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54 4.1.2 O Quadro Natural 4.1.2.1 Solos Os solos predominantes nos terrenos mais elevados dos maciços estão associados as ocorrências dominantes do Latossolo Vermelho Amarelo associado ao Cambissolo. O Latossolo Vermelho Amarelo apresenta-se com boa permeabilidade, bastante profundo e sua textura varia de argilosa a muito argilosa sendo, também, muito resistente à erosão. O Cambissolo é menos profundo, está relacionado às ocorrências de afloramentos da rocha-mãe, possui um horizonte B rico em minerais primários e boa drenagem mas é mais susceptível à erosão, (ver Mapa de solos – JAC-20-0003, em anexo). No maciço da Tijuca, nas áreas que margeiam os terrenos elevados dos maciços, o predomínio é do Podzólico Vermelho Amarelo; já nas áreas equivalentes do maciço da Pedra Branca a predominância é Podzólicos Vermelho Amarelo Eutrófico. Com texturas e estruturas bastante variadas, esses solos pouco profundos possuem um horizonte B arenoso, sendo muito susceptíveis à erosão. Na Baixada de Jacarepaguá, especialmente nas zonas de relevo mais rebaixado que ocorre entre os dois maciços, existem associações do Latossolo Vermelho Amarelo com o Podzólico Vermelho. Estes solos são muito profundos e intemperizados, não apresentando muitos vestígios de minerais primários. Mais próximo da linha de costa ocorrem o Podzol e os Solos Areno- Quartzosos profundos ocorrem nos cordões litorâneos. São muito porosos e extremamente permeáveis. Esses solos, no reverso do cordão mais recente e na frente e reverso do cordão mais antigo, encontram-se em posições topográficas mais baixas. No entanto, como estão muito próximos do nível das lagunas possuem algum teor de umidade, assim como um horizonte superficial mais espesso. Na região da Vargem Grande, mais precisamente nos campos inundáveis de Sernambetiba, ocorrem Solos Orgânicos Distróficos, mal drenados. Aqui ocorre a maior e mais espessa área de turfa da baixada. Na área de domínio das margens das Lagoas de Jacarepaguá, Camorim e Tijuca ocorrem solos de Mangue e Salinos Thiomórficos. Mais em direção aos maciços e relacionados aos baixos cursos fluviais, aparecem os solos Gley Diastróficos e Aluviais Eutróficos e Distróficos. Entre os maciços, onde ocorrem relevos planos ou levemente ondulados, está presente o Planossolo, muito lixiviado e sem uma boa drenagem, estando relacionado à presença de depósitos sedimentares antigos. Assim como o clima exerce sua influencia na pedogênese local, seus efeitos podem ser sentidos no desenvolvimento das formações vegetais. As condições normais médias de temperatura e pluviosidade determinam a distribuição das grandes formações de vegetação. Em micro-escala, clima, relevo, solo e vegetação interrelacionam-se criando fisionomias próprias para cada paisagem natural. 4.1.2.2 As Chuvas e as Vazões dos Rios As chuvas são as principais responsáveis pelo crescimento das vazões dos rios que descem dos maciços como, também, pelo desencadeamento da ação de processos que levam ao deslocamento de carga em direção aos canais fluviais. Ocorrência, freqüência, tempo de duração

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4.1.2 O Quadro Natural

4.1.2.1 Solos

Os solos predominantes nos terrenos mais elevados dos maciços estão associados asocorrências dominantes do Latossolo Vermelho Amarelo associado ao Cambissolo. O LatossoloVermelho Amarelo apresenta-se com boa permeabilidade, bastante profundo e sua textura variade argilosa a muito argilosa sendo, também, muito resistente à erosão. O Cambissolo é menosprofundo, está relacionado às ocorrências de afloramentos da rocha-mãe, possui um horizonte Brico em minerais primários e boa drenagem mas é mais susceptível à erosão, (ver Mapa de solos– JAC-20-0003, em anexo).

No maciço da Tijuca, nas áreas que margeiam os terrenos elevados dos maciços, o predomínio édo Podzólico Vermelho Amarelo; já nas áreas equivalentes do maciço da Pedra Branca apredominância é Podzólicos Vermelho Amarelo Eutrófico. Com texturas e estruturas bastantevariadas, esses solos pouco profundos possuem um horizonte B arenoso, sendo muitosusceptíveis à erosão.

Na Baixada de Jacarepaguá, especialmente nas zonas de relevo mais rebaixado que ocorre entreos dois maciços, existem associações do Latossolo Vermelho Amarelo com o PodzólicoVermelho. Estes solos são muito profundos e intemperizados, não apresentando muitos vestígiosde minerais primários. Mais próximo da linha de costa ocorrem o Podzol e os Solos Areno-Quartzosos profundos ocorrem nos cordões litorâneos. São muito porosos e extremamentepermeáveis. Esses solos, no reverso do cordão mais recente e na frente e reverso do cordãomais antigo, encontram-se em posições topográficas mais baixas. No entanto, como estão muitopróximos do nível das lagunas possuem algum teor de umidade, assim como um horizontesuperficial mais espesso.

Na região da Vargem Grande, mais precisamente nos campos inundáveis de Sernambetiba,ocorrem Solos Orgânicos Distróficos, mal drenados. Aqui ocorre a maior e mais espessa área deturfa da baixada.

Na área de domínio das margens das Lagoas de Jacarepaguá, Camorim e Tijuca ocorrem solosde Mangue e Salinos Thiomórficos. Mais em direção aos maciços e relacionados aos baixoscursos fluviais, aparecem os solos Gley Diastróficos e Aluviais Eutróficos e Distróficos.

Entre os maciços, onde ocorrem relevos planos ou levemente ondulados, está presente oPlanossolo, muito lixiviado e sem uma boa drenagem, estando relacionado à presença dedepósitos sedimentares antigos.

Assim como o clima exerce sua influencia na pedogênese local, seus efeitos podem ser sentidosno desenvolvimento das formações vegetais. As condições normais médias de temperatura epluviosidade determinam a distribuição das grandes formações de vegetação. Em micro-escala,clima, relevo, solo e vegetação interrelacionam-se criando fisionomias próprias para cadapaisagem natural.

4.1.2.2 As Chuvas e as Vazões dos Rios

As chuvas são as principais responsáveis pelo crescimento das vazões dos rios que descem dosmaciços como, também, pelo desencadeamento da ação de processos que levam aodeslocamento de carga em direção aos canais fluviais. Ocorrência, freqüência, tempo de duração

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e intensidade da chuva, assim como sua distribuição em área, são elementos fundamentais paracriar e condicionar os processos de escoamento e infiltração.

No momento em que as chuvas ocorrem, encontram um ambiente previamente definido, um certoestado antecedente, para o qual também as condições climáticas contribuíram, em diversasescalas de intensidade e tempo. Um material intemperizado, passível de ser trabalhado por umprocesso erosivo é, antes de mais nada, um produto da alteração das rochas para qual o climacontribuiu de modo expressivo, ao longo do tempo, principalmente através da combinação deelevadas temperaturas e precipitações, no caso das áreas tropicais.

A freqüência e a intensidade de chuvas, nessa região, estão muito relacionadas à atuação dasfrentes frias vindas do sul e à presença do relevo, pela sua altitude e posicionamento. Entre ascaracterísticas e comportamentos da precipitação pluvial no Sudeste Brasileiro destacam-se ostrabalhos de Nimer (1971). A Região Sudeste é, conjuntamente com a Região Norte, uma dasregiões brasileiras de mais elevada pluviometria anual. Entretanto diferem-se pela distribuiçãoespacial e pela irregularidade no tempo. “... na Região Sudeste, a altura das precipitações,quando comparadas de um ano para outro, isto é, o desvio pluviométrico, é tão notável que tornaos índices, baseados em normais climatológicas, uma mera caricatura da realidade..., verões sãocaracterizados não apenas por um elevado número de ocorrências diárias, mais ainda porintensos aguaceiros de notável concentração horária... e ...precipitações elevadas não sãoanomalias nem mesmo um acontecimento extraordinário.”

A existência dessas características e comportamentos não são, entretanto, exclusivas dessaregião brasileira. Elas enquadram-se nas condições gerais inerentes ao clima Tropical. Nessesentido, Ayoade (1986) destaca o fato de que a variabilidade da precipitação pluvial é maisimportante nos trópicos do que na região temperada, assim como sua intensidade é maior. Nocaso das tempestades, procura demonstrar que elas "tendem a produzir um padrão desigual deprecipitação pluvial para qualquer determinado dia, ou, até mesmo, para um período tão longoquanto um mês”. Aborda também a questão da existência de variações sazonais e espaciais naschuvas dos trópicos, chamando atenção para o padrão randômico da ocorrência de tempestades,dificultando a análise da distribuição espacial das médias de precipitação. Quanto àscaracterísticas das tempestades, demonstra que são fenômenos altamente localizados, levandoem conta que seus diâmetros de ocorrência, geralmente, são inferiores a 25 Km com duraçãomédia menor a sessenta minutos.

O comportamento da precipitação reflete-se na atuação dos processos geomorfológicos. Nessesentido, Monteiro recomenda que "o conhecimento regional das circulações e do ritmo desucessão característico do verão deverá preceder às análises dos episódios catastróficos neleocorridos", referindo-se aos eventos de movimentos de massa que aconteceram emCaraguatatuba (SP), Serra das Araras e Município do Rio de Janeiro (RJ). Indicava, também, quepara serem geográficas, as análises dos episódios deveriam ser correlacionadas a outrosfenômenos, uma vez que a importância e freqüência dos eventos seriam fundamentais para acaracterização dos sistemas morfológicos vigentes.

Contrastando com esses momentos de grande precipitação, ocorrem períodos mais quentes emais secos. No trabalho de Ferraz (1939) este aspecto é estudado. São citados como anossecos, no período que vai de 1880 a 1938, os anos de 1924-1925. A partir de 1924, váriosperíodos secos antecederam épocas muito chuvosas, especialmente na década de 60.

A definição mais detalhada de anos chuvosos ou secos, muitas vezes esbarra na forma deapresentação das informações disponíveis dos totais pluviométricos. O serviço nacional demeteorologia expressa suas estatísticas dentro de um ano civil, contabilizando os registros doperíodo mais chuvoso, que vai de outubro a março, em dois anos distintos. Para as grandes

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chuvas, entretanto, pelos transtornos que causam, as informações são precisas em suas datas,fazendo com que sejam, bem identificados, os verões mais chuvosos. Nos grandes centros, comoo Rio de Janeiro, onde há muito existem observações meteorológicas, é possível reconstituiresses períodos e também obter informações sobre o registro de grandes tempestades.

Tais temporais são mencionados em todas as crônicas da cidade. Causaram desmoronamentostal qual hoje em dia. “Ulisses Alcântara que nos dá notícia de dois grandes nas encostas do Morrodo Castelo. O primeiro, em abril de 1759, foi tão forte e tanto encheu a cidade que uma canoacom sete pessoas pode navegar desde o Valongo até a Sé”, atual Igreja do Rosário. Ocorreramainda, segundo Amarante (1960), grandes temporais em fevereiro de 1811, outubro de 1864 emarço de 1919, assim como chuvas com mais de 100 mm, em 24 horas, conforme demonstra oQuadro 4.1:

Quadro 4.1 - Eventos de grandes temporais

DATA PRECIPITAÇÃO(mm)

16/05/06 126,713/02/13 102,418/04/14 112,330/03/22 105,804/03/24 171,814/04/54 102,220/12/54 124,3

Fonte: Marques, 1990.

Nimer (1971) apresenta uma relação para as estações meteorológicas do Sudeste, no período de1910 a 1933, com os valores de ocorrência de precipitação de totais elevados, em cada umadelas. Os maiores valores obtidos em todas não coincidem, necessariamente, com uma mesmaocasião de chuva em toda a região. No Rio de Janeiro, no estudo desenvolvido pela SURSAN(1965), é possível observar que até mesmo a freqüência de temporais, ao longo do ano, não é amesma em todos os pontos do município, embora a grande maioria esteja concentrada entre osmeses de dezembro a março. Alguma dúvida poderia existir, observando-se que esses resultadosforam alcançados tomando períodos diferentes em cada estação, porém, Argento (1974) aoanalisar e classificar as estações do Rio de Janeiro, com dados mensais do período de 1963 a1972, quanto aos valores de precipitação e de temperatura, verificou quantitativamente aformação de grupos distintos entre elas, evidenciando portanto diferenças significativas. Osresultados deste trabalho apontam que o número de dias com chuva é grande, variando de 90dias na Baixada de Jacarepaguá a 150 dias nas áreas mais elevadas dos maciços da Tijuca ePedra Branca. Um aumento de 67 % para um raio inferior a dez quilômetros, que representa adistância média em linha reta entre as estações de Jacarepaguá e a do Alto da Boa Vista.

Para o período de 1966 a 1975, Mattos (1976) apresenta, para a estação do Alto da Boa Vista, osseguintes valores de precipitação média, conforme o quadro 4.2, a seguir:

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Quadro 4.2 - Precipitação (1966/75) - Alto da Boa Vista

MÊS PRECIPITAÇÃO(mm)

Janeiro 261Fevereiro 231Março 257Abril 250Maio 141Junho 108Julho 152Agosto 141Setembro 164Outubro 206Novembro 269Dezembro 243Total Anual 2423

Fonte: Mattos (1976)

Com um total de 2.431 mm para 153 dias de chuva, é possível estimar em 15,8 mm o valor deuma precipitação média para 24 horas. Comparando os valores apresentados anteriormente, o dechuvas intensas no Rio de Janeiro, com o valor de uma chuva média, pode-se afirmar que asgrandes chuvas descarregam em um único dia o volume correspondente ao de uma semana deprecipitações médias.

No Alto da Boa Vista, os meses mais chuvosos vão de outubro a abril, com médias superiores a200 mm. Na baixada os meses mais chuvosos concentram-se de novembro a março, com umamédia de 168,7 mm e os meses menos chuvosos os totais médios são inferiores a 100 mm. Omês menos chuvoso, junho, tem 43,2 mm. No Maciço da Tijuca, o período mais seco possuemmédias superiores a 100 mm, mesmo o menos chuvoso, junho, recebe 108 mm.

Quando analisa-se um período muito curto nota-se que para as duas estações os desvios, emrelação às médias, serão muito elevados. Os anos de 1985 e 1986 apresentaram muitasvariações em relação às médias do período de 1931 a 1975. Em 1985, o mês de dezembro foimuito chuvoso com um total superior à média e, para 1986, dezembro praticamente teve o dobroda precipitação média, 303,70 mm. O período de julho a abril (1985/1986) foi seco, inclusive omês de janeiro, com um valor muito baixo, menor inclusive que o valor mínimo médio do mês dejunho, o menos chuvoso. Para o ano de 1987, várias diferenças, em relação à média, podem serapontadas: um dos meses menos chuvosos foi o de novembro, com um valor inferior ao valormínimo das médias mensais, que corresponde ao mês de junho; o mês mais chuvoso foi abrilque, em média, é o de menor precipitação entre os meses da estação chuvosa; o mês de marçoapresentou um valor três vezes inferior à média desse mês; o total pluviométrico foi mais elevadodo que o total anual médio, colaborando para isto os valores das precipitações de abril e junho,que historicamente correspondem com totais mais modestos.

No quadro 4.3 são apresentados os valores diários para a precipitação, na Baixada deJacarepaguá e para a Estação do Alto da Boa Vista, relativos ao período de 1985 a 1986, épocaque coincide com o período de amostragem e medição das vazões e sedimentos transportadospelos principais rios da bacia hidrográfica de Jacarepaguá por Marques (1988).

Neste quadro observa-se que as precipitações têm valores mais elevados nos maciços. Sãodiferenças bastante acentuadas nos totais de chuva, principalmente nos dias de precipitações

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mais intensas, como exemplificam alguns casos selecionados, em média, para as chuvas abaixolistadas, encontramos valores de três a quatro vezes maiores para a estação do Alto da BoaVista.

Quadro 4.3 – Precipitação – 1988

PRECIPITAÇÃO (mm)

DATA JACAREPAGUÁ(a)

ALTO DA BOAVISTA (b)

RELAÇÃO(b)/(a)

11/07/85 3,2 28,4 8,904/11/85 15,7 42,4 2,705/11/85 30,7 74 2,404/12/85 52,5 68,9 1,305/12/85 20,0 41,8 2,108/03/86 30,4 90,9 3,016/04/86 67,3 132,8 2,007/07/86 33,0 96,0 2,922/07/86 18,2 102,6 5,612/11/86 18,4 72,1 3,920/12/86 12,3 51,4 4,2Fonte: Marques (1990)

Embora com pequena freqüência, também ocorrem, totais pluviométricos maiores na baixada doque no maciço. Em, dezembro de 1986, no dia 30, choveu 61,0 mm na baixada e 42,8 mm nomaciço. Outro ponto a destacar, são as seqüências de dias chuvosos, onde, aparece, pelomenos, um dia com um valor excepcionalmente elevado em relação aos outros.

Segundo cartograma elaborado pelo IplanRio, presente no anuário estatístico de 1996, o Maciçoda Pedra Branca possui totais pluviométricos inferiores ao do Maciço da Tijuca. Comodemonstrado, os totais elevados, a alta freqüência de dias de chuva e a alta intensidade delas,são características das áreas elevadas. Chove mais nas áreas elevadas dos maciços e menosnas áreas planas da baixada, isto é evidente quando observa-se a relação entre os totaisproposta por Marques (1990), no quadro 4.3.

4.1.2.3 A Ação do Escoamento de Águas Pluviais

A presença de sedimentos, como carga, nos canais fluviais decorre da erosão promovida pelopróprio fluxo da água e da contribuição trazida pelos processos que atuam nas vertentes dosvales. Abordando essa questão, Christofoletti (1981) afirma que o transporte de sedimentosdepende de fatores hidrológicos controladores das características que são impostas ao regimefluvial.

Os fatores hidrológicos mais importantes são a quantidade e a distribuição das precipitações. Aestrutura geológica, as condições topográficas e a cobertura vegetal influenciam na formação domaterial intemperizado que pode ser transportado pelos rios. Atualmente, nos estudoshidrológicos, acrescenta-se a participação da ação antrópica, por exercer uma elevadainterferência sobre os fatores hidrológicos, especialmente nas bacias hidrográficas fortementeurbanizadas, como a de Jacarepaguá. Os processos antrópicos acabam por contribuir com maiságua e sedimentos para os rios, uma vez que o destino final dos efluentes são os corpos d’água.

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O efeito de fortes chuvas e suas conseqüências são acontecimentos que já estão agregados ahistoria do Município do Rio de Janeiro. As inundações acabam por chamar muito mais a atençãodo que o volume de detritos que são carreados por essas águas.

A expansão contínua da cidade do Rio de Janeiro, se faz principalmente sobre as baixadaslitorâneas, muitas vezes sob a forma de aterros artificiais. Esse fenômeno alonga o percurso dosrios ao mesmo tempo em que são diminuídos ainda mais a os gradientes dos baixos cursos,naturalmente excessivamente fracos. A estrutura geomorfológica do município, composta pormaciços costeiros e baixadas litorâneas, proporciona a ruptura muito brusca no perfil longitudinaldos rios que, ao alcançarem a base dos maciços, espraiam-se e ganham volume para compensara perda de velocidade. Quando ocorrem chuvas mais fortes é enorme o trabalho da sedimentaçãonas ruas situadas na base de encostas. As vezes, vêm-se reconstituir em pouco mais de umahora as antigas lagunas e os antigos cursos d'água hoje desaparecidos da paisagem urbana.(Ruellan, 1953).

4.1.2.4 Escoamento de Águas e Erosão

As águas pluviais ao chegarem ao solo percorrem dois caminhos em direção aos canais fluviais.O primeiro, mais lento, inicia-se pela infiltração das águas e o segundo, mais rápido, peloescoamento superficial. A partir da infiltração, constitui-se um armazenamento de águas queexerce o papel de abastecedor contínuo do canal fluvial. Com o escoamento superficial, aresposta é mais imediata e o valor das vazões dos canais são acrescidos em função da áreadrenada, da declividade da bacia e da intensidade da chuva e da duração do processo. Aurbanização faz com que as águas que seriam infiltradas para o solo sejam escoadassuperficialmente.

A definição por um dos caminhos de mobilização das águas passa, antes de tudo, pelo modo decomo a precipitação pluvial ocorre. Nos Maciços da Pedra Branca e Tijuca as precipitações sãofreqüentes, ao longo do ano, porém, apresentam muitas variações quanto ao volume, aintensidade e as suas distribuições espaciais e temporais. As condições de umidade do solo, porsua vez, ao interagirem com as precipitações, promovem novos resultados, determinando umaintensidade maior ou menor para o processo de infiltração. Assim, quanto mais úmido estiver osolo, maior será a parcela disponível para o escoamento superficial.

A capacidade de infiltração da água em um solo é controlada, principalmente, pela sua textura,pelo grau de cobertura da vegetação e pelo grau de saturação existente. Acrescenta-se que, astaxas de infiltração variam inversamente ao aumento da intensidade da chuva e da declividadedo terreno, (Leopold, 1964).

Nos dois maciços os solos mais expressivos, em área, ocupam posições altimétricas diferentes erefletem, por suas propriedades maior ou menor predisposição em absorver água. Nas áreasmais elevadas, encontram-se afloramentos rochosos, praticamente impermeáveis, geram grandestaxas de escoamento superficial. Os latossolos, geralmente profundos, com boa capacidade deinfiltração e com boa resistência à erosão, desenvolvem-se sobre compartimentos menosmovimentados. Nas áreas de colinas, junto ao pé dos maciços ocorrem os podzólicos, comhorizonte A arenoso, mais susceptíveis à erosão e ao escoamento superficial. Ainda nos maciços,além das características do solo e dos declives, é necessário mencionar a existência de depósitosde colúvios nas encostas, que trazem variações nas condições de permeabilidade dos terrenos.

Na baixada, os terrenos de origem marinha, mais altos e com grande permeabilidade, contrastamcom os terrenos mais baixos, constantemente saturados de água, que circundam as lagoas maisinteriores e compõem a área dos Campos de Sernambetiba.

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Muitas são as características favoráveis ao aumento dos níveis de escoamento na área, taiscomo desmatamento, urbanização, queimadas, dentre outros. A presença da vegetação nos altoscursos dos rios é um elemento restritivo à aceleração desse processo. Vários são os trabalhosrealizados que demonstram os efeitos do desmatamento sobre o escoamento superficial.

Exemplificando esses efeitos, com dados relativos às bacias localizadas nos Montes Apalaches,nos Estados Unidos, que vêm sendo monitoradas desde a década de 30, a vazão de um rioprincipal registrou uma vazão equivalente a uma precipitação 20% maior que a observada, apósum desmatamento ocorrido em 1940 (Drew, 1986).

A floresta, pelo seu papel controlador da infiltração e do escoamento, funciona como reguladorados excedentes hídricos, no momento em que armazena águas, via infiltração, e eleva as taxasde evapotranspiração. A sua ausência expõe o solo à erosão, favorecendo a ocorrência dedesmoronamentos (Suguio & Bigarella, 1978).

Em função da ocorrência de chuvas, de seu volume e intensidade, três cenários podem serformulados:

a) Chuvas fracas, de baixa intensidade e volume, são absorvidas via infiltração. Ampliam-se asreservas para o abastecimento contínuo dos canais fluviais. Os fluxos nos canais, muito poucoacrescidos pela chuva direta sobre eles, e não recebendo maiores contribuições do lençolfreático, praticamente não promovem oscilação nas vazões. Não existem tambémcontribuições externas de sedimentos. O nível de energia nos canais tende a manter-se baixo,crescendo em trechos em que atuam os gradientes mais elevados. O transporte desedimentos restringe-se apenas ao material do leito.

b) A chegada da estação das chuvas, faz aumentar o volume e a intensidade média das chuvas,criando condições favoráveis para o aparecimento do escoamento superficial. Dependendo daresistência dos materiais disponíveis para à erosão, chegam aos canais fluviais mais água esedimentos, elevando suas vazões. O nível de energia no canal aumenta em função do novovolume, ganhando mais poder erosivo e de transporte.

c) Com maior volume e intensidade das chuvas, observam-se enxurradas, em que o escoamentose processa em forma de lençol até que, concentrada, chega aos canais fluviais, (Ruellan,1953). O lapso de reação entre o inicio do escoamento superficial e a chegada de novascontribuições de água e energia ao canal fluvial, tempo de concentração, tende a diminuirmuito, trazendo respostas mais rápidas para o incremento da energia no canal, promovendomais transporte de sedimentos e maior poder erosivo. Situações desse tipo fazem os riosassumirem picos de vazão com características torrenciais. Terminada essa chuva, o fluxo nocanal retorna ao seu nível condicionado pelas contribuições do lençol freático. Um novo canalé construído nas fases de cheias torrenciais, a erosão do fundo e das margens do canal sãoreativadas e os sedimentos passíveis de serem transportados são deslocados rio abaixo,(Strahler, 1982). Normalmente, podem ser identificados sinais bem visíveis da ocorrênciadesses eventos torrenciais. Cargas excessivas de sedimentos são deixadas nos pontos deruptura de declive e cicatrizes nas margens são indicativos da erosão fluvial (Pires Neto,1988).

As situações apresentadas, de uma chuva fraca a uma chuva forte, na verdade correspondem apontos de referência no encadeamento dos processos. Essa normalidade só existiria se ascaracterísticas da chuva fossem assumidas como homogêneas em toda a área, se oscomponentes do ambiente não estivessem evoluindo e, consequentemente, estabelecendo novos

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limites para a atuação dos processos; se não houvessem influências de um ambiente sobre outro,se não existisse a interferência humana e finalmente se a escala de observação fosse uma só.

Existem variações espaciais na distribuição de chuvas sobre os maciços, em termos defreqüência, volume e intensidade. Isto ocorre não só em um determinado instante mas, também,ao longo do tempo, quer seja em relação a uma chuva, a uma seqüência de chuvas, a umaestação do ano ou a um largo espaço de tempo.

O surgimento de ravinamentos e movimentos de massa, o ressecamento da vegetação duranteum período mais seco e quente e o aprofundamento erosivo do canal fluvial, modificando osdeclives, são exemplos de fatos que alteram as condições preexistentes.

Há encadeamentos entre processos, tornando o estado de equilíbrio de um ambiente dependentedo que está ocorrendo em outro. A ampliação ou redução do processo erosivo, em uma área,pode gerar alterações no comportamento do processo deposicional em outra. As lagoas deJacarepaguá, Camorim e Tijuca encontram-se em situação de dependência quanto ao volume deáguas e sedimentos que recebem dos maciços, via canais fluviais.

Os resultados da ação antrópica tendem a ser expressos pelo aumento significativo doescoamento superficial. Os altos valores da densidade de drenagem em áreas urbanas, pelainstalação de galerias pluviais e impermeabilização do solo, tornam mais rápido o escoamentodas águas. A cidade de Harlow, na Inglaterra, construída em uma bacia de 21 Km2, sobreterrenos bastante impermeáveis, passou a produzir grandes variações no escoamento: o córregoCanon’s Brook, para uma chuva de 5 mm em uma hora aumentou em 460% sua vazão, teve otempo de alcance do pico de vazão e da duração da cheia reduzidos para a metade (Drew, 1986).

Aumentando o escoamento superficial, a infiltração é diminuída criando menor disponibilidade deágua para abastecer os rios, fora do momento de chuva. Os canais efêmeros tendem a crescer,em extensão, para jusante. Na drenagem permanente, a redução do fluxo permite a expansão davegetação no leito do canal, fato observado em muitos pontos da bacia hidrográfica deJacarepaguá. O crescimento da vegetação é estimulado também pelo lançamento de entulho eáguas servidas, que acabam por dificultar o escoamento das águas ao mesmo tempo em que sãolançados nutrientes (Nitrogênio e Fósforo) favorecendo a proliferação de micro organismos, algas,insetos, anfíbios e roedores. Com o processo de expansão urbana na área, pode-se deduzir quechuvas de mesma intensidade serão responsáveis por vazões cada vez maiores, ao longo dotempo. Essa diferença representa uma inversão na lógica do processo. Ao mesmo tempo, oscanais tendem a ficar cada vez mais estreitos, colmatados e assoreados.

Ao estudar os processos erosivos, no maciço da Tijuca, destacam-se as chuvas entre 0,1 e 10,0mm como a classe mais freqüente (24%) e as chuvas entre 10,1 e 70,0 mm como asresponsáveis pelo maior volume precipitado (61%). Entretanto as grandes chuvas, superiores a100,0 mm, possuem uma freqüência menor que 1% (Coelho Netto, 1979).

Como foi colocado anteriormente, mesmo que as freqüências de chuvas, de determinado nível,não estejam aumentando, seus efeitos assumem valores maiores pela interferência humana.Assim é possível que, nos dias atuais, chuvas de menor intensidade produzam efeitossemelhante aos provocados por temporais no passado, intensificando o trânsito de águas esedimentos para a baixada. A importância das possibilidades de repetições de eventos raros vemmerecendo a atenção de inúmeros pesquisadores, (Hirschbueck, 1987).

Os fluxos de água e sedimentos são levados do maciço para a Baixada de Jacarepaguá, nãoexistem condições necessárias e suficientes de transferência dos pacotes sedimentares para o

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mar. Em praticamente todos os níveis de fluxo o destino final dos sedimentos são as lagunascosteiras, especialmente a da Tijuca, que encontra-se num estágio avançado de assoreamento.

4.1.2.5 Movimentos de Massa

Entre os processos responsáveis pelo fornecimento de carga para os canais fluviais estão osmovimentos de massa. Ocorrem como conseqüência da ação da força de gravidade sobre osmateriais existentes em encostas. Podem acontecer de diversos modos, com velocidades quevariam de muito lentas a muito rápidas, atingindo, periodicamente, grandes proporções em área eem volume de massa deslocada.

Nos relevos elevados da borda atlântica brasileira, vários eventos dessa natureza têm ocorrido esido descritos, tomando-se conhecimento do modo como se manifestaram, da grandeza queatingiram e de suas conseqüências, entre eles destacam-se os eventos ocorridos no Vale doParaíba, em dezembro de 1948, (Sternberg, 1949); na cidade de Santos, em março de 1956,(Pichler, 1957); na cidade do Rio de Janeiro, em janeiro de 1966 e fevereiro de 1967, (Meis &Silva, 1968); na Serra das Araras, em janeiro de 1967, (Domingues, 1971); na Serra deCaraguatatuba, em março de 1967 (Cruz, 1974); na cidade de Angra dos Reis, fevereiro de 1985,(Marques, 1988), nas cidades do Rio de Janeiro e Petrópolis em fevereiro de 1988, (Barros, 1988)e mais recentemente os deslizamentos de Jacarepaguá, ocorridos em 1996.

Todos esses eventos estão associados a períodos de grande volume e intensidade de chuvas,indicando ser a água um importante componente para ocorrência desse tipo de movimento. Dosfatores comumente apontados como capazes de predispor o ambiente para esse processo, estãopresentes: a topografia com declives elevados; encostas com mantos espessos de materialdecomposto; blocos soltos em superfície ou embutidos em material fino; pouca coesão domaterial existente nas encostas; presença de fraturas, diques e contatos litológicos; ocorrência deplanos de deslizamento no contato dos afloramentos com o regolito; sobrecargas nas encostaspor acúmulo de água, edificações, construção de estradas e arruamentos; modificações nacirculação de águas em superfície e subsuperfície; solapamento da base das encostas por erosãonatural e cortes na base de tálus e colúvios.

Nos movimentos de massa ocorridos no Rio de Janeiro, em 1966 e 1967, muitos desses fatores,com maior ou menor importância, estiveram presentes. Os movimentos eclodiram, principalmente,no Maciço da Tijuca durante um período de muitas chuvas, sendo algumas de excepcionalintensidade. O evento ocorrido nas Furnas da Tijuca foi um dos maiores já ocorridos. Sua cicatrizteve cerca de 600 metros de eixo longitudinal por cerca de 40 metros de eixo transversal. Forammobilizados materiais grosseiros, incluindo matacões de grande porte, embebidos numa matrizfina, composta por materiais de fração argilosa. O material desceu a encosta em duas corridassucessivas num um intervalo de 15 horas. O material foi lançado no canal do Rio Cachoeira,represando-o temporariamente. O destino final dos materiais mais finos foi a Lagoa da Tijuca(Meis & Silva, 1968).

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Em Furnas da Tijuca, Caraguatatuba e Serra das Araras, o material deslocado das encostas foiconduzido ao canal fluvial, produzindo represamentos temporários do fluxo de água. Após orompimento da barragem ocorre uma onda de choque capaz de provocar um enorme desastre,geralmente acompanhado por perdas materiais e humanas (Marques, 1988).

Trata-se, portanto, de contribuição de grande volume de carga para os rios. São ocorrências quepodem ser únicas ou múltiplas dentro de uma bacia e que têm baixa freqüência. O nível deenergia, nesses eventos é alto e eles podem acontecer, simultaneamente, com ações deescoamento torrencial. Ambos, pela energia que possuem, são capazes de mobilizar materiais demaior talhe do que aqueles normalmente levados pelo escoamento superficial, via de regraconstituídos de areia fina, silte e argila.

Os movimentos de massa desempenharam importante papel no desenvolvimento das vertentesdo Brasil Sudeste e Meridional. Encontram-se especialmente ligados às condições climáticasúmidas, ao intemperismo químico profundo e a inclinação e altura das vertentes. Eles ocorremfreqüentemente nas áreas montanhosas e acidentadas, sendo característicos dos terrenosantropicamente degradados. Os depósitos de colúvio que recobrem, freqüentemente, asvertentes do sudeste brasileiro, constituem testemunhos de antigos movimentos de massa (Meis& Silva, 1968).

No passado geológico os movimentos de massa tiveram um controle climático de caráter cíclico.A paisagem mostra uma seqüência de cicatrizes por movimentos de massa em épocas distintas.Sua recorrência está relacionada às mudanças climáticas, as quais alteram as condições decobertura vegetal e hidrológicas do subsolo (Bigarella, 1978).

O maciço da Tijuca está repleto de cicatrizes nas encostas que evidenciam as ações erosivasmais recentes. O mesmo ocorre no maciço da Pedra Branca, porém em menor escala. Hoje, acada chuva no Rio de Janeiro, aumenta a expectativa da Defesa Civil e da população, quanto àocorrência de inundações e de deslizamentos nas encostas. Isto decorre das conseqüênciascatastróficas presenciadas em eventos anteriores.

Ao eleger a cicatriz do movimento de massa de Furnas da Tijuca para acompanhamento da suaevolução, pelas facilidades de ali retornar sucessivas vezes, foi possível observarcomportamentos que continuaram promovendo o deslocamento de material rumo às calhasfluviais. A vegetação rapidamente colonizou toda a cicatriz. A área não se estabilizou: novosmovimentos ocorreram nas posições mais a montante, seguindo várias linhas de cisalhamento.Os novos deslizamentos acompanhavam a forma côncava da calha e, na superfície do terreno,dispunham-se como degraus em arco. Antes que o processo fosse acelerado, novas obras foramrealizadas. No fundo da calha havia ficado muito material de talhe heterogêneo, destacando-se osgrandes matacões. Esse material passou a ser trabalhado pelo escoamento superficial de águaspluviais e pela ação de um riacho, que se instalou, após o movimento de massa, no centro dacicatriz. As águas do riacho, em alguns trechos, retiraram o material fino existente entre matacõese, em outros locais, penetram entre os blocos, aflorando mais adiante em superfície (Marques,1990).

Cabe ainda ressaltar que esses processos são capazes de construir novos depósitos sobre asplanícies na baixada e assorear o fundo dos vales, mais a montante. Em Caraguatatuba, houveenergia suficiente para carrear a maior parte do material liberado pelos movimentos de massa atéo baixo curso do rio, tornando a planície mais alta, plana e com um declive mais acentuado demontante para jusante. O rio encaixou-se. Na Serra das Araras, sedimentos foram levados para obaixo curso, mas vales em forma de “V” passaram, com o entulhamento, a ter fundo plano.Lentamente o rio foi se encaixando, transformando os depósitos em pequenos terraços.

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Os aluviões e colúvios antigos, que constituem os depósitos que circundam o sopé dos maciços,na Baixada de Jacarepaguá, possuem rios encaixados sem evidências de construções de diquesmarginais. Há, portanto, razões para relacionar esses depósitos às antigas cicatrizes dasencostas dos maciços e, consequentemente, a processos como os descritos, responsáveis peladeposição de grandes volumes de material.

4.1.2.6 Altitudes

A área ocupada pelas bacias fluviais que compõem a Macrobacia de Jacarepaguá é deaproximadamente 300 km². Tomando-se como referência a curva de nível de 20m, pode-sededuzir que a área ocupada pelas bacias fluviais em terrenos elevados no Maciço da Tijucarepresentam cerca de 70% da área total da Macrobacia. Os demais 30% correspondem as áreasde baixada.

Nos quadros 4.4 e 4.5 apresentados estão separadas, por classes, as altitudes existentes nasbacias analisadas, respectivamente, por valores absolutos, relativos e relativos acumulados.Delas derivam as observações apresentadas a seguir.

As bacias do rio do Anil e do Arroio Fundo, além de serem as maiores em área, são as quepossuem terrenos em maiores altitudes, acima dos 1.000 m; com exceção da bacia do RioPiabas, com terrenos que atingem a faixa dos 400 a 500 m, todas as demais drenam terrenoscom altitudes superiores a 600 m; as bacias dos Rios Pavuninha, Vargem Pequena, Piabas eArroio Pavuna têm, relativamente, menor percentagem de terrenos elevados do que as demais;as bacias dos rios Cachoeira e Camorim possuem altitudes médias superiores a 400 m; 63% dabacia do rio Vargem Grande tem, altitudes superiores a 200 m; metade da área das bacias dosRios da Barra, Anil e Branco, possuem altitudes superiores a 100 m; as bacias dos rios da Barra,Cachoeira, Anil, Arroio Fundo, Camorim e Vargem Grande apresentam mais de 80% de sua áreaocupada por terrenos de altitudes superiores a 20 m.

Esses dados mostram, de maneira expressiva, a grande amplitude de relevo existente em todasas bacias, considerando-se que as áreas totais de cada uma são relativamente pequenas, pois amaior delas, a do Arroio Fundo, tem apenas 55 Km2. Portanto, há o predomínio dos terrenos dealtitude elevada, em quase todas as bacias. Os altos declives existentes nos dois maciços estãoassociados aos terrenos elevados e suas grandes amplitudes constituem elementos quefavorecem os processos de escoamento de águas (Costa, 1986).

Quanto aos terrenos baixos, com altitudes inferiores a 20 m, destacam-se em termos relativos, asBacias dos Rios das Pedras (39%), Pavuninha (54%), Vargem Pequena (56%), Piabas (50%) eArroio Pavuna (56%). Em termos absolutos, as bacias mais expressivas, em áreas de terrenoscom altitudes baixas, são as do Rio Piabas, com 9 Km2, a do Arroio Fundo com 11 Km2 e a doArroio Pavuna com 12 Km2.

Desníveis acentuados ocorrem entre as cotas de 200 e 600 m de altitude na bacia do Rio daCachoeira e o mesmo pode ser observado entre as cotas de 500 e 700 m para o Rio Camorim.As altitudes intermediárias entre esses valores representam conjuntos de área significativos, nototal, correspondendo a 65% na Bacia do Rio Cachoeira e 46% na do Rio Camorim. Essasposições correspondem à presença de níveis de base locais, que ocorrem nos perfis longitudinaisdesses rios, correlacionados às formações lito-estruturais dos maciços.

