económicos e culturais na sua Unidade deProdução e na Reconstrução dá, PaísT.- Em quantos sectores sé encontram agrupados os trabalhadoresmoçambicanos?S.N.C.P.-Para uma melhor e correcta discussão dos problemas

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"5que afectam os trabalhadores, ao nível de todas as Unidades de Produção, acriação de Ramos de Actividade foi uma necessidade da RevoluçãoMoçambicana.Existem 22 Ramos de Actividade, abrangendo, assim, todos os trabalhadores daRepública Popular de Moçambique.Eis a descrição dos referidos ramos; 1 - Metalurgia e MetaloMecânica; 2 -Alimentar; 3 ~ Bebidas; 4 - Açucareiro; 5 Caju; 6 - Pesca; 7 - Têxtil e Vestuário;8 - Calçado: 9 -Energia; 10 - Transportes; 11 Agro-Pecuária; 12 - Química; 13- Cimento, Construção Civil e Vidros; 14 - Madeira; 15 - Indústria Extractiva; 16- Papel; 17- Comércio e Bancos; 18 - Indústria Hoteleira; 19 - Função Pública; 20 -Borracha; 21 Diversos - Pequenas empresas agrupadas; 22 ý Óleos Vegetais eSabões.ARTICULAÇÃO DAS ESTRUTURAST. -Qual o número aproximado de trabalhadores em cada ramo e como é feita aarticulação entre os Secretariados de Empresa e de Ra mo e a Comissão Nacionalde Ir-No presente momento, encontramo-nos empenhados na elaboração de estatísticasdos Conselhos de Produção para analisarmos qual foi o trabalho desenvolvido epor desenvolver em relação à extensão dos Conselhos de Produção.Relativamente à articulação das três estruturas, é feita com base no centralismodemocrático. Isto é, a Comissão Nacional é o órgão máximo dos Conselhos deProdução, o Secretariado do Ramo de Actividade é a estrutura intermédia entre aComissão e o Secretariado da Empresa.Dt salientar que, neste momento. o Secretariado do Ramo de Actividade é igualao Sindicato de uma determinada Actividade e corEmbora solicitada para publicação antes das comemorações do 1.1 de Maio, sóhoje se torna possível divulgar a presente entrevista, cuja actualidade se mantém.Contudo, a leitura do discurso proferido pelo, Presidente Samora Machel no DiaInternacional dos Trabalhadores e da mensagem dos Conselhos de Produção, quepublicámos em edições anteriores, são documentos importantes cuja leituraaconselhamos para uma melhor compreensão de todo o processo de organizaçãodos trabalhadores que se desenvolve no nosso País.A articulação entre as várias estruturas dos Conselhos de Produção é feita combase no centralismo demoerático. Actualmente, o Secretariado de Ramo é igual aoSindicato e constitu a estrutura intermédia entre o Secretariado de empresa e aComis.são Nacionalplementação dos Conselhos de Pro dução?S.N.CP.A C.N.I.C.P: encontran do-se ainda na fase de implementação econsolidação dos Conselhos de Produção ao nível do País não lhe é possível darnúmeros aproximados de trabalhadores de cada Ramo, dado que é uma matériaainda em estudo.

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sto Macamo, responsável do Secretariado Nacional dos Conselhos de Proí (aocentro), Eugénio Simão (à direita) e Ventura Leite (à esquerda), s nembros doSecretariado Nacional doý C.P., no decorrer da entrevista concedida peloSecretariado Nacional dos Conselhos de Produçãoresponde directamente à Nação Porém, prevê-se a superação desta situação com aCriação de Secretariados Nacionais.T. -A par da organi ação dos trabalhadores, da elevação do seu nível político comvista ao aumento da produção e da produtividade, quais os aspectos mais salientesda actividade dos Conselhos de Produção?S.N.C.P. - Como afirmámos anteriormente, temos vindo a implementar osConselhos de Produção nas Unidades de Produção e Conselhos de Controlo deProdu tividade nas repartições. Com a entrada destas estruturas nos locais detrabalho, permite-se aos trabalhadoi-es a participação activa na transformação dasrelações de produção de modo capitalista em moldes colectivos.Este novo método de trabalhar, permite a constante e gradual ele' ação daconsciência Política-Ideológica, Cultural e Social dos trabalhadores, que culminapela participação activa dos ConselhosTEMPO N. 449- paq. 11

de Produção em todos os dominio" nas resoluções dos problemas do Pais, em queos aspectos mair salientes são:- A participação activa naCampanha de Alfabetizaçãoe Escolarização;A participação na FormaçãoProfissional de Quadros;- A participação dos trabalhadores na elaboração dasleis;- A participação dos trabalhadores na construção das Aideias Comunais;- A participação dos trabalhadores na planificação daprodução;A participação e discussãodos seus problemas.T - E as principais dificuldadês encontradas para desempenharem as tarefas quelhes foram atribuidas?SýN.CJ. - Apesar de alguns resultados positivos que os trabalhadores,enquadrados nos Conselhos de Produção, têm alcançad.,, o inimigo de classe nãodesar ma. Tem desenvolvido acções tendentes a deturpar o sentido verdadeiro danossa luta através de manobras subtis, corrupção material e ideológica, sabotagemeconómica e suborno a alguns elementos das estrtuturas e na maioria atrabalhadores qualificados, cor vista a criar dificuldades no desenvolvimento daprodução e da produtividade.T - Perante as orientações transmitidas pelo Presidente Samora Machel no 1.0 deMaio, qual o trabalho prioritário a ser desenvolvido pelos Conselhos deProdução?S.N.C.P. A nossa preocupaçãe, actual é a de estudar como ima-

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Os trabalhado res moçambicanos encontram-se agrupados em 22 Ramos deActividade, entre os quais o da Indústria Extractivaplementar as orientações do Camarada Presidente e cumprir os prrzos definidos.T - Ainda sobre as referidas orlentações, a extinção dos sindicatos coloniais irãoprovocar aigu1i vazio, enquanto não existirem outras estruturas?S.N.C.P. - Não há nenhum vazio. na medida em que esses sec-« tore, deactividade já estavam preenchidos pelos diversos Ramos dos Conselhos deProdução.1 - Qual a evolução que se prevê para os Conselhos de Produção e qual a relaçãocom a formação dos futuros sindicatos no nosso País?S.N.C.P. - Parece que as duas, partes que constituem esta per-, gunta têm comoobjectivo com-, preender como é que os Conse lhog de Produção prevêem evoluire como é que eles vão funcionaruOs Conselhos de Produção devem avançar na sua estruturação por ramos deactividade. Os trabalhadores organizar-se-ão pelos grandes ramos de actividade.(...) Assim, os dactilógrafos não estarão separados do tra-. balhador do tear defiação, o engenheiro químico não estará ~separado do continuo, o operário dedescasque da castanha de caju não estará separado do escriturário. Portanto,liquidaremos definitivamente o tipo. de organização sindical fascista de basepuramente profissional, que dividia os trabalhadores.»(Presidente Samora Machel, noL. de Maio de 1979)paralelamente com os futuros Sin dicatos, embora não se saiba como é que estesvão surgir, sua estrutura, tarefas e funcionamen. to. Pedem, por conseguinte, parasaber as relações e talvez a arti. culação.Pelo que podemos adiantar, ná( haverá paralelização de Conselhoi de Produção aevoluirem de urn lad. e de Sindicatos a surgirem d< outro lado. Os Sindicatos vãosur gir das experiências, dos núcleoTEMPO N 449 -pág, 12

No movimento desenvolvido para o Dia Internacional dos T cou bem patente aconsolidação das ezperiências jd consegui Ramo de Actividade aparecido maisconsolidado, mais sólido e mente unido ' 'e da evolução dos Conselhos de Produção.Portanto, respondendo à primeira parte da pergunta, o IV Pie nário dos Conselhosde Produção reestruturou os Ramos existentes na altura, em 22 Ramos deActividade, integrando no seu seio várior, sectores segundo especificidades decada um dos Ramos, pelo que ao nível de cada província esti em curso aconsolidação dos Secretariados de Ramo de Actividade já criados aos níveis delocalidades, distritos e províncias, os quais se subordinam aos Secretariados dosConselhos de Produção em cada escalão. Ao mesmo, tempo, ao nível dasUnidades de Produção está em curso todo um. processe de operacionalização cadavez mais eficiente dos órgãos executivos e de centralização atravésdaconsolidação dos Secretariados dos C.P.U.P., Departamentos e Sec tores.Para responder à segunda' parte da pergunta, portanto sobre as relações quepodem existir entre os Conselhos de Produção e os Sindicatos, a formarem-se no

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nosso País, precisamos de destacar parte das orientações transmitidas peloPresidente Samora Machel:1) - Os Conselhos de Produção aparecem na materialização da orientação de 13de Outubro de 1976, de criarmos estruturas organizativas dos trabalhadores.Portanto, no fim do discurso ficou claro que as estruturas a serem criadasdeveriam desempenhar um papel decisivo na realizaçãodo IH Congresso da Frelimo, que é uma data histórica para o Povo moçambicano,uma data histórica para a fundação dos Sindicatos nonosso Pais;2) - Por outro lado, no discurso da passagem do ano de 1977, o Camarada Presidente analisou além de outros sucessos, a evolução histórica da classetrabalhadora enquadrada na sua estrutura organizativa, e o Mundo, atra vês dosõrgãos de Informação, ficou informado de que brevemente iríamos criar umaCentralSindical no nosso País;rdeu importantes orientaçSes e na análise sobre a evolução dos Conselhos deProdução deixou bem patente que o Conselho de Produção não é o nosso,objectivo fundamental. Pensamos que já compreendem, não é?O nosso objectivo fundamental é aquela coisa grande, capaz de nos representarem qualquer parte do Mundo, pelo que os Conselhos de Produção são o embriãoda futura estrutura sindical acriar no nosso Pais.Portanto, se a vossa pergunta fosse qual va ser o processo de estruturação dosSindicatos, diriamos que são as condições, as experiências já existentes e queforam criadas ao longo do processo, e que a consolidação dessas bases está bempatente no movimento desenvolvido para o Dia Internacional do Trabalhador,onde cada Ramo de Actividade apareceu mais consolidado, mais sólido e maispotencialmente unido pela única causa: O combate constante contra oimperialismo, o capitalismo, o colonialismo, o racismo, o apartheid, o sionismo,etc., e por outro lado, contra to-~Os Conselhos de Produção devem avançar na criação das suas estruturasnacionais e regionais. Para isso, a Direcção do Par tido Frelimo decidiu:Extinguir a partir de hoje os sindicatos coloniais e transferir o seu património paraos Conselhos de Produção.Que os Conselhos de Produção devem elaborar até ao fim do ano uma propostados seus Estatutos orgânicos, a apresentar à apreciação e decisão da Direcção doPartido.»(Presidente Ssmora Machel, no 1.0 de IV3) - Quando no dia 4 de Janeiro deste ano, uma delegação da Comissão Na cionalde Implementação dos Conselhos de Produção fez a entrega da men sagem defelicitações ao Camarada Presidente, por ocasião do ano novo, o dirigentemáximo da Rev o l u ç ã o Moçambicana[aio de 1979)

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dos os resíduos e pequenos focos de indisciplina que ainda se verificam nasUnidades de Produção.Isto tudo indica claramente a tomada de consciência por parte da classetrabalhadora.Entrevista recolhida 'por:1Luís David.Fotos do ArquivoTEMPO W0 449- pág. 13

IAGITAÇÃO E OPORTUNISMAssistimos, nas últimas semanas, a toda uma agitação na capital do paisprovocada por interpretações erróneas e deturpadas das orientaçes traçadaspelo Presidente Samora Machel no sou discurso do 1.* de Maio.Agitadores e oportunistas, em várias zonas da cidade lançaram a confusãoagredindo e insultando mulheres que usavam calças ou cabelo desfrisado. Asestruturas de segurança prontamente clarificaram a situação e deram ordens,através dos grupos de vigilância popular, para que se prendessem todos osagitadores que rasgavam vestuário e insultavam as mulheres.QUESTOESCULTURAIS E IDEOLÕGICASAo condenar a adopção de modas decadentes o dirigente máximo da RevoluçãoMoçambicana colocou a questão fundamental do combateis'contra a despersonalização cultural, do combate contra a colonização1,mental.Conceber o seu próprio corpo como um objecto de exposição, ter vergonha do seucabelo e da sua cor da pele, são questões fundamentalmente culturais eideológicas. São questões que não di- * zem apenas respeito às mulheres masconstituem uma herança que pesa sobre o conjunto da sociedade. O usar-se calçasapertadas ou saias apertadas é, antes de mais, um sintoma. A verdadeira doença reside na mentalidade de quem as usa, na promoção da mulhercomo objecto, como mercadoria. £ evidente que é necessário combater os efeitosmas a verdadeira doença só se cura definitivamente atacando as suas raízes.Enquanto problemas de natureza cultural exigem, sobretudo, um combatepara que todos os moTEMPO N 449-pág. 14

verto de uma padaria, a poucos metros de uma bicha para compra de pão, algunsagitadores encontraram campo para actuação. Um deles assinalado por um circulobranco procurava, com insistência, mulheres usando calças para lançar crianças ejovens em sua perseguição. Começava então a gritaria, a agitação. Mulheresforam insultadas e a uma delas foi rasgada a Peça de vestuário. 1 .As imagens ilustram um caso típico de uma forma de actuar errada que visa criarinstabilidade social e que nada tem a ver com as orientações traçadas paracombater'os valores culturaisalienantes

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çambicanos se orgulhem da sua personalidade e dos valores populares erevolucionários.Nas nossas ruas homens e mu-lheres exibem já formas correctas de apresentaçãocomprovan do que existe uma alter nativa a contrapôr às modas da decadênciabur, guesa. Essa alternativa passa pela criação, pela invenção das nossas própriasmodas e 'hábitos de trajar. Esta Aconstrução da nossa própria maneira de vestir ede nos apresentarmos não resulta da cópia: daquilo que foi moda no estrangeiroou que faz parte do nosso património tradicional. Não se trata,' obviamente, denegar tudo quanto é estrangeiro ou de valorizar tudo quanto nasce da nossatradição. Trata-se de armar ideologicamiente todos os sectores:da nos-TFA~Ú m,- aciq-oão 1s

sa sociedade para assimilar criticamente as mo das que nos chegam de fora ou queherdámos como tradição.Esta tarefa de criar a nossa própria moda no vestir e no pentear não compete aespecialistas que realizem altos estudos em gabinetes fechados. £ uma tarefa quese realiza quotidiana equase imperceptivelmente e que resulta da contribuição das massas populares'rompendo com os gostos burgueses e as tradições feudais.Esta pequena história de calças e saias deu que falar nas cidades. Ela pôs a nuuma outra realidade: em grande parte dos serviços não existemnorma disciplinares de apresentação para os fun cionários e funcionárias, para ostrabalhadores de ambos os sexos. Porque essas mulheres que nas ruas foramapupadas, nos casos em que, de facto, havia exagero no vestuário, vinham mui tasvezes dos seus locais de trabalho. U.na dasnormas mais elemental res de disciplina é os tra' balhadores, em cada lo1 cal detrabalho, se apre-. sentarem correctamente trajados. Mas, como referiu oPresidente Samo ra Machel, «nos primeiros anos da independência a luta nasfábricas, nos hospitais, nas escolas dirige-se contra a in-

Ao lado:A criação de cabeleireiros, por iniciativa da OMM, insere-se na perspectiva devalorização dos penteados que se coadunam com a nossa personalidadeA moral ambígua do colonialismo. A moral puritana, fingindo condenar acomercialização do corpo, acabava por se conformar com a prática quotidiana oprotegida de. prostituiçãodisciplina herdada do co. lonialismo». Essa luta prossegue hoje e não per miterelãxamento.A confusão criada por acção de pequenos e gran des agitadores vem a comprovaressa insistên. cia da reacção em tentar provar que a construção de um vida nova sefaz 4 custa da inquietude e da arbitrariedade. Por is-so, lançaram a confusão fingindo actuar em nome do Partido Frelimo O inimigointerno juntou vozes com a reacção externa para caluniar as orientações doPresidente Samora Machel. Como se refere no editorial do presente númerojornais reaccionários dos países capitalistas n o t iciaram

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que, no dia Primeiro de Maio, «os sindicatos operários teriam sido extintos».Apresentada desta maneira a medida seria um atentado «contra a liberdade dereunião e organização» dos trabalhadores.Evidentemente, essesjornais não referiam que ,os sindicatos extintos eram os sindicatos colo-niais e que, estes, não eram mais que instrumentos de repressão e divisão. Assim,a reacção reparte a tarefa de denegrir a nossa realidade e apresentar, de formadeturpada, o sentido da, transformação que operamos na nossà sociedade.TEMPO N.' 449 - pg, 17

CASAR AS NOVAS ORIENTAÇEm tempos recentes o pão era vendido ao público a partir das seis, sete e (o queera mais grave ainda) algumas padarias começavam a vendê-lo lá por volta dasýdez da manhã!São várias as implicações que este facto só por si trazia aos traj balhadores quelogo de manhã se: entiegam ao ganha-pão por vezes arduo e cheio de sacrifícios,necessário para o desenvolvimento, progressivo da sociedade moçambica na.COMER PÃOA HORAS CERTASNo dia 1.° de Maio, quando os trabalhadores moçambicanos coTEMPO N., 449 -pág. 18

ES COMNOVA ORGANIZACROmemoravam, pela quarta vez, o Dia Internacional dos Trabalha-4dores, o Presidente Samora Machei recomendou que todas as padarias da capitaldeveriam abrir as suas portas mais cedo.Os trabalhadores da indústria de panificação responderam prontaríente a estaorientação. A tes temunhar isto, um dia depois da recomendação feita peloPresidente Samora, todas as padarias a cargo da Divisão de Panificação(oiganismo estatal que trata do abastecimento de matérias-primas e outrasquestões específicas do ramo de panificação) e também as j,padarias privadas, abriram as suas portas às quatro e meia da manhã.