Quadro 4.4 – Área das bacias, por classes de altitude (km2)

CLASSES DE RIO DA RIO RIO DAS RIO DO ARROIO ARROIO RIO PAVU- RIO RIO VARGEM RIO RIO VARGEM RIO

ALTITUDE (m) BARRA CACHOEIRA PEDRAS ANIL FUNDO PAVUNA NINHA CAMORIM PEQUENA BRANCO GRANDE PIABAS

0-20 0,900 1,350 4,600 5,425 11,350 12,650 5,800 1,075 9,320 2,475 1,475 10,100

20-100 1,275 1,125 2,250 7,200 22,130 3,650 2,175 0,475 2,650 1,375 2,175 3,450

100-200 1,175 1,225 1,750 4,025 6,870 2,350 1,075 0,575 2,480 1,475 2,325 3,400

200-300 0,450 2,200 1,225 3,600 4,700 1,325 0,725 0,700 1,250 1,100 2,775 1,925

300-400 0,275 3,725 0,700 2,725 2,675 1,075 0,350 0,475 0,700 1,025 2,500 1,125

400-500 0,325 3,525 0,400 1,725 2,225 0,725 0,250 1,375 0,230 0,700 1,925 0,150

500-600 0,250 3,550 0,325 1,225 2,600 0,425 0,175 1,900 0,170 0,450 1,225 0,000

600-700 0,100 1,675 0,200 0,975 1,975 0,050 0,075 0,500 0,050 0,375 0,625 0,000

700-800 0,050 1,000 0,100 0,525 0,850 0,025 0,000 0,025 0,000 0,200 0,575 0,000

800-900 0,025 0,300 0,050 0,375 0,525 0,000 0,000 0,000 0,000 0,025 0,525 0,000

900-1000 0,000 0,075 0,025 0,150 0,075 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,175 0,000

1000-1100 0,000 0,000 0,000 0,025 0,025 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000

Total 4,825 19,750 11,625 27,975 56,000 22,275 10,625 7,100 16,850 9,200 16,300 20,150

Fonte: Marques (1990)

Quadro 4.5 – Distribuição percentual da área das bacias, por classes de altitude

CLASSES DE RIO DA RIO RIO DAS RIO DO ARROIO ARROIO RIO PAVU- RIO RIO VARGEM RIO RIO VARGEM RIO

ALTITUDE (m) BARRA CACHOEIRA PEDRAS ANIL FUNDO PAVUNA NINHA CAMORIM PEQUENA BRANCO GRANDE PIABAS

0-20 18,65 6,84 39,57 19,39 20,27 56,79 54,59 15,14 55,31 26,90 9,05 50,12

20-100 26,42 5,70 19,35 25,74 39,52 16,39 20,47 6,69 15,73 14,95 13,34 17,12

100-200 24,35 6,20 15,05 14,39 12,27 10,55 10,12 8,10 14,72 16,03 14,26 16,87

200-300 9,33 11,14 10,54 12,87 8,39 5,95 6,82 9,86 7,42 11,96 17,02 9,55

300-400 5,70 18,86 6,02 9,74 4,78 4,83 3,29 6,69 4,15 11,14 15,34 5,58

400-500 6,74 17,85 3,44 6,17 3,97 3,25 2,35 19,37 1,36 7,61 11,81 0,74

500-600 5,18 17,97 2,80 4,38 4,64 1,91 1,65 26,76 1,01 4,89 7,52 0,00

600-700 2,07 8,48 1,72 3,49 3,53 0,22 0,71 7,04 0,30 4,08 3,83 0,00

700-800 1,04 5,06 0,86 1,88 1,52 0,11 0,00 0,35 0,00 2,17 3,53 0,00

800-900 0,52 1,52 0,43 1,34 0,94 0,00 0,00 0,00 0,00 0,27 3,22 0,00

900-1000 0,00 0,38 0,22 0,54 0,13 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 1,07 0,00

1000-1100 0,00 0,00 0,00 0,09 0,04 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00

Fonte: Marques (1990)

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4.2.1.7 Drenagem

Um dos primeiros passos para caracterizar e analisar a rede de drenagem é dado quando érealizada a sua restituição. Diferenças ocorrem nos resultados, dependendo entre outras causasda documentação utilizada e sua escala. Outro problema ocorre na restituição da rede dedrenagem quando são mapeados canais permanentes, intermitentes e efêmeros, (Christofoletti,1983)

A restituição realizada, por (Marques, 1990), na escala de 1:50.000 para a Bacia Hidrográfica deJacarepaguá, incluiu os canais efêmeros, tendo o cuidado de mapeá-los somente quandoexistiam vertentes em seus flancos. Em bacias de pequena área as respostas às chuvas sãomuito rápidas e os canais efêmeros representam os caminhos preferenciais, de início deconcentração de águas, não só superficiais como também subsuperficiais.

A maior ordem hierárquica de canais fluviais corresponde a 6a ordem, identificadas para o Rio doAnil e Arroio Fundo; na 5a ordem estão incluídos os rios Cachoeira, das Pedras, Arroio Pavuna,Pavuninha, Vargem Pequena e Vargem Grande; na 4a ordem os Rios Camorim e Branco. O Rioda Barra é o de menor hierarquia, seu canal é de 2a ordem (Marques, 1990).

Sobre os Maciços da Tijuca e Pedra Branca, os canais restituídos como de 1a ordem são todosefêmeros. Nas maiores bacias, há canais efêmeros que chegam a atingir a 3a ordem. Nãoexistem diferenças acentuadas entre as áreas elevadas dos maciços da Tijuca e da PedraBranca. As relações entre o número de canais de primeira e segunda ordem possuemcoeficientes em torno de quatro. O Rio da Barra com o valor de 3,3 e o Piabas com o valor de 4,4constituíram os casos mais extremos, (Marques, 1990) .

O mesmo ocorreu com os respectivos comprimentos dos canais; os de 1a ordem têm umcomprimento médio em torno de 200 m. O valor mais afastado foi encontrado para o rio Piabascom 286 m. Para os de 2a ordem, o comprimento médio ficou em torno de 300 m, tendo comosituações mais extremas os valores encontrados para os rios das Pedras, com 490 m e do Anil,com 540 m. As relações de bifurcação entre a 2a e a 3a ordem variaram mais, ficando entre 3 e 5(Marques, 1990).

Esses dados demonstram que há similaridade nas características da malha mais fina dedrenagem, em todas as bacias, conforme ilustra o mapa de sub-bacias em anexo, inclusive paraos canais de 3a ordem, cujos comprimentos médios variam apenas entre 450 a 730 m, comexceção do Rio Pavuninha, com 1000 m. Em cada uma das bacias, a malha da drenagem temmuito maior comprimento nas áreas mais elevadas. A participação relativa do comprimento doscanais na área elevada é apresentada no quadro 4.6:

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Quadro 4.6 – Participação relativa do comprimento dos canaisem áreas elevadas

PARTICIPAÇÃO EM ÁREAS ELEVADAS DOS CANAIS DENOME DO RIO

1a ORDEM EM RELAÇÃO AO COMPRIMENTO TOTAL (%)

Cachoeira 98

Camorim 98

Anil 97

Arroio Pavuna 97

Vargem Grande 97

Branco 95

Arroio Fundo 92

das Pedras 87

da Barra 80

Piabas 79

Pavuninha 72

Vargem Pequena 70Fonte: Marques (1990)

Nesses valores, calculados para as áreas com cotas superiores a 100 metros de altitude,observa-se que a drenagem na área elevada é mais expressiva. Portanto, as águas chegam nabaixada de modo concentrado, uma vez que a densidade de drenagem nas áreas baixas ébastante pequena.

A rede de drenagem existente nas bacias deve ser vista, também, em função de sua densidade.Na natureza dinâmica da bacia hidrográfica, a densidade de drenagem possui duas funçõesdistintas:

a) Responder aos controles exercidos pelo clima, vegetação, litologia e outras características daárea drenada;

b) Influenciar o escoamento e o transporte de sedimentos para a bacia de drenagem.

Os valores obtidos para a densidade de drenagem das bacias apresentam-se no quadro 4.7, aseguir:

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Quadro 4.7 – Densidade de drenagem

NOME DO RIO D1 (total) D2 (área elevada) D2/D1

Arroio Pavuna 5,85 13,00 2,22Rio das Pedras 8,93 12,88 1,44Rio Vargem Grande 9,18 9,80 1,07Rio Branco 7,27 9,44 1,30Rio Cachoeira 8,79 9,24 1,05Rio Camorim 7,17 8,29 1,16Rio do Anil 6,40 7,69 1,20Rio Paraminho 4,77 7,52 1,58Rio Piabas 4,68 7,43 1,59Arroio Fundo 6,42 7,42 1,16Rio Vargem Pequena 4,56 7,11 1,56Rio da Barra 2,16 2,12 0,98

Fonte: Marques (1990)

Nos valores obtidos para a densidade de drenagem, para o total das bacias, pode-se afirmar queas bacias dos Rios da Barra, Anil, Arroio Fundo, Arroio Pavuna, Rio Pavuninha, Vargem Pequenae Piabas possuem baixa densidade e as demais média densidade, segundo método proposto porStrahler (1982).

Os resultados obtidos para a densidade, apenas para a área elevada, refletem melhor odesempenho da rede de drenagem, no sentido de explicar a sua importância na captação deáguas do escoamento superficial e subsuperficial. Estes valores atribuem para as bacias do Riodas Pedras e do Arroio Pavuna, uma classificação de alta densidade e todos os demais, comexceção do Rio da Barra que tem densidade baixa, são classificadas como de média densidade.A alta freqüência de lineamentos estruturais e o alto grau de dissecação do relevo, fatos comunsas Bacias do Rio das Pedras e ao Arroio Pavuna, respondem como principais fatores nadeterminação do alto valor da densidade de drenagem nelas existentes.

Ao comparar as densidades de drenagem do conjunto de bacias de um maciço com as do outro,verifica-se que não há o aparecimento de dois grupos distintos. Existem similaridades, inclusivequanto às diferenças internas encontradas nos dois maciços.

4.1.2.8 Perfis Longitudinais dos Rios

O perfil longitudinal dos rios permite inferir, pelas suas características, as condições oferecidas aotransito das águas. O perfil longitudinal corresponde ao resultado da ação fluvial exercida sobre oterreno, ao longo do tempo. Os perfis longitudinais dos rios dos maciços da Tijuca e da PedraBranca foram modelados sobre relevos que se originaram pela atuação de forças tectônicas. Omodelado foi sendo esculpido sob condições climáticas diferentes, que sucederam-se do final doTerciário até o presente. De fato, "o perfil longitudinal de um rio mostra a sua declividade, ougradiente, sendo a representação visual da relação entre a altimetria e o comprimento dedeterminado curso de água, para diversas localidades situadas entre a nascente e a foz"(Christofoletti, 1981).

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Em todas as bacias, do Maciço da Tijuca e do Maciço da Pedra Branca, os gradientes possuemvalores elevados, principalmente, nas áreas de maiores altitudes e valores bastante baixos nafaixa de altitude inferior a 20 m. A partir disto podem ser realizadas algumas observações:

a) Rio da Barra, o Rio do Anil e o Rio Vargem Pequena são os que apresentam os maioresgradientes em seus perfis, nos trechos mais elevados. Com gradientes fortes, porém menoselevados, no alto curso e com gradientes mais fracos no médio curso estão o Rio das Pedras,Arroio Fundo, Arroio Pavuna, Rio Pavuninha, Rio Branco e Rio Vargem Grande;

b) Os perfis longitudinais dos Rios Cachoeira e Camorim evidenciam a presença de rupturas dedeclives tendo gradientes mais baixos;

c) Rio Piabas tem, ao longo do seu perfil, gradientes que se aproximam de valores constantes,com exceção da área de sua cabeceira onde possuem valores mais expressivos, mesmoassim, possui o perfil mais suave de todos;

d) Os gradientes dos perfis, nos baixos cursos, têm valores pequenos, inferiores a 1, comexceção do Rio Piabas;

e) Rio do Anil e o Arroio Fundo são os que possuem trechos com os mais baixos gradientes, queaparecem na faixa de 20 a 100 m de altitude;

f) Os canais fluviais, antes de atingirem os terrenos embrejados da baixada, possuemgradientes menores do que os dos terrenos sedimentares em que estão encaixados,indicando assim o condicionamento estrutural das drenagens.

4.1.2.9 Dados sobre Chuvas Observadas

Existem diferenças nos valores de chuva entre os maciços e a baixada e às vezes nas datas deprecipitação, indicando que pode chover na baixada e não chover nos maciços e vice-versa. Osdados de precipitação diária (coletados por Marques, 1990) para os postos de Jacarepaguá eCapela Mayrink indicam a ocorrência dos dias em que foram registradas precipitações. Os dadosobtidos de precipitação totalizam a chuva diária, não permitindo sincronizar o momento dasmensurações de vazão com a parcela da chuva naquele instante ou mesmo antes, conformemostra o quadro 4.8.

Observando os valores de precipitação apresentados no quadro 4.8 e, principalmente, os valoresobtidos na relação (b)/(a), pode-se afirmar que os totais precipitados na Capela Mayrink são, viade regra, muito maiores que os observados em Jacarepaguá.

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Quadro 4.8 – Chuvas observadas

PRECIPITAÇÃO DIÁRIA (mm)DATA

JACAREPAGUÁ (a) CAPELA MAYRINK (b)(b)/(a)

24/07/85 9,00 15,00 1,6725/07/85 3,00 6,30 2,1001/09/85 24,20 35,60 1,4704/11/85 15,70 42,40 2,7004/12/85 52,50 68,90 1,3105/12/85 20,00 41,80 2,0903/01/86 2,20 4,70 2,1413/02/86 17,90 21,20 1,1820/03/86 8,50 4,20 0,4921/03/86 9,40 26,20 2,7923/04/86 8,80 47,80 5,4324/04/86 0,10 1,90 19,0002/07/86 0,20 0,00 0,0003/07/86 17,10 27,30 1,6027/12/86 21,90 28,00 1,2828/12/86 26,50 16,00 0,6029/12/86 15,60 13,30 0,8530/12/86 15,40 42,80 2,78

Fonte: Marques (1990)

4.1.2.10 Dados sobre Vazões e Transporte de Sedimentos

Os dados relativos a vazão dos rios e canais e o transporte de sedimentos correspondem àqueleslevantados por Marques (1990), de acordo com os procedimentos que se seguem:

− definição das bacias fluviais que compreendem a Macrobacia de Jacarepaguá – rio da Barra,rio Cachoeira, rio da Pedras, rio do Anil, Arroio Fundo, Arroio Pavuna, rio Paraminho, rioCamorim, rio Vargem Pequena, rio Branco, rio Vargem Grande, rio Piabas, canal deSernambetiba, canal da Barra, canal de Marapendi e canal de Camorim.

− as medidas de vazão e o recolhimento de amostras seguiram o método preconizado porMarques & Argento (1988):

n Levantamento do perfil topográfico transversal dos canais,n Medição de velocidade de fluxo com a utilização de flutuadores, bóias e cronômetro,n Recolhimento das amostras de água com sedimentos,n Pipetagem para determinação dos valores de silte e argila presente nas amostras.

− Os trabalhos compreenderam coletas mensais no período de agosto de 1985 até julho de1986, cobrindo uma rede de 16 pontos de coleta distribuidos pela Macrobacia deJacarepaguá.

Quanto ao débito de margem plena, definido "como o débito que preenche, na medida justa, ocanal fluvial e acima do qual ocorrerá transbordamento para a planície de inundação", em setratando de canais encaixados, que não apresentam uma planície de inundação, optou-se por

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delimitá-lo na altura do nível que promove, no local mais próximo a foz de cada canal(Christofoletti, 1981).

Para os canais das lagoas foi considerado, como nível de margem plena, a posição delimitadapela presença de vegetação, que marca o nível maior de oscilação do espelho d’água da lagoa.

É necessário esclarecer, ainda, que poderá ser observada, nas seções dos canais,principalmente, de rios de menor porte, a presença de muros nas margens. Para oestabelecimento da vazão e da quantidade de sedimentos transportados estas construções nãointerferem nos cálculos, mas provocam alterações no regime dos canais, aumentando asvelocidades e o conseqüente transporte de sedimentos para jusante.

4.1.2.11 Os Canais das Lagoas

As observações relativas às lagoas, realizadas por Marques (1990) durante o período de julho1985 a julho de 1986, buscavam mensurar as quantidades de água e sedimentos que eramlançados para o mar pelo Canal da Joatinga e Canal de Sernambetiba. Outras seções foramobservadas, com o objetivo de estimar as trocas realizadas entre as lagoas de Marapendi e Tijucaque se dá através do Canal de Marapendi e, finalmente, mensurar a circulação existente entre alagoa de Jacarepaguá com a da Tijuca, através da colmatada Lagoa do Camorim.

Para as lagoas, as variações de nível representam os resultados da chegada de águascontinentais e as ações das marés. Como para os canais fluviais, as amostras de água esedimentos foram recolhidas a uma profundidade de 10 a 20 cm da superfície. Os resultadosobtidos para os sedimentos incluem o peso da matéria orgânica e do sal. Este fato fica bemevidente, para o Canal da Barra, que possui uma abertura franca para o mar. Neste canal, o demaior presença de água salgada, os resultados foram extremamente elevados em relação aosdemais por incluir o sal. Nos outros canais, embora o sal esteja presente em menoresproporções, a ocorrência de matéria orgânica ganhou destaque (Marques, 1990).

♦ Canal de Sernambetiba A ligação do Canal de Sernambetiba, com o mar, sofreu várias interrupções durante o período dejulho de 1985 a julho de 1986, em virtude de bancos arenosos que se formaram, diversas vezes,na saída do canal. Nessas ocasiões não havia fluxo e as águas ficavam estagnadas. A vazão máxima foi de 7,66 m3/s com uma largura de 34,95 m, uma profundidade de 1,50 m euma velocidade de 0,38 m/s. A variação máxima entre o maior e o menor nível no canal foi de0,95 m. O menor valor de carga obtido foi de 11,50 Kg/s e o maior de 201,98 kg/s. Em ambos oscasos predominavam materiais de tamanho coloidal, equivalentes à fração argila, isto é, comdiâmetros inferiores a 0,002 mm.

♦ Canal da Barra

A vazão mínima observada foi de 25,52 m3/s para uma largura de 54,3 m, profundidade de 3,6 me velocidade de 0,24 m/s. A vazão máxima observada foi de 125,49 m3/s, com uma largura de54,3 m, profundidade de 3,6 m e velocidade de 1,18 m/s. Essa medida correspondeu a um fluxo,em direção ao mar, dando saída às águas acumuladas a partir de chuvas ocorridas.

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A vazão máxima observada foi de 65,07 m3/s, para uma largura de 46,10 m, profundidade de 4,0m e velocidade de 0,5 m/s. A carga mínima transportada foi de 98,21 Kg/s e a carga máxima, de3017 Kg/s, predominando material "equivalente à fração argila", porém com valores elevados dematerial "equivalente à fração silte". A diferença do total de carga, desse dia para os demais, foiextremamente grande. A maior variação de nível das águas foi de 0,40 m.

4.1.2.12 Algumas Relações sobre a Geometria Hidráulica

As medidas obtidas nos canais dos rios, foram trabalhadas, visando estabelecer uma primeiraaproximação do papel que os rios desempenham, com os seus fluxos de água e de sedimentos,nos processos de sedimentação na Baixada de Jacarepaguá. Com os dados constantes das devazões e sedimentos em suspensão foram feitas regressões simples, uma para cada canal. OsCoeficientes de Correlação (R) e os Coeficientes de Determinação (R2) calculados para cadaregressão estabelecida, apresentaram valores elevados.

Constata-se que as variações de vazão são absorvidas principalmente pela profundidade/largurae velocidade, isto é, quando a vazão aumenta tanto a profundidade quanto a largura aumentam,provocando o transporte de sedimentos depositados no leito do canal. No Rio das Pedras, no Riodo Anil, no Arroio Fundo e no Arroio Pavuna o valor mais sensível é o da profundidade, vindo aseguir o da velocidade, com exceção do Arroio Pavuna. Para o Rio Piabas, Vargem Grande,Branco, Vargem Pequena, Pavuninha, Camorim, Cachoeira e da Barra as alterações são,principalmente, na velocidade e, a seguir, na profundidade, com exceção do Rio Pavuninha.

A explicação da variação da largura é função da posição do trecho do canal estar mais próximodo nível dos terrenos, embrejados. Quanto ao Arroio Pavuna, a sinuosidade é a provável causapara uma grande sensibilidade à variação de largura. Os trechos dos rios, onde foram feitas asobservações, não apresentam variações de profundidade, decorrente de trabalho erosivo vertical.Portanto, as variações de profundidade referem-se, apenas, à altura do nível das águas.

Para o transporte de sedimentos em função da vazão, os Coeficientes de Correlação (R) e osCoeficientes de Determinação (R2) calculados para cada regressão estabelecida, apresentaramvalores elevados. Os valores menos significativos foram: argila/vazão para o Rio Piabas. Avariação da quantidade de material transportado, em função das mudanças do valor da vazão, égrande. Os altos coeficientes angulares demonstram essa sensibilidade pela grande inclinaçãodas retas. O coeficiente angular, das equações que relacionam vazão e sedimentos emsuspensão, quando é superior a 1,0 indica que o aumento da carga ocorre em maior proporçãodo que as outras variáveis da geometria hidráulica, (Leopold & Maddock, 1953).

O aumento da carga, além de estar relacionado ao aumento do volume do fluxo, tem uma estreitaligação com a velocidade da corrente. Nesse sentido, as concentrações maiores de sedimentosestão relacionados a velocidades mais altas que por sua vez estão dependem de uma vazãomaior. Desta forma, a intensidade, duração e distribuição das chuvas, numa bacia de drenagem,são responsáveis pelos totais de sedimentos passíveis de serem transportados assim como pelavelocidade do fluxo, (Christofoletti, 1981).

O fato do fluxo de água conter sedimentos tem grande importância para o desenvolvimento dotrabalho erosivo fluvial. A capacidade de erosão de um rio depende das partículas por eletransportadas. As águas que descem, dos maciços para a baixada, trazem consigo sedimentosextraídos das áreas das vertentes pelo escoamento das águas pluviais, assim como, sedimentosresultantes da ação erosiva do fluxo, no fundo e nas paredes dos canais fluviais. Os elevadosgradientes dos canais principais aumentam o nível da energia potencial dos fluxos. Com isto,ganha-se capacidade erosiva. Grandes volumes de água deslocando-se a velocidades altas,

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tendem a caracterizar o fluxo torrencial. Nessas condições, o alto nível de energia está disponívelpara produzir erosão, (Suguio & Bigarella, 1979).

Na área em questão, a maior parte dos canais corre por vales encaixados, às vezes ladeados pordepósitos de sedimentos antigos. Assim, quando ocorrem temporais, grandes volumes de águadescem pelos canais a grandes velocidades e como não podem entalhar rapidamente o fundo docanal, repleto de lajes, blocos e matacões, acabam por erodir suas margens. Cicatrizes dessaação aparecem ao longo dos canais. A magnitude alcançada pelo deslocamento de água esedimentos nos canais fluviais, que chegam à baixada, alcança valores elevados, para o Rio daBarra, o menor de todos, em sua maior vazão observada, deslocou um fluxo de 59,82 m3/minutocom uma carga de 6,2 Kg/minuto. O Arroio Fundo, o maior rio, em sua maior vazão observada,deslocou um fluxo de 2.917,32 m3/minuto e 4.419,7 Kg/minuto de sedimentos.

4.1.2.13 Dinâmica Lagunar

Aplicando para os canais das lagoas os mesmos procedimentos adotados para os canais fluviais,foram estabelecidas regressões relacionando vazão, velocidade, largura e profundidade do Canal,com a quantidade de sedimentos transportados. A vazão dos canais das lagoas é dependentedos desníveis existentes entre o nível do mar e o nível da lagoa. Quanto maior o desnívelprovocado pela maré, maior será o deslocamento de águas e sedimentos. A ocorrência degrandes vazões fluviais, no mesmo momento de subidas de marés altas, acumula a água nointerior da lagoa, propiciando o surgimento de inundações nas porções mais a jusante dos rios.Nesses momentos, a saída de águas dependerá, somente, das condições de infiltração nosterrenos do cordão arenoso que separa as lagoas mais interiores da Lagoa de Marapendi. Níveiselevados ou baixos da lagoa podem corresponder a altas ou a baixas velocidades e vazões. Distoresulta uma relação mais indeterminada entre a vazão e as variáveis Largura e Profundidade(Marques, 1990).

O Canal de Sernambetiba mesmo não estando ligado às lagoas, deveria apresentar umcomportamento similar aos demais canais para a relação velocidade/vazão; porém a formação debancos arenosos na sua foz, no mar, modificou seus fluxos e a relação não foi significativa.

Como foram realizadas medidas de vazão no Canal da Barra e deste saem ou entram águaspara a lagoa da Tijuca e a lagoa de Marapendi. Do total de água que passa pelo Canal da Barra,cerca de 3 a 16% entram ou saem da lagoa de Marapendi e cerca de 84 a 97% entram ou saemda lagoa da Tijuca. Essa proporção deve-se ao menor tamanho da seção do Canal de Marapendie aos bloqueios induzidos pelo maior fluxo que se dirige ou sai da lagoa da Tijuca (Marques,1990)

Nas medidas de velocidade efetuadas, não foi levado em conta a distribuição vertical dedensidade da água relativa a presença de cunhas salinas.

Continuamente chegam águas e sedimentos à baixada. Nos períodos mais secos, o fluxo naturalé pequeno, porém ele cresce com a chegada de esgotos, cada vez em maior volume. Quando aschuvas chegam esse volume aumenta chegando a valores muito elevados por ocasião detemporais. Anteriormente foram apresentados os resultados da contribuição fluvial de águas esedimentos, de cada bacia, com os valores máximos que foram amostrados e calculados parasituações críticas. A ordem de grandeza anual de transporte de águas para a baixada é de 593milhões de metros cúbicos e o total de sedimentos alcançam a cifra de 636 milhões de toneladas.Evidentemente, esses valores são passíveis de alterações em função da intensidade, freqüênciae duração das chuvas para um determinado ano. Esses valores, comparados com os de baciasmaiores, podem ser considerados insignificantes, porém águas e sedimentos que chegam à

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baixada não seguem diretamente para o mar ficando grande parte dos sedimentos retidos naslagoas.

Cada vez há menos área de terrenos embrejados e mais facilidade para que o fluxo sejaconduzido para as lagoas e outros canais. O escoamento superficial tende a aumentar com aocupação da área. O crescimento dos fluxos, elevando a sua quantidade de energia, nas áreasde baixada, tende a ampliar a erosão nas margens dos canais e a mobilização de sedimentos.Esse fato associado à expansão da mancha urbana acaba propiciando condições de inundaçõesem posições cada vez mais a montante das áreas onde elas ocorriam naturalmente.

Hoje, as águas das bacias dos Rios Piabas, Branco e Vargem Grande, são conduzidas para oCanal de Sernambetiba e através deste para o mar. Quando ocorrem chuvas mais intensas, suaságuas se espraiam nos Campos de Sernambetiba, já tendo ocorrido inundações na área deconfluência dos Rios Branco e Vargem Grande com o Canal de Sernambetiba. Os Rios da baciada Vargem Pequena lançam suas águas no Canal do Portelo e por este para a Lagoa deJacarepaguá. Em época de muita chuva, o Canal do Portelo, extravasa suas águas para osCampos de Sernambetiba.

Os Rios da bacia do Pavuninha e o Rio Camorim projetam suas águas na porção oeste da lagoade Jacarepaguá. A leste desta lagoa desemboca o Arroio Pavuna que possuí a maior vazão.

Os Rios do Anil e do Arroio Fundo, ambos com grandes vazões, principalmente o segundo,desaguavam na lagoa do Camorim que, atualmente não passa de um canal, repleto desedimentos e macrófitas aquáticas. As desembocaduras dos dois rios foram interligadas por umcanal artificial, que projeta mais para leste a saída das águas. A antiga desembocadura dos doisrios estava provocando o rápido assoreamento da lagoa, no local, dificultando a saída das águasda lagoa de Jacarepaguá (Marques, 1990).

O Rio das Pedras e o Rio Cachoeira tem suas saídas na lagoa da Tijuca. O Rio Cachoeira possuimaior vazão, desembocando na porção mais a leste da lagoa, mais próximo ao Canal da Barra daTijuca; as vezes, em função da direção do fluxo, suas águas podem ganhar diretamente, o mar.O Rio da Barra deságua no Canal da Barra da Tijuca.

De acordo com Marques (1990), as Lagoas de Jacarepaguá, Camorim e Tijuca têm,aproximadamente 8, 29 km2 de área. Em 60% das suas superfícies a profundidade média éinferior a 1 metro, profundidades superiores a 5 m estão presentes em apenas 10% das lagunas.Os trechos de maior profundidade correspondem a um sistema de depressões que se alinham,formando um canal descontinuo, em posição próxima e paralela a margem norte das lagunascosteiras.

Por outro lado, essas considerações e exercícios são pouco úteis, quando sabemos que adeposição é feita preferencialmente nas proximidades dos pontos onde os canais fluviaisdeságuam. Assim, a área crítica de deposição compreende a foz do Arroio Fundo e do Rio do Anilno extremo noroeste da lagoa da Tijuca. Juntos transportam cerca de 400.000 toneladas desedimentos por ano. A posição de lançamento dessa carga, que representa mais de 70 % do totalde sedimentos mobilizados para a baixada, é muito delicada, pois é feita numa das regiões maisestreitas da lagoa da Tijuca e que serve de comunicação para as lagoas do Camorim eJacarepaguá.

Pelo fato de sair mais água do sistema continental para o mar do que entrar, no sentido inverso,parte dos sedimentos em suspensão são retirados das lagoas. Entretanto, a possibilidade deretenção de sedimentos é ampliada, por diversos obstáculos, como aterros, vegetação e bancosarenosos, abundantes na região crítica apontada acima.

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A própria circulação interna das águas e as oscilações induzidas pela maré acabam por facilitar aretenção de sedimentos nas reentrâncias existentes no contorno irregular das margens. A estefator pode ser acrescido o importante papel de entrada de matéria orgânica, fenômeno recente naregião e que precisa ser melhor estudado. Sabe-se que a grande quantidade, cerca de 0,600Kg/s, de matéria orgânica que entra no sistema em suspensão colabora para manter ossedimentos no interior das lagoas, servindo de núcleo aglutinador das partículas inorgânicas que,ao se adensarem, ganham maior condição de precipitação (Mota, 1988).

Cerca de 10% das vazões, dos rios que atravessam a região, correspondem aos lançamentos deáguas servidas e que cerca de 5 % da carga de sedimentos é de origem orgânica. Porpossuírem uma densidade menor, os sedimentos orgânicos são depositados mais lentamentequando comparados com os sedimentos de origem inorgânica. Este fato é o responsável, dentreoutros, pela formação dos lodos orgânicos presenciados em muitos pontos das lagunas costeiras,principalmente nas regiões mais abrigadas dos ventos e correntes.

A Lagoa de Marapendi, só recebe sedimentos fluviais na medida em que as águas do Canal daBarra penetram pelo Canal de Marapendi, sendo que isto representa uma pequena parcela doque circula naquele canal. Ha ligações pelo lençol freático entre a Lagoa de Marapendi e asdemais lagoas da baixada, o mesmo raciocínio se aplica às suas áreas já colmatadas, a oeste,por onde foi aberto o Canal das Taxas. A lagoa é rasa, mais de 50% de sua área temprofundidades inferiores a 1 metro. A maior profundidade registrada, cerca de 8 metros, estálocalizada em sua porção leste, numa depressão estreita. Não há nenhuma evidência topográficada existência de um canal central.

Em todas as lagoas, dragagens e aterros são realizados, alterando a circulação das águas ediminuindo os espaços naturais de expansão dos espelhos d'água em ocasiões de cheias. NaLagoa de Marapendi, na sua porção oeste, até ilhas surgiram como resultado da deposição derefugos provenientes da exploração de conchíferos naturais. Nessa mesma lagoa, os aterros, nasua margem sul, são feitos com areias do fundo da lagoa e na margem norte, com adescaracterização das bordas do cordão litorâneo mais antigo. Nas Lagoas da Tijuca eJacarepaguá aterros também são feitos com dragagens das lagoas, com material das encostasdos maciços ou através de depósitos de lixo urbano. As áreas embrejadas das margens da lagoa,além de aterradas, são também isoladas da lagoa com a construção de estradas, como exemplopode ser mencionada a avenida Emb. Abelardo Bueno que liga o RIOCENTRO e o Autódromo àAvenida Ayrton Senna.

A Lagoa de Marapendi tornou-se salobra após a abertura do Canal de Marapendi. Sua condiçãoanterior indicava uma influência maior das águas da chuva e continentais, o fechamento de sualigação com o mar deixaria sua evolução na dependência dos lançamentos de águas servidas eoutras ações antrópicas.

Deve ser citada, ainda, a presença de uma pequena lagoa, chamada Lagoinha, a oeste da Lagoade Marapendi com a qual está interligada através do Canal das Taxas. Situada entre os cordõeslitorâneos, como um prolongamento da Lagoa de Marapendi, está em avançado estágio deeutroficação, sendo que grande parte de sua extensão é ocupada por tifas.

Para as Lagoas de Jacarepaguá, Camorim e Tijuca acrescenta-se a ação fluvial. O fechamentode sua ligação com o mar implicaria na subida de nível de suas águas mas, em contrapartida, aacumulação de todos os sedimentos trazidos pelos rios. Os Campos de Sernambetiba voltariam aser embrejados, assim como áreas baixas às margens das lagoas. Os baixos cursos dos riosdiminuiriam a velocidade de seus fluxos. A situação inversa, uma maior abertura para o mar,reduziria o nível de suas águas, permitindo uma saída maior de sedimentos e, ao mesmo tempo,

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aumento da ação erosiva dos rios que teriam seus gradientes elevados em relação ao novo nível.Sem a implantação de uma rede coletora de esgotos a poluição orgânica seria sentida maisregularmente na Praia da Barra da Tijuca.

A situação atual das lagoas mais internas é a de um alto nível de eutroficação, recebendo umacarga de sedimentos com volume considerável e com tendência a aumentar em função docrescimento populacional da região.

4.2 CARACTERIZAÇÃO CLIMÁTICA E HIDROSSEDIMENTOLÓGICA

Este item está estruturado em três partes. Na primeira, Aspectos Climáticos da Bacia Hidrográficade Jacarepaguá, busca-se analisar as distribuição, intensidade e freqüência das chuvas queocorrem na região, pressuposto básico para a determinação das vazões máximas dos canaisfluviais e cálculo do total de sedimentos transportados para as lagunas costeiras de Jacarepaguáe Tijuca. Na segunda parte apresenta-se uma classificação climática segundo os pressupostosteóricos propostos por Thornthwaite, quais sejam: índice global de umidade efetiva, variaçãosazonal da umidade efetiva, eficiência térmica média anual, identificação de tipos climáticos,distribuição dos tipos climáticos e indicadores de balanço hídrico. A terceira e última parteapresenta algumas observações sobre as condições naturais de dispersão atmosférica,identificando zonas com distintos graus de criticidade.

4.2.1 Aspectos Climáticos da Bacia Hidrográfica de Jacarepaguá

Localizada ao sul do município do Rio de Janeiro, a área de estudo possui um microclima típicode região litorânea tropical, influenciada por fatores estáticos - latitude, proximidade do mar etopografia e outros de ordem dinâmica – penetração das frentes frias. A baixada de Jacarepaguáé delimitada pelo Maciços Litorâneos da Tijuca – a Leste, e da Pedra Branca – a Oeste.Formando um grande arco, os maciços acabam por condicionar toda a drenagem para as lagunascosteiras ou para áreas embrejadas como a Vargem Grande e Vargem Pequena, cortadas pelocanal de Sernambetiba, Rio Portela e Cortado. Esta região sofreu várias intervenções de macro-drenagem e muitos canais foram abertos, retificados e dragados, sobretudo ao longo dos anos40. Barrando as lagunas ao Sul e alguns dos canais que cortam a baixada, a restinga arenosaestende-se por cerca de 21 km, desde a Barra de Guaratiba até a Ponta da Joatinga.

Em virtude da orientação geral do relevo, que para o Estado do Rio de Janeiro assume oalinhamento Sudoeste - Nordeste, e particularmente, pela presença dos maciços litorâneos nomunicípio do Rio de Janeiro, que se elevam a mil metros de altitude a menos de 10 km da linhade costa, confinando entre os alvéolos intermontanos a ampla planície de Jacarepaguá, os ventoslocais sofrem elevada turbulência, principalmente durante o verão. Correntes convectivas outermais são freqüentemente formadas quando do ar entra em contato com as amplas superfíciesrebaixadas e densamente urbanizadas. Com o superaquecimento grandes quantidades de vapord’água são transferidas para a baixa atmosfera formando nuvens colunares que podem atingirmais de 10.000 metros de altitude. A ascensão forçada do ar também pode ser provocada pelogrande desnível altimétrico observado no território carioca, gerando células de instabilidade, porvezes acompanhada por pesados temporais.

O relevo possui papel decisivo na distribuição das precipitações por conjugar ao mesmo tempoganho de turbulência com perda de capacidade de suporte de vapor d’água. Pode-se demonstrar,partindo das equações propostas por Poisson, citado em Hufty (1984), a relação entretemperatura e pressão de uma partícula de ar que sofre transformações adiabáticas quandodesloca-se verticalmente. Para o ar desprovido de umidade a temperatura cai cerca de 0,98 °C

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para cada 100 metros de ascensão. Quando o ar está repleto de umidade e existe troca de calorentre o ar ascendente e o meio esta taxa cai para cerca de 0,65 °C. Desta forma, a diferença detemperatura média calculada para um ponto situado no centro da planície de Jacarepaguá e outrano Pico da Tijuca a 1021 metros de altitude estará situada na casa dos 8°C. Tomando estesdados como base de cálculo e utilizando a tábua de pressão de vapor e umidade absolutamáxima, proposta por Stralher (1963), é possível determinar a quantidade de água que se podeextrair da atmosfera para a condensação e precipitação. Em outras palavras, para umatemperatura média de 35°C na baixada existe cerca de 35 gramas de água em forma de vaporpor metro cúbico de ar, já para uma altitude equivalente à do Pico da Tijuca a temperaturaprovável seria de 27°C e a quantidade máxima de vapor d’água suportado para cada metrocúbico seria de aproximadamente 25 gramas. Desta forma a perda de calor, motivada pela quedade pressão atmosférica e conseqüente expansão do ar disponibiliza para condensação cerca de10 gramas de água para cada metro cúbico de ar resfriado.

A circulação geral da baixa atmosfera apresenta, no Rio de Janeiro, como primeira predominânciaos ventos que sopram do Sul (S) e Sudoeste (SO), com cerca de 55% da freqüência. A segundapredominância está associada aos ventos de Norte (N) e Nordeste (NE), com 41% do total. Osprimeiros, relativamente mais frescos e úmidos, estão associados às perturbações atmosféricas,geralmente acompanhadas por chuvas, proporcionadas pelo deslocamento das frentes frias sobreo território, já os ventos de N – NE partem do Anticiclone semi-fixo do Atlântico Sul, responsávelpor altas pressões atmosféricas e tempo bom, com ventos relativamente mais quentes e secos.Quanto à velocidade do vento, uma amostragem de 77.376 observações horárias registradas naestação meteorológica de superfície da Base Aérea de Santa Cruz, no período 1981/89,constatou que o percentual de calmaria regional é da ordem de 19,4% do tempo. As velocidadesmais comuns dos ventos situam-se entre 1,5 a 5,0 m/s (67,7%). Em síntese, pode-se concluir queem 96% da freqüência dos ventos estará relacionada a um (S – SO) ou a outro (N – NE) sistemageral de circulação e durante 80% do tempo a região apresenta ventos fracos a moderados.

Como a direção geral das correntes perturbadas provem do Sudoeste, é fácil perceber diante deuma carta topográfica regional na escala de 1:50.000 que as vertentes expostas a esta direçãoestão numa razão de 2:1 quando comparamos os alinhamentos do maciço da Tijuca, com os domaciço da Pedra Branca. Grosso modo, a barreira de barlavento do maciço da Tijuca é da ordemde 20 km de extensão, enquanto na Pedra Branca a linha atinge cerca de 10km. Este simples fatopermite, em teoria, que as encostas do maciço da Tijuca recebam, ao longo de um ano, milharesde metros cúbicos a mais de água em relação às encostas do maciço da Pedra Branca uma vezque as áreas que os maciços ocupam dentro da bacia são relativamente da mesma ordem degrandeza.

A falta de longas séries históricas de dados primários inviabiliza estudos estatísticos comparativose confiáveis. Entretanto, os ganhos de precipitação, do maciço da Tijuca em relação ao maciço daPedra Branca, motivados pela maior exposição de superfícies sujeitas à precipitação orográficadeve representar em média algo em torno de 125 a 250 mm por ano, conforme os dadosapresentados no Anuário Estatístico do Município do Rio de Janeiro 93/94, IplanRio (1994).Quando são confrontados os dados das estações de Jacarepaguá com os dados da estação doAlto da Boa Vista, situada a cerca de 350 m acima do nível do mar é que se pode entender oespetacular ganho de pluviosidade com acréscimos de altitude. Chove cerca de 1000 mm a mais,em média, na estação do Alto da Boa Vista, que dista cerca de 10 km, em linha reta, da estaçãode Jacarepaguá.

Os dados climáticos para a estação de Jacarepaguá são:

a) Período de precipitação pluviométrica máxima vai de dezembro a março (verão) e o deprecipitação mínima, de junho a agosto (inverno). O mês mais seco é julho, com uma

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precipitação média mensal de 50 mm, e o mais chuvoso é janeiro, com média mensal de 300mm;

b) Média anual de nebulosidade é de 6/8 e os períodos de maior e menor nebulosidade sãosetembro - dezembro e maio - agosto, respectivamente;

c) Insolação total anual média observada da ordem de 2.280 h, com valores mais elevadosregistrados no trimestre junho - agosto. Os valores mais baixos são encontrados no períodosetembro - dezembro;

d) Temperatura média anual de 23,5ºC, sendo que a média das mínimas é de 19ºC e a médiadas máximas 29ºC;

e) Evaporação, medida em tanque classe A do USWH (United States Weather Bureau),apresenta valores mais elevados de dezembro a março e menos elevados entre maio e julho,sendo de 700 mm a evaporação média anual;

f) Umidade média relativa do ar atinge valor máximo (88%) no período de maior pluviosidade(dezembro - março) e valor mínimo (65%) entre maio e setembro. A umidade relativa médiaanual observada é de 80%;

g) Pressão atmosférica apresenta uma média anual da ordem de 1.015 hPa (hectopascal). Osmaiores valores de pressão são registrados nos meses de junho a agosto, enquanto que osmais baixos ocorrem entre dezembro e março.

Revisando a bibliografia existente, sobretudo os trabalhos de Barry & Chorley (1984), Roth (1979)e Hufty (1984), foram empregados na determinação das chuvas e consequentemente das vazõesdos principais rios das sub-bacias de drenagem de Jacarepaguá, métodos bastante práticos paraestimar totais pluviométricos em áreas com relevo muito movimentado.

Destacam-se ainda, no método de trabalho proposto por Barry & Chorley (1984), as curvas geraisque indicam a relação entre altura e a precipitação anual média, propostas para as encostasorientadas para o Oeste na América do Norte e Central. Tais curvas descrevem parábolas onde aprecipitação cresce proporcionalmente com a altitude até aproximadamente os 1200 m, a partirdesta cota os totais observados tendem a cair com ganhos de altitude. Esta curva foi bemajustada para as terras altas da Guatemala, nas proximidades dos 14 graus de latitude Norte,numa região onde predomina o clima tropical. Outros ajustes propostos para as precipitaçõesprojetadas levam em conta a experiência alemã desenvolvida na estação de Hohenpeissenberg,na Alta Baviera. Os cálculos realizados nesta estação mostram que os pluviômetros correntespodem sobrestimar as chuvas, em 10% aproximadamente, nas encostas de sotavento esubestimá-las, em 14%, nas de barlavento. Só a introdução de uma correção dessa naturezapara as leituras observadas no pluviômetro da estação do Alto da Boa Vista, elevaria em cerca de7% os volumes das vazões máximas e em decorrência em 8 % os totais de sedimentostransportados para as lagunas costeiras de Jacarepaguá e Tijuca.

4.2.2 Classificação Climática e Balanço Hídrico

A classificação do clima da região em que se situa a bacia hidrográfica de Jacarepaguá foirealizada segundo critérios de classificação de Köppen e Thornthwaite. A classificação de Köppense baseia nos valores médios de temperatura do ar (média mensal e anual do mês mais frio) e deprecipitações pluviométricas, porém sua sazonalidade não permite caracterizar os mecanismos,descritos anteriormente, de circulação geral, embora forneça uma descrição útil dos aspectos

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climáticos. De acordo com Köppen, o clima da região pode ser classificado como tropical –temperatura média superior a 18°C em todos os meses, com totais de precipitação excedendo aevaporação. Nas áreas mais montanhosas há uma suavização das temperaturas médias, o quelevou Bernardes (1953) a classificá-lo como Tropical de Altitude. Além das elevadas temperaturaso clima tropical apresenta duas estações relativamente bem demarcadas no tempo: a estaçãochuvosa, quando o sol está próximo do zênite, e a estação mais seca, quando o sol está maisbaixo no céu. Invernos brandos e secos e verões quentes e chuvosos são as principaiscaracterísticas do clima tropical.

A classificação segundo Thornthwaite se baseia na aplicação de índices efetivos de precipitação,evaporação e temperatura que, na área de estudo, apresentam, ambos, valores na faixa de 64 a128, o que caracteriza o clima como de floresta úmida mesotermal a megatermal.

A maioria dos métodos de classificação climática leva em conta apenas elementosmeteorológicos, principalmente temperatura e pluviosidade, realçando um ou outro elemento, oubuscando combinações entre eles. Alguns desses métodos utilizam, simplesmente, os dadosmédios dos elementos climatológicos, enquanto outros consistem na aplicação de modelosmatemáticos, cujos índices expressam diferentes combinações dos mesmos. É nesta segundaalternativa que se insere a classificação climática proposta por Thornthwaite, adotada no presentedocumento.

A classificação climática proposta por Thornthwaite fundamenta-se nos resultados obtidos atravésdo balanço hídrico, identificando os seguintes índices:

4.2.2.1 Índice Global de Umidade Efetiva (IM)

Com este índice pode-se determinar se o clima é úmido ou seco através dos valores deevapotranspiração potencial e das precipitações, bem como do excedente e da deficiênciahídrica, calculados em polegadas ou em milímetros.

O IM é calculado pela seguinte fórmula:

IM = [(EXC x 100) - (DEF x 60)]/EP

onde,EXC = Excedente Hídrico Anual;DEF = Deficiência Hídrica Anual;EP = Evapotranspiração Potencial Anual.

Os resultados obtidos para cada unidade de observação possibilitam classificar o clima, quanto àumidade, de acordo com os seguintes parâmetro, apresentados no quadro 4.9:

Quadro 4.9 – Índice global de umidade efetiva (IM)

TIPOS CLIMÁTICOS ÍNDICE DE UMIDADE (IM)

Superúmido > 100Úmidos Úmido 100 ---20

Subúmido-úmido 20 --- 0Subúmido-seco 0 --- (20)

Secos Semi-árido (20) --- (40)Árido (40) --- (60)

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Fonte: SECPLAN (1978)

4.2.2.2 Variação Sazonal da Umidade Efetiva

Este índice é calculado a partir de duas premissas:

Quando o clima, através do primeiro critério, é classificado como úmido (Im>0), calcula-se oÍndice de Aridez, segundo a seguinte fórmula:

Ia = 100 x DEF/EP

Onde:DEF = Deficiência Hídrica Anual;EP = Evapotranspiração Potencial Anual.

Quando o clima, através do primeiro critério, é classificado como seco (IM<0), calcula-se o Índicede Umidade, segundo a seguinte fórmula:

Ih = 100 EXC/EP

Onde:EXC = Excedente Hídrico AnualEP = Evapotranspiração Potencial Anual.

Através destes índices chega-se às subdivisões climáticas quanto à variação sazonal da umidadeefetiva, definidas pela seguinte classificação, conforme o quadro 4.10:

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Quadro 4.10 – Variação sazonal de umidade efetiva

ÍNDICESTIPOS CLIMÁTICOS SUBDIVISÕES ARIDEZ (Ia) e

UMIDADE (Ih)

Pouco ou nenhum déficit deágua

0 --- 16,7

Moderada deficiência. deágua no verão

16,7 --- 33,3

Úmidos Moderada deficiência. deágua no inverno

16,7 --- 33,3

Grande deficiência de águano verão

> 33,3

Grande deficiência de águano inverno

> 33,3

Pouco/nenhum excesso deágua

0 --- 10

Moderado excesso de águano inverno

10 --- 20

Secos Moderado excesso de águano verão

10 --- 20

Grande excesso de água noinverno

> 20

Grande excesso de água noverão

> 20

Fonte: SECPLAN (1978)

4.2.2.3 Eficiência Térmica Média Anual

Partindo da concepção de que a evapotranspiração potencial é função da temperatura e daduração da radiação solar, Thornthwaite estabelece o índice de eficiência térmica, que édeterminado através do valor da evapotranspiração potencial. Mediante os valores obtidos paraevapotranspiração potencial, identificam-se os tipos climáticos, quanto à temperatura, pelaseguinte classificação, apresentado no quadro 4.11:

Quadro 4.11 – Eficiência térmica média anual

TIPOS CLIMÁTICOSEVAPOTRANSPIRAÇÃO

POTENCIAL ANUAL (mm)

Megatérmico > 1140Mesotérmico 1140 --- 570Microtérmico 570 --- 285Clima de Tundra 285 --- 142Clima de Gelo < 142

Fonte: SECPLAN (1978)

83

4.2.2.4 Concentração da Eficiência Térmica no Verão

Este índice avalia a variação da temperatura no decorrer do ano, permitindo constatar se háconcentração térmica no verão ou não. Ele é obtido através do valor da evapotranspiraçãopotencial dos meses de verão (dezembro, janeiro e fevereiro) multiplicado por 100 e dividido pelaevapotranspiração potencial anual. Quanto mais baixo é o seu valor, menor é a variação detemperatura no decorrer do ano. De acordo com este índice, o clima é classificado conforme oquadro 4.12:

Quadro 4.12 – Concentração de eficiência térmica no verão

TIPOS CLIMÁTICOS CONCENTRAÇÃO NO VERÃO (%)

Megatérmico < 48,0Mesotérmico 48,0 --- 68,0Microtérmico 68,0 --- 88,0Tundra > 88,0

4.2.2.5 Tipos Climáticos Identificados

Calculando-se os índices para as estações meteorológicas consideradas, identifica-se aocorrência dos seguintes tipos climáticos na Bacia Hidrográfica de Jacarepaguá:

− clima superúmido, com pouco ou nenhum déficit hídrico, mesotérmico, com calor bemdistribuído durante o ano, para as regiões que estão acima da estação do Alto da Boa Vista;

− clima úmido, com pouco ou nenhum déficit hídrico, megatérmico, com calor bem distribuído

durante o ano, para as regiões de pé-de-serra, entre as cotas de 20 a 300 metros; − clima subúmido-úmido, com pouco ou nenhum déficit hídrico, megatérmico, com calor bem

distribuído durante o ano para a baixada de Jacarepaguá. 4.2.2.6 Distribuição Espacial dos Tipos Climáticos Uma vez identificados os tipos climáticos das estações meteorológicas consideradas, realizou-sea delimitação das áreas correspondentes através de interpolação, adotando-se os seguintescritérios: − para climas com o mesmo tipo de umidade, a diferenciação foi estabelecida pelo índice de

eficiência térmica média anual; − para a delimitação de áreas com tipos de umidade diferentes, adotou-se o índice global de

umidade efetiva.

A distribuição espacial dos diferentes tipos climáticos evidencia a predominância dos climasmegatérmicos com pouco ou nenhum déficit hídrico e calor bem distribuído durante o ano. Essapredominância decorre, como foi observado na análise dos indicadores térmicos, dahomogeneidade espacial e sazonal das temperaturas na região em questão.

As variações mais significativas dos tipos climáticos são decorrentes da maior ou menor umidade.Os climas superúmidos aparecem, apenas, nas encostas mais elevadas e de maior exposição

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aos ventos litorâneos, onde a maior umidade, ao lado das maiores altitudes, amenizam astemperaturas locais.

Os climas úmidos, por sua vez, ocorrem no sopé dos Maciços Litorâneos, diferenciando-sedaqueles sob ponto de vista térmico. Os trechos de pé-de-serra são mais quentes (megatérmicos)em função de sua localização no interior das baixadas, onde é menor a influência da circulaçãogeral dos ventos em função do confinamento intermontano.

Na baixada litorânea, aparece o clima subúmido-úmido, com temperaturas elevadas,características do tipo megatérmico.

4.2.2.7 Indicadores de Balanço Hídrico

No estabelecimento das alternativas e limitações climáticas ao uso do solo, o conhecimento dasdisponibilidades de água constitui um dos mais importantes elementos a considerar. O cálculo dobalanço hídrico permite estimar, com razoável exatidão, indicadores das disponibilidades hídricas,oferecendo condições de avaliar a compatibilização entre a água retida no solo e as diferentesformas de utilização do mesmo. Através desses indicadores pode-se classificar térmica ehidricamente uma região.

Para o cálculo do balanço hídrico, adotou-se o método de Thornthwaite e Mather (1955) que seconstitui em processo contábil no qual o solo funciona como “caixa ou reservatório” de água. Naestimativa do balanço hídrico não basta apenas os dados de pluviosidade, ou seja, a quantidadede água que o solo recebe normalmente da atmosfera. É necessário, também, levar emconsideração as perdas de água, sendo de grande importância as que ocorrem por evaporação etranspiração vegetal (evapotranspiração).

A evapotranspiração, segundo Thornthwaite, pode ser conceituada de duas formas: aevapotranspiração potencial (EP), que representa a quantidade máxima de água evaporada etranspirada pela vegetação em função da temperatura média mensal, da duração média do dia nomês e do número de dias do mês; e a evapotranspiração real (ER), que representa a quantidadede água efetivamente evaporada e transpirada pela vegetação. Quando a evapotranspiração real(ER) é igual à evapotranspiração potencial (EP), a quantidade de água disponível no solo ésuficiente para manter a vegetação verde e turgescente. Quando as disponibilidades de água nosolo superam a quantidade máxima evaporada (EP), ocorrem outras perdas, denominadas deexcedente hídrico (EXC).

Um terceiro elemento a definir é o armazenamento (ARM), que indica a quantidade de água retidano solo.

Dentro deste sistema contábil, as entradas são a pluviosidade (P), as saídas a evapotranspiração(EP) e o excedente hídrico (EXC), enquanto os estoques constituem o armazenamento (ARM).Portanto, pode-se dizer que o armazenamento, num determinado período, é função doarmazenamento anterior e das entradas e saídas de água no período considerado. Existe, noentanto, um limite máximo para o armazenamento, que é função do tipo de solo e das exigênciashídricas específicas da vegetação. A este limite dá-se o nome de capacidade de campo. Quandoos valores do armazenamento superam a capacidade de campo, ocorre excedente hídrico (EXC).

Por outro lado, caso a pluviosidade seja inferior à evapotranspiração potencial (EP) e aquantidade de água efetivamente evapotranspirada (ER) inferior à evapotranspiração potencial(EP), ocorre deficiência hídrica (DEF=EP-ER). A quantidade de água efetivamenteevapotranspirada (ER) é função da pluviosidade (P) e do nível de armazenamento de água no

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solo (ARM). Assim, na ocorrência de deficiência hídrica (DEF), parte da água armazenada éperdida por evapotranspiração (ER (t)=P(t)-ARM(t-1)). A quantidade de água armazenada que osolo fornece à evapotranspiração num determinado período (A(t)=ARM(t)-ARM(t-1)) é função donível de armazenamento no período anterior (ARM (t-1)) e da diferença entre o volume de águaprecipitada e a evapotranspiração potencial no período (P(t)-EP(t)). Assim, quanto menor ARM(t-1), menor é A(t), bem como, quanto maior, em valor absoluto, P(t)-EP(t), maior é A(t).

Se num determinado período t a diferença P(t)-EP(t) é positiva, então ER(t)=EP(t) e estadiferença é adicionada ao armazenamento do período anterior, ocorrendo reposição de água nosolo. A reposição hídrica ocorre toda vez que o nível de pluviosidade supera a evapotranspiraçãopotencial (EP) e o armazenamento (ARM) é inferior a capacidade de campo (CAD), ou seja,ocorre reposição hídrica toda vez que P>EP e ARM<CAD. Esta reposição prossegue até que oarmazenamento atinja a capacidade de campo, o que, quando se dá, propicia o surgimento deexcedente hídrico (EXC(t)).

Para o cálculo do balanço hídrico, segundo o método de Thornthwaite e Mather (1955), foiadotado o nível de 125 mm para definir a capacidade de campo. Os dados de entrada são asmédias mensais de temperatura e pluviosidade para cada unidade de observação, no períodopadrão considerado (1931 a 1975). Foram utilizadas as médias estimadas de temperatura,obtidas através da reta de regressão entre temperatura e altitude calculadas pela SecretariaEstadual de Planejamento e Controle (1975), presentes na publicação indicadores climatológicosdo Estado do Rio de Janeiro, para determinar a temperatura em função da altitude temos:

T = -0,00581(ALT) + 23,125

onde:T = temperatura (°C);ALT = altitude (m).

De posse dos dados de entrada, determinou-se, em primeiro lugar, a evapotranspiração potencialnão ajustada, através da seguinte expressão:

e(t) = 1,6 (10T(t)/I)a

onde:I = St=1,12 (T(t)/5) 1,514;a = 0,000 000 675 I³ - 0,000 077 4 I² + 0,017 921 I + 0,49;T(t) = Temperatura do mês t;e(t) = evapotranspiração potencial não ajustada no mês t .

A partir daí, fez-se o ajustamento de e(t) levando-se em consideração a duração média do dia nomês e o número de dias do mês, obtendo-se o valor da evapotranspiração potencial ajustada nomês t(EP(t)), o que, junto com o valor da pluviosidade (P(t)) no mês t, permitiu o cálculo de todosos demais valores resultantes do balanço hídrico:

ER (t) = evapotranspiração real no mês t;ARM(t) = armazenamento no mês t;EXC(t) = excedente hídrico no mês t, eDEF(t) = deficiência hídrica no mês t.

Para avaliar a influência da altitude no comportamento dos elementos do balanço hídrico, utilizou-se o modelo de análise de regressão linear. A variável dependente considerada foi aevapotranspiração real (ER) e como variável independente a altitude.

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O significativo coeficiente de correlação simples (R) encontrado entre evapotranspiração potencial(EP) e a altitude é explicado pelo fato da evapotranspiração potencial ser, por definição, funçãoda temperatura, que, por sua vez, se mostra altamente correlacionada com a altitude.

No que se refere à deficiência e ao excedente hídricos, sendo esses função da pluviosidade e daevapotranspiração potencial, os baixos valores encontrados para os coeficientes de correlaçãosimples ocorrem em função da pequena correlação entre pluviosidade e a variável altitude.

Para Jacarepaguá a evapotranspiração potencial anual é de 1187,2 mm, enquanto a precipitaçãomédia está em torno de 1243,0 mm. A diferença portanto é muito pequena, cerca de 55,8 mm,representando menos de 4,5% do total de precipitações. O período de junho a setembrorepresenta o período mais seco do ano e o déficit de água no solo é absoluto. A recarga de águase faz, principalmente, de dezembro a março. Nesta época o solo encontra-se sempre muitopróximo da capacidade de campo e após uma chuva de média intensidade pode-se mostrarsaturado de água. Em março registra-se o maior valor de excedente hídrico, 39,4 mm e emsetembro o maior déficit, 9,9 mm.

Para a estação do Alto da Boa Vista a evapotranspiração potencial é da ordem de 999,4 mm e aprecipitação média está em torno de 2160,4 mm, gerando uma coluna d’água para o escoamentosuperficial e infiltração de água no solo de 1161,0 mm, número equivalente ao total daprecipitação que cai em Jacarepaguá. Um pequeno período mais seco ocorre de junho asetembro, provocando déficit de água muito pequeno, já de novembro a março ocorremexpressivos excedentes hídricos.

4.2.3 Análise das Condições Pluviométricas

Para essa análise, foram utilizadas as informações mensais relativas à altura total das chuvas, noperíodo 1931 a 1975, disponíveis em FIDERJ/SECPLAN (1978). Através da análise estatística,foram mensurados os valores médios da pluviosidade, bem como os respectivos desvio-padrão ecoeficientes de variação.

Verifica-se que os coeficientes de variação anual para a Bacia Hidrográfica de Jacarepaguáapresenta pequena amplitude entre os valores máximos e mínimos, ao passo que os valoresmensais possuem enormes variações, principalmente quando comparamos os dados dasestações climatológicas do Alto da Boa Vista e de Jacarepaguá. Existe, de fato, umairregularidade da distribuição mensal das chuvas. Os menores coeficientes ocorrem nos mesesde dezembro e novembro (estação chuvosa), enquanto os maiores valores nos meses de junho,julho e agosto (estação seca).

Constata-se, também, variações espaciais na distribuição da pluviosidade. Os maiores valoresdos coeficiente de variação localizam-se, de modo geral, nas áreas mais interiorizadas, situadasentre os contrafortes dos Maciços Litorâneos, enquanto os menores são registrados nas áreaslitorâneas, mais abertas e expostas à circulação atmosférica do Atlântico.

A utilização de dados médios anuais e mensais possibilita a observação da distribuição temporale espacial da pluviosidade, deixando de revelar, porém, o ritmo climático da área em estudo. Esseritmo permite identificar a sucessão dos tipos de tempo, tornando-se indicador fundamental nainvestigação climática de determinado espaço geográfico.

Como indicador do ritmo pluvial adotou-se o modelo de Schröder, que permite detectar osperíodos mais chuvosos e mais secos. Estes pluviogramas evidenciam as variações percentuais

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mensais das chuvas em relação aos totais anuais, revelando variações anuais e irregularidadesrítmicas da pluviosidade.

O exame do comportamento mensal e anual da pluviosidade para a estação selecionada (Alto daBoa Vista) permite corroborar as conclusões anteriores, obtidas através da análise estatística.Verifica-se que, normalmente, os maiores totais pluviométricos anuais ocorrem nas áreaslitorâneas e expostas às influências da maritimidade, e, também, naquelas que, apesar deinteriorizadas, localizam-se em áreas de relevo movimentado e expostas à circulação atmosféricageral.

Por sua vez, as áreas interiorizadas e confinadas, menos expostas à circulação atmosféricaregional, tendem a apresentar menores índices pluviométricos anuais.

No que concerne ao ritmo pluvial, as irregularidade observadas nos totais mensais de chuvasestão relacionadas ao deslocamento das massa de ar (entrada de frentes frias) e exposição dorelevo, a barlavento ou a sotavento das linhas de instabilidade. No entanto, não são observadasgrandes irregularidades quanto à sazonalidade da distribuição pluviométrica. Verifica-sepredominância de chuvas nos meses de primavera e verão (setembro a março) como os maischuvosos, e os de outono e inverno (maio a setembro) como os mais secos.

As variações da pluviosidade podem ser explicadas:

a) Pela sua posição geográfica, com grandes porções da região expostas ao oceano e sujeitasaos efeitos da circulação atmosférica do Atlântico;

b) Pela orientação e exposição do relevo, fatores fundamentais na distribuição espacial dapluviosidade, atuando como barreira aos sistemas de circulação atmosférica e, finalmente;

c) Pelo afastamento do equador térmico no solstício de verão do Hemisfério Norte, facilitando apenetração de frentes frias, bem como a sua aproximação no solstício de verão do HemisférioSul, possibilitanto a ocorrência de chuvas de convecção.

Da análise dos cartogramas climáticos existentes em FIDERJ/SECPLAN (1978) sobre a região,fica evidenciado que, em sua distribuição espacial, as isoietas apresentam um aumento gradativode seus valores médios em função da orientação do relevo (SO/NE) e sua exposição aos ventoslitorâneos.

Constata-se assim que, na maior parte da Bacia, os índices pluviométricos médios anuais situam-se entre 1.000 e 2.000 mm, ocorrendo a maior concentração da pluviosidade na porção oeste(nas proximidades do Pico da Tijuca), onde o relevo, que avança pela linha de costa em direçãoao mar, atua como barreira às penetrações de massas de ar úmidas provenientes do litoral,ocasionando chuvas orográficas (chuvas de relevo). Por outro lado, nas áreas das baixadas maisdistantes do mar registram-se médias inferiores à 1.200 mm anuais.

As isoietas de janeiro, representativas dos meses de verão, registram valores elevados em todaa região, revelando forte concentração das chuvas nesse período do ano, caracterizadas, em suamaior parte, como de convecção. Em oposição, as isoietas de julho, representativas dos mesesde inverno, apresentam os menores valores médios. Nesses meses, as chuvas são conseqüênciada penetração das massas frias.

As isoietas de abril e de outubro, características do outono e da primavera, respectivamente,correspondem a períodos intermediários na diminuição ou aumento dos índices médios dechuvas. A diminuição acentuada da pluviosidade em abril é decorrente da influência da

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maritimidade, ocasionando os maiores índices nas áreas de relevo expostos às penetrações demassas de ar úmidas.

As isoietas de outubro denotam aumento dos índices médios de pluviosidade, condicionados,entre outros fatores, pelo aumento das médias térmicas. Observa-se, também, comparativamenteao mês de abril, inversão da distribuição espacial da pluviosidade. Enquanto no outono as áreasexpostas às influências da maritimidade apresentam índices maiores de pluviosidade que asáreas do reverso dos maciços litorâneos, na primavera constata-se uniformidade dos índicespluviométricos, exceto em áreas de altitudes mais elevadas. Isto é justificado, quanto ao outono,pela influência da maritimidade associada ao avanço das frentes frias devido ao afastamento doequador térmico em direção ao Hemisfério Norte. Na primavera, a aproximação do equadortérmico provoca diminuição do avanço das frentes frias e predominância da Massa TropicalAtlântica, ocorrendo aumento relativo das precipitações em decorrência do aumento dastemperaturas.

A variação sazonal das temperaturas é pequena (cerca de 7 graus) , enquanto a distribuição dapluviosidade mostra variação sazonal bem definida (2/3 das chuvas ocorrem de setembro amarço), com períodos mais chuvosos nos meses de verão e mais secos nos meses de inverno,comportamento característico dos regimes tropicais.

4.2.4 Aspectos Hidrossedimentológicos

4.2.4.1 Influência Antrópica no Cálculo das Vazões e Transporte de Sedimentos

Outro aspecto extremamente importante, na alteração hidrológica que sofre a bacia hidrográficade Jacarepaguá, diz respeito ao elevado crescimento da população da bacia. Com cerca de 600mil habitantes (1998) e dezenas de grandes indústrias, destacando-se a de bebidas, se faznecessário estimar a carga de contribuição de esgotos e sólidos em suspensão.

Segundo Mota (1988) o valor de 54 gramas de sólidos em suspensão por habitante por dia temsido largamente utilizado no dimensionamento de obras hidráulicas e, particularmente, deestações de tratamento de esgotos. Outro valor apresentado como referência é o de 180 litros deconsumo de água por habitante por dia. Desta forma pode-se facilmente calcular a contribuiçãodireta de água e sólidos em suspensão proveniente dos esgotos domésticos. Para a baciahidrográfica os valores são da ordem de 1,25 m3/s de águas servidas e 0,375 Kg/s para sólidosem suspensão. Estes valores colocam a contribuição de esgotos domésticos, tanto em termos devazão como em relação a carga de sólidos em suspensão a frente de diversos níveis médiosestimados para cinco dos principais rios da região (Rio da Barra, Rio Cachoeira, Rio das Pedras,Rio Vargem Pequena e Rio Piabas).

Para ajustar mais corretamente a contribuição de esgotos seria importante calcular os diferentesequivalentes populacionais gerados pelas principais indústrias da região, contabilizando também,o impacto gerando pelo setor terciário local. O crescimento expressivo da contribuição de águasservidas e sólidos em suspensão poderá ser observado quando são somadas as contribuiçõesindividuais de grandes empreendimentos locais, quais sejam: cervejaria, indústria farmacêutica,indústria química, centros comerciais, hipermercados, parques temáticos e complexos deescritórios. Desta forma, para adoção de número base, seria conveniente corrigir os númerosapresentados acima para 2,100 m3/s para as águas servidas e 0,630 Kg/s para sólidos emsuspensão, sem a inclusão de estimativas de perdas.

Finalmente, deve-se computar as cargas poluidoras proveniente das águas de escoamentosuperficial. Como em praticamente toda a região não existe um sistema de esgotamento sanitário

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eficiente é possível estimar a partir do tamanho da mancha urbana a carga poluidora lançada aosrios através do escoamento superficial, Espanhol (1982). As contribuições médias da DemandaBioquímica de Oxigênio – DBO, do Nitrogênio Total - NT e do Fósforo Total - PT. Assim, para umaárea aproximada de 78 km2, segundo dados do mapeamento digital da Fundação CIDE (1996),teríamos: uma DBO de 1.762,8 kg, uma carga de 382,2 kg de NT e de 119,34 de PT . A elevadaquantidade de DBO, associada às contribuições expressivas de Nitrogênio e Fósforo, contribuipara a proliferação de macrófitas aquáticas (algas e aguapés) que fixam parte da carga poluidora,em muitos trechos foram observadas ocorrências de tifas e algumas espécies de gramíneas, fatoque revela o processo de eutrofização das lagunas costeiras da Tijuca e Jacarepaguá.

4.2.4.2 Cálculo das Vazões

Os estudos anteriores de vazão apresentados nos relatórios hidrológicos constantes dos ProjetosExecutivos das obras de Macrodrenagem, SMO/HIDROTERRA (1997) e SMO/STAEL (1997)trabalham com os dados de Jacarepaguá, estação que possui uma coluna de precipitação comcerca de 1200 mm.

Já o presente relatório busca determinar que tipo de influência (sobre as vazões) ocorre quandosão considerados os dados do Alto da Boa Vista. Aqui, os totais de chuva são da ordem de 2200mm, com geração de grandes excedentes hídricos.

Para a determinação das novas vazões máximas, manteve-se a mesma metodologia empregadanos estudos mencionados, isto é, o emprego do método de Ven Te Chow, largamente utilizado nodimensionamento de obras hidráulicas.

O método Ven Te Chow é baseado na seguinte relação:

QX Y Z A

=. . .

,3 6

onde: Q = vazão máxima (m3/s)X = intensidade da chuva efetiva (mm/h)Y = fator climático da bacia em estudo (adimensional)Z = fator de redução de pico (adimensional)A = área de drenagem da bacia (km2)

A correção aqui apresentada consistiu em determinar um valor diferenciado por sub-bacia para ofator climático Y, que representa a relação entre as chuvas nas diferentes sub-bacias e no postode referência do estudo (Posto de Jacarepaguá) e considerado igual a 1 nos estudos da STAEL eda HIDROTERRA.

Partindo-se da constatação de que a intensidade das chuvas nas diferentes sub-bacias não éigual a do posto de referência, mas influenciada pela sua altitude, estimou-se o fator Y a partir deinformações dos postos de Jacarepaguá e do Alto da Boa Vista, em cuja área encontram-se ascabeceiras de vários rios da Bacia.

Tendo em vista a disponibilidade dos dados, particularmente quanto a distribuição das áreas dassub-bacias segundo as classes de altitude, foram consideradas apenas as sub-bacias dos riosprincipais.

As tabelas adiante, com dados obtidos por Marques (1990), apresentam as distribuições dasáreas segundo as classes de altitude. A área de cada sub-bacia foi dividida, numa segunda

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etapa, segundo a altitude, em duas classes: abaixo ou acima da cota de 300 m. Esta divisão levaem conta a altitude dos postos ou estações meteorológicas: a de Jacarepaguá, a 12,0 m dealtitude e a do Alto da Boa Vista, a 347,1 m.

Na metodologia de cálculo considerou-se que a área abaixo da cota de 300 m recebe as chuvascom intensidade igual a da estação de Jacarepaguá e a área acima da cota de 300 m recebe aschuvas com intensidade igual a da estação do Alto da Boa Vista.

A chuva média de cada sub-bacia foi calculada como média ponderada das chuvas nas estaçõesmeteorológicas consideradas:

CCJ b CA c

=+. .

100

onde: C = média da chuva na sub-bacia (mm)CJ = média da chuva observada na estação de Jacarepaguá (mm)CA = média da chuva observada na estação do Alto da Boa Vista (mm)b = percentual da área da sub-bacia abaixo da cota de 300 m (%)c = percentual da área da sub-bacia acima da cota de 300 m (%)

As médias das chuvas observadas nas estações de Jacarepaguá e Alto da Boa Vistacorrespondem às normais climatológicas de 1931/75, calculados pela SECPLAN (1978) e têm osseguintes valores:

CJ = 1.243 mmCA = 2.250 mm

O fator Y corrigido é, então, obtido a partir da comparação entre a média da chuva da sub-bacia ea média da chuva na estação de Jacarepaguá, mantida como referência, uma vez que as curvasde intensidade-freqüencia-duração foram calculadas para dados deste posto.

O quadro 4.13 abaixo resume as informações utilizadas para este cálculo:

Y C=CJ

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Quadro 4.13 - Dados utilizados e fator Y corrigido, segundo as sub-bacias

YRIOS

ABAIXO DE300 m (%)

ACIMA DE300 m (%)

CHUVAESTIMADA

(mm)CORRIGIDO

Rio da Barra 78,8 21,2 1.456,9 1,172Rio Cachoeira 29,9 70,1 1.949,2 1,568Rio das Pedras 84,5 15,5 1.398,9 1,125Rio do Anil 72,4 27,6 1.521,1 1,224Arroio Fundo 80,4 19,6 1.439,9 1,158Arroio Pavuna 89,7 10,3 1.347,0 1,084Rio Pavuninha 92,0 8,0 1.323,6 1,065Rio Camorim 39,8 60,2 1.849,3 1,488Rio Vargem Pequena 93,2 6,8 1.311,7 1,055Rio Branco 69,8 30,2 1.546,7 1,244Rio Vargem Grande 53,7 46,3 1.709,4 1,375Rio Piabas 93,7 6,3 1.306,7 1,051

Com base nas informações acima, foram corrigidas as vazões máximas apresentadas nosestudos da SMO/STAEL (1997) e da SMO/HIDROTERRA (1997). O quadro 4.14 a seguirapresenta estas vazões bem como a taxa de correção e as novas vazões máximas calculadas.

Quadro 4.14 - Taxa de correção e vazões de projeto calculadas

VAZÃO DE PROJETO (m3/s)VAZÃO DE PROJETO CORRIGIDA

(m3/s)RIOS

CORREÇÃO(%) TR=10

anosTR=20anos

TR=50anos

TR=10anos

TR=20anos

TR=50anos

Rio da Barra 17,2 10,3 14,5 19,2 12,1 17,0 22,5Rio Cachoeira 56,8 53,2 72,9 94,1 83,4 114,3 147,6Rio das Pedras 12,5 30,2 40,0 50,3 34,0 45,0 56,6Rio do Anil 22,4 67,7 89,9 113,0 82,8 110,0 138,3Arroio Fundo 15,8 151,5 199,2 247,8 175,5 230,8 287,1Arroio Pavuna 8,4 58,6 75,8 93,3 63,5 82,1 101,1Rio Pavuninha 6,5 27,2 34,9 43,0 29,0 37,2 45,8Rio Camorim 48,8 23,5 32,0 41,2 35,0 47,6 61,3Rio Vargem Pequena 5,5 11,3 15,3 19,5 11,9 16,1 20,6Rio Branco 24,4 5,0 6,7 8,5 6,2 8,3 10,6Rio Vargem Grande 37,5 54,6 74,1 95,0 75,1 101,9 130,6Rio Piabas 5,1 25,0 33,4 42,4 26,3 35,1 44,6

O quadro 4.15 apresenta um resumo das informações das vazões máximas e das vazõesmáximas corrigidas referentes a toda a Bacia de Jacarepaguá:

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Quadro 4.15 – Resumo das informações para a bacia de Jacarepaguá

VAZÕES TR = 10 anos TR = 20 anos TR = 50 anos

Vazão máxima (m3/s) 518,1 688,7 867,3

Vazão máxima corrigida (m3/s) 634,8 845,5 1.066,6

Diferença (m3/s) 116,7 156,8 199,3

Diferença relativa (%) 22,5 22,8 23,0

4.2.4.3 Cálculo do Transporte de Sedimentos

O cálculo do volume de sedimentos transportados por cada um dos principais rios consideradosutilizou as informações apresentadas por Marques (1990). Esse cálculo considera uma relaçãoexponencial, proposta por Leopold & Maddock (1953), entre a vazão do rio e o volume desedimentos transportados, da forma:

L p gQ=

onde L = quantidade total de sedimentos transportados (kg/s)Q = vazão média do rio (m3/s)p e g são os parâmetros do modelo

Para os rios principais da Bacia de Jacarepaguá, Marques (1990) estimou os valores para osparâmetros p e g. Com base nesses valores e nas suas observações, foram realizadas duasestimativas para a quantidade média de sedimentos transportados pelos rios.

A primeira, mais conservadora, considera apenas os valores típicos das vazões dos rios, isto é,não foram incluídas as medidas observadas de vazões após as chuvas mais intensas. Para aseleção dos dados, excluiu-se todos os valores maiores que a média mais dois desvios-padrão,ou seja, consideraram-se típicos aqueles valores correspondentes a cerca de 95% dasobservações. A partir deles, calculou-se a vazão média de cada rio e, daí, o transporte médio desedimentos.

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Quadro 4.16 – Valores estimados de p e g, vazão média e transporte médio de sedimentos

RIOS p gVAZÃOMÉDIA

TRANSPORTEMÉDIO

TRANSPORTEANUAL

(m3/s) (kg/s) (t)

Total ... ... ... 9,480 298.965

Rio da Barra 0,408 0,971 0,131 0,057 2.736Rio Cachoeira 0,528 0,997 0,414 0,219 9.903Rio das Pedras 0,760 1,542 0,440 0,214 6.750Rio do Anil 0,664 1,506 1,618 1,370 96.818Arroio Fundo 0,503 1,550 4,070 4,427 359.845Arroio Pavuna 0,862 1,049 1,164 1,011 54.575Rio Pavuninha 0,646 1,071 0,572 0,355 23.898Rio Camorim 0,650 1,551 1,095 0,748 40.206Rio Vargem Pequena 0,458 0,943 0,134 0,069 3.512Rio Branco 0,468 1,108 0,689 0,310 16.507Rio Vargem Grande 0,537 1,013 1,219 0,657 20.712Rio Piabas 0,329 1,036 0,143 0,044 1.388

Fonte: calculado com dados de Marques (1990)

Quadro 4.17 - Contribuição de sedimentos fluviais para a laguna da Tijuca

TRANSPORTE TRANSPORTE PERCENTUAL PERCENTUALRIOS

MÉDIO (kg/s) ANUAL (t) NA LAGOA NO TOTAL

Total 6,287 198.265 100,0 66,3

Rio da Barra 0,057 1.785 0,9 0,6Rio Cachoeira 0,219 6.902 3,5 2,3Rio das Pedras 0,214 6.750 3,4 2,3Rio do Anil 1,370 43.215 21,8 14,5Arroio Fundo 4,427 139.613 70,4 46,7

Quadro 4.18 - Contribuição de sedimentos fluviais para o sistemalagunar de Jacarepaguá

TRANSPORTE TRANSPORTE PERCENTUAL PERCENTUALRIOS

MÉDIO (kg/s) ANUAL (t) NA LAGOA NO TOTAL

Total 2,114 66.656 100,0 22,3

Arroio Pavuna 1,011 31.876 47,8 10,7Rio Pavuninha 0,355 11.194 16,8 3,7Rio Camorim 0,748 23.586 35,4 7,9

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Quadro 4.19 – Contribuição de sedimentos fluviais para abaixada de Jacarepaguá

TRANSPORTE TRANSPORTE PERCENTUAL PERCENTUALRIOS

MÉDIO (kg/s) ANUAL (t) NA BAIXADA NO TOTAL

Total 1,080 34.043 100,0 11,4

Rio Vargem Pequena 0,069 2.167 6,4 0,7

Rio Branco 0,310 9.776 28,7 3,3

Rio Vargem Grande 0,657 20.712 60,0 6,9

Rio Piabas 0,044 1.388 4,1 0,5

A segunda estimativa considera todos os valores observados das vazões dos rios, isto é, foramincluídas, também, as medidas observadas de vazões após a ocorrência de chuvas. A partirdeles, calculou-se a vazão média de cada rio e, daí, o transporte médio de sedimentos da mesmaforma como na primeira estimativa.