Muitas pessoas foram unânimes, quando contactadas pela nos sa reportagem, emafirmar que esta medida irá beneficiar aqueles que logo de manhã têm que se deslocar das suas casas para desenvolverem uma e outra tarefa que lhes cabe nareconstrução do Pais. No entanto, várias Pastelarias do Maputo, que também sededicam ao fabrico e venda do pão, não adoptaram ainda este siste. ma das quatroe meia da manhã, o que não é de lamentar, uma vez que muitas pessoas recorremtambér, àquele tipo de estabelecimento para se abastecerem de pão.POR DETRASDA FALTA DO PÃO ...diz-nos outro trabalhador da indúFfrria de panific . Isso atrasa a saída do pão parao público e por isso vemos bichas mesmo quando já são altas horas da maA seu

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lado, um seu colega abana positivamente a cabeça e intervém para acrescentarque: «Outras padarias, quando vêem q. há bicha grande lá fora, come"a a pôr a massa noforno enquani que ainda não chegou o tempo d põr a massa no forno. Resultad( opão sai mal feito; mal cozidi durc como pedra, e essas coisa todas que vocês jádevem ter vi! to por aI....»Actualmente a província do Maputo consome uma média mensal de 45 mil sacosde farinha no fabrico do pão, o que é ainda extremamente insuficiente parasatisfazer as necessidades dos cerca de 1 milhão de habitantes em que ronda ototal da população do Grande Maputo.O facto de em muitas padarias haver quem compra pão pela porta de trás jánão constitui novidade para ninguém. Mas, eis que Ricardo Pechisso, morador eelemento das Milícias Populares do Bairro do Hulene, nos revela uma outra faceda problemática do pão. Diz-nos ele o seguinte:«Há multas pessoas que trabalham nas padarias e que depois reservam sacosde~pão e entregam a pessoas de familip que depoi., vendem ai nos becos por trêsescudos cada!>T - Mas, você já presencioualgum caso do género?R.P. - «Sim! Já encontrámos muitos que trazem pão lá da padaria «Viníncio», quefica na rua do Xlpamanine, a, venderem aí no a Mavalane. Nós arrancamosesse pão e tratamos de vendê-lo ao preço verdadeiro.»Algumas padarias trabalham só com dois turnos, o que não é bom par umapadaria funcionar bem,rU.3&U C&V JUU - _- ,UI 1 ~. ~p ~, ~1*. 114 ~ ----.-~muitos outros postos, em vários bairros da capital, estão encerrados. 1 se verifiqueuma enchente constante de pessoas que recorrem às pada calizadas na cidade . decimentoTEMPO N 449- pàg 20

CONTARCOM AS PRÓPRIAS FORÇASO problema da quantidade do pão, que ainda é insuficiente, chega ao ponto decriar situações como a que encontramos na Pastelarir. Colmeia: «Nós recebemostão pouca quantidade de farinhaqu¿<só produzimos pão para não termos que ficar sem fazer nada.>» lamenta umtrabalhador da Colmeia que a seguir acrescenta: «Quer dizer, produzimos poucoapenas para que nós os trabalhadores daqui possamos ter pão todos os dias etambém para outras pessoas de fora.»ATINQIRA AUTO-SUFICImNCIAO lema do Povo moçambicano é contar com as próprias forças. Só adoptando esteprincípio é que seremos capazes de atingir a auto-suficiência, tanto n3 que dizrespeitc ao pão, como em relação aPadaria transformad emcer-vejaria

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Passávamos pela estrada do Xipamanine, quando uma inscrição que dizia«Padaria Rialto» despertou a nossa atenção. Para ali nos dirigimos, e, qual nãoseria o nosso espanto?Encostadas ao balcão, uma meia dúzia de pessoas encontravam-se no recinto queservia de salão de venda a beber cerveja!«Um... Umm... Sim, já há muito tempo mesmo quando o pa trão ainda estava cá,que nós vendemos cerveja aqui.» - diz-nos o responsável pelo turno da tarde dequarta-feira passada, dia 9 de Maio,, quando quisemos saber uma explicação paraaquilo que tínhamos visto.«Um trabalhador daqui da padaria pediu para vender cerveja aqui na nossa sala.»,-acrescentou ainda Fernando Ndava, nome da pessoa com quem falámos.Pensamos ser incorrecta esta atitude de transformar em bar um recinto que sededica à venda de pão.O recinto de venda de pão na padaria Ralto dedica-se também à venda da cerveja,o que não é correcto. Na foto pode-se ver um indivfduo com um cesto na mão queali se dirigia para comprar pão.Que desilusão......I , gTO n t gOtCO 01 MOGAM Iff No 449- -pág. 21

outx os géneros alimentjcios cuja mátéria-prima o nosso solo é capaz de produzir.Existe, para breve, um plano para fabricação de pão integral.-Aqui. se irá aproveitar nas moageiras o máximo da percentagem de farinha que ogrão de trigo pode fornecer fpensa-se passardos 70 por cento, que é a percentagem actualmente extraída, para se extrair 80 porcento). Embora o pão fabricado por este tipo de farinha se apresente um tanto aoquanto escuro, possui boa potencialidade alimentar. Também será possível, comesse método, aumentar a quantidade de pão actualmente produzido.Ao lado: A estratégia de abastecimen10 em pão assenta agora no íornec. Wí,,mento às Cooperativas de Consumo e Lojas do Povo. A Loja do Povo do 1Hulene só recebe, quando muito, cm- ý "quenta pães por dia. Se é este o es- '000.quema, a situação estd ainda longe , . ,Nos meandros da panifiea,oDurante o gov.erno de transição, com a fuga de muitos proprietários de padarias,começou a fazer-se sentir a falta de pão em Maputo e Beira, principalmente.Alguns meses depois veio juntar-se a esta desorganização natural das padariasuma gra *go no país. Foi nessa alturaque Moçambique recebeu muitas ofertas de trigo vindas de pzíseà amií,..Mas há muito que não se falava de uma falta acentuada de trigo e as bichas,continuavam a crescer. Há muito que os patrões abandonaram as padarias e abicha a crescer. Que se passou?, ;........... .,DESORGANIZAÇAO O TRABALHOOs trabalhadores da indústria de panificação tendo, de repente, ficado sem aautoridade capitalista dos patrões relaxaram e, em muitos casos, desorganizaramtotalmente os métodos de trabalho que existiam nas suas padarias. Eliminaram ostumos instalaram o ultrademocratismo em que os chefes e os trabalhadores maisexperientes n5o conseguiam fazer ouvir as suas vozes.

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Uma das suas atitudes foi eliminar a abertura das padarias às quatro da manhã.Este horãro era usual em todas as padarias e o fabrico de pão estendia-se ao longodos vários turnos com principal incidência nos turnos da tarde (venda à noite) enos turnos da noite (venda a partir da madrugada).Portanto o horário que as padarias, por iniciativa pró: pria, adoptaram, não erasenão uma das manifestações mais gritantes dessa desorganização e liberalismo.Cada profissão tem as suas regras. Uma das regras da indústria de panificação étrabalhar de noite para vender o pão de madrugada pOis é tradicional nas cidadestomar a primeira refeição do dia acompanhada com pão quando o mesmo pão nãose resume a principal alimento do dia como ainda sucede nos sectores maisdesfavorecidos da população suburbana.VIATURAS DE DISTRIBUIÇAOOutro dos problemas que afectam o pão é a sua deli ciente distribuição pelospostos de venda. Estes situam-se longe das fontes de produção. O seu transporte émuitas

Entretanto em entrevista recente dada à Rádio Moçambique o responsável daDivisão de Panificação do M.C.I. divulgou que vai ;sei, aberta uma escola depanificação com capacidade para 60 alunos. Focou ainda problemas de desleixonas padarias e a baixa qualidade do pão que é uma preocupação daquela estrutura.«Já preparámos um lugar prõprio pa. ra venda de pão. Mas, já passou muitotempo é ainda. não recebemos pão . .- -Soalate Jabre, resigonsdvel da Cooperativade Consumo de HuleneNOVOS POSTOS DE VENDA DO PÃO«O sistema de as padarias possuírem postos próprios de venda do pão já estásendo ultrapassado.» - disse-nos o mesmo responsável da Divisão de Panificação,do Ministério do Comércio Interno quando lhe pusemos a questão da gritante faltade postos de venda que se faz sentir nos bairros da capital.Pelo mesmo elemento ficámos a saber que a estratégia visando a implantação deum novo sistema de distribuição assenta no fornecimento às Cooperativas deConsumo e Lojas do Povo e, para tal algumas se encontram engajadas napreparação de condições necessárias para o venderem.Mas, se a exemplo da Loja do Povo do bairro do Hulene, que, como nos disse umtrabalhador da mesma, só recebe, quando muito a ínfima quantidade de cinquentapães diários a situação estaro ainda longe de ser resolvida.«Eu moro aqui no bairro- do Hulene, mas todos os dias vou coniprar pão numapadaria lá no Alto-Maé. Para conseguir chegara tempo tenho que sair de casa mais ou menos às três da madrugada.» - Palavrasd e Vitória Ängela que connosco dialogou.Várias cooperativas, como é o caso da de Hulene e algumas da Polana, já seorganizaram de mode a que possam, a qualquer altura pôr os -seus poz os devenda de pão a funcionar.«A Comissão de Abastecimentos que temos aqui no bairro mank dou-nos prepararum lugar próprio para venda de pão.» Diz-nos Soalate Jabre, responsávei pelacooperativa do Hulene, quem nos fala, Ele ainda acrescenta: Mas já passou muitotempo e nunca recebemos pão'»

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. Visitámos várias padarias, algumas das quais deviam ser as fornecedoras decertas Cooperativas e Lojas do Povo, mas a falta de farinha suficiente etransportes para garantir o fornecimento regular de outros postos de venda sãoalgumas das insuficiências apontadas como sendo as causadoras da dificuldade deabastecimento em pão.Texto de Bartolomeu Tomé Fotos de Danilo Guimarãesvezes feito através de carrinhas de aluguer em péssimas condições higiénicas.Essas carrinhas entram de serviço quando os seus proprietários bem o entendem-e sempre a horas tardias. Ora a distribuição do pio não pode estar sujeita aocapricho de pequenos comerciantes de carros de aluguer.Em tempos idos foram muito usuais bicicletas munidas de uma bagageira lateralcom roda e que faziam a venda do pio pelas ruas da cidade. Montar umabagageira numa bicicleta transformando-a num veículo de três rodas é uma oprçorelativamente fácil e qualquer serralheiro habilidoso lã-lo sem grande exercíciotécnico. Estas bicicletas em número suficiente permitiriam a distribuição do pioem condições mais higiénicas e menos onerosas.PÃO DE TRIGOUm ýdos mais evidentes resultados da colonização men tal de que fomos vitimasé a incapacidade de todos que andam ligados ao fabrico de pão de encontraremoutras formas de fabricar um pão nutritivo que não seja basicamente de trigo. Otrigo é um dos cereais que se usa para o fabrico do pão mas não é o único. Elepode entrar em mistura com outros cereais como o milho e houve mesmo quemaventasse a hipótese de se estudar a mandioca como um dos condimentos a seremincluídos no nosso pão. Em .vez disso os sectores da panificação estão a estudaruma forma de utilizar ainda mais o trigo.Moçambique não tem vocação climática para o cultivo de trigo que possaabastecer todo o país. No entanto cada vez mais se vêem distritos do interior aabrirem padarias de pão feito de trigo sobrecarregando ainda mais osfornecimentos existentes que já por si são insuficientes.O problema do pão e da bicha do pão não é um problema que tenha nascido com aindependência ou com o governo de transição. Ele apenas se agravou, como seagravaram muitos problemas em vários sectores. Só que a indústria de panificaçãoestá levando muito tempo a recuperar do abalo natural trazido pela transformaçãosocial e que se integra na crise que o capitalismo sofreu e sofre no nosso país. Aspadarias eram todas propriedades privadas e a crise que as afecta não é diferente,na essência, da crise das cantinas.Devido à dificuldade de abastecimento de pão as autoridades coloniaisconceberam uma superfábrica, denominada «Saipal Pão da Cidade» que trabalhoumenos de um ano e entrou numa retumbante falência com acusações mútuas entreos accionistas e uma partilha das suas máquinas sem precedentes na históriacapitalista em Moçambique. Literalmente aquela fábrica, que se situava muitopróximo dos actuais Transportes Populares Urbanos, foi desmontada máquina amáquina e uma das suas parcelas é que foi dar impulso à «Padaria Rialto», noXipamanine, que, por isso, tem a única linha automática de fabrico de pão emtodo o pais-TEMPO N.° 449- pág. 23

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Reportagem fotográfièaCOM. TAL-MOMEAL:UM COMPLEXO CRIEt uma empresa situada na Machava, zona industrial nos arredores da cidade deMaputo. Dedica-se à indústria metalúrgica, tal como fabrico de vagões, estruturasmetáli:as e outros empreendimentos da indústria pesada.Aquando do III Congresso da FRELIMO a Cometal-Mometal foi agraciada comuma flâmula devido ao seu nivel de organização e grau de consciência dostrabalhadores.Tem um importante peso na economia nacional pois é uma das empresas cujaactividade produtiva tambén se destina à exportação.Fotos de Reginaldo Faria4UITO DEDescapagem, é o nome da secção em que estes trabalhadores operam. Com queinjectam fortes jactos de areia eles procedem a uma operação denor descapagemque consiste na limpeza da ferrugem em estruturas metálicas já das para serem-submetidas posteriormente à pintura. A foto ilustra uma fase trabalhoNa secção de Estamparia os tra>alhadores seleccionam primeiro as peças de,determinada estrutura metálica, como seja uma torre de transporte de energia, ejuntam-nas em grupos p3ra facilitar o trabalho de montagem. Mas antes de essadeterminada estrutura sair da fábrica eles ensaiam amontagem para se certificarem da solidez do objectoTEMPO N0 449 - pág. 24

A secção que tem maior número de trabalhadores na «Cometal» é a de Soldadura.(300 trabalhadores). «Sempre que se monta qualquer coisa, mesmo um parafuso,tem que estar alguém lá para soldar!» - Disse-nos Im trabalhador daquela unidadeindustrialNaquela secção pode-se soldar por dia um vagão-cisterna e três vagões abertos, aque se chama «Drop Sides».,Para além de soldarem peças construídas inteiramente na sua empresa, ostrabalhadores também reparam objectos enviados por clientesVagão-cistema em reparação. «Aqui temos 120 trabalhadores. Mas como é muitocomplicado ter que descobrir e substituir as partes danificadas, conseguimos sóreparar duas cisternas por semana.» - Esclareceu um trabalhador. Na foto, Aolado. pode-se ver alguns trabalhadores procedendo à reparaçãode um vagão-cisterna que serve para transporte de combustívelTEMPO N., 449- pág. 25

A forja, tal como em todas as empresas metalúrgicas, constitui na Cometal-Mometal, o «coração» da empresa. Aqui se fazem uma série de peças paramontagem dos vagões, cister nas, e para muitas outras obras que ali se fabricamA Guilhotina corta chapas e todo o tipo dí objectos de ferro. A seguir, o torno«realiza todo o tipo de trabalho!», como nos disse um trabalhador daquela secção.É o torno que prepara os moldes para futukas peças, casquilhos, porcas, parafusos

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e uma variedade de outras peças, que posteriormente são distribuiídas pelossectores que as solicitaramTEMPO N' 449-pág. 26

Existem na Cometal algumas salas de aulas onde aproximadamente 300trabalhadores se entregam ao ABC da escrita e da leituraNas horas de lazer, após o almoço, os trabalhadores reúnem-se para disputarementre si alguns jogos tradicionais como seja o «Ntchuva», como a foto reporta!Cerca de trezentos trabalhadores, que vi- 1vem longe da empresa beneficiam de umcentro social existente na Cometal. Tem Todas as sextas-feiras, após as horasnormais de trabalho, os operários da Cometal capacidade para servir refeições amil -Mometal reúnem-se para discutir problemas que tenham surgido ao longo dasemanatrabalhadores de trabalho, e, por vezes, problemas de ordem social,entre outrosTEMPO N 449-pág. 27

CICL DE CIE AFRICANO EM MO<IMAGENS REAIS DE UMAAFRICAO cinema como espectáculo e técnica de comunicação foi introduzido emMoçambique há cerca de duas décadas atrás pelos colonialistas portugueses.Embora o seu campo de acção seja profundamente reduzido e pouco significativoa nível nacional (15 salas de cinema em Maputo e arredores e um númerosignificativamente parecido de cinemas distribuídos pela Beira, Nampula,Quelimane, Chimoio, Tete, Pemba e Lichinga) um facto é que existe já nascidades de Moçambique e particularmente na capital do país um públicocinematográfico. E que cinema se vê em Moçambique, que tipo de cinema éprojectado nas lotadas salas de cinema dos fins-de-semana em Maputo?Quando o Instituto Nacional de Cinema começou a programar as sessões docinema móvel que agora começa (pela primeira vez) a transportar o cinema paraas zonas rurais de Moçambique, ele pôde escolher para tais sessões, uma série defilmes que compõem a vanguarda-do cinema de expressão ideológica. Os filmesde Sergei Eísenstein como «O Couraçado Pontenkin» e outras obras dosrealizadores da escola cinematográfica do realismo socialista soviético do pósrevolução ao lado documentários feitos nas zonas libertadas da FRELIMO emMoçambique durante a Luta Armada de Libertação Nacional. Estãosendo passados para as pessoas que em Moçambique vão ver cinema pelaprimeira vez. A isso se pode chamar de formação assistida do espectadorcinematográfico que nao so começa por, ver cinema que sendo directamentepolítico é um cinema de massas não se destinando apenas a uma leituraintelectual, como também tem a oportunidade de discutir os filmes que acaba dever com pessoas minimamente informadas.Tal porém não poderia acontecer nas salas de cinema de Maputo e outras -capitaisprovineciais. O público cinematográfico 1<

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que já existe em Moçambique, _ý um público exigente, um público já formado eque gosta de um certo tipo de cinema. Formado por quem, gosta de quê? As salasde cinema em Maputo foram construídas para fazer dinheiro. As companhiasdistribuidoras de filmes que geriam essas salas, também escolhiam alugavam ecompravam as cópias dos filmes que passavam em Moçambique com o objectivoexclusivo de fazer dinheiro. Para fazer dinheiro, estas pequenas distribuidoras decinema para colónias africanas, compravam as cópias que mais comercializáveisse apresentavam no mercado internacional. E assim entrou o cinema de cordel emMoçambique, «o cinema distracção», o cinema transformado em simples históriadeTEMPO N' 449-Pâg. 28MPO N.o 449--pág. 28

AMB1fl~~~Uma imagem de EMITAI de Osman Sem.beneTEMPO N 449- pág. 29ficção europeia, americana ou asiática. O público cinematográfico que se criaentão passa a olhar para o cinema como um meio de distracção e não um veículode comunicação. Vão ao cinema para passar agradavelmente o tempo e não parapensar no que vêem. Vão ao cinema para verem os heróis dos repetitivosromances policiais europeus, o mais corajoso da coboyada americana, o maisforte do Kung-Fu de Hong Kong, o mais lacrimejante dos amorosos indianos. E énisso que o público de cinema de Maputo é exigente, é isso que herdámos emcinema, três dezenas de salas de cinema espalhadas pela capital e outras oitocidades e um público exigente de um cinema que não faça pensar, um cinema quenão tem nada que ver com os problemas que ele próprio atravessa, um cinema quecontinue a mostrar que o que há para além do ýontinente africano é um mar deaventuras e fartura, um cinema que não deixa rasto mas apenas uma sede na bocade quem o não vê com os olhos abertos, uma sede de estar no país onde ele foiproduzido.Tal como já havia sido def-nido na I. Conferência Nacional de Informaçãorealizada em Macomia em Novembro de 1975. É tempo de -sabermos que jáexiste cinema sobre Africa feito por africanos. É tempo de olharmos para ocinema como arma de comunicação, como arte, como mensagem a ser pensada,captada ou rejeitada. É tempo de sabermos escolher o cinema que exprimeosnossos problemas, as nossas preocupações, um cinema que se coaduna com umtipo de linguagem que se começa já a ga-rmar noutros, órgãos de comunicação. Étempo de Moçambique começar a conhecer o cinema que já existe do continenteem que vive, é tempo de Moçambique contribuir para a criação e consolidação deum cinema africano. A frente cultural na luta anticolonialista, a luta contra acolonização cultural que a Europa lançou sobre Africa, é uma etapa decisiva paraa libertação do continente africano. Só quando o homem africano tiverredescoberto uma sólida base cultural que lhe

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permita lutar contra as avançadas armas de dominação cultural ocidental, sepoderá considerar um homem livre. Livre de uma humilhação secular que desceaos primórdios da ocupação colonial. O cinema é uma das mais potentes armasculturais da actualidade. É uma arma nascida na fase imperialista das sociedadescapitalistas, uma arma que tem que ser recuperada pelos Povos que lutam contra aagressão cultural imperialista. Tal como a espingarda era uma arma doscolonialistas no início da luta de resistência à colonização, o cinema é uma armaque o homem africano tem que aprender a manejar, a manter e a utilizar de umanova forma.O cinema africano já nasceu. Nasceu numa Africa neocolonizada a ter que esperarpelos dinheiros emprestados pelas instituições de financiamento europeias, a terque ser acabado em laboratórios europeus, a ter que se assemelhar e justificarperant3 os géneros de cinema ocidental se quisesse sobreviver para poder ter saídanos mercados comerciais de cinema e pagar o dinheiro investido. Mas apesar detodas estas e outras pressões já nasceu um género de cinema africano que se vaiconsolidando em cada novo film? que surge e que vai começar a, contar dentroem bre'e com um novoj tipo de cinema áfricano 4ue deverá surgir dos paísesafricanos que tendo decla-rado guerra aberta ao neocolonialismo,,consigam criar as infra-estruturas técnicasnecessárias para que nasça um cinema africano independente. Independente nasua produção das companhias cinematográficas europeias e ame ricanas, einídependentes por consequência no género que pretendam imprimir ao seucinema. É tempo de Moçambique começar também a participar activamente naluta pela criação do cinema africano.O Instituto Nacional de Cinema acaba de organizar o primeiro ciclo de cinemaafricano, que também irá pela primeira vez percorrer todas as cidades do pai5onde existam salas de cinema. A partir do dia 20 ainda deste mês nove filmes derealizadores africanos vão ser consecutivamente projectados primeiro em Maputo(nos Cine-Teatro Africa e Avenida) e depois nas salas de cinema do INC naBeira, em Inhambane e Chimoio, e ainda nas salas privadas - em colaboração como INC - em Tete, Que limane, Nampula, Pemba e Lichinga.A projecção em Moçambique de «CEDD» e «O FEITIÇO»(Senegal) de Osman Sembene, «UM HOMEM D O SENEGAL» (Senegal) deTidiane Aw, «OS «EMBAIXADORES» (Tunísia) de Naceur Ktari, «ACOLHEITA TEM 3000 ANOS» (Etiópia) de Haile Guerima, «TEMOS AMORTE PARA DORMIR» (Sahara-Frente Polisario) de Med Hondo, «OMAR GATLATO» (Argélia) de MerzakAllouache, «C R õ N I C A DOS ANOS DA BRASA» (Argélia) de MohammedLakhdar-Hamina, «AS REDES» (Argélia) de Ghouti Bendeddouche, vaiconstituir o segundo passo da primeira apro2çimação de Moçambique para aparticipação activa na criação de um cinema africano, a seguir ao primeiro passodado com a realização da Conferência Africana de Cooperação Cinematográficaem Maputo, em Fevereiro de 1977.Para além dos artigos que venham a ser publicados em jornais e órgãos deimprensa o Instituto Nacional de Cinema vai pôr em circulação uma brochuraespecial de apoio ao Ciclo de Cine ma Africano. Entretanto mais uma experiência

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vai ser -lançada pelo INC com o ciclo de cinema africano; vão-se realizar sessõesespeciais - fora do âmbito das sessões públicas - exclusivamente para estudantesdas escolas secundárias, onde os professores das disciplinas de Português eHistória vão ter a oportunidade de utilizar alguns dos filmes como materialdidáctico.A necessária discussão que seja lançada em torno dos filmes que serãoprojectados pelo ciclo vai constituir só por si uma primeira pedra sólida para agrande marcha da futura participação de Moçambique na criação e consolidaçãodo novo cinema africano.José BaptistaCICLO DE CINEMA AFRICANO -- PROGRAMAMAPUTODIA AFRICA0.3019/5 «FEITIÇO» (SESSÃO DE GALA) 20/5 0 FEITIÇO 21/5 OMARGATLATO 22/5 O HOMEM DO SENEGAL 23/5 AS REDES 24/5 OSEMBAIXADORES 25/5 TEMOS A MORTE PARA DORMIR 26/6 CRÓNICADOS ANOS DE BRASA 27/7 CEDDO 28/8 O FEITIÇOAVENIDA17.30A COLHEITA O FEITIÇO OMAR GATLATO O HOMEM DO SENEGAL ASREDES OS EMBAIXADORES TEMOS A MORTE CRõNICA20-30A COLHEITA TEM 3 000 ANOS O FEITIÇO OMAR GATLATO O HOMEMDO SENEGAL AS RIDES OS EMBAIXADORES TEMOS A MORTECRÓNICA CEDDOA seguir a Maputo onde o ciclo decorrerá de 19 a 28 de Maio, os filmes serãoprojectados nas outras províncias do pais nos seguintes períodos respectivamente:JUNHO - Beira e Chi'.moio; JULHO - Tete e Quelimane; AGOSTO - Nampula eP#mba; SETEMBRO - Liolainga; OUTUBRO - Xai-Xai e Inhambane1' II 1 ~4EM1 0 N° J49 -i pät. 301 ý 1

"CEDDO"DE OSMAN SEMBENE SENEGAL 1977«CEDDO»>é a história da resistência que um grupo de camponeses senegalesestrava no século XVII contra a penetração de religiões estrangeiras coo oIslamismo, e o Cristianismo.Em «Ceddo» os camponeses unidos pela base estrutural da sociedade tradicionalem que vivem, opõem uma forte resistência à estabilização da dominação culturalque transporta a penetração de um islamismo a que já se havia submetido o seuRei e quase toda a classe dirigente, a um padre èatólico que embora isolado dequaisquer forças internas conta com o apoio incondicional dos colonizadoreseuropeus, cuja penetração já não é pequena.

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«Ceddo» é o retrato da primeira fase da colonização cultural de Africa. A umasociedade tradicional profundamente africana, (e como dizia Osman Sembenenuma entrevista concedida à revista francesa Cinema Action): três elementosvindos do exterior vão modificar o curso da vida social: A religião muçulmana, ocatolicismo eo negócio. Para adquirir armas, álcool, etc, seria necessário ter escravos. Quempossuísse uma espingarda prendia e vendia crianças, mulheres. Os representantesdas religiões tiveram cada um deles o seu método de penetração: os da religiãomuçulmana infiltravam-se no topo da hierarquia social ligando-se aos príncipesreinantes, enquanto os católicos se metiam na base entre os -badolo» e osescravos.Ceddo é o último filme do primeiro cineasta africano Osman Sembene cujoprimeiro trdiaiho ci-Osman Sembenenematográfico (a curta metragem «Borom Sarret») aparece pela primeira vez aomundo ocidental no Festival de Cinema de Tours em-1963.Osman Sembene fora antes de ser cineasta, estivador do porto de Marselha*emFrança, autodidata e escritor. A sua primeira publicação em 1957 é um romancesemiautobiográfico sobre a situação dos trabalhadores negros emigrados emFrança.A seguiý a Borom Sarret, com «OVALE POSTAL» produzido em 1968;«EMITAL» de 1971 no qual partiýiparam também guerrilheiros do PAIGC e emcuja estreia Amilcar Cabral presente disse: ter sido finalmente feito um filme paraeles pois se tratava da mesma luta. Com «O FEITIÇO» em 1974, e agora CEDDOSembene marca uma contribuição de destaque na primeira linha da luta pelacriação de um novo cinema africano."o FEITIÇO" (XAADE: OSMAN SEMBENE SENEGAL 1974O Feitiço surge da encenação do livro, de Sembene, Xala publicado em 1973. OFeitiço é segundo diz Sembehe: de certa maneira o resumo de uma históriavÍrdadeira, a história das actuais burguesias nacionais do Terceiro Mundo, quetendo lutado no passado contra o colonialismo francês, inglês ou imericanoconstituem-se depois das independênqias em novas classes que não sabem senãoimit r as burguesias ocidentais.1 1TEMpo N 449 - páq. 31

TEMPO N.' 449 - pág. 32O Feitiço retrata através do seu personagem principal o quinquagenário AbdouKader comerciante rico, representante legítimo dessa nova burguesia negraexploradora e corrupta, a burguesia do neocolonialismo que não faz senão ocu-opar o lugar dos colonifistRs europeus. Feitiço é um filme cheio de ricasexpressões que caracterizam os dois polos das lutas sociais que se travam hoje nospaíses africanos neocolonizados lutas essas que se estendem a um profundoantagonismo cultural onde o rico e corrupto senhor com o corpo em Africa e acabeça na Europa enfrenta o seu Povo que se outrora o ajudara a derrubar os

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colonialistas europeus no poder, agora já o apontou como inimigo, comoresponsável pela sua miséria e pobreza, responsável pela continuação dadominação estrangeira no seu país.Xala o nome original do filme significa num1 dialecto senegalês «impotênciasexual», -o mal que o atormentado rico comerciante tenta curar ao procurar oumarabu» (feiticeiro) da aldeia.i1Haile GuertmaO filme cujo título inicial é «Harvest: 3000 Years» tem uma história que não sesitua num período histórico exacto nem se restringe aos esquemas dramáticoshabituais. Partido em três caracterizações pilares o tema do filme é a exploraçãoagrária, a raiz profunda do antagonismo entre o fausto e o luxo da aristocracialatifundiária e a miséria e pobreza do campesinato dos países colonizados. Os trêspersonagens principais do filme condizem perfeitamente com o tema tratado naforma mais expressiva. O rico latifundiário proprietário das.terras onde trabalhamos camponeses explorados sem qualquer piedade é representado por um actorprofissional. O segundo per-

sonagem, uma família de verdadeiros camponeses representa a vida quotidiana dopobre meio rural de um pais semifeudal. O personagem mais dinâmico e queimprime o movimento do, filme, o lou co, é um pequeno camponês que tudoperdeu depois da guerra de libertação contra a Itália em que participou. Radical eduro nas suas críticas já no fim do filme ele acaba por matar à paulada olatifundiário para logo a seguir se suicidar escapando assim às represálias dapolícia.Haile Guerima nascido em Condor na Etiópia,filho de um escritor e uma professora, é para além de cineasta actor e escritor.Antes da «Colheita de 3000 Anos» havia já realizado três filmes ,HOUR GLASS»em 1971, «CHILD OF RESISTENCE» em 1972 (duas curtas metragens) e«BUSH MAMA, (longa metragem) em 1974-75.Haile Guerima é actor e encenaor de teatro por vocação e formação. Tendoestudado teatro nos Estados Unidos, está momentaneamente fixado naquele paísonde é professor da Universidade negra de Washington a Howard University."6 UM HOMEM DO SENuGALDE: TIDIANE AWSENEGAL 1974«UM HOMEM DO SENEGAL» ou «LE BRACELET DE BRONZE» seu títulooriginal, é um filme que aborda o conhecido tema dos problemas dahipermigração do campopara as cidades.Issa, um camponês que se revolta contra a sua situação de subemprego(empregado sazonal) a que é submetido e a impossibilidade de sustentarN.Mifi àA r*' ý - ,i ia.uTe 2a7 Wuma família que gostaria de criar, parte para a cidade à procura de fortuna.Na cidade, Issa desempregado e vivendo num meic marginal transforma-serapidamente num bandido, e mais tarde depois de ter sido preso num acto de