Quadro 4.20 - Valores estimados de p e g, vazão média e transporte médio de sedimentos

RIOS p gVAZÃOMÉDIA

TRANSPORTEMÉDIO

TRANSPORTEANUAL

(m3/s) (kg/s) (t)Total ... ... ... 20,194 636.850

Rio da Barra 0,408 0,971 0,203 0,087 2.736

Rio Cachoeira 0,528 0,997 0,594 0,314 9.903

Rio das Pedras 0,760 1,542 0,440 0,214 6.750

Rio do Anil 0,664 1,506 2,765 3,070 96.818

Arroio Fundo 0,503 1,550 7,497 11,411 359.845

Arroio Pavuna 0,862 1,049 1,944 1,731 54.575

Rio Pavuninha 0,646 1,071 1,161 0,758 23.898

Rio Camorim 0,650 1,551 1,544 1,275 40.206

Rio Vargem Pequena 0,458 0,943 0,223 0,111 3.512

Rio Branco 0,468 1,108 1,106 0,523 16.507

Rio Vargem Grande 0,537 1,013 1,219 0,657 20.712

Rio Piabas 0,329 1,036 0,143 0,044 1.388 Fonte: calculado com dados de Marques (1990)

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Quadro 4.21 – Contribuição de sedimentos fluviais para a laguna da Tijuca

TRANSPORTE TRANSPORTE PERCENTUAL PERCENTUALRIOS

MÉDIO (kg/s) ANUAL (t) NA LAGOA NO TOTAL

Total 15,096 476.052 100,0 74,8

Rio da Barra 0,087 2.736 0,6 0,4Rio Cachoeira 0,314 9.903 2,1 1,6Rio das Pedras 0,214 6.750 1,4 1,1Rio do Anil 3,070 96.818 20,3 15,2Arroio Fundo 11,411 359.845 75,6 56,5

Quadro 4.22 - Contribuição de sedimentos fluviais para o sistemalagunar de Jacarepaguá

TRANSPORTE TRANSPORTE PERCENTUAL PERCENTUALRIOS

MÉDIO (kg/s) ANUAL (t) NA LAGOA NO TOTAL

Total 3,763 118.679 100,0 18,6

Arroio Pavuna 1,731 54.575 46,0 8,6Rio Pavuninha 0,758 23.898 20,1 3,8Rio Camorim 1,275 40.206 33,9 6,3

Quadro 4.23 – Contribuição de sedimentos fluviais para abaixada de Jacarepaguá

TRANSPORTE TRANSPORTE PERCENTUAL PERCENTUALRIOS

MÉDIO (kg/s) ANUAL (t) NA BAIXADA NO TOTAL

Total 1,336 42.119 100,0 6,6

Rio Vargem Pequena 0,111 3.512 8,3 0,6Rio Branco 0,523 16.507 39,2 2,6Rio Vargem Grande 0,657 20.712 49,2 3,3Rio Piabas 0,044 1.388 3,3 0,2

Com base nessas mesmas equações é possível calcular a quantidade de sedimentostransportados por ocasião das fortes chuvas, que determinarão as vazões máximas dos rios e,desta forma, estabelecer relações entre as quantidades médias e as máximas.

Conforme demostrado no quadro 4.24, após uma única grande chuva, de recorrência estatísticade 50 anos, a quantidade de sedimentos que entra no sistema equivale a de um período normalmédio de um ano para alguns rios. Desta forma, os canais fluviais podem passar para um regimeanastomosado (a carga de sedimentos em transporte supera a capacidade de transporte do rioem condições de regime normais) logo após uma grande chuva. Este fato foi observado nostrabalhos de campo e, em alguns trechos dos rios da Cachoeira, Anil e Paineiras, a carga de

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sedimentos estava depositada no fundo dos leitos menores, comprovando o entulhamentocalculado.

Quadro 4.24 – Sedimentos transportados nas vazões máximas

SEDIMENTOS NA VAZÃO MÁXIMA (kg/s)RIOS

TR=10anos

TR=20anos

TR=50anos

RELAÇÃOTR=50/VAZÃO

MÉDIA

Rio da Barra 4,6 6,4 8,4 148Rio Cachoeira 43,5 59,5 76,7 351Rio das Pedras 174,5 269,2 383,3 1791Rio do Anil 513,9 787,7 1.111,5 811Arroio Fundo 1.513,0 2.312,5 3.243,8 733Arroio Pavuna 67,1 87,8 109,2 108Rio Pavuninha 23,8 31,0 38,8 109Rio Camorim 161,0 260,0 384,7 514Rio Vargem Pequena 4,7 6,3 7,9 115Rio Branco 3,5 4,9 6,4 21Rio Vargem Grande 42,7 58,2 74,8 114Rio Piabas 9,7 13,1 16,8 382

4.2.5 Dispersão Atmosférica e Qualidade do Ar

4.2.5.1 Direção e Velocidade do Vento

O deslocamento do ar, função dos graus variados de aquecimento da superfície, apresentadiferentes direções e velocidades em dado momento, originando áreas dispersoras e receptorasde ventos.

Para análise dos indicadores de freqüência e velocidade média por direção dos ventos recorreu-se ao uso das normais climatológicas, cujas médias, sempre superiores a 20 anos de observação,compreendem o período de 1931 a 1975. No que se refere à apresentação gráfica dosindicadores, foi selecionada a estação meteorológica da Base Aérea de Santa Cruz, cujosgráficos expressam:

− a distribuição das freqüências de cada direção, através do percentual em relação à média doperíodo;

− a velocidade média relativa às direções; e

− o percentual assumido pelas calmarias (ausência de ventos), ver anexo III. A distribuição espacial dos ventos permite constatar expressivas diferenciações entre os diversoscompartimentos topográficos, podendo-se detectar a ocorrência de duas áreas nítidas. A primeira, registra menor freqüência de calmarias, englobando os trechos mais elevados dosMaciços Litorâneos, principalmente as áreas de cumeada (limites leste e oeste da área deestudo). Verificam-se, nessas áreas, ventos com velocidades bastante expressivas. O segundo compartimento, é representado pela baixada de Jacarepaguá, onde o percentual decalmarias passa a ser cada vez mais elevado em função da posição dos terrenos em relação às

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grandes linhas de relevo. A pior dispersão atmosférica deste compartimento é encontrada no Valedo Rio Grande e a melhor ocorre ao longo da restinga arenosa cortada pela AvenidaSernambetiba. O percentual de calmarias tende a crescer da linha de costa para o Norte. Os indicadores mensais de velocidade média por direção dos ventos representam, de modo geral,médias mensais com variações pouco significativas em relação à média de todo o períodoconsiderado. Na atmosfera, os sistemas de escala climatológica interagem com os sistemas de meso-escala eestes, com os de micro-escala. Como a natureza da escala do estudo em foco é em micro-escala,torna-se importante conhecer alguns conceitos básicos. 4.2.5.2 Estabilidade Atmosférica (inversão térmica) O movimento vertical ascendente do ar é causado pela topografia, por deslocamentos de frentesfrias ou quentes e por convecção nos centros de baixa pressão. O deslocamento descendente étípico dos centros de alta pressão. Na atmosfera existem, em geral, três tipos de inversão térmica, que caracterizam a estabilidadedo ar: frontal, por subsidência e de radiação. A inversão térmica se caracteriza pelo aumento datemperatura com a altura. Para determinar a estabilidade e detectar a inversão térmica são utilizados os dados coletadospor radiossondagem, que consiste em observações reais e in loco da atmosfera, WMO (1964 e1975). Além disso, a WMO recomenda que a área de estudo esteja situada a uma distância deaté 300 km da estação de observação do ar superior. Os dados do ar superior utilizados nestetrabalho foram obtidos diariamente, no período janeiro-agosto/90, na estação meteorológica dealtitude do aeroporto do Galeão, do qual a área de estudo dista em média 30 km. A partir daanálise dos diagramas aerológicos, ficou constatada a baixa ocorrência de inversões térmicas embaixas altitudes. Os meses em que esse tipo inversão são mais freqüentes são os de inverno e osde menor ocorrência, os de verão. Via de regra as inversões são desfeitas entre 24 a 72 horas 4.2.5.3 Compartimentação Topoclimática Após análise sistemática da intensidade, duração e freqüência dos ventos reinantes na BaciaHidrográfica de Jacarepaguá, optou-se pela compartimentação do relevo segundo a orientaçãodas vertentes em relação à rosa dos ventos. Tal processo justifica-se pela sua praticidade de visualização e entendimento do relevo enquantoobstáculo a circulação geral da atmosfera (ver mapa Topoclimático – JAC-20-0004, em anexo). Na região em questão, os ventos predominantes ou estão relacionados ao anticiclone semi-fixodo Atlântico Sul (N, NE e E) ou estão associados aos processos de correntes perturbadasprovenientes das regiões polares (S, SO e O). Desta forma a freqüência dos ventos reinantescoincidem em 90% do tempo com as grandes linhas estruturais do relevo, também conhecida porDireção Geral Brasileira, que é SO/NE. Desta forma são apresentadas quatro classes principais de compartimentação topoclimática: asencostas de barlavento SO/ sotavento NE, encostas de sotavento SO/barlavento NE, valeslitorâneos N/S , compartimento baixada e compartimentos e vales intermontanos.

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Em relação às potencialidades de dispersão atmosférica o compartimento que apresenta asmelhores condições é o das baixadas, seguidos pelos compartimentos de encostas orientadastransversalmente em relação aos ventos dominantes (sistema barlavento/sotavento) e por fim,com grau crítico de dispersão estão os vales intermontanos. Para efeitos de análise, constata-se que, de modo geral, o mês de janeiro caracteriza-se pelopredomínio do excedente hídrico devido à alta pluviosidade do período de verão. Verifica-se, maisuma vez, que os valores registrados pelo excedente hídrico aumentam em função do relevo. Adeficiência hídrica é reduzida e ocorre pontualmente em alguns setores das baixadas. No outono, representado pelo mês de abril, reduzem-se as áreas de excedente hídrico, emrelação ao período anterior. A diminuição da pluviosidade nesta época é responsável pela menorextensão das áreas de excedentes hídricos, bem como pelos menores valores registrados. Assim,os locais mais elevados, que no verão registram níveis de excedentes da ordem de 250 mm,pouco ultrapassam o nível de 100 mm no outono. A faixa de reposição hídrica estende-se pelabaixada. O mês de julho caracteriza-se por menores médias pluviométricas, registrando as maiores áreasde deficiência hídrica. Estas aparecem, a grosso modo, no reverso dos maciços litorâneos domunicípio do Rio de Janeiro. A área de reposição hídrica amplia-se, dominando a baixadalitorânea, enquanto as áreas mais elevadas e mais expostas à entrada das massas de ar friocontinuam com índices de excedentes hídricos. No mês de outubro, a faixa de reposição hídrica predomina, coincidindo com o início do períododas chuvas. As áreas de excedente continuam vinculadas às maiores altitudes e as de deficiênciasão as de cotas mais reduzidas, limitando-se às baixadas com substratos do quaternário(sedimentos inconsolidados areno-argilosos). Este pressuposto teórico auxiliou a confecção da carta topoclimática, que acompanha estetrabalho, e identificação dos compartimentos classificados em relação aos seus graus econdições de dispersão atmosférica. A metodologia desenvolvida para a confecção dos mapa topoclimático, como visto anteriormente,está apoiada na análise da intensidade, duração e freqüência dos ventos reinantes na baixada deJacarepaguá, optando-se, assim, pela compartimentação do relevo segundo a orientação dasvertentes em relação à rosa dos ventos.

♦ Compartimento: Maciços O primeiro compartimento é representado pelos maciços, mais precisamente pelo sistema devales barlavento/sotavento. Os desníveis altimétricos são responsáveis pela abundância deprecipitações e, por conseguinte, apresentam um elevado potencial de “lavagem” das poeiras ematerial particulado que possam ocorrer aí. Os grandes desníveis favorecem a ocorrência deventos de vale e de montanha que podem intensificar as velocidades das brisas marinhas,reforçando, assim, às condições de dispersão atmosférica. A ocupação e uso do solo deste compartimento estão relacionadas a dois vetores principais:pequenos bairros e mais recentemente favelas intercalados com pequenas manchas de cultivo debanana. Em ambos os casos não existem fortes restrições sob o ponto-de-vista da dispersãoatmosférica, uma vez que as condições naturais são altamente favoráveis à dispersão e estesusos geram pequenas quantidades de material particulado para a atmosfera.

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♦ Compartimento: Baixada O segundo compartimento identificado corresponde ao compartimento da Baixada deJacarepaguá, formado por sedimentos areno-argilosos do quaternário. Este compartimentopossui uma forma ligeiramente trapezoidal, com sua base maior voltada para o Oceano Atlânticoe sua base menor para os alinhamentos de cristas dos morros do Valqueire e da Reunião. ALeste e a Oeste o compartimento é barrado pelas colinas e maciços costeiros. Trata-se de umasuperfície ampla e muito uniforme do ponto-de-vista topográfico, não apresentando resistência àcirculação atmosférica. Apesar deste compartimento apresentar boas condições de dispersão, durante boa parte do ano,podem ocorrer nevoeiros de contato e inversões térmicas, sobretudo no período deoutono/inverno. A presença de importantes indústrias na região e grandes áreas urbanizadasreforçam a atenção que deve ser dispensada no monitoramento das condições atmosféricas doperíodo crítico apontado acima, já que as más condições de dispersão podem provocar acidentesde trânsito (nevoeiros), fechar as operações do Aeroporto de Jacarepaguá e promover irritaçõesoculares, bronquites e alergias nas populações que residem e trabalham na área. Neste compartimento podem ser gerados cones (plumas) de poluição urbana durante um períodode estabilidade (ou seja, uma madrugada após uma noite clara). Cones de fumaçahorizontalizados são indicativos de estabilidade vertical e condições críticas de dispersãoatmosférica. Com a rápida ocupação deste compartimento, extensão natural da cidade do Rio de Janeiro, esubstituição rápida das moradias unifamiliares por amplos conjuntos multifamiliares, a criticidadede dispersão deverá aumentar rapidamente em função também do aumento do tráfego deveículos automotores. A intensificação da circulação de veículos e instalação de novas unidades industriais, sobretudona porção norte (mais precisamente no triângulo formado pelos bairros da Taquara, Pechincha eTanque), realimentarão negativamente a qualidade do ar que deverá registrar estados críticos,principalmente no inverno. A porção sul deste compartimento possui boas condições naturais de dispersão, mas com aintensa ocupação urbana poderão ocorrer eventuais estados ruins de dispersão, principalmentenos eixos a sotavento das brisas marinhas. Pequenos bolsões poderão ser provocados pelaintensa ocupação vertical e grande fluxo de veículos. Com o aumento da ocupação e instalaçãode novas unidades habitacionais a qualidade do ar ao longo do eixo da Avenida das Américastenderá a cair, especialmente no inverno. A subsidência ocorre durante a época das altas pressões, quando o ar mais frio e densoencontrado em altitude flui para baixo, para as zonas de baixa pressão. Os ventos no nível dosolo deslocam-se procurando as capas mais baixas e menos densas. O ar mais frio das zonasmais altas começa a descer, provocando um aumento gradativo de temperatura e diminuição daumidade relativa do ar, formando nuvens baixas e de pequenas dimensões. A forte radiação,comum nesta época do ano devido à baixa nebulosidade, conduz a formação de nuvensesponjosas e passageiras. Este fenômeno natural ganha contornos dramáticos em regiõesintensamente ocupadas pois os poluentes são encapsulados próximos ao nível do solo.

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♦ Compartimento: Vales Intermontanos O terceiro compartimento identificado pelo trabalho refere-se às formações alveolaresintermontanas com condições naturais baixas de dispersão. Tratam-se de compartimentos em viade ocupação por moradias. As principais manchas de criticidade de dispersão ocorrem no limiteNoroeste da Bacia Hidrográfica, mais precisamente no Vale do Rio Grande. Com o processo de urbanização da Bacia Hidrográfica de Jacarepaguá existe a tendência depiorar a qualidade do ar. Calmarias associadas a geração de material particulado e aumento daconcentração de poluentes oriundos da combustão de derivados de petróleo serão cada vez maisfreqüentes. Reforçando ainda este quadro contribuem os arruamentos que não possuemcalçamento adequado e o adensamento de indústrias e tráfego de veículos automotores. A mancha de maior criticidade ocorre ao longo da calha do Rio Grande, como dito anteriormente.Por analogia, tomando-se os dados relativos à Bacia de Sepetiba (SEMA/ETEP/ECOLOGUS/SMGroup, 1997), para vales confinados, pode-se dizer que em uma região rebaixada e confinada porum relevo mais acidentado, as calmarias ocorrem em praticamente 90% do tempo ao passo queno compartimento baixada, descrito anteriormente, as calmarias ficam abaixo de 30%. A presençade instalações industriais nestas áreas tende a agravar os problemas relativos à qualidade do ar.Este compartimento é formado por um sistema de encostas transversais em relação aos ventosdominantes. Ocorre principalmente ao norte da Bacia Hidrográfica e outras pequenas manchaspodem ser observadas nos limite Leste e Oeste. Via de regra, estas encostas não são utilizadaspara a ocupação de moradias e em grande parte as capoeiras e os pastos reinam absolutosnestas vertentes. O alinhamento principal deste sistema de cristas e vales é Leste/Oeste e, destaforma, durante boa parte do ano estarão barrando os ventos quer venham do sistema Nordesteou do sistema Sudoeste. Além desta característica, este sub-sistema pode provocar precipitações localizadas, quando osventos sopram do Sul, e, quando sopram do Norte, podem intensificar o processo deencapsulamento dos poluentes nos compartimentos baixada e alvéolos intermontanos devido aoefeito de Föhn. Este fenômeno ocorre quando os ventos de transposição de obstáculos, no casoespecífico a Serra do Mar, deixam no planalto parte de sua umidade e, ao dirigirem-se dealtitudes maiores para menores, sofrem aquecimento, sobretudo na área da baixada fluminense.No processo de transposição das colinas e maciços costeiros, acabam por comprimir e reforçar oencapsulamento de poluentes e material particulado em duas faixas, conhecidas como zonaprincipal - carregada de poluentes e material particulado, que vai do solo até uma latitude deaproximadamente 250/300 m e uma zona secundária - menos carregada, que parte desta cota evai até uns 500 m, aproximadamente. As condições naturais de dispersão ainda são relativamente boas e como o compartimento estápouco ocupado a qualidade do ar foi pouco alterada. Este compartimento também necessita demenos atenção que o compartimento baixada.

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4.3 QUALIDADE DAS ÁGUAS E SEDIMENTOS DA BACIA A caracterização da qualidade das águas teve como base o último levantamento sistemáticodesenvolvido pela FEEMA, que realizou em 1989 levantamento de campo nas lagoas deJacarepaguá para uma avaliação das condições dos ecossistemas lagunares. Em visita a árearealizada em Fevereiro de 1998, já com vistas a elaboração deste EIA, foram também observadosna bacia os mesmos problemas diagnosticados pelo órgão ambiental na época, que interferemna qualidade das águas: − degradação das áreas de proteção das lagoas, com áreas utilizadas para vazadouro de lixo;

− assoreamento das lagoas, com o surgimento de espigões e ilhas que impedem a circulação depequenas embarcações;

− desnivelamento do leito das lagoas, determinado pela extração incorreta de areia, gerandopequenos bolsões com grandes profundidades, principalmente na lagoa de Jacarepaguá(grandes volumes foram retirados para os aterros de obras como Riocentro e Autódromo deJacarepaguá, segundo informações locais);

− represamento de rios poluídos, devido a presença de grande quantidade de vegetaçãoaquática (macrófitas aquáticas), cuja presença favorece a proliferação de mosquitos edetermina, ainda, através do seu processo de decomposição, um balanço negativo de oxigêniodissolvido na água;

− desenvolvimento de condições anaeróbicas, em virtude da alta concentração de esgoto bruto ea presença de vegetação aquática em decomposição, com a consequente liberação de gasesde odor desagradável;

− acréscimo de carga orgânica e nutrientes, contribuindo para a eutroficação;

− mortandade de peixes.

Dados do Anuário Estatístico do Município do Rio de Janeiro (IPLANRIO 1993/94) contabilizam,com dados do Censo Populacional de 1991, 526.302 habitantes na bacia, distribuídos nas regiõesde Jacarepaguá (428.073 hab) e Barra da Tijuca (98.229 hab).

A situação atual de esgotamento sanitário da baixada de Jacarepaguá faz com que os rios e aslagoas da bacia sejam o destino final da grande maioria dos efluentes domésticos e industriais.Algumas indústrias possuem sistemas de tratamento de seus efluentes líquidos. Entretanto,sabe-se que os padrões de qualidade das águas tanto dos rios como das lagoas já se encontramexcedidos para os usos preconizados.

Como corpo receptor natural, portanto, o sistema lagunar de Jacarepaguá continuará aincorporar quantidades crescentes de poluentes com agravamento sério de seus já críticosproblemas, se medidas mitigadoras não forem rapidamente implantadas.

Deste modo, os projetos previstos neste Programa de Recuperação Ambiental da Baixada deJacarepaguá, principalmente o projeto de esgotamento sanitário e o projeto de macrodrenagemdevem proporcionar melhorias ao sistema lagunar como um todo.

102

4.3.1 Qualidade da Água dos Rios da Bacia

A baixada de Jacarepaguá vem sofrendo um processo acelerado de ocupação do solo, seja pelaimplantação de indústrias na região de Jacarepaguá ou pelo crescimento das áreas urbanas. Estecrescimento é o responsável pelo aumento da carga poluidora lançada nos corpos d’água daregião, contribuindo, deste modo, para a degradação do ecossistema aquático e ocomprometimento dos seus usos.

Segundo as Diretrizes No. 109 (Diretriz de Classificação dos Corpos Receptores da BaciaHidrográfica das Lagoas de Jacarepaguá) e No. 110 (Diretriz de Classificação das Lagoas deJacarepaguá) da FEEMA, a maior parte dos rios da bacia pode ser utilizado para fins depreservação da fauna e flora e uso estético.

Alguns rios pode ser utilizados para abastecimento público com ou sem desinfecção (rio daCachoeira, rio Papagaio, rio Grande e rio Camorim nas suas nascentes) ou com filtração lenta edesinfecção (rio Sangrador na sua nascente). Os rios Grande, Tindiba e Covanca podem aindaser utilizados para irrigação de hortaliças nas proximidades de suas nascentes.

O enquadramento atual das lagoas de Jacarepaguá, Camorim, Tijuca e Marapendi considera osusos benéficos de recreação de contato secundário, preservação da fauna e flora e uso estético.

Dados de qualidade da água publicados do período 1982/83 mostravam que diversos parâmetrosde qualidade de água se encontram fora dos padrões estabelecidos para os usos de preservaçãode flora e fauna. O Quadro 4.25 apresenta alguns destes critérios, que foram consideradosrelevantes no problema de poluição das lagoas de Jacarepaguá.

Quadro 4.25 - Padrões de qualidade de água para preservação deflora e fauna

PARÂMETRO PADRÃO UNIDADE

Materiais flutuantes Virtualmente ausentes ---Óleos e graxas Virtualmente ausentes ---Subst. que comuniquem gosto ou odor Virtualmente ausentes ---Coliformes totais < 20.000 NMP/100mlColiformes fecais < 4.000 NMP/100mlPH 6,5 a 8,5 u.pH.Oxigênio Dissolvido (OD) > 4,0 mg/lDemanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) < 10,0 (*) mg/l

Nitrogênio Amoniacal (NH4+) < 0,4 (*) mg/l

Fósforo Total (PT) < 0,05 (*) mg/lFerro Total (FeT) < 0,3 mg/lClorofila “a” < 10,0 (*) ug/lFonte: Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente - FEEMA.(*) Padrões de acordo com normas internas da FEEMA, RJ; 1981.

O Quadro 4.26 apresenta os dados médios obtidos para as diversas estações amostradas nosanos de 1982/1983. A localização das estações amostradas está apresentada na Figura 4.1.Compilações mais recentes (FEEMA, 1991 in CONSAG, 1995) apresentam resultadossemelhantes quanto à qualidade dos corpos hídricos.

CONVENCOES

1

2

3

4

5

6

78

9 10

11

12

13

14

1516

17

18

1

5

2

3

4

5

6

1

1

2

1

1

7

3

4

5

6

2

3

4

1

LEGENDA

-

-Datum horizontal : Corrego Alegre, MG

Datum vertical : maregrafo Imbituba, SC

,~

PROJECAO UNIVERSAL TRANSVERSA DE MERCATOR

acrescidas as constantes 10.000km e 500km, respectivamente

Origem da quilometragem : Equador e Meridiano 45 W.Gr.0

10 2 3km1

ESCALA GRAFICA

Sondotecnica

Rio

nM

u

od

do

Rio

Rio

das

Almas

Piabas

Canaldas Piabas

Rio

Bonito

Cascalho

Canal

do

Firmino

CA

NA

L

DAS

DE

SE

RN

AM

BE

TIB

A

CANAL

CA

NA

LD

E V

AR

GE

M

Rio

CanalCANAL

Can

al

TACHAS

DO

PORTELO

Urubu

do

DO

Rio

Cal

emba

'

Rio

CORTADO

RIODO

C. do

MARINHO

GR

AN

DE

RioCachoeira

Rio

RioMorgado

Rio

Tocada

da

Rio

Cab

ungu

i

Paine

iras

Mor

to

Rio

Rio

B

ranc

o

doP

asto

Moi

nho

Rio

do

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Var

Rio Can

cela

Peq

uena

gem ou

Can

udo

Sacara~o

do CamorimRepresa

Rioda

Divisa

Rio

Camorim

RioCa{ambe

Rio

Riodos

AR

RO

IO

Rio

Pav

unin

ha

sh

ir

an

o

Pa ss

PAVUNA

Novo

Rio

En g en ho

Rio

Areal

GU

E^

RIO

GUE

RE

N

Rio

Monjolo

Pequeno

Muzem

a

Rio

Rio

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da

Bar

ra

Itanh

anga

'

Cac

hoei

ra

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Lea

ARROIO

FU

ND

O

Rio

doA

nil

Rio

das

drP

e

asR

.

Retiro

Rio

Rio

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Papagaio

RIO

Rio

Est

iva

TA

QU

AR

A

Banc

a

Rio

Ve

dalh

a

Pechinc

haArro

io

Rio

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Sangrador

Rio

S.

Franco

cis

Rio

Quitite

Covanca

Rio

A{ude Anto^n

io

Taqu

ara

ndro

R.

Rio

Co'

rreg

oS

to.

R.

Rch.

Co'rr.

TIJUCA

Papagaio

Rio

da Gavea Pequena

Cascatinha

Rch.

Ciganosdos

Bom Retiro

Rio

Cav

eira

Tind

iba

Rio

da

Porta~o

RIO

Jacare'

7447500

7450000

7455000

7457500

7467500

7465000

652500 647500 650000 655000 657500 665000 660000 662500 667500 670000 672500 675000 677500

AVENIDA

DASAVENIDA

AVENIDA

SALVADOR

ALLENDE

SERNAMBETIBA

AV

EN

IDA

AY

RT

ON

SE

NN

A

AME'RICAS

OCEANO ATLA^NTICO

PRAIA DOS

BANDEIRANTES

CC-00

TJ-304

MR-370

RT-20

AN-40

FN-100

GR-141

GM-400

GR-144

JC-341

CM-220

PN-480

PV-180

CM-320

MN-240

MR-362MR-363

Sub-bacia de Grumari

Micro-bacia da Prainha

Unidade Especial de Restinga

Sub-bacia da Zona dos Canais

Sub-bacia do Rio Camorim

Micro-bacia do Rio Muzema

Sub-bacia do Rio da Cachoeira

Sub-bacia do Rio Grande

Sub-bacia do Rio das Pedras

Sub-bacia do Rio do Anil

Sub-bacia do Rio Guerengue^

Sub-bacia doRio dos Passarinhos

Micro-bacia doRio da Barra

Micro-baciaJoatinga

BARRA DA TIJUCA

TIJUCA

VIII-RA

JACAREPAGUÁXVI-RA

XXIV-RA

VARGEM PEQUENA

GRUMARI

RECREIO DOS BANDEIRANTES

VARGEM GRANDE

CAMORIM

PRA}A SECA

TAQUARA

CURICICA

ITANHANGA'

TANQUE

JOA'

BARRA DA TIJUCA

JACAREPAGUA'

AZUL

ANIL

JACAREPAGUA'

PECHINCHA

FREGUESIA

ALTO DA BOA VISTA

CIDADEDE

DEUS

GARDE^NIALimite de sub-bacias

Limite da macro bacia da baixada de Jacarepagua'

Lagoa

Rio ou canal

Via urbana

,~

Limite de Bairros

7460000

7462500

BAIRROS

7452500

LOCALIZA}A~O

23 05'00''

43 41'15''

23 00'00''

43 45'00''

22 52'30''

22 55'00''

22 57'30''

43 48'45''

22 50'00''

43 07'30''

43 33'45'' 43 37'30'' 43 30'00''

43 15'00'' 43 22'30'' 43 18'45'' 43 11'15''

22 47'30'' 43 03'45''

43 26'15''

23 02'30''

Pontos de Amostragem (FEEMA,1989)

Esta{o~es de Amostragem nos Rios (FERNANDES,1993)

Esta{o~es de Amostragem nas Lagoas (FERNANDES,1989)

FIG. 4.1

ESTA}O~ES DE MONITORAMENTO

DA QUALIDADE DAS A'GUAS

Pontos de Amostragem (FEEMA,1982/83)

104

Quadro 4.26 - Resultados mínimos e máximos de análise de parâmetros de qualidade da água para estações localizadas nos rios

contribuintes às lagoas de Jacarepaguá Período: 1982 – 1983

PARÂMETRO CRITICO /

PADRÃO DE QUALIDADE

ESTAÇÕES DE

MONITORAMENT

O

VIOLAÇÃO DO

PADRÃO (%)

NÚMERO DE

DADOS

FAIXA DE

VARIAÇÃO

Oxigênio Dissolvido (mg/l)

4,0 <mg/l <10,0

GR 141

FN100

PV180

PN480

AN 40

GN400

MN240

CM220

RT 20

100

100

100

100

85

75

75

50

37

9

9

9

9

9

9

9

9

9

0,4 - 2,2

0,0 - 1,6

0,0 - 0,4

0,0 - 1,6

0,4 - 4,8

0,4 - 5,6

0,4 - 11,2

6,4 - 16,6

1,8 - 7,0

Demanda Bioquímica de

Oxigênio (mg/l) <10,0 mg/l

AN 40

GR141

PV180

PN480

MN240

FN100

GN400

CM220

RT 20

100

100

100

100

100

88

88

63

50

9

9

9

9

9

9

9

9

9

12 - 90

20 - 60

12 - 83

18 - 60

12 - 68

8 - 24

7 - 44

1,2 - 60

4,0 - 12,0

Nitrogênio Amoniacal

(mg/l) < 0,5mg/l

RT 20

AN 40

GR 141

FN 100

GN 400

PV 180

PN 480

MN 240

CM 220

100

100

100

100

100

100

100

63

25

9

9

9

9

9

9

9

9

9

0,9 - 6,8

3,2 - 11,1

3,5 - 8,2

2,3 - 7,6

2,3 - 12,3

2,8 - 11,6

2,6 - 12,2

0,01 - 1,44

0,00 - 1,11

Nitrogênio Orgânico (mg/l)

< 1,0 mg/l

GR 141

MN 240

GN 400

PN 480

FN 100

AN 40

RT 20

PV 180

CM 220

CC 00

100

100

88

88

88

75

63

63

63

25

9

9

9

9

9

9

9

9

9

9

1,6 - 5,4

2,0 - 7,9

0,7 - 4,1

0,8 - 4,6

0,7 - 6,6

0,7 - 8,1

0,6 - 3,2

0,1 - 4,1

0,5 - 3,1

0,8 - 1,7

(continua)

105

(continuação, quadro 4.26)

PARÂMETRO CRITICO /

PADRÃO DE QUALIDADE

ESTAÇÕES DE

MONITORAMENT

O

VIOLAÇÃO DO

PADRÃO (%)

NÚMERO DE

DADOS

FAIXA DE

VARIAÇÃO

Fósforo Total (mg/l)<0,1 mg/l

RT 20

AN 40

GR 144

GR 141

FN 100

GN 400

PV 180

PN 480

MN 240

CM 220

CC 00

100

100

100

100

100

100

100

100

100

88

87

9

9

9

9

9

9

9

9

9

9

9

0,3 - 1,1

0,6 - 3,0

0,1 - 0,26

1,1 - 2,2

0,6 - 1,6

0,7 - 2,9

0,6 - 3,1

0,5 - 3,2

0,1 - 1,6

0,07 - 0,48

0,09 - 0,31

Surfactantes Aniônicos

(M.B.A.S) (mg/l) <0,5 mg/l

GR 141

AN 40

FN 100

GN 400

PV 180

RT 20

88

63

50

50

50

37

8

9

9

9

9

8

0,22 - 1,78

0,20 - 1,75

0,16 - 0,88

0,08 - 1,52

0,21 - 1,43

0,11 - 1,05

Níquel (mg/l) < 0,025 mg/l AN 40 37 9 < 0,01 - 0,074

Fenóis (mg/l) < 0,001 mg/l AN 40

FN 100

PV 180

PN 480

GR 141

GN 400

100

100

100

100

86

86

8

8

8

8

8

8

0,002 - 0,018

0,001 - 0,007

0,001 - 0,010

0,010 - 0,108

< 0,001 - 0,016

0,0 - 0,012

Cianetos (mg/l) < 0,02 mg/l PV 180 43 8 0,0 - 0,025

DDT mg/l < 2 x 10 -6 DDT

mg/l

PN 480

PN 480

75

100

4

4

0,0 - 2 x 10 -4

(4 - 16) x 10 -4

Dieldrin mg/l < 5 x 10 -6

mg/l

CC 00

RT 20

PN 480

50

50

50

4

4

4

0,0 - 2 x 10 -5

0,0 - 2 x 10 -5

0,0 - 6 x 10 -5

Coliformes fecais(NMP/100 ml x 10 3)< 4 NMP x 103 /100 ml

CC 00

RT 20

AN 40

FN 100

GR 141

GR 144

PV 180

GN 400

PN 480

MN 240

CM 220

100

100

100

100

100

100

100

100

100

87

50

9

9

9

9

9

9

9

9

9

9

9

49 - 1.000

24 - > 24.000

79 - > 24.000

130 - >24.000

330 - >24.000

23 - 1.700

130 - 16.000

130 - 24.000

35 - >24.000

< 2,3 - 49

<2,3 - 23

Estes dados apresentados mostram que já na década de 1980 muitos dos parâmetrosamostrados apresentavam violação de padrão em diversas estações da bacia, demostrando ograu de comprometimento da qualidade da água para usos estabelecidos.

106

As estações localizadas no Rio Grande (GR-141), Arroio Fundo (FN-100), Pavuninha (PN-480) eArroio Pavuna (PV-180) apresentaram em todas as amostras obtidas neste período valores deOxigênio Dissolvido (O.D.) extremamente baixos, assim como elevados teores de D.B.O.,nitrogênio e fósforo. Nessas estações também foram detectados altos índices de coliformesfecais, confirmando a forte contaminação desses rios por origem orgânica e doméstica.

As estações AN-40 (rio Anil), FN-100 (arroio Fundo), PV-180 (arroio Pavuna) e PN-480 (rioPavuninha) apresentaram também em todas as amostras tomadas valores acima do padrão parafenóis, caracterizando contaminação por origem industrial. A estação AN-40 apresentou tambémem algumas amostras teores de níquel acima do padrão.

Todas as estações amostradas na bacia, a exceção apenas das estações MN-240 (rio Marinho) eCM-220 (rio Camorim), apresentaram elevados níveis de contaminação de origem fecal.

Embora os dados acima apresentados não sejam atuais, pouca coisa foi alterada no quadroinfraestrutural existente na bacia de Jacarepaguá desde a década de 1980. Considerando ocrescimento populacional e industrial na bacia, a situação atual da qualidade das águas deve serprovavelmente mais crítica do que a apresentada no período de 1982/83. Em 1989 a FEEMArealizou uma avaliação limnológica preliminar da qualidade da água da bacia de Jacarepaguá.Nesta ocasião foram medidos parâmetros no campo (O.D., pH, condutividade elétrica etemperatura) e coletadas amostras para posterior análise de outros parâmetros.

Foram amostrados os rios Camorim, Grande, Pequeno, Guerenguê, Cachoeira e Gávea e osarroios Pavuna e Fundo. Os dados disponíveis, relativos as medições realizadas no campo,mostram que os rios da região encontravam-se classificados como poluídos, a exceção dascabeceiras dos rios Grande e Cachoeira, e da maior parte do rio Camorim. Um resumo dosresultados obtidos neste levantamento estão apresentados no Quadro 4.27.

Dados mais recentes, obtidos por Fernandes (1994) em análise de metais pesados em amostrasde água tomadas próximo as áreas de descarga dos rios tributários às lagoas estão apresentadosno Quadro 4.28.