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violência, no chefe de uma quadrilha de gangsters. Perseguido pela polícia acabafinalmente por morrer durante uma fuga.É um filme cujo enredo é suplantado pelo sensacionalismo da sua encenação,onde o herói é quaseum gangster americano de pele negra. Embora um dos problemas mais graves dassociedades neocoloniais africanas séja apontado neste filme, o problema dosubemprego no campo e do desemprego e alta taxa de banditismo nas cidadeslegada por uma situação de alto desemprego, um facto e que o filme não oequaciona como problema político mas sim como uma fatalidade. QuandoCinema Action perguntou a Tidiane Aw porque e que tinha escolhido fazer umfilme do tipo western (c'boyada) Aw respondeu que tinha escolhido partir dogosto actual do público. Eu quis atingi-lo utilizando aquilo que ele gosta, aquilo aque ele é sensível. ( ....) Sejamos realistas! O público africano tem necessidade deacção, de épico, de fabuloso precisamente porque ele vive assim a sua própriahistória e porque está habituado a este tipo de cinema ( ....) por exemplo eu nãosou partidário dos filmes didácticos, penso que é necessário dourar a pírula.Tidiane Aw foi realizador da Televisão Educativa senegalesa at, 1972, antes deocupar o posto de chefe do departamento de cinema. Tidiane Aw é reportadocomo sendo um adepto do cine-TEMPO N o 449- pág. 33

ma ocidental de evasão. Depois de ter realizado uma curta metragem <Ndoep» em1969, dirige emp 1972 -<,Para Aqueles Que Sabem» uma comédia pouco feliz.Em 1,974 realiza em co-produção com Société Nacional de Cinematographiefrancesa alonga metragem «O Hiemem ío Senegal» que tc* ieamente bem feit6 fItz umgrande sucesso conTraa Aw efl DaokaruT.Tidianeý A'w e os, -eu,4 flmnes rreeamefim a outM faCçe d-QcieaeugJs"iIOS A MORTE. P-R AD 0RMIR "DE: MED HONDOSAHARA 1976MfOS A MORTE PARA DORMIR» cuja esundial foi feita no Scala de Maputoem 1976 em que se encontrava entre nós o seu realiê um filme militante quetransporta até nós s da luta do Povo Sahouri pela sua própriaFilmado nas zonas libertadas pela Frente POLISARIO,. «TEMOS A MORTEPARA DORMIR,» tenta explicar em forma de docmnentário vivo e pela boca dospróprios combatentes por um Sahara Livre, as razões culturais e políticas da sualuta.Ilustrado poema sobre a luta de um Povo, este filme é o retrato animado de umarealidade revolucionária do nosso continente. «TEMOS A MORTE PARADORMIR» é sem dúvida alguma o filme político mais radical deste ciclo e quefaz nascer nocinema african o, um oíivo tipo de cinema directo que embora aindaem embrião e com alguns defeitos já demarcou diferenças radicais em relação àshistórias ilustradas do género de cinema ocidental.

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Este filme enquadra-se muit9 de perto no tipo da série de filmes documentáriosproduzidos no início desta década sobre a Luta Armada da FRELiMO no nossopaís.Med Hondo é mauritano e nasceu em' 1936. É como cozinheiro de mii granderestaurafite que elo vai primeiro para a França onde actualmente reside. Mais trdecomeça a fazer teatro e é em 1969 que faz o seu primeiro trabalho em cinema aomontar «O OrâcUlo<. Depois de ter realizado duas curtas metragens com os seuspróprios meios filmaainda em 1969 uma longa metragem de um script que haviaescrito em 1965 «SOLEIL O». D e p o i s dos «Pretos-Vossos Vizinhos»«TEMOS A MORTE PARA DORMIR» surge da aýdesãc de Med Hondo à causada Frente POLISARIO, adesão essa que, não é eausal pois Med Rondo é um dosprincipais realizadores do cinema mifitante africano.OMGATLATO"DE: MERZAI ALLOUACHE ARGÉLIA 1977«OMAR GATLATO» enceta um estilo perfeitauiente novo. Um filme queembora não seja documental e não se pretenda incluído no0cinema: directo,aborda uma aguda realidade viva da vida de todos os dias de muitos africanos.Sem tentarTEMPO N 44ý - pág. 343<

ilustrar uma mensagem pr dtada «OMAR GATLATO» transportaimpudicamente para a tela, a vida de todos os dias de um pequeno homem dossubúrbios de Argel. A vida de horizontes cinzentos do pequeno Omar é um dosmelhores retratos da situação de Terceiro Mundo subdesenvolvido que ocontinente africano ainda enfrenta hoje.Omar é um homem das mil subprofissões. Entre a marginalidade e Omar só existeuma família (avó, mãe, irmãos e filhos que vivem num casebre de duas divisões ecozinha) e a necessidade premente de a alimentar todos os dias. Omar semqualquer objectivo na vida mas combatente de todos os dias da grande batalha dasobrevivência é um maduro herói da vida suburbana que Allouache traz para atela no seu filme.DOS AN 5DA BRASA"DE: MOHAMED LAJDAR-HAMINA ARGELIA 1975«'CRÕNICA DOS ANOS DA BRASA,>, é a crónica da história da mobilizaçãodo Povo argelino para a luta armada de libertação nacional. O filme abordaepisódios passados entre 1939 no início da segunda guerra mundial, e 1954 datado desencadeamento da luta armada e da constituição do exército da Frente deLibertação Nacionql argelina. Utilizando um só personagem de foco, Ahmed opobre caIr ponês que representa a imagem do militante que se vaiprogressivamente conscielicializando da necessidade da luta, o filme divide o seuroteiro em cinco partes: Os anos das cinzas é a fase introdutória do filme onde avida miserável dos camponeses se intermela com as progressivas secas que osassolam e a grande migração para as cidades. O ano da carroça é a época dagrande guerra mundial na Europa em que alguns argelinos mais novos esperamque a derrota dos franceses na guerra lhes traga a libertação. O ano da carga o

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início da revolta popular contra o colonialismo, a insurreição do 8 de Março e asprisões da polícia colonial. 0 ano da carga é o ano da luta ideológica entre osargelinos que defendiam a via de pacto com os colonialistas através de «eleiçõeslivres», e aqueles que mobiliravam o Povo para a Luta Armada contra e3 patrõesfranceses. Os anos do fogo são Os anos daluta armada que prosseguem a guerrilha, organizada a partir de 1 do Novembro de1954.Por razões ligadas à falta de espaço nestas páginas não nos foi possível incluiraqui os resumos dos filmes. «OS EMBAIXADORES» do realizador tunisinoNaceur Ktari e «AS REDES», do argelino Ghouti Bendeddouche que passarenhosa publicar na nossa próxima edição.TEMPO N 449 á... 35

Para beber, cozinhar e lavar-se, o homem precisa de água abundan te e de boaqualidade. Ela é um elemento necessário para a vida. O abastecimento de águapotável é, pois, a primeira exigência que se coloca para o aproveitamento dosrecursos hidráulicos.Há outras necessidades essenciais. Para desenvolver a agricultura e a indústria;para obter energia hodroeléctrica, desenvolver os transportes fluviais e marítimos,etc., a água desempenha um papel fundamental.

to de água potável, por exemplo, lidação da economia de Moçambié jáconsiderável; ao passo que que. As poucas iniciativas conhenos países emdesenvolvimento, cidas eram destinadas a servir os devido às heranças coloniaise à interesses dos colonos e do impeexploração e pilhagem imperialis- rialismointernacional. ta, os problemas do aproveitamento dos recursos hidráulicos para oassim que, há três anos, apeabastecimento e aplicação nos ou- nas 12,4 por centoda população, tros sectores de utilização são ain- ou cerca de 1 120 000habitantes ,da graves tinha abastecimento de água potável em maisde nove milhões deOS RECURSOS EXISTENTES habitantes! Da mesma forma, daNA RPM superfície cultivada 4 981 000 hectareE apenas 91500hectares (18A RPM é um dos países do mun- por cento) estavam adaptados ao do ricos emrecursos hidráulicos, regadio. Da energia eléctrica que dizem os técnicos. Deacordo com podem produzir os recursos hidados estatísticos conhecidos emdráulicos de Moçambique, estima1976, a cada moçambicano corres- da em 65biliões de Whõ, s de pondem 6300 metros cúbicos de podiam obter 200-300ilhões deágua. Somando também a água KWh ou menos de 0,5 por cento.dos rios vindos dos países vizi- De onde vem esta riqueza? nhos esta quantidadeeleva-se para 19300 metros cúbicos por ha- As chuvas são a principalfonbitante. te de água em Moçambique. Porano, a precipitação, atmosférica éNo entanto o colonialismo não de 968 milímetros em média, emestavainteressado em aproveitar bora grande parte da água se perestr riqueza para o

Page 36: 441 JDE E SPACO . ACro PtA ANUNCIAFK NÅ -TEMPC>psimg.jstor.org/fsi/img/pdf/t0/10.5555/al.sff.document.ahmtem19790520.pdf441 441,k,.EMO DELOU TEMpc> CRITliRIO DE VENDA CR, ETMI, JDE

bem-estar so- ca por evaporação e infiltração no cial e cultural do povo e a conso-solo.-1 %Contudo esta matéria-prima 4inestimável ainda não está conve- 4 nientemente aproveitada. Calcula-se existir,no globo terrestre, aquantidade total de 38 milhões de quilómetros cúbicos de água apta I para serutilizada. A humanidade,porém, apenas aproveita 8,65 por cento, ou seja cerca de 3,3 milhões dequilómetros cúbicos.Mais ainda: o grau e a capacidad de aproveitamento dos re- Acursos hidráulicos são desiguais.Nmpõese realizar trabalhos onerosos para aproveitar racionalmente os recur Nospaíses desenvolvidos, o seu sos hidráulicos do país, e resolver os problemas doabastecimento de água, aproveitamento para abastecimen- irrigação,energia e transportes fluviais, etc.TEMPO W' 449- Pág. 37

Além de outros factores que afectam uma melhor distribuição dos recursoshidráulicos, as chuvas que caem no território nacional espalham-se de umamaneIra desigual. Encontram-se zonas onde a precipitação é maior ao longo doano, ao passo que outras, como, por exemplo à volta do Pafúri, na bacia do rioLimpopo e a sul de Tete, na bacia do Zambeze são muito secas.COMO APROVEITAR OS RECURSOS DO PAISPara a aproveitamento racional e completo dos recursos hidrulicos do paísimpõem-se medidas de grande envergadura, tais comc. a construção de barragens,sistemas de regadio e centrais hidroeléctricas,Sem água não se podem construir com êxito aldeias comunais, melhorar osaneamento básico (abastecimento, saúde e higiere), criar uma vida nova.Nc nosso país, há muitos jugares inundáveis e pâtntanos. Uma vez drenados, taislugares ýoderão aumentar as terras cultiváveis, deixando ao mesmo tempo de serfocos de mosquitos e de doenças.Muitas regiões, embora virgens e de elevada fertilidade recebem bastante calor esol. Apenas a construção de barragens, canais, estações de bombagem e estruturasque forneçam água para a rega dos solos modificará a situação.O aproveitamento dos recursos hidráulicos para obter energia hidroeléctrica é,também, um factor dinamizador para o desenvolvimento das indústrias.Há ainda possibilidades de desenvolver o transporte fluvial, criando-se uma redede rios e canai de navegação, mediante a construção de diferentes instalaçõe&hidrotécnicas.O QUE SE FAZO regime colonial nada fez para aproveitar os recursos hidráuli-cos em beneficio do povo moçambicano. Para além de transformar agora o quefez, colocando as construções existentes ou projectadas ao serviço dos interessesdo País, é necessário realizar traba-

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lho- capazes de solucionar, em pri meiro lugar, os problemas actuais doabastecimento de água potável na zonas rurais e urbanas e garantir o progresso edesenvolvimento da RPM. Como é evidenteTEMPO N ' 449a -pág. 38

A abertura de poços é uma das formas de. solucionar de imediato os problemas de abastecimento de égua às populaçõesImpõe-se realizar trabalhos " e drenagem. Com firnaliídade essencfalmente sa.nitdria, nas áreas que circundam as cidades do Maputo~da Beira e de Quelimane,oínde se reýitgtarm frequentemente íundações na época das chuvasvai levar um longo tempo para que esse objectivo seja alcançado, quer por falta deum conhecimeD-u to exacto dos recursos existentes, quei por limitações humanase materiais para levar a cabo os estudos, projectos e construções necessárias.Como a curto prazo, é necessário resolver as situações difíceis herdadas e quepodem comprometer o avanço de programas prioritários do desenvolvimento dopais, alguns trabalhos estão a ser feitos actualmente, de inventariaçã, de recursoshidráulicos, estudos, projectos e construções de regadios, barragens,aproveitamentos hidroeléctricos e saneamento básico.Esse trabalho está a ser levadC a cabo pela Direcção Nacional Águas, criada em1977.Por Arlindo LopeseTEMPO N 449 - pág. 39

"AMOR" "RONDA" "SUZUKI"-que significado?O imperialismo, através da sua monstruosa máquina de propaganda, cria edifunde imagens e slogans, espalha-os pelo mundo inteiro. Com este processo,não só alimenta uma rendosa indústria, como desvia as aten ções de certascamadas, principalmente j o v e n s sobre as quais exerce influência, transmitýuma determinada ideologia, transforma culturalmente.No nosso País a influência da moda estrangeira, a submissão mental de una certacamada de pessoas às ideias e aos símbolos que definem um determinado modode vida e de comportamento faz-se sentir ainda com grande força, principalmenteao nível das cidades. E, quando se condena esses símbo-los, não se condena só por condenar, não se condena só porque são s i m b o 1 o simportados mas porque nada têm a ver com. a sociedade que estamos a construir.Esses símbolos, normalmente contêm toda a agressividade da sociedade dita deconsumo, toda a agressividade do imperialismo. São símbolos que apontam para aagressívidade/competição/destruição do ser humano e nunca simbolos queexaltem à sua perfeição e solidariedade humana.Esses símbolos, muitas vezes, também sofrem adaptações locais. E, daí, que hojeem Maputo, como noutras cidades, não seja difícil encontrar jovens comemblemas de «Suzuki», «Honda», «Mini-coop», «Amor» e outros semelhantespregados nas calças ou nas camisas, para não falar já das divi,sas militares (tipo«sargento»). E, o que representa isto? É a cópia do que usa determinada juventude

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de países ocidentais, dita contestatária, que faz do «amor» e da anarquia as suasarmas de combate.Também não é dificil encontrar por ai quem vis t a camisolas que têm estampadasatoda a largura do peito a bandeira dos Estados Unidos da América, ousimplesmente USA, para não falar de outras com alusões mais ou menos claras àCIA, cujos métodos de actuação contra a libertaçã dos povos são suficientementeconhecidos.Mas, o mais curioso de tudo isto, é que muitos desses emblemas são^feitos nonosso País e estão por aí expostos nas montras de certos estabelecimentos, comoas imagens o demonstram.Quem faz este tipo de adornos, talvez os faça apenas com puros intuitoscomerciais, com intenção de obter mais lucros, o que só por si já é mau. Talvez,até o negócio nem seja tão rendoso como se possa imaginar já que quem os usa éapenas uma mino-ria ideologicamente confusa,. sem personalidade e culturalmente desenraizada, qu e procura alhear-se e afastar-se de tudo o que tenha o nome de Revolução.As consequências deste fenómeno, aparentemente sem importância, poderãoevoluir, atingir proporções que é possível prever no imediato. E, dai, anecessidade de ser combatido, a partir da base, a começar pelosfabricantes/vendedores.Terá de ser um combate ao nível das ideias, um combate ideológico, que façacompreender a cada um a utilidade da função que lhe está reservada, quandocorrectamente desempenhada, sem excluir a possibilidade de recorrer a medidasadministrativas, por parte das estruturas competentes.TEMPO N: 449 " pág. 40

.XW.cxo&m4X4S4«.»:4;.»444~W4~. .XO. ........«»3Estudar ou não esttdar nos fés, eis a questão. Permitir que estude ou não permitirque se itude nos cafés (em alguns ca1, acrescente-se) o motivo que ýstifica estameia dúzia de pa,grafos.,Ainda não há muitos anos, era quente ver-se em muitos cafés [-ueles«simpáticos» letreiros, te diziam mais ou menos assim río é permitido estudarnestala». Com o passar do tempo, s foram sendo retirados. Ou>s, simplesmenteignorados, ier por parte dos estudantes, .er por parte dos trabalhadores s referidosestabelecimentos. Ler dizer, embora lá colocados, iguém lhes ligava importância.os estudantes, principalmente estudantes-trabalhadores fom adquirindo o direitode ocuI" algumas mesas, durante almnas horas do dia, principalmte ao fim datarde.Do hábito imposto de não se ýudar nos cafés, passou-se ao bito consentido,conquistado,ESTUDARNOSCAFÉSde se estudar nos cafés. E, isto sucedia já em alguns cafés.

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Aqui pela Avenida 24 de Julho, bem perto da Tempográfica, em vários cafés queno tempo colonial serviam de salão de chá, de ponto de encontro, de centro dereunião de certa burguesia, estavam a ser conquistados pelos estudantes.Estavam...Se é verdade que os cafés não foram construidos propriamenteEm alguns cafés, os Iotreiros não se limitam a não permitir que se estude e vão mais longe. Nãopermitem «leituras», o que poderá significar que nem um jornal ou revista épermitido ler naquele local.para servirem de sala de estudo, também não virá mal ao mundo que, à falta delocais apropriados, sejam ocupados durante algumas horas por esses homens emulheres que, depois de um dia de trabalho em qualquer ministério, repartição oufábrica, vão até à escola para elevarem os seus conhecimentos.Esta «ocupação», digamos assim, verifica-se principalmente depois das 17 horasaté cerca das 18 horas e 30 minutos. É uma «ocupação» silenciosa, em que cadaum ou cada pequeno grupo troca impressões, revê a matéria do dia, fazapontamentos.Em cada mesa, a despesa feita não será grande. A sarides, o copo de leite, o chá, ocafé ou o sumo, servem para aconchegar o estômago durante aquelas três, /quatrohoras que ainda vai demorar o regresso a casa.Em muitos destes estabelecimentos o serviço é mau e demorado. Poderá dizer-se,até, que em grande parte dos estabelecimentos estão a desaparecer os hábitos deservir correctamente, com delicadeza, com aquele mínimo de atenção que cadaum de nós tem o direitõ de exigir em qualquer estabelecimento ou local de'serviçopúblico. Mas apesar de todos estes aspectos, a clientela destes estabelecimentosestava a mudar. E, aí, o aspecto positivo da questão, não obstante, por exemplo,no «Safar» a luz da sala ser mantida apagada mesmo quando cá fora as viaturas jácirculam com os faróis acesos.O hábito de manter as luzes apagadas, passou, depois, do Safari à «Princesa»,onde, apesar de não se conseguir ler uma letra do tamanho de uma barata, osestudantes lá iam ocupando as mesas naquela hora/hora e meia diária de estudo. Edizemos lá iam, porque já não vão, porque aqueles simpáticos letreiros de «não épermitido estudar» voltaram a ocupar as paredes da Princesa.E, o que encontramos agora? Uma sala vazia, igual a muitas outras onde osletreiros continuam a ser mantidos. Só que, neste caso concreto, foi dado umpasso atrás.Como é evidente, não está em questão apenas o caso deste ou daquele café.Falamos na Princesa porque chanin-mais a atenção, porque neste estabelecimentoos estudantes-trabalhadores, que tinham conseguido o direito a ocupar uma mesae a estudar, agora perderam-no.Luís Da~idTEMPO N 449- pág. 41 AgUIJlVO HISTOR0 E MOçAMBIQUí

AFRICA AUSTRAL.A CONSTEAÇÃO DE DOTRA

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Por detrás do fantoche de AbmI Muzorewa desenha-se cada vez mais çlaramenteuma vasta maquinpção imperialista visando estabelecor uma ,constelação de.estados» ultra-reaccionários ao sul da linha Cunne - Zameze.A custa da mobilização gera:das suas forças e da intensifica.ção da repressão interna, bem como da escalada de agressões contra a ZAmbia eMoçambique, o regime rodeslano logrou encenar a sua farsa eleitoralIan Smith,que anunciara retirar-se para as suas plantações, declarou que estava a considerartomar conta de um importante cargo - talvez Ministro da Lei e Ordem (!) - caso osEstados Unidos e a Grã-Bretanha não levantassem as sanções económicas contraa Ro Iésia e reconhecessem o novo governo de Abel Muzorewa.Para já, ele conta com a dedicada colaboração do recém-eleito governoconservador de Margaret Thatcher. Se o gabinete de James Callaghan noshabituara a uma política hesitante e ambígua com os conservadores no poder tudose clarifica. Com efeito, mesmo antes da sua vitória nas eleições do passado dia 3,os conservadores britânicos haviam anunciado que não só reconheceriam ogoverno saído das «eleições» rodesianas como ainda usariam da sua influênciapara que outros países o reconhecessem igualmente e levantassem as sançõeseconómicas contra a Rodésia.Em Washington, o Presidente Carter tem-se mantido mais reservado, hesixPdo emcaucionar de imediato o governo de Muzorewa, com receio das repercussões queisso poderia ter no conjunto da política africana dos EUA. James Carter receiaigualmente desagradar à combativa comunidade negra norte-americana,geralmente hostil ao AcordoInterno e a um envolvimento dos Estados Unidos na África Austral.De acordo com legislação aprovada pelo Congresso norte-americano em 1978, oPresidente Carter deverá levantar as sanções económicas contra a Rodésia quandoo governo de Salisbúria organizar eleições democráticas e concordar em negociarcom a Frente Patriótica.Os sectores mais reaccionários do Congresso consideram agora que essascondições estão reunidas e têm vindo a intensificar as pressões sobre aAdministração Carter no sentido de um rápido levantamento das sanções e de umapoio decidido ao governoO plano imperia.lista, do qual a Africa do Sul é «orça de choqud»,abrange toda a região au stral ,,d e Arica ao Sul do rio Zambeze e doCunenefantoche de Abel Muzorewa para «resolver de uma vez» (na opinião deles) oproblema rodesiano.Em Pretória, as autoridades sul-africanas também se impacientam em verresolvido o assunto e em passar à fase seguinte de um plano que começa a tornar-se claramente visível. Com efeito, o Primeiro-Ministro Botha revelourecentemente os seus desígnios re lativos à criação do que chamou «umaconstelação de estado» na África Austral, agrupando o seu país' a Rodésia, aNamíbia e um certo número de outros estados e bantustões, como a Swazilândia,o Lesotho o Transkei, o Botswana, etc.

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rrnanf~ mN.~ -. -,V Uzr ,l- 4,U - Pg, t12"1

Uma imagem aa repressao na ^frzca ao >u: um /uuuque a luta dos povos impedirã, plano imperialista para a Africa Austral é um plano, antigo 'que data dos temposda ditomacia de Kissinger que, na foto, se vê com John Vorster0 prímeiro.ministro sul-africanoPeter BothaPor seu lado, o Ministro sul-africano dos Negócios Estrangeiros, Roelof Botha,reclamou também o estabelecimento de üm «Pacto sul-africano para a segurançae cooperação», ao qual adeririam, antes do fim deste ano, a Namíbia, o Transkei eo ]3otswana na realidade trata-se de um reforço da presença militar sul-africanae nada mais. Referindo-se ao citado pacto, Roeloi Botha declarou: «Ao sul dalinha formada pelos rios Cunene e Zambeze vivem 40 milhões de pessoas.Existem vários estados nesta -jião e outros vão provavelmente ser criados. E'nadaos poderá impedir de aderir a este pacto»:Os desígnios do imperialismo não poderiam ser mais claros... A primeira fasepara a sua realização foi já posta em marcha. Smith, demasiado «queimado», foisacrificado e substituído por uma cóp,,- negra que, segundo os seus patrõesimperialistas, Será mais facilmente aceite nacional e internacionalmente.Em relação à Namíbia, o plano também está em curso. Realizadas as «eleições»,trata-se agora de formar um governo interino e de declarar unilateralmente a«independência», o que já foi anunciado pelos agentes locais de Pretória.Neste sentido, a África do Sul consolidou recentemente os seus efectivos naNamíbia e intensificou as suas agressões contra An-449 - pg. 43

gola, tendo declarado as suas itenções de não mais participar em conversaçõessobre o futuro da Namibia.As potências ocidentais fazem quanto podem para caucionar as manobras dePretória. Os conser vadores britânicos louvam a «boa vontade» sul-africana emrelação à Namíbia; os democratas-cristãos da Alemanha Federal referem-se àprojectada «declaração unilateral de independência» como «autodeterminação»; oenviado francês na Namíbia instala-se nos locais oficialmente reservados aosdiplomatas estrangeiros em Windhoek..O plano de Botha prevê igualmente a « separação» dos bantustões do territóriosutl-africano e sua- inclusão na «constelação de estados». Tal medida permitiriaapresentar a África do Sul como um estado exclusivamente branco, encurralandoa população negra em reservas de mão-de-obra do capitalismo sul-africano, os batustões transformados em estados fantoches, como aliás seriam todos osassociados de Pretória na «constelação» sonhada por Botha.GRILHETAS DE ESCRAVOS NA RODESIA

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A parte final do pia te à anexação de par ritSrios de Angola e M teria, claro, quesei te força, já que as duas Populares da África A se deixam iludir pelas dosdirigentes de Pre0 plano de Botha fi sainente preparado e do Sul não hesitará e aos maiscriminosos im ra o pór em execuçãc mente, na sua cegueira ria, Os dirigentes sunão tomaram em cons vontade e a força do por isso serão irremed derrotados.A «constelação» de brilhará nia AfricalAno, referenite dos tertedoste- Uma empresa britânica vendeu~oçambique grilhetas ao regimeý racista rontada pela deslano destinadas aserem usaRepúblicas das pelos guerrilheiros detidos ustral não denunciourecentemente em Lonmanobras dres o Movimente. Anti-segregacionista nodecorrer de uma confetória. rência de imprensa dada na capiOi cuidado- talinglesa. a África No decorrer da conferência foimn recorrer mostrado aos presentes um par degrilhetas para as pernas -que foétodos pa- ram colocuas num guerrilheiro >.Simples- da Frente Patriótica pelas forças da reaccioná- polícia secreta doregime racista. il-africanos As grilhetas tinham sido fabricadas por uma empresabritânica, a ideração a HIATT.s povos, e , terrificante o facto de as foriavelmente ças repressivas rodesianasutilizarem grilhetas para os guerrilhei Botha não ros. Mas não é só este oaspectodantesco que este caso tem.stral. Com efeito, um estudo sobre asligações da HIATT com a RodéJosé Sá sia indica que a empresa foi fun-dada em 1780 em plena época da escravaturae era fornecedora de grilhetas paraescravos negócio que na altura era florescente. Desde essa data que o grcsso dasua produção se destina a Africa. Por muito estranho que pareça a empresacontinua hoje a fornecer grilhetas.O segundo aspecto diz respeito ao facto de aquela empresa ser inglesa, o queconstitui mais uma prova de que a Grã-Bretanha é muitas vezes a primeira a norespeitar o boicote internacional decretado pelas Nações Unidas ao re gimerodesiano.Com brancos ou negros a governar, o regime rodesiano continua sem alteração noque é fundamental. A existência de grilhetas do Século XVII a serem utilizadasqua se nos finais do século vinte so uma prova bem demonstrativa de quãoretrógrado é o regime.»~gr&&.an.. - ~ ~TEMPO W 449 - pág. 4

IlntoacionalIMAGEMA foto mostra uma das lojas denominadas ARMAZÉNS DO POVO queconstituem parte da nova organização do comércio na Guiné-Bissau. A introduçãodeste tipo de lojas é uma expressão das mudanças sócio-económicas que se têmoperado desde a independência daquele país irmão.

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A extensão a todo o pais deste tipo de lojas é uma da3 decisões do 111 Congressodo PAIGCUm aspecto de um centro de refugiados na Zâmbia, atacado pelo regime racistarodesiano que utilizou um comando que incluía mercenários.A foto é um aspecto parcial de como ficou o centro após o ataque.Estas agrs-do regime racista or, do Linha da Frente demonstram que anatureza do poder rodesiano continua o mesmo, apesar das chamadas ,eleições»Bernardo Araya Zuleta, que vemos na foto é um dos membro do Comité Centraldo Partido Comunista Chile. no e um dos 2500 «,desaparecidos», no Chile. Ele esua mulher foram presos pela polícia do regime fascista de Pinochet em 1976 edesconhece.-se. até ao momento, qual o seu paradeiro.Araya Zuleta foi deputado do Parlamento chileno durante o governo de SalvadorAllende e Secretário da Confederação dos Trabalhadores Chilenos.Pinochet disse que Araya «,tinha fugieo para a Argentina,, no dia em que narealidade, foi preso. Os seus familiares viram-no ser transportado pela DINA,polícia secreta do regime.Camponeses de uma cooperativa agrí. cola da Etiópia: Um novo sistema detrabalho desde que se iniciaram as

Em cima: Vista parcial da cidade libanesa de Damour após um ataque da forçaaérea sionista no mês passado. Dois mortos e dezenas de fe. ridos foi o resultadode mais um acto que se inscreve numa política de sistemática violação daintegridade territodial dos países árabes.A cidade fica situada a apenas 25 quilómetros a sul de Beirute, a capitaltransformações sociais camponesas naquele pais, que definiu o desenvolvimentoagricola como uma das suasprioridades na economia* Aspecto de uma manifestação de massas contra o colonialismo norte.americanoem Porto Rico. O comício, no qual participaram mais de 10 mil porto-riquenhos,realizou-se na cidade de S. Juan.Os Estados Unidos colonizam Porto Rico há mais de 70 anos e mantém presosuma série de nacionalistas porto-riquenhos cujas reivindicações, representativasda vontade popular, têm sido sistematicamente ignoradas pelas autoridades norte-americanas.j TEMPO N 449 - pág. 47

EDAPREPARAM FORCADE INTERVENCRODe acordo com notícias tornadas públicas pela Agência Internacional PressService (IPS), os Estados Unidos estão a preparar uma força ! de intervençãomilitar imediata de 100 mil homens.Os círculos militares norte-americanos parecem começar a defender a ideia de quenão podem confiar mais nos «estados-tampões»,ie que terão de tomar elespróprios nas mãos aquilo que os seus acólitos

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não são capazes de fazer eficazmente0 «desastre» (assim o consideram os meios militares) do Irãoveio a comprovar a tese de que era melhor ter preparada uma força de intervençãopronta a actuar a qualquer momento. «Não vá alguém lembrar-se de fazer maisuma revolução ....,¿ 00Os dados vieram a lume num artigo publicado por Deodoro Roca, num serviçoespecial da IPS, que escutou fontes militares do Pentágono.Roca afirma que a força de intervenção seria basicamente de terra, teria cerca de40 mil soldados integrados em duas divisões e uma brigada. Uma das divisõesseria aerotransportada, com arma mento pesado altamente sofisticado e poderoso,apoiada por forças aéreas, navais e de infantaria de marinha.O objectivo era o de poder intervir de uma forma rápida e «eficaz» em países elugares onde os interesses norte-americanos estivessem ameaçados, apontando-seem particular o Golfo Pérsico. O jornalista afirma também que a força deintervenção poderia ficar estacionada na Europa, servin do também de reforçopara as tropas americanas que ali se encontram.TEMPO N -449 - Pág 48O facto do seu estacionamento ser na Europa, permitiria à força de intervençãodeslocar-se rapidamente para qualquer ponto, utilizando, para isso, o aparelhologístico da Airlift Command, o comando operacional de Transportes da ForçaAérea Americana.A força de intervenção poderia ainda ser utilizada em conjunto coi tropas locaissempre que tal se julgasse necessário pelos altos círculos militares norte-americanos Por outro lado, o facto de a sua capacidade militar ser enorme deve-sesegundo os estrategas," à «grande difusão de armamento pesado, e mísseissofisticados».O SIGNIFICADONão é a primeira vez que na história do imperialismo norte-americano é tornadopúblico este plano. Tem-se vindo a repetir desde há muito anos a história dasdiferenças tácticas utilizadas pelas várias administrações: Ora se utiliza a políticade bastão, ora a da diplomacia imperialista. N i x o n e Kissinger jogaram com apolítica da imposição pela força. Apesar disso os p o v o s libertaram-se noViename,O militares norte-americanos estão a fazer pressão junto da administraçãopara a edificação de uma forço militar de intervenção

Kampuchea, Laos, a independência de Moçambique, Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé. Era fácil compreender porque razão inúmeros sectoresamericanos (representados no senado pelos «Democratas») pediam uma políticaem que a casa Branca usasse de outros meios. Uma política, em suma, de sorrisose «direitos humanos» a que Carter veio a responder com a sua campanha eleitoral.Mas, agora Carter está no poder e o seu barco tambéiý tem furos e a revolução noIrão âi está para o demonstrar.