Quadro 4.27 - Avaliação limnológica preliminar da qualidade da água da bacia de Jacarepaguá – Dados do período OUT/86 – JAN/88

PARÂMETROS ANALISADOS

RIO COND. ELÉT. O.D. CLASSEPONTO LOCALIZAÇÃOAPROXIMADA

(uS/cm) (mg/l)pH ASPECTOS

CLASSIFICAÇÃOFEEMA (DILAB-4)

Cachoeira 1 Cascatinha Taunay 83-112 9,5-5,6 6,5-6,7 lixo, DBO poluído III

2 Montante Açude da Solidão 25 > 9,4 6,8 pouco contaminado I

3 Estrada Maracaí (mont. Polygram) 77-110 9,6 6,8 lixo e óleo poluído III

4 Rua Itália Fausto 90-110 7,8-9,6 7,6 lixo e detritos fortemente poluído IV

5 Foz do rio 118 6,2 7,0 vegetação marginal poluído III

Gávea favelas a montante

1 Indústria Polygram 79-128 6,0-9,4 6,2 Óleo condições tóxicas VI

Grande 1 Montante reserv. CEDAE 71 até 10,0 6,6-7,2 águas claras, sem poluição não contaminado I

2 Ponte próx. Furnas 108 6,6-9,0 6,7-7,3 lixo nas margens mod. contaminado II

3 (estação GR-144) 72-140 6,4-8,7 6,6-7,1 lixo no leito e margens poluído III

4 Estrada do Curumau (GR-143) 130-209 3,6-6,0 6,6-7,5 lixo no leito e margens; águas cormarron

extremamente poluído V

5 (estação GR-142) (caracteristicas semelhantes ao ponto 4) extremamente poluído V

6 Rua André Rocha (caracteristicas semelhantes ao ponto 4) extremamente poluído V

7 Fábrica Wella (GR-141) (caracteristicas semelhantes ao ponto 4) extremamente poluído V

Pequeno Montante de GR-144 117-279 3,6-7,5 6,6-7,5 lixo; águas cor marron fortemente poluído IV

Arroio Fundo (estação EN-110) 307 0,9 7,0 biota pobre; vegetação marginal;redução no sedimento

extremamente poluído V

Guerenguê 1 Estrada do Outeiro Santo 192-458 0,0-2,4 6,3-6,9 areia escura; redução extremamente poluído V

2 Próx. Industria Mane 114-221 2,0-5,8 6,7-6,9 lodo negro; redução fortemente poluído IV

Arroio Pavuna 1 Próx. fábrica Le Petit 660 0,1 6,9 sedimento negro; óleo na água extremamente poluído V

2 Próx. Ind. Schering (caracteristicas semelhantes ao ponto 1) extremamente poluído V

3 Próx. ponte Via 5 (caracteristicas semelhantes ao ponto 1) extremamente poluído V

Camorim 1 Montante Represa Camorim 43 alto 6,0 água limpa não contaminado I

2 Montante Represa Camorim água limpa não contaminado I

3 Jusante do reservatório saturado água limpa não contaminado I

4 Estrada do Camorim baixa 8,6 6,0 águas claras mod. contaminado II

5 Próx. colonia férias Cronus Eng. 60 alto 7,5 extração de areia poluído III

6 Próx. Riocentro 108 7,2 6,6 águas cor marron poluído III

108

Quadro 4.28 – Concentração de metais pesados na água dos rios

CONCENTRAÇÃOMETAL(n = 8) MÉDIA

(ug/l)DESVIO

(ug/l)MINIMO

(ug/l)MÁXIMO

(ug/l)

Zn 9,63 3,59 5,88 17,12Cu 0,94 0,45 0,37 1,58Pb 0,61 0,43 0,18 1,21Mn 12,7 8,00 1,40 26,00

(Amostras coletadas nas áreas de descarga dos rios tributários a Lagoa de Jacarepaguá)Fonte: Adaptado de Fernandes, H.M. et al., 1993

4.3.2 Fontes de Poluição

4.3.2.1 Industrial

Conforme mencionado anteriormente, a baixada de Jacarepaguá vem sofrendo um processoacelerado de ocupação do solo, tanto pela implantação de indústrias como pela ocupaçãoresidencial. A ausência de estruturas adequadas de saneamento geram o lançamento de umaelevada carga poluidora nos corpos d’água da região, que por sua vez têm nas lagoas seudestino final.

Foram contabilizadas na década de 1980 (Medeiros, 1982) cerca de 186 indústrias na bacia,sendo que destas apenas 7 de grande porte, 28 de médio porte, e as restantes de pequenoporte. Predominam na bacia os ramos de atividade Minerais não Metálicos e Químico/Farmacêutico/Perfumaria. O Quadro 4.29 apresenta a distribuição das indústrias por ramo deatividade e porte industrial. Essas duas atividades industriais predominantes contribuemprincipalmente com carga orgânica e fenóis, além de cromo, cádmio e cianetos provenientes dasindústrias de material elétrico e das indústrias do ramo gráfico, têxtil e metalúrgico existentes. Aregião conta também com indústrias do setor de alimentos e bebidas, que em geral contribuemcom grande carga orgânica.

Quadro 4.29 - Classificação das atividades

PORTERAMO DE ATIVIDADE NÚMERO DE

EMPRESAS PEQUENO MÉDIO GRANDE

Minerais não metálicos 35 31 03 01Metalúrgicas 23 21 02 -Mecânicas 07 05 02 -Mat. Elétrico e de Comunicação 09 03 05 01Papel e Papelão 05 04 01 -Borracha 02 01 01 -Química/Farmacêutica/Perfumaria 30 24 03 03Material Plástico 08 08 - -Têxteis 04 02 02 -Alimentícias/Bebidas 07 05 01 01Abatedouros 11 11 - -Gráfica 06 04 01 01Diversas 39 32 07 -

TOTAL 186 151 28 07

Fonte: Medeiros, 1982

Vale mencionar também que algumas unidades industriais possuem estações de tratamento deefluentes. A operação dessas estações gera a formação de lodos, que contém resíduos de

109

metais pesados. Esses resíduos são acondicionados em tambores, no próprio local, podendoconstituir fonte potencial de poluição, em caso de acidentes.

O Quadro 4.30 apresenta uma estimativa da carga poluidora oriunda das indústrias da Bacia deJacarepaguá, estimada em termos de quilogramas por dia, com base nas informações referentesaos efluentes industriais (período de 1977/80).

Quadro 4.30 - Carga poluidora industrial

PARÂMETROCARGA INDUSTRIAL

(kg/dia) (*)

Resíduos não filtráveis totais 5.300,00DBO 3.619,00Fósforo total 9,10Nitrogênio total 48,60Fenóis 1,60Cianeto 0,30Cádmio 0,09Cromo 0,34Ferro 0,59

Fonte: Medeiros, 1982

O Quadro 4.31 apresenta as principais indústrias poluidoras existentes na região e a composiçãoprovável dos seus efluentes líquidos e resíduos sólidos, bem como a situação dos equipamentosde controle ambiental existentes.

Em recente levantamento realizado junto a FIRJAN - Federação das Indústrias do Estado do Riode Janeiro - foi obtida uma listagem com informações cadastrais de 80 indústrias existentes nabacia de Jacarepaguá, apresentada em Anexo.

Conforme observado nos resultados apresentados para a qualidade da água dos rios, asindústrias são responsáveis por sérios problemas de contaminação dos principais rios da bacia,principalmente nos arroios Pavuna e Fundo, e nos rios Grande e Gávea.

4.3.2.2 Doméstico

Na região da baixada de Jacarepaguá, a existência de favelas sem esgotamento sanitário e derede de esgotos ainda precária em alguns pontos da bacia, vem a ser os fatos causadores dagrande carga orgânica diariamente lançada nos rios e consequentemente nas lagoas deJacarepaguá.

Soma-se a isso a situação de operação e instalação das estações de tratamento de esgotos(ETEs) existentes nos condomínios da Barra da Tijuca e Jacarepaguá, que deveriam estaroperando e desta forma contribuindo para a redução da carga orgânica nas lagoas. Em 1990,data do levantamento apresentado no Quadro 4.32, dos 132 condomínios fiscalizados, apenas 72possuiam ETEs (55%), sendo que dentre estas, cerca de 26% ainda não estavam funcionando.

110

De acordo com dados mais recentes obtidos junto à SMAC (1997), dos 130 condomínioslevantados nas proximidades da lagoa de Marapendi, entre a Av. Sernambetiba e Avenida dasAméricas, no Recreio dos Bandeirantes e Barra da Tijuca, 15% apresentavam tratamentosecundário, 30% apresentavam tratamento primário e os restantes 55% não possuiamtratamento.

Quadro 4.31 - Principais poluentes gerados pelas industrias localizadas nabacia de Jacarepaguá

PRINCIPAIS POLUENTES SITUAÇÃO DECONTROLECORPO

RECEPTORNOME DA

INDÚSTRIAGENERO

EFLUENTESLÍQUIDOS

RESÍDUOSSÓLIDOS

RESÍDUOS ATMOSFÉRICOS

RIO ANIL HELIO BARKI S/AInd. e Com.

TEXTIL Zn, Cr, CN, Fenóis Resíduos contendometais pesados.

Partículas, SOx,NO2, CO, HC.

Tratamento emoperação. Resíduosentamborados.

Ind. BebidasANTÁRCTICA

BEBIDAS DBO, Plot, Ntot

Lanifício LESLIE TEXTIL DBO, pH, cor, Zn,Cr

Fábrica de PapelTIJUCA

PAPEL (relocação)

Granja ANGOLA ALIMENTÍCIO DBO

Coop. Avicultores eCriadores deJacarepaguá

ALIMENTÍCIO DBO

Abatedouro Flor deJacarepaguá

ALIMENTÍCIO DBO

ARROIOPAVUNA

QUIMISSINTESAProd. Químicos

QUÍMICA DBO,DQO, Plot,Ntot

Partículas, SOx,NOx, CO, HC.

Tratamento emoperação.

ESSEX Química Ind.Com. Ltda.

QUÍMICA DBO, DQO, Ptot,Ntot

Lodo orgânico daETDI; embalagensem geral.

Partículas, SOx,NOx, CO, HC.

Tratamento emoperação. Lodoorgânico dispostoem área daempresa.Equipamento depoluição do ar emoperação.

Ind. FarmacêuticasSCHERING

FARMACÊUTICA

DBO, DQO, Ptot,Ntot

Lodo orgânico daETDI; embalagensem geral.

Partículas, SOx,NOx, CO, HC.

Tratamento deefluentes emoperação. Lodoorgânico dispostoem área daempresa.

Cia. de CerasJOHNSON

QUÍMICA DBO, DQO, Fenóis,Ptot, Ntot, O & G

Lodo orgânico daETDI; embalagensem geral.

acetona, odoresdiversos.

Tratamento emoperação;equipamentos decontrole do aroperando; lodoorgânico enviadopara COMLURB.

(continua)

111

(continuação, quadro 4.31)

PRINCIPAIS POLUENTES SITUAÇÃO DECONTROLECORPO

RECEPTORNOME DA

INDÚSTRIAGENERO

EFLUENTESLÍQUIDOS

RESÍDUOSSÓLIDOS

RESÍDUOS ATMOSFÉRICOS

RIOGRANDE

MERCK S/A Ind.Química

QUÍMICA/FARMACÊUTICA

DBO,DQO, Fenóis Partículas, SOx,NOx, CO, HC.

Sem tratamento.

BELFAM Ind.Cosméticos

QUÍMICA Equalização

SOAVES ALIMENTÍCIO DBO

Granja e AbatedouroCALDELAS

ALIMENTÍCIO DBO

RIOGERENGUÊ

LaboratórioDELANDE

Farmacêutica DBO,DQO,SE, Ntot Tratamento deefluentes emoperação

TELETRA do BrasilTelecom. Ltda.

MATERIALELÉTRICO

Cr, Cd, CN Lodo químicocontendo metaispesados; resíduosde cabine de pintura;resíduos sólidosprovenientes do filtrode areia que recebeos efluentes delavagens ácidas ealcalinas.

vapores ácidos,HC, vaporesalcalinos,partículas.

Tratamentodesativado.

AGGS IndústriasGráficas

GRÁFICA Fenóis, CN, Ag Partículas, SOx,NOx, CO, HC.

Sem tratamento.

MetalúrgicaBRISTOL

METALURGICA Cu, CN, Hg, Zn aparas de latão; lodocontendo metaispesados.

Partículas,fumos metálicos,vaporesalcalinos.

Tratamento emoperação. Resíduosentamborados.

BijuteriaGRANSMUCK Ltda.

METALURGICA Cu, Ni, CN, pH Tratamento Físico-químico

ARROIOFUNDO

Granja Avícola doXOKO

ALIMENTÍCIO DBO

Fonte: adaptado de FEEMA, 1985.

Quadro 4.32 – Situação de controle das estações de tratamento deesgotos sanitários (1990)

BAIRROCONDOMÍNIOS

SOBFISCALIZAÇÃO

POSSUEMETE

ETEOPERANDO

ETEPARALISADA

Barra/Recreio 108 56 49 7

Jacarepaguá 24 16 4 12

24a.+16a.RA 132 72 53 19 Fonte: FEEMA, 1991

112

A partir dos dados do monitoramento executado pela CEDAE nas ETEs particulares existentes naregião da Barra da Tijuca, está apresentado no Quadro 4.33 a estimativa de carga orgânica deorigem doméstica lançada diariamente nas lagoas da bacia.

No Quadro 4.34, estão estimadas as cargas orgânicas de origem doméstica provenientes dabaixada de Jacarepaguá, considerando-se que os efluentes sanitários das populações nãoatendidas por rede de esgotamento, são lançados diretamente nos corpos hídricos da região.

4.3.3 Dados das Análises de Sedimentos

Devido à presença de expressivo número de indústrias na bacia de Jacarepaguá que lançam oulançaram efluentes líquidos tóxicos nos rios da região, é importante verificar a qualidade dossedimentos, principalmente no que se refere a sua contaminação por metais pesados.

Uma vez que as lagoas encontram-se bastante assoreadas, e que para que a circulação de águaseja restabelecida, será necessário executar serviços de dragagem não apenas dos rios e canais,mas também das lagoas, torna-se mais relevante conhecer a situação atual de contaminação dosseus sedimentos.

Fernandes et al. (1994) realizaram amostragem de sedimentos em diversos rios contribuintes àslagoas. A amostragem cobriu basicamente as áreas sob influência direta das descargasdomésticas e industriais. Foram considerados os 10 cm da camada superficial do sedimentocomo sendo a fração que representa o conteúdo de metais de origem antropogênica.

Os resultados deste levantamento mostraram que os Arroio Pavuna (Cd, Cu, Zn e Pb), ArroioFundo (Pb, Cu e Zn) e o rio Anil (Pb, Cu e Zn) são as principais fontes potenciais de metais paraas lagoas. O rio Camorim apresentou-se relativamente bem preservado de descargas domésticase industriais.

As áreas mais contaminadas das lagoas correspondem aquelas próximas as desembocadurasdos arroios Pavuna e Fundo, provavelmente devido a pouca circulação de água nas lagoas.

Os resultados obtidos para os metais pesados Zn, Cu, Pb e Mn em sedimento nas lagoas nãocaracterizam as águas das lagoas como severamente poluídas, se comparados aos resultadosobtidos para outras áreas como a Baía de Guanabara.

Os resultados obtidos para as análises de metais pesados em sedimentos dos rios tributários edas lagoas estão apresentados nos Quadros 4.35 e 4.36.

113

Quadro 4.33 - Carga orgânica de origem doméstica lançada nas lagoasda bacia de Jacarepaguá

CONDOMÍNIOSLAGOAS DBOAFLUENTE

DBOEFLUENTE

REDUÇÃO%

VAZÃOESTIMADA

(l/s)

DBOLANÇADA (kg/dia)

DBO TOTAL (kg/dia)

LAGOA DE JACAREPAGUÁ Superm. Paes Mendonça 702 567 19,2 3,2 157Casa Shopping 471 75 84,1 2,3 15Superm. Carrefour 898 135 85,0 3,4 40Superm. Freeway 632 296 53,2 2,3 59Makro Atacadista 409 116 71,6 2,5 26Barra Shopping 822 283 65,6 5,2 127

423

LAGOA DE MARAPENDI Alfa Barra 1 236 40 83,1 15,0 52Alfa Barra 2 271 81 70,1 11,6 81Alfa Barra 3 214 43 79,9 6,9 26Nova Ipanema 258 108 58,1 26,0 243Pedra de Itaúna 148 89 39,9 1,0 8Malibu 508 508 0,0 1,0 44Barra Sul 288 288 0,0 25,0 622Pontões da Barra 402 337 16,2 17,4 507Mandala 237 160 32,5 8,7 120Novo Leblon 1 462 220 52,4 1,0 20Novo Leblon 2 272 145 46,7 1,0 13

1.735

CANAL DE MARAPENDI Rio Hotel Residências 386 147 61,9 3,9 50Mirante Cruzeiro do Sul 204 140 31,4 11,6 140Los Angeles Beverly Hills 134 63 53,0 4,5 25Barra Golden 430 198 54,0 3,0 51Barra Palace 242 102 57,9 3,9 34Barra Beach 390 73 81,3 0,8 50As Terrazzas 312 128 59,0 1,5 16Golden Coast 210 72 65,7 3,9 24Winbledon Park 408 248 39,2 1,0 21Blue Chip 218 37 83,0 1,7 5Summer Place 324 209 35,5 2,0 36Rosa do Sol 115 78 32,2 3,5 23Jardim Europa 318 95 70,1 2,3 19Vila di Genova 241 165 31,5 3,0 43Aldeia do Mar 224 99 55,8 3,0 26Atlântico Sul 308 71 76,9 6,2 38Resid. Praia da Barra 220 132 40,0 4,6 52Barramares 230 112 51,3 17,4 168Barra Bella 314 188 40,1 11,0 179Riviera dei Fiori 5 348 348 0,0 6,7 200Riviera dei Fiori 3 222 117 47,3 6,7 67Rosa dos Mares 158 85 46,2 3,6 26Rosa Viva 285 156 45,3 3,2 43Barra D'Oro 270 77 71,5 3,0 20Liberty Place 214 210 1,9 4,5 96Varanda das Rosas 272 135 50,4 3,6 42Rosa Maior 276 83 69,9 2,6 19Rosa da Praia 408 73 82,1 2,9 18Rosa da Barra 264 65 75,4 3,7 21Rosa dos Ventos 155 76 51,0 4,0 26Akxe Sport Side 354 299 15,5 1,0 26

1.606

LAGOA DA TIJUCA Marina Barra Clube 438 266 39,3 2,5 57Itanhangá Hills 314 113 64,0 2,4 23

81

TOTAL 3.845

Fonte: CONSAG, 1995.

114

Quadro 4.34 - Estimativa de carga orgânica de origem doméstica

SUB-BACIASPOPULAÇÃO

ESTIMADA(1991)

ESGOTAMENTOSANITÁRIO

(% atendimentomédio)

ESTIMATIVA DECARGA

ORGÂNICA*(kg DBO/dia)

Rio Cachoeira e Itanhangá 9.466 26,3% 377

Rio Grumari 98 0,0% 5

Zona dos Canais 13.968 8,5% 690

Rio Grande/arroio Fundo 230.925 81,7% 2.282

Rio Camorim 11.061 2,4% 583

Rio Guerenguê 53.991 62,3% 1.099

Rio dos Passarinhos/Pavuninha 11.940 62,3% 243

Rio Anil 61.410 73,0% 895

Rio das Pedras 26.377 64,80% 501

Rio Muzema 1.930 26,30% 77

Rio da Barra 2.776 23,30% 115

Unidade Especial de Restinga 73.493 60,20% 1.580

TOTAL 497.435 - 8.447

TOTAL SEM ABATIMENTO 26.861

* Considerando o índice de 54g DBO/hab-diaFonte: IPLAN, para os dados populacionais e atendimento médio.

Quadro 4.35 – Concentração de metais pesados em sedimentos dos tributários a lagoa de Jacarepaguá(concentração média na fase móvel dos sedimentos)

CONCENTRAÇÃOCd

(ug/g)CURSOS D'AGUA No AMOSTRAS Pb(ug/g)

Cu(ug/g)

Zn(ug/g)

Ni(ug/g)

Cr(ug/g)

Mn(ug/g)

Fe(%)

Arroio Fundo 12 0,52 81 73 291 5,6 8,0 141 1,18(1,42) (1,5) (1,4) (1,4) (1,2) (1,3) (2,1) (1,45)

Arroio Pavuna 17 2,25 52 97 254 26 16 185 1,50(6,12) (1,5) (3,2) (1,7) (5,6) (2,9) (1,7) (1,44)

Rio Anil 10 0,61 94 63 189 14 11 166 0,87(2,06) (3,0) (3,1) (2,5) (4,7) (2,2) (3,3) (1,54)

Rio Cacambe 8 0,35 23 163 92 2,9 5,5 114 1,00(3,06) (1,8) (6,8) (2,2) (1,6) (1,3) (1,8) (1,18)

Rio Pavuninha 7 0,22 30 22 147 2,8 6,4 148 0,73(1,50) (1,4) (1,4) (2,1) (1,5) (1,4) (3,8) (1,89)

Rio Camorim 4 0,15 17 9,8 56 1,8 4,0 285 1,10(1,62) (1,1) (1,3) (1,1) (1,3) (1,2) (3,5) (1,34)

Rio Marinho 5 0,26 35 17 136 3,5 4,0 69 0,59(1,49) (2,0) (2,7) (1,8) (1,6) (1,4) (1,4) (2,0)

Adaptado de Fernandes, H.M. et al., 1993Obs: resultados entre parêntesis correspondem aos desvios.

116

Quadro 4.36 – Concentração de metais pesados em sedimentos daslagoas de Jacarepaguá e Camorim

(concentração média na fase móvel dos sedimentos - < 63um)

CONCENTRAÇÃO

ESTAÇÃOPb

(ug/g) Cu(ug/g)

Zn(ug/g)

Ni(ug/g)

Cr(ug/g)

Mn(ug/g)

Fe(%)

1 18 7,2 107 11 5,6 64 0,26

2 18 5,3 75 9,2 6,5 122 0,73

3 12 4,0 64 9,3 6,0 28 0,25

4 13 9,4 62 10 6,1 124 0,59

5 21 4,8 113 12 6,8 50 0,50

6 21 18 114 14 8,2 89 0,88

7 49 133 291 14 15 55 0,97

8 39 56 189 13 11 19 0,51

10 14 7,8 82 11 10 68 0,30

11 11 4,3 85 10 8,3 163 0,64

12 14 6,5 101 13 3,2 264 0,68

13 21 13 105 14 4,7 42 0,31

14 37 29 161 11 6,3 39 0,61

15 22 3,8 94 33 6,1 64 0,64

16 48 42 470 16 7,9 78 0,81

17 64 56 200 15 4,5 173 1,10

18 61 63 271 271 12 63 1,77

Adaptado de Fernandes, H.M. et al., 1993

117

4.4 GEOLOGIA, GEOMORFOLOGIA E CONDICIONANTES FÍSICO-AMBIENTAIS

A área de estudo compreende dois grandes sistemas geológico-geomorfológicos: os maciçoscosteiros e a baixadas sedimentares. Formados por rochas de idade pré-cambriana eapresentando litologias de gnaisses, granitos e intrusivas alcalinas, estas relacionadas a intensareativação ocorrida no terciário, os maciços costeiros da Pedra Branca e da Tijuca são osresponsáveis pela emolduração da bacia hidrográfica de Jacarepaguá. Os maciços são bastantediferenciados do ponto-de-vista geológico uma vez que o da Tijuca é formado principalmente porrochas gnáissicas e migmatíticas, com algumas intrusões graníticas, ao passo que o da PedraBranca é formado por rochas alcalinas.

Dispostos um a oeste e outro a leste, os maciços costeiros descrevem um amplo arcomontanhoso conectados por uma restinga, que partindo da Serra de Grumari, a oeste, avançaaté tocar a ponta da Joatinga, a leste. A ampla planície sedimentar estende-se desde os contatoscom os maciços, até a face interna da restinga, formando uma baixada de aproximadamente 120km2. Com sedimentos de idades pós-cambrianas, principalmente sedimentos areno-argilosos doterciário e quaternário, estes depósitos assumem muitas feições na região, dentre as principaisdestacam-se: as restingas, os alagadiços, pequenos manguezais e aluviões.

A segunda parte têm como objetivo estabelecer um disgnóstico geotécnico das principais feiçõese formações encontradas nos grandes compartimentos regionais subdivididos em: restingas,alagadiços, aluviões, tálus/colúvio, morros com substrato gnaíssico, morros com substratogranítico e alcalino, montanhas e escarpas.

Durante as descrições são sugeridas providências e recomendações no sentido de diminuir osriscos relacionados à ocupação destes compartimentos. Ao longo do trabalho são apresentadasas metodologias de trabalho de identificação e mapeamento dos compartimentos.

4.4.1 Caracterização Geológica

A região da bacia hidrográfica de Jacarepaguá está localizada no Escudo Atlântico da PlataformaSul-Americana e é constituída de rochas de composição granito-gnáissica de idade pré-cambriana, rochas intrusivas alcalinas e básicas mesozóicas e sedimentos coluviais, marinhos efluviais de idade cenozóica ( ver Mapa Geológico – JAC-20-0002, em anexo).

Ao norte, leste e oeste da Baixada de Jacarepaguá aparecem os contrafortes dos maciçoscosteiros, relacionados ao Cinturão Móvel Atlântico (RADAMBRASIL, 1983). Trata-se docompartimento que emoldura a Baixada. Suas rochas, em geral gnaisses bandados e migmatitos,remontam ao Arqueozóico, tendo sido submetidas, tanto nesta era quanto no Proterozóico, ametamorfismos diversos, em função de sucessivos ciclos orogênicos e, talvez, de colisão deplacas continentais. Tais eventos, além de produzirem a intrusão de novos corpos graníticos e ametamorfização de rochas preexistentes, foram responsáveis por falhamentos e dobramentos,gerando unidades geológicas diferenciadas. Os dobramentos, ocorridos tanto em litologias doembasamento quanto em rochas supracrustais, colocoram lado a lado rochas de idades diversas,gerando um grande paralelismo entre elas e tornando, muitas vezes, impossível separá-las, o quedificulta a determinação radiométrica das mesmas.

O cinturão Móvel Atlântico subdivide-se, estruturalmente, em setores distintos, identificando-seáreas graníticas com feições diversas e apresentando estruturas orientadas na direção NE-SO.Falhas de grande extensão e de alto ângulo ocorrem por todo este compartimento. Nestessetores fortemente tectonizados ocorrem basculamentos e rebaixamentos de blocos falhados,

118

desta forma, pode-se observar a formação de pequenos “horsts” e “grabens” na região, isto é,contrafortes associados a vales estreitos e encaixados, o vale do Rio Grande é um bom exemplo.

Além do Complexo Paraíba do Sul, que, conforme mencionado anteriormente, constitui oembasamento do Cinturão Móvel Atlântico, identificam-se neste compartimento tectônicounidades supracrustais, de idades mais novas, maciços de rochas alcalinas e, também corposgraníticos intrusivos.

As rochas alcalinas remontam ao Cretáceo Superior/Terciário Inferior. Apresentam-se em formade diques e brechas e abrangem áreas de dimensões diversas, destacando-se as ocorrências doComplexo da Pedra Branca.

Dentre os corpos graníticos intrusivos destacam-se alguns presentes nas colinas e maciçoscosteiros e em algumas porções do maciço da Tijuca. Suas rochas graníticas teriam sido geradasem ambiente geossinclinal ou seriam fruto de uma granitogênese resultante de um choque deplacas tectônicas - placa americana com a africana, no Proterozóico Superior.

Os granito-gnaisses que ocorrem em grande parte na região pertencem a unidadelitoestratigráfica denominada de Supergrupo Paraíba do Sul. Estas rochas apresentambandamento marcante, com alternância de leitos claros e escuros contínuos e de espessurasvariáveis, atingindo dimensões milimétricas nos casos dos níveis biotíticos e anfibolíticos,subordinados aos leitos claros, quartzo-feldspáticos, mais espessos. Os níveis máficosgeralmente compõem-se de biotita e anfibólio, mas com algum quartzo e feldspato. Os leitosclaros são constituídos de quartzo e feldspato em quantidades variáveis, exibindo geralmenteuma cor esbranquiçada. A granulometria varia de média a fina.

As rochas pré-cambrianas apresentam foliação metamórfica em grau mais ou menos acentuado,em grande parte são acompanhadas do bandamento formado por migmatização. A lineaçãomineral de origem metamórfica é freqüente e está associada a vários ciclos de deformação.

As rochas ígneas intrusivas ocorrem na forma de veios ou diques de dimensões variadas e sãoformadas principalmente de sienitos e fonolitos. Esses diques seguem direções preferenciais N/Ee N/NW possivelmente associados a lineamentos pré-cambrianos, reativados durante ocenozóico.

Quanto às áreas de rochas pós-cambrianas, são as mesmas formadas por sedimentos de idadequaternária. Os sedimentos quaternários marinhos, representados predominantemente por areiasquartzosas, são encontrados, de modo mais expressivo, ao longo da Baixada de Jacarepaguá,onde formam praias, cordões litorâneos e até mesmo dunas que podem ser observadas emalguns pontos da Avenida das Américas.

Os sedimentos quaternários aluvionares, constituídos por cascalhos, areias, siltes e argilasinconsolidados compreendem depósitos fluviais, fluviomarinhos e fluviolacustres. Os sedimentoscoluviais, marinhos e flúvio-marinhos da baixada de Jacarepaguá, ocorrem muitas vezessuperpostos em consequência das diversas etapas climáticas e eustáticas que atingiram o litoralfluminense a partir do Pleistoceno. São formados basicamente por areias quartzosas, de coresesbranquiçadas e amareladas, de granulação fina a grossa, com certo seleção, podendo tambémser mal selecionadas. Seus grãos variam de subangulares a arredondados, sendo encontradosgrãos de feldspatos e minerais máficos, principalmente biotita e mais raramente mineraispesados.

Os depósitos coluviais encontram-se normalmente mais próximos às encostas, como osdepósitos expressivos da Vargem Pequena e Vargem Grande, resultado do transporte de material

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de alteração dessas vertentes, em períodos mais secos, quando era menos densa a distribuiçãoda cobertura vegetal e ocorria a atuação mais efetiva de chuvas torrenciais. A estes depósitosseguem-se os de origens marinha, principalmente nas partes mais baixas da topografia. Osmodelados de origem flúvio-marinha estão relacionados ao retrabalhamento de depósitos deorigem marinha, fluvial ou mesmo coluvial anteriormente localizados nos fundos das enseadasque ocorriam em Jacarepaguá. Os sedimentos marinhos e flúvio-marinhos mais recentescorrespondem às praias atuais e às áreas sob influência das marés.

4.4.2 Caracterização Geomorfológica

A baixada de Jacarepaguá é um compartimento ou bloco rebaixado e afogado por sedimentos deorigem continental e marinha com cerca de 120 km², limitada ao sul pela Praia de Sernambetiba(Barra da Tijuca e Recreio são hoje em dia denominações mais usuais), ao norte, a leste e aoeste pelos maciços costeiros.

As diversas formas de relevo que cobrem a Bacia Hidrográfica de Jacarepaguá resultam,principalmente, da sua história geológica, da litologia e de fatores paleoclimáticos. Os eventosgeológicos causadores de amplos arranjos estruturais e de expressivas ocorrências litológicas,geraram grandes conjuntos de formas de relevo, que constituem, na taxonomia adotada aqui, osDomínios Morfoestruturais. Estes por sua vez, compartimentam-se regionalmente, em função nãomais de causas geológicas, mas sim de fatores de ordem essencialmente climática, sejam elesatuais ou passados, e de determinadas condições fitoecológicas e pedológicas. Taiscompartimentos compreendem as Regiões Geomorfológicas, que, em decorrência de processosmorfogenéticos mais localizados, relacionados principalmente às características da rede dedrenagem, subdividem-se em Unidades Geomorfológicas.

São dois os Domínios Morfoestruturais que ocorrem na Região: Depósitos Sedimentares e Faixade Dobramentos Remobilizados. Os primeiros localizam-se, na faixa litorânea, estendendo-sedesde o oceano até as vertentes das Colinas e Maciços Costeiros.

Os depósitos sedimentares que ocorrem na região têm origem a partir do Terciário Superior,estando relacionados à epirogênese positiva que, aliada às condições paleoclimáticas, propiciou adeposição de sedimentos através da ação das águas continentais - rios e enxurradastransportando grandes quantidades de aluviões e, das vagas marinhas - redistribuindo o material.

A região geomorfológica das planícies costeiras compreendem superfícies planas e de baixasaltitudes. Estendem-se desde a linha de costa até as encostas das Colinas e Maciços, além deacompanhar os vales que penetram alguns quilômetros para o interior dos corpos dos maciçoscosteiros, como no vale do Rio Grande.

Conhecidas pelo nome genérico de baixada, são constituídas por sedimentos quaternários, cujaorigem está relacionada a fatores diversos, dentre os quais se destacam as oscilações do níveldo mar (no Pleistoceno e no Holoceno) e as mudanças climáticas, além da influência da tectônicaregional. Estes sedimentos são de vários tipos - coluviais, aluviais, fluviomarinhos, fluviolacustrese marinhos - e identificam-se com diversas formas de modelado:

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a) cordões litorâneos, constituídos por sedimentos arenosos quaternários (origem marinha) quese sucedem paralelamente entre si, formando, muitas vezes, feixes de restingas e quetestemunham o progressivo recuo do mar. Tais cordões respondem pela retilinidade do litoralda Barra da Tijuca;

b) áreas embrejadas, paralelas aos cordões de praias, situadas nas depressões existentes entreos cordões litorâneos, sofrem um processo de colmatação e constituindo grandes corpos deáreas pantanosas, principalmente ao longo dos Canais do Cortado e Sernambetiba;

c) lagunas, cuja origem está relacionada à formação dos cordões litorâneos, acimamencionados, que represaram ou confinaram porções de água do mar, fechando ou barrandoparcialmente antigas enseadas. As lagunas de Jacarepaguá e Tijuca contactam-se com ooceano através do canal natural da Barra. Posteriormente foram abertos os canais deMarapendi e de Sernambetiba, conectando as águas da laguna de Marapendi às da Tijuca eJacarepaguá. As lagunas costeiras, e principalmente a da Tijuca, passam por uma fase deintensa colmatação e assoreamento generalizado devido ao grande aporte natural desedimentos de origem continental e mais recentemente servindo de destino final de grandeparte dos esgotos domésticos de uma população de cerca de 450.000 habitantes. Às suasmargens, depositaram-se sedimentos argilosos, resultantes da ação dos cursos d’águaoriundos das colinas e maciços próximos;

d) vales fluviais, constituídos por sedimentos aluviais e coluviais. Apresentam-se estreitos nosseus médios vales, mas formam a ampla planície de Jacarepaguá, estendendo-se desde oLargo do Tanque até a estrada dos Bandeirantes e o bairro da Gardênia Azul. A planícieapresenta um perfil horizontalizado e registrando cotas pouco superiores ao do nível do mar,fazendo com que os cursos d’água atinjam o nível de base regional a centenas de metros, ouaté mesmo quilômetros, antes de se lançarem ao mar, o que dá origem a grandes extensõespantanosas ao longo da borda litorânea. Estas planícies embrejadas foram e têm sidosubmetidas a obras de drenagem, com a retificação de rios e a construção de canaisartificiais;

e) dunas, compreendendo depósitos arenosos, ocorrem sobre os cordões litorâneos e estãoparticularmente desenvolvidas ao longo da Avenida das Américas, algumas aindaestabilizadas por vegetação endêmica das praias.

À retaguarda das Planícies Costeiras, localiza-se o Domínio Geomorfológico das Faixas deDobramentos Remobilizados, compreendendo tipos de modelados diversos, mas com umaorigem comum - terrenos cristalinos que remontam ao Arqueozóico e Proterozóico, períodoscaracterizados por ciclos orogênicos responsáveis por dobramentos e falhamentos de grandeamplitude e que, após a ação dos agentes erosivos, atuando ao longo das eras geológicas que seseguiram, foram, no terciário, novamente submetidos a eventos tectônicos, daí resultandoextensas linhas de falha, escarpas de grande altitude e relevos alinhados em função dos antigosdobramentos e falhamentos mais recentes. Tais características respondem pela preponderânciado controle estrutural sobre outros fatores, como o climático, por exemplo, na evolução dasformas de relevo. Aí, identifica-se a região Geomorfológica que agrupa as Colinas e MaciçosCosteiros.

As Colinas e Maciços Costeiros localizam-se, grosso modo, entre as Planícies Costeiras , de umlado, e os terrenos correspondentes à Serra do Mar, de outro. Comumente intercalam-se com asPlanícies, chegando por vezes, a atingir a costa, formando pontões, tais como o da Joatinga. Ascolinas têm forma arredondada, como meias-laranjas, e possuem altitudes muito inferiores às dosMaciços. Estão concentradas nas bordas interiores do arco formado pelas linhas de cristas dos

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maciços costeiros. Os Maciços Costeiros chegam a atingir 1000 metros e constituem-se deblocos falhados e ligeiramente basculados para o Norte, segundo Ruellan (1944).

4.4.3 Condicionantes Físico-Ambientais

A compartimentação dos terrenos contida no Mapa dos Condicionantes Físico-Ambientaiscorrespondente à Bacia Hidrográfica de Jacarepaguá, foi elaborada de acordo com a suasuscetibilidade natural ou induzida ao desenvolvimento de processos geomorfológicos no meiofísico. Significa uma primeira sistematização dos dados disponíveis, que permitem delimitar áreascom maior probabilidade de ocorrência de problemas relativos ao uso do solo (principalmentequanto às inundações e deslizamentos), de interesse para as áreas de planejamento e gestão doterritório estudado (ver Mapa de Condicionantes Físico-Ambientais, JAC-20-0005, em anexo).

Investigações detalhadas, necessárias para a concepção e implantação de projetos específicosde ocupação do solo, devem encontrar orientações neste mapa, aumentando a eficácia eobjetividade de tais trabalhos. Sua concepção e elaboração informatizada facilitamcomplementações futuras, conferindo caráter dinâmico ao conjunto de dados aqui organizados.

4.4.3.1 Aspectos Metodológicos e Trabalhos Realizados A seqüência dos trabalhos para a geração do Mapa dos Condicionantes Físico-Ambientaisbaseou-se na metodologia de elaboração de cartas geotécnicas (IPT, 1994) enquanto que osarquivos digitais encontram-se na mapoteca da Fundação CIDE, órgão vinculado à Secretaria dePlanejamento e Controle do Estado do Rio de Janeiro.

Sumariamente, esta metodologia parte da identificação dos problemas significativos existentes noterritório e tem como eixo principal o estudo das características do meio físico e de sua ocupação,condicionantes destes problemas.

A partir de um levantamento preliminar, baseado no estudo e análise da bibliografia compilada,foram realizados trabalhos de investigação dirigida, que permitiram melhor identificação dasunidades físico-ambientais.

Para a delimitação das unidades foram utilizados mapas geológicos do Projeto Carta Geólogicado Rio de Janeiro, executado pelo Departamento de Recursos Minerais - DRM/RJ, na escala1:50.000, e compatibilizados pela Integração das Folhas Geológicas do DRM-RJ/Petrobrás, nasescalas 1:50.000, 1:250.000 e 1:500.000. Outras informações relativas ao relevo foram obtidas a partir das Cartas Topográficas do IBGE,na escala 1:50.000, da carta de declividade gerada e imagens de satélite do Sistema Landsat 5,banda 4, na escala 1:100.000. A delimitação cartográfica das características do meio físico e dos condicionantes dos problemasambientais (identificados em campo) permitiram definir unidades singulares de terreno comcomportamento geral diferenciado ante a seu uso. Desta maneira, faz-se necessária a adoção depráticas distintas na forma de ocupação de cada unidade. A análise do desenvolvimento dos processos considerados, que potencializam a ocorrência deproblemas, permitiu, também, o estabelecimento de medidas e procedimentos voltados para suaprevenção ou a correção dos problemas já deflagrados. As recomendações para ocupação decada unidade, normalmente baseadas em práticas correntes no meio técnico, serão apresentadasassim como a metodologia utilizada para a confecção do mapa Geológico-Geomorfológico.

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4.4.3.2 Metodologia para a Confecção do Mapa Geológico-Geomorfológico O mapa geológico-geomorfológico, na escala de 1:50.000, apresentado neste relatório estábaseado no mapeamento digital elaborado pelo GEROE - Grupo Executivo para ObrasEmergenciais, atualmente sob a guarda da Fundação CIDE. É importante frisar que esta cartaapoia-se na metodologia consagrada e utilizada pelo IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológias,vinculado à Universidade de São Paulo - USP. A metodologia do IPT está fortemente relacionada à origem dos materiais. Desta forma oscompartimentos são subdivididos em ocorrências primárias e derivadas. As ocorrências primáriassão: morros graníticos associados à xistos, morros gnáissicos, afloramentos de migmatitos erochas alcalinas. Já as formações secundárias ou derivadas são: as areias de restinga, solosargilosos, mangues, solos aluvionares indiferenciados (isto é, não apresentando a estruturatradicional dos horizontes pedológicos A, B e C), colúvios e solos aluvionares arenosos.Ocorrências intermediarias, geralmente evidenciado superfícies arrasadas, rebaixadas e via deregra entulhadas por sedimentos, estão relacionas às duas classes principais e são apresentadascomo uma classe de transição no mapeamento, Os representantes desta classe são oscompartimentos dos morrotes e solos residuais do cristalino, tálus e colúvios que podem serindiferenciados ou não. Como pode ser percebido pela própria análise da legenda, o mapa possui forte orientaçãogeotécnica, relacionando de uma lado compartimentos “duros” e de outro os compartimentosconsiderados “moles” entre estes estão os compartimentos intermediários ou de transição. Estetipo de abordagem é interessante pois os processos geomorfológicos relacionam-se diretamentecom o tipo de substrato a ser trabalhado. Desta forma, ravinamentos, voçorocamentos, desbarrancamentos e deslizamentos são processosfreqüentes nos compartimentos primários e de transição, já os processos de assoreamento,colmatação, inundações e enchentes são freqüentes na classe secundária ou derivada. 4.4.3.3 Unidades Físico-Ambientais

Foram delimitadas oito grandes unidades geotécnicas, com algumas subdivisões, cujascaracterísticas físicas determinam comportamentos distintos, segundo o desenvolvimento dediferentes tipologias de processos e/ou magnitudes variadas pela intensidade ou freqüência deocorrência:

a) Restingas;

b) Alagadiços;

c) Aluviões;

d) Colinas e Morrotes com Substrato Cristalino;

e) Tálus/Colúvio;

f) Morros com Substrato de Migmatitos e Gnaisses;

g) Morros com Substrato Granítico e Alcalino;

h) Montanhas e Escarpas.

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A ocupação de forma inadequada dos terrenos destas unidades geralmente acelera a ocorrênciade problemas associados a processos de erosão, assoreamento de drenagens, inundação,escorregamento, recalque na fundação de edificações e pavimentos viários. Em certas situações,estes problemas podem assumir proporções catastróficas, como os eventos das chuvas de 1996.

Na descrição das unidades são apresentadas as principais características de interesse do meiofísico, os aspectos do uso do solo e os processos existentes e/ou potenciais.

♦ Restingas O principal cordão de restinga presente está sob a Avenida Sernambetiba, porém outros paleo-cordões podem ser identificados em sub-superfície ou até mesmo na mais interiorizada, após aslagunas costeiras de Jacarepaguá e Tijuca, o que prova as diversas flutuações climáticas que aregião sofreu. Cordões de restinga são em realidade longos depósitos arenosos formados emparte pelo trabalho das correntes marinhas e por outro pelo movimento de oscilação do nívelmédio do mar. Os cordões de restinga estão geralmente ancorados em maciços cristalinos e ilhas, que servemde obstáculos às correntes marinhas, que perdem velocidade nas imediações destas formaçõese, desta forma, competência para transportar sedimentos. Os sedimentos são depositados noreverso dos obstáculos, regiões de remanso e abrigadas das vagas oceânicas. As restingaspodem possuir dezenas a centenas de quilômetros de extensão e via de regra são formadas porterrenos de baixa declividade, compostos por dunas e bancos arenosos, suas faces externasformam praias, constituídas por areias marinhas, pobres em argila, com intercalações eventuaisde solos argilosos de dimensão variável. As restingas estão associadas a solos muito pobres, francamente arenosos e via de regra salinos.As formações pioneiras, agrupamentos vegetais que colonizam as praias e restingas sãoaltamente especializadas, suportando a salinidade elevada, a falta de água, excesso deiluminação e evaporação. Os tradicionais horizontes pedológicos dificilmente são encontrados emtal ambiente e geralmente o horizonte A é pouco espesso ou ausente e o B pode apresentaracumulação de óxido de ferro e/ou matéria orgânica. As restingas possuem o lençol freático muito próximo da superfície em função do elevado nívelhidrostático provocado pelo mar. Os aqüíferos são abundantes porém existe uma forte presençade água salobra, devido principalmente à intrusão da cunha salina em subsuperfície. A Restinga de Sernambetiba, apesar da intensa especulação imobiliária que está sofrendo, aindapossui algumas manchas relativamente preservadas, sobretudo ao longo da porção maisocidental da laguna de Marapendi. Existem neste trecho poucas obras civis e podem serobservadas manchas de mata de restinga. Problemas eventuais de fundação ligadosprincipalmente a recalques podem ocorrer em alguns terrenos isolados em toda a formação,principalmente quando ocorrem lentes argilosas intercaladas por pacotes arenosos. Este tipo deocorrência é muito freqüente nas proximidades dos corpos lagunares. Existem evidências de modificação na dinâmica de sedimentação/erosão costeira em todo o litoraldo Estado do Rio de Janeiro e, foi particularmente notável o ataque que a face externa darestinga de Sernambetiba sofreu durante as ressacas de inverno de 1997. Alguns postos deobservação do agrupamento de salvamar foram duramente atingidos, ameaçando as fundaçõesem pelo menos dois postos. A erosão da face externa pode provocar elevados custos ambientaise materiais e a recuperação do cordão seria muito complexa do ponto-de-vista geomorfológico.

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♦ Alagadiços Ocorrem nas cotas mais baixas da planície litorânea da Baixada de Jacarepaguá, próximo aosrios e canais artificiais de drenagem. Geomorfologicamente, os alagadiços são compostos porsolos hidromórficos. São solos de origem flúvio-lagunar, apresentando capas de argila, comespessura normalmente inferior a 3 m, sobrepostas a camadas arenosas de origem marinha. Os solos encontrados nos alagadiços são muito compressíveis, com alta plasticidade. Nos baixoscursos dos canais fluviais estas manchas podem sofrer efeitos da ação das marés. O nível dolençol d'água é bastante elevado, aflorante em muitos pontos, formando brejos e pântanos. Comoos terrenos possuem declividade muito baixa, apresentam má drenabilidade, o que favorece oaparecimento de solos turfosos e orgânicos. Toda a porção litorânea no reverso da restinga de Sernambetiba, desde a Vargem Grande até osetor mais ocidental da laguna de Marapendi apresenta solos embrejados. Outras manchasimportantes ocorrem nos baixos cursos dos rios: Arroio Fundo, do Anil, das Pedras, Cachoeira eda Barra. Viajantes do século XVIII, referem-se aos campos alagados dos sertões deJacarepaguá, Santa Cruz e Sepetiba como áreas de criação de extensiva de gado. Vários canaisde drenagem foram abertos, principalmente na década de 40, na tentativa de regularizar asfreqüentes inundações que ocorriam na região e, ao mesmo tempo, buscava-se uma melhoria nadrenabilidade dos solos, transformando charcos em pastos mais secos, liberando áreas inclusivepara a agricultura. Hoje, grande parte destes terrenos apresentam-se cobertos por pastagens, e como eles estãolocalizados na periferia de bairros já bastante ocupados, passarão a sofrer num futuro próximo osefeitos da ocupação urbana. As inundações e alagamentos são freqüentes durante os verões mais chuvosos, devido àsdificuldades de escoamento das águas superficiais associadas ao intenso assoreamento doscanais que cortam a região. Como os canais também servem como vazadouros de lixo, duranteas fortes chuvas, muitas obstruções do fluxo das águas ocorrem sobre pontes. Desta forma, osvãos das pontes passam a funcionar como um verdadeiro funil, promovendo o barramento daságuas e agravando a vocação natural desta unidade para sofrer alagamentos. Em muitos pontos da região foram observados processos irregulares de ocupação das margensdos canais de drenagem, quer sejam promovidos por favelas e sub-moradias, quer porinstalações comerciais. A ocupação inadequada destas regiões alagadiças, promove o recalqueem fundações, aterros, infra-estrutura subterrânea e pavimentos viários, por adensamento dospacotes argilosos. A má utilização do solo em grandes parcelas da região reforçam os processos naturais deassoreamento do sistema de drenagem, acentuando as condições de inundação ecomprometendo a qualidade de praias adjacentes, uma vez que a contaminação do lençol freáticoé processada pela inexistência de um sistema eficiente de tratamento de águas servidas.

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♦ Aluviões Terrenos localizados ao longo das drenagens, nos trechos com declividades menores que 10%.São pouco significativos nos vales encaixados, e ocorrem em pequenos trechos junto aos baixoscursos das drenagens que cortam a região, sobretudo aquelas que descem das formaçõesalcalinas do maciço da Pedra Branca. Os aluviões são pacotes sedimentares com matéria orgânica e textura que varia de argilosa aarenosa, eventualmente com cascalheiras, construídos predominantemente por soloshidromórficos, glei húmicos e pouco húmicos. Existe, aqui, a possibilidade de ocorrência deturfeiras já que o nível d'água é aflorante ou próximo da superfície. Nos pacotes aluvionares chegou-se a plantar culturas perenes como a da laranja e algumasoutras temporárias como a da mandioca. Em alguns sítios mais arenosos a prática de extração deareias para a construção civil também foi muito freqüente. Hoje em dia as manchas de aluviãoestão servindo de palco para o avanço da expansão urbana não planejada, baseada na auto-construção acompanhada de sistemas precários de aterros e infra-estrutura. A rigor, os aluviões são solos periodicamente inundados e saturados de água, ocorrem nos leitosmaiores dos rios e o processo genético destes solos está associado ao período de cheia dasdrenagens, quando estas depositam novos sedimentos sobre os pacotes anteriormentedepositados. Como pode ser observado ao longo de toda a bacia, os alagamentos e inundaçõesestão sendo amplificados já que em muitos pontos as calhas dos rios são ocupadas pormoradias, instalações comerciais e industriais. Dificuldades crescentes ao escoamento das águasde chuva são impostos pela ocupação urbana desordenada. A construção de avenidas ao longodas margens dos canais serviria para evitar o avanço da degradação das calhas dos rios. O solapamento das margens e assoreamento do canal foram observados em praticamente todosos rios e córregos que atravessam zonas urbanizadas, com o agravante de contaminação daságuas subterrâneas e de superfície, por lançamento de esgoto doméstico e industrial. ♦ Colinas e morrotes com substrato cristalino Esta unidade é composta por relevos residuais de rochas cristalinas, em geral apresentam-sebastante degradados em termos ambientais e encontram-se intensamente ocupados porconstruções. Prevalecem, aqui, declividades inferiores a 20%, e ocorrem preferencialmente nasfranjas dos maciços costeiros e escarpas de blocos falhados. Trata-se de um compartimentorebaixado, semi-confinado a norte, leste e oeste, podendo ocorrer também de forma dispersa jáque podem estar afogados e separados pela intensa acumulação sedimentar das planícies. O substrato do compartimento de colinas e morrotes é geralmente gnáissico e migmatítico,eventualmente granítico nas fraldas do maciço da Tijuca. Nas imediações do maciço da PedraBranca o substrato dominante é composto por intrusivas alcalinas. Desta forma os solosrelacionados são muito antigos, altamente desenvolvidos, com espessura média acima de 10 m,em geral de textura siltosa, eventualmente pode ocorrer a presença de micas e, via de regra, sãoaltamente suscetíveis à erosão quando expostos. São regiões de ocupação urbana e viária antiga e intensa, não existindo mais nenhuma manchaexpressiva de cobertura vegetal natural nos terrenos desta unidade. Nas colinas mais isoladas einteriorizadas, ao longo de estradas secundárias podem ser observados vários pontos de áreasantigas de mineração (saibro) que são abandonadas à medida que a urbanização avança e seconsolida.

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Nos contrafortes do maciço da Pedra Branca a ocupação rural se faz, principalmente, compastagem, reflorestamentos isolados e vegetação de mata secundária ocorrem com algumafreqüência. Eventualmente, algumas atividades agrícolas de pouca representatividade tanto emtermos de área como do valor da produção podem ocorrer. Várias formas de processos erosivos podem ser geradas nesta unidade, dentre as quaisdestacam-se os sulcos e ravinas no solo de alteração, devido a sua exposição por longosperíodos, erosão pouco significativa nos solos superficiais (horizontes A e B) lateríticos e erosãoacelerada por sulcos e ravinas, desenvolvidas a partir da concentração das águas do escoamentosuperficial. O assoreamento é generalizado tanto nos canais de drenagem naturais e artificiais emconseqüência da erosão das áreas de montante. ♦ Tálus/colúvio

Os colúvios e tálus são formações de relevo derivadas onde acumula-se o material detríticoproveniente de superfícies de montante. Rampas de colúvio (predomínio de material fino) edepósitos de tálus (predomínio de material grosseiro) ocorrem junto à base e à meia encosta demorros, montanhas e serras. Em razão da escala, só são representativas algumas ocorrências.

Estas formações são constituídas por material de espessura, extensão e granulometria variada,que envolve desde argila até blocos de rocha e matações e substrato de rochas cristalinas.

Os depósitos de tálus são de composição bastante heterogênea e apresentam-se normalmentecom muitos vazios no interior do depósito. Tal situação permite o acúmulo e a circulação intensa edesordenada da água, cujos fluxos variam ao longo do processo de acomodação destascamadas.

O caráter inconsolidado e heterogêneo deste tipo de material propicia alta suscetibilidade àerosão por sulcos e ravinas caracterizando a frágil capacidade de suporte dos terrenos. Na regiãode estudo a ocupação predominante é a urbana que avança sobre os terrenos mais declivosos.Ao longo do rio da Cachoeira este fenômeno pode ser bem observado. Com a expansão dasmanchas as matas naturais e secundárias vão sendo substituídas, facilitando a ocorrência demovimentos de massa.

A erosão por sulcos e ravinas, natural nestas formações, pode provocar a reativação dascabeceiras de drenagem devido à alta suscetibilidade desses terrenos ao processo erosivo.Foram observados nos trabalhos de campo muitas cicatrizes de escoregamentos edeslizamentos, até mesmo em áreas coberta por florestas.

Rastejos e possibilidade de escorregamentos em consequência de terraplenagens e mudançasno regime de circulação d'água são comumente observadas ao longo das principais estradas e,em alguns trechos, observa-se certa dificuldade nas escavações e implantação de infra-estruturassubterrâneas, quando o material detrítico é formado por blocos de rochas e matações.

Nos canais de drenagem que vertem diretamente para a baixada foram observados lançamentosde águas servidas e, invariavelmente, também servem como vazadouros de lixo doméstico.

Estas áreas, com declividade superior a 20%, deveriam ser utilizadas como áreas dereflorestamento, admitindo-se a presença de pastagens e culturas perenes desde que praticadascom o objetivo de conservação das propriedades físicas e químicas do solo. A ocorrência dematações e blocos de rocha compromete a agricultura mecanizada. Por outro lado são

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recomendadas medidas com o objetivo de proteger as cabeceiras de drenagem através desistema adequado de drenagem, para evitar reativações do processo erosivo.

♦ Morros com substrato de migmatitos e gnaisses

Esta unidade é composta principalmente por morros, com declividades predominantes que variamde 20 a 58%, podendo ocorrer também morros isolados e outras formas de relevo de amplitudevariada com substrato de gnaisses e migmatitos.

A ocupação predominante nessa unidade é formada por pastagens e, eventualmente, por matassecundárias. Algumas manchas urbanas ocupam terrenos dessa unidade, inicialmente nas faixasde menor declividade, com início de expansão em terrenos mais abruptos e inclinados. Ocorremaqui alguns pontos abandonados de áreas de mineração de saibro, principalmente junto às zonasde avanço da urbanização. Os solos que ocorrrem sobre migmatitos apresentam horizonte C(solo de alteração) de composição granulométrica heterogênea e alto grau de erodibilidade. Deve-se notar que existe a possibilidade de ocorrência de corpos de tálus/colúvio, às vezes nãorepresentativos na escala cartográfica de 1:50.000.

Processos erosivos generalizados podem ser observados nesta unidade de mapeamento. Sulcos,ravinas e voçorocas são frequentes. A reativação de cabeceiras de drenagem, principalmentenos fundos de vale e nas partes mais declivosas do relevo também são comuns, muitas cicatrizesforam formadas após as chuvas de 1996, principalmente nas áreas onde não existem proteçãosuperficial do solo e sistemas adequados de drenagem.

Assoreamento dos corpos d'água são frequentes outros processos induzidos pela ocupação,como queda de blocos, escorregamentos de taludes de corte/aterro e vazadouros de lixocontribuem para aumentar a sobrecarga de sedimentos, impossível de ser transportada nasvazões médias observadas pelos pequenos rios e córregos desta unidade.

Várias formas de escorregamento estão presentes e associadas ao relevo de morros gnáissicos emigmatíticos, dentre as principais que podem ser observadas destacamos:

a) Escorregamentos planares de solo, geralmente no contato solo/rocha, nos trechos dedeclividades maiores que 40%;

b) Escorregamentos circulares restritos a trechos de solo espesso e sapropelito muito fraturado,geralmente induzidos por escavações na base de taludes;

c) Rastejamentos associados a depósitos detríticos (tálus/colúvio), principalmente nos setoreslocalizados abaixo das zonas de maior declividade e, finalmente;

d) Escorregamentos associados à presença de estruturas de alteração (rochas decompostasassociadas à foliação, xistosidade e fraturas) muito próximas da superfície do solo.

Terrenos que se situam nas franjas desta unidade devem ser considerados como possíveis áreasde espera de material de escorregamento, desta forma, é necessário disciplinar as intervençõesque resultam em modificações drásticas na geometria e dinâmica das águas nas encostas. Deve-se dispensar muita atenção às reformas e recuperação de sistemas viários que realizemterraplenagens ou cortes e aterros em geral. O mesmo raciocínio pode ser aplicado nos trechosonde podem ocorrer escorregamentos estruturados. A presença de formações geológicas, comorientações desfavoráveis à estabilidade, obriga a realização de maiores cuidados na execuçãode cortes, inclusive a realização de obras de contenção.

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♦ Morros com substrato granítico e alcalino Esta unidade é composta principalmente por um sistema de relevo onde destacam-se os morros,com declividades predominantes que variam de 20 a 58%, podendo ocorrer, de formasubordinada, morros isolados e outras formas de relevo de amplitude variada. O substratodominante é composto por rochas graníticas e alcalinas, apresentando solos com horizonte C(solo de alteração) de composição granulométrica heterogênea e alto grau de erodibilidade. A ocupação predominante nessa unidade é formada por campos e, eventualmente, por matasnaturais e secundárias. Áreas urbanas estão, atualmente, expandindo sua ocupação sobreterrenos dessa unidade. Corpos de tálus/colúvio são encontrados entre os morros e, por vezes,não são representativos na escala deste trabalho. Erosão por sulcos, ravinas e voçorocas são formadas por reativação de cabeceiras de drenagem,principalmente nos fundos de vale e nas partes mais declivosas do relevo. Valem asrecomendações realizadas na unidade anteriormente descrita, incluindo aquelas específicas paraos principais movimentos de massa (quedas e rolamentos de blocos de rocha pordescalçamento). Nesta situação, torna-se necessário proceder à drenagem específica, àcontenção e ao desmonte dos blocos de rocha instáveis dos taludes. O assoreamento dos corpos d'água por sedimentos provenientes do processo erosivo encontramreforços nas áreas ocupadas por moradias. Rastejos e escorregamentos associados a depósitosdetríticos (tálus/colúvio) principalmente nos setores localizados abaixo das zonas de maiordeclividade são encontrados e quedas e rolamentos de blocos por erosão e descalçamentopodem ocorrer. Escorregamentos naturais, inclusive em áreas florestadas, ocorrem nas regiõesde contato entre solo e pacotes de rocha alterada, comuns nesta unidade. ♦ Montanhas e escarpas

Encostas com declividade predominante superior a 58%, em sistemas de relevo constituídospelos colinas e maciços costeiros. Montanhas isolados podem ocorrer embutidas emcompartimentos mais rebaixados e entulhados por sedimentos. O embasamento é composto porrochas cristalinas, com solos, em geral, pouco espessos, predominantemente litólicos,cambissolos e afloramentos de rocha, ocupados em grande parte por mata natural.

No sopé dos maciços existem pequenas áreas de pastagem e faixas urbanizadas de dimensõeslimitadas começam a galgar os principais vales que cortam esta região. Os principais processosgeomorfológicos que ocorrem nesta unidade são os movimentos gravitacionais de massa,condicionados pela declividade acentuada dos terrenos e deflagrados por condições de altapluviosidade. De fato, as bacias hidrográficas desta unidade possuem um elevado potencial degeração de corridas de massa, fato observado nos maciços da Pedra Branca e Tijuca.

Atualmente, ocorrem processos naturais em razão da ocupação ainda incipiente, porém oincremento desta ocupação pode provocar acidentes de maiores proporções e freqüência, dentreos quais destacam-se:

a) Escorregamentos em solos, com geometria predominantemente planar;

b) Quedas de blocos de rocha e desplacamento nos trechos de encosta com afloramentosrochosos;

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c) Rastejos e escorregamentos condicionados por estruturas da rocha.

4.4.4 Solos e Geotecnia

Este item aborda os aspectos relativos aos solos sob os pontos de vista pedológico e geotécnicoconforme descrito a seguir.

4.4.4.1 Aspectos Pedológicos

Os dados utilizados para a classificação de solos foram extraídos do LevantamentoSemidetalhado e Aptidão Agrícola dos Solos do Município do Rio de Janeiro (EMBRAPA, 1980),em escala 1:50.000, e complementado por informações do Mapa Exploratório de Solos1:1.000.000, do Projeto RADAMBRASIL (1983).

A abordagem adotada na caracterização dos solos fundamentou-se nas relações entre osprocessos pedogenéticos e a atuação, por vezes determinante, de um ou mais dos fatores deformação dos solos.

♦ Classes mapeadas A área da bacia hidrográfica da Baixada de Jacarepaguá constitui-se de variados tipos deambientes, compondo paisagens específicas: baixada, restingas, manguezais, serras e colinas.Identifica-se, de uma maneira geral, as baixadas e os morros e serras como os dois grandesdomínios geomorfológicos na área da bacia. A influência das formas de relevo são marcantes naconfiguração e na distribuição dos diversos tipos de solos que constituem esses ambientes e quepodem ser divididos como solos das baixadas e solos das encostas. Os terrenos planos e as depressões da baixada, apresentam geralmente condições de drenagemimperfeita formando quase sempre ambientes hidromórficos, com grande influência do lençolfreático, que nessa área aparece muito próximo à superfície. Constituem-se basicamente desedimentos quaternários que foram retrabalhados por diversos agentes (vento, ondas, correntes eetc.), associados ao desenvolvimento de restingas e dunas (depósitos arenosos), mangues(depósitos argilosos, argilo-siltosos e mistura de sedimentos arenosos e materiais orgânicos) eainda aos alagadiços e aluviões nas áreas planas e represadas junto à costa (depósitosaluvionares). As classes de solos relacionadas a essas zonas de baixada são: Areias QuartzosasMarinhas, solos Gley, Podzol, Planossolos, solos Aluviais e solos Orgânicos (EMBRAPA, 1980). O aumento da declividade em direção às serras reflete-se na presença de solos associados àsvariações de gradientes das encostas e à maior exposição à erosão, originários daintemperização de rochas e sedimentos mais antigos. Nesse contexto, solos PodzólicosVermelho-Amarelo associados à solos Litólicos e afloramentos rochosos, Latossolos Vermelho-Amarelo, Cambissolos e Brunizem Avermelhado, ocorrem nas áreas que apresentam um relevoondulado a fortemente ondulado, sendo os solos Podzólicos Vermelho-Amarelo característicosdas colinas e morrotes isolados nas baixadas.

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♦ Areias Quartzosas Marinhas As Areias Quartzosas Marinhas constituem solos essencialmente quartzosos, podendoapresentar fragmentos de conchas, excessivamente drenados, geralmente profundos, de texturaarenosa (-de 15% de argila), com horizonte A pouco espesso ou ausente (via de regramoderado), horizonte B inexistente ou muito pouco desenvolvido, configurando uma sequênciatípica A, C1, C2, C3, etc., com horizonte C de grande espessura e com textura das classes areiaou areia franca (RADAMBRASIL,1983). São solos bastante permeáveis, apresentando problemasde retenção de água, possuem baixa capacidade de troca de cátions e poucos nutrientes. Poroutro lado, não apresentam problemas para o desenvolvimento de vegetação específica.Apresentam grande susceptibilidade à erosão e problemas para a atividade mecanizada(atolamento), em virtude da fraca coerência do substrato arenoso. Pelas característicasapresentadas, estes solos devem ser mantidos com cobertura permanente, prestando-se mais àconservação de flora e fauna do que a atividades extrativas. Nesta área são encontradas areias quartzosas marinhas distróficas (pouco férteis, baixo teor denutrientes). Em algumas áreas estas areias ocorrem contíguas aos solos Podzóis Hidromórficosque são solos com horizonte B Podzol, também muito profundos e que se desenvolvem sobre ossedimentos arenoquartzosos de origem marinha. Esses solos apresentam horizontes bem nítidos,numa sequência de horizontes A1, A2 seguidos de Bhir ou Bh ou Bir e C e sua textura é arenosa. Ohorizonte B apresenta uma espessura variável e se caracteriza por acumulação iluvial de matériaorgânica (h)e/ou sesquióxidos livres, especialmente ferro (ir). Esses podem funcionar comoagentes cimentantes, conferindo dureza de graus diversos a este horizonte, além de umacoloração específica amarronzada ou café. Se desenvolvem em áreas mal drenadas, comexcesso de água permanente ou temporária. São solos ácidos, de baixa fertilidade natural, eapresentam uma dominância da vegetação natural em suas áreas (EMBRAPA, 1980). Pela suatextura arenosa, especialmente no horizonte A, apresenta susceptibilidade à erosão moderada. ♦ Solos Gley Os solos predominantemente hidromórficos do tipo Gley caracterizam-se pela presença de umhorizonte subsuperficial (g), de coloração cinzenta e/ ou mosqueada, evidenciando a suaformação por reações de oxi-redução. Apresentam seqüências de horizontes A e Cg ou A (B)g eCg. A grande presença de matéria orgânica no horizonte A, evidencia, junto com o horizonte gley,a má drenagem do terreno e a condição de hidromorfogenia. Os solos gley são, em geral, poucoprofundos, com o horizonte superficial espesso pelo acúmulo de matéria orgânica, de coloraçãoescura (preta ou cinza-escura) e os horizontes subsuperficiais (g) de cores cinzentas e neutras, detextura argilosa ou muito argilosa e estrutura maciça. Ocorrem comumente nas várzeas dos rios.Os sedimentos constituintes desses solos em geral são de origem flúvio-lagunar. Podem ser identificados duas classes de solos Gley: Gley Húmico, Gley Pouco Húmico. Os solosGley Húmico e Gley Pouco Húmico diferenciam-se basicamente pelo teor de matéria orgânica nohorizonte A, que é maior no primeiro do que no segundo. Na Baixada de Jacarepaguá, ocorrem os vários tipos de solos gley, predominando os gleyshúmicos de argila de atividade alta, álicos, em altitudes que variam de 10 a 20 m, sob campos devárzeas. Por ocuparem terrenos em relevo plano, os solos gley praticamente não sãosusceptíveis à erosão. Quanto à sua utilização para agricultura, apresentam limitações referentesao excesso de água, já que o lençol freático encontra-se normalmente alto. Com medidas dedrenagem adequada, os gley húmicos e pouco húmicos podem se prestar para a agricultura,principalmente com culturas de arroz e hortícolas. Os solos álicos e distróficos, necessitam decorreção da acidez e de adubação para sua perfeita utilização. além de drenagem. Já os que

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apresentam caráter sódico não despertam interesse para a agricultura, sendo mais indicadospara pastagens (RADAMBRASIL, 1983). ♦ Manguezal Como ambiente de transição entre o continente e o mar, os manguezais recebem grande cargade sedimentos provenientes de transporte fluvial. Constituem-se de material que variam detextura arenosa a muito argilosa e grande produção de matéria orgânica com restos de conchas evegetais, com intercalação de areias finas, formando vastas lamas. A coloração típica dessessedimentos é a acinzentada, evidenciando as condições redutoras desse ambiente. A suavegetação típica, o mangue propriamente dito, possui um fundamental papel na deposição efixação desses sedimentos. Pelas características desse ambiente, a vegetação assenta-se sobre solos compatíveis com ossolos do tipo gley salinos tiomórficos e a associação complexa de solos gley salinos e solos gleysalino tiomórficos ambos indiscriminados. Também podem ser encontrados associados aos solosorgânicos salinos tiomórficos. Os gley salinos tiomórficos apresentam sequência típica dehorizontes do tipo A sobre C, com cores escuras no horizonte A e cinzento-esverdeada escura nohorizonte C. Possuem alta condutividade elétrica, altos teores de sais solúveis e de enxofre. Sãosolos extremamente ácidos, e quando drenados artificialmente, apresentam torrões de enxofresecos próximos às escavações, por isso não se prestam ao uso agrícola (EMBRAPA, 1980). ♦ Solos Aluviais Os solos aluviais são solos pouco desenvolvidos, de sequência de horizontes A e C, com umhorizonte A diferenciado sobre um C de camadas estratificadas, não consolidadas e em geralgleyzadas. Em alguns casos podem aparecer um horizonte B incipiente e pouco espesso.Ocorrem nas várzeas dos rios, em relevo plano, e podem variar em relação à textura, coloração,consistência e estrutura de acordo com a natureza dos sedimentos depositados (RADAMBRASIL,1983). Também variam quanto à saturação de bases, atividade da argila, tipo de horizonte A etipo de vegetação. A sua profundidade depende da altura do lençol freático, mas esse fator nãolimita o desenvolvimento de raízes, apesar do risco de inundações (EMBRAPA, 1980).

♦ Solos Orgânicos Os solos Orgânicos são solos hidromórficos, pouco evoluídos por não apresentarem horizonte Bou com B pouco desenvolvido. Sua composição orgânica, em graus de decomposição variável,provém da acumulação de restos vegetais em ambiente palustre. São solos muito ácidos, comteores elevados de carbono e de hidrogênio(H+), de coloração escura (preta), textura orgânica ecom estrutura ausente ou fraca angular. Estão situados principalmente em áreas de bacias, ondea matéria orgânica se acumula sobre sedimentos fluvio-lacustres. Em áreas de permanenteinfluência das marés, os altos teores de sais solúveis e compostos de enxofre, caracterizam ossolos orgânicos salinos tiomórficos. Com drenagem artificial, os solos orgânicos podem serutilizados para culturas como o arroz e hortícolas (EMBRAPA, 1983). São solos com boas condições para utilização agrícola, apresentando limitações somenterelacionadas com a fertilidade. Podem aparecer associados aos Cambissolos eutróficos edistróficos, de argila de atividade baixa, compostos de sedimentos provenientes de rios emateriais carreados das partes mais elevadas e depositados nas partes mais baixas. São solos

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pouco desenvolvidos e apresentam um horizonte Ap sobre um horizonte B incipiente, seguido decamadas estratificadas gleyzadas. ♦ Planossolo Os Planossolos são solos com horizonte B textural, ou seja, uma mudança textural abrupta entreos horizontes A (menos argila) e B (mais argila) e características de hidromorfismo, como corescinzentas e mosqueado nos horizontes subsuperficiais. Em geral, apresentam uma sequência dotipo A1, A2, B2tg, B3tg e Cg. O acúmulo de argila no horizonte B diminui sensivelmente apermeabilidade desses solos. Elas podem ser de atividade alta (Ta) ou baixa (Tb). Esses solosvariam ainda devido a textura, estrutura e consistência no horizonte B. Este solo sofre umexcesso de umidade no período de chuvas e um grande ressecamento nos períodos secos.Devido ao regime hídrico, apresenta problemas para o desenvolvimento radicular e às vezes,perigo de acúmulo de sais, dificultando um pouco a sua utilização para a agricultura. Ocorrem emrelevo praticamente plano e a sua susceptibilidade à erosão é praticamente nula. ♦ Podzólico Vermelho-Amarelo Os solos podzólicos vermelho-amarelo são solos minerais, bem a moderadamente drenados, emgeral profundos, com sequência de horizontes A, Bt e C, sendo a principal característica apresença do horizonte B textural. O horizonte A é um horizonte mineral com matéria orgânica, moderadamente desenvolvido, decolorações muito escuras, podendo ocorrer ou não horizonte A2 de coloração mais clara. A texturavaria de franco arenoso a franco argilo-arenoso, podendo ocorrer cascalhos, predominandoestrutura do tipo granular. Possuem poros pequenos a grandes, médios e grandes; consistêncialigeiramente dura (seco), muito friável a friável (úmido) e plástico e pegajoso (molhado). Ohorizonte B textural (Bt), é iluvial, com acúmulo de material lavado da parte superior, de texturaargilosa ou muito argilosa. Possui uma coloração vermelho-amarelada, com teores de ferrosignificativos, podendo ocorrer em alguns perfis mosqueados provenientes do material de origem.Apresentam estrutura do tipo em blocos subangulares e/ou angulares de pequena a médiafortemente desenvolvidas, cerosidade abundante, porosidade comum, consistência dura a muitodura (seco), friável (úmido) e plástica e pegajosa (molhado). O horizonte C apresenta menosargila do que o Bt, maior relação silte/argila dentro do perfil e a coloração mais freqüente é avariegada. (EMBRAPA, 1980). Esses solos normalmente apresentam argilas de atividade baixa, o que lhe confere poucacapacidade de retenção de bases, sendo desfavorável para a utilização agrícola em face danecessidade de um maior número de adubações. Se o solo é álico ou distrófico, necessita demaiores quantidades de insumos para adubação no caso de argilas de atividade alta. As argilasexpansivas em que a atividade seja muito alta, também são desfavoráveis para o uso agrícolaalém de reunir situações desfavoráveis ao uso da engenharia em virtude da forte expansão econtração que gera fendilhamentos no solo. As condições físicas desse tipo de solo dependem da profundidade, das condições de drenageme de outras características modificadoras, além da atividade da argila. Essas condições físicasapresentadas pelo solo influirão na sua capacidade de desenvolvimento radicular (EMBRAPA,1980).

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Em geral, a descontinuidade textural abrupta entre os horizontes A e B, os tornam solossusceptíveis à erosão. A existência de argila dispersível em água e o tipo de estrutura, entreoutros fatores, contribuem também para aumentar esta susceptibilidade. Dentro dos graus delimitação do uso do solo, a susceptibilidade desses solos à erosão vai de moderada a muito forte,dependendo da declividade e da classe de textura do horizonte B. No caso do relevo suaveondulado, a susceptibilidade dos podzólicos vermelho-amarelo enquadra-se no grau moderado.Quando não adotadas práticas conservacionistas, poderão ocorrer dificuldades para a exploraçãoagrícola, além da perda rápida desses solos. Nas colinas e morrotes ocorrem os tipos podzólicos vermelho-amarelo distróficos associados aoálico latossólico; distrófico associado ao eutrófico e, os distróficos planossólicos. Todos de argilade atividade baixa. A característica distrófica dos solos refere-se à saturação de bases baixa quereflete o baixo nível de nutrientes no solo e portanto, sua pouca fertilidade natural. O caráter álicosignifica que além de distrófico, o solo possui um alto teor de alumínio trocável (Al +++ ) nohorizonte B, num nível tóxico para as plantas. O caráter eutrófico significa uma alta saturação debases, grande reserva de nutrientes e portanto, maior fertilidade. No município do Rio de Janeiro, os podzólico vermelho-amarelo, de argila de atividade baixa (Tb)álicos, normalmente com horizonte A moderado e textura média/argilosa são encontrados emassociação com os podzólicos vermelho-amarelo Tb eutróficos e solos litólicos indiscriminados,podendo também ser associados à afloramentos de rocha (no relevo forte ondulado), em geralem substrato de rochas gnáissicas. Os solos podzólicos vermelho-amarelo eutróficos com horizonte A moderado e texturamédia/argilosa, ocasionalmente rasos (podzólicos com menor profundidade) podem serencontrados em associação com os podzólicos vermelho-amarelo eutróficos com Achernozêmico, e também com solos litólicos indiscriminados e afloramentos de rocha. Quandorasos, podem ocasionar limitações para o uso agrícola ou pela dificuldade de armazenamento deágua ou pela pouca espessura para o desenvolvimento de raízes (dependendo de seu substratofraturado ou não). Ocorrem ainda o eutrófico com horizonte A chernozêmico, texturaargilosa/muito argilosa associada a brunizem avermelhado e, em menor proporção os podzólicosvermelho-amarelo distróficos associados ao podzólicos vermelho-amarelo eutróficos. ♦ Latossolo Vermelho-Amarelo A classe dos latossolos vermelho-amarelos compreende solos minerais, não hidromórficos, comsequência de horizontes A, B, C, apresentando estágio avançado de intemperismo, sendonormalmente muito profundos ou profundos O horizonte B é latossólico, o que significa umhorizonte subsuperficial com pouca quantidade de minerais primários de fácil intemperização,com concentração de argila, tipo 1:1 (caulinita) e sesquióxidos livres e conseqüentemente baixacapacidade de troca de cátions (valor T). São solos de textura muito argilosa e argilosa, sendoque o contraste textural não é muito nítido. O limite do B latossólico com o horizonte Asuprajacente, escurecido pela matéria orgânica, é normalmente claro ou gradual. Com o horizonteC subjacente, é normalmente difuso (RADAMBRASIL, 1983). Em relação à estrutura, o contrasteé mais nítido, sendo do tipo granular no horizonte A e nos horizontes B e C de aspecto maciçapouco coesa in situ. São solos friáveis, fofos, muito porosos, bem drenados e com boa aeração.O tipo de horizonte A predominante é o moderado, ocorrendo também o húmico e o proeminente.O horizonte B apresenta cores que variam de bruno-forte, vermelho-amarelada e vermelha. De um modo geral, ocorrem em área de relevo forte ondulado e montanhoso, ocasionalmente emrelevo ondulado e até suave. Sendo muito porosos, propiciam maior resistência à erosão. Apesardo relevo movimentado, esses solos são bastante utilizados para pastagens, culturas de café e

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milho, pois não apresentam problemas físicos para o desenvolvimento radicular, embora sejam debaixa fertilidade natural (RADAMBRASIL, 1983) ♦ Afloramentos de Rocha Os afloramentos de rocha que aparecem em associação nos relevos fortemente ondulados,referem-se à exposição de rochas nuas ou com reduzidas porções de materiais detríticosgrosseiros, largas porções de fragmentos provenientes da desagregação das rochas locais comalgum material terroso (RADAMBRASIL, 1983). ♦ Brunizem O Brunizem Avermelhado é uma classe de solos que ocorre predominantemente em relevo forteondulado, e suas características são a alta atividade da argila (Ta) , pouco profundos, comespessura entre o horizonte A e o B entre 1 m e 1,5 m, com horizonte A chernozêmico e horizonteB iluvial de acumulação de argila (Bt). A transição do A para o Bt é gradual e do B para o C, opercentual de argila decresce acentuadamente. São solos bem estruturados, do tipo granular(estrutura forte) no horizonte A e do tipo blocos angulares e sub-angulares com cerosidade forteabundante no Bt. Possui altos valores de base trocável ao longo do perfil. Tem origem nadecomposição de granodioritos e gnaisses da série inferior, com intrusões de rochas básicas eintermediárias do pré-cambriano. O horizonte A possui cores que variam do bruno escura a brunoacizentada muito escura.(EMBRAPA, 1980). São solos naturalmente férteis e com boascondições físicas, não limitando o desenvolvimento radicular, porém pelas altas declividades,apresenta uma muito forte susceptibilidade à erosão. Podem ainda apresentar problemas ligadosà falta d’água. ♦ Podzol

É constituido por solos com horizonte B podzol, muito profundos, arenosos, ácidos amoderadamente ácidos, com saturação de bases baixa e saturação com alumínio trocável alta.São desenvolvidos sobre sedimentos arenoquartzosos de origem marinha, referidos ao Holoceno,em relevo plano e suave ondulado da Baixada de Jacarepaguá. (EMBRAPA, 1980)

4.4.4.2 Aspectos Geotécnicos

Do ponto de vista geotécnico, os solos da bacia de Jacarepaguá podem ser classificados edescritos conforme a seguir.