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Chega assim a vez de os sectores mais reaccionários fazerem pressão para oregresso à «política do bastão» e este plano da força de intervenção insere-seneste contexto.Existem alguns «problemas» directamente ligados à zona em que eventualmente,a força de intervenção poderá actuar: A necessidade de apoio ao «tratado de paz»israelo-egípcio e a necessidade de garantir a «lealdade» da Arábia Saudita, paíscujo regime se assemelha bastante ao do Xá do Irão antes da revolução...Aliás, o Irão tem vindo a ser atirado como «argumento de peso» nesta jogada dossectores mais reaccionários n o r t e-americanos. Com efeito, ao Xá estavareservado um papel de polícia na zona e isso significou que no Irão foram«Injectadas» quantidades enormes de armamento que actualmente se encontramfora do controlo de Washington o que não agrada, obviamente, aos círculosmilitares norte-americanos. Espera-se ainda uma decisão final a propósito destaforça, decisão que será tomada tendo ainda outros factores em conta como seja aprópria correlação de forças internas nos EUA. Mas não há dúvida que o facto deuma hipótese no género entrar em discussão oficial levanta, muito claramente, apossibilidade de virmos a entrar brevemente na outra face da táctica imperialista:A da diplomacia dos canhões.CompiladoPor Sol de CarvalhoUm comício de massas em Teçrão no momentri em que Yass da palavra. Umasituação no Irão que o imperialismo já nãocomo «argumento» para a edificação da força militar de i

O, Do . MU Õ[ýDo0 PEAISO DO MONOPOLiOSDMCOU A ARDER«As escolas devem meditar sobre o Corão e a Biblia ao invés de serem centros desubversão e agitação tendentes a criar um clima para derrubar o governo» - Estassão recentes declarações do presidente liberiano William Tolbert, após asmanifestações registadas o mês passado na cidade de Monróvia que causaram amorte a pelo menos 30 pessoas.Aparentemente a causa da agitação popular teria sido o anúncio feito peloministro da Agricultura, Florence Cheneweth, no sentido de ser aumentado opreço do arroz, produto alimentar básico da população liberiana.Os objectivos do governo seriam «criar um maior estímulo para os agricultores eevitar o êxodo permanente de trabalhadores dos arrozais para as plantações deborracha».A oposição sem existência legal no país, afirma por seu turno que os aumentos doarroz apenas vão aumentar as já grandes dife:enças sociais, tornando mais difícil avida à população sem grandes recursos económicos. A realidade social demonstraque o aumento do arroz foi apenas pretexto, a gota de água.Foi assim, que na sequência das medidas governamentais, a população suburbanade Monró-via, os estudantes da Universidade e escolas secundárias manifestaram-se nas ruasda capital.

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O aparato repressivo não se fez esperar: tanques foram postos a circular nasprincipais artérias da cidade ao mesmo tempo que contingentes policiaisutilizavam gazes lacrimogéneos, bastões e pistolas-metralhadoras para dispersaros manifestantes.Como saldo dos confrontos, a Universidade e as escolas secundárias foramencerradas, foram feitas mais de uma centena de prisões incluindo professores, eestudantes universitários tendo havido lojas que foram completamente saqueadase devastadas.Nos meios da imprensa mundial registou-se um certo espanto pois normalmente«é tudo estabilidade naquele paraíso das multinacionais» conhecido comoRepública Firestone, em alusão ao conhecido consórcio americano quedomina 50 por cento da economia liberiana.A Firestone iniciou a sua actividade na Libéria em 1926 onde possui umaplantação de borracha de 14000 acres (1 acre= = 4 046,8m2), considerada umadas maiores do mundo.

Em paralelo com a Fireston, outras companhias monopolistE exploram asriquezas liberiano nomeadamente os jazigos de fei ro, diamantes e as madeiras 1vando os mais cépticos a afirma que o «único monopólio da pc pulação é apobreza».Efectivamente num país qu possui enormes riquezas naturai a maioria dapopulação (75% vive da agricultura de subsistên cia - as 200 000 «fartos» existentes no país e apenas contribu em com 25% por cento para riqueza nacional.O «capitalismo humanista», fi losofia defendida pelo president William Tolbert,«harmonizand a livre iniciativa e o investimenti privado com a eliminação das diferenças sociais» apenas favoreci os grandes interesses económico, estrangeirosnum país que é con siderado um apêndice dos EUA em Africa.ANTECEDENTES HISTORICOSEm meados do século passado os escravos libertos nos Estados Unidos e o seusdescendentes regressaram à Libéria, que com o apoio dos EUA viriam a adquirir aindependência no ano de 1847.O presidente William TolbertOs escravos livres americanos vieram para a Africa onde os sei lhes deram umpedaço de terra: A Libéria. Esses antigos escravc país, dominam a Libéria desdehá vários anos podendo dizer-selocal vive uma dominação de tipo colonialAo longo de mais de um século têm sido os liberianos provenientes dos E.U.A. osdetentores do poder político e o estrato social mais privilegiado no país. Paramuitos, a relação entre estes liberianos e a restante população é muito semelhanteà relação colonizador- colonizado noutras partes do continente africano.Os lugares no aparato burocrático de estado e o sector comercial são largamentedetidos pelos liberianos de origem americana. Muitos deles ocuparam terras dointerior pertencentes à população autóctone onde posteriormente desenvolverama plantação de borracha.O True Whig Party, único partido com existência legal no país, formado em 1877é mais um agrupamento de elite que um partido político. É vulgar afirmar-se que

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a Libéria é dirigida por 300 famílias todas elas pertencentes a Maçonaria (MasonsGraft), uma espécie de sociedade secreta formada pelos américo-liberianos.Apologista do modelo sócio-económico e cultural americano, a Libéria é umatosca e grotescaimitação do «american way of life» - em Monróvia a classe dominante passeia-senas poucas ruas alcatroadas em grandes automóveis de luxo «made in América»perante uma população maioritariamente analfabeta.A Libéria é ainda hoje um autêntico paraíso fiscal, sendo um dos poucos paísesafricanos onde não existe controlo cambial'. O investimento e as empresasestrangeiras são sempre «bem-vindas à economia liberiana».Só muito recentemente foi extinta a concessão feita à companhia americanaFirestone, que, durante 50 anos explorou livremente plantações de borracha ejazigos de ferro. A Firestone detem igualmente interesses na exploração do sulfatode alumínio e de potássio.Economicamente a Libéria depende daz exportações da borracha, minério deferro, madeira e diamantes.Como terceiro exportador mundial de borracha depois da Malásia e Indonésia, aLibéria, (ou mais exactamente as companhiasTEMPO N' 449- pág. 51

"étrangeiras operando no país,) realizam anualmente 52,5 milhões de dólaresconstituindo 11 por c e n t o das receitas externas. (1976)As plantações de borracha ocupam 290 mil acres dos quais 140 mil pertencem àsgrandes companhIs monopolistas. A área restante é explorada por 4 200 pequenosagricultores que produzem anualmente um valor equivalente a 11,6 milhões dedólares contra 256 milhões das companhias mónopolistas. Tão grande disparidadede valores é explicada pela dependência dos peque-nos produtos em relação aos monopólios que inclusivamente lhies fixam ospreços de compra da borracha.A exportação dos minérios de ferro constitui 2/3 do valor das exportaçõesliberianas (343,3 milhões de dólares) estando a sua exploração maioritariamentecon fiada'ao consórcio sueco LANCO e à companhia BONG, de capitais oeste-alemães.DEPENDÊNCIA EXTERNAA despeito das enormes riquezas o governo liberiano recorreanualmente a grandes ajudas externas quer para o financiamento de planos dedesenvolvimento interno quer para a Importação c produtos alimentares básicosde que o país carece.4im 1976, um total de 44 milhes de dólares foi fornecido pelo Banco Mundial,Banco Africano para o Desenvolvimento, pela Alemanha Federal e pelos EstadosUnidos.Anualmente são- importadas 30 000 toneladasde arroz para sa tisfazer -o mercadointerno cor respondendo a 40 por cento das importações de produtos alimenGares.O arroz e a mandioca constituem os alimentos básicos da população. A cultura doarroz en> volve 700Ò00 .pessoas 'numa po pulação total de 1,7 milhões dehabitantes ocupando uma área dcultivo de 472 mil acres.

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Os métodos utilizados e a falta de irrigação ria maior parte das áreas está na basedos fracos indices produtivos dos agricultores que se dedicam ao cultivo do arroz.Por outro lado afigura-se m5ais lucrativo o trabalho no sectot da borracha.Formalmente foi esta uma das razões que levou o governo a decretar o aumentodos preços do arroz - incentivar a produção 'do cereal e suster o i odo para asplantações de boracna.As manifestações populares que ;e seguiram vieram pôr em causa a estabilidadeaparente paten. teada pela «dolce vita» da americanizada burguesia liberiana.Foram os tanques que saíram à rua. A Serra Leoa e a Guiné Equa-' torial enviaramcóntingentes mi, litares para sufocar a revolta ao, abrigo dos pactos de defesa quemantêm com a Libéria. Observa, dores atentos vêem nesta revolta; algo mais queuma contestação à subida de preços. - Talvez o começo de uma luta maisgeneralizada para derrubar um regime suportado pelas grandes muttina cionais ecompanhias monopolis-, tas.Fernando LimaTEMPO N ' 449-pág. 52poneses liberianos assentam a sua vida numa economia de subsisias estruturas capitalistas liberianas não querem alterar

Líbano,PROSSEGUE O -ioGO DE ISRAELAs milícias de extrema direita libanesa, apoiadas por Israel, proclamaram há duassemanas, a «independência» dos territórios do Sul do Líbano violando assim aindependência dum Estado soberano e pondo simu!tsanamente em causa a suaexistência. E isto é tanto mais grave pelo facto de se encontrar estacionada noLíbano uma força de paz das Nações Unidas.Os sionistas aproveitaram c &iam wr4facto de as atenções mundiais se 1404riy L ANOencontrarem concentradas no assim chamado «Tratado de Paz» . .w0israelo-egípcio, para se afirma- IRIrem nas posições que hã alguns , meses conquistaram ao invadir o T &IULíbano. Um mapa da reDeste modo,encontram-se mais ião vendo-se asdos.:'. ~ L sinalada a parteperto das bases dos guerrilheiros declarada comopalestinos e utilizam o apoio dos , sendo a do «LIba«direitistas» libaneses para cria- 5 no Livre». Pelarem uma zona tampão que lhes JvRAEL aP vê.sepermite defenderem-se melhor I R; claramente o seudas, incursões palestinianas. I tetuir um. ConaEsta ideia de zona tampão é - A f EhTA%0 ATAaLJ de tampão aopasso para a constituição, a pou- aATILNA Ai os DF &u5CPRA deisraelco e pouco, de uma espécie de «zona de segurança» em redor do Estado de Israel.Uma simples observação do mapa permite-nos observar o desenrolar dessatáctica:

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A traição de Sadat à causa palestina -'denunciada e condenada activamente pelaOLP - desencadeou todo um processo cujas consequências são a impossibilidadede a mesma OLP utilizar o Egipto como base estratégica contra Israel. Na regiãoda Cisjordânia os colonatos maciços que ali se encontram constituem, i-. por si,uma barreira de protecção sionista, Do lado da Jordânia pequenos conflitos comos guerrilheiros palestinos são muito habituais mas não chegam a consti-¢ tuir umgrande perigo. ý..A esperança de uma luta eficaz contra o expansionismo israelita situava-se nafronteira com o Libano e a Síria. Mas no Líbano a Um tanque sionista no Líbano.Díem, no entanto, que são os libaneses da «proclamação de independência»falange que proclamou o «estado»TEMPO N.° 449 - pág. 53

'r~ '>0 resultado- de um,«raid» sionista aoi Líbano - " .do chamado «Líbano Livre» veio servir os interesses de Israel Mesmo comabsoluto apoio oficial os paestinos terão de lutar com a falange direitista antes deatingirem Israel - apesar de ser no sUl do Líbano onde se podeencontrar uma parte dos refugiados palestinos.Supóe-se que perante a nova situação, a Síria e o governo libanês (que emboraainda se não tenha definido no campo militar, já conseguiu reorganizar as suasforças armadas) tentarão um ataque directo às posições das milí cias de extremadireita tentando assim desalojá-las, ý: estas' er. sistirem no seu propósito demanterem o «estado independen te» que é uma criação sioista na velha linha dedividir para reinar pois nunca antes no Líbano se levantaram problemas deseparaý tismo.E para confirmar a veracidade da tese que atribui' a Israel a instigação daqueleseparatismo temos o tesmunho dos funcioná, rios das Nações Unidas que afirmamque sempre que mantêm conversações com Saad Haddad, líder das milícias cristãsdireitistas, há sempre a seu lado um- oficial israelita. Este oficial, conhecido pelosfuncionários da ONU c-mo coronel Yoram, é frequentemente consultado porHaddad que, na opinião daqueles funcionários, parece acatar as suas orientações econselhos.Do mesmo modo, em Bint Jbeil, os funcionários das Nações Unidas encontraminvariavelmen. te militares israelitas quando ali se deslocam para conversaçõescom o comandante local das mi-.lcias.Ainda os mesmos funcionários afirmaram à imprensa que há oficiais israelitas'colocados' em postos chave nas aldeias controladas do Sul do Líbano, pelasmilicias direitistas. Para além desses oficiais vêem-se também tropas regularesisraelitas no enclave cristão proclamado por Haddad como «Líbano Livre».Um outro funcionário da ONU relatou um facto por ele presenciado quando seencontrava no Quartel General dwforça interina das Nações Unidas no Líbano,em Naqoura. Afirmou ele que às sete da noite enquanto observava a estrada querodeia Naqoura, vira um tanque e outro veículo com marcas israelitas, sair 'do

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posto fronteiriç3 israelita e dirigir-se para o posto de controlo das milícias, jádentro do terri' tório libanês, aproveitando para, pelo caminho, bombardear asposições dos -guerrilheiros palestinos.Ana Maria RamosTEMPO N' 449-pág, 54A Organização de Libert da, Palestina anunciou atravésde um comunicado tornado público pela WAFA, ter feito explodir uma fábrica demunições em Israel.0 C omando Geral da Revolução indicava no referido comunicado que a explosão«matou ou feriu não menos de 50 inimigos sionistas, incluindo diversos peritosem munições».0 comunicado indicava ainda que o comando sionista saiu ileso da operação tendoregressado ileso ao Líbano.Eis um facto demonstrativo de nem os pretensos «estados livres» proclamadospelo imperialismo no Líbano são suficientes para travar uma luta de libertaçãoque já demonstrou a sua determinação de prosseguir até à vitória final.

dos leitoesOUMrAO DE moEstamos aqui neste distrito de Cuamba, há três meses, apro ximadamente, e játemos verificado, várias vezes, a falta de brio profissional nos CTT desde local.Chegámos aqui no dia 4/2/ /79. No dia 9 de Fevereiro do ano em curso,escrevemos para amigos que se encontram nas províncias de Tete, Manica, Sofalae Maputo.Verificámos que, desde a data acima mencionada, os nossos amigos sóconseguiram receber essas referidas cartas no dia 1/4/79, e nós cá só conseguimosa obtenção das respostas no dia 16 do mês em curso.Nós,. curiosamente, fomos até aquele sector de trabalho, perguntar sobre este casóde demora das cartas. Em resposta, Nós achamodisseram-nos que era falta de guém escreve interesse desses amigos, ou en- traspessoas qi tão é lá nos CTT desses locais dispersas em d onde se encontram.Pais, é para pE nós perguntamos: Será que sua situação a esta resposta que nos deram é real?lar quando fa:,2 nos CTT de Tete, Manica, radas que se eiou Maputo, que fizeram demo- vincias de Tetrar tanto estas cartas? e Gaza, é muis que quando ai- rio saber a situação, porque e cartas para ou- naquelasprovíncias que têm siíe se encontram du vítimas de agressões causaiversaspartes do das pelo regime do vagabundo rocurar saber da Ian Smith e seusfantoches. ,tual. Em particu Ribeirinho Júlio Lagos[amos dos cama- Correiaicontram nas pro Fernando Vicente Chiaue, Manica, Sofala Elementos das FPLMiito mais necessá- /Cuamba/NiassaPEAUOS

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A minha contribuição vem a propósito dos casamentos prematuros. Há casosconcretos que eu . próprio verifiquei no distrito de Montepuez. Sei de uma menorde quinze anos que, por causa disso, abandonou os estudos e mais tarde ' tornou-se prostituta.Qual é a razão por que estes casos acontecem?, Podemos pensar na falta deresponsabilidade de certos pais4 Em vez de deixarem as filhas Continuar o,-estudos para servirem mais tarde a nação, preferem queelas se casem prematuramente. Não sei se é por falta de condições parasustentarem as suas filhas. Nota-se também aqui muitas meninas com a idadeestudantil a vaguear na vila nas horas em que deveriam estar nas escolas. Vamoscontinuar com esta situação? Eu acho que não.Penso que não sou também o único a viver estes problemas dc Rovuma aoMaputo. Além dos pais, nota-se também uma falta de consciência da parte dosjovens provocadores de pro blemas daquele tipo. Ê uma irresponsabilidadequando nós va mos interromper os estudos de uma menor de 13, 14 anos pararealizarmos o casamento.Acho também que há uma falta de vigilância para nós to-dos impedirmos que tais casos aconteçam. Tenho como proposta que cada um denós seja mais vigilante. Caso suceda um caso desses, canalizá-lo às estruturascompetentes.Eu pergunto: Será que nós os homens quando vamos comprometer uma menor dequinze anos para casar, temos fal-' tz de mulheres em idade própria? Será que ospais que deixam as filhas :casar nessa idade estão a assumir o seu papel deverdadeiros educadores? ý Sabem o valor de uma continuadora na RepúblicaPopular de Mo çambique?Cojile Issa Chomar AlyFPLM - Montepuez1

QUEMFOI KWAME IfRUMAl?Tenho ouvido falar de Kwame Nkrumah através da rádio, canções, etc., e só seique foi um grande combatente pela Libertaçáo de Africa. Poderá a revista «TEM», ou os seusleitores, dar-me Mais pormenores sobre a vida e obra deste herói?Augusto ArturCentro Ink-rnato de DiacaMocímboa dq Praia(Cabo Delgado)RESPOSTA:Antigo aluno dos missionários e mais tarde profes.sor, Francis Kwame Nkrumah, desejoso de prosseguir a sua formação sai da suaterra, Costa do Ouro, hoje Ghana e vai para os Estados Unidos.em 1935. Aíestudou ao mesmo tempo que se empregava em restauran.tes para assegurar o seu sustento. Licenciado em Seciologia e Economia Políticaveio a ser Presidente dos Estudantes Africanos dos Es tados Africanos o doCanadá.

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A partir de 1948 a U.G.C.C. Convenção da Costa do Ouro Unida, organiza a boicotagem dos produtoseuropeus, a fim de fazer baixar os preços. São organizadas marchas pacíficassobre o palácio do Governador britânico. Um dia a polícia abro fogo e estalamtumultos em Accra e noutras cidades costeiras. Dezenas de pessoas são presas ecentenas são feridas. Entre os presos figura o Secretário-Geral da Convenção,Kwame Nkrumah.Bastante activo, KwameNkrumah desenvolvia um In-tenso trabalho de mobilização das massas populares. Cria um Partido de massas, oPartido Popular da Convenção e explica então que num pais em que a grandemaioria do povo não sabe ler, a únicaescola válida é a acção.O Partido Popular da Con.venção depressa c o n h e c e uma grande popularidade e o apoio dos sindicatos.Em 1951 apresenta-se às eleições, não porque concordasse com elas massimplesmen te para mostrar iaos ingleses a grande amplitude do seu apoio demassas o obter a libertação dos seus dirigen. tes presos, entre os quais Nkrumah.Ganha trinta e quatro dos trinta e oito lu. gares nas eleições gerais. Os ingleseslibertam-no e reco. nhecem-no como líder parlamentar. Em Março de 1952Nkrumah é eleito Primeiro.-Ministro.Em 1956 obtém vitória nas eleições gerais, que consa. gram as posiçõesconquista. das pelo Partido Popular da Convenção. A nova assembiela reuniu-se eelaborou uma reforma constitucional que previa a independência do país o foiformalmente en tregue ao governo británico. Em 6 de Março de 1957 eraproclamada a independência do Ghana.Como chefe do Estado do Ghana, Nkrumah praticou uma política de unidadecon. duzindo «uma ofensiva geral nos planos intelectual, cultural e Institucionalcon. tra o colonialismo e o neoco. lonialismo». Isto conduziu a uma rápidapolítica de forma ção de quadros, á promoção da indústria pelas empresasKwme Nkrumahdo Estado e à diversificaçã< da Produção.No preâmbulo do seu pia no de sete anos (1963-1970) o Ghana «escolheu d( uma vez para sempre e forma socialista da socieda.de, como objectivo final do seu desenvolvimento econó. mico e social».No piano político pronunciava-se contra o imperialismo, o colonialismo e oneocolonialismo. Com estas posições Nkrumah tornou-se um alvo fácil dosreaccionários descontentes, e, também daquelos que pretendiam uma maioraceleração ao proces. so revolucionário. Em 1966 quando se encontrava de visitaà República da China foi destituído por um golpe de Estado Militar.Após o golpe de Estado Kwame Nkrumah foi, viver para a Guiná-Conacri, onde

o povo guineense reconhecedor do seu trabalho em prol da Unidade Africanadeclara. :o dirigente da Guiné, conjuntamente com Sekou Touré. Em Abril de1972, no dia 27. quando visitava a República Socialista da Roménia, para

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tratamento médico, morre aquele que foi um dos grandes lutadores da UnidadeAfricana e grande figura do movimento dos Não-Alinha. dos, Kwame Nkrumah.Kwame Nkrumah, foi um dos mais esclarecidos lideres africanos, combatenteincansável pela unidade africana e directamente ligado à formação daOrganização de Unidade Africana e do Movimento dos Não-Alinhados.A sua lucidez o seu profundo ódio ao imperialismo, os seus livros que revelam oaparecimento de nova mentalidade em África, acarretaram-lhe o ódio dosinimigos da liberdade que, cobarde. mente, durante uma ausência de Nkrumahlevaram a cabo um golpe que o destituiu.Dos livros que ele escreveu salientam-se: «A Africa deve Unir-se»,Neocolonialismo - última etapa do imperialismo, e .A Luta Continua».Por ocasião da morte de Nkrumah, Amilcar Cabral, na sua alocução, diria:Nós os combatentes da li. berdade, não choramos a morte de um homem mesmode um homem que foi um companheiro de luta e um revolucionário exemplar.Nós não choramos também a África traída. Choramos, sim, mas de ódio poraqueles que foram capazes de trair Nkrumah ao serviço ignóbil do imperialismo.»(Colaboração da RM)DESLEIXO NA PENSÃO "PEfifiRO DE 1 Speinso 9ve bem para ratos serveTudo aconteceu no di /79, quando me deslo Quelimane para o dis Namarrói e deNamari o distrito de Gurué. Qua guei ao Gurué às 20.00 como não tinha familiaite distrito dirigi-me par le estabelecimento hotele de Maio» para jantar e sar aomesmo tempo. A ra coisa que eu notei fo te das refeições que e mal feitas, e comoo jan massa esparguete esta cozida tal como se fos! nha de milho.Segundo, foi a falta lhas nas casas de banh( netes e que as mesmas ePEDIDOS DE COSO NDÊCIADamião Alvaro S ,aona AmaraDi$rito de Mecule SedeProvíncia de Niassa R.P.M. Cuarnba -Para troca de impressões gostava de corresponder-me com moças angolanas deidades entre 18 e 23 anos

HPLOEâÇIO10CEEMIsto sucedeu-me no dia 29 de Março do ano em curso. Tendo-me deslocado paraPemba, em missão de serviço, tive oportunidade de ir assistir a um filmedesignado «RICOS E POBRES». Quando cheguei ao «CINEMA PEMBA»,encontrei a secção de vendas de bilhetes com umaviso que dizia: «LOTAÇÃOESGOTADA». Como eu estava interessado em assistir ao tal filme quando viaquele letreiro que anunciava superlotação, fiquei limitado e só à espera queaparecesse alguém com um bilhetea mais que porventura pudesse vender-me! à hora de entrada, foi quando vi umacoisa estranha que paramim parece ser exploração! Pois o senhor portéirocomeçou a fazer entrar pessoas sem bilhetes! Uma delas fui eu. Quando chegueilá dentro, aquele senhor porteiro indicou-me uma cadeira que não estava ocupadae, ao mesmo tempo, cobrou-me 50$00, dizendo que, como a lotação estavaesgotada, o preço normal devia ser assim! Vendo eu que aquele senhor porteiro

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queria aproveitar-se do meu suor, pedi-lhe que me entregasse o respectivo bilhete;foi então que me despachou com a seguinte resposta: - uSE QUISER BILHETEQUE SAIA PARA CASA DORMIR QUE O LUGAROCUPARÁ O OUTRO INTERESSADO»! Eu, então, com aquela linguagem doreferido porteiro, fiquei a saber e observei que é atitude e costume dleles detrabalhar em termos de batota para aproveitarem ex plorar os outros ou seja opovo que ali passa! Pois fazem pôr «lotação esgotada» enquanto lá dentro a i nd aexistem lugares vagos! Afinal é assim que vamos construir o Socialismoexplorando um ao outro? Por último quero aqui alertar o Conselho de Produçãoou a estrutura competente daquele estabelecimento cinematográfico no sentido deneutralizar estas más atitudes.Cheia FaquihiQuissanga - C. DelgadoOU=- DEV EUC~Vivemos uma fase em que, infelizmente, estudante está a ser sinónimo deindisciplinado.P frequente ouvirmos de pais, afirmações como estas:«Já começaram as aulas....», <Estes estudantes, não sei o que aprendem naescola», írestes alunos não têm juízo». Os nossos alunos, assim que começam afrequentar o ensino secundário, abrem-se para um mundo de desvios e alienaçãode certo modo perigosos.Encontramos crianças dos seuâ 12, 13 e 14 anos a fumar, só porque andam naquinta ou sexta classes.Há crianças que já sabem «gazetar» à aula de Matemática, porque «o stôr é umaseca»,, crianças que vão à Cristal «curtir os tacos» numa cervejinha quando têm«borla» ou faltam às aulas.Nos autocarros, estes estudantes atingem o máximo. Entre as 18.30 e 19.30 horas,noMuseu, os machimbombos têm de ficar 40 e 60 minutos para se fazer a cobrança,ou têm de arrancar vazios, porque os- meninos não querem formar a bicha. Noscasos em que alguns formam, cada um mete à frente mais de cinco pessoas (istoverifica-se mais na carreira 19 M.seu e Xipamanine). Estas actuações têm-severificado com cumplicidade de alguns cobradores, mas a maioria tem tentadocombatê-las. A solução destes problemas, não se pode limitar só aos cobradores,nem à escola. Nos machimbombos muitas pessoas abstém-se de corrigir estescasos com o medo de que os estudantes façam desordens e os autocarrosarranquem vazios. Preferem, no seu modo de dizer, «demorar até chegar a vez, doque ficar sempre ali».Estes estudantes desordeiros e indisciplinados, são nossos filhos, nossos irmãos esaemdas nossas casas. Por isso, estes problemas só podem ser resolvidos quando todosos trabalhadores incluindo cobradores e estudantes conscientes, actuarmos emconjunto.Alguns estudantes têm sabido assumir correctamente a tarefa que lhes foiincumbida. Para esses, os meus parabéns. Aos indisciplinados, a vossa tarefa nãoé faltar ao respeito aos trabalhadores, que afinal de contas são vossos pais, irmãos,

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professores e amigos. A vossa tarefa é estudar para assumir o valores da novasociedade, para «servir o povo». Esta tarefa, deve começar na escola, em casa e narua.Quando fazem desordem nos autocarros, fazem atrasar e con sequentementesabotam a produção daqueles que criam condições para podermos viajar nes sesautocarros, para frequentarem a escola e para beberem essa cervejinha quandogazetam à «seca» aula de Matemática.Francisco MachavaTEMPO N 1 449 - pág. 58fTEMPO N.o 449 pâfl. 58

DATAS HISTORICAS25 de MaioFUNDAÇÃOIniciamos neste númeroa divulgaýã o de textos de apoio elaborados pele ýinistério de Educação e Cultura.Esses textos referem-se a factos de interesse para os leitores mas estãoespecialmente virados para os estudantes e a sua leitura é recomendada a todos ésprofessores para que possam melhor explicã-los nas suas aulas.Uma secção da O.U.A.A ORGANIZAÇAO DA UNIDADE AFRICANA nasceu como reaultado dosesforços e da luta de muitos filhos da Africa contra a dominaão colonial.A fundação da OUA permitiu que os estados africanos criassem uma plataformacomum contra o colonialismo e o racismo ainda existentes no continente tornandomais eficaz o combate Icontra a dominação estrangeira.Apesar de certas ambiguidades. Incoerências e compromissos de alguns paísesmembros desta organiza. cão, ela tem contribuído para apresentar a voz dos povosde Africa sobre os problemas do continenta o do mundo.Este dia deve ser aproveitado para que todos os alunos, professores etrabalhadores das unidades de ensino conheçam melhor o nosso conti. nente o osproblemas que enfrenta criando neles uma atitude internacionalista.1.- --ANTECEDENTES HISTORlVOS DA OUA "A pilhagem e exploração colonial provocaram em todo o continente formasdiversas de resistência e revolta. O Pan-Africanismo foi um dos primeirosmovimentos surgidos à procura da unidade na luta contra a dominaçãoestrangeira. Este movimento tem as suas origens nos Estados Unidos da Américanos fins do século XIX. Agrupava filhos dos escravos negros em luta pela suadignidade e igualdade de direitos. Muitos destes sonhavam com o retorno à MãeÂfrica.Anos mais tarde negros africano.3 aderiram ao Pan-Africanismo, tornando-oplataforma da unidade para a afirmação da personalidade africana. Teve comomanifestação literária e filosófica a chamada Negritu'de, ideologia kdapequena burguesia negra que surge nos países colonizados. A negritude tenta seruma afirmação e exaltação dos valores da sociedade africana, do ser negro frenteao desprezo e mentalidade racista do colonialismo.

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O Pan-Africanismo, desde o seu 1.» Congresso celebradó,em Paris no ano 1919,lutou pela igualdade dedireitos entre brancos e negros. A partir do fim da 2.ýguerra mundial, em 1945, as posições e exigên cias do movimento pan-africanotornaram-se mais radicais, exigindo para os povos de África colonizada o direito àindependência: « África para os africanos», era o grito pela liberdade. Ã medidaque surgem os Movimentos de -Libertação africanos, o movimento torna-seabertamente contra o colonialismo, neocolonialismo, capitalismo e imperialismo.TEMPO N-o 449-pág, 59

Entretanto algun países africanos tornaram-se independentes nos anos 50. EstesEstados Africanos a partir de 1958 promoveram conferências e encontros quevisavam coordenar os esforços para apoiar os países africanos ainda dominadospelo colonialismo e o apartheid, ao mesmo tempo que estabeleciam as bases parauma solidariedade entre os países independentes. Ghana, Libéria e Tunisia foramos países onde tiveram lugar estas reuniões.Os problemas enfrentados e analisados nestes encontros fizeram amadurecer anecessidade de institucionalizar a desejada unidade dos povos de Africa. Erapreciso criar-se uma organização que concretizasse as aspirações dos povos eEstados independentes africanos na sua luta contra o colonialismo e pelodesenvolvimento dos seus paisea.2.- FUNDAÇAO DA OJA, OSSEUS OBJECTIVOSE FUNCIONAMENTOEm 25 de Maio de 1963, em Addis-Abeba (Etiópia), pela primeira vez na históriade África, os Chefes de Estado de trinta países independentes se reuniram paraplanificar a sua acção conjunta e solidária contra o colonialismo e o apartheid. Oresultado mais importante deste encontro foi a assinatura da Carta da OUA, queregula o seu funcionamento e define os seus objectivos.Entre os objectivos mais importantes da ÕUA está a contribuição para reforçar aunidade e solidariedade entre os Estados Independentes e coordenar a suacolaboração para garantir melhores condições de vida para os seus povos. A OUAdeve também assegurar a defesa da independência e integridade territorial dosEstados membros, favorecer a cooperação internacional dentro/da ONU eeliminar de África o éolonialismo sob todas as suas fórmas.Entre as estruturas da OUA está a Cimeira ou Conferência dos Chefes de Estado.i2 o seu órgãosupremo, reúne uma vez por ano. Nela são tomadas decisões sobre os problemasanalisados. A seguir está o Conselho de Ministros, que prepara a Conferência dosChefes de Estado e executa as decisões emanadas desta.Além destes órgãos, a OUA tem um Secretariado Geral que coorden os trabalhosda Organização e ainda Comissões para os assuntos de defesa, educação e ensino,ciência e investigação, saúde, higiene e nutrição, assuntos económicos e sociais.Estas comissões elaboram para apoiar os trabalhos das Conferências dos Chefesde Estado e o Conselho de Ministros. Como apoio aos Movimentos de LibertaçãoNacional está o Comité d Libertação.