♦ Afloramentos rochosos Decorrentes dos processos de degradação do relevo, enormes massas de granito e gnaissesafloram em toda a área de maciços, tanto sob a forma de imensos monólitos esculpidos pelosagentes de intemperismo ou como patamares escarpados e isolados pelos padrões defraturamento locais. Os afloramentos rochosos concentram-se principalmente nas cotas maisaltas dos maciços que envolvem a baixada pelos flancos leste, norte e oeste. Os granitos afloram a noroeste da área de estudo, constituindo a grande intrusão do maciço daPedra Branca e corpos de formas bastante irregulares que penetram discordantemente nosgnaisses. As intrusões graníticas são amplamente distribuídas cortando a xistosidade dos

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gnaisses, apresentando-se também sob a forma de pegmatitos, com grandes quantidades dequartzo e feldspatos, e em alguns casos concentrações de biotita, indicando uma fase de intrusãoposterior. Os afloramentos de gnaisses encontrados nesta área distinguem-se em: leucocráticos(microclina-gnaisses), melanocráticos (microclina e/ou plagioclásio-gnaisses), gnaissesquartzíticos e gnaisses-graníticos da Série Inferior. À exceção desse último, ocorrem no Maciçoda Tijuca, a norte e nordeste da baixada. ♦ Solos de Encostas Os solos residuais provenientes da decomposição de granitos aparecem a noroeste e a nordesteda área, recobrindo o Maciço da Pedra Branca e as bossas graníticas dos topos do Maciço daTijuca. Esses solos, tanto dos tipos com textura equigranular quanto os da textura porfiróide, sãopredominantemente arenosos, caracterizando melhores desenvolvimentos do horizonte C. Os solos residuais provenientes de gnaisses localizam-se a norte, nordeste e sudoeste da áreade estudo, em unidades isoladas, distinguindo-se em microclina-gnaisses, microclina/plagioclásio-gnaisses e biotita-gnaisses. Ainda foram encontrados solos resultantes da alteraçãode diques de diabásio. Comparando-se esses dois solos, os solos residuais de gnaisses são mais heterogêneos do queos solos residuais de granito. As variações granulométricas são mais bruscas nos solos residuaisde gnaisses devido às variações de textura e composição mineralógica da rocha de origem, assimcomo dos seus índices de plasticidades. Os primeiros horizontes de formação dos solos residuaisde ganisses apresentam concentrações sílticas e/ou argilosas em uma massapredominantemente arenosa. Quando existem essas concentrações argilosas, são asresponsáveis pela plasticidade encontrada nesses horizontes. As concentrações sílticas eargilosas são herdadas, respectivamente, das concentrações de biotita e feldspatos da rocha deorigem. Os horizontes superiores (B) que não conservem qualquer vestígio textural ou estruturalda rocha de origem, podem estar influenciados pelas concentrações citadas, mas suascaracterísticas granulométricas resultam, também, dos processos de iluviação que neles sedesenvolvem. Os solos coluviais são classificados, principalmente, como areias mal graduadas, areias siltosas,areias argilosas, siltes ou areias finas micáceas. É difícil estabelecer as relações entre ascaracterísticas físicas e a gênese desses solos, pois os elementos que neles participam podemser extremamente aleatórios, ainda podendo ser resultado de processos de acumulaçãocaracterísticos de cada local de ocorrência. ♦ Solos da Baixada Há uma variabilidade das distribuições granulométricas dos solos aluviais da baixada. “A própriagênese dos solos aluviais e, consequentemente, devido as suas proximidades aos maciçosrochosos, faz com que tenham características distintas de todos os outros tipos de solos dabaixada.”(Cabral, 1979, p. 123) Estes solos possuem aspectos arenosos em superfície, passandoa areno-siltosos ou areno-argilosos a poucos centímetros de profundidade, sendo que, em algunscasos, camadas francamente siltosas ou argilosas podem ser encontradas. Essas variações decaracterísticas granulométricas devem ser resultantes de variações do regime de fluxo do agentetransportador, no caso a água de escoamento superficial e os rios que drenam as regiões mais

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altas, às diversas épocas em que se processa a remoção de materiais, e das própriascaracterísticas dos locais de recepção e acumulação desses materiais. Nos solos arenosos foram reconhecidos por Cabral os seguintes tipos principais de areias: areiasde praia, areias de fundo de enseada e areias de restinga. Associadas a estas, foramidentificadas ainda: areias resultantes de remoção e retrabalhamento por correntes de circulaçãoda laguna formada pela restinga interna e areias originadas pelo rompimento dessa restinga porcorrentes marinhas. Por suas próprias origens, essas areias apresentam-se com texturas de finaa média1, e via de regra, bem graduadas. As areias resultantes do rompimento da restingainterna, granulometricamente, são semelhantes às areias da praia. Com a exceção de algumasamostras de areia proveniente do retrabalhamento da restinga, todas foram classificadas comoareias bem graduadas com pouco ou nenhum fino. “As semelhanças de suas características degraduação e uniformidade, leva a admitir, apesar das origens diversas, que estiveram sujeitas aambientes cujas dinâmicas de trabalhamento dos grãos foram aproximadamente equivalentes”.(Cabral, 1979, p.128) Os solos orgânicos apresentam-se como camadas argilo-siltosas e silto-argilosas de espessurasvariáveis, muito compressíveis, intercaladas com camadas ou lentes de areia. Este materiallocaliza-se nas antigas lagunas da enseada de Jacarepaguá ou nos atuais mangues nas margensda Lagoa da Tijuca. Esses solos oferecem péssimas condições para a construção civil, exigindofundações profundas em estaca ou tubulões devido a sua alta compressibilidade. Com relação aaterros em geral e aterros para estradas de rodagem, estes solos exigem análises especiais deestabilidade e controle de recalques que podem estar associados ao fenômeno de rupturahidráulica (piping), pois nestes solos o lençol freático freqüentemente está próximo à superfície. ♦ Geotecnia da Baixada de Jacarepaguá A área da baixada é representada por sedimentos marinhos, lagunares e paludiais, cujasformações foram decorrentes de um período transgressivo iniciado no Holoceno e, também, porsedimentos aluviais Pleistocênicos depositados em bacias de acumulação interiores e na periferiados maciços circunvizinhos. Mas esses sedimentos somente podem ser diferenciados do pontode vista geotécnico nas seguintes classes: areias (as marinhas e lagunares), argilas moles, (aspaludiais) e areias argilosas ou siltosas (as aluviais). Os terrenos arenosos, normalmente, possuem boa capacidade de suporte para fundações deaterros e obras civis. Sempre revelaram compacidade crescente com a profundidade, mas há apossibilidade da existência de camadas argilosas orgânicas, a profundidade variáveis, mesmo sobas areias da restinga interna ou sob as areias resultantes do retrabalhamento dessa restinga.Segundo Cabral (1979), é possível admitir a presença desse material em profundidade em funçãoda própria história evolutiva da baixada. Houve um sincronismo de formação entre a laguna e a barreira arenosa que lhe originou, isto é,no interior desenvolveram-se condições salobras propícias à deposição de clásticos finos e debiodetritos, e houve também a interdigitação das areias da restinga com esses sedimentospaludiais. Na superfície da restinga mais externa, não foi verificada a existência desses sedimentosorgânicos, já que a carga de finos trazida pelos rios que desembocam na baixada ficou restrita àprimeira laguna formada e, além disso, esse bloqueio impediu a diminuição de salinidade nointerior da segunda laguna formada posteriormente.

1 De acordo com a escala granulométrica da ABNT.

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Os solos orgânicos, isto é, as argilas e os siltes orgânicos são dominantes nas porções oeste enordeste da baixada. No primeiro caso, no local denominado "Campos de Sernambetiba",aparece a diversas profundidades em intercalações com lentes e camadas arenosas, e nosegundo caso ocorrem desde a margem setentrional da atual Lagoa da Tijuca até o encontro dossolos aluviais da borda dos maciços. Essa segunda ocorrência e imediatamente reconhecida nocampo porque constitui-se no prolongamento natural dos manguezais ainda existentes nestaárea. Em profundidade constituem camadas contínuas com espessuras, máximas variando de 10a 15 m. Fundações diretas de obras civis em solos orgânicos são inexequíveis, sempre obrigando ao usode estacas ou tubulões, e as fundações de aterros, em função de suas estabilidades e métodosde execução, são também problemáticas. As deformações nos aterros de estradas da baixada,especialmente naquelas que estão sujeitas a um tráfego pesado, têm dado origem a problemassérios de conservação. Observa-se que camadas turfosas ocorrem sobre as areias retrabalhadas da restinga e sobre ossolos orgânicos. As que se sobrepõem às areias não têm qualquer expressão em espessura,variam de poucos centímetros até um máximo de 0, 50 m, e são responsáveis pelaimpermeabilização superficial verificada nessas areias. As que recobrem os solos orgânicos, aocontrário, alcançam espessuras maiores, atingindo até 3,70 m. Os solos aluviais, têm como característica usual uma compacidade de média a rija, mas,localmente, podem apresentar camadas com consistência variando de média a mole. Estavariação resulta da presença de cama das de argilas cinza escuras, ou misturas de argila e areia,sobpostas e areias de densidades a espessuras variáveis. Esses solos são classificados deintermediários a bons em termos de qualificação de condições para fundações. Os terrenos sedimentares, a exceção das restingas interna e externa, que possuem as cotas maisaltas da baixada (médias aproximadas de 7,0 e 4,0 m), necessitam de nivelamento e suporte. ♦ Geotecnia dos Maciços

Os maciços são representados por afloramentos de rochas, localizados normalmente nas cotasmais altas, e por solos residuais (oriundos da decomposição de granitos e gnaisses) e solostransportados (tálus e/ou colúvio). Os solos residuais de gnaisses são mais desenvolvidos do queos de granito, em especial aqueles que mostram variações texturais e mineralógicas acentuadas,tais como os gnaisses com texturas migmatítica e os gnaisses com intercalações de quartzitos.Por este motivo esses solos apresentam-se mais heterogêneos e com mantos de intemperismomais espessos.

Os depósitos de tálus e colúvios são amplamente distribuídos nas vertentes dos maciços,formando concentrações contínuas de material rochoso e/ou terroso, na base ou a meia encosta.Esses depósitos são distinguíveis pela presença de blocos de dimensões variáveis nos primeirose pela forma de capeamentos provenientes da mobilização e transporte, a curtas distâncias, desolos preexistentes sobre os mantos de intemperismos nos segundos.

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O potencial de uso desses solos em jazidas de empréstimo para aterros é regida por suascaracterísticas geotécnicas. Quando os solos de granito e os coluviais contêm fragmentosgrosseiros, revelam-se com boas características de compactação e altos valores de CBR. Já asjazidas de solos de gnaisses, mesmo apresentando bons resultados de CBR, são maisdependentes de variações ou concentrações mineralógicas que existiam na rocha de origem.

A observação de cicatrizes antigas e a frequência de obras de contenção em áreas de solosresiduais de gnaisses e de depósitos de tálus induz a possibilidade desses materiais serem maisfalíveis a escorregamentos. Os mecanismos de deslizamento podem ser identificados pelaspróprias superfícies de movimentação, onde predomina a ruptura ao longo do contato tálus-soloresidual e ao longo de planos peferenciais da rocha de origem preservados nos solos residuaisimaturos. Os escorregamentos com superfícies circulares ocorrem , em menor escala, massomente em solos de gnaisses.

Os deslizamentos e desplacamentos de rochas também ocorreram nas encostas rochosas dosmaciços. Estes iniciaram-se e desenvolveram-se às expensas das estruturas locais das rochasindependentemente dos tipos litológicos a que estão associados. Em virtude da progressivaocupação das encostas com tálus, são mais inquietantes as possibilidades de instabilidade deblocos de rocha que participam desses depósitos por processos naturais de erosão do solo queos envolve. Normalmente obras preventivas de contenção devem ser realizadas quando afreqüência ou as dimensões dos matacões impedem suas remoções.

4.4.5 Risco

A análise de risco pressupõe que sejam estabelecidos limites bem determinados para a suaexecução. Risco é a probabilidade dos danos à vida, propriedade e/ou meio ambiente quepoderão ocorrer em caso de acidente. No presente relatório a análise de risco está condicionadapelos acidentes naturais que as grandes precipitações provocam: escorregamentos e inundações.Na matriz de análise de risco proposta nesta seção, três vetores são considerados:escorregamentos, inundações e áreas urbanas. Por definição uma sub-bacia de alto risco seráaquela que apresentar alta presença de sítios de escorregamento, manchas apreciáveis de soloshidromórficos, leques aluviais, turfeiras e feições geo-pedológicas correlatas e expressivaocupação urbana.

4.4.5.1 Risco de Escorregamento

O mapa de risco é um instrumento técnico-científico capaz de assinalar os sítios mais sujeitos oususceptíveis aos processos de movimento de massa (ver Mapa de Risco – JAC-20-0001, emanexo). Não deve ser encarado como um mapa de determinação da estabilidade dos taludes massim como um indicativo de probabilidade maior de escorregamento.

O método de confecção do mapa de risco de escorregamento levou em consideração ascaracterísticas das áreas afetadas por deslizamentos no passado e a avaliação em campo dograu de estabilidade de algumas encostas previamente selecionadas.

O mapa de risco, na escala de 1:50.000, é uma adaptação do mapa preparado pela SensoraAerolevantamentos S. A., em 1991, sob encomenda da GEORIO, utilizando o sistema dematrizes indicativas propostas por Graff & Romesburg, 1984.

A este trabalho, o presente relatório incorpora as considerações metodológicas e a experiênciaobtida através da observação de inúmeros movimentos de massa, ocorridos em 1968, por Meis &

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Silva, (1968). Posteriormente foi incorporada a tese desenvolvida por Marques, que relaciona apresença de canais de drenagem de primeira ordem com movimentos de massa catastróficos.Utilizou-se, para este fim, a argumentação de Marques (1990) e o trabalho de reconstituição darede de drenagem elaborado no mapeamento da Prefeitura do Rio de Janeiro.

O procedimento metodológico adotado para a confecção do item risco de deslizamento consistiuna interseção de dois níveis de informação principais:

− manchas de alto risco de deslizamentos (assinaladas no mapa da GEORIO), o mapa daGEORIO já inclui, para a determinação de risco de deslizamento, vários níveis de informação,dentre eles destacam-se: o tipo de solo, o uso atual do solo, o grau de declividade e osubstrato geológico;

− rede de drenagem de primeira ordem (obtida através da utilização da base cartográfica daPrefeitura do Rio de Janeiro na escala de 1:10.000).

A existência de canais de drenagem é a condição fundamental que orientou a geração do mapade deslizamentos apresentado neste relatório. A circulação hídrica é a responsável pelamobilização e transporte de sedimentos do sistema compreendido pelos maciços costeiros para osistema das baixadas litorâneas. Durante as grandes chuvas, os canais fluviais crescemrapidamente em volume e velocidade, aumentando exponencialmente a sua capacidade erosiva ede transporte de sedimentos. Como visto anteriormente, a densidade de drenagem é dez vezesmaior nos maciços do que nas baixadas e a participação do comprimento dos canais dos maciçosem relação ao total é enorme, situando-se na faixa de 80 a 90 %.

Uma rede densa de drenagem espelha o grau de energia potencial e condição de realização detrabalho de uma determinada unidade de mapeamento. A capacidade potencial de realização deerosão e de geração de transporte dependem também do tamanho e superfície da vertente, suaorientação em relação aos ventos úmidos, declividade média, posição e desnível altimétrico.

Como a rede de drenagem dos maciços costeiros são encaixados, o crescimento das vazõespromoverá a erosão lateral dos depósitos de colúvio situados nas vertentes das margens, já quenão existe a possibilidade de transbordamento e inundação dos terrenos situados nas margensdos canais, em regiões montanhosas. Caso o nível do rio atinja a base de pacotes coluviais edepósitos de tálus a encosta ficará descalçada e, assim, haverá a geração de movimentos demassa (Meis & Silva, 1968).

A rede de drenagem, na região dos maciços está encaixada nas linhas estruturais do relevo e apresença de flancos e vertentes fortemente inclinadas ao longo dos canais acaba por promovercontribuições expressivas de água em espaços de tempo relativamente muito curtos. As vertentesinclinadas permitem a geração de escoamento superficial e a formação de canais de drenagemefêmeros que surgem e desaparecem durante as chuvas. Estes canais foram mapeados porMarques (1990) no trabalho de restituição da rede de drenagem de primeira ordem. Quando estescanais efêmeros são formados o regime de escoamento tende a ser torrencial, arrastandosedimentos de granulometria pouco selecionada vertente abaixo.

A formação dos canais efêmeros está relacionada ao tipo de solo que ocorre ao longo dos flancosdos canais. Solos rasos, presença de textura arenosa, minerais primários e fragmentos de rochana matriz do solo são indicativos que estão relacionados a uma forte percolação, boa porosidadee rápida passagem das águas. A concentração das águas subsuperficiais crescerá encostaabaixo ao mesmo tempo em que a concavidade das vertentes permitirá a geração de pontos deaumento de tensão e geração de escoamento superficial, acompanhados pela mobilização etransporte de sedimentos.

140

A força de arrasto de um canal efêmero depende da intensidade, frequência e duração daschuvas torrenciais. Assim, uma chuva forte, concentrada no tempo e no espaço, tão característicada região promoverá a formação dos canais efêmeros e a geração de movimentos de massaencosta abaixo, mesmo que os solos estejam cobertos por florestas, conforme pode serobservado nas fotografias aéreas do IPLAN/RIO, na escala de 1:20.000, tomadas em 1996, logoapós as grandes chuvas que caíram sobre a cidade. Nitidamente, os deslizamentos ocorreramem conformidade com as linhas estruturais do relevo e consequentemente com a drenagem dosmaciços em zonas de ambiente florestal, sem ocupação urbana.

A presença de lentes argilosas em alguns solos podzólicos promovem também a geração dedescontinuidades de percolação e porosidade favorecendo o escoamento sub-superficial laminar.As lentes argilosas quando hidratadas sofrem deformações plásticas, perdem resistência,aumentando as chances da ocorrência de movimentos de massa. Por outro lado, solosprofundos, bem drenados e cobertos por vegetação nativa ou secundária possuiriam umacapacidade maior de resistir à formação de canais efêmeros.

Em encostas ocupadas por cultivos, pasto ou utilizada por moradias o grau de criticidade aumentapor razões muito conhecidas: impermeabilização, aumento de carga sobre os solos, realização decortes e aterros, lançamento de lixo e a geração de águas servidas. A densidade de ocupação foiconsiderada na geração de instabilidade dos solos. Afloramentos de rocha e a ocorrência deblocos e matacões em superfície e subsuperfície promovem também descontinuidades hídricas.

Desta forma, a combinação considerada crítica para escorregamentos e assinalada no mapacombina o grau de declividade entre 20 e 35 graus, substrato de rochas ígneas, áreas deocupação urbana, ocorrência de depósitos de tálus e presença de canais efêmeros e perenes dedrenagem.

Fazendo o cruzamento acima descrito foram encontrados os resultados, relacionados no Quadro4.37 abaixo e apresentados no Mapa de Risco (Desenho nº JAC-20-0001):

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Quadro 4.37 – Zonas de alto risco para escorregamentos na bacia de Jacarepaguá

NOME DA SUB-BACIANÚMERO DE

ZONAS DE ALTORISCO

PERCENTUALPERCENTUALACUMULADO

PERCENTUAL DABACIA ACIMA DE

20 m

Total 151 100.0

Rio Cachoeira 45 29.8 29.8 93,2Rio Vargem Grande 32 21.2 51.0Rio do Anil 25 16.6 67.6 80,6Arroio Fundo 20 13.2 80.8 79,7Rio das Pedras 11 7.3 88.1 60,4Arroio Pavuna 6 4.0 92.1 43,2Rio Vargem Pequena 5 3.3 95.4 44,7Rio Camorim 4 2.6 98.0 84,9Rio da Barra 2 1.3 99.3 81,4Rio Pavuninha 1 0.7 100 46,4

A análise dos dados apresentados no quadro 4.33 indica que as duas primeiras sub-bacias (RioCachoeira e Rio Vargem Grande) concentram metade das ocorrências de risco de deslizamento.Caso sejam incluídas as ocorrências do Rio do Anil e Arroio Fundo ao primeiro grupo chega-se aconclusão que 80% de zonas de alto risco estão concentradas em apenas quatro sub-bacias,todas com mais de 80% de suas superfícies acima de 20m. É particularmente preocupanteencontrar as sub-bacias do Rio do Anil e Arroio Fundo neste grupo pois além de estarem nomomento atravessando um rápido processo de ocupação urbana, estas sub-bacias aparecem nomapa de risco de inundações e descritas no ítem 4.4.5.2, a seguir, como áreas de alto risco.

Desta forma, a análise da matriz de risco de perdas materiais aponta a sub-bacia do Rio do Anilcomo a mais vulnerável pois os três vetores estão combinados e presentes: zonas de alto risco deescorregamentos, grandes áreas urbanas e áreas de alto risco de inundação.

Do ponto-de-vista da probabilidade de escorregamentos a sub-bacia do Rio da Cachoeiradestaca-se das demais com cerca de 30% das ocorrências e com mais de 90% da sua áreaacima da cota de 20m. O Rio da Gávea Pequena, com 13 ocorrências, e o Rio do Açude, com 6,formam calhas de elevado grau de criticidade. A bacia do Rio Vargem Grande, com 32ocorrências, destaca-se o Rio das Paineiras com 10 pontos críticos. Outras bacias com muitospontos críticos são as do Anil, Arroio Fundo e das Pedras.

Os rios Camorim e da Barra possuem elevada participação de áreas acima de 20m, como podeser observado no quadro 4.37, entretanto como o povoamento destas bacias é relativamentebaixo o risco de deslizamento torna-se muito pequeno. Caso o povoamento nos próximos anosseja dirigido para estas sub-bacias elas passarão a ter um comportamento muito semelhante asdos rios do Anil, das Pedras e Cachoeira.

4.4.5.2 Risco de Inundação

Entende-se por inundação o fenômeno de transbordamento dos rios, isto ocorre quando adescarga do rio não pode acomodar-se dentro das margens que definem o seu leito normal.Assim, quando a descarga supera a capacidade de vazão do canal, a água verte sobre osterrenos circundantes outrora cobertos por turfeiras, solos aluviais, areias de fundo de enseada,solos orgânicos, planossolos, solos tipo gley, enfim, verte sobre os solos típicos de baixadas

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sedimentares costeiras. O fenômeno da inundação é natural na região e muitas evidências podemser encontradas na literatura, Ruellan (1944) e Marques (1990).

Metodologicamente, para a elaboração do Mapa de Risco – JAC-20-0001, em anexo, foramutilizadas informações disponíveis no corpo do relatório. Elas foram separadas em duas grandescategorias, a primeira está relacionada às informações do substrato (geologia, solos econdicionantes físicos-ambientais e a segunda às informações levantadas na seção dedeterminação de descargas e transporte de sedimentos.

A estas duas classes de informação foram sobrepostas as informações de uso do solo com oobjetivo de identificar a área urbana assentada em regiões com algum risco significativo deinundação.

Após estas fases foram plotados os limites das inundações que atingiram a região em 1996. Otraçado foi definido pela Prefeitura do Rio de Janeiro e numa análise preliminar do conjunto dospoligonos de inundação pode-se afirmar que existem muitos controladores/desencadeadoreslocais de inundação tais como pequenas construções, favelas, pontes, vazadouros de lixo evegetação.

O risco de inundação tende a crescer em função da combinação de uma série de fatores, dentreos quais destacam-se:

− a ordem do rio,

− a descarga do canal,

− a densidade de ocupação urbana da sub-bacia,

− grau de impermeabilização do solo da sub-bacia,

− a presença de descontinuidades e/ou rupturas de declive,

− a presença de pontos de estrangulamento nas seções transversais,

− gradiente do canal,

− a presença nas margens dos canais de sedimentos finos (silte e argila),

− a existência na sua foz dos rios e canais de corpos reguladores do nível de base local eregional (lagunas, lagoas e.o próprio mar).

As inundações na região tendem a se agravar, uma vez que o processo de urbanizaçãoincorpora, rapidamente, terrenos inadequados à edificação ao tecido urbano e por outro lado,muitos canais são transformados em verdadeiros vazadouros de lixo. Em nível local, qualquerponte cujos pilares estejam fincados no leito dos rios pode funcionar como um ponto deestrangulamento da seção transversal do canal. Áreas faveladas comumente ocorrem dentro doscanais de drenagem, mais especificamente em seus leitos maiores.

No presente mapa de inundações foram sobrepostas as classes de solo sujeitas à inundaçãoanual periódica e solos que se desenvolvem em relevos planos, tais como:

− solos aluviais,

− solos orgânicos,

− planossolos e

− solos do tipo gley.

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A estes agrupamentos foram acrescidas algumas classes do mapeamento geológico que indicamfeições relacionadas a corpos d’água ou que possuam descontinuidades hídricas importantesquando observadas do ponto de vista da percolação, desta forma foram selecionadas asseguintes classes:

− turfas,

− leques aluviais,

− camadas de areia preta e

− areias de fundo de enseada.

Para a confirmação das áreas sujeitas à inundação foi utilizado o mapa de condicionantes físico-ambientais elaborado originalmente pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT, vinculado àUniversidade de São Paulo – USP. Duas classes principais foram consideradas:

− alagadiços e

− colúvios.

Como existe uma proporcionalidade entre o tamanho da bacia, a ordem do rio principal, adescarga e a população que habita a bacia, pode-se afirmar que no nível de análise regional epara o presente caso, que quanto maior a bacia maiores serão os prejuízos materiais uma vezque estas variáveis estão fortemente correlacionadas, conforme pode ser observado no quadro4.38. É importante afirmar que a grande maioria das feições escolhidas ocorrem abaixo de 20mde altitude, assim, o risco de inundação é função ainda da cota altimétrica.

Quadro 4.38 - População, vazões de projeto calculadas e risco de inundação

RIOSPOPULAÇÃO

DA SUB-BACIA(1991)

RISCO DEINUNDAÇÃO

(Área abaixo de 20mde altitude em km²)

VAZÃO DE PROJETO(m3/s) TR=50 anos

Arroio Fundo 230.925 11,4 287,1Rio Pavuninha 11.940 5,8 45,8Rio do Anil 61.410 5,4 138,3Rio das Pedras 26.377 4,6 56,6Rio Cachoeira 9.466 1,4 147,6Rio Camorim 11.061 1,1 61,3Rio da Barra 2.776 0,9 22,5

A análise do Quadro 4.38 permite afirmar que cerca de 300 mil habitantes estão concentradosem pouco mais de 25 km² (ver Quadros 4.4 e 4.5). A sub-bacia do Arroio Fundo destaca-se dasdemais pela sua magnitude, seja do ponto-de-vista da população, da área abaixo de 20m ou davazão de projeto. A área mais crítica é ocupada pela Cidade de Deus. A sub-bacia do RioPavuninha encontra-se em processo de ocupação e desta forma o risco de perdas materiais érelativamente baixo quando comparado ao do Arroio Fundo. Já o Rio do Anil apresenta umaelevada descarga e consequentemente um elevado poder erosivo/destrutivo quando entra naBaixada de Jacarepaguá, nas imediações do Largo do Anil, quando as águas do Rio Sangradorencontram as águas do Rio Papagaio forma-se um ponto crítico desta sub-bacia, numa região jábastante urbanizada. O Rio das Pedras apresenta problemas de inundação na altura da favelaque leva o seu nome.

144

4.4.5.3 Matriz de Risco

A matriz de risco (Quadro 4.39) indica que duas sub-bacias destacam-se das demais: ArroioFundo e Rio do Anil. Ambas são muito populosas quando comparadas com as demais, possuemáreas relativamente amplas para a ocorrência de inundações e números expressivos de zonas dealto risco de deslizamentos. Esta conjugação é extremamente nociva no rio do Anil que possuiuma elevada descarga e/ou poder erosivo. Esta sub-bacia está assim colocada numa posição deelevada criticidade onde estão conjugados riscos de movimentos catastróficos de massaacompanhados de elevada descarga e grande contingente populacional.

Quadro 4.39 - Matriz de risco

RIOS POPULAÇÃO DASUB-BACIA (1991)

RISCO DEINUNDAÇÃO

(Área abaixo de 20mde altitude em km²)

NÚMERO DEZONAS DE RISCO

DE DESLIZAMENTO

Arroio Fundo 230.925 11,4 20Rio do Anil 61.410 5,4 25Rio das Pedras 26.377 4,6 11Rio Cachoeira 9.466 1,4 45Rio Pavuninha 11.940 5,8 1Rio Camorim 11.061 1,1 4Rio da Barra 2.776 0,9 2

O comportamento da sub-bacia do Rio das Pedras é semelhante ao do Rio do Anil com oagravante de possuir extensa região favelada no seu baixo curso, por outro lado os valoresencontrados para população residente, número de áreas de alto risco e descarga são beminferiores, às vezes não chegam à metade dos valores encontrados na sub-bacia do Rio do Anil.A sub-bacia do Rio Cachoeira destaca-se pelo lado do potencial de ocorrência de movimentos demassa uma vez que a área abaixo de 20m é relativamente pequena. As perdas materiais evítimas fatais foram amplamente descritas por Meis e Silva (1968). Esta sub-bacia destaca-sepelo elevado contingente populacional nas proximidades das áreas de risco de escorregamento.As demais sub-bacias possuem baixos valores de criticidade.

4.5 ÁGUAS SUBTERRÂNEAS

Desde o início da ocupação da bacia de Jacarepaguá não existiam, na região, os serviçospúblicos de distribuição de água e coletor de esgotos, o que provocou a adoção de soluções maissimples e individuais, como a captação de água em poços rasos e o lançamento de esgotos emfossas.

Mais recentemente, com o crescimento rápido e acentuado de algumas áreas da bacia, processosemelhante ocorreu, existindo grandes loteamentos que foram iniciados sem que osequipamentos de infra-estrutura básica estivessem devidamente instalados. Também o setorindustrial buscou alternativas as suas necessidades de grandes vazões de água buscando amesma em poços profundos escavados nos seus próprios terrenos.

Cabral (1979), estudando a geologia da região de Jacarepaguá, apresentou dados de qualidade equantidade das águas subterrâneas utilizadas pelo setor industrial, comercial e residencial nabacia. Embora não expressivos, em termos quantitativos, os dados levantados apresentam uma

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visão da qualidade das águas subterrâneas da bacia de Jacarepaguá, sendo a seguircomentados.

Os poços foram perfurados em terrenos arenosos e aluviais existentes tanto na área deJacarepaguá como na região da Barra da Tijuca. Os poços perfurados em terrenos aluviais forama profundidades maiores, provavelmente devido a necessidade de maiores vazões. Apesar dagrande profundidade, alguns deles apresentaram águas salobras e salinas, com altos teores decloretos.

Na maior parte dos poços amostrados as águas apresentaram-se entre ácidas a neutras, combaixos teores de cálcio, magnésio e sulfatos. Algumas amostras apresentaram elevados teoresde ferro. Não foram realizados exames bacteriológicos das águas.

Considerando-se que estas águas não sejam usadas para consumo humano, e sim para usosindustriais e diversos tais como limpeza, etc., a qualidade apresentada é bastante compatível comesses usos. No caso dessas águas virem a ser utilizadas para consumo humano, as mesmasdeverão sofrer tratamento.

Uma seleção dos resultados levantados é apresentada no Quadro 4.40 a seguir, juntamente comas concentrações máximas permitidas para os parâmetros analisados segundo a OrganizaçãoMundial da Saúde (O.M.S.).

4.6 RECURSOS MINERAIS

Para a caracterização da exploração mineral na Macrobacia de Jacarepaguá, além domapeamento das áreas de exploração apresentadas no Mapa de Uso do Solo, da CoberturaVegetal e Espaços Territoriais Protegidos - JAC-70-0007 anexo ao Relatório JAC-70-0003 RE,foram consultados os arquivos do DNPM, onde foram identificados aproximadamente 70processos, conforme apresentado no Anexo I. Foram consultados ainda os arquivosdisponibilizados pela SMAC para avaliação da situação atual das mesmas.

Dos processos verificados junto ao DNPM identificou-se que apenas 11 possuem concessão delavra, embora 44 apresentem o status “ativo”.

A maior parte dos processos referem-se a atividade de extração de granito, com 58%, conformeilustra a Figura 4.2. Em segundo lugar aparece a exploração de águas minerais, com 9%. Asdemais atividades de extração apresentam menor expressão.

Para a atividade de exploração do granito, dos 25 processos com status de ativos, apenas 11possuem concessão de lavra.

Dos processos levantados junto à SMAC, apenas um relativo a extração de brita, apresentava-seoperando no bairro da Taquara, o que mostra uma certa desatualização ou carência deinformações mais precisas sobre a área.

Com relação as saibreiras a SMAC relata um total de 3 regulares e 8 irregulares na área.

Quadro 4.40 – Águas subterrâneas

ANÁLISES FISICO-QUÍMICASPROF. VAZÃO

(m) (m3/h) pHPOÇO AMOSTRADO TIPO DE SOLO TURBIDEZ

(UNT)SOL. TOT.

(ppm)DUREZA

(ppm)Fe

(ppm)Na + K(ppm)

Ca(ppm)

Mg(ppm)

SO4(ppm)

HCO3(ppm)

Cl(ppm)

OBSERVAÇÕES

FÁBRICA DE PAPELEstrada Três Rios 70,0 7,2 aluviais - 190 28,6 7,0 - - - - - - 21,2

ANTÁRCTICAEstrada Engenho D'Água 75,0 17,0 aluviais - 787 - 6,5 - - - - - ausente 362 água salobra

ANTÁRCTICAEstrada Engenho D'Água 80,0 4,4 aluviais - 225 210 7,3 - - 30 - 4,8 - -

SCHERING IND. QUIM.Estrada dos Bandeirantes 100,0 18,0 aluviais 15 435 186 6,7 3 88,6 38 20,9 38 43 0

ECISA S.A.Estrada dos Bandeirantes 128,0 1,4 aluviais 10 1346 770 7,0 3,8 203 200 65 38 269 670 água salgada

CARVALHO HOSKEN ENG.Av. Américas km 2.5 21,0 9,0 areia 10 38 20 6,0 0,05 4,6 2 3,6 7 6 12

COND. NOVO LEBLONAv. Américas km 10.5 27,0 6,0 areia 30 100 35 5,9 1,3 20 6 5 1 6 53

CARREFOUR SUPERM.Av. Américas km 8 33,6 3,0 areia 150 1550 400 4,6 30 400 48 68 70 0 890 água salgada

CONCENTRAÇÕES MÁXIMAS PERMITIDAS SEGUNDOO.M.S. (1971)

25 1500 500 6,5 a9,2

1 - 200 150 400 - 600

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Figura 4.2 - Quadro da Extração Mineral por Material Explotado segundo DNPM

58%

11%

6%

3%9%

8% 3% 2%

Granito

Granodiorito/Diorito

Gnaisse

Migmatito

Água Mineral

Areia

Argila/Saibro

Conchas Calcárias

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ANEXOS

ANEXO I CADASTRO DAS INDÚSTRIAS

ANEXO I

Relação das Indústrias na Bacia de Jacarepaguá (Cadastro FIRJAN)

RAZAO ATIVIDADE ENDERECO QTD_EMP DESCRICAO

JACAREPAGUÁ

STEFFEN INDUSTRIAS QUIMICAS LTDA 2060 AV TEN CEL MUNIZ DE ARAGAO, 1480 17 FAB.DE PREPARADO P/ LIMPEZA,POLIMENTO EINSETICIDA

SWING ARTES GRAFICAS LTDA 2999 EST MAL.MIGUEL SALAZAR MENDES DEMORAIS, 460

44 EXECUCAO DE SERVICOS GRAFICOS NAOESPECIFICADOS

MICRO LEVE COMERCIO E INDUSTRIA LTDA 1471 AV. ALVORADA, 2541 HANGARES 7 8 9 E 10 73 CONSTRUCAO E MONTAGEM DE AERONAVESNELCAR MECANICA LTDA 1434 ESTRADA DO TINDIBA, 1524 21 RECONDICIONAMENTO DE MOTORES P/ VEICULOS

ONDUPEL IND. E COM.DE PAPEIS LTDA 1720 RUA CAIDUBA, 363 45 FABRICACAO DE PAPEL, PAPELAO, CARTOLINA ECARTAO

INSULA INDUSTRIA E COMERCIO DECOSMETICOS LTDA

2210 ESTRADA DOS BANDEIRANTES, 2447 20 FABRICACAO DE PRODUTOS DE PERFUMARIA

ETROS INDUSTRIA DE CONFECCOES LTDA 2510 EST DOS BANDEIRANTES, 4852 33 CONFECCAO DE ROUPAS E AGASALHOSPLASTICOS NIPPON LTDA 2320 RUA ANDRE ROCHA, 1536 GALPAO 21 FAB. ART. DE MATERIAL PLASTICO PARA USO

INDUSTRIALINDUSTRIA E COMERCIO MUTANTE LTDA 2510 EST DOS BANDEIRANTES, 5541 14 CONFECCAO DE ROUPAS E AGASALHOS

IBRATA MINERACAO LTDA 1011 EST. DOS BANDEIRANTES, 13840 PARTE 83 BRITAMENTO DE PEDRASJOLESSA CONFECCOES LTDA 2510 EST DOS BANDEIRANTES, 3936 15 CONFECCAO DE ROUPAS E AGASALHOSFIX LAJE COMERCIO E INDUSTRIA DE MAT DECONSTR LTDA

1060 ESTR. DOS BANDEIRANTES 2355 23 FABRIC. DE PECAS DE CIMENTO, GESSO EAMIANTO

EBID - EDITORA PAGINAS AMARELAS LTDA 2999 EST. DOS BANDEIRANTES, 1700 100 EXECUCAO DE SERVICOS GRAFICOS NAOESPECIFICADOS

R G TEXTIL LTDA 2499 RUA EDGARD WERNECK, 481 94 FAB. ARTEFATOS TEXTEIS NAO ESPECIFICADOS

MAGATEC SERVICOS TECNICOS LTDA 1290 AV. TEN CEL MUNIZ DE ARAGAO, 895 25 FAB DE MAQ., APAR. OU EQUIP. NAOESPECIFICADOS

ICS INDUSTRIA COMERCIO E SERVICOS LTDA 1116 EST DOS BANDEIRANTES, 10639 12 PROD DE FIOS E ARAMES DE METAIS E LIGAS DEMETAIS

PLESTIN INDUSTRIAS QUIMICAS LTDA 2110 ESTRADA DO CALMETE, 381 49 FAB. DE PRODUTOS FARMACEUTICOS EVETERINARIOS

PAOTEM INDUSTRIA E COMERCIO LTDA 2680 EST DO TINDIBA 18 LOJAS G E H 25 FABRICACAO DE MASSAS ALIMENTICIAS EBISCOITOS

INDUSTRIA GERAL DE APARELHOS E LENTESLTDA

3023 ESTRADA DOS BANDEIRANTES, 2871 49 FABRICACAO DE INSTRUMENTOS E DE MATERIALOTICOS

ANEXO I (Continuação)

Relação das Indústrias na Bacia de Jacarepaguá (Cadastro FIRJAN)

RAZAO ATIVIDADE ENDERECO QTD_EMP DESCRICAOBIOLAB DIAGNOSTICA S/A 2110 ESTRADA MAPUA, 491-PARTE 93 FAB. DE PRODUTOS FARMACEUTICOS E

VETERINARIOSPANOTTICA IMP. EXP. E COMERCIO LTDA. 3023 ESTRADA DO TINDIBA, 350 - PARTE 57 FABRICACAO DE INSTRUMENTOS E DE MATERIAL

OTICOSTORRES RIO IMPORTACAO E EXPORTACAOLTDA

2999 RUA TIROL, 536 30 EXECUCAO DE SERVICOS GRAFICOS NAOESPECIFICADOS

TROIA INDUSTRIA E COMERCIO LTDA 2230 RUA CONEGO FELIPE, 285 10 FABRICACAO DE VELASPRODUTOS ROCHE QUIMICOS EFARMACEUTICOS S/A

2110 ESTRADA DOS BANDEIRANTES, 2020 560 FAB. DE PRODUTOS FARMACEUTICOS EVETERINARIOS

BELFAM INDUSTRIA COSMETICA LTDA 2210 EST.MAL.MIGUEL SALAZAR M. DE MORAES,747

212 FABRICACAO DE PRODUTOS DE PERFUMARIA

FABRICA DE PAPEL TIJUCA S/A 1720 EST DOS TRES RIOS, 2386 160 FABRICACAO DE PAPEL, PAPELAO, CARTOLINA ECARTAO

HELIO BARKI S/A IND E COM 2510 EST. DO ENGENHO DAGUA, 1330 36 CONFECCAO DE ROUPAS E AGASALHOS

LABORATORIO CANONNE LTDA 2110 AV. CANAL DO ANIL, 1263 82 FAB. DE PRODUTOS FARMACEUTICOS EVETERINARIOS

COBRA SUB S/A EQUIPAMENTOSSUBMARINOS

3080 EST ENGENHO DAGUA 1200 123 FAB ART. CACA, PESCA, ESPORTES E JOGOSRECREATIVOS

TAMOIO S/A COMERCIO INDUSTRIA DEAGREGADOS

1011 EST. DA LIGACAO , 1397 - TAQUARA 84 BRITAMENTO DE PEDRAS

IND QUIMICA E FARMAC SCHERING PLOUGHLTDA

2110 ESTRADA BANDEIRANTES, 3091 949 FAB. DE PRODUTOS FARMACEUTICOS EVETERINARIOS

MERCK S/A INDUSTRIAS QUIMICAS 2110 ESTRADA DOS BANDEIRANTES, 1099 793 FAB. DE PRODUTOS FARMACEUTICOS EVETERINARIOS

MOTORTEC INDUSTRIA AERONAUTICA S/A 1471 AV. AYRTON SENNA, 2541 29 CONSTRUCAO E MONTAGEM DE AERONAVESCONFEITARIA BARAO DE JACAREPAGUA LTDA 2670 RUA MARANGA, 912 LOJAS A e B 24 FAB.DE PROD. DE PADARIA, CONFEITARIA E

PASTELARIALINIFICIO LESLIE S/A 2420 ESTRADA ENGENHO D'AGUA, 1401 321 FIACAO, FIACAO E TECELAGEM, E TECELAGEMCELLOPRESS EMBALAGENS INDUSTRIAISLTDA

2350 EST DO RIO GRANDE, 3559 E 3567 57 FAB ARTIGO DE MAT. PLAST. P/ EMBALAGEM EACONDIC.

DFL IND E COM LTDA 3012 ESTRADA DO GUERENGUE, 2059 127 FAB. DE MATERIAL MEDICO,CIRURGICO EODONTOLOGICO

CERAS JOHNSON LTDA 2060 EST. COMANDANTE GUARANYS, 599 425 FAB.DE PREPARADO P/ LIMPEZA,POLIMENTO EINSETICIDA

ANEXO I (Continuação)

Relação das Indústrias na Bacia de Jacarepaguá (Cadastro FIRJAN)

RAZAO ATIVIDADE ENDERECO QTD_EMP DESCRICAOTECNOSTRAL S/A INDUSTRIA E TECNOLOGIA 1240 ESTRADA DO TINDIBA, 979 100 FAB. MAQUINAS P/ AGRICULTURA E CRIACAO DE

ANIMAISJOAOSITO DE OLIVEIRA 1370 RUA MARECHAL JOSE BEVILAQUA, 611 26 FAB. MAT. ELETRONICO - EXC P/ COMUNICACOES

SIC SOBRASIL INDUSTRIA E COMERCIO DEBOLSAS S/A

1930 RUA COMANDANTE SIMIAO, 135 32 FAB. DE MALAS, VALISES E ARTIGOS P/ VIAGEM

PADARIA E CONFEITARIA CISNE BRANCOLTDA

2670 EST DE JACAREPAGUA 7836 LOJA 17 FAB.DE PROD. DE PADARIA, CONFEITARIA EPASTELARIA

CONFECCOES DINEMY LTDA 2510 AV. NELSON CARDOSO, 957 SALAS 201/6 E301/6

32 CONFECCAO DE ROUPAS E AGASALHOS

GRANJA AVICOLA DO XOKO S/A 2620 EST GABINAL, 1498 - PARTE 35 ABATE DE ANIMAISKNOLL PRODUTOS QUIMICOS EFARMACEUTICOS LTDA

2110 ESTRADA DOS BANDEIRANTES, 2400 486 FAB. DE PRODUTOS FARMACEUTICOS EVETERINARIOS

FUNDICAO CURICICA INDUSTRIA E COMERCIOLTDA

1106 ESTRADA DOS BANDEIRANTES, 4001 339 PRODUCAO DE FUNDIDOS DE FERRO E ACO

NEXUS S/A 2510 RUA IPADU, 520 544 CONFECCAO DE ROUPAS E AGASALHOSPEDREIRA COPACABANA LTDA 1011 RUA DR ODIM GOIS, 250 71 BRITAMENTO DE PEDRAS

SOARES INDUSTRIA E COMERCIO LTDA 1899 ESTRADA DO CAPENHA, 913-GALPAO 154 FAB. ARTEFATOS DE BORRACHA NAOCLASSIFICADOS

RACIMEC INFORMATICA BRASILEIRA S/A 1290 ESTRADA DOS BANDEIRANTES, 10710 44 FAB DE MAQ., APAR. OU EQUIP. NAOESPECIFICADOS

IND. E COM DE ART DE ALUMINIO ANODARQMETAL S/A

1190 ESTRADA DO PAU FERRO, 507 91 FABRICACAO DE ARTIGOS DE METAL NAOESPECIFICADOS

JACARE INDUSTRIA DE PASSAMANARIA LTDA 2440 EST DE JACAREPAGUA 6660 33 FAB.ART.DE PASSAMANARIA,FITAS,FILOS,RENDASE BORD.