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O Presidente da OUA é o Chefe de Estado do país onde se reúne anualmente aConferência Ordinária.3.- A CONTRIBUIÇAO DAOUA NA AFRICA E NOMUNDOA unidade africana, programa e objectivo da OUA constrói-se na luta solidáriacontra o inimigo comum: o colonialismo e o apartheid Hoje esta luta está viradapara os últimos redutos. coloniais e racistas do continente: Rodésia e Africa doSul. É nesta luta ondeESTRUTURA DACosto de DefesaC osO de EducaqýoSCoisoão Tôca, Científica e deInvestigação Conisso4 de Saúde Higiene e Nutriçãoe Soc a (I imoin Traosportes e Como- .caçoes)-Kwame N'krumah um dos criador, da ideia do Pan-ajricanismo e um do. líderesafricanos que mais lutou peb criação da O.U.A. (sobre N'krumam ver textopublicado nas cartas doleitores)se forja e se constrói a unidade dos povos e estados africanos, tornando a OUAuma organização forte e eficaz contra o colonialisme.. Assim o manifestavam osChe fes de Estado, reunidos em Addis-Abeba de 24 a 25 de Maio de 1973 porocasião do 10.o aniversário da fuztdação da OUA:aProclamamos a noss tal devoçío à emancip das parcelas do nossoCIMEIRA DE CHFPES DE ESTe.OO E DE GOVERNOEomposiço:todos os Chefes de Estado e VerI no doa pase membro s. - COMISSXO DE MEOIAÇÀFonçs:pol.itan geral do ôrg saçno I CONCILIAçO E DF= ARBITRAGEMCONSELHO DE MINISTROS Ccmposiçacr 21 elementos,'S eleitosComposiçio:todos os miisctros de Negócios Estra1 Sede:ddin AbebnEtiôpiageiros,on outros)dos países mebros Pícçies:reguLaí os diferendos entre osFunções:prcpurar e eseontar as decies daCtoseira países membrosOCSECRETARIADO GERAL argao pesanente da SUA Sede: ddis Àbeba,Etiôpia SComposíção:. Depatento Político-Seoretârc'o geral Sprnet Otn-Adjuntos do Se- Departamento Adminisoretôio geral tratioSeoramesto do ProtocoloDeparcuento JurídicoDepartaecnto de Imprensa e 1nfonmaçãoDepartamento Econ6mlco e SoialDepartasecto Educacional e CulturalCOMIT9 DE LIBERTAÇ2

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Coeposição: 9 pases Sede Dar-Es-Salaam, TascoFunçe:ooordenar ,a ,ajoda ao4ý m es tos de libertação nãocia -TEMPO N 4491 60

tinente ainda sob ocupação e dominação estrangeiras a fim de salvaguardar adignidade do Homem. Segundo este objectivo temos vindo a afirmar a nossaresolução de eliminar em Africa todas as formas de colonialismo e discriminaçãoracial.Na colaboração mútua para a paz e o desenvolvimento económico e cultural dosseus povos, os Estados africanos organizados na OUA, reforçam e consolidam aunidade já conquistada. As acçõesdesenvolvidas pelos Estados membro. -para resolverem os problemas surgidosentre eles assim como apoio dado aos povos ainda em luta contra o colonialismocontribuem para que a OUA seja cada vez mais um instrumento eficaz de unidadee luta pela libertação total do continente africano.A Organização da Unidade Africana tem contribuído para a paz e solidariedadeinternacional, crian do entre os seus membros posições comuns sobre questõespoliticas e diplomáticas no seio das Nações Unidas. O grupo africano nesta últimaorganização tem exercido grande influência e tem significado um peso importante para que as decisõestomadas na OUA contribuam para a paz, segurança e progresso do mundo.Sabedor da força que representa a Unidade Africana, o imperialismo, mesmo nointerior da Organização, tenta desvirtuar os seus objectivos, confundir a definiçãodo inimigo e semear a divisão entre os povos africanos. i, por isso que os povos eEstados africanos deverão estar vigilantes para vencer o imperialismo, inimigoreal da- suas independências. Será este o combate decisivo para alcan-'Obi NJ 70 TO O / çar a total libertação docontinen,5. T~ te de tudo o que signifique doPríncipe minação e exploração dos seus*n-kisau uini ar povos e das suas riquezas. Neste7on o uwiJa combate pela independência real eTani a BUr.i completa dos seus países a OUAverá a sua unidade reforçada,. Rmaiu profunda e indestrutível.1Comemorarmos a fundação da Zgola bia Malawi OUíP no nossopais tem um signi-P [ ficado importante para nós, pois2 oa nossa luta contra o colonialis1, Re ublic' mo portuguêsencontrou solidaach riedade nesta Organização. Hojea RPM tem uma posição clara dentro desta Organização para Mauricia que estadefenda os interesses das largas massas africanas e no combate contra toda atentativa de dividir e enfraquecer a unidade dos povos africanos contra o seu ini-Esc 1:40 000 oo mige principal, o imperialismo.TEMPO N.° 449- pág. 610l1'iuvo HISToRIco 6E íf Osh

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contoTRAIROUO vento uivava por entre as árvores. O seu lúgubre assobio assemelhava-se amatilhas de lobos enfurecidos, prontos . ceifar vidas. Assim era o veiito que corrianaquela noite, fazendo os ramos estalarem como que pisados por milhares de pés.Surge um ruido insólito no meio da tempestade. Um grito. Depois o assobio dovento.Ã entrada da clareira, dois vultos, que aumentam rapidamente de tamanho. Doishomens. Sujos, rotos, com muitas horas passadas no mato, como demonstram assuas roupas e a barba de dias. Exaustos, caem sobre um tufo de capim.Com a cara colada ao solo, bebendo o acre cheiro da terra e do capim, um delesexclama:- Parece-me que escapámos. Mas como o teriam descoberto ?Fomos traidos!Perante a expressão impassível do companheiro, contnua:--Ninguém, ouves, ninguém, sabia deste nosso contacto com o sector de Pedro. S6tu, eu, Teresa e Pedro, que agora caíram. Quemnos terá então traído?Só então compreende, perante o riso mau do companheiro e a navalha que lhebrilha nas mãos. Lan-VACILAR RESISTIRçando-se de pronto sobre ele, consegue, à custa de um ferimento profundo nobraço, arrancar-lhe a navalha com uma súbita torsão do pulso do antagonista. Anavalha mergulha duas vezes no peito do traidor.Caído de joelhos, e homem exclama:- Não merecias morrer como um homem. Teresa, Pedro, vingar-vos-ei.Naquele fantasmagórico cenário, a cena assume proporções fantásticas. O homemlevanta-se, cambaleando, e só então compreende que não está só. Ao ver amultidão de vultos que cercam a clareira, compreende que foram seguidos. Atraição triunfara. Era a vingança do homem que jazia a seus pés. Enterrando anavalha tinta do sangue do traidor no seu peito, faz jorrar um sangue igual aodele. Tomba, enquanto milhares de mãos se estendem para ele. Só se ouve ogemido do vento.1 -A MORTENão morri. Quis matar-me, não mo deixaram. Estou só, na cela, com o ódio daminha vida, desta vida que me ficou. Já não sou vivo, mas não me mataram. Aminha vida já nãç conta, quero morrer.TEMPO N.' 449 - pág. 62O conto que publicamo3 neste número foi realizado no âmbito de um trabalhoefectuado no ano lectivo de 1978 com os alunos da 9.a classe da EscolaSecundãria Josina Machel. A disciplina de Língua Portuguesa prevê no seuprogramao estudo de formas da narrativa. Por outro lado, uma das preocupações dasestruturas da educação relativamente ao ensino da disciplina insere-se no facto detodo o ensino colonial perspectivar a aprendizagem de uma forma passiva quer

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dizer, o aluno secundário aprende a ler, h, analisar a produção literária mas nãotem qualquer estímulo que o leve a escrever, a produzir ele também.Assim, quando a direcção do Partido Frelimo mantinha uma série de reuniõescom os ex-presos políticos surgiu o tema para que as próprias experiênciasconhecidas pelos alunos da escola pudessem constituir de alguma forma apossibilidade de uma tentativa de produção literária. Aos alunos da 9." classe foi-lhes sugerido que escolhessem um dos comportamentos - resistir, vaciar ou trair -para tema da sua narrativa, ou ainda uma alternativa decombinações entre eles.Paulo Noronha, autor deste conto, é um jovem de 15 anos, actualmente aluno decurso propedêutico da Universidade Eduardo MondIane. O facto de a produçãoliterária (particularmente no domínio da prosa) ser ainda escassa no nosso país e anecessidade de a estimularmos quer a nível quantitativo quer aiívei qualitativoleva-n~os a divulgar este trabalho. Que ele possa constituir .mais um estimulo aoaparecimento de novos valores para a nossa literatura.

Olho. Vejo-me. Eles morreram e eu não ouso enfrentar a morte deles e a minhavida. Tenho vergonha de viver, porque não morri com eles? Ao fugir com aqueletraidor, trai-me a mim, visto que já não existia, morri quando as balas lhesentraram no corpo, senti-as em mim. Traí-me!Tentei fugir, tentei ser morto. Não me mataram. Tudo me tiraram desta cela, tudoo que era pesado; cortante. Durmo deitado na pedra fria do chão, pois o maishumilde trapo foi considerado perigoSo. Mas que me importa, não é a minha vidaum sono eterno?Palpita com tanta força, a minha cabeça, dói-me tanto.Mordo a boca, mordo os beiços para não, gritar, queria rasgar-me, abrir o peitocom as mãos, queria berrar: «Estou Vivo!», berrar, e oiço o meu grito, parece-secom o grito dos que caíram, esse grito que eu também soltei.Mataram tudo o que havia de bom em mim. Tornaram-me uma criatura de ódio.Quis acabar com este «eu» vivo que se colava à minha pele. Não mo deixaram.Nada resta vivo de mim, Teresa, Pedro, a não ser eu. Dia apó. dia prolonguei aminha vida que já não existe. Quero morrer. Morrer!II - RESISTIRFui bruscamente arrancado da minha cela. Levam-me ao pátio. Estão lá dezenasde homens como eu, que já não vivem. Em fila. Não pensam. Morrem mil vezesem cada instante.Um oficial passeia à nossa frente. Um colosso, um monstro, mas que vive, vive.Vive a plenitude do seu ódio.Passeia à nossa frente. Cospe para o chão. Das filas escapa-se um grito:«Assassino». Um lampejo de vida.Pára. Sorri. Vive. Diz:- Quem foi, acuse-se. Ou ele ou dez entre vós.E, imediatamente, designou dez, e eu o primeiro. Está linda esta manhã. Os meusesperam-me e vou morrer sem lutar O oficial passeia diante de nós, batealegremente com as mãos uma na outra, como quem aplaude o drama que sedesenrola na sua frente, em si, em nós.'

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- Fui eu.Um jovem magro saiu das fileiras, encaminhou-se para o oficial e colocou-se-lhena frente.-Fui eu, repetiu.Sem dúvida que todos, como eu, sentiram que o coração lhes ia estalar. Agorasentimos.vergonha de estar mortos, enquanto o jovem fita o oficial.O oficial de olhos vermelhos hesitou, depois atirou um pontapé ao ventre do'jovem, que se dobrou em dois. Pegando numa pá, começou a bater-lhe em todo ocorpo, e o meu camarada, de quem nem sei o nome, esparramou-sc no chão, coma cabeça entre as mãos, sem um grito. O oficial sacou do revólver e atirou.Vi o cadáver cair, ainda com a vida brilhando nele. Aquele cadáver venceu a:morte. Volto a viver. P, preciso viver para lutar, para não ser como aquele iner-te cadáver. Volto a viver. A vida é a resposta à morte. Ser eu próprio, vivo.Para lutar, é preciso viver, mas para viver, é preciso lutar, também. Foramprecisos vários dias para esquecer a morte, agora representada pelo oficial dosolhos vermelhos. Tive que voltar a pensar, reflectir, para me livrar deste terror quevinha dos medos acumulados de fundo de mim durante semanas. Tinha medo:encontrara o ódio que mata sem razão. Na minha cela, papsei longas horas deangústia. Nunca fitara o oficial e ele queria a minha morte matara um homem àspazadas e olhava para mim.Venci-me. Resisti. Fiz-me vida, no meio da morte. Torturaram-me. Mas a vidaque existe em mim, não pode ser vencida. Resistir é agora a minha vida. A vidaque existe em mim só aparece, só vence, na presença da morte, naquela prisão,naquela cela. Não sairei daqui. Mas tenho agora uma vida, vivo. E nessa vida,tenho um objectivo, uma razão de viver: Lutar. Lutar!Paulo NoronhaTEMPO No 449- pág. 63

UM ESPECTÁCULO DIFERENTE NOS PALCOS DE LICHINGAAs luzes da sala apagam-se, abrem-se as luzes do palco, cortinas fechadas.Amigos espectadores, boa noite.,-Hoje estamos convosco para um convívio cultural organizado peloDepartamento do Trabalho Ideológico do Partido e com a participaçio do ComitéLocal da ONJ e Rádio Moçambique». Isto ouvia-se, por detrás da cortina fechada,onde o locutor do Emissor Provincial do Niassa, falava para o público ýspectador.- Ao longo de duas horas, estarão convosco: o Grupo Internacionalista, doisgrupos do Lar Femiuno de Lichinga, o agrupamento A.I.C. (Ano Internacional daCriança), Tomás Raul, Carlos Osório Cristóvão Laisse e Hortênsio Langa, otocador de Tangare (instrumento tradicional) Langtome Ali, de Majune, um grupodo Governo da Província e o conjunto Bãdramo, de Majune.O salão de espectáculos completamente repleto, com pessoas muito aglomeradas.Umas de pé, outras sentadas nas cadeiras ou no chão dos corredores.Com as luzes do palco acesas, cortinas abertas, cormeça o espectáculo, com aexibição do grupo Internacionalista, com a canção «Ife Ana Frelimo». O agrupamento Internacionalista é constituído por cooperantes radicados em Lichinga einegra jovens moçambicanos.

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O agrupamento Internacionalísta, interpretou ao público outras cançõer queversavam a luta travada pelos povos: chileno, americano, italiano e português,pela libertação da subjugação burguesa-capitalista.Estas demonstrações foram alvo de salvas constantes dos espectadores, muitosdos quais saíam dqs círculos mais afastados da cidade de cimento. A exibição doagrupamento "Ano Internacional da Criança», constituído por pai e seus quatrofilhos e que surge no âmbito do Apoio ao Ano Internacional da Criança,apresentou composições que traziam mensagens do quotidiano do Povo. Umacanção que foi solicitada por duas vezes pelos espectadores, foi '<Vamos os dois àaldeia comunal».Hortênsio Langa, que se encontrava na altura em Lichinga, acedeu ao conxite daequipa organizadora do espectáculo, para tomar parte no convívio, tendoTEMPO N,° 449-- pág. 64acompanhado Tomás Raul, Cristovão Laisse e Carl Osório, nas quatrocomposições que apresentaraLangtone Ali, tocador do instrumento tradicior tangare, foi bastante ovacionadopor causa do s rico «jeito» e da diversificação musical que inti duzia com o seuinstrumento minúsculo de uma corFalou dos nossos heróis e da alegria do povo estar liberto.O instrumento por ele fabricado, despertou gran, atenção principalmente pelaarte com qele o toca. É um instrumento que ele próprio fabi cou, mas que segundo afirmounum contacto com Rádio Moçambique, sempre se recusou a tocá-lo extintoEmissor Regional de Vila Cabral.O Grupo Cultural do Governo da Província, deu ao espectáculo ao introduziroutros valores cultur, do nosso Povo com a apresentação do Nhau da prol cia deTete e Makwaela.O conjunto Bádramo de Majune, com um gru de jovens, deu igualmente vida aoespectáculo cc as canções acompanhadas de um ritmo um tantoi vulgar nestaparcela do País.Na verdade,,o espectáculo que teve lugar no úl mo fim-de-semana (dias vinte evinte e um) no Ci-Teatro ABC, que contou com a assistência de me bros do Partido, Governo, dasOrganizações den cráticas de massas e de várias centenas de elem tos dapopulação, foi algo que ficou marcado nu população que outrora, não podiamanifestar publi( mente o seu rico manancial cultural.O espectáculo, foi um teste de avaliação das n sas potencialidades no aspecto demúsica e forni de exteriorização do nosso sentimento colectivo, nossa alegria, danossa determinação em apoiar povos que lutam pel conquista dos seus mais ementares direitos. E, como afirmou o Secretário Comité Provincial para oDepartamento do Trabal Ideológico do Partido, Hilário Matusse, «o con vio, foitambém para mostrar que a revolução, nãc um acto triste, mas sim um acto alegree no qu exibimos a nossa vida, o nosso sentimento».Ricardo Dimande(R.M.)

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