PADARIA E CONFEITARIA NOVO MUNDO DEJACAREPAGUA LTDA

2670 EST DOS BANDEIRANTES 2627 LOJA B2629

22 FAB.DE PROD. DE PADARIA, CONFEITARIA EPASTELARIA

ADINA IND E COM DE FECHOS LTDA 2440 ESTR DOS BANDEIRANTES, 20730 207 FAB.ART.DE PASSAMANARIA,FITAS,FILOS,RENDASE BORD.

CISAPEL COM E IND DE SACOS E PAPEIS LTDA 1730 RUA CAITUBA, 363 57 FABRICACAO DE ARTEFATOS DE PAPELDECORACOES BRANDARIZ LTDA 1699 RUA FRANCISCA SALES 168/178 15 FABR. E ACAB. DE MOVEIS E ARTIGOS DO

MOBILIARIOCALDELAS ALIMENTOS LTDA 2620 ESTRADA DO CAFUNDA, 3214 359 ABATE DE ANIMAIS

ANEXO I (Continuação)

Relação das Indústrias na Bacia de Jacarepaguá (Cadastro FIRJAN)

RAZAO ATIVIDADE ENDERECO QTD_EMP DESCRICAODATATIPO GRAFICA E EDITORA LTDA 2999 EST. DOS BANDEIRANTES, 10.639 10 EXECUCAO DE SERVICOS GRAFICOS NAO

ESPECIFICADOSREPLAEX RESINAS PLASTICAS EXTRUDADASLTDA

2310 ESTR. DOS BANDEIRANTES, 2179 E 2265 26 FABRICACAO DE LAMINADOS PLATICOS

NOITE FELIZ MODAS E CONFECCOES LTDA 2510 EST DO ENGENHO D'AGUA, 496 60 CONFECCAO DE ROUPAS E AGASALHOS

COULTER ELECTRONICS IND E COM LTDA 2110 EST DO MAPUA 591 37 FAB. DE PRODUTOS FARMACEUTICOS EVETERINARIOS

SYNTHELABO ESPASIL QUIMICA EFARMACEUTICA LTDA

2099 AV. CANAL DO ARROIO PAVUNA, 600 107 FABRICACAO DE PRODUTOS QUIMICOS NAOESPECIFICADOS

GUERBET PRODUTOS RADIOLOGICOS LTDA 2110 RUA ANDRE ROCHA, 3000 40 FAB. DE PRODUTOS FARMACEUTICOS EVETERINARIOS

BOB'S INDUSTRIA E COMERCIO LTDA 2699 ESTR DOS BANDEIRANTES, 4935 126 FAB. DE PRODUTOS ALIMENTARES NAOESPECIFICADOS

SOARES NIPPON INDUSTRIA E COMERCIOLTDA

2320 EST DO CAPENHA, 913-PARTE 121 FAB. ART. DE MATERIAL PLASTICO PARA USOINDUSTRIAL

COBRA COMPUTADORES E SISTEMAS BRASS/A

1370 AV.COMANDANTE GUARANYS, 447 285 FAB. MAT. ELETRONICO - EXC P/ COMUNICACOES

YEN INDUSTRIA E COMERCIO DE OTICA LTDA. 3023 ESTR. DOS TRES RIOS, 348 15 FABRICACAO DE INSTRUMENTOS E DE MATERIALOTICOS

BARGOA CONECTORES IND E COM S/A 1380 ESTRADA CAMORIM, 633 440 FAB MATERIAL DE COMUNICACOES - INC PECAS EACESS.

COFIX MOLDES ESCORAMENTOS METAL.LTDA

1190 ESTRADA MACEMBU, 661 78 FABRICACAO DE ARTIGOS DE METAL NAOESPECIFICADOS

AQUANAUTA EQUIPAMENTOS SUBMARINOSLTDA.

1899 AV. TEN-CEL. MUNIZ DE ARAGAO, 1032 42 FAB. ARTEFATOS DE BORRACHA NAOCLASSIFICADOS

WARNER-LAMBERT INDUSTRIA E COMERCIOLTDA.

2110 EST.MAL.MIGUEL SALAZAR M.DEMORAES,969

59 FAB. DE PRODUTOS FARMACEUTICOS EVETERINARIOS

ENGEGLASS IND. E COM.DE VEICULOS LTDA 1440 ESTR. MIGUEL SALAZAR MENDES DEMORAES, 516

20 FABRICACAO DE CARROCERIAS P/ VEICULOSAUTOMOTORES

ANIL

IND DE BEBIDAS ANTARCTICA DO RJ S/A 2730 EST. DO ENGENHO D'AGUA, 199 1958 FABRICACAO DE CERVEJAS, CHOPES E MALTE

ANEXO I (Continuação)

Relação das Indústrias na Bacia de Jacarepaguá (Cadastro FIRJAN)

RAZAO ATIVIDADE ENDERECO QTD_EMP DESCRICAO

BARRA DA TIJUCA

SIMAB S/A 2698 AV DAS AMERICAS 4430 GRUPO 301 PTE 19 FABRICACAO DE RACOES E ALIMENTOS PARAANIMAIS

JATO AVIACAO RIO LTDA 1472 AV. ALVORADA, 2541 26 REPARACAO DE AERONAVES, TURBINAS EMOTORES AVIACAO

CURICICA

SYNTHELABO ESPASIL QUIMICA EFARMACEUTICA LTDA

2099 ESTRADA DO GUERENGUE, 1851 116 FABRICACAO DE PRODUTOS QUIMICOS NAOESPECIFICADOS

PRAÇA SECA

COOK ELECTRIC TELECOMUNICACOES S/A 1380 RUA ALBANO, 313 311 FAB MATERIAL DE COMUNICACOES - INC PECAS EACESS.

TAQUARA

MEC PREC MECANICA DE PRECISAO IND ECOM LTDA

2320 ESTRADA RODRIGUES CALDAS, 2191 A 69 FAB. ART. DE MATERIAL PLASTICO PARA USOINDUSTRIAL

EMPER SISTEMAS PNEUMATICOS LTDA 1290 ESTRADA DA LIGACAO, 839 47 FAB DE MAQ., APAR. OU EQUIP. NAOESPECIFICADOS

BIJUTERIAS GRASMUCK LTDA 3099 RUA CONEGO FELIPE, 191/219 213 FABRICACAO DE ARTIGOS NAO ESPECIFICADOS

ANEXO II PROCESSOS DE EXTRAÇÃO MINERAL

Listagem do DNPM

Código DNPM Nome Empresa Data -Processo Operacao Situacao legal Material Local Area (ha)

96 890291 EFMUC - Emp. Fornecedora Urban Mat Const Ltda 29/07/96 ativo Licenciamento Argila/Saibro Pechincha 14.240,00

80 890057 Tamoio S.A Comercio e Ind. de Agregados 05/05/80 ativo Licenciamento Gnaisse/Granito Taquara 3.330,00

69 809001 Cia Nacional de Mineracao Granito Tijuca 06/06/69 ativo Concessao Lavra Diorito/Gabro/Granito Taquara 20.000,00

93 890389 Aguaban Ind. e Comercio de Bebidas Ltda 15/07/93 ativo Requerimento de Pesquisa Agua Mineral Pedra da Rosilha 4.000,00

93 890137 Paradiso Aqua Fresh -Ind. Comercio Mineracao e Distribuidora Ltda 14/04/93 ativo Concessao Lavra Agua Mineral Sitio Margarida 0,70

76 804426 Celso Guimaraes Fonseca 25/05/76 ativo Alvara de Pesquisa Granito Fazenda Sto Antonio de Curicica 12.500,00

76 810649 G. B. Granitos do Brasil Ltda 18/10/76 ativo Concessao Lavra Granito Taquara 4.000,00

77 802415 Ibrata Mineracao Ltda 28/04/77 ativo Concessao Lavra Granito Vargem Pequena 34.000,00

78 890111 Marmim Ind. Ltda 11/10/78 ativo Concessao Lavra Granito Estrada Paz, s/n - Morro Taquara da Tijuca 1,89

73 813398 Gutimpex Importadora e Exportadora Ltda 05/10/73 ativo Concessao Lavra Granito Morro da Marimbeira 46.000,00

73 812773 Marmores e Pedras do Brasil Ltda 24/09/73 ativo Concessao Lavra Granito Taquara do Meio 1,55

75 802125 Silva Areal Marmores e Granitos SA 13/03/75 ativo Concessao Lavra Granito Furnas 26.000,00

75 808641 Ibrata Mineracao Ltda 29/09/75 ativo Concessao Lavra Granito Vargem Pequena 12.000,00

46 004719 Mineracao Ind e Com Marapendi S.A 26/01/96 ativo Concessao Lavra Areia para Vidro Restinga Jacarepagua 0,95

57 000390 Mineracao Ind e Com Marapendi S.A 16/01/57 ativo Concessao Lavra Areia para Vidro Lagoa Marapendi 17.000,00

58 004245 Empresa de Caolim Ltda 12/06/58 ativo Concessao Lavra Areia para Vidro Barra da Tijuca 3.000,00

94 891285 Ambep Mineracao Ltda 03/11/94 ativo Alvara de Pesquisa Agua Mineral CEDIS 4,48

95 890161 Tarcisio de Oliveira e Paula 02/05/95 ativo Requerimento de Pesquisa Areia Km 7,5 Av. das Americas - Restinga 40.004,00

95 890341 Marcel Marmores Com. Exp. Ltda 23/10/95 ativo Requerimento de Pesquisa Agua Mineral Fab. Rica de Tecidos 19,00

95 890332 Marcel Marmores Com. Exp. Ltda 11/10/95 ativo Requerimento de Pesquisa Agua Mineral Fabrica de Tecidos 50.000,00

95 890358 SUMACK - Transp. com Terraplanagem Ltda 17/11/95 inativo Licenciamento Saibro Vale do Paraiso Campestre Club 16.000,00

96 890155 Tamoio S.A Comercio e Ind. de Agregados 07/05/96 inativo Licenciamento Granito Estrada da Ligacao 3,01

82 890000 Helio Augusto de Carvalho 11/01/82 ativo Alvara de Pesquisa Granito Pedra da Rosilha 7,51

82 890246 Ney Lafaiete Conceicao 29/11/82 inativo Alvara de Pesquisa Granito Rio Camorim 22,82

81 890289 Silva Areal Marmores e Granitos SA 16/09/81 ativo Alvara de Pesquisa Granito Fazenda do Quitite 5,65

82 890017 Aguas Minerais Santa Cruz Ltda 01/02/82 ativo Alvara de Pesquisa Agua Mineral Serra Inacio Dias - Bairro Agua Santa 23,96

84 890024 Silva Areal Marmores e Granitos SA 27/01/84 ativo Alvara de Pesquisa Granito Fazenda Carao 32,75

84 890318 Fontex Importadora e Exportadora Ltda 01/10/84 ativo Requerimento de Pesquisa Granito Morro do Quilombo 761,25

84 890196 Jorge Alberto Asseis Carneiro 18/07/84 ativo Requerimento de Pesquisa Diorito Morro do Pinheiro 819,31

84 890065 Granitos Brasileiros S.A 08/02/84 ativo Requerimento de Pesquisa Diorito Estrada da Paz s/n - Taquara 4,00

84 890296 Fontex Importadora e Exportadora Ltda 14/09/84 ativo Requerimento de Pesquisa Granito Jacarepagua 1.000,00

84 890192 Jorge Alberto Asseis Carneiro 17/07/84 ativo Requerimento de Pesquisa Granito Pedra Grande 134,35

84 890084 Pedreira Copacabana Ltda 16/02/84 ativo Licenciamento Granito Rua Dr. Odin Gois, 250 - Jacarepagua 31,60

Listagem do DNPM

Código DNPM Nome Empresa Data -Processo Operacao Situacao legal Material Local Area (ha)

86 890466 Affonso Rongel Paz Ferreira 29/12/86 ativo Requerimento de Pesquisa Granito Morro do Bruno 15,02

86 890241 Jorge Alberto Asseis Carneiro 14/07/86 ativo Requerimento de Pesquisa Diorito Pedra de Itanhanga 105,46

86 890065 Haroldo da Fonseca Rodrigues 13/03/86 ativo Alvara de Pesquisa Granito Estrada Velha de Curicica 119,85

86 890462 Fontex Importadora e Exportadora Ltda 23/12/86 ativo Requerimento de Pesquisa Granodiorito Terrenos sem denominacao 16,48

86 890050 Alexander Maria F. G. Nei Marcovaldi 07/03/86 ativo Requerimento de Pesquisa Granito Morro da Pedra Grande 131,30

87 890019 Pasquale Mauro Mineracao e Participacoes Ltda 21/01/87 ativo Requerimento de Pesquisa Areia para Vidro Rio do Marinho 678,44

87 890479 STM - Santorio Terraplanagem Transporte e Mineracao Ltda 02/10/87 ativo Requerimento de Pesquisa Granito Rua Eng. Pires do Rio 88,96

87 890416 STM - Santorio Terraplanagem Transporte e Mineracao Ltda 16/09/87 ativo Requerimento de Pesquisa Granito Estrada do Rio Pequeno, s/n 78,38

87 890103 Rubens Maragno 19/02/87 ativo Requerimento de Pesquisa Granito Estrada Rodrigues Caldas s/n 67,00

88 890095 Joao Vicente Cabral 19/03/88 ativo Requerimento de Pesquisa Granito Fazenda do Quitite 21,37

88 890287 Josue Alves da Silva 28/06/88 ativo Requerimento de Pesquisa Granodiorito Fazenda do Quitite 32,97

88 890525 Curicica Mineracao Ltda 14/10/88 ativo Requerimento de Pesquisa Granito Fazenda Sto Antonio de Curicica 76,33

89 890136 Lazaro Xavier Pedreira ativo Requerimento de Pesquisa Granito Boiuna 41,16

80 890224 GIEMAC Mineracao Ltda 29/09/80 ativo Concessao Lavra Granito Morro Muzema - Estrada Jacarepagua 13,36

72 806375 Silva Areal Marmores e Granitos SA 04/04/72 inativo Concessao Lavra Granito Estrada da Sorima - Barra da Tijuca 16,00

73 801499 São Judas Tadeu Granitos e Marmores Ltda 25/01/73 inativo Concessao Lavra Granito Estrada do Soberbo 1,04

73 800548 Gutimpex Importadora e Exportadora Ltda 09/01/73 inativo Requerimento de Pesquisa Granito Taquara 4,00

78 890108 E. B. Moreira Marmores e Granitos Ltda 10/10/78 inativo Requerimento de Pesquisa Granito Estrada da Faz. s/n 2,00

83 890166 Horacio Mello da Almeida 20/06/83 inativo Alvara de Pesquisa Granito Estrada do Quitite - Jacarepagua 12,45

84 890151 Neydce dos Santos Faria 05/06/84 inativo Alvara de Pesquisa Granito Morro do Calemba 17,24

84 890408 Jorge Alberto Asseis Carneiro 12/12/84 inativo Requerimento de Pesquisa Migmatito Serra da Rosilha e Morro do Calemba 372,90

84 890156 Tamoio S.A Comercio e Ind. de Agregados 07/06/84 inativo Alvara de Pesquisa Granito Estrada da Ligacao 6,15

84 890384 Fontex Importadora e Exportadora Ltda 14/11/84 inativo Requerimento de Pesquisa Migmatito Morro Dois Irmaos - Pedras Negra e Grande 991,27

85 890098 Alcides Paulo Gaeta 05/03/85 inativo Requerimento de Pesquisa Gnaisse Sitio do Clube ASIBC 38,96

86 890302 Ibrata Mineracao Ltda 02/09/86 inativo Requerimento de Pesquisa Granito Vargem Pequena 21,50

86 890056 Ney Lafaiete Conceicao 11/03/86 inativo Requerimento de Pesquisa Granito Morro Pau da Fome 204,25

86 890163 Paulo Jorge de Miranda Prata 22/05/86 inativo Alvara de Pesquisa Granito Sitio do Cacambe ou do Prata 9,76

87 890104 Haroldo da Fonseca Rodrigues 19/02/87 inativo Requerimento de Pesquisa Granito Fazenda Sto Antonio de Curicica 76,33

88 890688 Intergranit Mineracao Ltda 26/12/88 inativo Granodiorito Estrada de Curicica 102,33

88 890307 Alcides Paulo Gaeta inativo Requerimento de Pesquisa Gnaisse Sitio do Clube ASIBC 38,96

89 890955 CEDET - Engenharia Ltda 13/10/89 inativo Requerimento de Pesquisa Conchas Calcarias Av. Alvorada - Ponte Placido de Castro 44,00

90 890399 GIEMAC Mineracao Ltda 11/09/90 inativo Requerimento de Pesquisa Gnaisse Av. Arenopolis 2,78

ANEXO III DISTRIBUIÇÃO DAS FREQUÊNCIAS

DOS VENTOS

ANO

Freqüência e velocidade média dos ventos

Direção Freqüência Freqüência Velocidadeabsoluta relativa (%) média (nós)

Total 1.735 100,0 4,62

N 122 7,0 5,31 NE 415 23,9 5,18 E 173 10,0 3,94 SE 58 3,3 3,77 S 223 12,9 4,44 SO 385 22,2 4,04 O 339 19,5 4,92 NO 20 1,2 4,86

Velocidade dos ventos N, segundo as classes

Classes Freqüência Freqüência(nós) absoluta relativa (%)Total 122 100,0

0 #REF!1 a 2 2 1,62 a 3 13 10,73 a 4 17 13,94 a 5 18 14,85 a 6 32 26,26 a 7 16 13,17 a 8 10 8,28 a 9 10 8,29 a 10 1 0,810 a 11 3 2,5

Classes de velocidade dos ventos - N

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

83 4 5 6 70 9 101 2 11

%

Velocidade média, por direção

-

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00N

NE

E

SE

S

SO

O

NO

Velocidade dos ventos NE, segundo as classes

Classes Freqüência Freqüência(nós) absoluta relativa (%)Total 415 100,0

0 #REF!1 a 2 6 1,42 a 3 31 7,53 a 4 57 13,74 a 5 104 25,15 a 6 86 20,76 a 7 67 16,17 a 8 36 8,78 a 9 24 5,89 a 10 3 0,710 a 11 1 0,2

Velocidade dos ventos E, segundo as classes

Classes Freqüência Freqüência(nós) absoluta relativa (%)Total 173 100,0

00 a 1 3 1,71 a 2 12 6,92 a 3 27 15,63 a 4 53 30,64 a 5 36 20,85 a 6 21 12,16 a 7 11 6,47 a 8 8 4,68 a 9 2 1,2

Velocidade dos ventos SE, segundo as classes

Classes Freqüência Freqüência(nós) absoluta relativa (%)Total 58 100

- 1 a 2 7 12 2 a 3 14 24 3 a 4 16 28 4 a 5 6 10 5 a 6 7 12 6 a 7 5 9 7 a 8 2 3 8 a 9 - - 9 a 10 1 2

Classes de velocidade dos ventos - NE

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

83 4 5 6 70 9 101 2 11

%

Classes de velocidade dos ventos - E

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

83 4 5 6 70 91 2

%

Classes de velocidade dos ventos - SE

-

5

10

15

20

25

30

83 4 5 6 70 91 2

%

10

Velocidade dos ventos S, segundo as classes

Classes Freqüência Freqüência(nós) absoluta relativa (%)Total 223 100,0

00 a 1 2 0,91 a 2 12 5,42 a 3 42 18,83 a 4 50 22,44 a 5 39 17,55 a 6 24 10,86 a 7 25 11,27 a 8 17 7,68 a 9 6 2,79 a 10 3 1,310 a 11 2 0,911 a 12 1 0,4

Velocidade dos ventos SO, segundo as classes

Classes Freqüência Freqüência(nós) absoluta relativa (%)Total 385 100,0

00 a 1 1 0,31 a 2 24 6,22 a 3 78 20,33 a 4 111 28,84 a 5 77 20,05 a 6 48 12,56 a 7 19 4,97 a 8 14 3,68 a 9 7 1,89 a 10 4 1,010 a 11 1 0,311 a 12 1 0,3

Classes de velocidade dos ventos - S

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

83 4 5 6 70 91 2

%

10 1211

Classes de velocidade dos ventos - SO

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

83 4 5 6 70 91 2

%

10 1211

Velocidade dos ventos O, segundo as classes

Classes Freqüência Freqüência(nós) absoluta relativa (%)Total 339 100,0

00 a 1 3 0,91 a 2 5 1,52 a 3 42 12,43 a 4 69 20,44 a 5 94 27,75 a 6 37 10,96 a 7 35 10,37 a 8 23 6,88 a 9 15 4,49 a 10 7 2,110 a 11 4 1,211 a 12 1 0,312 a 13 3 0,913 a 14 1 0,3

Velocidade dos ventos NO, segundo as classes

Classes Freqüência Freqüência(nós) absoluta relativa (%)Total 20 100,0

- 2 a 3 2 10,0 3 a 4 5 25,0 4 a 5 3 15,0 5 a 6 6 30,0 6 a 7 3 15,0 7 a 8 - - 8 a 9 1 5,0

Classes de velocidade dos ventos - O

0,0

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

83 4 5 6 70 91 2

%

10 1211 1413

Classes de velocidade dos ventos - NO

-

5,0

10,0

15,0

20,0

25,0

30,0

35,0

83 4 5 6 70 92

%

ANEXO IV DESENHOS

c

7451000

7455000

655000

650000648000

660000 665000 670000 675000 679000

675000

655000 660000 665000 670000

650000648000

7460000

7465000

673000

7467000

7455000

7460000

7465000

7450000

7447500

7450000

7447500

7467000

679000

OCEANO ATLA^NTICO

VARGEM PEQUENA

GRUMARI

RECREIO DOS BANDEIRANTES

VARGEM GRANDE

CAMORIM

PRA}A SECA

TAQUARA

CURICICA

ITANHANGA'

TANQUE

JOA'

BARRA DA TIJUCA

JACAREPAGUA'

AZUL

ANIL

JACAREPAGUA'

PECHINCHA

FREGUESIA

ALTO DA BOA VISTA

TIJUCA

VIII-RA

JACAREPAGUÁXVI-RA

CIDADEDE

DEUS

GARDE^NIA

MORRO DO GRUMARI

GRUMARI GARGANTA

CABRITOS PEDRA DOS

MORRO DAS PIABAS MORRO DO CAETE

MORRO DA BOA VISTA

MORRO DO RANGEL

MORRO DO

PONTAL

CALEMBA DO MORRO

MORRO AMORIM

CANTAGALO MORRO

Pico do Morgado MORRO BRUNO DO

SERRA

DO

ALTO

PERI

PEDRA DA ROSILHA

MORRO DO CAMORIM

SERRA

ROSILHA

SERRA

DO

NOGUEIRA

PEDRA NEGRA

OUTEIRO

MORRO DOIS IRMA~OS

PEDRA DO QUILOMBO

PAU MORRO FOME DA

MORRO DA PEDRA DO PADRE

MORRO DA HELENA

SANTO

OUTEIRO

MORRO

CACHAMBI

PEDRA DO

PICA-PAU MORRO DO

MORRO DO FOCINHO

Pedra da Gavea

MORRO PEDRA BONITA

PANELA MORRO DA

MORRO DO PINHEIRO

MUZEMA MORRO DA

MORRO DA MARIMBEI

MORRO DA PENA

ZONA DE PEDRAS

BICO DO PAPAGAIO

MORRO DO COCHRANE

SERRA

TRES

DOS

DOS

SERRA PRETOS FORROS

PEDRA DO CONDE

MORRO DA COVANCA

MORRO DO QUILOMBO

PEDRAGRANDE

MORRO DA CAIXA D`A'GUA

MORRO MONTE ALEGRE

MORRO MATA CAVALO

MORRO DA REUNIA~O

MORRO SA~O JOSE'

MORRO DO PORTELO

MORRO DOS CABOCLOS

MORRO DO CABUNGUI

MORRO DE SANTA BA'RBARA

MORRO S. ANTONIO DA BICA

MORRO DA BOA VISTA

MORRO DO ELEFANTE

MORRO DO

ITANHANGA'

AUTO'DROMO INTERNACIONALNELSON PIQUET

RIO SHOPPING

MERCK

ALEGRIAFAZ.

FAC.NUNO LISBOA

VAZADOURO DA COMLURB

VILA CALMETE

A'REA DE LAZER

SHERINGPLOUGH

TERMINAL RODOVIA'RIO

SANTA MAURA

VILAVERDE

PROJAKWICK BOLD ACHE'

RIO CENTROGLAXO

COND. RIO 2

COND.DA

AERONA'UTICA

SANTA MO^NICA SANTA MARIAINTERLAGOS DE ITAU'NA

RIO MAR

CNEN

FEEMA

CASA DE REPOUSO

BACIMEC

novo horizonte

CEDAE

FAZENDA CLUBE MARAPENDI

ALFA BARRA

BOM AME'RICADOWN TOWN

PARQUEDAS ROSAS

ATAYDEVILLE

RIVIERADEI FIORI

JARDIMCLUBE DA BARRA

MAR SUL

SANTA HELENA

SANTA LUCIAATAYDEVILLE

CENTRODA BARRA

PORTO DOS CABRITOSBARRAGARDEM

VIVENDA

BARRA DA TIJUCACOUNTRY CLUBATLA^NTICO SUL

BARRA BELALAGOS

BARRAGOLDEM GREEN

PARKPALACE CITTA''

MARCHE'

NOVA IPANEMAPRA}A

UNIVERSIDADEVEIGA DEALMEIDA

VILA BALNEA'RIO

COROA

JARDIMOCEA^NICO JOATINGA

POLYGRAN

IGREJA

BARRA POINT

COLO^NIAJULIANOMOREIRA

PAVILHA~O AGRI'COLA

JARDIM IV CENTENA'RIO

CURICICA

FAZENDA TAQUARA

CONDOMI'NIO VALE DOS CALHARES

PEDREIRA COPACABANA

FURNAS

PROJAC

SI'TIO DOIS IRMA~OS

PAES MENDON}AFREE WAY

JARDIM BARRA DA TIJUCABARRA SHOPPINGCARREFOUR

HELI PORTO

ESPA}O DE CULTURAE LAZER

VIA PARQUE

TERRA ENCANTADA

MAKRO

CASA SHOPPING

HOSPITAL

RIO SPORT CENTERTYCON

GUANAUTO

AEROPORTO

M.A.E.R.

INFRAEROPISTA

ANTARCTICA

JARDIM CLARICELIXA~O

COND. FLORESTA DA BARRAQUINTA DO ITANHANGA'

CAMPING

BOSQUE DOS ESQUILOS

RENAULT

ITANHANGA' GOLF CLUB

CONDOMI'NIO MIRAMAR

CONDOMI'NIO RECANTODAS GAR}AS

C.C.B.

CENTRO DETREINAMENTOZICO

NOVOCOUNTRYCLUB CAMPING

COND.LA PLACE

RECREIO DOS BANDEIRANTES

VILAGE MARAPENDI

BARRA BALIVIVENDAS DO SOL

GOLDENBALI

CONDOMI'NIO CRISTAL LAKE

PONTO~ESDA BARRA

BARRA SUL

CONDOMI'NIOPEDRA DE ITAU'NA

MALIBUNOVO LEBLON MANDALA

ELE'TRICAEST. ENERGIA

MORRO

PONTAL

XXIV-RABARRA DA TIJUCA

POLO DE CINE E VI'DEO

Espelho dagua.shpc Estacao elevatoria-construcao.shp

Risco-zonas passiveis inundacao marginal.shpRisco-zonas criticas movimentos massa.shpRisco-zonas criticas inundacao.shpRisco-zona ruptura declive.shpPrincipais vias.shpHidrografia.shpLimite serra-baixada.shpLimite da macrobacia.shp

Jc-grid.dgnText 0

Grid.shp

Texto.dgnText 0Text 1

MAPA DE RISCO

2000 0 2000 4000 Meters

c

7451000

7455000

655000

650000648000

660000 665000 670000 675000 679000

675000

655000 660000 665000 670000

650000648000

7460000

7465000

673000

7467000

7455000

7460000

7465000

7450000

7447500

7450000

7447500

7467000

679000

OCEANO ATLA^NTICO

VARGEM PEQUENA

GRUMARI

RECREIO DOS BANDEIRANTES

VARGEM GRANDE

CAMORIM

PRA}A SECA

TAQUARA

CURICICA

ITANHANGA'

TANQUE

JOA'

BARRA DA TIJUCA

JACAREPAGUA'

AZUL

ANIL

JACAREPAGUA'

PECHINCHA

FREGUESIA

ALTO DA BOA VISTA

TIJUCA

VIII-RA

JACAREPAGUÁXVI-RA

CIDADEDE

DEUS

GARDE^NIA

MORRO DO GRUMARI

GRUMARI GARGANTA

CABRITOS PEDRA DOS

MORRO DAS PIABAS MORRO DO CAETE

MORRO DA BOA VISTA

MORRO DO RANGEL

MORRO DO

PONTAL

CALEMBA DO MORRO

MORRO AMORIM

CANTAGALO MORRO

Pico do Morgado MORRO BRUNO DO

SERRA

DO

ALTO

PERI

PEDRA DA ROSILHA

MORRO DO CAMORIM

SERRA

ROSILHA

SERRA

DO

NOGUEIRA

PEDRA NEGRA

OUTEIRO

MORRO DOIS IRMA~OS

PEDRA DO QUILOMBO

PAU MORRO FOME DA

MORRO DA PEDRA DO PADRE

MORRO DA HELENA

SANTO

OUTEIRO

MORRO

CACHAMBI

PEDRA DO

PICA-PAU MORRO DO

MORRO DO FOCINHO

Pedra da Gavea

MORRO PEDRA BONITA

PANELA MORRO DA

MORRO DO PINHEIRO

MUZEMA MORRO DA

MORRO DA MARIMBEI

MORRO DA PENA

ZONA DE PEDRAS

BICO DO PAPAGAIO

MORRO DO COCHRANE

SERRA

TRES

DOS

DOS

SERRA PRETOS FORROS

PEDRA DO CONDE

MORRO DA COVANCA

MORRO DO QUILOMBO

PEDRAGRANDE

MORRO DA CAIXA D`A'GUA

MORRO MONTE ALEGRE

MORRO MATA CAVALO

MORRO DA REUNIA~O

MORRO SA~O JOSE'

MORRO DO PORTELO

MORRO DOS CABOCLOS

MORRO DO CABUNGUI

MORRO DE SANTA BA'RBARA

MORRO S. ANTONIO DA BICA

MORRO DA BOA VISTA

MORRO DO ELEFANTE

MORRO DO

ITANHANGA'

AUTO'DROMO INTERNACIONALNELSON PIQUET

RIO SHOPPING

MERCK

ALEGRIAFAZ.

FAC.NUNO LISBOA

VAZADOURO DA COMLURB

VILA CALMETE

A'REA DE LAZER

SHERINGPLOUGH

TERMINAL RODOVIA'RIO

SANTA MAURA

VILAVERDE

PROJAKWICK BOLD ACHE'

RIO CENTROGLAXO

COND. RIO 2

COND.DA

AERONA'UTICA

SANTA MO^NICA SANTA MARIAINTERLAGOS DE ITAU'NA

RIO MAR

CNEN

FEEMA

CASA DE REPOUSO

BACIMEC

novo horizonte

CEDAE

FAZENDA CLUBE MARAPENDI

ALFA BARRA

BOM AME'RICADOWN TOWN

PARQUEDAS ROSAS

ATAYDEVILLE

RIVIERADEI FIORI

JARDIMCLUBE DA BARRA

MAR SUL

SANTA HELENA

SANTA LUCIAATAYDEVILLE

CENTRODA BARRA

PORTO DOS CABRITOSBARRAGARDEM

VIVENDA

BARRA DA TIJUCACOUNTRY CLUBATLA^NTICO SUL

BARRA BELALAGOS

BARRAGOLDEM GREEN

PARKPALACE CITTA''

MARCHE'

NOVA IPANEMAPRA}A

UNIVERSIDADEVEIGA DEALMEIDA

VILA BALNEA'RIO

COROA

JARDIMOCEA^NICO JOATINGA

POLYGRAN

IGREJA

BARRA POINT

COLO^NIAJULIANOMOREIRA

PAVILHA~O AGRI'COLA

JARDIM IV CENTENA'RIO

CURICICA

FAZENDA TAQUARA

CONDOMI'NIO VALE DOS CALHARES

PEDREIRA COPACABANA

FURNAS

PROJAC

SI'TIO DOIS IRMA~OS

PAES MENDON}AFREE WAY

JARDIM BARRA DA TIJUCABARRA SHOPPINGCARREFOUR

HELI PORTO

ESPA}O DE CULTURAE LAZER

VIA PARQUE

TERRA ENCANTADA

MAKRO

CASA SHOPPING

HOSPITAL

RIO SPORT CENTERTYCON

GUANAUTO

AEROPORTO

M.A.E.R.

INFRAEROPISTA

ANTARCTICA

JARDIM CLARICELIXA~O

COND. FLORESTA DA BARRAQUINTA DO ITANHANGA'

CAMPING

BOSQUE DOS ESQUILOS

RENAULT

ITANHANGA' GOLF CLUB

CONDOMI'NIO MIRAMAR

CONDOMI'NIO RECANTODAS GAR}AS

C.C.B.

CENTRO DETREINAMENTOZICO

NOVOCOUNTRYCLUB CAMPING

COND.LA PLACE

RECREIO DOS BANDEIRANTES

VILAGE MARAPENDI

BARRA BALIVIVENDAS DO SOL

GOLDENBALI

CONDOMI'NIO CRISTAL LAKE

PONTO~ESDA BARRA

BARRA SUL

CONDOMI'NIOPEDRA DE ITAU'NA

MALIBUNOVO LEBLON MANDALA

ELE'TRICAEST. ENERGIA

MORRO

PONTAL

XXIV-RABARRA DA TIJUCA

POLO DE CINE E VI'DEO

Geologia.shpEmbasamento cristalinoRemanescentes de sedimentos pliocenicosLeques aluviaisCamadas de areias pretasAreias de fundo de enseadaCordoes de praia de enseadaRestinga internaCuspides de laguna internaCordoes de lagunaLeques de arrombamentoCordoes meia-lua de arrombamentoCordoes litoraneos paralelosRestinga externaCuspides de laguna externaMangueTurfaPraia atualTalus

Espelho dagua.shpc Estacao elevatoria-construcao.shp

Principais vias.shpHidrografia.shpLimite serra-baixada.shpLimite da macrobacia.shp

Jc-grid.dgnText 0

Grid.shp

Texto.dgnText 0Text 1

MAPA GEOLÓGICO

2000 0 2000 4000 Meters